Guia não vinculativo de boas práticas da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» Volume 2: Estudos de casos Europa social Esta publicação foi apoiada financeiramente pelo Programa da União Europeia para o Emprego e a Inovação Social (EaSI). Para mais informações, consulte: http://ec.europa.eu/social/easi Guia não vinculativo de boas práticas da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» Volume 2 Estudos de casos Comissão Europeia Direção-Geral do Emprego, dos Assuntos Sociais e da Inclusão Unidade B3 Manuscrito terminado em novembro de 2014 Nem a Comissão Europeia nem qualquer pessoa agindo em seu nome podem ser consideradas responsáveis pelo uso que possa ser dado às informações constantes da presente publicação. As ligações constantes (links) desta publicação estavam corretas no momento em que o manuscrito foi concluído. Fotografia de capa: © corbis Para utilizar ou reproduzir as fotografias cujos direitos de autor não pertençam à União Europeia, deve ser requerida permissão diretamente ao(s) titular(es) dos direitos de autor. O Europe Direct é um serviço que o ajuda a obter respostas às suas perguntas sobre a União Europeia. Número gratuito (*): 00 800 6 7 8 9 10 11 (*) As informações prestadas são gratuitas, tal como são a maior parte das chamadas, embora alguns operadores, cabinas telefónicas ou hotéis as possam cobrar. Estão disponíveis mais informações sobre a União Europeia na Internet (http://europa.eu). Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2015 ISBN 978-92-79-45954-2 doi:10.2767/446003 © União Europeia, 2015 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte. 3 ÍNDICE Estudos de casos........................................................................................................................................................................ 7 1.Escritório................................................................................................................................................................................. 9 1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5. 1.6. 1.7. Local de trabalho...........................................................................................................................................................................................9 Natureza do trabalho...................................................................................................................................................................................9 Abordagem para a avaliação...............................................................................................................................................................10 Resultados da avaliação.........................................................................................................................................................................10 Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................10 Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................11 Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................11 2. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear.................................................................................... 12 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2.5. 2.6. 2.7. 2.8. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................12 Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................12 Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................13 Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................13 Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................15 Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................15 Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................15 Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................17 3.Eletrólise.............................................................................................................................................................................. 18 3.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................18 3.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................18 3.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................18 3.3.1. 3.3.2. Recinto de células do eletrolisador........................................................................................................................................................18 Cabina do retificador......................................................................................................................................................................................19 3.4. Como é utilizada a aplicação...............................................................................................................................................................21 3.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................21 3.5.1. 3.5.2. Recinto de células do eletrolisador........................................................................................................................................................22 Cabina do retificador......................................................................................................................................................................................22 3.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................23 3.6.1. 3.6.2. Recinto de células do eletrolisador........................................................................................................................................................24 Cabina do retificador......................................................................................................................................................................................27 3.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................30 3.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................32 3.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................32 3.10.Outras fontes de informação complementar..............................................................................................................................32 4. Setor médico...................................................................................................................................................................... 33 4.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................33 4.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................33 4.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................33 4.3.1. 4.3.2. 4.3.3. Unidades de eletrocirurgia..........................................................................................................................................................................33 Estimulação magnética transcraniana................................................................................................................................................34 Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................35 4 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 4.4. Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................35 4.4.1. 4.4.2. 4.4.3. Unidades de eletrocirurgia..........................................................................................................................................................................35 Estimulação magnética transcraniana................................................................................................................................................35 Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................36 4.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................36 4.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................37 4.6.1. 4.6.2. 4.6.3. Unidade de eletrocirurgia............................................................................................................................................................................37 Dispositivo de estimulação magnética transcraniana................................................................................................................40 Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................44 4.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................44 4.7.1. 4.7.2. Unidade de eletrocirurgia............................................................................................................................................................................44 Dispositivo de estimulação magnética transcraniana................................................................................................................44 4.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................47 4.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................47 4.9.1. 4.9.2. 4.9.3. Unidade de eletrocirurgia............................................................................................................................................................................47 Dispositivo de estimulação magnética transcraniana................................................................................................................47 Diatermia resultante de onda curta......................................................................................................................................................48 5. Oficina de engenharia................................................................................................................................................... 49 5.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................49 5.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................49 5.3. Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................49 5.3.1. Inspeção por partículas magnéticas......................................................................................................................................................49 5.3.2.Desmagnetizador.............................................................................................................................................................................................50 5.3.3. Retificadora de superfícies..........................................................................................................................................................................51 5.3.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina...........................................................................................................................................51 5.4. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................52 5.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................52 5.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................52 5.6.1. Inspeção por partículas magnéticas......................................................................................................................................................52 5.6.2.Desmagnetizador.............................................................................................................................................................................................53 5.6.3. Retificadora de superfícies..........................................................................................................................................................................55 5.6.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina...........................................................................................................................................55 5.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................56 5.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................60 5.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................60 5.10.Referência a quaisquer fontes de informação complementar..........................................................................................62 6. Setor automóvel.............................................................................................................................................................. 64 6.1. 6.2. 6.3. 6.4. 6.5. 6.6. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................64 Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................64 Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................64 Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................66 Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................68 Resultados das avaliações da exposição.......................................................................................................................................69 6.6.1. 