Reportagem completa você confere na edição desta

Propaganda
3B
terça
A GAZETA
CUIABÁ, 6 DE DEZEMBRO DE 2011
RISCO PARA Exames apontam que condenado por estuprar criança
SOCIEDADE não possui condições de voltar ao convívio social
MPE tenta impedir que
pedófilo deixe a prisão
TANIA RAUBER
DA REDAÇÃO
A Justiça autorizou a progressão de regime,
para que cumpra a pena em liberdade, ao estuprador Ronaldo Alves de Souza, 32, condenado por
violentar de forma brutal uma menina de 10 anos.
A decisão foi tomada pelo juiz da 2ª Vara Criminal da Capital, Roberto Teixeira Seror, mesmo
com parecer contrário do Ministério Público e
laudo do exame psicossocial
apontando que o réu não tem
condições de voltar às ruas.
O crime ocorreu em março
de 2007 em Rondonópolis (212
km ao sul de Cuiabá). O frentista
Ronaldo foi denunciado por abordar a vítima quando ela retornava
para casa da escola. Ele estava em
um veículo Fiat Uno e pediu ajuda
para a menina. Ainda, conforme a
denúncia, quando ela se aproximou, ele apontou uma arma e forçou a mesma a entrar no carro.
Depois, seguiu até um matagal e cometeu o crime.
Ronaldo foi preso poucos dias depois e reconhecido pela criança, que teve os órgãos genitais dilacerados durante o ato sexual. Ele foi condenado a
14 anos e 3 meses de reclusão. Até agora, cumpriu
um terço da pena na prisão. No último dia 30, conse-
guiu autorizou da progressão do regime, para cumprir o restante da pena em regime semiaberto.
Na decisão, Seror justificou que a transferência de regime é feita quando o “preso tiver cumprido
ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado
pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão”. O argumento surpreendeu o promotor de Execuções Penais, Célio Wilson.
Ele ressaltou que, mesmo
trabalhando dentro da
cadeia, os exames apontaram que o réu não tinha
condições de voltar ao convívio social. “O parecer do Ministério Público foi contrário, os
exames apontaram que ele não
pode voltar às ruas”.
Ele entrou com recurso
para reverter a decisão do magistrado e evitar que Ronaldo
deixe o Centro de Ressocialização de Cuiabá, o que deve
ocorrer amanhã, durante audiência designada pela
Justiça. “Vamos entrar com recurso para evitar
que isso ocorra. Pessoas que cometem este tipo de
crime não podem voltar às ruas em tão pouco tempo. Já tivemos casos semelhantes e os réus voltaram a cometer o mesmo crime”.
Juiz concedeu
direito ao réu em
dormir na própria
residência por
10 dias e depois
em albergue
No final de 2009, Edson Alves Delfino, condenado a 46 anos e 8 meses de prisão por violentar e
assassinar o menino Anderson Costa da Silva, de 10
anos e 6 meses, foi colocado em liberdade. O crime
ocorreu em Primavera do Leste (231 km ao sul de
Cuiabá). Anderson foi encontrado pela família agonizando em um matagal e morreu poucas horas depois no colo da mãe.
Na época em que estava preso, Delfino chegou a afirmar que se voltasse às ruas cometeria o
mesmo crime. Foi o que ocorreu. Quatro meses depois de deixar a prisão, ele violentou e matou de
forma cruel, estrangulado, o menino Kaytto Guilherme Nascimento Filho,10, em Cuiabá.
Pouco mais de 1 ano depois, Delfino foi julgado e condenado a mais 35 anos e 3 meses de prisão, acumulando 81 anos e 11 meses de reclusão.
Durante o júri, ele disse que não sabia explicar o
que acontecia, mas que a vontade de cometer o crime “vem” e ele vai até as últimas consequências.
Segundo o promotor Célio Wilson, desde o
ano passado Ronaldo tenta obter progressão de regime. O primeiro pedido foi feito por ele mesmo,
manualmente. Na época, o juiz responsável pelo
caso solicitou os exames médico e psicossocial, porém, estes apontaram que o reeducando ainda não
estava apto para voltar ao convívio social.
Outros pedidos foram feitos e reiterados
pela Defensoria Pública, mas negados após novos exames.
Chico Ferreira/Arquivo
Réu cumpriu 1 terço da pena de 14 anos e 3 meses de reclusão
CONDOMÍNIO FECHADO
Esclarecido roubo de R$ 140 mil
TANIA RAUBER
DA REDAÇÃO
Marcus Vaillant
Leonardo estava no regime semiaberto e Polícia descartou participação de funcionários do banco
Acidente
Alta tensão
Um caminhão cegonha ficou
enroscado em cabos de alta
tensão, em frente ao Aeroporto
Internacional Marechal Rondon,
em Várzea Grande, na noite deste
domingo (4). O veículo estava
carregado com 10 carros que
seriam entregues em uma
concessionária da cidade. Os fios
só não foram partidos por causa da
perícia do motorista que, ao
perceber o incidente, parou o
caminhão. A fiação estava mais
baixa por conta de outro poste, na
avenida João Ponce de Arruda, que
está prestes a cair.
