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Guia não vinculativo
de boas práticas
da Diretiva 2013/35/UE
«Campos eletromagnéticos»
Volume 2: Estudos de casos
Europa social
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Guia não vinculativo
de boas práticas
da Diretiva 2013/35/UE
«Campos eletromagnéticos»
Volume 2 Estudos de casos
Comissão Europeia
Direção-Geral do Emprego,
dos Assuntos Sociais e da Inclusão
Unidade B3
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doi:10.2767/446003
© União Europeia, 2015
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3
ÍNDICE
Estudos de casos........................................................................................................................................................................ 7
1.Escritório................................................................................................................................................................................. 9
1.1.
1.2.
1.3.
1.4.
1.5.
1.6.
1.7.
Local de trabalho...........................................................................................................................................................................................9
Natureza do trabalho...................................................................................................................................................................................9
Abordagem para a avaliação...............................................................................................................................................................10
Resultados da avaliação.........................................................................................................................................................................10
Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................10
Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................11
Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................11
2. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear.................................................................................... 12
2.1.
2.2.
2.3.
2.4.
2.5.
2.6.
2.7.
2.8.
Local de trabalho........................................................................................................................................................................................12
Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................12
Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................13
Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................13
Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................15
Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................15
Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................15
Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................17
3.Eletrólise.............................................................................................................................................................................. 18
3.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................18
3.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................18
3.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................18
3.3.1.
3.3.2.
Recinto de células do eletrolisador........................................................................................................................................................18
Cabina do retificador......................................................................................................................................................................................19
3.4. Como é utilizada a aplicação...............................................................................................................................................................21
3.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................21
3.5.1.
3.5.2.
Recinto de células do eletrolisador........................................................................................................................................................22
Cabina do retificador......................................................................................................................................................................................22
3.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................23
3.6.1.
3.6.2.
Recinto de células do eletrolisador........................................................................................................................................................24
Cabina do retificador......................................................................................................................................................................................27
3.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................30
3.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................32
3.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................32
3.10.Outras fontes de informação complementar..............................................................................................................................32
4. Setor médico...................................................................................................................................................................... 33
4.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................33
4.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................33
4.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................33
4.3.1.
4.3.2.
4.3.3.
Unidades de eletrocirurgia..........................................................................................................................................................................33
Estimulação magnética transcraniana................................................................................................................................................34
Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................35
4
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
4.4. Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................35
4.4.1.
4.4.2.
4.4.3.
Unidades de eletrocirurgia..........................................................................................................................................................................35
Estimulação magnética transcraniana................................................................................................................................................35
Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................36
4.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................36
4.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................37
4.6.1.
4.6.2.
4.6.3.
Unidade de eletrocirurgia............................................................................................................................................................................37
Dispositivo de estimulação magnética transcraniana................................................................................................................40
Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................44
4.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................44
4.7.1.
4.7.2.
Unidade de eletrocirurgia............................................................................................................................................................................44
Dispositivo de estimulação magnética transcraniana................................................................................................................44
4.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................47
4.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................47
4.9.1.
4.9.2.
4.9.3.
Unidade de eletrocirurgia............................................................................................................................................................................47
Dispositivo de estimulação magnética transcraniana................................................................................................................47
Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................48
5. Oficina de engenharia................................................................................................................................................... 49
5.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................49
5.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................49
5.3. Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................49
5.3.1. Inspeção por partículas magnéticas......................................................................................................................................................49
5.3.2.Desmagnetizador.............................................................................................................................................................................................50
5.3.3. Retificadora de superfícies..........................................................................................................................................................................51
5.3.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina...........................................................................................................................................51
5.4. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................52
5.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................52
5.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................52
5.6.1. Inspeção por partículas magnéticas......................................................................................................................................................52
5.6.2.Desmagnetizador.............................................................................................................................................................................................53
5.6.3. Retificadora de superfícies..........................................................................................................................................................................55
5.6.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina...........................................................................................................................................55
5.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................56
5.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................60
5.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................60
5.10.Referência a quaisquer fontes de informação complementar..........................................................................................62
6. Setor automóvel.............................................................................................................................................................. 64
6.1.
6.2.
6.3.
6.4.
6.5.
6.6.
Local de trabalho........................................................................................................................................................................................64
Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................64
Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................64
Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................66
Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................68
Resultados das avaliações da exposição.......................................................................................................................................69
6.6.1.
6.6.2.
Resultados da avaliação da exposição dos soldadores por pontos da oficina de reparação...............................70
Resultados da avaliação da exposição de aquecedores por indução utilizados na oficina de reparação
automóvel............................................................................................................................................................................................................73
6.7. Conclusões das avaliações da exposição......................................................................................................................................73
6.8. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................75
6.9. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................76
6.10.Medidas de precaução adicionais em resultado das avaliações.....................................................................................77
6.11.Soldadores por pontos no fabrico de veículos............................................................................................................................78
6.11.1. Avaliação do soldador por pontos de fábrica...................................................................................................................................78
Índice
6.11.2. Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica.....................................................................................................79
6.11.3. Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica no âmbito dos NA............................................................81
6.11.4. Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica no âmbito dos VLE..........................................................81
7.Soldadura............................................................................................................................................................................ 84
7.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................84
7.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................84
7.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................84
7.3.1.
7.3.2.
Soldadores por pontos..................................................................................................................................................................................84
Soldador de roletes.........................................................................................................................................................................................85
7.4. Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................86
7.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................86
7.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................87
7.6.1.
7.6.2.
7.6.3.
Soldador por pontos de bancada............................................................................................................................................................87
Soldador por pontos suspenso portátil................................................................................................................................................88
Soldador de roletes.........................................................................................................................................................................................90
7.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................91
7.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................95
7.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................95
7.10.Referência a quaisquer fontes de informação complementar..........................................................................................96
7.10.1. Soldador por pontos de bancada............................................................................................................................................................96
7.10.2. Soldador por pontos suspenso portátil................................................................................................................................................97
7.10.3. Soldador de roletes.........................................................................................................................................................................................97
8. Fabricação metalúrgica............................................................................................................................................... 99
8.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................99
8.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................99
8.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos e sobre o modo como é
utilizado............................................................................................................................................................................................................99
8.3.1.
8.3.2.
8.3.3.
8.3.4.
8.3.5.
Pequena unidade de produção de ligas...............................................................................................................................................99
Unidade de produção de ferro-titânio...............................................................................................................................................100
Grande unidade de fundição elétrica.................................................................................................................................................101
Unidade de fornos de arco.......................................................................................................................................................................101
Laboratório de serviços de análise.....................................................................................................................................................101
8.4. Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................102
8.4.1
8.4.2
8.4.3
8.4.4
8.4.5
Pequena unidade de produção de ligas............................................................................................................................................102
Unidade de produção de ferro-titânio...............................................................................................................................................103
Grande unidade de fundição elétrica.................................................................................................................................................103
Unidade de fornos de arco.......................................................................................................................................................................103
Laboratório de serviços de análise.....................................................................................................................................................103
8.5. Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................104
8.5.1.
8.5.2.
8.6.
8.7.
8.8.
8.9.
Avaliação inicial da exposição...............................................................................................................................................................104
Avaliação detalhada da exposição de forno de indução numa pequena unidade de produção de ligas....105
Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................107
Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................109
Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................109
Referência a quaisquer fontes de informação complementar.......................................................................................110
9. Dispositivos de plasma por radiofrequência................................................................................................ 113
9.1.
9.2.
9.3.
9.4.
9.5.
Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................113
Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos............................................................113
Como é utilizada a aplicação............................................................................................................................................................114
Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................114
Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................116
5
6
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
9.6.
9.7.
9.8.
9.9.
Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................117
Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................118
Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................119
Informações adicionais.........................................................................................................................................................................120
10.Antenas de telhado..................................................................................................................................................... 121
10.1.Local de trabalho.....................................................................................................................................................................................121
10.2.Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................121
10.3.Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos............................................................122
10.4.Como é utilizada a aplicação............................................................................................................................................................124
10.5.Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................124
10.6.Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................125
10.7.Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................126
10.8.Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................128
10.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................128
11.Walkie-talkies................................................................................................................................................................. 130
11.1.Local de trabalho.....................................................................................................................................................................................130
11.2.Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................130
11.3.Como é utilizada a aplicação............................................................................................................................................................132
11.4.Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................132
11.5.Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................132
11.6.Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................132
11.7.Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................133
11.8.Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................133
12.Aeroportos........................................................................................................................................................................ 134
12.1.Local de trabalho.....................................................................................................................................................................................134
12.2.Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................134
12.2.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................134
12.2.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................134
12.2.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................135
12.3.Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos............................................................135
12.3.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................135
12.3.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................136
12.3.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................136
12.4.Como são utilizadas as aplicações................................................................................................................................................136
12.5.Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................136
12.5.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................136
12.5.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................138
12.5.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................138
12.6.Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................138
12.6.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................139
12.6.2. Radiofarol não direcional (NDB)...........................................................................................................................................................139
12.6.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................140
12.7.Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................140
12.8.Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................143
12.8.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................143
12.8.2. Radiofarol não direcional..........................................................................................................................................................................144
12.8.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................144
12.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................144
12.9.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................144
12.9.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................145
12.9.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................145
7
Estudos de casos
Este conjunto de estudos de caso constitui o volume 2 do guia não vinculativo de boas
práticas para implementar a Diretiva «Campos eletromagnéticos» (2013/35/UE). Deve
ser lido em conjunto com o corpo principal do guia, que está contido no volume 1.
Os estudos de caso que se seguem foram desenvolvidos em relação a uma série
de setores profissionais diferentes que envolvem, principalmente, trabalhadores de
pequenas e médias empresas. Baseiam-se em avaliações reais de situações da
vida real. No entanto, devido à complexidade de algumas destas avaliações, foram
simplificados ou resumidos a fim de torná-los mais úteis para o leitor e limitar a
extensão global deste volume. Destinam-se a ilustrar uma diversidade de abordagens
práticas que podem ser adotadas pelos empregadores para gerir os riscos associados
à exposição aos campos eletromagnéticos. Incluem exemplos de boas práticas.
Alguns estudos de casos contêm gráficos de contorno que se destinam a fornecer
uma ilustração esquemática (em vista de planta) dos níveis de exposição medidos
(ou calculados) à volta dos elementos de equipamento indicados.
Alguns dos estudos de caso incluem os resultados de modelização informática
representados por gráficos de distribuição por cor do campo elétrico induzido máximo
ou da taxa de absorção específica de energia nos voxels de 2 mm3 que compõem o
modelo humano. O objetivo desses gráficos é fornecer uma ilustração esquemática da
zona em que o campo é absorvido pelo corpo humano, mais do que dar informações
precisas sobre a magnitude destes campos. Nos gráficos de baixa frequência, são
mostrados os campos elétricos induzidos máximos, e não o 99.º percentil dos campos
elétricos induzidos (utilizado para comparação com os VLE).
Os estudos de casos incluídos neste volume são os seguintes:
1Escritório
2
Espectrómetro por ressonância magnética nuclear
3Eletrólise
4Setor médico
5Oficina de engenharia
6Setor automóvel
7Soldadura
8
Fabricação metalúrgica
9
Dispositivos de plasma por radiofrequência
10Antenas de telhado
11
Walkie-talkies
12Aeroportos
9
1. Escritório
1.1. Local de trabalho
Este estudo de caso refere-se a um grupo de escritórios dentro de uma empresa
de engenharia de média dimensão. Os escritórios contêm o típico equipamento de
escritório elétrico, alimentado pela rede. Os computadores são uma combinação de:
computadores de secretária, ligados a uma rede local (LAN); computadores portáteis
que utilizam um sistema Wi-Fi e um servidor de rede. Existe igualmente uma pequena
cozinha à disposição dos trabalhadores. O equipamento elétrico da cozinha inclui
uma chaleira, um frigorífico e um forno de micro-ondas. Existe também um servidor
de rede central maior que ocupa uma sala separada. A área do escritório é protegida
através da utilização de um sistema de controlo de acesso através de identificação
por radiofrequência (IRF), sendo que cada trabalhador do escritório tem um dispositivo
de autenticação (token) para efeitos de acesso. O responsável pelo escritório decidiu
rever a avaliação de riscos do escritório após ouvir alguns colegas falar sobre a nova
legislação que implementa a Diretiva «Campos eletromagnéticos».
1.2. Natureza do trabalho
Os trabalhadores passam muito do seu tempo a trabalhar nos computadores e a efetuar
chamadas telefónicas em telefones sem fios (DECT) e telemóveis. Os dispositivos de
autenticação (tokens) para efeitos de acesso, colocados em correias, permitem o acesso
aos escritórios quando colocados junto das fechaduras com sistema de IRF. Algumas
destas fontes de campos eletromagnéticos são mostradas na figura 1.1.
Todos os trabalhadores podem usar a cozinha para preparar bebidas quentes e aquecer
refeições no forno de micro-ondas.
Figura 1.1 — Fontes de campos eletromagnéticos no escritório
Fechadura com sistema de IRF
Computadores e telefones
Servidor de rede
10
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
1.3. Abordagem para a avaliação
O responsável pelo escritório andou pela zona do escritório a tomar nota dos
equipamentos que utilizam eletricidade, incluindo os que produzem campos
eletromagnéticos, e falou com os trabalhadores para garantir que esse levantamento
era exaustivo. Depois de ler a primeira secção do guia não vinculativo de boas práticas
para implementar a Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos», o responsável
percebeu que a melhor abordagem para a avaliação do risco era verificar se os objetos
identificados surgiam no quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia. Se algum objeto
não constasse dessa tabela, poderia ser necessária uma avaliação adicional.
1.4. Resultados da avaliação
O responsável pelo escritório elencou todo o equipamento elétrico (quadro 1.1) e
verificou se o mesmo constava do quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia.
Quadro 1.1 — Lista do equipamento elétrico na zona do escritório
Objeto
Baixo risco
para qualquer
trabalhador
(quadro 3.2,
capítulo 3)
Computadores
✓
Servidor de rede com UPS
associada e cabos de rede
✓
Avaliação necessária
para trabalhadores
que usam AIMD ou
dispositivos médicos
usados no corpo
(quadro 3.2, capítulo 3)
A potência de saída da UPS
será idêntica à da alimentação
elétrica normal
Computadores portáteis
(Wi-Fi ativo)
✓
Telefones sem fio (DECT)
✓
Cabos elétricos de alimentação
✓
Telemóveis
Fotocopiadora
✓
✓
Concentradores com acesso
por Wi-Fi
✓
Chaleira
✓
Frigorífico
✓
Forno de micro-ondas
✓
Acesso com segurança por IRF
Observações
O forno tem de ser mantido
em boas condições
✓
1.5. Avaliação dos riscos
Os resultados da avaliação indicam que a utilização do equipamento de escritório indicado
no quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia não ultrapassará os VLE aplicáveis
aos efeitos na saúde relevantes no âmbito da Diretiva «Campos eletromagnéticos».
No entanto, existe a possibilidade de outros equipamentos do quadro 3.2 poderem
interferir em implantes médicos ativos (AIMD) ou dispositivos médicos usados no corpo.
1. Escritório
A avaliação de riscos específicos dos campos eletromagnéticos indicada no quadro 1.2
foi acrescentada à avaliação dos riscos geral do escritório.
1.6. Precauções já em vigor
São realizados controlos periódicos do estado geral do forno de micro-ondas durante
as inspeções de rotina da segurança do escritório.
1.7. Precauções adicionais em resultado da avaliação
O responsável pelo escritório implementa algumas medidas simples:
• qualquer equipamento novo de um tipo diferente tem de ser revisto em relação ao
disposto na Diretiva «Campos eletromagnéticos» para verificar se altera o resultado
da avaliação dos riscos;
• quando um trabalhador do escritório comunica estar particularmente exposto devido
a um implante médico ativo, o responsável pelo escritório irá analisar, juntamente
com o trabalhador, a informação que lhes foi fornecida por um profissional médico
responsável pelo seu cuidado.
Quadro 1.2 — Aditamentos específicos no que se refere aos campos
magnéticos para a avaliação geral dos riscos do escritório
Interferência
em implantes
médicos ativos
(AIMD) ou
dispositivos
médicos usados
no corpo
decorrente
da radiação
de campos
eletromagnéticos
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
✓
Baixa
Não é exigida
nenhuma medida
✓
Baixa
Assegurar que os
trabalhadores com
equipamento ou
dispositivos médicos
elétricos são sujeitos
a uma avaliação
individual dos riscos
ao regressarem ao
trabalho, sempre
que possam ser
identificadas e
implementadas
quaisquer
precauções
recomendadas pelo
seu médico
Provável
Todos os
trabalhadores
Avaliação
dos riscos
Possível
Controlos
periódicos do
estado geral
do forno,
incluindo danos
na vedação da
porta, grelha
da janela e
funcionamento
dos dispositivos
de bloqueio
Probabilidade
Improvável
Radiação
de campos
eletromagnéticos
do forno de
micro-ondas
Gravidade
Mortal
Pessoas
em risco
Grave
Medidas de
prevenção
e de
precaução
existentes
Ligeiro
Perigos
Todo o equipamento
novo terá de ser
avaliado
11
12
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
2. Espectrómetro
por ressonância
magnética nuclear
2.1. Local de trabalho
Os espetrómetros de ressonância magnética nuclear (RMN) podem constituir um risco
devido aos campos magnéticos estáticos fortes. São utilizados para investigar as
propriedades dos materiais, nomeadamente nas indústrias de produção, para analisar
compostos químicos. Este estudo de caso tem lugar numa empresa farmacêutica na
qual as unidades de RMN estão situadas num laboratório de espetroscopia dedicado.
Havia planos para a compra de uma nova unidade e o diretor de segurança decidiu
rever a avaliação dos riscos antes de desenvolver um plano de ação.
2.2. Natureza do trabalho
São carregadas pequenas amostras do material a analisar, quer uma a uma, à mão,
ou em lotes e automaticamente através de um transportador, para o túnel vertical
da unidade de RMN (figura 2.1).
Figura 2.1 — Unidade de RMN, completa com transportador de amostras
e plataforma de carregamento
Transportador
de amostras
Crióstato
Plataforma de
carregamento
2. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear
2.3. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
Na preparação da revisão, o diretor de segurança reuniu informações sobre unidades
de RMN e notou que:
• o eletroíman produz um forte campo magnético estático (0 Hz); as densidades
de fluxo variam entre aproximadamente 0,5 e 20 T consoante a unidade.
As pequenas unidades de bancada tendem em utilizar ímanes permanentes de terras
raras, enquanto as unidades maiores e autónomas utilizam ímanes supracondutores.
O íman mantém-se totalmente sob tensão durante longos períodos para melhorar
a estabilidade do campo e não é possível reduzir a intensidade do campo quando
os trabalhadores se aproximam;
• os fabricantes têm melhorado progressivamente a conceção das suas unidades para
que estas integrem blindagem ativa e passiva, a fim de reduzir a intensidade do campo
magnético estático acessível ao trabalhador. Assim, é possível conter o campo
magnético perigoso quase inteiramente dentro dos limites do crióstato. Em unidades
mais velhas, ou menos bem blindadas, o campo magnético perigoso pode
estender-se alguns metros para a área de trabalho;
• estes campos magnéticos externos tendem a ser distorcidos e canalizados
por estruturas de aço (por exemplo, vigas) do edifício.
2.4. Abordagem para a avaliação da exposição
O diretor de segurança teve conhecimento que o fabricante da nova unidade podia
fornecer informações sobre a intensidade do campo magnético estático acessível aos
trabalhadores. Mais importante ainda, o fabricante era capaz de descrever o grau
de qualquer perigo resultante de efeitos indiretos, tais como o risco de projeção de
objetos ferromagnéticos ou de interferência em equipamentos e dispositivos médicos
eletrónicos. De acordo com as boas práticas, o fabricante conseguiu fornecer um gráfico
do campo magnético estático dispersado em torno da unidade (figura 2.2).
13
14
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 2.2 — Gráfico do campo magnético estático dispersado em torno
da unidade de RMN
Sistema de Íman RMN Ultra Shield TM
3.15 Gráfico de campo disperso
Ultra Shield TM 500 MHz /54 mm
Ultra Shield TM 500/70B
1mT = 10 GRUSS
O diretor de segurança teve conhecimento de que seria também possível avaliar a
intensidade do campo magnético estático em torno da unidade com um magnetómetro
adequado, e que seria muito mais fácil obter um resultado fiável com uma sonda
isotrópica (de três eixos) do que com uma sonda de eixo único. Porém, esta abordagem
exigiria um investimento em termos de tempo e dinheiro, bem como a consideração dos
perigos associados à realização das medições, especialmente se o instrumento for de
metal folheado. Na avaliação, o diretor de segurança descartou as medições com base
no facto de o fabricante ir fornecer boas informações.
O diretor de segurança considerou igualmente quais os grupos de trabalhadores que
teriam acesso ao laboratório de RMN, bem como as tarefas que poderiam realizar.
Constatou que os técnicos de assistência dos fabricantes das unidades de RMN teriam
acesso ocasional e que teriam acesso a zonas de intensidades de campos elevadas
como, por exemplo, à base do crióstato para operações de regulação do espetómetro.
No entanto, observou que a sua empresa exigiria que esses técnicos fornecessem uma
avaliação escrita dos riscos e os procedimentos de segurança para o seu trabalho e
que lhes era exigido que fizessem prova da sua competência (por exemplo, através de
provas de formação e experiência prática adequadas) antes da sua visita. Nesta base,
avaliou os riscos associados ao seu trabalho como sendo baixos. Constatou ainda que
os serviços de limpeza contratados não teriam acesso ao laboratório.
2. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear
2.5. Resultados da avaliação da exposição
Graças à avaliação das unidades existentes no laboratório de RMN, o diretor de
segurança apercebeu-se que pode existir uma variação considerável da distância de
perigo em função da conceção e, em especial, da blindagem: no caso das unidades
mais antigas, não blindadas, de intensidade de campo elevada tal pode ocorrer a
vários metros, enquanto nas unidades modernas, bem blindadas, o perigo pode ser
praticamente nulo. Porém, não se previa que a intensidade do campo ultrapassasse
os valores-limite de exposição (VLE) para efeitos diretos em locais acessíveis aos
trabalhadores da empresa. Embora o amplificador de radiofrequência tivesse uma
potência de saída significativa, esperava-se que o campo de radiofrequência ficasse
totalmente contido na unidade e não estivesse acessível aos trabalhadores.
A partir das informações fornecidas pelo fabricante (figura 2.2), o diretor de segurança
identificou que era provável que os níveis de ação (NA) para efeitos indiretos fossem
ultrapassados num raio de 1,3 m da superfície exterior do crióstato.
2.6. Avaliação dos riscos
O diretor de segurança sabia que estava arquivada uma avaliação dos riscos relativa
ao laboratório de RMN e constatou que esta seguiu a metodologia recomendada pela
OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para
a Segurança e Saúde no Trabalho). Esta avalia todos os riscos para os trabalhadores
do laboratório, incluindo os decorrentes de:
• trabalho em altura, no momento do carregamento de amostras;
• líquidos criogénicos e extinção («quenching») de ímanes supracondutores;
• atmosfera asfixiante de nitrogénio em espaços fechados por baixo do crióstato,
tal como reservatórios de troca de amostras;
• objetos ferromagnéticos projetados (por exemplo, ferramentas e instrumentos);
• interferência em equipamentos e instrumentos médicos eletrónicos.
Por conseguinte, seria simples registar o novo plano de ação a partir desta revisão
da avaliação dos riscos existente. O quadro 2.1 mostra um exemplo de uma avaliação
dos riscos específica dos campos eletromagnéticos para o laboratório de RMN.
2.7. Precauções já em vigor
O diretor de segurança constatou que foi adotada uma série de medidas organizativas
no laboratório de RMN para prevenir ou restringir a exposição. A primeira delas foi
a escolha de unidades de RMN com blindagem ativa ou passiva «de tecnologia de
ponta». Outras medidas em conformidade com a boa prática incluíam:
• instalar as unidades de RMN num laboratório dedicado com controlo de acesso físico
na forma de acesso por teclado;
• colocação de avisos de alerta e de proibição conformes com a Diretiva 92/58/CEE na
porta de entrada do laboratório (figura 2.3). Tal inclui um aviso para as pessoas que
usam equipamento médico eletrónico;
• impedir a entrada de ferramentas e de outros objetos ferromagnéticos no laboratório;
• separar as unidades de RMN de outros equipamentos e postos de trabalho
do laboratório;
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Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
• colocação de uma barreira de correntes e marcação do piso na posição de contorno
de 0,5 mT, a fim de controlar o acesso (figura 2.4);
• fornecer informação, instruções e formação àqueles que trabalham no laboratório
e garantir uma supervisão adequada;
• exigir que os técnicos de assistência forneçam documentação relativa à segurança
por escrito e façam prova da sua competência antes da sua visita.
Figura 2.3 — Avisos de alerta
e de proibição na porta de entrada
do laboratório de RMN
Figura 2.4 — Delimitação da zona de acesso restrito
por uma barreira de correntes e marcação do piso
3. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear
Trabalhos do
laboratório
✓
Avaliação
dos riscos
Provável
Laboratório
dedicado com
controlo do
acesso físico
Probabilidade
Possível
Efeitos diretos
de campos
magnéticos
estáticos
Gravidade
Improvável
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Ligeiro
Quadro 2.1 — Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para o laboratório de RMN
✓
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
Baixa
Avisos
de alerta
e de proibição
Informação,
instruções
e formação
Efeitos indiretos
de campos
magnéticos
estáticos
(interferência
em implantes
médicos, risco
de projeção)
Campo de
radiofrequência
Formação
de reciclagem
Incluir um artigo no
boletim de segurança
Exigir
documentação
relativa
à segurança
por escrito
e comprovativo
de competência
Técnicos de
assistência
✓
✓
Baixa
Acesso não
permitido
a pessoal
de limpeza
Pessoal
de limpeza
✓
✓
Baixa
Garantir que
o pessoal de limpeza
tem conhecimento
Impedir
a entrada
de objetos
ferromagnéticos
Todos os
mencionados
acima
✓
✓
Baixa
Assegurar que
os trabalhadores
responsáveis pela
manutenção têm
conhecimento
Ver supra
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Baixa
Ver supra
Totalmente
contido no
interior da
unidade e
inacessível
Todos os
mencionados
acima
✓
Baixa
Nenhuma
✓
2.8. Precauções adicionais em resultado da avaliação
O diretor de segurança ficou de um modo geral satisfeito com a revisão da avaliação
dos riscos e com a avaliação dos perigos associados à nova unidade. As medidas
organizativas foram consideradas suficientes, embora tenham passado cinco anos
desde que os trabalhadores receberam pela última vez formação sobre os perigos
e precauções associados ao laboratório de RMN. Consequentemente, o diretor
de segurança desenvolveu um plano de ação com os seguintes elementos:
• atualizar a formação dos trabalhadores do laboratório por meio de uma série
de curtas sessões de sensibilização, com prioridade para as novas contratações;
• assegurar que os trabalhadores responsáveis pela manutenção estão conscientes
dos perigos, especialmente no que se refere ao «voo de ferramentas ferromagnéticas»;
• confirmar que os serviços de limpeza sabem que estão proibidos de entrar no laboratório;
• incluir um artigo sobre os perigos associados ao laboratório no próximo boletim
de segurança da empresa.
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Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
3. Eletrólise
As fontes de campos eletromagnéticos deste estudo de caso incluem os seguintes
elementos:
• eletrolisadores;
• retificadores tirístores;
• barras condutoras;
• transformadores.
3.1. Local de trabalho
O equipamento estava instalado numa grande unidade de produção de cloro. Os locais
de trabalho de interesse foram os seguintes:
• recinto de células do eletrolisador;
• as cabinas do retificador.
3.2. Natureza do trabalho
A maioria do trabalho efetuado no equipamento esteve a cargo de técnicos
de engenharia qualificados e experientes, que podem ter de trabalhar em qualquer
equipamento associado à unidade de produção de cloro. Isso pode implicar
a desmontagem e a manutenção periódicas de um eletrolisador enquanto
os eletrolisadores adjacentes estão ligados.
A unidade era relativamente recente, e a segurança dos campos eletromagnéticos tinha
sido tida em consideração na fase de conceção. Este estudo de caso é, por conseguinte,
um exemplo de boas práticas e sublinha a importância de considerar a exposição
a campos eletromagnéticos nas fases de planeamento de um grande projeto.
3.3. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
3.3.1. Recinto de células do eletrolisador
A sala de células do eletrolisador continha 20 eletrolisadores, que produzem cloro
aplicando uma corrente elétrica a cloreto de sódio através do método de eletrólise de
células de membrana. Foi aplicada a cada eletrolisador uma corrente contínua de 450 V
e 16,5 kA. Foi instalada proteção Perspex à volta dos eletrolisadores para impedir
o acesso aos condutores elétricos ativos.
Incluindo a proteção, cada eletrolisador tinha 17,2 m de comprimento e 4,4 m de
largura, e era composto por 138 células divididas em dois «conjuntos» de 69 células
cada, que estavam ligados em série. Os eletrolisadores estavam separados por uma
distância de cerca de 1,1 m. A disposição dos eletrolisadores é mostrada na figura 3.1.
