PINTO, Vinicius Lacerda (autor)¹ [email protected] PINTO, Andler Kimura¹ [email protected] NOVACK, Paula Neumann¹ [email protected] VARGAS, Franciélis Ferreira¹ [email protected] PETER, André Pinho¹ [email protected] OLIVEIRA, Solange de¹ [email protected] 1- Acadêmicos do curso de Geografia UFPel Indicação de estágio de pesquisa: Em fase de conclusão e tabulação de dados. Galerias comerciais de Pelotas, RS: Estudo do perfil do consumidor e do comércio da Galeria Malcon. Introdução: A atividade comercial tem aproveitado o momento de forte crescimento da economia nacional para desenvolver-se em números absolutos e relativos. No que se refere ao total do volume de vendas atinge-se na primeira década do Séc. XX valores surpreendentes, considerando-se as crises a qual a economia brasileira foi submetida nos anos 1980 e 1990. Já no que se refere ao desenvolvimento relativo, pode se considerar a fragmentação no espaço comercial como um dado também notável. Dessa forma a atividade varejista pode ser interpretada por dois conjuntos atuantes que são distintos e semelhantes ao mesmo tempo: o conjunto dos comerciantes e o conjunto dos consumidores. Partindo desse ponto buscamos fazer a análise da atividade comercial da Galeria Malcon, no centro de Pelotas, Rio Grande do Sul, localizada entre as ruas XV de Novembro, 667 e a Rua Andrade Neves, 1962. Trata-se de um edifício-galeria, com 5 pavimentos, compreendendo em seu térreo lojas e prestadores de serviços (lancheria, bar e caixa eletrônico) e em seus pavimentos superiores escritórios governamentais e privados. Objetivos: É sabido que determinadas áreas das cidades tendem a concentrar um tipo de comercio e serviços diferenciados, buscando atender uma determinada parcela da população que dispões de maior renda e busca produtos diferenciados. No caso de Pelotas, uma cidade com função essencialmente comercial, com 60% do PIB gerado pelo setor terciário são expoentes desse Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 tipo de comércio a chamada “Zona Norte do Centro” e empiricamente a Galeria Malcon. O objetivo do presente trabalho é analisar a estrutura comercial da Galeria Malcon, quantificar e classificar a diferença entre as lojas da mesma, bem como, identificar o perfil socioeconômico e os hábitos de consumo da população que transita por esta. Afim de em uma futura pesquisa mais ampla fazer a comparação dos dados com outras galerias da cidade de Pelotas-RS. Metodologias: A pesquisa dividiu-se metodologicamente em dois momentos, primeiramente foi aplicado um questionário qualitativo em cada um dos estabelecimentos da galeria onde o pesquisador observava aspectos relativos ao modernismo, standing, raio de influência segundo metodologia proposta por Spork (1964), que propõe uma análise de quatro aspectos: 1) Standing: “refere-se à posição de um estabelecimento numa hierarquia de valores, referentes à qualidade, à apresentação, ao aspecto dos produtos vendidos e sua exposição” (MÉRRENNE-SCHOUMAKER e BROWET, 1993 apud CACHINHO, 2001, p. 327). 2) Modernismo: mede a posição do estabelecimento comercial numa hierarquia de valores, no que respeita à idade mais ou menos recente dos equipamentos necessários ou úteis e ao aspecto mais ou menos novo ou recentemente restaurado do quadro tanto exterior quanto interior (MÉRRENNE-SCHOUMAKER e BROWET, 1993 apud CACHINHO, 2001, p. 327). 3) Raio de influência: área de alcance dos estabelecimentos. Em seguida, todos os itens foram incluídos na grade de pontuação, sobre uma base 10. No standing, os estabelecimentos pontuaram 0 (inaplicável), -1 (inexistente), 1 (satisfatório), 2 (bom) e 3 (diferenciado); como esta categoria é composta de 10 itens - a pontuação máxima pode ser 30 – a soma foi divida por três, para compatibilização com a base 10. No modernismo, ocorreu o mesmo, com a diferença de que cada estabelecimento poderia pontuar no máximo 15, sendo a soma dividida por 1,5.O resultado gera um valor de 1 até 30 classificado como: muito baixo (menos de 6 pontos), baixo (6 até 11 pontos), médio (11,1 até 17 pontos), alto (17,1 até 23 pontos), diferenciado (23,1 a 31pontos). Quanto a análise do consumidor foi aplicado um questionário semi-estruturado a fim de levantar dados socioeconômicos e referente aos hábitos de consumo. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2 Resultados preliminares: Os dados foram levantados entre os meses de dezembro de 2009 e fevereiro de 2010. A Galeria Malcon possui 84m de comprimento, 22 lojas que se distribuem em uma área total de 351m², tendo 11,36m de frente para a rua XV de Novembro e 12,85m de frente para a Rua Andrade Neves, rua esta que possui um calçadão ao longo de quatro quadras. Em funcionamento existem 17 lojas, destas a maioria é dedicada ao comércio de roupas e acessórios (7 lojas), seguindo o ramo de calçados (5 lojas), sendo que uma das lojas destinada a calçados vende também material esportivo, decoração (2 lojas), alimentação (2 lojas), e equipamentos de telecomunicações (1 loja). Quanto à administração das lojas, 76% é filial ou faz parte de um sistema de franchising. Quanto ao tempo de funcionamento, 35% dos estabelecimentos tem menos de um ano de funcionamento, seguido de 29% até 5 anos, 24% 5,1 a 10 anos e apenas 12% com mais de 10,1 anos de funcionamento no local. Quanto a classificação referente ao nível de atividade comercial foi constatada a predominância de estabelecimentos de nível “alto”,76%, e subseqüentemente 18% “diferenciado”, e 6% “médio” , os conceitos “baixo” e “muito baixo” não pontuaram. Quanto ao perfil sócio econômico dos entrevistados foi constatado que 56 % tem idade igual ou superior a 36 anos, 55 % tem renda superior a cinco salários mínimos, 29 % possui ensino superior completo e 23 % possui algum tipo de pós-graduação. Referente à ocupação 31 % são funcionários privados seguido de 20% de estudantes e 20% de servidores públicos. Quanto ao habito de freqüência e consumo, 43 % freqüenta a galeria de 2 a 5 vezes por semana e 36 % passam por ali mais de 5 vezes por semana. Os dias mais freqüentados são sexta-feira (19 %) e quinta-feira (18%). Quanto a origem 48 % dos passantes vem de bairros da cidade, 37% do próprio centro e 15 % de outros municípios. Do total de entrevistados, 89% já fizeram ao menos uma vez compras na galeria e do total da amostra 47% realiza compras mensalmente e 18% todas as semanas. O comércio preferido pelos usuários da galeria é o “vestuário feminino” (37%), acompanhado de “Vestuário masculino” (26 %) e “bijuterias” (21 %). Quanto a preferência por consumir no “calçadão” ou na galeria 42 % afirma que prefere a galeria por motivos de segurança e facilidade de acesso e 28 % mostraram-se indiferentes quanto a escolha. Quando perguntado o local da galeria que mais Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 3 atrai o transeunte 49 % disseram preferir o meio da mesma, visto que este é o local onde encontra-se uma cafeteria, um tradicional ponto de encontro. Como considerações finais, observa-se uma real especialização deste espaço de compra destinando-se a um comercio com maiores aspectos e apelos aos signos, destinados a uma parcela da população diferenciada. O público freqüentador também reconhece este espaço como algo diferenciado e em sua maioria é consumidor em potencial para a galeria.Também observa-se que a galeria de certa forma preenche a lacuna de um shopping Center na cidade e é preciso ainda analisar as mudanças causadas com a implantação de um empreendimento do tipo, bem como ações em parceria entre o poder público e os próprios lojistas com intuito de divulgar e promover a singularidade da forma de comércio em galerias na cidade de Pelotas. Bibliografia: CACHINHO, Herculano. O comércio retalhista português. Lisboa: GEPE, 2001. FERNANDES, José Alberto Rio.A Reestruturação comercial e os tempos da cidade.Lille-Roubaix,2003. SOARES, Paulo Roberto Rodrigues. Del proyecto urbano a la producción del espacio : morfología urbana de la ciudad de Pelotas, Brasil. Tese de Doutorado sob a Orientação do Dr. Horacio Capel. Barcelona, junho de 2002. SPORCK, J. “Etude de la localisation du commerce de détail (aspects méthodologiques)”. In : Travaux géographiques de Liège. Nº 149. Liège: Cercle des géographes liégeois, 1964. VARGAS, Heliana Comim. Espaço terciário. O lugar, a arquitetura e a imagem do comércio. São Paulo: SENAC, 2001. VIEIRA, Sidney. Gonçalves. O centro vive. O espetáculo da revalorização do centro de São Paulo. Tese de Doutorado. Rio Claro: Geografia, 2002. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Bertrand Brasil, 2001. SILVA, C. H. C. . As necessidades, as mercadorias, as marcas e as lojas: a geografia do comércio de luxo em São Paulo. In: XI Simpósio Nacional de Geografia Urbana, 2009, Brasília. XI Simpósio Nacional de Geografia Urbana. Brasília, 2009. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 4