Direção
Pais, alunos e professores de
Mato Grosso vão às urnas nas
escolas estaduais no próximo dia
13 de dezembro para escolha dos
diretores das 725 escolas
estaduais para o biênio 20122014. O processo garantido pela
Lei 7.040/98 existe no Estado há
12 anos.
Um trabalhador da Gleba
Mercedes V, assentamento rural
de Sinop (500 km ao norte de
Cuiabá), teve a face e região
temporal dilaceradas por uma
motosserra. O acidente de
trabalho ocorreu neste domingo
(4), quando o agricultor fazia o
corte de uma árvore. Nelso Luiz
Lidani, 55, foi transportado em
parte do trajeto pela família. Uma
equipe de bombeiros foi ao
encontro do paciente. Nelso
estava consciente, orientado e
apresentava hemorragia arterial.
13º salário
Uma conselheira tutelar de
Salto do Céu (371 km a oeste de
Cuiabá) conseguiu na Justiça o
direito de receber o 13º salário, o
que o prefeito Osvaldo Katsuo
Minakami (PMDB) se recusava a
pagar com base em argumentos de
que conselheiros tutelares não
fazem parte do quadro de
servidores porque não são
concursados. Na decisão, o Juízo
daquela comarca afirmou que
membros dos conselhos tutelares,
mesmo sendo transitórios, figuram
como agentes públicos, com direito
a receber seus direitos sociais.
Leonardo Rodrigues da Silva, 29, e Alex dos Santos Andrade, 29, foram presos acusados de
roubar R$ 140 mil da casa de um
empresário há 12 dias. Leonardo
cumpria pena em regime semiaberto por tentativa de homicídio e
já foi preso pela Polícia Federal,
em 2006, por tráfico internacional de drogas.
Segundo a delegada Juliana
Chiquito Palhares, da Delegacia
de Roubos e Furtos da Capital,
foi descartado o envolvimento do
gerente e o segurança do banco
onde o dinheiro foi sacado pela
vítima. A existência do montante
foi informada por outra pessoa, já
identificada pela Polícia. Ela não
teve o nome divulgado mas, con-
forme a delegada, tinha contato
com familiares do empresário e
prestou serviços na casa.
A prisão dos acusados
ocorreu após os investigadores
receberem informações de que
os autores do assalto residiriam
no bairro Recanto dos Pássaros.
A partir daí, algumas pessoas
passaram a ser monitoradas e,
em poucos dias, Leonardo comprou, à vista, um Honda Civic.
Na casa do acusado, policiais
encontraram vários eletrônicos e
eletrodomésticos comprados recentemente.
Alex foi preso em flagrante
ao chegar na casa, com um revólver calibre 38, municiado e com a
numeração raspada. Os 2 foram
reconhecidos pelas vítimas.
O dinheiro não foi localizado. A Polícia acredita que parte
foi usada na compra do automóvel e eletrônicos.
Leonardo nega as acusações
e diz que comprou o carro com
dinheiro do trabalho. Alex não
tem passagens e também negou
as acusações.
Crime - Para praticar o
roubo, os assaltantes quebraram
parte do muro de um condomínio
fechado, com sistema de monitoramento e vigilância, e entraram
na casa pela janela do banheiro.
O construtor R.G.S., 28, a mulher
dele e o filho de 2 anos foram
rendidos enquanto dormiam.
A dupla exigiu que ele entregasse o dinheiro e uma pistola
calibre 380. Também levaram
joias e fugiram no Corolla da vítima, que foi localizado horas depois no bairro Santa Cruz.
Z análise
Arlindo Aburad
autoexame não ajuda a diagnosticar
precocemente o câncer de boca de
maneira tão efetiva quanto o exame
feito por um dentista. Ultimamente, várias
campanhas de divulgação do autoexame do câncer
de boca têm sido feitas. Artigos científicos mostram
a contribuição das campanhas de conscientização
para qualquer tipo de câncer. No caso do câncer de
boca, elas também são importantes para informar a
população sobre o problema e suas consequências.
Afinal, muitas pessoas nem sabem que o câncer de
boca existe nem quem procurar quando isso
acontece. E, pior, não costumam fazer um check-up
da boca regularmente nos dentistas. Preocupam-se
mais com o corpo e fazem
exames regulares pedidos
por médicos. Mas deixam de
lado a saúde bucal, o que é
um erro.