3. Eletrólise
Na fase de conceção, foi efetuada uma avaliação de modelização teórica com base
em cálculos dos campos magnéticos à volta das peças condutoras da unidade, para
garantir que as exposições aos campos eletromagnéticos seriam minimizadas.
Figura 3.1 — Eletrolisadores na sala de células
Um único eletrolisador,
visto ao longo
do comprimento
Vários eletrolisadores
3.3.2. Cabina do retificador
Cada cabina do retificador (figura 3.2) continha um retificador tirístor, que fornecia
alimentação de corrente contínua a dois eletrolisadores. As barras condutoras que
alimentam os eletrolisadores estavam suspensas a uma altura de cerca de 4,2 m
acima do nível do solo. As cabinas foram cercadas de modo a impedir o acesso a partir
do exterior do edifício e a porta de cada cabina foi bloqueada, sendo colocado um aviso
de alerta ao lado desta (figura 3.3). Normalmente, o acesso às cabinas não é permitido
quando os eletrolisadores estão a funcionar.
Os transformadores que alimentam a sala de células estão localizados no exterior das
cabinas do retificador, do outro lado da parede em relação aos retificadores. As cabinas
dos transformadores foram também cercadas para impedir o acesso (figura 3.4).
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Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 3.2 — Uma cabina do retificador
Barras coletoras
suspensas
Retificador tirístor
Figura 3.3 — Restrição de acesso à cabina do retificador
Porta trancada
no acesso ao cubículo
do retificador
3. Eletrólise
Figura 3.4 — As cabinas do transformador
3.4. Como é utilizada a aplicação
O processo de produção de cloro é automático e gerido remotamente a partir de uma
sala de controlo num edifício próximo.
3.5. Abordagem para a avaliação da exposição
As medições das exposições foram efetuadas por um consultor perito, utilizando
instrumentos especializados. Uma vez que as instalações foram concebidas tendo
em mente a segurança dos campos eletromagnéticos, e que a conceção incluiu uma
avaliação de modelização teórica com base em cálculos dos campos magnéticos à
volta das peças condutoras de corrente das instalações, o objetivo das medições foi
confirmar que as medidas de proteção e de prevenção já implementadas restringiam
efetivamente as exposições aos campos eletromagnéticos.
Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético estático, devido à corrente
contínua fornecida aos eletrolisadores, e da densidade do fluxo magnético variável
no tempo, devido ao facto de a corrente contínua ser produzida a partir da retificação
de uma fonte de corrente alternada, pelo que se esperava uma ondulação na corrente
contínua fornecida aos eletrolisadores. A frequência da ondulação foi também
confirmada durante a avaliação da exposição.
O consultor realizou um estudo de «tempo e movimento» antes de efetuar as medições
para garantir que estas eram efetuadas em locais representativos de posições normais
de trabalho. As medições foram efetuadas com os eletrolisadores a funcionar a uma
carga constante.
Os resultados das medições foram comparados com os adequados valores-limite de
exposição (VLE) e níveis de ação (NA) para efeitos diretos, bem como com os NA para
efeitos indiretos aplicáveis a campos magnéticos estáticos (interferência em implantes
médicos ativos, e risco de atração e de projeção na extremidade alta do campo
magnético).
21
22
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Ao avaliar a exposição de trabalhadores particularmente expostos, a comparação foi
efetuada em relação aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho
(1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 deste guia).
3.5.1. Recinto de células do eletrolisador
As medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo e da densidade
do fluxo magnético estático foram efetuadas entre dois eletrolisadores (figura 3.5).
Procedeu-se a três conjuntos de medições:
• a intervalos de distância no espaço que fica entre os dois eletrolisadores;
• a intervalos de distância ao longo do comprimento total do ponto central do espaço
que vai de uma das extremidades dos eletrolisadores até à outra;
• no plano vertical junto a um dos eletrolisadores.
Estas medições deram uma representação da exposição de um trabalhador que
caminha entre os eletrolisadores na sala de células, o que é considerado o pior cenário
de exposição.
Figura 3.5 — Medições efetuadas entre dois eletrolisadores
Eletrolisadores
Equipamento
de medição
3.5.2. Cabina do retificador
Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo e da
densidade do fluxo magnético estático em torno de um retificador tirístor (figura 3.6),
por baixo das barras condutoras e junto da parede entre o retificador e o transformador.
3. Eletrólise
Figura 3.6 — Medições efetuadas perto de um retificador tirístor
3.6. Resultados da avaliação da exposição
Os resultados das medições das exposições foram comparados com os VLE e os NA
adequados. No caso da eletrólise, os valores relevantes com os quais se deve comparar
os resultados da medição são:
• para os campos magnéticos estáticoss:
—— VLE para densidades do fluxo magnético de campos magnéticos estáticos
(condições normais de trabalho),
—— nível de ação para densidade do fluxo magnético de campos magnéticos
estáticos (interferência em implantes médicos ativos tais como estimuladores
cardíacos),
—— nível de ação para densidade do fluxo magnético de campos magnéticos estáticos
(risco de atração e de projeção na extremidade alta do campo magnético).
• para os campos magnéticos variáveis no tempo:
—— níveis de ação para densidades do fluxo magnético de campos magnéticos
variáveis no tempo,
—— os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/
CE) para campos magnéticos variáveis no tempo (para trabalhadores
particularmente expostos).
As conclusões relevantes da avaliação da exposição, em conjunto com alguns exemplos
dos diagramas produzidos na avaliação de modelização teórica, são apresentadas nas
figuras 3.7 a 3.17.
Note-se que os resultados da avaliação da exposição não podem ser comparados
diretamente com a avaliação de modelização, dado que a última foi efetuada antes da
publicação da Diretiva «Campos eletromagnéticos» e se baseou nos níveis de referência
do ICNIRP relativos a contextos profissionais, que eram mais restritivos do que os níveis
de ação da Diretiva «Campos eletromagnéticos».
23
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
3.6.1. Recinto de células do eletrolisador
Os gráficos seguintes mostram a variação da densidade do fluxo magnético em relação
aos VLE e NA aplicáveis descritos supra. A frequência da ondulação na alimentação de CC
foi confirmada como sendo de 300 Hz. Foram também detetadas frequências harmónicas
de 600 Hz e 900 Hz pelo equipamento de medição, apesar de a contribuição das
frequências harmónicas para a exposição total não ser significativa neste caso.
Figura 3.7 — Variação da densidade do fluxo magnético estático ao longo
do espaço entre os dois eletrolisadores
Valores-limite de exposição
Nível de ação relativo a implantes
Nível de ação relativo à projeção
Percentagem do VLE/NA relevante
600
500
400
300
200
100
0
200
240
280
320
360
Distância da linha central do eletrolisador A (cm)
N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo.
Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T.
Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT.
Nível de ação relativo à projeção: 3 mT.
A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA.
Figura 3.8 — Variação da densidade do fluxo magnético variável no tempo
de 300 Hz ao longo do espaço entre os dois eletrolisadores
Nível de ação alto/baixo
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
500
Percentagem do nível relevante
24
400
300
200
100
0
200
240
280
320
Distância da linha central do eletrolisador A (cm)
N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo.
Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 µT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 µT.
A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR.
360
3. Eletrólise
Figura 3.9 — Variação da densidade do fluxo magnético estático ao longo
do comprimento do espaço entre os dois eletrolisadores
Valores-limite de exposição
Nível de ação relativo a implantes
0
600
Nível de ação relativo à projeção
Percentagem do VLE/NA relevante
600
500
400
300
200
100
0
300
900
1 200
1 500
1 800
Distância ao longo do espaço entre eletrolisadores (cm)
N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo.
Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T.
Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT.
Nível de ação relativo à projeção: 3 mT.
A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA.
Figura 3.10 — Variação da densidade do fluxo magnético variável
no tempo de 300 Hz ao longo do comprimento do espaço entre
os dois eletrolisadores
Nível de ação alto/baixo
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
Percentagem do nível relevante
400
300
200
100
0
0
300
600
900
1 200
1 500
Distância ao longo do espaço entre eletrolisadores (cm)
N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo.
Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 μT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 μT.
A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR.
1 800
25
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 3.11 — Variação da densidade do fluxo magnético estático com a
altura junto a um dos eletrolisadores
Valores-limite de exposição
Nível de ação relativo a implantes
Nível de ação relativo à projeção
Altura em relação ao solo (cm)
250
200
150
100
50
0
0
100
200
300
400
500
600
Percentagem do VLE/NA relevante
N.B.: As medições foram efetuadas a uma distância de 230 cm da linha central de um dos eletrolisadores.
Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T.
Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT.
Nível de ação relativo à projeção: 3 mT.
A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA.
Figura 3.12 — Variação da densidade do fluxo magnético variável
no tempo de 300 Hz com a altura junto a um dos eletrolisadores
Nível de ação alto/baixo
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
250
Altura em relação ao solo (cm)
26
200
150
100
50
0
0
100
200
300
Percentagem do nível relevante
N.B.: As medições foram efetuadas a uma distância de 230 cm da linha central de um dos eletrolisadores.
Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 µT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 µT.
A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR
400
3. Eletrólise
Figura 3.13 — Exemplo de um diagrama de avaliação de modelização
teórica para a sala de células do eletrolisador (vista de plano)
Eletrolisadores
Os resultados da avaliação da exposição na sala de células do eletrolisador forneceu
à empresa as seguintes informações:
• a exposição a campos magnéticos produzidos pelos eletrolisadores foi inferior
aos VLE e aos NA de efeitos diretos relevantes;
• as pessoas portadoras de implantes médicos ativos podem estar sujeitas a um perigo
decorrente de campos magnéticos estáticos na sala de células;
• os níveis de referência dados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram
ultrapassados ao longo do comprimento dos eletrolisadores no que se refere aos
campos magnéticos variáveis no tempo. No entanto, era pouco provável que a sala
de células fosse ocupada por trabalhadores particularmente expostos..
3.6.2. Cabina do retificador
Os gráficos seguintes mostram a variação da densidade do fluxo magnético em relação
aos VLE e NA aplicáveis descritos supra. A frequência da ondulação na alimentação
de CC foi confirmada como sendo de 300 Hz, e foram detetados campos de 50 Hz
do transformador situado no exterior.
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Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 3.14 — Variação da densidade do fluxo magnético estático
com a altura por baixo do isolador de CC da barra coletora
Valores-limite de exposição
Nível de ação relativo a implantes
Nível de ação relativo à projeção
Altura em relação ao solo (cm)
250
200
150
100
50
0
0
40
80
120
160
Percentagem do VLE/NA relevante
N.B.: O isolador de CC da barra coletora estava cerca de 420 cm acima do nível do solo.
Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T.
Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT.
Nível de ação relativo à projeção: 3 mT.
A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA.
Figura 3.15 — Variação da densidade do fluxo magnético variável no tempo
de 300 Hz com a altura por baixo do isolador de CC da barra coletora
Nível de ação alto/baixo
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
250
Altura em relação ao solo (cm)
28
200
150
100
50
0
0
30
60
90
120
Percentagem do nível relevante
N.B.: O isolador de CC da barra coletora estava cerca de 420 cm acima do nível do solo.
Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 μT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 μT.
A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR.
150
3. Eletrólise
29
Figura 3.16 — Exemplo de um diagrama de avaliação de modelização
teórica para as regiões à volta do isolador de CC da barra coletora
(secção transversal)
Eletrolisadores
Isolador de CC com
o solo e as cabinas
Figura 3.17 — Variação da densidade do fluxo magnético variável
no tempo de 50 Hz com a distância à parede entre o retificador tirístor
e o transformador
Nível de ação baixo
Nível de ação alto
150
Percentagem do nível de ação
120
90
60
30
0
0
30
60
90
120
Distância à parede (cm)
N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo.
Nível de ação baixo para campo magnético de 50 Hz: 1000 μT.
Nível de ação alto para campo magnético de 50 Hz: 6000 μT.
A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR.
150
30
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Os resultados da avaliação da exposição na cabina do retificador forneceram à empresa
as seguintes informações:
• a exposição aos campos magnéticos produzidos pelos barras condutoras e dos
retificadores tiristores foi inferior aos níveis de ação de efeitos diretos ao nível do solo;
• a exposição a campos magnéticos variáveis no tempo produzidos pelos
transformador situado do outro lado da parede que fica por detrás do retificador
foi superior ao nível de ação baixo para a densidade do fluxo magnético variável
no tempo, até uma distância de 37 cm da superfície da parede no interior da cabina
do retificador;
• a exposição a campos magnéticos variáveis no tempo produzidos pelos
transformador foi inferior ao nível de ação alto para a densidade do fluxo magnético
variável no tempo na cabina do retificador;
• as pessoas portadoras de implantes médicos ativos podem estar sujeitas a um
perigo decorrente de campos magnéticos estáticos em qualquer parte das cabinas
dos retificadores. Porém, os avisos de alerta e as informações se segurança do local
foram considerados adequados;
• os níveis de referência dados na Recomendação (1999/519/CE) do Conselho foram
ultrapassados em relação aos campos magnéticos variáveis no tempo. No entanto,
era pouco provável que as cabinas dos retificadores fossem ocupadas
por trabalhadores particularmente expostos.
3.7. Avaliação dos riscos
Com base na avaliação da exposição efetuada pelo consultor, a empresa realizou
uma avaliação dos riscos da unidade de produção de cloro em relação aos campos
eletromagnéticos. Esta foi compatível com a metodologia sugerida pela OiRA
(plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia
para a Segurança e Saúde no Trabalho). A avaliação dos riscos concluiu que:
• os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo
nas proximidades dos eletrolisadores;
• os trabalhadores, incluindo os que estão particularmente expostos, podem estar
sujeitos a um perigo nas cabinas dos retificadores em resultado da exposição
a campos magnéticos.
No quadro 3.1 é mostrado um exemplo de uma avaliação dos riscos específicos
dos campos eletromagnéticos para a unidade de produção de cloro.
3. Eletrólise
Conceção
cuidadosa da
unidade de
produção de cloro
para minimizar
a intensidade
de campos
magnéticos
Técnicos
✓
Restrição de acesso
a cabinas do
retificador
Trabalhadores
particularmente
expostos
(incluindo as
trabalhadoras
grávidas)
✓
✓
Provável
Efeitos diretos
dos campos
magnéticos
Possível
Probabilidade
Improvável
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas de
prevenção e
de precaução
existentes
Grave
Perigos
Avisos de alerta
adequados
exibidos em locais
claramente visíveis
Gravidade
Ligeiro
Quadro 3.1 — Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para a unidade de produção de cloro
Avaliação
dos
riscos
Novas
medidas
de
prevenção
e de
precaução
Baixa
Não é exigida
nenhuma
medida
✓
Baixa
✓
Baixa
Formação dos
trabalhadores
Efeitos indiretos
dos campos
magnéticos
(interferência
em implantes
médicos)
Prevenção do
acesso à unidade
de produção
de cloro por
trabalhadores
equipados com
implantes médicos
Avisos de alerta
adequados
exibidos em locais
claramente visíveis
Formação dos
trabalhadores
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
Não é exigida
nenhuma
medida
31
32
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
3.8. Precauções já em vigor
A segurança dos campos eletromagnéticos foi uma prioridade alta desde uma fase
precoce da conceção da unidade, por conseguinte, diversas medidas de proteção
e de prevenção tinham sido incorporadas, incluindo:
• a intensidade dos campos magnéticos variáveis no tempo passíveis de serem
produzidos pela ondulação da alimentação de CC para os eletrolisadores foi
minimizada, por exemplo, através da utilização de 12 retificadores de impulsos,
em vez de seis;
• a unidade tinha um tamanho suficiente para permitir que as zonas de campos
magnéticos fortes fossem facilmente separadas dos trabalhadores;
• avisos adequados sobre a presença de campos magnéticos fortes eram claramente
visíveis em toda a unidade;
• os trabalhadores tinham sido informados da potencial exposição aos campos
eletromagnéticos e tinha-lhes sido solicitado que informassem o empregador caso
possuíssem um implante médico.
3.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação
A avaliação da exposição confirmou que a unidade tinha sido bem concebida em
relação à exposição a campos eletromagnéticos e, por conseguinte, não eram
necessárias precauções adicionais em resultado da avaliação da exposição.
3.10.Outras fontes de informação complementar
Publicação da Euro Chlor — Electromagnetic Fields in the Chlorine Electrolysis Units.
Health Effects, Recommended Limits, Measurement Methods and Possible Prevention
Actions. 2014.
4. Setor médico
4. Setor médico
4.1. Local de trabalho
Foi pedido ao departamento de física médica de um hospital que avaliasse o modo
como a implementação da Diretiva «Campos eletromagnéticos» poderia ter impacto
no trabalho realizado no hospital.
4.2. Natureza do trabalho
São amplamente utilizados dispositivos elétricos no tratamento, monitorização
e diagnóstico dos pacientes. A equipa de física médica começou a sua avaliação
identificando o equipamento que poderia produzir campos eletromagnéticos fortes.
Analisaram o inventário de equipamento do hospital e identificaram três elementos
de equipamento que sabiam serem produtores de fortes campos eletromagnéticos:
tratava-se de unidades de eletrocirurgia, dispositivos de estimulação magnética
transcraniana (TMS) e unidades de diatermia por onda curta. À data, o hospital não
utilizava o equipamento de diatermia por onda curta, mas, ainda assim, este foi incluído
na avaliação. A equipa quis igualmente observar a probabilidade de o equipamento de
monitorização dos pacientes sensíveis ser afetado por interferência eletromagnética,
em especial o equipamento que possa ser utilizado nas proximidades dos dispositivos
produtores de fortes campos eletromagnéticos. identificaram que o equipamento
mais suscetível a interferência eletromagnética seria equipamento médico sensível
utilizado durante procedimentos de eletrocirurgia (por exemplo, ventiladores
e eletrocardiógrafos).
4.3. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
4.3.1. Unidades de eletrocirurgia
No hospital são usados dispositivos de eletrocirurgia para efeitos de corte e/ou
coagulação de tecido humano, e essa utilização dá-se num número significativo de
procedimentos cirúrgicos. Funcionam através da passagem de uma corrente elétrica
de alta tensão através do tecido que está a ser operado. Estas unidades funcionam
normalmente na gama de frequências intermédia de cerca de 300 kHz a 1 MHz
e utilizam potências de 50 a 300 W. Uma unidade de eletrocirurgia é composta por um
elétrodo ativo, um gerador, cabos de ligação do gerador ao elétrodo ativo e ao elétrodo
de retorno ou à placa de ligação à terra montada no corpo do paciente (figura 4.1).
A energia é fornecida ao elétrodo ativo (sonda de eletrocirurgia) através de cabos que
podem não estar blindados. A corrente passa através do tecido do paciente e volta para
a unidade de eletrocirurgia através do elétrodo de retorno.
33
34
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 4.1 — Elétrodos ativo e de retorno e cabos associados
4.3.2. Estimulação magnética transcraniana
Um dispositivo de estimulação magnética transcraniana (TMS) produz intencionalmente
impulsos de campos eletromagnéticos para fins de indução de correntes no cérebro,
e tem diversas aplicações possíveis (por exemplo, diagnóstico de doença ou lesão
cerebral, tratamento de depressão ou, mais recentemente, tratamento de enxaquecas).
Os dispositivos de TMS convencionais são compostos por uma unidade principal
geradora de impulsos de corrente elevada e por uma bobina de estimulação portátil
(figura 4.2). Nos dispositivos disponíveis no mercado, a energia é armazenada em
grandes condensadores de alta tensão. Estes condensadores são descarregados para a
bobina através de um tirístor, com capacidade de comutar grandes correntes em poucos
segundos. A conceção de duas bobinas é de utilização generalizada e é também a
utilizada no hospital — a bobina circular e a bobina em oito (apesar de existirem outras
conceções de bobina).
Figura 4.2 — Bobina de TMS em «oito»
4. Setor médico
4.3.3. Diatermia resultante de onda curta
Os dispositivos de diatermia por onda curta emitem radiação de radiofrequência (RF),
normalmente a 27,1 MHz. Os dispositivos são utilizados por fisioterapeutas para
fins de tratamento terapêutico de músculos e articulações. Existem duas formas de
funcionamento: capacitiva, em que o paciente é posicionado no campo de RF entre
os dois elétrodos de placa (figura 4.3), e indutiva, em que o campo eletromagnético
é aplicado através de uma bobina.
Figura 4.3 — Diatermia por onda curta capacitiva
4.4. Como são utilizadas as aplicações
4.4.1. Unidades de eletrocirurgia
Normalmente, o cirurgião segura a sonda de tratamento junto da parte superior do
corpo durante a utilização. Os cabos podem ser posicionados perto dos trabalhadores
do bloco operatório e, em especial, perto da mão e dos braços do cirurgião.
4.4.2. Estimulação magnética transcraniana
A bobina é colocada perto da cabeça do paciente e um ou vários impulsos
eletromagnéticos serão produzidos para induzir correntes no seu cérebro. A sonda pode
estar fixa ou ser segurada pelo médico (figura 4.4).
35
36
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 4.4 — Bobina circular de TMS em utilização
4.4.3. Diatermia resultante de onda curta
A equipa foi informada de que a diatermia por onda curta não estava a ser atualmente
utilizada no hospital, apesar de ter sido utilizada no passado por fisioterapeutas.
Não estava plenamente a par dos procedimentos de trabalho aplicados quando este
equipamento era utilizado, mas decidiu que iria realizar uma avaliação se o hospital
planeasse utilizá-lo novamente no futuro.
4.5. Abordagem para a avaliação da exposição
A equipa de física médica tinha conhecimento de que os três dispositivos médicos
identificados produziam campos eletromagnéticos fortes. Porém, não tinha a certeza
se estes dispositivos criavam campos que pudessem levar a que os trabalhadores
ultrapassassem os valores-limite de exposição (VLE). Concluíram por conseguinte,
que era necessária avaliação mais aprofundada e que seriam precisas medições
dos campos eletromagnéticos. A equipa selecionou duas peças de equipamento
para submeter a medições: uma unidade de eletrocirurgia ConMed 5000 e um
dispositivo de TMS 200 MAGSTIM. Decidiram não proceder a medições em unidades
de diatermia por onda curta neste momento.
O departamento de física médica possui uma diversidade de sondas de medição
para monitorizar campos eletromagnéticos. A equipa utilizou uma sonda isotrópica
(de três eixos) para realizar as medições. Foram necessárias sondas diferentes
para cada peça de equipamento devido à diferença de frequência dos campos
eletromagnéticos criados.
4. Setor médico
37
4.6. Resultados da avaliação da exposição
4.6.1. Unidade de eletrocirurgia
A unidade de eletrocirurgia ConMed 5000 foi posta em funcionamento em modo
monopolar. Esta unidade pode funcionar em modo de corte e de coagulação. Porém, as
medições preliminares detetaram que os campos eletromagnéticos produzidos no modo
de corte eram superiores aos produzidos no modo de coagulação, e por isso a maioria
das medições foi efetuada em modo de corte. A frequência do campo foi avaliada
efetuando uma medição e exibindo a forma de onda num osciloscópio, tendo sido
considerada como de 391 kHz. A potência aplicada foi de aproximadamente 200 W.
Foram efetuadas medições dos campos elétricos e magnéticos à volta dos cabos de
tratamento e de retorno. Em termos de comparação do campo medido com os níveis
de ação (NA), devido ao campo de frequência intermédia, aplicam-se os NA tanto para
efeitos não térmicos como para efeitos térmicos.
Os resultados da medição relatados no quadro 4.1 mostram a intensidade do campo
magnético a diversas distâncias horizontais em relação ao meio do cabo de tratamento.
A partir destes resultados, a equipa extrapolou o valor do campo magnético a 1 cm do
cabo e calculou-o como sendo 7% do NA relativo aos membros.
A avaliação do campo magnético à volta do equipamento demonstrou à equipa que
a exposição do cirurgião, ou de outros trabalhadores médicos no bloco operatório, não
ultrapassaria os NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos», nem os níveis de referência
dados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE).
Quadro 4.1 ― Intensidade do campo magnético a várias distâncias do cabo
de tratamento, sob a forma de percentagem dos níveis de ação e dos níveis
de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
Efeitos não térmicos
Distância Intensidade
em
do campo
relação
magnético (Am-1)
ao cabo
(cm)
(1)
(2)
(3)
(4)
Densidade
Percentagem
do fluxo
dos níveis de
magnético (μT) ação alto/
/baixo (%) (1)
Percentagem
dos níveis de
ação relativos
aos membros
(%) (2)
Efeitos térmicos
Percentagem
do nível de
ação (%) (3)
Percentagem
dos níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
(%) (4)
10
0,64
0,81
0,81
0,27
16
34
20
0,53
0,67
0,67
0,22
13
29
50
0,26
0,33
0,33
0,11
6,4
14
100
0,09
0,11
0,11
0,04
2,1
4,7
150
0,04
0,05
0,05
0,02
1,0
2,1
Nível de ação alto/baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 391 kHz: 100 µT.
Nível de ação relativo aos membros, no que se refere à densidade do fluxo magnético, para frequência de 391 kHz: 300 µT.
Nível de ação da densidade do fluxo magnético para frequência de 391 kHz: 5,12 µT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) relativo à densidade do fluxo magnético para frequência de 391 kHz: 2,35 µT.
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados
foram comparados diretamente com os NA/NR.
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
38
O campo elétrico foi medido numa zona ocupada pelo cabo de tratamento e pelo
cabo de retorno. Verificou-se que o campo elétrico produzido pelo cabo de retorno era
significativamente mais elevado do que o produzido pelo cabo de tratamento, o que
indicava que o cabo de tratamento está blindado. A intensidade do campo elétrico em
função da distância do cabo de retorno é indicada no quadro 4.2. Trata-se de medições
a várias distâncias horizontais em relação ao meio do cabo. O campo medido mais
elevado, a 10 cm do cabo, é inferior aos níveis de ação. No entanto, os resultados
mostram que os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho
(1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados num raio de aproximadamente
20 cm deste cabo.
Quadro 4.2 ― Intensidade do campo elétrico a várias distâncias do cabo
de retorno em percentagem dos níveis de ação e dos níveis de referência
indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
Distância
do fio (cm)
(1)
(2)
(3)
(4)
Intensidade
do campo
elétrico
(Vm-1)
Efeitos não térmicos
Efeitos térmicos
Percentagem
do nível
de ação
baixo (%) (1)
Percentagem
do nível
de ação
alto (%) (2)
Percentagem
do nível de
ação (%) (3)
Percentagem dos
níveis de referência
indicados na
Recomendação do
Conselho
(1999/519/EC) (%) (4)
10
116
68,2
19,0
19,0
133
20
92,5
54,4
15,2
15,2
106
30
66,8
39,3
11,0
11,0
76,8
50
48,5
28,6
8,0
8,0
55,8
100
11,9
7,0
2,0
2,0
13,7
150
6,55
3,9
1,1
1,1
7,5
Nível de ação baixo da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 170 Vm-1.
Nível de ação alto da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 610 Vm-1.
Nível de ação alto da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 610 Vm-1.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para intensidade do campo elétrico para frequências entre 150 kHz e 1 MHz: 87 Vm-1.
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±0,8 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os
resultados foram comparados diretamente com os NA/NR.
Por uma questão de exaustividade, a equipa utilizou então o seu programa informático
de modelização para estimar a exposição dos pacientes, e voltou a configurá-lo para
modelar a exposição para o cirurgião em termos de VLE. Tanto os campos elétricos
induzidos como os valores da SAR foram calculados para uma situação de exposição
em que o dispositivo de eletrocirurgia está em utilização e os cabos correm junto ao
braço do cirurgião, a uma distância de 1 cm.
Foi calculado o campo elétrico induzido em diversos tecidos (quadro 4.3). O valor mais
elevado foi calculado como sendo 628 mVm-1 no osso. Isto representa 0,6% dos VLE
aplicáveis aos efeitos na saúde, confirmando à equipa que os VLE para efeitos não
térmicos não seriam ultrapassados pelo cirurgião. A distribuição do campo elétrico
induzido num modelo humano é ilustrado na figura 4.5. Claro que é possível que os
cabos da unidade de eletrocirurgia possam estar a menos de 1 cm do cirurgião, ou
até mesmo em contacto com este. Porém, a equipa concluiu que os valores baixos do
campo elétrico induzido significavam que os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde não
seriam ultrapassados à volta da unidade em exame.
4. Setor médico
Quadro 4.3 ― Campo elétrico induzido em percentagem dos VLE aplicáveis
aos efeitos na saúde
Tecido
Campo elétrico
induzido (mVm-1)(1)
% dos VLE aplicáveis
aos efeitos na saúde
Osso
628
0,60%
Gordura
493
0,47%
Pele
461
0,44%
Cérebro
146
0,14%
Espinal medula
275
0,26%
Retina
103
0,10%
(1) V
LE aplicáveis aos efeitos na saúde para a intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz:
105 Vm-1 (RMS).
Figura 4.5 — Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano
resultante da exposição ao cabo de eletrocirurgia de 391 kHz
Campo elétrico
induzido
122-990
61,0
0,00
[V m-1]
Foram calculados os valores da SAR relativa a todo o corpo e da SAR localizada
(quadro 4.4), os quais demonstram que os VLE não seriam ultrapassados na posição
do cirurgião. A distribuição da SAR num modelo humano é ilustrada (quadro 4.6).
Figura 4.6 ― Valores mais elevados da SAR para a posição de exposição
considerada e comparações com os VLE
Posição
SAR média relativa a todo o corpo
SAR máxima localizada de 10 g na cabeça
e no tronco
SAR máxima localizada de 10 g
nos membros
SAR (Wkg-1) VLE (Wkg-1)
% de VLE
0,0338
0,4
8,4
0,780
10
7,8
1,75
20
8,7
39
40
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 4.6 — Distribuição da taxa de absorção específica da energia
(SAR) no modelo humano resultante da exposição ao campo de 391 kHz
produzido pela unidade de eletrocirurgia.
SAR
[W kg-1]
1,6-14,0
0,80
0,0
Com base na avaliação, a equipa teve novamente a certeza de que seria pouco
provável que o cirurgião ou outros trabalhadores do hospital ficassem expostos
a campos que ultrapassassem os VLE. No entanto, reconheceram o facto de o
paciente poder ficar exposto a campos acima dos níveis de referência indicados na
Recomendação do Conselho (1999/519/CE), em especial próximo da posição do
elétrodo de retorno. De um modo geral, isso não foi considerado um problema, uma
vez que a exposição seria uma parte justificada da cirurgia. No entanto, pode exigir a
atenção se o paciente possuir um implante médico ativo (AIMD). Outro potencial risco
identificado era a interferência eletromagnética em dispositivos médicos sensíveis
no bloco operatório. A equipa estava ciente de que tal tinha ocorrido em circunstâncias
em que a sonda de tratamento tinha sido posicionada perto destes dispositivos.
4.6.2. Dispositivo de estimulação magnética transcraniana
O dispositivo de TMS 200 MAGSTIM tem duas peças de mão, uma que incorpora uma
bobina circular e outra com duas bobinas circulares em forma de «oito». A potência de
saída do gerador é definida pelo médico, em percentagem da sua potência máxima.
Pode ser configurado para fornecer um impulso único ou uma série de impulsos.
As medições preliminares detetaram que a bobina circular deu origem aos níveis
mais elevados de campos magnéticos. Esta bobina (figura 4.7) encontra-se alojada
num revestimento de plástico e os enrolamentos das bobinas são feitos de cobre, um
material selecionado pela sua baixa resistência elétrica e elevada condutibilidade
térmica. A bobina é composta por 14 enrolamentos concêntricos, que variam entre
70 mm e 122 mm de diâmetro.
A equipa efetuou medições utilizando a bobina circular, com o gerador configurado para
100% da sua potência máxima e no modo de impulso único. O fabricante forneceu
dados sobre as características dos impulsos (figura 4.8).
4. Setor médico
Figura 4.7 — Bobina de TMS circular
Caixa da bobina
14 espiras concêntricas
Figura 4.8 — Características de impulso único constantes dos dados
do fabricante
5
B
dB/dt
0,8
0,9
B e dB/dt (unidades arbitrárias)
4
3
2
1
0
-1
-2
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Tempo em milissegundos
Como esperado, os campos mais elevados foram medidos diretamente à frente e no
centro da bobina; as zonas em que os níveis de ação (NA) e os níveis de referência
indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são passíveis de ser
ultrapassados são mostradas na figura 4.9. Na posição normal da mão do operador
(a segurar na peça de mão 11 cm abaixo do centro da bobina), a densidade do fluxo
magnético foi medida como sendo 5 600% do NA relativo aos membros.
1
41
42
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 4.9 — Vista de plano que mostra os contornos no dentro
dos quais o nível de ação relativo aos membros (azul), os níveis
de ação altos/baixos (vermelho e os níveis de referência indicados
na recomendação do Conselho (verde) são passíveis de ser ultrapassados
à volta do dispositivo de TMS
NR da Recomendação
do Conselho
Anel de TMS
NA relativo aos membros
NA alto/baixo
0.0
1.0 m
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA/NR ao avaliar
as distâncias acima.
A equipa concluiu que era muito provável que a exposição resultante para o médico
ultrapassasse os NA. Efetuaram, novamente, modelização informática da exposição
potencial para o médico em termos de VLE. A modelização foi efetuada em duas
posições do médico: a primeira com a bobina segurada a 30 cm do corpo e a segunda
com a bobina segurada a 15 cm do torso. A modelização demonstrou que os VLE eram
passíveis de ser ultrapassados em até 35 700% (quadro 4.5). É ilustrada a distribuição
do campo elétrico induzido num modelo humano para ambas as posições (figuras 4.10
e 4.11).
Quadro 4.5 ― Valores modelados por computador do campo elétrico
induzido e uma comparação com os VLE
Posição
Campo elétrico
induzido (Vm-1)
% dos VLE
aplicáveis aos
efeitos na saúde (1)
Bobina segurada a 30 cm
do corpo
265 (osso)
24 100%
Bobina segurada a 15 cm
do torso
393 (osso)
35 700%
(1) VLE aplicáveis aos efeitos na saúde para a intensidade do campo elétrico para frequências entre 1 Hz e 3 kHz:
1,1 Vm-1 (máximo).
4. Setor médico
Figura 4.10 — Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano
resultante da exposição à bobina de TMS segurando a bobina a 30 cm
do corpo
Campo elétrico
induzido
80,0-615
40,0
0,00
[V m-1]
Figura 4.11 — Distribuição do campo elétrico induzido no modelo
humano resultante da exposição à bobina de TMS segurando a bobina
a 15 cm do corpo
Campo elétrico
induzido
160-1290
80,0
0,00
[V m-1]
A equipa concluiu que se a sonda fosse mantida em posição pelo médico, os VLE
aplicáveis aos efeitos na saúde seriam quase de certeza ultrapassados. A interferência
em AIMD poderia também ser um risco potencial. Porém, a interferência em outros
dispositivos do hospital foi vista como um problema menor do que a interferência
na unidade eletrocirúrgica, uma vez que o equipamento não era normalmente utilizado
em zonas com dispositivos médicos sensíveis.
43
44
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
4.6.3. Diatermia resultante de onda curta
Apesar de a equipa não ter efetuado uma avaliação numa das unidades de diatermia
por onda curta do hospital, tinha conhecimento de que estas poderiam originar
exposições elevadas para o fisioterapeuta e possivelmente para outros trabalhadores.
Avaliações efetuadas em relação a dispositivos similares noutros estabelecimentos
tinham concluído que os NA eram passíveis de ser ultrapassados num raio de cerca de
2 m dos dispositivos de diatermia por onda curta capacitivos e de 1 m de dispositivos
de diatermia por onda curta indutivos. A equipa decidiu que seria necessária avaliação
adicional do seu próprio equipamento se este voltasse a ser posto em funcionamento.
Tal serviria para que pudessem aconselhar os fisioterapeutas em relação a práticas
de trabalho seguras (por exemplo, distâncias de trabalho seguras) e determinar se os
níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) seriam
passíveis de ser ultrapassados em zonas nas quais os trabalhadores particularmente
expostos pudessem entrar.
4.7. Avaliação dos riscos
O hospital realizou avaliações dos riscos para a unidade de eletrocirurgia (quadro 4.6)
e para o dispositivo de TMS (quadro 4.7) com base nas medições efetuadas pela
equipa de física médica, que são compatíveis com a metodologia sugerida pela OiRA
(plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para
a Segurança e Saúde no Trabalho). As avaliações dos riscos concluíram que:
4.7.1. Unidade de eletrocirurgia
• a utilização desta unidade é pouco suscetível de levar a que o cirurgião ou outros
trabalhadores do hospital ultrapassem os VLE;
• existe a possibilidade de interferência eletromagnética em AIMD e outros dispositivos
médicos sensíveis existentes na sala.
4.7.2. Dispositivo de estimulação magnética transcraniana
• a utilização desta unidade pode levar a que o médico e talvez outros trabalhadores
do hospital ultrapassem os VLE, e possivelmente por uma margem significativa;
• existe possibilidade de interferência eletromagnética em AIMD;
• é reduzida a possibilidade de interferência eletromagnética em dispositivos médicos
sensíveis, uma vez que o equipamento não é utilizado na proximidade destes
dispositivos.
O hospital desenvolveu um plano de ação a partir da avaliação dos riscos e este
foi documentado.
4. Setor médico
Quadro 4.6 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para a unidade de eletrocirurgia
Efeitos indiretos
de campos
eletromagnéticos
(efeito em
implantes
médicos ativos
(AIMD) e outros
dispositivos
médicos
sensíveis)
Nenhuma
Cirurgião
e outros
membros
da equipa
cirúrgica
✓
✓
✓
✓
Avaliação
dos riscos
Novas
medidas de
prevenção e
de precaução
Baixa
Não é exigida
nenhuma medida
Baixa
Aconselhar os
trabalhadores sobre
o risco potencial de
interferência em
dispositivos médicos
sensíveis
Provável
Cirurgião
e outros
membros
da equipa
cirúrgica
Possível
A modelização
demonstrou que
os VLE não serão
ultrapassados
pelos
trabalhadores
Probabilidade
Improvável
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos
Gravidade
Mortal
Pessoas
em risco
Grave
Medidas de
prevenção
e de
precaução
existentes
Ligeiro
Perigos
Paciente
Foi pedido que
os trabalhadores
comunicassem
qualquer caso de
interferência em
dispositivos médicos
à equipa de física
médica
A equipa de
física médica
deve considerar
aconselhar os
cirurgiões quanto a
distâncias mínimas
de segurança da
sonda e dos cabos
de tratamento em
relação aos AIMD e
a outros dispositivos
médicos sensíveis
45
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Nenhuma
Médico
Probabilidade
Provável
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Possível
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Improvável
Quadro 4.7 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para o dispositivo de estimulação magnética
transcraniana (TMS)
Ligeiro
46
✓
✓
Avaliação
dos
riscos
Novas
medidas de
prevenção e
de precaução
Médio
As trabalhadoras
grávidas devem ser
proibidas de utilizar
o equipamento ou
de permanecerem
na sala quando o
equipamento está
a ser utilizado
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
Os VLE aplicáveis
aos efeitos na
saúde eram
passíveis de ser
ultrapassados pelo
médico que utiliza
este equipamento
Devem ser exibidos
avisos de alerta
no equipamento
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 235 cm
da sonda
Efeitos indiretos
dos campos
eletromagnéticos
(efeito em AIMD):
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 235 cm
dos elétrodos
Sempre que
possível, montar a
sonda num suporte
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Médio
Devem ser dadas
informações sobre
este perigo aos
trabalhadores
Os trabalhadores
que possuam
AIMD devem ser
proibidos de utilizar
o equipamento
ou de permanecer
na sala quando o
equipamento está
a ser utilizado
Os pacientes que
possuam AIMD
não devem ser
tratados com este
dispositivo
Devem ser exibidos
avisos de alerta
e de proibição
no equipamento
4. Setor médico
4.8. Precauções já em vigor
Antes da avaliação por medição não estavam implementadas quaisquer precauções
específicas para limitar a exposição aos campos eletromagnéticos.
4.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação
Em resultado da avaliação por medição e após uma avaliação dos perigos associados
ao equipamento, o hospital elaborou um plano de ação e decidiu adotar as seguintes
precauções adicionais:
4.9.1. Unidade de eletrocirurgia
Em relação à unidade de eletrocirurgia:
• aconselhar os trabalhadores sobre o risco potencial de interferência em dispositivos
médicos sensíveis;
• solicitar aos trabalhadores que comunicassem qualquer caso de interferência
em dispositivos médicos à equipa de física médica;
• a equipa de física médica deve considerar aconselhar os médicos quanto a distâncias
mínimas de segurança da sonda e dos cabos de tratamento em relação aos AIMD
e a outros dispositivos médicos sensíveis
4.9.2. Dispositivo de estimulação magnética transcraniana
Em relação ao dispositivo de TMS:
• proibir as trabalhadoras grávidas e os trabalhadores com AIMD de operar
o equipamento ou de permanecer na sala durante o tratamento;
• não proceder a um tratamento em pacientes que possuam AIMD;
• exibição de avisos de alerta de campos magnéticos fortes, bem como avisos
de proibição para portadores de AIMD (figura 4.12.);
• se possível, instalar a sonda num manipulador de precisão, para que o médico possa
manter-se mais afastado da sonda durante o tratamento;
• se fosse caso disso, a equipa de física médica consideraria a conceção
de um manipulador à distância para permitir que o médico se mantenha afastado
da sonda durante o tratamento;
47
48
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 4.12 ― Exemplos de avisos de alerta para campos magnéticos
fortes e uma ilustração do símbolo de proibição para portadores de AIMD
Alerta
Este equipamento produz
campos magnéticos fortes
Entrada
proibida a portadores de
implantes médicos ativos
4.9.3. Diatermia resultante de onda curta
Em relação à diatermia por onda curta:
• A equipa de física médica deve aconselhar os fisioterapeutas do hospital a
informarem os pacientes antes de efetuar tratamentos de diatermia por onda
curta, de modo a que possa ser efetuada uma avaliação dos riscos dos campos
eletromagnéticos e implementadas as medidas de controlo adequadas, se necessário.
5. Oficina de engenharia
5. Oficina de engenharia
5.1. Local de trabalho
Uma empresa de engenharia pretendia avaliar o modo como seria afetada pela
implementação da Diretiva «Campos eletromagnéticos». A empresa dispõe de uma
diversidade de equipamento elétrico na oficina de engenharia, nomeadamente:
• unidade de inspeção por partículas magnéticas;
• desmagnetizador;
• retificadora de superfícies;
• guilhotina de folha de metal;
• serra de fita;
• serra de arco elétrica;
• serra de corte;
• fresadora (motor);
• perfuradora de pedestal;
• aquecedor de tiras com fio quente;
• tornos;
• berbequim;
• rebolos.
5.2. Natureza do trabalho
A empresa sabia que algum do seu equipamento, como a unidade de inspeção por
partículas magnéticas usada em ensaios não destrutivos, e o desmagnetizador utilizado
para desmagnetizar componentes, são fontes de campos eletromagnéticos. No entanto,
a empresa queria também saber se outros dos instrumentos utilizados poderiam emitir
níveis significativos de campos eletromagnéticos.
5.3. Como são utilizadas as aplicações
5.3.1. Inspeção por partículas magnéticas
A inspeção por partículas magnéticas (MPI) (figura 5.1) é utilizada nos ensaios não
destrutivos de componentes metálicos. Durante o MPI, é aplicada uma corrente a uma
peça ferromagnética de modo a magnetizá-la e os defeitos presentes na superfície
da peça irão perturbar o campo magnético que é produzido pela corrente. Um corante
ferromagnético aplicado na superfície da peça, quando visto com uma fonte de luz
adequada, permite a observação de quaisquer defeitos. O trabalhador que realiza
a inspeção da peça normalmente trabalha próximo do equipamento.
49
50
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 5.1 ― Unidade de inspeção por partículas magnéticas
5.3.2. Desmagnetizador
A empresa utiliza um desmagnetizador (figura 5.2), que é utilizado para desmagnetizar
componentes de metal após o processo de MPI. Os componentes são carregados
manualmente para um sistema de transportador e de calhas que passa através
do orifício da bobina desmagnetizante. O operador empurra o componente no
transportador manualmente pelo interior do desmagnetizador O componente é então
descarregado do transportador do outro lado do desmagnetizador.
Figura 5.2 ― Desmagnetizador com transportador deslizante
5. Oficina de engenharia
5.3.3. Retificadora de superfícies
A retificadora de superfícies (figura 5.3) possui uma mesa rotativa com um mandril de
campo magnético estático ao qual os componentes a retificar são fixados. O mandril
magnético pode ser ativado pelo operador quando os painéis da retificadora
estão abertos.
Figura 5.3 ― Retificadora de superfícies
5.3.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina
As outras ferramentas utilizadas na empresa, enumeradas de seguida, são utilizadas
regularmente por diversos trabalhadores:
• guilhotina de folha de metal;
• serra de fita;
• serra de arco elétrica;
• serra de corte;
• fresadora (motor);
• perfuradora de pedestal;
• aquecedor de tiras com fio quente;
• tornos;
• berbequim;
• rebolos.
51
52
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
5.4. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
A empresa tinha conhecimento de que poderiam existir perigos resultantes de campos
eletromagnéticos associados à unidade de MPI e ao desmagnetizador, uma vez que
as informações do fabricante indicam que o equipamento pode afetar estimuladores
cardíacos. Porém, não são dadas quaisquer outras informações sobre este perigo.
No que se refere às outras ferramentas existentes no local, a empresa não conseguiu
encontrar quaisquer informações de segurança em matéria de campos
eletromagnéticos e por isso consultou as listas de equipamento constantes do quadro 3.2
do capítulo 3 do volume 1 deste guia. Com base nisto, conseguiu concluir que a maioria
das ferramentas elétricas manuais e do equipamento elétrico de dimensão inferior não
era suscetível de representar um problema em termos de exposição
a campos eletromagnéticos.
5.5. Abordagem para a avaliação da exposição
Em virtude da falta de informações disponíveis em relação aos perigos relativos aos
campos eletromagnéticos associados ao MPI e aos desmagnetizador, a empresa
decidiu nomear um consultor especializado para efetuar uma avaliação pormenorizada.
A empresa estava interessada em determinar se poderiam existir perigos associados
a este equipamento e em saber a dimensão destes.
O consultor efetuou medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo à
volta do equipamento utilizando um instrumento com um filtro eletrónico integrado que
dá um resultado, em termos percentuais, derivado através da abordagem do máximo
ponderado no domínio do tempo, e que permite a comparação direta com os níveis de
ação (NA). Para os campos magnéticos estáticos, o consultor utilizou um magnetómetro
de Hall de três eixos, que efetua medições em termos de intensidade
do campo magnético.
5.6. Resultados da avaliação da exposição
5.6.1. Inspeção por partículas magnéticas
A unidade de MPI normalmente opera entre 1 e 4 kA. Foram efetuadas medições da
densidade do fluxo magnético com o equipamento a funcionar na sua definição máxima
de 10 kA. O equipamento foi configurado para trabalhar em modo de magnetização
axial, sendo a corrente aplicada diretamente à peça. Durante a inspeção, foi observado
que o operador permanecia a uma distância de 60 cm da peça e, por conseguinte, as
medições foram efetuadas nessa posição. O nível de ação baixo não foi ultrapassado
nesta posição.
Foram também efetuadas medições em várias outras posições à volta do equipamento
e os resultados foram comparados com os NA, bem como com os níveis de referência
indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Estes níveis podem ser
utilizados como um indicador geral da exposição de trabalhadores particularmente
expostos (ver apêndice E do volume 1 do guia).
São ilustradas as zonas em que os NA e os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados (figura 5.4).
O contorno relativo ao NA baixo encontra-se totalmente contido na base da máquina,
ao passo que o contorno relacionado com os níveis de referência indicados na
Recomendação do Conselho (1999/519/CE) se prolonga até uma distância de cerca
de 1,5 m da peça e de 0,4 m nas zonas adjacentes à cabina de MPI.
5. Oficina de engenharia
Figura 5.4 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação baixo (amarelo) e os níveis de referência indicados na
recomendação do Conselho (verde) são passíveis de ser ultrapassados
5.6.2. Desmagnetizador
O consultor externo efetuou medições de campos magnéticos à volta do
desmagnetizador, que são mostradas no quadro 5.1. Verificou-se que a densidade do
fluxo magnético era inferior ao NA baixo a 40 cm do centro do orifício do íman e que
ultrapassava ligeiramente o valor do NA à altura da face plana do íman. Os níveis de
referência dados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram ultrapassados
num raio de 1 m do orifício do íman.
As zonas em que os NA e os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados são ilustradas
na figura 5.5.
53
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
54
Quadro 5.1 ― Densidades do fluxo magnético medidas à volta do desmagnetizador expressas em percentagem dos níveis de ação
da Diretiva «Campos eletromagnéticos»
• Rebordo da calha ao lado do íman
• Próximo do lado direito do painel
de controlo
50
50
50
Frequência
(Hz)
70
600
1 400
590
Densidade
do fluxo
magnético
(µT)
1 000
1 000
1 000
1 000
1 000
Nível de
ação baixo
(µT)
320%
7,0%
7,0%
60%
140%
59%
6 000
6 000
6 000
6 000
6 000
6 000
6 000
4,2%
10%
53%
1,2%
1,2%
10%
23%
10%
18 000
18 000
18 000
18 000
18 000
18 000
18 000
18 000
18 000
Nível de ação
relativo aos
membros (µT)
33%
37%
1,4%
3,3%
18%
0,4%
0,4%
3,3%
7,8%
3,3%
Exposição
(%)
Exposição no contexto da Diretiva «Campos eletromagnéticos»
• 40 cm do centro do orifício do íman
50
70
1 000
60%
6 000
110%
18 000
Grandeza medida
• Extremidade aberta
50
3 200
1 000
25%
6 000
100%
Posição de medição
• Extremidade fechada
50
600
1 000
670%
6 000
Extremo afastado da calha
do transportador (lado oposto
ao do painel de controlo):
Acima da calha do transportador
no eixo do orifício do íman:
Exposição
(%)
• 25 cm do centro do orifício do íman
50
250
1 000
600%
Nível de ação
alto (µT)
• 40 cm do centro do orifício do íman
50
6 700
1 000
Exposição
(%)
• 30 cm da caixa do íman (lado
do comutador de isolamento)
50
6 700
Lado do operador em relação
à calha do transportador:
• À altura da face plana do íman
(extremidade aberta)
50
1 m do centro do orifício
do íman (do lado da unidade de
desmagnetização):
• À altura da face plana do íman
(extremidade fechada)
N.B.: Foram efetuadas medições com o instrumento em modo de intensidade do campo, tendo estas indicado que a forma de onda era sempre dominada pela frequência fundamental de 50 Hz.
A incerteza das medições foi estimada em ±10 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA.
5. Oficina de engenharia
Figura 5.5 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação alto (vermelho), o nível de ação baixo (amarelo)
e os níveis de referência indicados na recomendação do Conselho (verde)
são passíveis de ser ultrapassados à volta do desmagnetizador
5.6.3. Retificadora de superfícies
Procedeu-se a medições à volta retificadora, a qual possui um mandril magnético para
manter a peça no lugar.
Measurements around the unit demonstrated that the exposure limit values (ELVs) for
As medições à volta da unidade demonstraram que os valores-limite de exposição (VLE)
para os campos magnéticos estáticos não seriam ultrapassados em qualquer posição.
Porém, os NA para a exposição a implantes médicos ativos eram passíveis de ser
ultrapassados na proximidade imediata do mandril magnético (quadro 5.2).
Quadro 5.2 ― Distância à qual a densidade do fluxo magnético diminui
para o nível de ação para a exposição a implantes médicos ativos (0,5 mT)
Equipamento
Distância do bordo
lateral da mesa
Distância do bordo
superior da mesa
Máquina retificadora
Lumsden
15 cm
15 cm
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ± 5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA ao avaliar as
distâncias acima.
5.6.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina
Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético à volta das outras
ferramentas elétricas existentes na oficina e os NA não foram ultrapassados em torno
de nenhuma delas.
No que se refere às ferramentas constantes do quadro 5.3, a densidade do fluxo
magnético não ultrapassou os NA nem os níveis de referência indicados na
Recomendação do Conselho (1999/519/CE) em qualquer posição. No que se refere
55
56
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
às ferramentas constantes do quadro 5.4, a densidade do fluxo magnético ultrapassou
os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
nalgumas posições perto do equipamento.
Quadro 5.3 ― Ferramentas que não apresentam perigo associado
a campos eletromagnéticos Equipamento
Percentagem dos níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
Guilhotina de folha
de metal
33%
Serra de fita
<1%
Serra de arco elétrica
<1%
Máquinas de fresar
50%
Perfuradora de pedestal
20%
Aquecedor de tiras
com fio quente
20%
Rebolo
20%
Tornos
<2%
Quadro 5.4 ― Ferramentas em torno das quais a densidade do fluxo
magnético ultrapassa os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE)
Equipamento
Observações
Serra de corte
280% na superfície do equipamento
100% a 15 cm do motor
20% na posição do operador
Grinding/polishing machine
350% na superfície do equipamento
100% a 10 cm do equipamento
Berbequim
700% na superfície do equipamento
300% na posição normal do corpo (7 cm da parte traseira
do berbequim)
100% a 15 cm da parte traseira do berbequim
5.7. Avaliação dos riscos
A empresa efetuou avaliações dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para
o seu equipamento com base nas avaliações por medição efetuadas pelo consultor
(quadros 5.5 a 5.9). Estas foram compatíveis com a metodologia sugerida pela OiRA
(plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para
a Segurança e Saúde no Trabalho). As avaliações dos riscos concluíram que:
• Unidade de MPI — os NA não seriam ultrapassados na posição normal do operador.
Os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo num
raio de cerca de 1,5 m da peça;
• Desmagnetizador — os trabalhadores podem ultrapassar o NA baixo ao se manterem
perto do íman. Os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um
perigo num raio de cerca de 1 m do íman;
5. Oficina de engenharia
• Retificadora de superfícies — os trabalhadores particularmente expostos podem estar
sujeitos a um perigo num raio de cerca de 15 m do mandril magnético. Porém, foi
considerado pouco provável que um trabalhador se posicione tão perto do íman;
• Berbequim — os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos
a um perigo ao operar esta ferramenta;
• Outras ferramentas — foram medidos à volta de algumas destas ferramentas
campos que ultrapassam os níveis de referência indicados na Recomendação do
Conselho (1999/519/CE). No entanto, os campos eram muito localizados, e assim
concluiu-se ser baixo o perigo para os trabalhadores particularmente expostos;
A empresa elaborou e documentou um plano de ação a partir da avaliação dos riscos.
Operadores
O nível de
ação baixo era
passível de ser
ultrapassado na
base da máquina
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 1,5 m da peça
✓
✓
Avaliação
dos riscos
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
Baixa
Deve ser fornecida
informação e
formação aos
operadores e a outros
trabalhadores
Provável
A posição
normal do
operador é
estar 60 cm
afastado
da peça, o
que significa
que o nível
de ação
baixo não
deverá ser
ultrapassado
na posição do
operador
Probabilidade
Possível
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Improvável
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Ligeiro
Quadro 5.5 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos
para a unidade de inspeção por partículas magnéticas (MPI)
Outros
trabalhadores
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
Devem ser exibidos
avisos de alerta
no equipamento
As trabalhadoras
grávidas deve ser
proibidas de utilizar
o equipamento
ou de entrar na
cabina enquanto
o equipamento está
a ser utilizado
O
equipamento
é utilizado
numa cabina
Devem ser exibidos
avisos de alerta e de
proibição adequados
na entrada da cabina
Efeitos indiretos
de campos
eletromagnéticos
(efeito em
implantes
médicos ativos):
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 1,5 m da peça
Os
trabalhadores
que possuem
implantes
médicos
ativos estão
impedidos de
utilizar este
equipamento
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Baixa
Devem ser dadas
informações sobre
este perigo a todos
trabalhadores
Devem ser
fornecidos avisos em
informações relativas
à segurança do local
Devem ser exibidos
avisos de alerta e de
proibição adequados
na entrada da cabina
57
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Nenhuma
Operadores
Probabilidade
✓
✓
Avaliação
dos riscos
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
Baixa
A não ser que possa
causar dificuldades
na utilização do
equipamento, instalar
guardas para evitar
que os trabalhadores
ultrapassem o nível
de ação baixo
e automatizar
as operações
de desmagnetização
mais repetitivas
Provável
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Possível
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Improvável
Quadro 5.6 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para o desmagnetizador
Ligeiro
58
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
O nível de
ação baixo era
passível de ser
ultrapassado até
40 cm do íman
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 1 m do íman
Deve ser fornecida
informação e formação
aos operadores e a
outros trabalhadores
Devem ser exibidos
avisos de alerta
A zona na qual os níveis
de referência indicados
na Recomendação do
Conselho (1999/519/CE)
são ultrapassados deve
ser demarcada
As trabalhadoras
grávidas devem ser
proibidas de entrar
na zona demarcada
Devem ser exibidos
avisos de alerta e de
proibição adequados
na entrada da zona
demarcada
Efeitos indiretos
de campos
eletromagnéticos
(efeito em
implantes
médicos ativos):
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/
CE) eram
passíveis de ser
ultrapassados
até 1 m do íman
Os
trabalhadores
que possuem
implantes
médicos
ativos estão
impedidos de
utilizar este
equipamento
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Baixa
Prestar informações
sobre este perigo a
todos trabalhadores
Incluir avisos nas
informações de
segurança do local
Devem ser exibidos
avisos de alerta e de
proibição adequados
na entrada da zona
demarcada
5. Oficina de engenharia
Quadro 5.7 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a retificadora
Efeitos indiretos de
campos magnéticos
estáticos (efeito em
implantes médicos
ativos (AIMD):
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
✓
Baixa
Não é exigida
nenhuma medida
✓
Baixo. É
pouco
provável
que um
trabalhador
se posicione
tão perto
dos mandris
magnéticos
Fornecer informações
sobre este perigo
aos operadores
Provável
Operadores
Avaliação
dos riscos
Possível
Nenhum. Os
VLE não são
ultrapassados
em qualquer
posição
Probabilidade
Improvável
Efeitos diretos de
campos magnéticos
estáticos
Gravidade
Mortal
Pessoas
em risco
Grave
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Ligeiro
Perigos
O nível de ação
relativo à exposição
para implantes
médicos ativos
era passível de
ser ultrapassado
até cerca de 15
cm de distância
dos mandris
magnéticos.