O paciente até deve
observar alguns sinais de
alerta como feridas que não
cicatrizam em duas
semanas, dente mole sem motivo aparente,
sangramento, caroços ou bolinhas duras,
inflamações e inchaço na boca. Mas dificilmente
vai conseguir perceber que estes sinais podem ser
um grande problema quando faz o autoexame.
Geralmente, as pessoas deixam passar mais tempo
do que deveriam para procurar um dentista mesmo
depois que detectam alguns desses sinais. E, então,
pode ser tarde.
A responsabilidade pelo diagnóstico do câncer
de boca não pode ser transferida para o paciente.
Todo dentista deve ter consciência plena que o
diagnóstico precoce de qualquer lesão na boca é de
sua completa responsabilidade. Entretanto, o
paciente tem que visitar o dentista regularmente no mínimo uma vez por ano, como faz geralmente
com seus médicos. E essa visita ao dentista não é
apenas para ver se tem cárie ou doenças
inflamatórias na gengiva. Mas para checar se tem
O
alguma lesão na boca que pode ser câncer. O
dentista deve avaliar todos os tecidos da boca do
paciente e não somente os dentes como acontece na
maioria das vezes. E, também, deve fazer o exame
preventivo, chamado de citologia esfoliativa - o
mesmo realizado para o diagnóstico precoce do
câncer de colo uterino. O exame deve ser feito até
mesmo quando não há nenhuma lesão clinicamente
visível para um diagnóstico seguro. Se for
identificada alguma lesão, o dentista tem de fazer
uma biópsia imediatamente ou encaminhar o
paciente para que esse procedimento seja feito por
um dentista preparado para isso. As radiografias
da boca também são absolutamente importantes no
frequente em homens e o 7º em mulheres. Estima-se
que, no ano de 2010, o Brasil tenha tido cerca de 14 mil
novos casos dessa doença. Pode até parecer um
número baixo. Mas em um espaço de tempo de 10 anos,
são 140 mil pessoas diagnosticadas com câncer de
boca. Desses, aproximadamente 70% são em homens.
Entre as principais causas do câncer de boca,
estão o tabagismo e o consumo excessivo de
bebidas alcoólicas destiladas. Nos últimos anos,
várias pesquisas científicas têm mostrado que outro
ator entrou em cena como um dos causadores do
câncer de boca: o HPV. Este é o mesmo vírus
causador do câncer de colo uterino. Essa situação
está relacionada com a mudança de
comportamento sexual da
população. As pessoas estão se
relacionando com um número
maior de parceiros. E esse vírus é
transmitido para a boca por meio
do sexo oral. Com isso, é
importante também alertar
pacientes, que não fumam e nem
ingerem bebidas alcoólicas,
sobre a importância da citologia esfoliativa como
exame preventivo de câncer de boca. Isso porque
esses pacientes são considerados de baixo risco por
não beberem nem fumarem, mas podem ter câncer
de boca contraído pelo HPV.
Diante deste cenário, os pacientes até devem
fazer o autoexame para procurar se têm alguma
alteração na boca. Mas qualquer alteração só
sinaliza que um dentista deve ser procurado
imediatamente para um exame mais detalhado. O
ideal não é esperar que isso aconteça para cuidar
da saúde bucal. O melhor mesmo é criar o hábito
do check-up no dentista assim como no médico. O
exame sistemático de prevenção de câncer de boca,
feito por profissional capacitado, sempre será mais
eficiente que um autoexame.
Autoexame do câncer de
boca não é tão eficiente
diagnóstico de tumores, que acontecem nos ossos
da face. Elas devem ser feitas rotineiramente principalmente a radiografia panorâmica.
Quanto mais inicial for o diagnóstico do câncer
de boca, menos invasiva será a cirurgia para sua
remoção. O paciente, neste caso, terá menos
sequelas e mais chances de cura. Entretanto, em
mais de 60% dos casos essa doença é diagnosticada
em estágio tardio. Nessas condições, o índice de
mortalidade do câncer de boca chega a 59% dos
casos no Brasil. E dos casos diagnosticados
tardiamente que são curados, os paciente ficam com
graves sequelas que comprometem completamente
sua vida. Ficam desfigurados e com problemas
psicológicos. Não são raros relatos de pacientes que
dizem que preferiam morrer a ter recebido um
tratamento tão agressivo.
De acordo com dados do Instituto Nacional de
Câncer (Inca), o câncer de boca é o 5º tipo mais
ARLINDO ABURAD É DENTISTA, DOUTOR EM PATOLOGIA BUCAL PELA USP
E PROFESSOR UNIVERSITÁ[email protected]
Download