As pessoas que
possuem implantes
médicos ativos
devem ser proibidas
de trabalhar com a
máquina quando os
painéis estão abertos
Devem ser exibidos
avisos de alerta e de
proibição adequados
no equipamento
Operadores
Efeitos indiretos
de campos
eletromagnéticos
(efeito em
implantes médicos
ativos):
Nenhuma
Os níveis de
referência indicados
na Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
a uma distância
de até 15 cm
da parte traseira
da perfuradora
✓
Avaliação
dos
riscos
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
✓
Baixa
As trabalhadoras
grávidas devem ser
proibidas de utilizar
o berbequim
✓
Baixo.
É pouco
provável
que um
trabalhador
se posicione
tão perto
dos mandris
magnéticos
As pessoas que
possuem implantes
médicos ativos
devem ser proibidas
de utilizar este
equipamento
Provável
Nenhuma
Probabilidade
Possível
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Improvável
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Ligeiro
Quadro 5.8 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o berbequim
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
✓
Fornecer informações
sobre este perigo
aos trabalhadores
59
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Quadro 5.9 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para outras ferramentas elétricas
✓
Novas
medidas de
prevenção
e de
precaução
✓
Baixo. É muito
pouco provável
que um
trabalhador
se posicione
tão perto do
equipamento
Não é exigida
nenhuma
medida
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Baixo. É muito
pouco provável
que um
trabalhador
se posicione
tão perto do
equipamento
Não é exigida
nenhuma
medida
Provável
Avaliação
dos riscos
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
em zonas muito
localizadas perto
do equipamento
Efeitos indiretos
de campos
eletromagnéticos
(efeito em
implantes
médicos ativos):
Operadores
Probabilidade
Possível
Nenhuma
Gravidade
Improvável
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas de
prevenção e
de precaução
existentes
Grave
Perigos
Ligeiro
60
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
em zonas muito
localizadas perto
do equipamento
5.8. Precauções já em vigor
Antes da avaliação por medição efetuada pelo consultor estavam implementadas
poucas precauções. Estas limitavam-se a:
• proibição de os trabalhadores portadores de implantes médicos ativos utilizarem
a unidade de MPI ou o desmagnetizador.
5.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação
Em resultado da avaliação por medição e após uma avaliação dos perigos associados
ao equipamento, a empresa elaborou um plano de ação e decidiu:
• instalar quatro ecrãs relativamente pequenos, não metálicos (Perspex), em cada
extremidade do orifício do desmagnetizador. Estes ficariam inclinados para o interior,
5. Oficina de engenharia
de modo a não causar obstrução significativa, mas estariam, em todos os pontos,
a cerca de 40 cm do orifício do íman;
• automatizar algumas das operações de desmagnetização mais repetitivas utilizando
fases de manuseamento robótico e correias transportadoras (figura 5.6). Isto
trouxe benefícios acrescidos em termos de operações de manuseamento manual
compatíveis com os requisitos da Diretiva Europeia 90/3269/CEE;
• exibir avisos de alerta e de proibição no equipamento e na entrada das zonas nas
quais os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/
CE) eram passíveis de ser ultrapassados, conforme adequado. São dados exemplos
de avisos de alerta (figura 5.7);
• disponibilizar formação de sensibilização aos trabalhadores e garantir que estão
familiarizados com as conclusões da avaliação dos riscos e com as medidas
de proteção e de prevenção adequadas
• desenvolver procedimentos adequados para garantir que todos os trabalhadores,
incluindo visitantes e trabalhadores subcontratados, têm conhecimento dos potenciais
problemas para os trabalhadores particularmente expostos (ver apêndice E do volume
1 do guia)
Figura 5.6 ― Desmagnetizador automático com correia transportadora
numa célula de manuseamento robótico
Robô
Desmagnetizador
61
62
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 5.7 — Exemplos de avisos de alerta e de proibição
Alerta
O equipamento produz
campos magnéticos fortes
durante o funcionamento
É proibida a utilização
deste equipamento pelo
pessoal portador de implantes
médicos ativos
5.10.Referência a quaisquer fontes
de informação complementar
A modelização informática baseada nos resultados da medição à volta do
desmagnetizador mostra que, apesar do facto de todos os NA terem sido ultrapassados,
os campos elétricos induzidos cumpriam os VLE. Para as três situações de exposição
abaixo indicadas, os campos elétricos induzidos variaram de 5% a 54% do VLE baixo.
• de pé, na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman (figura 5.8a);
• ajoelhado, na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman (figura 5.8b);
• inclinado na posição 2, à altura do orifício do íman (figura 5.8c);
6. Oficina de engenharia
Figura 5.8a ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano
resultante da exposição ao desmagnetizador quando se está de pé,
na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman
Campo elétrico
máximo
(mV m-1)
12,0-197
6,0
0,0
Figura 5.8b ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano
resultante da exposição ao desmagnetizador quando se está ajoelhado,
na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman
Campo elétrico
máximo
(mV m-1)
6,0-94,5
3,0
0,0
Figura 5.8c ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano
resultante da exposição ao desmagnetizador inclinado na posição 2,
à altura do orifício do íman
Campo elétrico
máximo
(mV m-1)
14,0-110
7,0
0,0
63
64
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
6. Setor automóvel
6.1. Local de trabalho
Este estudo de caso abrange os soldadores por pontos portáteis e os aquecedores por
indução utilizados numa oficina de reparação automóvel. Embora não sejam pequenas
ou médias empresas, a utilização de soldadores por pontos por parte de importantes
fabricantes internacionais de veículos automóveis é brevemente abordada na secção 6.11.
6.2. Natureza do trabalho
Os soldadores por pontos portáteis (figura 6.1) e os aquecedores por indução (figura
6.3) podem representar um perigo devido aos fortes campos magnéticos variáveis no
tempo produzidos pelas grandes correntes elétricas que utilizam para soldar ou aquecer
metal. Este estudo de caso considera dois soldadores por pontos e três sistemas
de aquecimento por indução habitualmente utilizados em oficinas de reparação.
Figura 6.1 ― Um soldador por pontos portátil a ser utilizado para fixar
um novo painele
6.3. Como são utilizadas as aplicações
A maior parte dos veículos modernos é produzida através da soldadura de painéis para
criar uma carroçaria única à qual são fixados os componentes principais. Na maioria
das vezes, a soldadura é feita utilizando soldadores por pontos. Os soldadores por
pontos portáteis são compostos por uma pistola de soldar ligada a uma unidade de
controlo que aloja sistemas elétricos e de arrefecimento. A pistola utiliza dois elétrodos
6. Setor automóvel
de liga de cobre para produzir a soldadura por pontos. A dimensão dos elétrodos pode
ser variada em função do local do ponto da carroçaria que se pretende soldar. Um
exemplo de um dos soldadores por pontos da oficina de reparação automóvel avaliado
é mostrado na figura 6.2.
Figura 6.2 ― Um soldador por pontos portátil típico de oficina
de reparação automóvel. O sistema é móvel estando a unidade de controlo
sobre rodízios. Os cabos de alimentação elétrica e de refrigeração saem
da frente da unidade e entram na traseira da pistola de soldar,
que se encontra no seu suporte à esquerda do painel de controlo
Durante a assistência ou reparação de veículos é comum, normalmente devido
a corrosão, que os trabalhadores tenham de aquecer os componentes de metal
para os poderem remover. Os aquecedores por indução são compostos por uma
bobina eletromagnética através da qual é passada uma corrente alternada de baixa
frequência. O campo magnético criado em torno da bobina induz correntes elétricas,
designadas por correntes de Foucault, no objeto alvo e a resistência a estas correntes
causa o aquecimento do objeto. Um exemplo de um dos aquecedores avaliado
é mostrado na figura 6.3.
65
66
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 6.3 ― Um aquecedor por indução portátil de 1 kW utilizado para
aquecer um parafuso preso
6.4. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
Dos dois soldadores por pontos da oficina de reparação avaliados, um utilizava uma
pistola «tipo C» que pode ser equipada com braços de 160 mm ou de 550 mm e o
outro utilizava uma pistola «tipo X» com elétrodos de 160 mm ou de 550 mm. Outros
tipos diferentes de pistolas são mostrados nas figuras 6.4 e 6.5. Ambos os soldadores
utilizavam correntes entre 7 500 e 12 000 A e funcionavam a uma frequência de
2 kHz. No entanto, enquanto a pistola «tipo C» utilizava um transformador remoto
para fornecer corrente de soldadura, a pistola «tipo X» utilizava um transformador
em miniatura integrado. Isso significa que neste soldador a alimentação elétrica de
50/60 Hz passa ao longo do cabo entre a unidade de controlo e a pistola, e não pela
corrente de soldadura muito maior. A relevância disto é debatida mais à frente neste
estudo de caso.
6. Setor automóvel
Figura 6.4 ― A pistola de soldar «tipo C» da oficina de reparação, equipada
com um braço de 160 mm. O corpo principal da pistola (por baixo da mão
do trabalhador) contém um pistão que força um elétrodo contra o outro.
A corrente de soldadura é fornecida a partir da unidade de controlo pelos
cabos à esquerda na imagem
Figura 6.5 ― A pistola de soldar «tipo X» da oficina de reparação, equipada
com elétrodos de 550 mm. Os dois elétrodos são forçados em conjunto
num movimento semelhante ao de uma pinça através de um pistão no
corpo principal da pistola (entre as mãos do trabalhador), que contém
também o transformador que alimenta a corrente de soldadura
67
68
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Os três aquecedores por indução da oficina de reparação avaliados tinham potências
diversas: 1, 4 e 10 kW. O aquecedor de 1 kW funcionava a 15 kHz e os aquecedores
de 4 kW e 10 kW funcionavam entre 17 kHz e 40 kHz. A frequência utilizada
pelos aquecedores de 4 kW e de 10 kW varia, uma vez que conseguem regular
automaticamente a frequência da corrente aplicada para garantir um acoplamento
máximo com o objeto que está a ser aquecido.
O aquecedor de 1 kW era composto por uma única unidade portátil que combina
um transformador e um elemento de aquecimento numa só unidade e não possuía
qualquer arrefecimento ativo (figura 6.3). Os aquecedores de 4 kW e 10 kW eram
compostos por uma unidade de potência autónoma e um elemento de aquecimento
portátil e possuíam sistemas de arrefecimento ativo (figura 6.6).
Figura 6.6 ― Os aquecedores por indução de 4 kW (esquerda) e de 10 kW
(direita) a serem utilizados para aquecer componentes de metal na oficina
de reparação. Nestes dois casos, o transformador está alojado numa
unidade de potência autónoma (à esquerda na imagem), com cabos de
alimentação elétrica e de refrigeração que ligam a unidade de potência ao
elemento de aquecimento (segurado pelo trabalhador em cada caso). Estes
contrastam com o aquecedor por indução de 1 kW, muito mais simples,
mostrado na figura 6.3
6.5. Abordagem para a avaliação da exposição
Um órgão representativo da indústria automóvel revelou inquietação quanto às
implicações da Diretiva «Campos eletromagnéticos» para os seus membros, alguns
dos quais são fornecedores de equipamento de soldadura elétrica e de aquecimento.
Acharam que os soldadores por pontos e os aquecedores por indução das oficinas de
6. Setor automóvel
reparação típicas podiam causar exposições aos trabalhadores que ultrapassam os
níveis de ação pertinentes do artigo 3.º, n.º 2, da Diretiva «Campos eletromagnéticos».
Tal devia-se ao facto de tanto os soldadores por pontos como os aquecedores por
indução utilizarem correntes elevadas e de os trabalhadores muitas vezes os segurarem
junto ao corpo durante a sua utilização, como é mostrado nas figuras 6.1, 6.4, 6.5 e 6.6.
Por conseguinte, o organismo contratou os serviços de um consultor especializado que
estava envolvido num projeto europeu para desenvolver orientações sobre exposições
a campos eletromagnéticos em contexto profissional. Deste modo, foram tomadas
medidas para que o consultor efetuasse uma avaliação de diversos equipamentos
de oficina de reparação numa escola de formação automóvel.
O consultor efetuou medições do fluxo de densidade magnética variável no tempo
à volta dos soldadores e dos aquecedores indicados acima, utilizando uma sonda
isotrópica (de três eixos) (figura 6.7). O instrumento possuía um filtro eletrónico
integrado que fornecia resultados, em termos percentuais, derivados através
da utilização da abordagem do máximo ponderado no domínio do tempo e, por
conseguinte, permitiu a comparação direta com os níveis de ação (NA) da Diretiva
«Campos eletromagnéticos». O instrumento possuía também um analisador de espetro
integrado que permitia que o conteúdo harmónico da forma de onda fosse analisado.
Figura 6.7 ― Medições à volta do soldador por pontos da oficina de
reparação equipado com uma pistola «tipo C» e com o braço de 160 mm
instalado. O soldador de pistola «tipo X» é visível ao fundo
6.6. Resultados das avaliações da exposição
Os resultados das medições obtidos pelo consultor constam das figuras e do quadro
abaixo. Em todos os casos, as medições foram obtidas com o soldador ou o aquecedor
a serem utilizados de um modo representativo do trabalho desenvolvido numa oficina
de reparação. Foram efetuadas medições para estabelecer a extensão da zona à volta
de cada pistola de soldar e aquecedor por indução em que:
69
70
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
• os NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos» eram ultrapassados;
• pode haver um problema de segurança para trabalhadores particularmente expostos.
Tal foi avaliado no contexto dos níveis de referência indicados na Recomendação do
Conselho (1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 do guia)
Os soldadores por pontos e os aquecedores por indução funcionaram entre 2 e 36 kHz.
Nesta gama de frequência, os NA alto e baixo da Diretiva «Campos eletromagnéticos»
são os mesmos. Desse modo, quando uma medição da intensidade do campo
magnético é mostrada em percentagem do nível de ação, representa a percentagem de
ambos os NA, alto e baixo. Quando apropriado, as medições são também expressas em
percentagem do NA relativo aos membros da Diretiva «Campos eletromagnéticos».
6.6.1. Resultados da avaliação da exposição dos soldadores
por pontos da oficina de reparação
As figuras 6.8 a 6.11 revelam a extensão das zonas à volta de cada pistola de soldar
nas quais é ultrapassado o NA relativo aos membros ou o NA alto e baixo, ou ambos,
da Diretiva «Campos eletromagnéticos». A figura 6.11 mostra igualmente a extensão da
zona à volta da pistola «tipo X», quando equipada com elétrodos de 550 mm, na qual
os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são
ultrapassados. Em todos os casos, os contornos à volta das pistolas representam 100%
do nível relevante, sendo que o azul representa o NA relativo aos membros, o vermelho
representa o NA alto e baixo e o verde representa os níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Além disso, o quadro 6.1 mostra
a extensão das zonas que ultrapassam os NA pertinentes à volta do cabo da pistola
de soldar «tipo C».
Figura 6.8 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o
nível de ação relativo aos membros (azul) e os níveis de ação alto/baixo
(vermelho) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola «tipo C»
da oficina de reparação, equipada com um braço de 160 mm
6. Setor automóvel
Figura 6.9 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o
nível de ação relativo aos membros (azul) e os níveis de ação alto/baixo
(vermelho) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola «tipo C»
da oficina de reparação, equipada com um braço de 550 mm
Figura 6.10 — Vista de plano que mostra o contorno dentro do qual
os níveis de ação alto/baixo (vermelho) são passíveis de ser ultrapassados
à volta da pistola «tipo X» da oficina de reparação, equipada com elétrodos
de 160 mm
71
72
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 6.11 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação relativo aos membro (azul), os níveis de ação altos/
/baixos (vermelho e os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados
à volta da pistola «tipo X» da oficina de reparação, quando equipada
com elétrodos de 550 mm
Quadro 6.1 ― Resultados das medições no cabo entre a pistola de soldar
«tipo C» e a unidade de controlo
Tipo de pinça Corrente (A)
160 mm
«tipo C»
8 000
% do nível de % do nível de % do nível
ação alto/
ação alto/
de ação
/baixo (1) a 10 /baixo (1) a 12 relativo aos
cm do cabo
cm do cabo
membros (2)
a 8 cm
do cabo
180
100
100
(1) Níveis de ação alto e baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 2 kHz: 150 µT
(2) Níveis de ação relativos aos membros da densidade do fluxo magnético para frequência de 2 kHz: 450 µT.
N.B.: TA incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA.
6. Setor automóvel
6.6.2. Resultados da avaliação da exposição
de aquecedores por indução utilizados na oficina
de reparação automóvel
A figura 6.12 mostra os elementos de aquecimento dos três aquecedores por indução,
com o aquecedor de 1 kW à esquerda, o aquecedor de 4 kW ao centro e o aquecedor
de 10 kW à direita. Em todos os casos, os contornos à volta dos elementos de
aquecimento representam 100% do nível relevante, sendo que o azul representa o NA
relativo aos membros da Diretiva «Campos eletromagnéticos», o vermelho representa
o NA alto e baixo da mesma diretiva e o verde representa os níveis de referência
indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE).
Figura 6.12 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação relativo aos membros (azul), os níveis de ação altos/
/baixos (vermelho e os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados
à volta dos três aquecedores por indução da oficina de reparação
(1 kW à esquerda, 4 kW ao centro e 10 kW à direita)
NA relativo aos membros
NA alto/baixo
Anel de indução
NR da
Recomendação do Conselho
0.00
0,25 m
6.7. Conclusões das avaliações da exposição
Consoante o tipo de pistola, o NA relativo aos membros da Diretiva «Campos
eletromagnéticos» foi ultrapassado entre 10 cm e 22 cm de distância em relação
à pinça, e o NA alto e baixo da mesma diretiva foi ultrapassado entre 20 cm e 32 cm
de distância em relação à pinça. Quando medidos, os níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram ultrapassados até uma distância
em relação à pinça de alguns metros.
O consultor observou que os cabos de alimentação para a pistola «tipo C» criaram
campos magnéticos à volta das mesmas que ultrapassavam o NA relativo aos
membros e os NA alto e baixo, enquanto tal não aconteceu com os cabos da pistola
«tipo X». Com efeito, o NA relativo aos membros foi ultrapassado até 8 cm de distância
em relação aos cabos e os NA alto e baixo foram ultrapassados até 12 cm de distância
73
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
em relação aos cabos. O consultor atribuiu isto ao facto de os cabos da pistola «tipo C»
transportarem a corrente de soldadura da unidade de controlo até à pistola, enquanto
a pistola «tipo X», com o transformador localizado no seu interior, tem um cabo que
transporta apenas a alimentação elétrica de 50 Hz/60 Hz.
O consultor confirmou que a frequência fundamental da corrente de soldadura dos
soldadores da oficina de reparação era de 2 kHz, apesar de diversas frequências
harmónicas terem contribuído significativamente para a exposição global. Para
demonstrar isto, a figura 6.13 mostra a distribuição espetral da forma de onda obtida
do soldador da oficina de reparação equipado com a pistola «tipo C» de 160 mm.
Figura 6.13 ― Distribuição espetral da forma de onda da pistola «tipo C»
de 160 mm
-30
Densidade do fluxo magnético (dB)
74
-40
-50
-60
-70
-80
-90
0
2
4
6
8
10
Frequência (kHz)
Em relação aos aquecedores por indução, consoante a potência do aquecedor,
o NA relativo aos membros foi ultrapassado a uma distância de 7 cm a 11 cm entre
o elemento de aquecimento e a mão do trabalhador, e os NA alto e baixo foram
ultrapassados entre 13 cm e 18 cm a partir do centro do elemento de aquecimento
em todas as direções.
A frequência fundamental dos aquecedores variou. O aquecedor de 1 kW tinha uma
frequência fundamental de 15 kHz e os aquecedores de 4 kW e de 10 kW utilizavam
uma frequência de 36 kHz. Tal como os soldadores, diversas frequências harmónicas
contribuíram significativamente para a exposição global em todos os casos. Para
demonstrar isto, a figura 6.14 mostra a distribuição espetral da forma de onda obtida
do aquecedor por indução de 1 kW.
6. Setor automóvel
Figura 6.14 — Distribuição espetral da forma de onda do aquecedor
por indução de 1 kW
Densidade do fluxo magnético (dB)
-20
-40
-60
-80
-100
-120
0
50
100
150
200
250
Frequência (kHz)
6.8. Avaliação dos riscos
Atendendo aos resultados das medições, o consultor concluiu que, uma vez que as
pistolas de soldar por pontos são seguradas na mão, junto ao corpo, as exposições ao
campo magnético recebidas pelos trabalhadores eram passíveis de ultrapassar os NA
pertinentes da Diretiva «Campos eletromagnéticos» e, potencialmente, também o valor-limite de exposição (VLE) relevante. As medições à volta dos cabos de alimentação da
pistola «tipo C» indicam também que estas têm o potencial de causar exposições que
ultrapassam também os NA relevantes.
O consultor observou também que os campos magnéticos ultrapassavam os níveis de
referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) até alguns metros
de distância das pistolas de soldar. Os níveis podem ser utilizados como um indicador
geral para pessoas particularmente expostas a efeitos indiretos da exposição
(ver apêndice E do volume 1 do guia).
No que respeita aos aquecedores por indução, o consultor concluiu que os trabalhadores
que os utilizam não estavam a ser expostos a campos que ultrapassassem os NA,
porque os elementos de aquecimento eram mantidos a uma distância suficiente
das suas mãos e corpos durante o aquecimento. Contudo, os campos magnéticos
tinham ainda intensidade suficiente para ultrapassar os níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) até 0,5 m do aquecedor de 10 kW.
Por conseguinte, o consultor recomendou que fossem tidas em atenção as pessoas
particularmente expostas a efeitos indiretos de exposição aos campos magnéticos
gerados pelos aquecedores (ver apêndice E do volume 1 do guia).
Tendo em conta estas conclusões, o consultor elaborou uma avaliação dos riscos
específicos dos campos eletromagnéticos para a utilização de soldadores por pontos
e aquecedores por indução, utilizando a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma
interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e
Saúde no Trabalho). Tal foi efetuado para determinar quais as medidas que deviam ser
tomadas para proteger os trabalhadores de modo a garantir que estes não eram expostos
a campos magnéticos que ultrapassassem os NA. A avaliação dos riscos específicos
dos campos eletromagnéticos é mostrada no quadro 6.2.
75
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
6.9. Precauções já em vigor
Nenhum.
Nenhum. Mãos
e corpo muitas
vezes próximos
da pinça de
soldadura para
suster o peso da
pistola durante
a soldadura
Trabalhadores
da oficina
Elementos de
aquecimento
de aquecedores
por indução
normalmente
segurados à
distância do
braço
Probabilidade
Avaliação
dos riscos
Novas
medidas de
prevenção e
de precaução
Alteração ao
modo de efetuar
o trabalho de
soldadura —
utilização de
equilibradores para
suster o peso da
pistola de modo
a permitir que
os trabalhadores
mantenham as
suas mãos e o seu
corpo longe dos
elétrodos de soldar
Provável
Efeitos diretos
da baixa
frequência
Gravidade
Possível
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Improvável
Quadro 6.2 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para a utilização de soldadores por pontos portáteis e
aquecedores por indução de oficinas de reparação
Ligeiro
76
✓
✓
Baixa
✓
✓
Baixa
Procedimentos
operacionais
normalizados
para o trabalho
de soldadura
Sinais de aviso
em soldadores
e aquecedores
Formação do
operador sobre
perigos dos campos
eletromagnéticos
Trabalhadoras
grávidas
Efeitos indiretos
da baixa
frequência
(interferência
em implantes
médicos ativos)
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
✓
Baixa
✓
Baixa
Soldadores/
/aquecedores
não operados
por ou perto de
trabalhadoras
grávidas
Soldadores/
/aquecedores
não devem ser
operados por
ou perto de
trabalhadores com
implantes médicos
ativos
Formação do
pessoal sobre o
perigo dos campos
eletromagnéticos
6. Setor automóvel
6.10.Medidas de precaução adicionais em resultado
das avaliações
Na sequência da avaliação dos riscos, o gerente decidiu implementar as seguintes
medidas de precaução, incluindo:
• sempre que possível, tomar medidas para garantir que os trabalhadores mantêm
as suas mãos e corpos longe da pistola do soldador por pontos e, se necessário,
mais afastados dos outros condutores e cabos de alimentação. Por exemplo, o
gestor arranjou equilibradores para suspender as pistolas de soldar por pontos.
Isto significou que os trabalhadores já não tinham de suportar o peso das pistolas
e, consequentemente, podiam permanecer sempre atrás da pistola e limitar-se a
segurar na parte traseira da pistola para a manter em posição durante a soldadura;
• afixar avisos nos soldadores e nos aquecedores para alertar para os fortes campos
magnéticos e proibir a utilização do soldador ou do aquecedor por, ou na presença
de, portadores de implantes médicos ativos (AIMD) e outros trabalhadores
particularmente expostos, tais como trabalhadoras grávidas. São mostrados exemplos
dos avisos utilizados nos soldadores da oficina na figura 6,5.
Figura 6.15 — Exemplos de avisos de alerta de campos magnéticos fortes
e de um aviso que proíbe a utilização do soldador por portadores de AIMD
ou na presença destes
Aviso — Forte
Campo magnético
Manter-se longe da pinça
da pistola durante a soldadura
Proibida a utilização deste
equipamento por ou na
presença de portadores de
dispositivos médicos ativos
• prestação de informações, incluindo os resultados da avaliação dos riscos,
aos trabalhadores;
• prestação de informações aos trabalhadores sobre o modo de manter as suas
exposições abaixo dos NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos»
• garantir, através de programas de indução adequados que outros trabalhadores
conhecem o perigo associado aos campos magnéticos dos soldadores e aquecedores;
• revisão periódica da avaliação dos riscos.
77
78
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
6.11.Soldadores por pontos no fabrico de veículos
Embora os fabricantes internacionais de veículos não possam ser considerados
pequenas e médias empresas, a importância da soldadura por pontos para esta
indústria é tal que os autores consideraram ser importante incluir a avaliação levada
a cabo pelo consultor relativamente a exemplos de soldadores por pontos utilizados
por um importante fabricante.
6.11.1.Avaliação do soldador por pontos de fábrica
Foram avaliados três soldadores por pontos: uma pistola «tipo C» com um braço de
400 mm, uma pistola «tipo X» com elétrodos com 130 mm de comprimento e uma
pistola «tipo X» com elétrodos com 700 mm de comprimento. As duas pistolas mais
pequenas funcionavam a 8 400 A e a pistola maior funcionava a 10 200 A. As três
pistolas possuíam uma frequência de funcionamento de 50 Hz e eram alimentadas
por transformadores remotos através de cabos concebidos para minimizar a exposição
a campos magnéticos. A pistola «tipo C» de 400 mm e a pistola «tipo X» de 700 mm
são mostradas nas figuras 6.16 e 6.17.
Figura 6.16 ― A pistola «tipo C» de 400 mm na fábrica. A pinça é mantida
em posição utilizando as pegas no topo da pistola, uma das quais está
visível no topo direito da imagem (componente em cromo polido). Isto dá
uma indicação quanto à posição do operador em relação à pinça durante
a soldadura
Pega direita
e gatilho de ativação
Pega
esquerda
Braço «C»
Elétrodos
6. Setor automóvel
Figura 6.17 ― A pistola «tipo X» de 700 mm na fábrica. Apesar
de suspensa num equilibrador, o tamanho da pistola significa que
os trabalhadores têm, sistematicamente, de permanecer próximo
dos elétrodos para os orientar e mantê-los em posição.
Equilibrador
Braço
superior
Hinge
Dobradiça
Cabo de
alimentação
Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo à volta
das pistolas de soldar utilizando uma sonda isotrópica (de três eixos). O instrumento
possuía um filtro eletrónico integrado que forneceu resultados, em termos percentuais,
derivados através da utilização da abordagem do máximo ponderado no domínio
do tempo e, por conseguinte, permitiu a comparação direta com os NA da Diretiva
«Campos eletromagnéticos». O instrumento possuía também um analisador de espetro
integrado que permitia que o conteúdo harmónico da forma de onda fosse analisado.
Os soldadores funcionavam a 50 Hz. Nesta frequência, os NA alto e baixo da Diretiva
«Campos eletromagnéticos» são significativamente diferentes. Assim sendo, as
medições da intensidade dos campos magnéticos à volta das pistolas são mostradas
em percentagem dos NA alto e baixo.
6.11.2.Resultados da medição do soldador por pontos
de fábrica
Os resultados das medições obtidos constam das figuras e do quadro abaixo.
Em todos os casos, as medições foram obtidas com o soldador a ser utilizado
de um modo representativo do trabalho desenvolvido.
As figuras 6.18 a 6.20 mostram a extensão da zona à volta de cada pistola de soldar
em que os NA alto e baixo da Diretiva «Campos eletromagnéticos» e os níveis de
referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são ultrapassados.
Em todos os casos, os contornos à volta das pistolas representam 100%
do nível relevante, sendo que o amarelo representa o NA alto da Diretiva «Campos
eletromagnéticos», o vermelho representa o NA baixo da mesma diretiva o verde representa
os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE).
Para além destes valores, o quadro 6.3 mostra o resultado de uma medição à volta
do cabo de alimentação da pistola de soldar «tipo X».
79
80
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 6.18 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação baixo (amarelo), o nível de ação alto (vermelho) e os níveis
de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
(verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola do soldador
por pontos de fábrica «tipo C» de 400 mm.
Figura 6.19 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação baixo (amarelo), o nível de ação alto (vermelho) e os níveis
de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
(verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola do soldador
por pontos de fábrica «tipo X» de 130 mm.
6. Setor automóvel
Figura 6.20 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação baixo (amarelo) e o nível de ação alto (vermelho) são passíveis
de ser ultrapassados à volta da pistola do soldador por pontos de fábrica
«tipo X» de 700 mm. Neste caso os contornos prolongam-se para trás da
pistola para campos criados pelos condutores na parte traseira da pistola
Quadro 6.3 ― Resultado das medições no cabo entre a pistola de soldar
«tipo X» e o transformador suspenso
Tipo de pinça
Corrente (A)
% do nível de ação baixo (1) a 10 cm
do cabo
«tipo X»
de 130 mm
8400
12
(1) Nível de ação baixo da densidade do fluxo magnético para frequências entre 25 e 300 Hz: 1000 µT.
N.B.: A incerteza da medição foi estimada em ± 10 % e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) o resultado foi tomado como percentagem direta do NA.
6.11.3.Resultados da medição do soldador por pontos
de fábrica no âmbito dos NA
O NA baixo foi ultrapassado entre 37 cm e 147 cm de distância em relação às pistolas e o NA
alto foi ultrapassado entre 27 cm e 125 cm de distância em relação às pistolas. Deve-se ter
em conta que o tamanho da zona que ultrapassa os NA à volta da pistola «tipo X» de 700 mm
(figura 6.20) não se deve apenas aos elétrodos, mas também a condutores na parte de trás
da pistola. Além disso, os campos magnéticos ultrapassaram os níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) até alguns metros de distância das pistolas de
soldar (ver apêndice E do volume 1 do guia). Os cabos de alimentação da pistola tinham sido
concebidos para minimizar as exposições a campos magnéticos e consequentemente, como
pode ser visto no quadro 6.3, a exposição resultante do cabo estava bem abaixo do NA baixo.
6.11.4.Resultados da medição do soldador por pontos
de fábrica no âmbito dos VLE
Os resultados indicaram que os trabalhadores podiam estar a ser alvo de exposições
que ultrapassavam bastante os NA pertinentes, dado que permaneciam num raio de
10 cm a 20 cm das pistolas. Porém, embora o empregador tenha adotado muitas das
medidas indicadas na secção 6.10 deste estudo de caso, nem sempre foi possível para
os trabalhadores retirarem-se das zonas que ultrapassavam os NA. De acordo com
o artigo 4.º, n.º 3, da Diretiva «Campos eletromagnéticos», o consultor levou a cabo
modelização informática para determinar se os VLE pertinentes estavam efetivamente
a ser ultrapassados.
81
82
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
O consultor utilizou as suas medições e observações para produzir um modelo de
pistola «tipo C» de 400 mm. Este modelo foi então utilizado para calcular os campos
magnéticos nas zonas à volta da pistola, incluindo as ocupadas pelo trabalhador, que
foi então adicionado ao modelo. A figura 6.21 mostra os modelos finais de pistola e
de trabalhador, a par do modelo de pistola que mostra o anel de corrente (marcado a
vermelho) utilizado para simular a produção de campo magnético e as intensidades
calculadas dos campos magnéticos num plano selecionado x-y.
Figura 6.21 ― Os modelos de pistola de soldar «tipo C» de 400 mm e o
trabalhador que a opera (esquerda), o anel de corrente (braço em «C»,
a vermelho) responsável pelo campo magnético (centro) e o campo
magnético à volta da pistola em funcionamento (direita)
Campo magnético
9,80E + 03
3,50E + 05
5,23E + 03
5,50E + 02
[A m-1]
Uma vez terminada a modelização da pistola e do trabalhador, foram efetuados
cálculos numéricos de campos elétricos internos induzidos no corpo. Os resultados
destes cálculos, que se baseiam numa distância do corpo de 15 cm em relação ao
braço da pistola, são mostrados na figura 6.22. O vermelho indica um campo elétrico
relativamente elevado, enquanto o violeta indica um valor baixo. Pode ser visto que
o campo é absorvido predominantemente na cintura e na parte superior das pernas
do operador, que se encontram mais próximas do anel de corrente.
A uma distância de 15 cm, os VLE pertinentes não foram ultrapassados e, por isso, foram
efetuados cálculos para determinar as distâncias às quais os VLE seriam ultrapassados.
Os resultados destes cálculos subsequentes são mostrados no quadro 6.4.
Figura 6.22 ― Distribuição espacial dos campos elétricos induzidos
máximos num modelo humano quando exposto aos campos magnéticos
produzidos pela pistola «tipo C» de 400 mm
Campo elétrico
induzido
104-852
52,0
0,00
[mV m-1]
7. Setor automóvel
Quadro 6.4 ― Intensidade máxima do campo elétrico interno
em percentagem do VLE pertinente
Distância entre o tronco
e a pistola (cm)
15
7
4
287
611
811
Percentagem dos VLE
aplicáveis aos efeitos
na saúde (%) (1)
37
79
104
Campo elétrico induzido
máximo no sistema
nervoso central (mVm-1)
52
84
92
Percentagem dos VLE
aplicáveis aos efeitos
sensoriais (%) (2)
53
85
93
Intensidade máxima
do campo elétrico induzido
no corpo (mVm-1)
(1) O VLE aplicável aos efeitos na saúde para uma frequência de 50 Hz é de 778 mVm-1 (rms).
(2) O VLE aplicável aos efeitos sensoriais para uma frequência de 50 Hz é de 99 mVm-1 (rms).
O quadro 6.4 mostra que, quando o trabalhador está a operar uma pistola a 15 cm do
corpo, o valor do campo elétrico induzido máximo é de 287-1 mVm, o que representa 37%
do VLE aplicável aos efeitos na saúde. Para os tecidos do sistema nervoso central na
cabeça, o valor do campo elétrico induzido máximo é de 52 mVm-1, o que representa 53%
do VLE aplicável aos efeitos sensoriais. Os resultados mostram que o VLE aplicável aos
efeitos na saúde apenas é efetivamente ultrapassado quando a distância entre o corpo
e a pistola é reduzida para cerca de 4 cm. Isto significa que, apesar de os trabalhadores
estarem a ser expostos a campos magnéticos que ultrapassam os NA, os campos
elétricos internos induzidos não ultrapassam os VLE. A diferença entre a dimensão da
zonas que ultrapassam os NA e a dimensão da zona em que o trabalhador ultrapassaria
efetivamente o VLE aplicável aos efeitos na saúde é mostrada na figura 6.23 abaixo.
Figura 6.23 ― Representação visual da zona à volta da pistola «tipo C»
de 400 mm na qual o VLE aplicável aos efeitos na saúde era passível de
ser ultrapassado (zona vermelha no interior da zona verde), em conjunto
com os contornos dos níveis de ação alto e baixo (a vermelho e a amarelo,
respetivamente) da figura 6.18
NA baixo
Cumprimento
dos VLE
NA alto
Incumprimento
dos VLE
Em suma, neste caso parece que os NA fornecem uma estimativa conservadora de
exposição excessiva e que a situação de exposição está, na verdade, em conformidade
com a Diretiva «Campos eletromagnéticos».
83
84
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
7. Soldadura
7.1. Local de trabalho
Este estudo de caso está relacionado com uma oficina de fabrico de metal, na qual são
utilizadas diversas máquinas de soldadura por resistência.
7.2. Natureza do trabalho
Os trabalhadores utilizam soldadores por pontos e soldadores de roletes para soldar
fios e folhas de metal. Existem diversas máquinas destas na oficina.
7.3. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
Os soldadores por resistência são compostos por dois elétrodos, que se apertam
em conjunto em torno dos componentes a soldar. Uma corrente passa através dos
elétrodos e dos componentes, e o calor necessário para a soldadura é produzido pela
resistência elétrica dos componentes. As definições do equipamento são escolhidas
de modo a coincidirem com as propriedades dos componentes a soldar.
7.3.1. Soldadores por pontos
Os soldadores por pontos são compostos por dois elétrodos cilíndricos pequenos que
apertam os componentes e aplicam uma corrente elevada para produzir uma soldadura
por pontos. A empresa utiliza dois tipos de soldadores por pontos: soldadores por
pontos de bancada e soldadores por pontos portáteis suspensos.
O soldador por pontos de bancada (figura 7.1) é normalmente utilizado para soldar
fios de 1,2 mm de tipo «trocânter» em aço inoxidável. Este equipamento foi concebido
para ser utilizado numa bancada com o operador posicionado à frente da unidade.
Funciona normalmente a 19% da corrente máxima disponível (3 500 A), ou seja a
665 A, e utiliza uma fonte de alimentação de 50 Hz. O soldador por pontos portátil
suspenso (figura 7.2) é utilizado para soldar folhas de metal. O soldador é composto
por braços de elétrodos, que se movem num movimento de pinça para apertar
as pontas dos elétrodos no componente. Funciona normalmente a 7 000 A e utiliza
uma fonte de alimentação de 2 kHz.
7. Soldadura
Figura 7.1 ― Soldador por pontos de bancada
Elétrodos
de soldadura
Figura 7.2 ― Soldador por pontos portátil suspenso
7.3.2. Soldador de roletes
O soldador de roletes é utilizado para soldar peças de metal. Os elétrodos
são em forma de disco e rodam à medida que o material passa entre eles,
o que significa que a soldadura por roletes é formada progressivamente.
O equipamento funciona normalmente a 7 000 A e utiliza uma fonte
de alimentação de 50 kHz (figura 7.3).
85
86
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 7.3 ― Vista frontal e lateral do soldador de roletes
7.4. Como são utilizadas as aplicações
Os operadores das máquinas de soldar estão normalmente de pé ou sentados junto
às máquinas quando estão a soldar, sendo as mãos a parte do corpo mais próxima das
máquinas. Quando utiliza o soldador por pontos de bancada e o soldador de roletes,
o operador segura o material que está a ser soldado, o que significa que as mãos
podem estar posicionadas a 10 cm dos elétrodos de soldar. Quando utiliza um soldador
por pontos portátil suspenso, o material a soldar fica fixo e o operador ficará perto
do soldador por pontos, para o manter em posição. O equipamento de soldar encontrase todo numa oficina, juntamente com outras máquinas e ferramentas utilizadas
no fabrico de componentes de metal.
7.5. Abordagem para a avaliação da exposição
A empresa analisou os dados do fabricante relativamente a cada peça de equipamento.
Nalguns manuais de funcionamento, havia uma indicação de que o equipamento
poderia produzir campos magnéticos que apresentam perigo para portadores
de estimuladores cardíacos. No entanto, a empresa não conseguiu encontrar
nenhuma informação sobre a extensão deste perigo (por exemplo, até que distância
do equipamento se estende este perigo) ou sobre o nível de campos magnéticos
no âmbito dos níveis de ação da Diretiva «Campos eletromagnéticos». Para algum
do equipamento mais antigo, a empresa não conseguiu encontrar quaisquer dados
dos fabricantes.
O equipamento de soldar encontra-se na oficina, à qual a maioria dos trabalhadores
tem acesso, e onde podem entrar trabalhadores subcontratados e visitantes.
Por conseguinte, a empresa decidiu efetuar mais avaliações dos riscos. Na ausência
de quaisquer outras informações dos fabricantes do equipamento, a empresa designou
um consultor especialista para efetuar a avaliação.
7. Soldadura
Foram selecionados três tipos diferentes de soldadores por resistência para uma
avaliação mais aprofundada, uma vez que os resultados constituiriam um bom
indicador dos perigos associados a equipamento similar existente na oficina.
O consultor mediu a densidade do fluxo magnético à volta do equipamento utilizando
um instrumento com um filtro eletrónico integrado que forneceu resultados, em termos
percentuais, derivados através da utilização da abordagem do máximo ponderado
no domínio do tempo e, por conseguinte, permitiu a comparação direta com os NA.
7.6. Resultados da avaliação da exposição
7.6.1. Soldador por pontos de bancada
O consultor observou o operador a utilizar o soldador por pontos de bancada. Verificou-se que a cabeça e o tronco do operador ficavam a pelo menos 30 cm dos elétrodos
durante a soldadura, e que o operador pode ficar posicionado ao lado do equipamento
em vez de ficar diretamente em frente ao mesmo. Assim, foram efetuadas medições
em três posições a 30 cm dos elétrodos: diretamente à frente dos elétrodos, a 45º da
frente (para o lado esquerdo) dos elétrodos, e a 90º da frente (para o lado esquerdo)
dos elétrodos. Em cada posição, foram efetuadas medições a várias alturas.
Verificou-se que a densidade do fluxo magnético não ultrapassou 50% do NA
baixo em qualquer destas potenciais posições do operador (figura 7.4).
Figura 7.4 ― Densidade do fluxo magnético em percentagem
do nível de ação baixo, em relação à altura na posição do operador
(30 cm dos elétrodos)
2
90 graus da frente da máquina
45 graus da frente da máquina
Diretamente à frente da máquina
Altura da sonda (m)
1.6
1.2
0.8
0.4
0
0
10
20
30
40
50
Percentagem do NA baixo (%)
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas do NA.
87
88
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
A posição na qual a densidade do fluxo magnético correspondeu ao NA baixo foi a cerca
de 22 cm dos elétrodos, e à altura em que os elétrodos se encontram. A zona em que
o NA era passível de ser ultrapassado é mostrada na figura 7.5.
Constatou-se que as mãos do operador ficaram a pelo menos 10 cm dos elétrodos
durante a soldadura. Nesta posição, a densidade do fluxo magnético era inferior a 8%
do NA relativo aos membros.
O consultor efetuou medições em várias outras posições à volta do equipamento
e comparou os resultados com os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE). Estes níveis podem ser utilizados como um indicador geral
da exposição de trabalhadores particularmente expostos (ver apêndice E do volume 1
do guia). Verificou-se que os níveis de referência eram passíveis de ser ultrapassados
até 1 m dos elétrodos. Esta zona é mostrada na figura 7.5 e é representada pelo
contorno verde.
Figura 7.5 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação baixo (amarelo) e os níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis
de ser ultrapassados à volta do soldador por pontos de bancada
7.6.2. Soldador por pontos suspenso portátil
O operador mantém o soldador por pontos em posição durante a soldadura. Devido
ao comprimento dos braços do elétrodo (75 cm), o operador fica a cerca de 1 m das
extremidades do elétrodo. Foram efetuadas medições nesta posição, a várias alturas.
O resultado de medição mais elevado foi à altura em que os elétrodos se encontram
(a 1 m do solo durante esta avaliação). Verificou-se que a densidade do fluxo magnético
não ultrapassava 50% dos NA em qualquer posição do operador (figura 7.6).
7. Soldadura
Figura 7.6 ― Densidade do fluxo magnético em percentagem do nível
de ação alto e baixo, em relação à altura na posição do operador
(a 1 m das extremidades dos elétrodos)
2
Altura (m)
1.6
1.2
0.8
0.4
0
0
10
20
30
40
50
Percentagem do nível de ação baixo (%)
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA.
Foram feitas medições na posição da mão do operador (figura 7.2). A densidade
do fluxo magnético foi de 88% do NA relativo aos membros nesta posição.
O consultor efetuou medições em várias outras posições à volta do equipamento
e comparou os resultados com os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE). Verificou-se que os níveis de referência eram passíveis
de ser ultrapassados até um máximo de 1,3 m do equipamento.
As zonas em que os NA relativos aos membros, os NA alto e baixo e os níveis
de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis
de ser ultrapassados são mostradas na figura 7.7 e são representadas pelos contornos
azul, vermelho e verde, respetivamente.
Figura 7.7 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação relativo aos membros (azul), os níveis de ação alto
e baixo (vermelho) e os níveis de referência indicados na Recomendação
do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados
à volta do soldador por pontos portátil suspenso.
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Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
7.6.3. Soldador de roletes
O operador mantém-se ao lado do equipamento, com a cabeça e o tronco a pelo menos
50 cm do centro dos elétrodos durante a soldadura. Foram efetuadas medições nesta
posição, a várias alturas.
O resultado de medição mais elevado foi à altura em que os elétrodos se encontram
(a 130 cm do solo). O NA alto não foi ultrapassado nesta posição; porém, a densidade
do fluxo magnético foi medida como sendo cerca de 140% do NA baixo (figura 7.8).
Figura 7.8 ― Densidade do fluxo magnético em percentagem do níveis
de ação alto e baixo, em relação à altura da posição do operador
(50 cm dos elétrodos, para o lado)
2
Nível de ação alto
Nível de ação baixo
1.6
1.2
Altura (m)
90
0.8
0.4
0
0
30
60
90
120
150
Percentagem do nível de ação (%)
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado»
(ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA.
As medições foram efetuadas na posição da mão do operador mais próxima dos
elétrodos (a cerca de 10 cm do ponto de soldadura). Nesta posição, a densidade
do fluxo magnético foi inferior a 67% do NA relativo aos membros. No entanto,
verificou-se que este NA era passível de ser ultrapassado se os membros fossem
posicionados atrás dos elétrodos de soldar em vez de ao lado destes.
Tal como no soldador por pontos, o consultor efetuou medições em várias outras
posições à volta do equipamento e comparou os resultados com os níveis de referência
indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Verificou-se que os níveis
de referência eram passíveis de ser ultrapassados até 2,45 m dos elétrodos.
As zonas em que os NA relativos aos membros, os NA alto e baixo e os níveis
de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis
de ser ultrapassados são mostradas na figura 7.9.
7. Soldadura
Figura 7.9 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais
o nível de ação relativo aos membros (azul), o nível de ação alto
(vermelho), o nível de ação baixo (amarelo) e os níveis de referência
indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde)
são passíveis de ser ultrapassados à volta do soldador de roletes
Wall
NR da Recomendação
do Conselho
NA alto
NA baixo
Posição de soldar
NA relativo aos membros
0,00
0,50 m
7.7. Avaliação dos riscos
A empresa efetuou avaliações dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para
o seu equipamento de soldar com base na sua consulta dos manuais de funcionamento
e nas medições efetuadas pelo consultor (quadros 7.1, 7.2 e 7.3). Estas foram
compatíveis com a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha
de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho).
A avaliação dos riscos concluiu que:
• na posição normal do operador, o NA alto e o NA relativo aos membros
não seriam ultrapassados;
• o NA baixo era passível de ser ultrapassado na posição do operador quando
se trabalha com o soldador de roletes;
• os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram
passíveis de ser ultrapassados à volta de cada máquina de soldar.
A empresa elaborou e documentou um plano de ação a partir da avaliação dos riscos.
91
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
A posição
normal do
operador é a
mais de 30 cm
dos elétrodos,
o que significa
que o nível de
ação baixo não
deveria ser
ultrapassado
na posição
do operador
Operadores
O nível de
ação baixo era
passível de ser
ultrapassado
até 22 cm de
distância dos
elétrodos
Probabilidade
✓
✓
Avaliação
dos riscos
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
Baixa
Fornecer informação
e formação aos
operadores e a outros
trabalhadores que
trabalham na oficina
Provável
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Possível
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Improvável
Quadro 7.1 — Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para o soldador por pontos de bancada
Ligeiro
92
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
Devem ser exibidos
avisos de alerta
no equipamento
Uma linha de
demarcação deve ser
pintada no chão para
identificar a zona
na qual os níveis de
referência indicados
na Recomendação do
Conselho (1999/519/
/CE) são passíveis de
ser ultrapassados.
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 1 m
dos elétrodos
Efeitos indiretos
de campos
eletromagnéticos
(efeito em
implantes
médicos ativos):
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 1 m
dos elétrodos
As trabalhadoras
grávidas devem ser
proibidas de utilizar
o equipamento ou de
atravessar a linha de
demarcação quando
o equipamento está
a ser utilizado
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Baixa
Devem ser dadas
informações sobre
este perigo a todos
trabalhadores
Devem ser
fornecidos avisos em
informações relativas
à segurança do local
Devem ser exibidos
avisos de alerta
e de proibição
no equipamento
Os trabalhadores
que possuem
AIMD devem ser
proibidos de utilizar
o equipamento ou de
atravessar a linha de
demarcação quando
o equipamento está
a ser utilizado
7. Soldadura
Operadores
Os níveis de ação
alto e baixo eram
passíveis de ser
ultrapassados até
33 cm dos braços
dos elétrodos
✓
✓
Avaliação
dos riscos
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
Baixa
Fornecer informação
e formação aos
operadores e a outros
trabalhadores que
trabalham na oficina
Provável
Nenhum. No
entanto, a
zona na qual
os níveis alto
e baixo são
ultrapassados
é localizada
Probabilidade
Possível
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Improvável
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Ligeiro
Quadro 7.2 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para o soldador por pontos portátil suspenso
Outros
trabalhadores
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
Devem ser exibidos
avisos de alerta no
equipamento
Uma linha de
demarcação deve
ser pintada no chão
para identificar a zona
na qual os níveis de
referência indicados
na Recomendação do
Conselho (1999/519/CE)
são passíveis de ser
ultrapassados.
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis de
ser ultrapassados
até 1,3 m de
distância do
equipamento
Efeitos indiretos
dos campos
eletromagnéticos
(efeito em AIMD):
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/
CE) eram
passíveis de ser
ultrapassados
até 1,3 m
dos elétrodos
As trabalhadoras
grávidas devem ser
proibidas de utilizar
o equipamento ou
de atravessar a linha
de demarcação quando
o equipamento está
a ser utilizado
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Baixa
Devem ser dadas
informações sobre
este perigo a todos
trabalhadores
Devem ser
fornecidos avisos em
informações relativas
à segurança do local
Devem ser exibidos
avisos de alerta
e de proibição
no equipamento
Os trabalhadores
que possuem
AIMD devem ser
proibidos de utilizar
o equipamento ou de
atravessar a linha de
demarcação quando
o equipamento está
a ser utilizado
93
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Nenhuma
Operadores
Probabilidade
✓
Avaliação
dos riscos
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
Baixa
Devem ser fornecidas
informações e
formação aos
operadores e a outros
trabalhadores, em
especial no que
respeita aos potenciais
efeitos sensoriais,
bem como sobre
a necessidade de
comunicar qualquer
sensação destes
efeitos
Provável
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Possível
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Improvável
Quadro 7.3 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para soldador de roletes
Ligeiro
94
✓
Outros
trabalhadores
O NA baixo
é ultrapassado
na posição
do operador
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/CE)
eram passíveis
de ser
ultrapassados
até 2,45 m
de distância
dos elétrodos
Devem ser exibidos
avisos de alerta
no equipamento
Uma linha de
demarcação deve
ser pintada no chão
para identificar a zona
na qual os níveis de
referência indicados
na Recomendação do
Conselho (1999/519/
/CE) são passíveis de
ser ultrapassados.
As trabalhadoras
grávidas devem ser
proibidas de utilizar
o equipamento ou de
atravessar a linha de
demarcação quando
o equipamento está
a ser utilizado
Efeitos indiretos
dos campos
eletromagnéticos
(efeito em AIMD):
Os níveis de
referência
indicados na
Recomendação
do Conselho
(1999/519/
/CE) eram
passíveis de ser
ultrapassados
até 2,45 m
dos elétrodos
Nenhuma
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Baixa
Devem ser dadas
informações sobre
este perigo a todos
trabalhadores
Devem ser fornecidos
avisos em informações
relativas à segurança
do local
Devem ser exibidos
avisos de alerta
e de proibição no
equipamento
Os trabalhadores que
possuem AIMD devem
ser proibidos de utilizar
o equipamento ou de
atravessar a linha de
demarcação quando
o equipamento está
a ser utilizado
7. Soldadura
7.8. Precauções já em vigor
Antes da avaliação por medição efetuada pelo consultor, não existiam quaisquer
precauções específicas para limitar a exposição aos campos eletromagnéticos.
7.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação
Em resultado da avaliação por medição e após uma avaliação dos perigos associados
ao equipamento, a empresa elaborou um plano de ação e decidiu:
• fornecer informações aos trabalhadores sobre os perigos dos campos
eletromagnéticos associados ao equipamento de soldar;
• pintar linhas de demarcação no chão à volta do equipamento para indicar o sítio em
que os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
eram passíveis de ser ultrapassados.
• proibir as trabalhadoras grávidas e os trabalhadores portadores de AIMD de utilizar
equipamento de soldar ou atravessar as linhas de demarcação;
• publicar avisos de alerta de campos magnéticos fortes, bem como avisos de proibição
para portadores de AIMD (figura 7.10.) no equipamento de soldar;
• garantir, através de programas adequados em matéria de indução do local e de
ligação com trabalhadores subcontratados, que as pessoas que entram na oficina
têm noção dos riscos.
Figura 7.10 ― Exemplos de avisos de alerta para campos magnéticos
fortes e uma ilustração do símbolo de proibição para portadores de AIMD
Alerta
Este equipamento produz
campos magnéticos fortes
Entrada proibida a portadores
de implantes médicos ativos
95
96
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
7.10.Referência a quaisquer fontes
de informação complementar
Modelização informática baseada nos resultados da medição à volta das três máquinas
de soldar confirma que os campos elétricos induzidos cumpriam os VLE..
7.10.1. Soldador por pontos de bancada
Para o soldador por pontos de bancada, verificou-se que a exposição do operador seria
inferior a 1% do VLE (figura 7.11). O VLE apenas era passível de ser ultrapassado se o
corpo se encontrasse no espaço existente entre os elétrodos e a caixa do soldador, ou
a menos de um centímetro dos próprios elétrodos, enquanto a unidade estivesse em
funcionamento (figura 7.12).
Figura 7.11 ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano
com o tronco 20 cm afastado dos elétrodos e com as mãos a uma distância
de cerca de 8 cm. A figura mostra também a distribuição espacial
dos campos elétricos internos máximos induzidos no operador resultantes
da exposição ao soldador por pontos (a) na superfície do corpo e (b)
em vários cortes horizontais no corpo
(a)
(b)
Campo elétrico
induzido
5,80-30,0
1,95
0,00
[mV m-1]
7. Soldadura
Figura 7.12 ― Contornos à volta do soldador por pontos de bancada que
mostram as zonas nas quais os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde eram
passíveis de ser ultrapassados (área vermelha). São também mostradas as
zonas nas quais o VLE aplicável aos efeitos na saúde não é ultrapassado
(zona verde e fora dela) e a zona na qual o nível de ação baixo era passível
de ser ultrapassado (círculos vermelhos)
NA ultrapassados
VLE ultrapassados
7.10.2.Soldador por pontos suspenso portátil
Para o soldador por pontos portátil suspenso verificou-se que os NA não eram
ultrapassados na posição do operador. Contudo, a distribuição do campo elétrico
induzido é mostrada na figura 7.13.
Figura 7.13 ― Distribuição espacial dos campos elétricos induzidos
máximos num modelo humano quando exposto ao soldador por pontos
portátil suspenso
Campo elétrico
induzido
600-4770
300
0,00
[mV m-1]
7.10.3. Soldador de roletes
O NA baixo foi ultrapassado na posição do operador No entanto, a modelização
informática mostra que a exposição na posição do operador é inferior a 50% do VLE.
A distribuição do campo elétrico induzido é mostrada na figura 7.14. Verificou-se que
o VLE apenas era passível de ser ultrapassado se o corpo se encontrasse no espaço
existente entre os elétrodos e a caixa do soldador, ou a menos de 5 cm dos próprios
elétrodos dos roletes, enquanto a unidade estivesse em funcionamento (figura 5).
Esta região é mostrada a vermelho na figura 7.15.
97
98
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 7.14 ― Distribuição espacial dos campos elétricos internos máximos
induzidos no modelo humano resultante da exposição ao soldador de roletes
Campo elétrico
induzido
60,0-480
30,0
0,00
[mV m-1]
Figura 7.15 ― Contornos à volta do soldador de roletes que mostram
as zonas nas quais os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde eram passíveis
de ser ultrapassados (área vermelha). São também mostradas as zonas
nas quais o VLE aplicável aos efeitos na saúde não é ultrapassado (zona
verde e fora dela) e a zona na qual o nível de ação alto era passível de ser
ultrapassado (traços vermelhos)
NA altos
ultrapassados
VLE
ultrapassados
8. Fabricação metalúrgica
8. Fabricação metalúrgica
As fontes de campos eletromagnéticos deste estudo de caso incluem os seguintes
elementos:
• fornos de indução;
• fornos de arco;
• um analisador de carbono e de enxofre que integra um pequeno forno.
8.1. Local de trabalho
As fontes de campos eletromagnéticos eram utilizadas em diversos locais de trabalho
diferentes na fábrica, que produzia metais e ligas para uma diversidade de indústrias.
Os locais de trabalho de interesse foram os seguintes:
• uma pequena unidade de produção de ligas;
• uma unidade de produção de ferro-titânio;
• uma grande unidade de fundição elétrica;
• uma unidade de fornos de arco;
• um laboratório de serviços de análise.
8.2. Natureza do trabalho
Metais e ligas eram fabricados a partir de matérias-primas em diversas zonas
da fábrica, e a empresa realizava também testes analíticos num laboratório.
A maioria do trabalho objeto deste estudo de caso envolveu carregar manualmente
os fornos e, consoante o equipamento, isto ocorria muitas vezes durante
o seu funcionamento.
Qualquer trabalho de manutenção e reparação do equipamento ocorria apenas quando
este estava desligado, devido a outros riscos tais como choque elétrico, queimaduras,
impactos decorrentes de máquinas em movimentos, etc
8.3. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos e sobre o modo como
é utilizado
8.3.1. Pequena unidade de produção de ligas
Esta unidade produzia ligas num pequeno forno de indução (com cerca de 30 cm
de diâmetro). O forno de indução funcionava a frequências entre 2,4 kHz e 2,6 kHz
99
100
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
e a potências entre 60 kW e 160 kW. O forno é mostrado na figura 8.1 e o método
de funcionamento é descrito de seguida:
• um cadinho que contém até 45 kg de matéria-prima é carregado para o forno;
• a potência é definida para 60 kW pelo operador e o forno é ligado, a funcionar numa
frequência de 2,42 kHz;
• a potência aumenta automaticamente para 160 kW, durante um período de cerca
de 25 minutos;
• a frequência aumenta também para 2,6 kHz durante esse período;
• após cerca de 25 minutos, o operador reduz a potência para 80 kW;
• decorridos mais cinco minutos, o operador desliga o forno e retira o cadinho.
Figura 8.1 ― Forno de indução de uma pequena unidade de produção
de ligas
Unidade de controlo
do forno
Cadinho
Caixa do forno
8.3.2. Unidade de produção de ferro-titânio
Nesta unidade existiam dois fornos de indução com capacidade de 1,5 toneladas,
alimentados por uma única unidade de controlo de potência indutiva variável (PIV). Os
fornos funcionavam a frequências entre 217 Hz e 232 Hz e a uma potência de 600 kW.
Os cadinhos eram carregados manualmente, normalmente enquanto os fornos estavam
em funcionamento.
8. Fabricação metalúrgica
8.3.3. Grande unidade de fundição elétrica
Existiam 10 fornos de indução nesta unidade, cada um deles com uma capacidade
de 1,5 toneladas e a funcionar a uma frequência de 50 Hz. As bobinas de indução eram
parte integrante dos cadinhos, de modo a que estes pudessem aplicar potência
e a manter o metal fundido quando era derramado.
Os cadinhos eram colocados numa plataforma elevada com os seus topos nivelados com
a plataforma, e os operadores normalmente carregavam os cadinhos manualmente
a partir da plataforma durante o processo de fundição. No final do processo de fundição,
os cadinhos eram inclinados e o metal fundido era derramado.
Os fornos operavam num intervalo de potências entre 70 kW e 1 300 kW. A potência
aplicada aos fornos variava ao longo do processo de fundição, reduzindo na parte final,
uma vez que era necessária uma potência inferior para manter o metal na forma fundida
após estar totalmente fundido.
A potência era fornecida aos fornos a partir de transformadores localizados em caves
por baixo dos fornos. Os transformadores e as barras condutoras estavam situados em
gaiolas e o acesso era restringido através de um sistema de chaves castell. As unidades
de controlo PIV estavam situadas em salas de controlo na plataforma do forno.
8.3.4. Unidade de fornos de arco
Existiam dois fornos de arco nesta unidade, os quais produziam boro de níquel e boro
de crómio, cada um a funcionar a uma frequência de 50 Hz. Os fornos eram fornos de
produção contínua em lotes, com uma produção de cerca de 1 tonelada por lote. Estes
fornos eram carregados manualmente e operados a partir de salas de controlo.
Os fornos operavam a uma potência de entre 500 kW e 1 000 kW. Os transformadores
e as barras condutoras que forneciam energia aos fornos estavam situados em gaiolas
e o acesso era restringido através de um sistema de chaves castell.
8.3.5. Laboratório de serviços de análise
Um analisador de carbono e de enxofre de bancada era utilizado neste laboratório.
O analisador integrava um pequeno forno de 2,2 kW, a funcionar a uma frequência
de 18 MHz. As amostras carregadas para o analisador pelo operador eram elevadas para
o centro da bobina do forno, que estava localizada dentro do analisador, cerca de 10 cm
para o interior da caixa. Em seguida, o forno era alimentado durante cerca de um minuto
enquanto a decorria a análise. A amostra era então descida para fora do forno e retirada
pelo operador. Todo o processo, desde o carregamento da amostra até à sua remoção,
era efetuado automaticamente, e o operador não precisava de estar junto do analisador
enquanto este funcionava. O analisador é mostrado na figura 8.2.
101
102
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 8.2 ― Analisador de carbono e enxofre no laboratório de serviços
de análise
Ecrã
de controlo
Forno, 10 cm
por detrás
da grelha
Ponto
de carregamento
da amostra
8.4. Resultados da avaliação da exposição
As medições das exposições foram efetuadas por um consultor perito, utilizando
instrumentos especializados. Em virtude da dimensão do local e das diversas zonas
de trabalho em que podem ser detetados campos eletromagnéticos, foi efetuada uma
análise inicial para identificar quaisquer zonas nas quais os níveis de ação (NA) fossem
passíveis de ser ultrapassados. Estas zonas foram então visitadas novamente e foram
efetuadas outras medições, mais pormenorizadas, de modo a que pudesse ser traçado
um plano de ação. Todas as medições foram efetuadas em locais acessíveis
aos trabalhadores com o equipamento em funcionamento.
As medições centraram-se nos campos magnéticos produzidos pelo equipamento, uma
vez que era expectável que estes constituíssem o maior contributo para a exposição
dos trabalhadores.
Ao avaliar a exposição de trabalhadores particularmente expostos, a comparação foi
efetuada em relação aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho
(1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 deste guia).
8.4.1. Pequena unidade de produção de ligas
Foram efetuadas medições em diversos locais das instalações ao longo do processo
de fundição. Os locais das medições incluíram:
• junto ao forno;
• junto à unidade de controlo;
• junto aos cabos de alimentação da unidade de controlo;
• junto aos cabos que vão desde a unidade de controlo até ao forno;
• na cabina do operador.
8. Fabricação metalúrgica
8.4.2. Unidade de produção de ferro-titânio
Foram efetuadas medições em diversos locais das instalações ao longo do processo
de fundição. Os locais das medições incluíram:
• junto aos fornos;
• junto à unidade de controlo PIV;
• junto aos cabos de alimentação da unidade de controlo;
8.4.3. Grande unidade de fundição elétrica
Foram efetuadas medições em diversos locais à volta das instalações, com os fornos
em funcionamento. Os locais das medições incluíram:
• posições dos operadores durante o carregamento dos fornos a partir da plataforma;
• posições dos operadores quando operam os mecanismos de inclinação do cadinho;
• junto ao cadinho durante a inclinação;
• salas de controlo;
• junto às unidades de controlo PIV;
• junto aos cabos de alimentação das unidades de controlo;
• junto aos cabos de vão desde as unidades de controlo até aos fornos;
• fora das gaiolas nas caves do transformador;
• por baixo da barras condutoras nos pontos de acesso mais próximos.
8.4.4. Unidade de fornos de arco
Foram efetuadas medições em diversos locais à volta das instalações, com os fornos
em funcionamento. Os locais das medições incluíram:
• posições dos operadores durante o carregamento dos fornos;
• salas de controlo;
• junto às unidades de controlo;
• nos pontos de acesso mais próximos à volta das bases dos fornos;
• por baixo da barras condutoras nos pontos de acesso mais próximos;
• à volta das gaiolas dos transformadores;
• passadiços à volta dos fornos.
8.4.5. Laboratório de serviços de análise
Foram efetuadas medições à volta do analisador com o forno em funcionamento.
Foi dada particular atenção à zona à volta do forno e à zona na qual o operador
permanecia durante a análise.
103
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
104
8.5. Resultados da avaliação da exposição
8.5.1. Avaliação inicial da exposição
Os resultados das medições de exposição foram comparados com os NA alto e baixo e com
os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Quando
se verificou que os resultados ultrapassavam os NA em qualquer zona de trabalho, foi
efetuada uma outra medição de modo a determinar a distância à qual a densidade do
fluxo magnético era igual a 100% do NA, de modo a poder ser tomada uma decisão sobre
a possibilidade de efetuar uma avaliação mais detalhada com base na probabilidade de
ocupação da zona na qual o NA foi ultrapassado. As conclusões relevantes da avaliação
inicial da exposição encontram-se resumidas no quadro 8.1.
Quadro 8.1 ― Resumo das conclusões relevantes da avaliação inicial
da exposição
Zona de
trabalho
Equipamento
Zonas de maior exposição
e local de delimitação do nível
de ação (se for caso disso)
Fração de exposição (%)
Nível
de
ação
baixo
Nível
de
ação
alto
Pequena
unidade
de produção
de ligas
Fornos
de indução
(2,42 kHz
a 2,6 kHz)
a 50 cm da borda da caixa do forno
190%(1)
190%(1)
3 500%(2)
a 80 cm da borda da caixa do forno
100%(1)
100%(1)
1 800%(2)
Unidade
de produção
de ferro-titânio
Dois fornos
de indução (217
Hz a 232 Hz)
Posição do torso quando se está junto
à unidade de controlo PIV
7,8%(3)
6,0%(4)
360%(5)
Grande
unidade
de fundição
elétrica
10 fornos
de indução
(50 Hz)
a 30 cm dos cabos para o cadinho
durante a inclinação
40%(3)
6,7%(6)
400%(7)
Unidade
de fornos
de arco
Dois fornos
de arco (50 Hz)
Posição do torso quando se está
no ponto de acesso mais próximo
da base do forno
70%(3)
12%(6)
700%(7)
Laboratório
de serviços
de análise
Analisador de
carbono e de
enxofre que
integra um forno
de RF (18 MHz)
a 20 cm da superfície da caixa
do analisador
110%(8)
230%(9)
a 22 cm da superfície da caixa
do analisador
100%(8)
220%(9)
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
Nível de
referência
1999/519/CE
Níveis de ação alto e baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 2,6 kHz: 115 µT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 2,6 kHz: 6,25 µT.
Nível de ação baixo da densidade do fluxo magnético para frequências entre 25 e 300 Hz: 1 000 µT.
Nível de ação alto/baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 230 Hz: 1 300 µT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 230 Hz: 21,7 µT.
Nível de ação alto/baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 50 Hz: 6000 µT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 50 Hz: 100 µT.
Nível de ação da densidade do fluxo magnético na gama de frequências de 10 MHz a 400 Hz: 0,2 µT.
Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequências entre 10 MHz e 400 MHz: 0,092 µT.
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia)
os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA.
Os resultados da avaliação inicial da exposição forneceram à empresa
as seguintes informações:
• os NA alto e baixo foram ultrapassados até uma distância de 80 cm do forno de
indução da pequena unidade de produção de ligas e esta zona estava facilmente
acessível aos trabalhadores durante o processo de fundição;
8. Fabricação metalúrgica
105
• o NA foi ultrapassado até uma distância de 22 cm do analisador de carbono e
enxofre do laboratório de serviços de análise e os trabalhadores não colocaram
qualquer parte dos seus corpos nesta zona durante o funcionamento do forno;
• os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram
ultrapassados em locais acessíveis em todas as zonas de trabalho avaliadas.
No exemplo do analisador de carbono e enxofre, a zona na qual o NA foi ultrapassado
era pequena, e por isso o modo como o analisador funcionava garantia que não era
provável que os trabalhadores fossem expostos a campos elétricos e magnéticos com
valores acima dos NA.
Com base nas conclusões da avaliação inicial da exposição, o consultor efetuou uma
avaliação mais detalhada do forno de indução da pequena unidade de produção de ligas.
8.5.2. Avaliação detalhada da exposição de forno
de indução numa pequena unidade de produção de ligas
O consultor efetuou uma avaliação da exposição, que incluiu uma observação do modo
como o forno era operado, de modo a que pudesse ser fornecida uma solução prática
para o problema.
Foram efetuadas diversas medições da densidade do fluxo magnético em vários locais
à volta do forno. Os resultados das medições permitiram que fossem estabelecidos
contornos dos NA e dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho
(1999/519/CE). Foram igualmente efetuadas marcações no piso para indicar a extensão
da zona na qual os NA eram ultrapassados (figura 8.3). As conclusões relevantes da
avaliação detalhada da exposição encontram-se resumidas no quadro 8.2. Um desenho
à escala do forno, que mostra os contornos dos NA e dos níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE), é mostrado na figura 8.4.
Quadro 8.2 ― Resumo das conclusões relevantes da avaliação detalhada
da exposição do forno de indução da pequena unidade de produção de ligas
Local de medição
Fração de exposição (%)
Níveis de
ação alto e
baixo (1)
Nível
de ação
relativo aos
membros (2)
Níveis de referência
indicados na
Recomendação do
Conselho (1999/519/CE) (3)
a 45 cm da borda da caixa do forno (distância para o
nível de ação relativo aos membros)
300%
100%
5 500%
a 80 cm da borda da caixa do forno (distância para o
nível de ação relativo aos membros)
100%
33%
1 800%
a 300 cm da borda da caixa do forno (distância para o
nível de referência da 1999/519/CE)
5,4%
1,8%
100%
Posição do torso quando se está na unidade de controlo
3,5%
1,2%
64%
a 450 cm da borda da caixa do forno (posição do torso
quando se está na cabina do operador)
2,0%
0,67%
37%
(1) Níveis de ação alto e baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 2,6 kHz: 115 µT.
(2) Nível de ação relativo aos membros, no que se refere à densidade do fluxo magnético, para frequência de 2,6 kHz: 346 µT.
(3) Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 2,6 kHz: 6,25 µT.
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os
resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA.
106
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 8.3 ― Marcações no piso a indicar a extensão da zona na qual
os níveis alto e baixo eram ultrapassados
Equipamento
de medição
de campos
eletromagnéticos
Marcações
no piso
Figura 8.4 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro
dos quais os níveis de ação alto/baixo e os níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são passíveis de ser
ultrapassados à volta do forno de indução numa pequena unidade
de produção de ligas
Os contornos mostrados na figura 8.4 são em forma de círculos cujo centro é o meio
do forno. Observou-se que o operador não tinha necessidade de entrar na zona que fica
dentro do contorno do NA alto e baixo com o forno em funcionamento, uma vez que
todas as tarefas que implicavam o acesso a esta zona (carregar o cadinho no forno
antes do processo de fundição e descarregá-lo após a conclusão do processo
de fundição) eram efetuadas com o forno desligado (figura 8.5). Tal indicou que
a prevenção do acesso à zona era a melhor linha de ação para restringir a exposição
a fortes campos magnéticos. Porém, verificou-se que a instalação de barreiras à volta
8. Fabricação metalúrgica
do forno não era exequível, uma vez que tal causaria obstrução e aumentaria o risco
de ocorrerem acidentes mais graves durante a manipulação dos cadinhos.
Figura 8.5 ― As tarefas que implicam uma curta distância ao forno eram
efetuadas com o forno desligado
8.6. Avaliação dos riscos
Com base na avaliação da exposição efetuada pelo consultor, a empresa realizou
uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos relativamente aos
campos eletromagnéticos do local. Esta foi compatível com a metodologia sugerida
pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia
para a Segurança e Saúde no Trabalho). A avaliação dos riscos concluiu que:
• os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo
em qualquer das zonas de trabalho do local;
• os trabalhadores, incluindo aqueles particularmente expostos, tinham acesso sem
restrições a uma zona da pequena unidade de produção de ligas na qual os NA
eram ultrapassados.
O empresa desenvolveu um plano de ação a partir da avaliação dos riscos e este
foi documentado.
Um exemplo de uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos
para o local é mostrado no quadro 8.3.
107
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Nenhuma
Trabalhadores
de uma
pequena
unidade
de produção
de ligas
✓
Trabalhadores
noutras áreas
avaliadas
✓
Visitantes
✓
Avaliação
dos riscos
Novas medidas
de prevenção e
de precaução
Médio
Impedir o acesso
à zona na qual
os níveis de ação
são ultrapassados
Provável
Efeitos diretos
dos campos
magnéticos
Nenhuma
Probabilidade
Possível
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas
de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Efeitos indiretos
dos campos
magnéticos
(interferência
em implantes
médicos)
Gravidade
Improvável
Quadro 8.3 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para o local de fabricação metalúrgica
Ligeiro
108
✓
Exibir avisos de alerta
adequados em zonas
de trabalho nas quais
os níveis de ação
são ultrapassados
✓
✓
Baixa
Fornecer avisos
específicos em
formação em matéria
de segurança
do local dada
aos trabalhadores
Baixa
Exibir avisos de
alerta adequados
para portadores de
implantes médicos
em pontos de acesso
a outras zonas
de trabalho
Trabalhadores
particularmente
expostos
(incluindo as
trabalhadoras
grávidas)
✓
✓
Médio
Fornecer avisos
nas informações
de segurança do
local para visitantes
e trabalhadores
subcontratados
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Médio
Ver supra
8. Fabricação metalúrgica
8.7. Precauções já em vigor
O acesso aos transformadores e às barras condutoras associados ao equipamento tinha
sido restringido devido ao risco de choque elétrico, e tal teria dado alguma restrição
de acesso a campos magnéticos potencialmente fortes, mas não havia quaisquer
precauções especificamente relacionadas com a exposição a campos eletromagnéticos
antes de o consultor realizar a avaliação da exposição.
Uma observação digna de nota foi que os NA não eram ultrapassados em quaisquer
locais normalmente acessíveis à volta dos grandes fornos de produção
ou das respetivas unidades de controlo, apesar das potências significativamente
mais elevadas envolvidas.
Provavelmente, seria assim em resultado da dimensão física do equipamento, que fazia
com que o acesso a campos magnéticos potencialmente fortes não fosse possível.
Verificou-se também que as zonas nas quais os NA eram passíveis de ser ultrapassados
ficavam à volta de equipamento mais pequeno, pelo simples facto de ser possível
um acesso mais próximo
8.8. Precauções adicionais em resultado da avaliação
Com base nos resultados da avaliação da exposição, a empresa conseguiu introduzir
medidas de proteção e de prevenção para garantir que os trabalhadores, incluindo os
particularmente expostos, não seriam expostos a campos eletromagnéticos a níveis
que lhes possam ser prejudiciais. Foram implementadas algumas precauções adicionais
imediatamente após a avaliação inicial da exposição. Estas medidas incluíam:
• as pessoas portadoras de implantes médicos foram impedidas de entrar nas zonas
de trabalho;
• o filme da empresa sobre saúde e segurança no que se refere à indução foi
atualizado de forma a incluir um aviso sobre a existência de fortes campos
magnéticos e um aviso para as pessoas portadoras de implantes médicos;
• foram afixados avisos de alerta, com pictogramas de «campo magnético» e «proibição
de pessoas com implantes médicos», juntamente com as menções adequadas
(figura 8.6), em pontos de acesso às zonas de trabalho pertinentes.
Foram implementadas outras medidas de proteção e de prevenção após uma avaliação
mais detalhada da exposição:
• foram pintadas marcações no piso à volta do forno de indução na pequena unidade
de produção de ligas para indicar a zona na qual os NA eram ultrapassados (figura 8.7),
e os trabalhadores receberam instruções para não entrarem na zona com o forno
em funcionamento;
• foram afixados avisos de alerta, com pictogramas de «campo magnético forte»
e de proibição e com a menção apropriada (figura 8.7), junto ao forno de indução.
109
110
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 8.6 ― Exemplo de um aviso de alerta exibido em pontos de acesso
às zonas de trabalho
Alerta
Campos magnéticos fortes
Acesso proibido a portadores
de implantes médicos ativos
Figura 8.7 ― Chão pintado e aviso de alerta conexo para indicar a zona
na qual os níveis de ação são passíveis de ser ultrapassados
Campos magnéticos fortes
Não entrar na zona tracejada
a amarelo quando o forno
está a ativo
8.9. Referência a quaisquer fontes
de informação complementar
Por uma questão de exaustividade, a empresa consultou um perito para efetuar uma
modelização informática da potencial exposição, em termos de VLE, de um trabalhador
que permanece dentro da zona delimitada por uma linha tracejada enquanto o forno
de produção de ligas de pequeno volume está a funcionar.
A modelização informática foi efetuada para avaliar os campos elétricos
internos induzidos no corpo de um operador na proximidade imediata do forno
em funcionamento. Foram definidos valores específicos para os parâmetros de
modelização, de modo a que o modelo produzisse valores de intensidade do campo
magnético similares aos obtidos na fase de medição da avaliação da exposição.
A distribuição espacial do campo magnético no plano x-y à volta do forno de indução
produzida pelo modelo é mostrada na figura 8.8. Estes valores de campo calculados
8. Fabricação metalúrgica
estavam consideravelmente de acordo com os valores obtidos durante a avaliação da
exposição e demonstraram ainda que, embora as intensidades de campos magnéticos
sejam relativamente elevadas quando perto da bobina de indução do forno, estes
valores caem muito rapidamente com a distância.
Figura 8.8 ― Distribuição espacial do campo magnético no plano x-y à
volta de uma imagem de corte do forno de indução, produzida pelo modelo.
A bobina de indução é mostrada a vermelho (desvio)
Cadinho
Bobinas de indução
Campo magnético
7,22E + 04
1,52E + 06
3,68E + 04
1,22E + 03
[A m-1]
Caixa do forno
Os cálculos dos campos elétricos internos induzidos no corpo foram efetuados em
relação a um trabalhador situado a 65 cm do centro do forno de indução. A distribuição
do campo elétrico induzido num modelo humano é mostrada na figura 8.9. O valor mais
elevado do campo elétrico no corpo calculado para esta situação de exposição foi
de 916 mVm-1 (em tecido ósseo). Isto representou 83% dos VLE aplicáveis aos efeitos
na saúde a 2,43 kHz.
Figura 8.9 ― Distribuição espacial dos campos elétricos internos máximos
induzidos num modelo humano resultante da exposição ao forno de indução
Campo elétrico
induzido
1420-11600
710
0,00
[mV m-1]
111
112
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Através da realização de simulações de exposição utilizando o modelo humano a várias
distâncias do forno foi possível definir uma região na qual o VLE aplicável aos efeitos na
saúde era passível de ser ultrapassado em resultado de exposição ao forno de indução.
Verificou-se que o VLE apenas seria ultrapassado se o corpo estivesse localizado num
raio de cerca 60 cm do centro do forno em funcionamento. Esta região é mostrada
aproximadamente, a vermelho, na figura 8.10. Também são mostradas as zonas
nas quais os NA são passíveis de ser ultrapassados (figura 8.4).
Dado que o forno estava montado numa caixa de aproximadamente 63 cm x 63 cm
(ou seja, que se prolongava até uma distância de 31,5 cm do centro do forno), um
trabalhador teria de se manter com o corpo tão perto da caixa do forno para que os VLE
fossem ultrapassados que tal foi considerado um cenário de exposição improvável. Isso
assegurou a empresa de que o piso pintado era uma medida de prevenção adequada.
Figura 8.10 ― Contornos à volta do forno de indução que mostram as
zonas nas quais os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde eram passíveis de
ser ultrapassados (área vermelha). São também mostradas as zonas nas
quais o VLE aplicável aos efeitos na saúde não é ultrapassado (zona verde
e fora dela) e as zonas nas quais os níveis de ação eram passíveis de ser
ultrapassados (quadrados azuis e vermelhos)
NA relativo aos membros
NA alto/baixo
Cumprimento dos VLE
Incumprimento dos VLE
9. Dispositivos de plasma por radiofrequência
9. Dispositivos de plasma
por radiofrequência
Os dispositivos de plasma por radiofrequência (RF) são normalmente utilizados
no fabrico de dispositivos semicondutores e no fabrico de circuitos integrados. São
igualmente utilizados noutras indústrias para a limpeza de componentes óticos,
aplicações espetroscópicas e investigação. Este estudo de caso refere-se a dispositivos
de plasma por RF utilizados no processo de fabrico de bolachas num ambiente de sala
limpa. O empregador estava preocupado quanto ao potencial perigo colocado para
um trabalhador com um estimulador cardíaco, que se preparava para regressar ao local
de trabalho. O fabricante do estimulador cardíaco forneceu ao empregador informações
sobre os limites seguros de exposição do estimulador cardíaco
aos campos eletromagnéticos.
9.1. Natureza do trabalho
A função do trabalhador portador do estimulador cardíaco implica normalmente carregar
bolachas para os dispositivos de plasma por RF e operar os dispositivos (figura 9.1).
Figura 9.1 ― Zona de carregamento
de bolachas
Figura 9.2 ― Câmaras de reação
na área de manutenção
9.2. Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
Os dispositivos de plasma por RF neste local de trabalho incluem, geralmente, uma
fonte de RF e uma câmara de reação evacuada (figura 9.2). Alguns dispositivos no local
integram múltiplas fontes de RF e/ou múltiplas câmaras de reação. O campo de RF
criado é utilizado para estabelecer e manter uma descarga de plasma, que é utilizado
para realizar processos tais como gravura, deposição e limpeza de bolachas no interior
113
114
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
da câmara. As frequências de RF criadas podem variar desde algumas centenas de kHz
a alguns GHz. As frequências comuns utilizadas são 400 kHz, 13,56 MHz e 2,45 GHz.
Com este tipo de dispositivo, o campo de RF vai normalmente ser blindado pela
caixilharia do equipamento e pela câmara de reação metálica. A fuga de RF é possível
quando existem falhas na caixilharia do equipamento, tal como painéis desalinhados ou
montados incorretamente, parafusos em falta, conectores de cabos defeituosos e danos
nas guias de onda flexíveis. Todas as falhas que existam na câmara de reação ou nas
guias de onda são suscetíveis de ser confirmadas por uma perda de vácuo. Algumas
das câmaras possuem janelas de observação com ecrãs de proteção (Faraday); ecrãs
em falta ou danificados podem causar uma fuga de RF.
Alguns dos dispositivos integram também ímanes fortes, o que resulta na produção
de fortes campos magnéticos estáticos.
9.3. Como é utilizada a aplicação
O portador de um estimulador cardíaco manter-se-á normalmente na zona de produção
da sala limpa, na qual o equipamento é operado e as bolachas são carregadas. As
câmaras de reação e os geradores de RF associados a cada peça de equipamento
estão localizados na área de manutenção. Este trabalhador pode entrar na área de
manutenção, mas não estará envolvido na manutenção ou reparação do equipamento.
9.4. Abordagem para a avaliação da exposição
Seria possível efetuar medições dos campos eletromagnéticos à volta deste
equipamento. No entanto, isso exigiria os serviços de um consultor especializado que
utilize instrumentos especializados. Seriam necessários vários dispositivos de medição
devido à variedade de frequências utilizadas. Além disso, no que se refere aos campos
de frequência intermédia (por exemplo, de 400 kHz e 13,56 MHz), as medições teriam
de ser efetuadas no «campo próximo». Os campos elétricos e magnéticos teriam de
ser medidos separadamente. Em frequências mais altas (2,45 GHz), as medições são
normalmente efetuadas no «campo distante». Nesta situação, os campos elétricos
e magnéticos propagam-se como uma onda eletromagnética e por isso é mais comum
medir apenas o campo elétrico. O campo magnético pode ser inferido, uma vez que
os dois estão relacionados.
Como primeiro passo para avaliar a exposição, o empregador contactou os fabricantes
dos dispositivos de plasma por RF para pedir informações sobre as probabilidades de
fugas de campos de RF do equipamento, e a distância até à qual tal poderia constituir
um perigo.
Um dos fabricantes forneceu um gráfico (figura 9.3) para ilustrar o modo como o nível
do campo magnético estático diminui com a distância dos ímanes fortes instalados
nos dispositivos, e informou o empregador que a uma distância de 10 cm dos ímanes
a densidade do fluxo diminui para menos de 0,5 mT.
9. Dispositivos de plasma por radiofrequência
Figura 9.3 ― Gráfico que mostra a densidade do fluxo magnético
a diminuir com a distância
100
medida
extrapolada
90
NA relativo aos membros
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0
2
4
6
8
10
Distância ao íman (cm)
O fabricante do estimulador cardíaco forneceu limites de segurança para diversas
fontes de interferência eletromagnética (quadro 9.1). O empregador observou que
o valor referente aos campos magnéticos estáticos era indicado em gauss e teria
de ser convertido para militeslas de acordo com a Diretiva «Campos eletromagnéticos».
Quadro 9.1 ― Limites de segurança fornecidos pelo fabricante
do estimulador cardíaco (limites específicos para o estimulador cardíaco
em particular utilizado pelo trabalhador)
Fonte de interferência
eletromagnética
Limite da intensidade do campo
eletromagnético (rms)
Frequência de alimentação
(50/60 Hz)
10 000 V/m (6 000 V/m; valor nominal exterior)
Alta frequência (150 kHz
e acima)
141 V/m
Campos magnéticos
estáticos (CC)
10 gauss
Campos magnéticos modulados
80 A/m até 10 kHz e 1 A/m para frequências superiores
a 10 kHz
O empregador não conseguiu obter qualquer informação dos fabricantes no que
respeita aos campos de RF e, por isso, decidiu nomear um consultor para efetuar
algumas medições à volta de suma série de dispositivos de plasma por RF.
115
116
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
9.5. Resultados da avaliação da exposição
O empregador converteu os limites pertinentes fornecidos pelo fabricante do
estimulador cardíaco (quadro 9.1) para as mesmas unidades utilizadas na Diretiva
«Campos eletromagnéticos» (quadro 9.2). A comparação dos resultados das
medições com estes limites mostra que os limites do estimulador cardíaco não foram
ultrapassados à volta do gravador de plasma por RF.
Quadro 9.2 ― Limites do estimulador cardíaco (fornecidos pelo fabricante
de estimuladores cardíacos)
Frequência
Limite
Campos elétricos, 150 kHz e superiores
141 Vm-1
Campos magnéticos estáticos (CC)
1 mT
Campos magnéticos superiores a 10 kHz
1,25 µT
Os resultados das medições obtidos são especificados nos quadros abaixo. O quadro 9.3
apresenta os resultados das medições efetuadas à volta de um gravador de plasma por
RF a funcionar a 400 kHz. As medições foram efetuadas à volta de todo o dispositivo,
porém, os níveis máximos de campos elétricos e magnéticos foram detetados à volta
das juntas na caixilharia que envolve o gerador de RF. Os resultados das medições
mostram que os níveis de ação (NA) da Diretiva «Campos eletromagnéticos»
não foram ultrapassados.
Quadro 9.3 ― Resultados das medições à volta do gravador de plasma por RF
Posição
Cabina de gerador
de RF
Frequência
400 kHz
Densidade
do fluxo
magnético (µT)
0.05
Nível de ação
(µT)
5
Intensidade do
campo elétrico
(Vm-1)
0.06
Nível de ação
(Vm-1)
610
N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia)
os resultados foram comparados diretamente com os NA.
O quadro 9.4 apresenta os resultados das medições efetuadas à volta de uma unidade
de deposição em fase vapor por processo físico (PVD) a funcionar a 13,56 MHz.
Os resultados das medições mostram que os NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos»,
bem como os limites do estimulador cardíaco constantes do quadro 9.3, foram
ultrapassados junto à alimentação de RF da câmara. As últimas duas posições
de medição são mostradas na figura 9.4.
9. Dispositivos de plasma por radiofrequência
Quadro 9.4 ― Resultados das medições à volta da unidade de PVD
Posição
Frequência
Densidade
do fluxo
magnético (µT)
Nível de ação
(µT)
Intensidade do
campo elétrico
(Vm-1)
Nível de ação
(Vm-1)
Superfície superior
da câmara
13,56 MHz
0,04
0,2
10
61
Abaixo da
câmara, perto da
alimentação de RF
da câmara
13,56 MHz
2
0,2
614
61
Posição de
painéis amovíveis,
posicionados a 0,5
m da alimentação
de RF.
13,56 MHz
0,08
0,2
24
61
N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia)
os resultados foram comparados diretamente com os NA.
Figura 9.4 ― Posição das medições efetuadas junto à alimentação de RF da
unidade de PVD
Intensidade do campo elétrico
a alimentação de RF
de 614 V m -1
Intensidade do campo
elétrico em painéis
de 23.8 V m -1
Alimentação de RF
Separação de 50 cm entre o painel
e o gerador de RF
Painéis amovíveis
9.6. Avaliação dos riscos
No que respeita aos campos magnéticos estáticos à volta dos ímanes, verificou-se que
o NA de 0,5 mT, relativo à exposição de implantes médicos ativos, era passível de ser
ultrapassado num raio de 10 cm dos ímanes. Porém, o fabricante do estimulador cardíaco
tinha dado ao empregador um limite menos restritivo de 1 mT (quadro 9.3),
o qual era aplicável ao estimulador cardíaco em questão. Por conseguinte, o empregador
utilizou este limite na avaliação dos riscos. Com base no gráfico fornecido pelo fabricante
do equipamento (figura 9.3), o limite do estimulador cardíaco de 1 mT era passível de ser
ultrapassado a menos de 10 cm dos ímanes (uma distância estimada de 6 cm).
No que diz respeito aos campos eletromagnéticos de RF, verificou-se que os limites
especificados pelo fabricante do estimulador cardíaco, assim como os NA, eram
passíveis de ser ultrapassados junto à alimentação de RF da câmara da unidade
de PVD. A 0,5 m da alimentação de RF, os níveis diminuíram para valores abaixo
dos limites do estimulador cardíaco e dos NA.
117
118
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Tanto para os campos magnéticos estáticos como para os campos de RF, o nível
do campo diminuiu para valores abaixo dos limites do estimulador cardíaco e dos NA
a uma curta distância.
Com base nestas informações, o empregador realizou uma avaliação dos riscos
específicos dos campos eletromagnéticos (quadro 9.5) para determinar os riscos quer
para o portador do estimulador cardíaco quer para todos os outros trabalhadores,
utilizando a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de
avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho).
Em resultado da avaliação dos riscos, o empregador decidiu que não seria necessária
qualquer alteração às funções do portador do estimulador cardíaco; a pessoa em causa
não estava envolvida na manutenção de equipamento e por isso não teria qualquer
motivo para estar em zonas (muito próximas do equipamento) nas quais os limites do
estimulador cardíaco fossem passíveis de ser ultrapassados. Foi decidido que o acesso
à área de manutenção não teria de ser proibido, uma vez que os campos elevados
são muito localizados. No entanto, a avaliação dos riscos indica que devem ser tidos
em conta outros trabalhadores (por exemplo, técnicos de assistência) e trabalhadores
subcontratados que possam ser portadores de implantes médicos ativos.
9.7. Precauções já em vigor
O empregador inspecionou o equipamento e analisou os procedimentos da empresa
e verificou que as seguintes precauções já se encontravam implementadas:
• existiam guardas à volta das alimentações de RF das câmaras para impedir o acesso
a estas zonas (para a medição da unidade de PVD, a guarda foi removida);
• a empresa assegura-se que qualquer equipamento comprado é bem concebido.
Por exemplo, as janelas de observação são adequadamente blindadas de modo
a restringir a exposição ao campo de RF.
9. Dispositivos de plasma por radiofrequência
Operadores
Painel montado
na unidade
de PVD que
impede o
acesso à
zona na qual
os limites do
estimulador
cardíaco são
ultrapassados
Trabalhadores
particularmente
expostos
O nível de ação
era passível de
ser ultrapassado
junto à
alimentação de
RF na área de
manutenção.
Efeitos indiretos
de campos
eletromagnéticos
(efeito em
implantes
médicos ativos):
Os limites do
estimulador
cardíaco eram
passíveis de ser
ultrapassados
junto aos ímanes
estáticos e junto
à alimentação
de RF na área de
manutenção
✓
Avaliação
dos riscos
Novas
medidas de
prevenção e
de precaução
Baixa
Prestar informação
e formação
aos operadores
e técnicos de
assistência
Provável
Painel montado
na unidade
de PVD, que
impede o
acesso à zona
na qual o nível
de ação é
ultrapassado
Probabilidade
Possível
Efeitos diretos
dos campos
eletromagnéticos:
Gravidade
Improvável
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas de
prevenção
e de
precaução
existentes
Grave
Perigos
Ligeiro
Quadro 9.5 — Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para dispositivos de plasma por RF
✓
Técnicos de
assistência
Devem ser
exibidos avisos de
alerta adequados
no equipamento
✓
✓
Baixa
Os campos que
ultrapassam
os limites do
estimulador
cardíaco à volta
dos ímanes
estáticos
são muito
localizados
9.8. Precauções adicionais em resultado da avaliação
Na sequência da avaliação dos riscos, o empregador decidiu implementar medidas
de precaução adicionais, incluindo:
• colocação de avisos de alerta de fortes campos magnéticos/fortes campos de RF
(consoante o caso), bem como avisos de proibição para portadores de implantes médicos
ativos (AIMD), no equipamento que contém ímanes fortes e em painéis amovíveis que dão
acesso a níveis potencialmente elevados de campos de RF (figura 9.5).
Devem ser dadas
informações
sobre este
perigo a todos
trabalhadores
Devem ser
fornecidos avisos
em informações
relativas à
segurança do local
Devem ser
exibidos avisos
de alerta e
de proibição
adequados no
equipamento
119
120
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Figura 9.5 ― Exemplos de avisos de alerta para fortes campos magnéticos
e de RF e uma ilustração do símbolo de proibição para portadores de AIMD
Alerta
Este equipamento produz
campos magnéticos fortes
Alerta
Alerta
Este equipamento produz
fortes campos de RF
É proibida a manutenção
deste equipamento
por pessoas portadoras
de implantes médicos ativos
• prestar informações, incluindo o resultado da avaliação dos riscos, ao portador do
estimulador cardíaco e ao prestador de serviços de medicina do trabalho da empresa;
• garantir, através de programas adequados em matéria de indução e de ligação a
trabalhadores subcontratados, que os trabalhadores e visitantes têm noção dos riscos;
• assegurar que os trabalhadores estão cientes de que o equipamento não pode ser
operado com os painéis removidos e que qualquer dano na caixilharia do equipamento,
guias de onda ou janelas blindadas tem de ser comunicado a um supervisor.
9.9. Informações adicionais
Os resultados das medições foram utilizados como base para a modelização
informática da exposição de um trabalhador em relação aos valores-limite de exposição
(VLE) indicados na Diretiva «Campos eletromagnéticos» (figura 9.5). A modelização
mostra que junto à alimentação de RF, os VLE eram passíveis de ser ultrapassados;
a SAR média relativa a todo o corpo foi de 211% do VLE para o stress térmico de todo
o corpo e a SAR máxima localizada com cálculo da média numa massa contígua
de 10 g nos membros foi de 147% do VLE para o stress térmico nos membros.
O VLE para o stress térmico localizado na cabeça e no tronco não foi ultrapassado;
a SAR máxima localizada, calculada como média numa massa contígua de 10 g
na cabeça e no tronco, correspondeu a 89% do VLE para o stress térmico localizado
na cabeça e no tronco.
A 0,5 m da alimentação de RF, verificou-se que a intensidade do campo elétrico medida era
inferior ao NA e, por isso, tal como esperado, a modelização mostrou que os valores da SAR
relativa a todo o corpo e localizada eram muito inferiores aos VLE (menos de 0,5%).
Figura 9.6 ― Distribuição da SAR num trabalhador (a) à volta da alimentação
de RF e (b) à volta dos painéis amovíveis, a 50 cm do gerador de RF
(a)
(b)
SAR
(W kg-1)
2,0-14
1,0
0,0
10. Antenas de telhado
10.Antenas de telhado
10.1.Local de trabalho
Os telhados de edifícios são frequentemente utilizados como estruturas
de montagem convenientes para uma diversidade de antenas de telecomunicações cujo
funcionamento beneficia da maior elevação ou da linha de visão melhorada. Este estudo
de caso refere-se a um edifícios desses (figura 10.1), cuja propriedade foi recentemente
transferida. O novo proprietário estava interessado em cumprir a obrigação legal
e avaliar todos os riscos para pessoas que efetuem trabalhos no telhado.
Figura 10.1 ― Antenas setor das telecomunicações móveis e antena
parabólica no telhado da casa das máquinas do elevador
10.2.Natureza do trabalho
Os trabalhadores têm de aceder ao telhado para realizar várias tarefas de inspeção
e manutenção do edifício. Estes podem incluir: pessoas contratadas para limpar
os vidros, empreiteiros de telhados, técnicos de ar condicionado, inspetores de seguros
e instaladores de antenas. Os últimos grupos podem ter recebido uma vasta formação
em matéria de segurança da radiação por radiofrequência e podem estar munidos
de alarmes de exposição individual, ao passo que é provável que os primeiros grupos
não tenham recebido qualquer formação e, consequentemente, tenham pouco
conhecimento dos problemas.
Uma boa prática seria os operadores adotarem um princípio de «segurança pela
posição» quando instalam antenas. Isto significa que as antenas são dispostas
de modo a que os trabalhadores que estejam a uma altura normal no telhado
não possam inadvertidamente entrar na zona de exclusão de uma antena. A zona
de exclusão da antena é a área, próxima da antena, na qual a exposição pode
ultrapassar os níveis de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE).
121
122
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Uma zona de exclusão da antena apenas deve estar acessível a trabalhadores que
tenham acessórios de ajuda à subida, tais como escadas ou andaimes. Sempre que
os trabalhadores tenham de aceder a uma zona de exclusão pode ser necessário
desligar a antena. Se uma zona de exclusão da antena tiver de colidir com uma zona
de movimentação no telhado, então a zona do telhado deve ser demarcada.
10.3.Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
As antenas montadas no telhado eram antenas normalmente associadas a sistemas
de telecomunicações móveis, incluindo estações de base de telemóveis e de sistema
de pager. Para além de antenas de setor, a estação de base de telemóveis incluía também
uma ligação de dados ponto a ponto. O proprietário tinha conhecimento que diferentes tipos
de antenas representavam níveis diferentes de perigo e, em termos gerais, que:
• as antenas do setor das telecomunicações móveis (800 a 2 600 MHz) podem
representar um perigo na parte da frente até alguns metros e em menor medida para
os lados e para a parte traseira (figura 10.2);
• as antenas parabólicas (10 a 30 GHz) associadas às estações de base de telemóveis
tendem a não representar um perigo significativo;
• as antenas dipolo e colineares (chicote) (80 a 400 MHz) podem apresentar um perigo
num raio de um metro ou dois à volta da antena.
Este último ponto é ilustrado por modelização informática para uma antena dipolo
de meia onda a funcionar a 400 MHz (figura 10.3). O quadro 10.1 mostra que à medida
que a potência radiada aumenta de 25 W para 100 W e depois para 400 W, os VLE
aplicáveis aos efeitos na saúde são ultrapassados a distâncias progressivamente
maiores da antena.
10. Antenas de telhado
Figura 10.2 ― Distribuição da taxa de absorção específica de energia
(SAR) num trabalhador situado junto a uma antena transmissora do setor
das telecomunicações móveis
Figura 10.3 ― Distribuição da taxa de absorção específica de energia (SAR)
no modelo humano resultante de exposição a uma antena dipolo de meia
onda de 25 W, a 20 cm do torso. Desvio: 1 cm do torso. Em ambos os casos,
os valores calculados da SAR são inferiores aos VLE aplicáveis aos efeitos
na saúde correspondentes
SAR
(W kg-1)
SAR
(W kg-1)
2,0-17
0,14-1,7
1,0
0,085
0,0
0,0
Distância entre
o corpo e a antena
de 1 cm
123
124
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Quadro 10.1 ― Valores modelados por computador da taxa de absorção
específica de energia relativa a todo o corpo (WBSAR) e da SAR máxima
localizada, calculadas como média numa massa contígua de 10 g (SAR 10 g
cont) para uma antena dipolo de meia onda de 5 W, 25 W, 100 W e 400 W.
Os valores da SAR que ultrapassam os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde
correspondentes são escritos a letra vermelha
SAR modelada (Wkg-1)
Distância
(cm)
Antena de 5 W
WBSAR
SAR10g cont
Antena de 25 W
WBSAR
SAR10g cont
Antena de 100 W
Antena de 400 W
WBSAR
SAR10g cont
WBSAR
SAR10g cont
0,1
0,0225
1,61
0,113
8,05
0,450
32,2
1,80
129
1
0,0194
1,28
0,0968
6,38
0,387
25,5
1,55
102
2
0,0168
1,04
0,0840
5,18
0,336
20,7
1,34
82,8
4
0,0133
0,715
0,0663
3,58
0,265
14,3
1,06
57,2
6
0,0110
0,525
0,0548
2,63
0,219
10,5
0,876
42,0
8
0,00945
0,406
0,0473
2,03
0,189
8,12
0,756
32,5
10
0,00845
0,332
0,0423
1,66
0,169
6,63
0,676
26,5
12
0,00770
0,272
0,0385
1,36
0,154
5,44
0,616
21,8
14
0,00725
0,234
0,0363
1,17
0,145
4,68
0,580
18,7
16
0,00690
0,208
0,0345
1,04
0,138
4,16
0,552
16,6
18
0,00670
0,163
0,0335
0,815
0,134
3,26
0,536
13,0
20
0,00660
0,177
0,0330
0,883
0,132
3,53
0,528
14,1
Os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde para frequências entre 100 kHz a 6 GHz para a SAR média relativa a todo o corpo: 0,4 Wkg-1 e para a média da SAR
localizada na cabeça e tronco calculada em 10 g de tecido contíguo: 10 Wkg-1.
10.4.Como é utilizada a aplicação
O equipamento é automático e controlado remotamente pelos operadores. A estação
de base de telemóveis vai ajustar a sua potência de saída de acordo com o tráfego
de chamadas efetuado, sujeito a um máximo definido nas condições de licenciamento
do espetro. Isto dificulta ao proprietário a previsão da potência de saída numa altura
específica. As frequências de saída encontram-se também definidas nas condições
de licenciamento do espetro.
As modificações na instalação e os trabalhos ocasionais de manutenção são efetuados
por trabalhadores subcontratados designados pelos operadores
10.5.Abordagem para a avaliação da exposição
Uma avaliação da exposição teórica e pormenorizada implicaria informações sobre
diversos fatores, incluindo o tipo de antena, as características da emissão (por exemplo,
frequência, potência radiada, parâmetros do sinal, ciclo de funcionamento, número
de canais transmitidos), a posição do trabalhador no campo de radiação, a duração
da exposição, e os contributos de outras fontes.
Seria também possível efetuar medições de exposições no telhado, apesar
de tal requerer os serviços de um consultor especializado que utilize instrumentos
especializados. O proprietário sabia que seria possível alugar ou comprar
10. Antenas de telhado
um instrumento de baixo custo na Internet, mas este não daria uma leitura fiável
e poderia ser sensível a outros sinais que não os relevantes. O proprietário sabia
igualmente que recorrer aos serviços de um consultor seria dispendioso e apenas
forneceria um retrato da situação de exposição no momento das medições.
Em vez disso, o senhorio efetuou uma inspeção visual básica do telhado para identificar
as antenas e os respetivos operadores e identificou-as numa planta do telhado. Em
seguida, os operadores foram contactados e foi-lhes pedido que visitassem o local
para identificar as suas antenas e fornecer as informações de segurança relacionadas.
O proprietário analisou também o livro de registo de visitas para verificar quem teve
acesso ao telhado e tentou determinar, pela natureza do trabalho, o local em que
tinham estado a trabalhar. Utilizando estas informações, foram identificados locais
nos quais podia ser possível os trabalhadores acederem a zonas de campos perigosos
ou zonas de exclusão (figura 10.4). Uma boa prática é os trabalhadores não se
aproximarem das antenas de radiação ficando potencialmente expostos acima dos
níveis de ação (NA), e não deveriam certamente poder tocar em antenas de radiação.
Figura 10.4 ― Desenho que mostra a extensão das zonas de exclusão
no telhado
10.6.Resultados da avaliação da exposição
Em resultado da inspeção visual e do contacto com as operadoras, o proprietário
elaborou um dossier com as informações de segurança relevantes, que foi
subsequentemente disponibilizado a pessoas que efetuassem trabalhos no telhado.
Este incluía um inventário pormenorizado das antenas com as seguintes informações:
tipo de antena (por exemplo, antena de setor, antena parabólica, dipolo dobrado),
operador, local, (posição, altura, direção), parâmetros de funcionamento, extensão
de qualquer zona de exclusão, data de instalação (quadro 10.2)
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126
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
Quadro 10.2 ― Inventário das antenas de telhado montadas
pelo proprietário
Tipo de
antena
Operador
Localização no
telhado
Parâmetros de
funcionamento
Zona de
exclusão
Data de
instalação
Antenas do
setor das
telecomunicações
móveis
(6 desligadas)
Vodafone
Torre triangular no
telhado da casa das
máquinas do elevador
a um nível de 6 m
0°, 120°, 240°
Frequência
2110-2170 MHz
Potência de 56 dBm por
sinal
Largura de feixe de 85°
Ganho de 17 dBi
2,5 m para a
frente
0,25 m para
trás
0,3 m acima e
abaixo
Junho de 2006
antena parabólica
de 0,3 m
Vodafone
Poste de montagem
no telhado de casa
das máquinas do
elevador
a um nível de 5,5 m
220°
Frequência de 26 GHz
Potência de 3 mW
Largura de feixe de 1°
Ganho de 44,5 dBm
Nenhuma
Junho de 2006
Dipolo dobrado
Pager Telecom
Próximo de zonas de
passagem na entrada
no telhado
A uma altura de 2 m
Frequência de
138 MHz
Potência de 100 W
Não direcional
Ganho de 2,15 dBi
2,5 m em
redor da
antena
Desconhecido
10.7. Avaliação dos riscos
O proprietário estava ciente da necessidade de avaliar todos os riscos para os
trabalhadores que acedessem ao telhado (estes podiam incluir riscos genéricos como
escorregar, tropeçar e cair, fumos de chaminés, chaminés e respiradouros, bem como
campos eletromagnéticos). A metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa
em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no
Trabalho) foi utilizada para estruturar o processo e, na preparação para a avaliação,
foram identificadas todas as informações disponíveis a partir do operador ou do
fabricante de cada antena. Informações quantitativas sobre a intensidade do campo
elétrico da antena e diagramas esquemáticos em que é mostrada a extensão das zonas
de exclusão permitiram ao proprietário realizar uma avaliação do nível de risco. Sempre
o campo acessível ultrapassava os NA era necessário conceber e implementar um
plano de ação para lidar com os riscos.
Um exemplo de uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos
é mostrado no quadro 10.3.
10. Antenas de telhado
Efeitos diretos
dos campos de
radiofrequência
Porta no telhado
fechada e controlada
por chave
Limpa-vidros
✓
✓
Baixa
✓
✓
Baixa
Deslocar
a antena
do sistema
de paging
(dipolo
dobrado)
para longe
do passadiço
Avisos de alerta
e de proibição
Empreiteiros
de telhados
Antenas de setor
montadas na parte
superior da casa
das máquinas
do elevador e
zonas de exclusão
associadas
inacessíveis
Técnicos de ar
condicionado
✓
✓
Baixa
Escada que
dá acesso ao
telhado da casa
das máquinas do
elevador bloqueada
Inspetores
de seguros
✓
✓
Baixa
Antenas
parabólicas
montadas no cimo
de polos e vigas
inacessíveis
Instaladores
de antenas
✓
✓
Baixa
Provável
Novas
medidas
de
prevenção
e de
precaução
Possível
Avaliação
dos riscos
Montar
um travão
mecânico
de modo
a garantir
que o andaime
suspenso
utilizado
na limpeza
de janelas
não possa
ser subido
à frente
das antenas
de setor
Elaborar um
procedimento
de segurança
escrito que
todos os
trabalhadores
têm de ler
(e assinar)
antes de serem
autorizados
a aceder
ao telhado
Trabalhadores
particularmente
expostos
(trabalhadoras
grávidas)
Ver supra
Probabilidade
Improvável
Pessoas
em risco
Mortal
Medidas de
prevenção e
de precaução
existentes
Grave
Perigos
Efeitos indiretos
dos campos de
radiofrequência
(interferência
em
equipamentos
médicos
eletrónicos)
Gravidade
Ligeiro
Quadro 10.3 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para antenas de telhado
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
✓
✓
Baixa
Baixa
Ver supra.
Alerta para os
portadores de
equipamento
médico
eletrónico num
procedimento
de segurança
escrito
127
128
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
10.8.Precauções já em vigor
A inspeção visual do telhado levada a cabo pelo proprietário revelou o seguinte:
• a porta que dá acesso ao telhado estava fechada e a chave era controlada pelo
responsável pela segurança do edifício. Um aviso de alerta da presença de antenas
de radiofrequência foi afixado no interior da porta [figura 10.5a)];
• as antenas do setor das telecomunicações móveis foram montadas na parte superior
da casa das máquinas do elevador e as respetivas zonas de exclusão ficaram
inacessíveis. Foram fixados avisos de alerta nos postes de montagem [figura 10.5b)]
e nos caixilhos das antenas [figura 10.5c)];
• a escada que dá acesso ao telhado da casa das máquinas do elevador foi bloqueada
e foi dado um aviso [figura 10.5d)];
• as antenas parabólicas foram montadas no topo dos postes e os seus feixes ficaram
inacessíveis. (Em qualquer caso, o proprietário dispõe de provas escritas do operador
de que não existem zonas de exclusão.)
Figura 10.5 ― Avisos de alerta
a) na porta do telhado
CAUTION
RADIO TRANSMITTERS OPERATING
PLEASE OBEY ALL
FURTHER SIGNAGE
FOR FURTHER ASSISTANCE PHONE
01635 676350
Site
b) no poste de montagem da antena
c) no caixilho da antena
RADIO
FREQUENCIES
RF
ANTENNA
DO NOT PROCEED
BEYOND THIS POINT
KEEP AWAY
FROM
ANTENNA
Site No.
FOR FURTHER INFORMATION, CONTACT: 01635 676350
Vodafone Part No 800333
d) na escada para
o telhado da casa
das máquinas
Contact 01635 676350
has ( ) cells (CSRs) on this site
01753 564633
xxxx xxxxxx
Site
xxxx xxxxxx
Site
10.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação
O proprietário não ficou satisfeito com alguns aspetos do modo como as instalações
no telhado estavam a ser geridas e decidiu implementar medidas de precaução
adicionais, incluindo:
• exigir ao operador de um sistema de paging que deslocasse a respetiva antena dipolo
dobrada para longe do passadiço [figura 10.6a)] e que nela afixasse um aviso
de alerta [figura 10.6b)];
• montar de um travão mecânico de modo a garantir que andaime suspenso
para a limpeza de janelas não pudesse ser subido à frente das antenas de setor
[figura 10.6c)]
• elaborar de um procedimento de segurança escrito que todos os trabalhadores têm
de ler (e assinar) antes de serem autorizados a aceder ao telhado. Isto inclui planos
de emergência para acidentes e incidentes razoavelmente previsíveis.
11. Antenas de telhado
Figura 10.6
a) antena de paging demasiado próxima do
passadiço
b) o novo aviso de alerta
c) o andaime suspenso para a
limpeza de vidros já não pode
subir em frente às antenas
129
130
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de
casos
11.Walkie-talkies
11.1.Local de trabalho
Este estudo de caso refere-se a uma pequena empresa de construção cujos
trabalhadores se encontram em estaleiros de construção. O encarregado do estaleiro
tinha ouvido falar da nova Diretiva «Campos eletromagnéticos» e estava preocupado
quanto ao facto de os trabalhadores terem de tomar precauções quando utilizam
walkie-talkies.
11.2.Natureza do trabalho
Os trabalhadores comunicam entre si utilizando walkie-talkies que funcionam utilizando
o serviço não licenciado de PMR (Private Mobile Radio) 446 (figura 11.1). Os dispositivos
estão disponíveis para utilização por parte de todos os trabalhadores no estaleiro.
Figura 11.1 ― Trabalhador no estaleiro a utilizar um walkie-talkie
Depois de ver as instruções do fabricante, o encarregado estabeleceu que os
dispositivos portáteis funcionam a cerca de 446 MHz. Porém, não havia informações
nas instruções ou na declaração de conformidade CE (figura 11.2) sobre a potência
aparente radiada (PAR) ou sobre métodos adequados de utilização.
Após consultar a Internet, o encarregado encontrou informações do regulador do serviço
que indicavam que «O equipamento de rádio PMR 446 deve ser portátil, possuir uma
antena integral, ter um máximo de potência aparente radiada de 500 mV e estar em
conformidade com a norma ETS 300 296».
11. Walkie-talkies
Figura 11.2 ― Declaração de conformidade CE fornecida com o dispositivo
EC Declaration of Conformity
We the manufacturer / Importer
Declare under our sole responsibility that the following product
Type of equipment:
Private Mobile Radio
Model Name:
Country of Origin:
Brand:
complies with the essential protection requirements of R&TTE
Directive 1999/5/EC on the approximation of the laws of the
Council Directive 2004/108/EC on the approximation of the laws
of the Member States relating to electromagnetic compatibility
(EMC) and the European Community Directive 2006/95/EC
relating to Electrical Safety.
Assessment of compliance of the product with the requirements
relating to the essential requirements according to Article 3 R&TTE
was based on Annex III of the Directive 1999/105/EC and the
following standards:
EMC&RF:
EN 301-489-5 V1.3.1:(2002-08)
EN 301-489-1 V1.8.1:(2008-04)
EN 300-296-1 V1.1.1:(2001-03)
EN 300-296-2 V1.1.1:(2001-03)
EN 300-341-1 V1.3.1(200012)
EN 300-341-2 V1.1.1(200012)
Electrical Safety:
EN 60950-1:2006
Waste electrical products must not be
disposed of with household waste.
This equipment should be taken to
your local recycling centre for safe
treatment.
The product is labelled with the European Approval Marking CE as
show. Any Unauthorized modification of the product voids this
Declaration.
Manufacturer / Importer
(signature of authorized person)
Signature: (
Signature:
)
London,
Place & Date: 8th Aug, 2010
131
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos
132
11.3.Como é utilizada a aplicação
Não foi dada qualquer formação aos trabalhadores sobre a utilização do equipamento.
O encarregado conduziu uma inspeção informal da posição de utilização, que detetou
que os walkie-talkies eram segurados à frente ou ao lado da cara. De igual forma,
as comunicações entre os trabalhadores foram relatadas como sendo curtas
e de um modo geral não superiores a algumas dezenas de segundos por transmissão.
11.4.Abordagem para a avaliação da exposição
Ao avaliar a exposição resultante de transmissores situados junto ao corpo,
o cumprimento dos VLE tem de ser determinado por modelização informática.
Idealmente, isto deve ser feito pelo fabricante. No entanto, se estes dados não
estiverem disponíveis, então pode ser efetuada uma avaliação por meio de referência
a informações publicadas sobre dispositivo similares. (Importa igualmente verificar no
quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia se o equipamento é considerado como
cumprindo a priori a Diretiva «Campos eletromagnéticos»)
11.5.Resultados da avaliação da exposição
Após ter telefonado a alguns organismos governamentais, o encarregado foi informado
de dados publicados relativos a modelização informática efetuada para um dispositivo
similar que funciona a frequências similares (Dimbylow et al). Estas revelaram que
o valor máximo da taxa de absorção específica de energia (SAR) num tecido contíguo
de 10 g é de 3,9 Wkg-1 por watt de potência de saída, para qualquer possível posição
de funcionamento junto à face.
Para efeitos de avaliação em relação aos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde para
a exposição localizada na cabeça nesta frequência (10 Wkg-1) a média da exposição
deve ser calculada a intervalos de 6 minutos. Uma vez que ocorrem conversas em dois
sentidos, o encarregado presumiu um ciclo de funcionamento de transmissão máximo
de 50%. A partir dos dados de modelização, o encarregado pôde concluir que para
ultrapassar os VLE seria necessário um dispositivo com uma potência aparente radiada
superior a 5 W.
Não estavam disponíveis informações dos fabricantes sobre a potência aparente
radiada dos walkie-talkies, mas o regulador tinha já especificado que os dispositivos
não deviam ultrapassar uma potência de saída de 0,5 W. Por conseguinte, o
encarregado pôde concluir que a exposição resultante dos dispositivos não ultrapassaria
os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde da Diretiva «Campos eletromagnéticos».
11.6.Avaliação dos riscos
Os resultados da avaliação da exposição indicam que a utilização dos walkie-talkies
não ultrapassará os relevantes VLE aplicáveis aos efeitos na saúde da Diretiva
«Campos eletromagnéticos». No entanto, existe a possibilidade de poder haver
interferência em dispositivos médicos implantados em ou utilizados por trabalhadores.
Quaisquer trabalhadores com dispositivos médicos devem ser sujeitos a uma avaliação
individual dos riscos sempre que possam ser identificadas e implementadas quaisquer
precauções recomendadas pelo seu médico.
12. Walkie-talkies
11.7.Precauções já em vigor
Não existiam quaisquer precauções.
11.8.Precauções adicionais em resultado da avaliação
O encarregado decidiu aplicar algumas medidas simples:
• os trabalhadores participaram numa conversa acerca de um assunto específico
relativo à saúde e à segurança (toolbox talk) que incluiu instruções sobre quando
e como utilizar os walkie-talkies, bem como as posições recomendadas para segurar
o dispositivo;
• foi pedido aos trabalhadores existentes que comunicassem caso estivessem
particularmente expostos, nomeadamente por possuírem um estimulador cardíaco;
• todos os novos trabalhadores são agora rastreados para verificar se estão
particularmente expostos.
133
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos
134
12.Aeroportos
As fontes de campos eletromagnéticos deste estudo de caso incluem os seguintes
elementos:
• radar de vigilância de aeroporto;
• radiofarol não direcional;
• equipamento de medição de distâncias.
12.1.Local de trabalho
O radar, o radiofarol não direcional (NDB) e o equipamento de medição de distâncias
(DME) eram usados em aeroportos internacionais de aeronaves de passageiros
e de carga. Os locais de trabalho relevantes no aeroporto foram os seguintes:
• a cabina de equipamentos de radar, que alojava o gerador de radiofrequência (RF);
• a torre de aço em treliça na qual a antena do radar estava montada;
• a torre de controlo do tráfego aéreo;
• a cabina de equipamento NDB, que alojava o gerador de RF;
• o recinto no qual a antena do NDB estava localizada;
• o quartel de bombeiros do aeroporto, que estava situado perto do NDB;
• a cabina de DME, que alojava o gerador de RF;
• a área circundante à cabina de DME, na qual estava montada a antena.
12.2.Natureza do trabalho
12.2.1.Radar
A maioria do trabalho efetuada no radar era realizada por engenheiros de tráfego
aéreo na cabina de equipamento. Ocasionalmente, estes trabalhadores necessitavam
também de realizar trabalhos na antena. Outros trabalhadores da torre de controlo
do tráfego aéreo do aeroporto, que ficava a uma distância de cerca de 80 m do radar
e tinha uma altura similar, poderiam também ter sido expostos a radiação de RF
da antena e tinham manifestado algumas preocupações em relação a este facto.
12.2.2.Radiofarol não direcional
A maioria do trabalho efetuada no radiofarol não direcional (NDB) era realizada por
engenheiros na cabina de equipamento. Ocasionalmente, estes trabalhadores tinham
também de entrar no recinto do NDB para regular o NDB de modo a garantir que
este cumpria as especificações corretas a nível de potência de saída; este ajuste era
efetuado numa cabina situada a poucos metros da antena. A proximidade do NDB
12. Aeroportos
ao quartel de bombeiros do aeroporto era também um motivo de preocupação para
os bombeiros do aeroporto.
12.2.3.Equipamento de medição de distâncias
A maioria do trabalho efetuada no DME era realizada por engenheiros na cabina
de equipamento. Estes trabalhadores raramente tinham de trabalhar na antena
propriamente dita, mas outros trabalhadores do aeroporto tinham manifestado alguma
preocupação em relação ao facto de a antena estar apenas 2,5 m acima do nível
do solo sem qualquer restrição de acesso.
12.3.Informações sobre o equipamento gerador
de campos eletromagnéticos
12.3.1.Radar
O radar é composto por um gerador de RF, que produz impulsos de radiação de RF,
e por uma antena rotativa. O gerador de RF foi instalado numa cabina de equipamento
e a antena foi montada no topo de uma torre de aço em treliça. O sinal do gerador de
RF era transmitido para a antena por uma guia de onda retangular. Um exemplo de um
radar de vigilância aeroportuária é mostrado na figura 12.1 e as especificações técnicas
do radar são mostradas no quadro 12.1.
Figura 12.1 ― Exemplo de um radar de vigilância aeroportuária
Quadro 12.1 ― Especificações técnicas do radar de vigilância do aeroporto
Parâmetro de funcionamento
Valor
Frequência de transmissão nominal
3 GHz
Potência de saída nominal máxima
480 a 580 kW
Potência de saída nominal média
430 W
Duração do impulso
0,75 a 0,9 µs
Frequência de repetição de impulso
995 Hz
Velocidade de rotação da antena
15 rpm
135
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos
136
12.3.2.Radiofarol não direcional
O radiofarol não direcional (NDB) era composto por um gerador de RF, que produz um
sinal de RF de amplitude modelada de 343 kHz com uma potência máxima de 100 W,
e por um transmissor auto-suficiente com a forma de um mastro em treliça com 15 m
de altura. A antena foi instalada num recinto, que continha também uma cabina na qual
estava alojado o equipamento de regulação. O gerador de RF foi instalado numa cabina
de equipamento fora do recinto da antena.
12.3.3.Equipamento de medição de distâncias
O DME era composto por um gerador de RF e uma antena, que estava montada
na cabina de equipamento. O DME transmite impulsos de radiação de RF em resposta
a sinais recebidos de uma aeronave que se aproxima do aeroporto. Os sinais de RF
são transmitidos numa gama de frequências de 978 a 1213 MHz, com um
comprimento de impulso de 3,5 µs. O intervalo entre impulsos é de 12 s a 36 µs.
12.4.Como são utilizadas as aplicações
O radar, o NDB e o DME são automáticos e comandados à distância. As modificações
no equipamento e o trabalho de manutenção ocasional são realizados por engenheiros,
que podem ocasionalmente ter de aceder às antenas. Em cada caso, o gerador de RF
é desligado quando seja necessário ter acesso à antena.
12.5.Abordagem para a avaliação da exposição
As medições de exposição foram efetuadas por um consultor especializado com
instrumentos especializados (uma antena recetora de corneta corrugada ligada a um
analisador de espetro para fornecer uma avaliação detalhada da exposição resultante
do sinal do radar pulsado em locais específicos e uma sonda de perigo de RF de três
eixos). As medições foram efetuadas em locais acessíveis aos trabalhadores com o
equipamento em transmissão.
12.5.1.Radar
Devido à natureza da transmissão do sinal do radar (o sinal de RF é composto por
impulsos curtos e a antena roda), a exposição num local não é contínua e, por isso, foi
necessário efetuar uma avaliação detalhada da exposição em termos de duas grandezas:
• densidade de potência máxima, que é uma medida da exposição que um trabalhador
pode receber de cada impulso individual do sinal de RF;
• densidade de potência média, que é calculada a partir da densidade de potência
máxima e é uma medida da exposição média calculada a intervalos de vários
minutos, tendo em conta a natureza de impulsos do sinal do radar e o período
de rotação da antena.
As medições da densidade de potência foram efetuadas em quatro locais na torre
de controlo do tráfego aéreo utilizando a antena de corneta corrugada e um analisador
de espetro.
Foram também efetuadas medições da intensidade do campo elétrico em vários locais
utilizando a sonda de perigo de RF.
Foram efetuadas medições na cabina de equipamento, na torre da antena, perto da guia
de onda (tendo em atenção as flanges de ligação e quaisquer secções da guia de onda
flexível (figura 12.2), na torre de controlo de tráfego aéreo, e noutras zonas à volta do radar
acessíveis aos trabalhadores, incluindo àqueles que estavam particularmente expostos.
12. Aeroportos
Figura 12.2 ― Medições à volta de uma guia de onda flexível numa cabina
de equipamento do radar
Cabina de
gerador de RF
Antena de
corneta corrugada
Guia de
onda flexível
Sonda
de perigos
de três eixos
137
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos
138
12.5.2.Radiofarol não direcional
As medições da intensidade do campo elétrico foram efetuadas utilizando a sonda de
perigo de RF em locais acessíveis aos trabalhadores à volta do radiofarol não direcional
(NDB), prestando particular atenção às zonas ocupadas por engenheiros de tráfego
aéreo e aos bombeiros do aeroporto.
12.5.3.Equipamento de medição de distâncias
As medições da intensidade do campo elétrico foram efetuadas utilizando a sonda de
perigo de RF no interior da cabina de equipamento e no ponto de acesso mais próximo
da antena no exterior da cabina, o que representava um trabalhador que tenta chegar
à antena com a sua mão enquanto está ao nível do solo.
12.6.Resultados da avaliação da exposição
Os resultados das medições foram comparados com os níveis de ação (NA) pertinentes
e as conclusões relevantes da avaliação da exposição são apresentadas nos
quadros 12.2, 12.3 e 12.4. Ao avaliar a exposição de trabalhadores particularmente
expostos, a comparação foi efetuada em relação aos níveis de referência indicados na
Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 deste guia).
Quadro 12.2 ― Resumo dos resultados da avaliação da exposição ao radar
Fração de exposição (%)
Localização
Grandeza medida
Cobertura de torre de
controlo de tráfego aéreo
Densidade de potência
máxima
33 000 Wm-2
Densidade de potência
média
Intensidade máxima do
campo elétrico (Vm-1)
Cabina de equipamento
a 10 cm da guia de onda
flexível fora da cabina
do equipamento
Posição do torso no
acesso mais próximo à
antena na torre da antena
Resultado
Nível de ação
pertinente (1), (2)
Nível de
referência
1999/519/CE (3)
66%
330%
0,012 Wm-2
0,024%
0,12%
< 0,1 Vm-1
< 0,1%
< 0,2%
29 Vm-1
21%
48%
31 Vm-1
22%
51%
(1) Verificou-se que não foram fornecidos nenhuns níveis de ação pela Diretiva «Campos eletromagnéticos» no que se refere à densidade de potência de
radiação de RF a frequências inferiores a 6 GHz, o que tem particular importância para os sinais de RF pulsados e, por conseguinte, em conformidade com o
considerando 15 da Diretiva «Campos eletromagnéticos», o consultor baseou-se nas orientações fornecidas pela Comissão Internacional para a Proteção contra
Radiação Não Ionizante (ICNIRP) para a avaliação da exposição a radiação de RF pulsada a partir do radar, da seguinte forma:
300 GHz: Nível de referência em contexto profissional relativo à densidade de potência máxima para radiação de RF constituída por impulsos para frequências
entre 2 e 300 GHz: 50 000 Wm-2.
Nível de referência em contexto profissional para a densidade de potência média para frequências entre 2 e 300 GHz: 50 Wm-2.
(2) Nível de ação da intensidade do campo elétrico para frequências entre 2 kHz e 6 MHz: 140 Vm-1
(3) Níveis de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE):
Densidade de potência máxima para radiação pulsada de RF na gama de frequências de 2 e 300 GHz: 10000 Wm-2;
Densidade de potência média para frequências entre 2 e 300 GHz: 10 Wm-2;
Intensidade do campo elétrico para frequências entre 2 kHz e 300 MHz: 61 Vm-1.
N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia)
os resultados foram comparados diretamente com o NA/NR.
12. Aeroportos
Quadro 12.3 ― Resumo dos resultados da avaliação da exposição ao NDB
Fração de exposição (%)
Localização
Intensidade máxima
do campo elétrico
(Vm-1)
Nível de ação
baixo (1)
Nível de
referência
1999/519/CE (3)
Nível de ação
alto (2)
Cabina de equipamento
100
59%
17%
120%
Sala do esquadrão de
bombeiros
< 0,1
< 0,1%
< 0,1%
< 0,2%
Vedação de delimitação
do recinto do NDB
270
160%
45%
310%
(1) Nível de ação baixo da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 170 Vm-1
(2) Nível de ação alto da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 610 Vm-1
(3) Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para intensidade do campo elétrico para frequências entre 150 kHz e 1 MHz: 87 Vm-1
N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±2.7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os
resultados foram comparados diretamente com os NA/NR.
Quadro 12.4. ― Resumo dos resultados da avaliação da exposição ao DME
Fração de exposição (%)
Localização
Cabina de equipamento
2,5 m acima do solo, a 0,6 m da
antena
Intensidade máxima do
campo elétrico (Vm-1)
Nível de ação (1)
Nível de referência
1999/519/CE (2)
< 0,1
< 0,2%
< 0,3%
14
15%
33%
(1) N
ível de ação da intensidade do campo elétrico mais restritivo para a gama de frequências das transmissões de equipamentos de medição de distâncias de
978 a 1213 MHz: 94 Vm-1
(2) Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) mais restritivo no que se refere intensidade do campo elétrico, para frequências no
intervalo das transmissões de equipamentos de medição de distâncias de 978 a 1213 MHz: 43 Vm-1
N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ± 2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia)
os resultados foram comparados diretamente com o NA/NR.
12.6.1.Radar
Os resultados da avaliação da exposição indicaram que a exposição a radiação
de RF do radar era inferior aos NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos». No entanto,
a avaliação destacou algumas zonas na quais os níveis de referência indicados
pela Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram ultrapassados, apesar
de não ser muito provável essas zonas serem ocupadas por trabalhadores
particularmente expostos.
12.6.2.Radiofarol não direcional (NDB)
Os resultados da avaliação da exposição indicaram que a exposição a radiação
de RF do NDB era superior ao NA baixo para um campo elétrico (figura 12.3) e superior
aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE)
nas áreas exteriores à vedação em torno do NDB. Estas zonas podiam ser ocupadas
por trabalhadores, incluindo os particularmente expostos.
139
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos
140
Figura 12.3 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais os
níveis de ação eram passíveis de ser ultrapassados à volta do radiofarol
não direcional
12.6.3.Equipamento de medição de distâncias
Os resultados da avaliação da exposição indicaram que a exposição a radiação
de RF do DME era inferior ao NA e inferior aos níveis de referência indicados
na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) em todas as áreas acessíveis à volta
do DME.
12.7.Avaliação dos riscos
O operador aeroportuário efetuou avaliações dos riscos do radar, do NDB e do DME
com base na avaliação dos riscos efetuada pelo consultor. Esta foi compatível com
a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos
riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). A avaliação dos
riscos concluiu que:
• os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo
decorrente do radar no telhado da torre de controlo de tráfego aéreo;
• os trabalhadores, incluindo os particularmente expostos, tinham acesso ilimitado a
zonas à volta do NDB nas quais o NA baixo de efeitos sensoriais foi ultrapassado
porque a vedação de delimitação tinha sido instalada demasiado próxima
do transmissor;
• era muito pouco provável que houvesse perigo para os trabalhadores em relação
ao DME.
O operador aeroportuário desenvolveu um plano de ação a partir da avaliação
dos riscos e este foi documentado.
Os quadros 12.5, 12.6 e 12.7 mostram exemplos das avaliações dos riscos específicos
dos campos eletromagnéticos para o radar, para o NDB e para o DME.
12. Aeroportos
Técnicos
✓
Dispositivos de
bloqueio da cabina
do gerador de RF
Trabalhadores
de aeroporto
✓
✓
✓
Trabalhadores
particularmente
expostos
(incluindo as
trabalhadoras
grávidas)
✓
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
Provável
Restrição física de
acesso à torre da
antena com o radar
em funcionamento
Possível
Efeitos
diretos de
radiofrequência
É necessário um
procedimento
simples para
garantir que o
gerador de RF é
desligado quando
seja necessário
o acesso à torre
antena
Probabilidade
Improvável
Pessoas em
risco
Mortal
Medidas de
prevenção e
de precaução
existentes
Grave
Perigos
Um mecanismo
de segurança
para garantir que
o gerador de RF
é desligado se o
radar parar de
rodar
Gravidade
Ligeiro
Quadro 12.5 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para radares de vigilância de aeroporto
Avaliação
dos
riscos
Novas
medidas de
prevenção
e de
precaução
Baixa
Restrição física
de acesso ao
telhado da torre
de controlo
de tráfego
aéreo, podendo
entrar apenas
trabalhadores
autorizados
Baixa
✓
Baixa
Exibição de
avisos de alerta
adequados
do perigo de
radiofrequência
na porta do
telhado da torre
de controlo de
tráfego aéreo
Fornecer avisos
específicos na
informação
relativa
à segurança
do local
São mostrados
avisos de alerta
do perigo de
radiofrequência nas
portas de acesso
ao recinto da
antena e do radar
Formação dos
trabalhadores
Efeitos
indiretos de
radiofrequência
(interferência
em implantes
médicos)
O portão de acesso
ao recinto do radar
está bloqueado
e o acesso é
restringido apenas
a trabalhadores
autorizados
Avisos de alerta
à volta do recinto
do radar
Solicitar a todos
os trabalhadores
que informem
o operador do
aeroporto se forem
portadores de
implantes médicos
✓
Baixa
Ver supra
141
Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos
142
Efeitos diretos de
radiofrequência
Impedimento
físico de acesso
ao recinto do
transmissor por
pessoas não
autorizadas
Técnicos
✓
Um
procedimento
simples para
garantir que
o transmissor
é desligado
quando seja
exigida uma
curta distância
à antena
Trabalhadores
de aeroporto
✓
Apenas avisos
de alerta de
risco de choque
elétrico
Trabalhadores
particularmente
expostos
(incluindo as
trabalhadoras
grávidas)
Avaliação
dos
riscos
Novas
medidas de
prevenção e
de precaução
✓
Baixa
✓
Baixa
Reposicionar
a vedação de
delimitação para
abarcar toda a
zona na qual a
intensidade do
campo elétrico
ultrapassa o nível
de ação baixo
Provável
Pessoas
em risco
Possível
Probabilidade
Improvável
Medidas de
prevenção
e de
precaução
existentes
Mortal
Perigos
Grave
Gravidade
Ligeiro
Quadro 12.6 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para radiofarol não direcional
Fornecer avisos
específicos na
informação
relativa à
segurança do local
✓
✓
Baixa
Exibir avisos de
alerta adequados
do perigo de
radiofrequência
em pontos de
acesso ao recinto
do NDB
Elaborar um
procedimento para
a regulação do
NDB
Fornecer formação
de sensibilização
sobre segurança
em matéria de RF
aos engenheiros
que realizam a
regulação do sinal
do NDB
Efeitos
indiretos de
radiofrequência
(interferência
em implantes
médicos)
Apenas avisos
de alerta de
risco de choque
elétrico
Solicitar a todos
os trabalhadores
que informem
o operador
do aeroporto
se forem
portadores
de implantes
médicos
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
✓
Médio
Ver supra
12. Aeroportos
Quadro 12.7 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos
eletromagnéticos para equipamento de medição de distâncias
Efeitos
indiretos de
radiofrequência
(interferência
em implantes
médicos)
Solicitar a todos
os trabalhadores
que informem
o operador do
aeroporto se
forem portadores
de implantes
médicos
Avaliação
dos riscos
Novas
medidas
de
prevenção
e de
precaução
Nenhuma
Provável
Técnicos
Possível
Um procedimento
simples para
garantir que o
transmissor é
desligado quando
seja exigida uma
curta distância à
antena
Probabilidade
Improvável
Efeitos diretos de
radiofrequência
Gravidade
Mortal
Pessoas
em risco
Grave
Medidas de
prevenção e
de precaução
existentes
Ligeiro
Perigos
✓
✓
Baixa
Trabalhadores
particularmente
expostos
(incluindo as
trabalhadoras
grávidas)
✓
✓
Baixa
Workers at
particular risk
(including
pregnant
workers)
✓
✓
Baixa
✓
Baixa
Trabalhadores
de aeroporto
Trabalhadores
particularmente
expostos
✓
12.8.Precauções já em vigor
12.8.1.Radar
Foram associadas diversas medidas de proteção e de prevenção ao radar, incluindo:
• a cabina de equipamento e a torre da antena estavam dentro de um recinto rodeado
por uma vedação de segurança do perímetro;
• a porta que dá acesso à cabina de equipamento e o portão do recinto estavam
fechados quando não estava lá ninguém, e o acesso às chaves estava limitado
apenas a trabalhadores autorizados;
• a escada de acesso à torra da antena estava trancada atrás de um portão separado
dentro do recinto;
• foram afixados avisos de alerta (figura 12.4) no portão do recinto do radar e no portão
da escada de acesso à torre da antena;
• dispositivos de bloqueio da cabina do gerador de RF na cabina de equipamento;
• um procedimento simples para garantir que o gerador de RF é desligado quando seja
necessário acesso próximo à torre da antena;
Nenhuma
143
• um mecanismo de segurança para garantir que o gerador de RF é desligado
se o radar parar de rodar;
• foi solicitado a todos os trabalhadores do aeroporto que informassem o operador
do aeroporto caso fossem portadores de implantes médicos.
Figura 12.4. ― Avisos de alerta no portão do recinto do radar (esquerda)
e no portão da torre da antena (direita)
12.8.2.Radiofarol não direcional
Antes da avaliação da exposição realizada pelo consultor, havia muito poucas medidas
de proteção e de prevenção. Estas limitavam-se a:
• vedação de delimitação à volta do transmissor;
• avisos de alerta do risco de choque elétrico afixados na vedação que rodeava
o radiofarol não direcional (NDB);
• um procedimento simples para garantir que o gerador de RF é desligado quando seja
necessário acesso próximo à torre da antena;
• foi solicitado a todos os trabalhadores do aeroporto que informassem o operador
do aeroporto caso fossem portadores de implantes médicos.
12.8.3.Equipamento de medição de distâncias
Antes da exposição estava já implementado um procedimento simples para garantir
que o gerador de RF era desligado quando fosse necessária uma curta distância
à antena.
12.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação
12.9.1.Radar
As medidas de proteção e de prevenção existentes garantiam que as exposições dos
trabalhadores aeroportuários eram geralmente inferiores aos NA relevantes e aos níveis
de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) nas zonas em
relação às quais as medições foram efetuadas. A única exceção foi o telhado da torre
de controlo de tráfego aéreo, em que os trabalhadores particularmente expostos podem
estar sujeitos a um perigo da exposição a radiação de RF emitida pelo radar, apesar de
ser considerado pouco provável esses trabalhadores terem de aceder a essa zona.
Na sequência da avaliação da exposição, o operador aeroportuário implementou
algumas recomendações menores mediante parecer do consultor:
• foram afixados avisos de alerta, com o pictograma da antena de radiação e a menção
«Perigo: Radiação Não Ionizante», na porta que dá acesso ao telhado da torre
de controlo de tráfego aéreo;
• os trabalhadores do aeroporto foram recordados da importância de informar
o operador do aeroporto caso sejam portadores de um implante médico;
• alertas especificamente relacionados com os perigos de radiação não ionizante
associados ao radar foram integrados nas informações de segurança do local.
Apesar de não implementada neste caso, vale a pena sublinhar que uma medida de
proteção adicional conhecida por «supressão de setores», em que a transmissão por
radar é operada a potência reduzida numa região rotacional pré-determinada, poderia
ser considerada se uma avaliação da exposição identificar um risco significativo de
exposição a radiação de RF proveniente de um radar. Isso implicaria a programação
do radar para reduzir ou desligar a potência da radiação de RF durante o período da
sua rotação durante o qual a antena está direcionada para a zona relevante. Porém,
a utilização da supressão de setores tem de ser avaliada muito cuidadosamente e as
suas vantagens têm de ser ponderadas em relação a quaisquer riscos associados com
a falta de dados de vigilância que resultariam do facto de o radar estar a transmitir
a uma potência reduzida.
12.9.2.Radiofarol não direcional
As medidas de proteção e de prevenção existentes foram consideradas insuficientes,
e foram implementadas diversas novas medidas.
Na sequência da avaliação da exposição, o operador aeroportuário implementou
diversas recomendações mediante parecer do consultor:
• a vedação de delimitação em redor do radiofarol não direcional (NDB) foi afastada
do transmissor, de modo a abarcar a zona na qual a intensidade do campo elétrico
ultrapassava o NA baixo. Verificou-se que uma alternativa à deslocação da vedação
de delimitação teria sido fornecer formação aos trabalhadores que possam ter de
aceder à zona, mas o reposicionamento da vedação de delimitação era uma solução
mais simples e mais eficaz;
• foram afixados avisos de alerta, com o pictograma da antena de radiação e a menção
«Perigo: Radiação Não Ionizante», no portão do recinto do NDB;
• foi elaborado um procedimento para efetuar a regulação do sinal do NDB;
• os engenheiros que possam ter de efetuar a regulação do NDB no interior do recinto
receberam formação de sensibilização sobre a radiação de RF;
• os trabalhadores do aeroporto foram recordados da importância de informar o
operador do aeroporto caso sejam portadores de um implante médico;
• alertas especificamente relacionados com os perigos de radiação não ionizante
associados ao NDB foram integrados nas informações de segurança do local.
12.9.3.Equipamento de medição de distâncias
• Não foram aplicadas outras medidas de proteção e de prevenção, uma vez que
as medidas existentes foram consideradas suficientes.
KE-04-15-141-PT-N
«A Diretiva 2013/35/UE estabelece as prescrições mínimas de segurança
e de saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos
aos campos eletromagnéticos. O presente guia prático foi elaborado para ajudar
os empregadores, em especial as pequenas e médias empresas, a compreender
o que delas se espera para dar cumprimento à diretiva. No entanto, pode também
ser útil para os trabalhadores, os seus representantes e as autoridades reguladoras
nos Estados-Membros. É constituído por dois volumes e por um guia específico
para as pequenas e médias empresas.
O volume 1 do guia prático inclui orientações sobre a realização de avaliações de
risco, bem como sobre as opções eventualmente disponíveis e no âmbito das quais
os empregadores têm de adotar medidas adicionais de prevenção ou proteção.
O volume 2 apresenta doze estudos de casos que mostram aos empregadores
como devem abordar as avaliações e exemplificam algumas das medidas
de prevenção e proteção que podem ser selecionadas e aplicadas. Os estudos
de casos são apresentados no contexto de locais de trabalho genéricos, mas foram
compilados a partir de situações de trabalho reais.
O Guia para as PME visa assistir estas empresas a realizar uma avaliação inicial
dos riscos dos campos eletromagnéticos nos respetivos locais de trabalho. Os resultados desta avaliação permitirão determinar a necessidade de adoção
de medidas adicionais para dar aplicação à Diretiva “Campos eletromagnéticos”.»
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doi:10.2767/446003
ISBN 978-92-79-45954-2
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