6.6.2. Resultados da avaliação da exposição dos soldadores por pontos da oficina de reparação...............................70 Resultados da avaliação da exposição de aquecedores por indução utilizados na oficina de reparação automóvel............................................................................................................................................................................................................73 6.7. Conclusões das avaliações da exposição......................................................................................................................................73 6.8. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................75 6.9. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................76 6.10.Medidas de precaução adicionais em resultado das avaliações.....................................................................................77 6.11.Soldadores por pontos no fabrico de veículos............................................................................................................................78 6.11.1. Avaliação do soldador por pontos de fábrica...................................................................................................................................78 Índice 6.11.2. Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica.....................................................................................................79 6.11.3. Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica no âmbito dos NA............................................................81 6.11.4. Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica no âmbito dos VLE..........................................................81 7.Soldadura............................................................................................................................................................................ 84 7.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................84 7.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................84 7.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos...............................................................84 7.3.1. 7.3.2. Soldadores por pontos..................................................................................................................................................................................84 Soldador de roletes.........................................................................................................................................................................................85 7.4. Como são utilizadas as aplicações...................................................................................................................................................86 7.5. Abordagem para a avaliação da exposição.................................................................................................................................86 7.6. Resultados da avaliação da exposição...........................................................................................................................................87 7.6.1. 7.6.2. 7.6.3. Soldador por pontos de bancada............................................................................................................................................................87 Soldador por pontos suspenso portátil................................................................................................................................................88 Soldador de roletes.........................................................................................................................................................................................90 7.7. Avaliação dos riscos..................................................................................................................................................................................91 7.8. Precauções já em vigor...........................................................................................................................................................................95 7.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação..................................................................................................................95 7.10.Referência a quaisquer fontes de informação complementar..........................................................................................96 7.10.1. Soldador por pontos de bancada............................................................................................................................................................96 7.10.2. Soldador por pontos suspenso portátil................................................................................................................................................97 7.10.3. Soldador de roletes.........................................................................................................................................................................................97 8. Fabricação metalúrgica............................................................................................................................................... 99 8.1. Local de trabalho........................................................................................................................................................................................99 8.2. Natureza do trabalho................................................................................................................................................................................99 8.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos e sobre o modo como é utilizado............................................................................................................................................................................................................99 8.3.1. 8.3.2. 8.3.3. 8.3.4. 8.3.5. Pequena unidade de produção de ligas...............................................................................................................................................99 Unidade de produção de ferro-titânio...............................................................................................................................................100 Grande unidade de fundição elétrica.................................................................................................................................................101 Unidade de fornos de arco.......................................................................................................................................................................101 Laboratório de serviços de análise.....................................................................................................................................................101 8.4. Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................102 8.4.1 8.4.2 8.4.3 8.4.4 8.4.5 Pequena unidade de produção de ligas............................................................................................................................................102 Unidade de produção de ferro-titânio...............................................................................................................................................103 Grande unidade de fundição elétrica.................................................................................................................................................103 Unidade de fornos de arco.......................................................................................................................................................................103 Laboratório de serviços de análise.....................................................................................................................................................103 8.5. Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................104 8.5.1. 8.5.2. 8.6. 8.7. 8.8. 8.9. Avaliação inicial da exposição...............................................................................................................................................................104 Avaliação detalhada da exposição de forno de indução numa pequena unidade de produção de ligas....105 Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................107 Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................109 Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................109 Referência a quaisquer fontes de informação complementar.......................................................................................110 9. Dispositivos de plasma por radiofrequência................................................................................................ 113 9.1. 9.2. 9.3. 9.4. 9.5. Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................113 Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos............................................................113 Como é utilizada a aplicação............................................................................................................................................................114 Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................114 Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................116 5 6 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 9.6. 9.7. 9.8. 9.9. Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................117 Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................118 Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................119 Informações adicionais.........................................................................................................................................................................120 10.Antenas de telhado..................................................................................................................................................... 121 10.1.Local de trabalho.....................................................................................................................................................................................121 10.2.Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................121 10.3.Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos............................................................122 10.4.Como é utilizada a aplicação............................................................................................................................................................124 10.5.Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................124 10.6.Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................125 10.7.Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................126 10.8.Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................128 10.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................128 11.Walkie-talkies................................................................................................................................................................. 130 11.1.Local de trabalho.....................................................................................................................................................................................130 11.2.Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................130 11.3.Como é utilizada a aplicação............................................................................................................................................................132 11.4.Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................132 11.5.Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................132 11.6.Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................132 11.7.Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................133 11.8.Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................133 12.Aeroportos........................................................................................................................................................................ 134 12.1.Local de trabalho.....................................................................................................................................................................................134 12.2.Natureza do trabalho.............................................................................................................................................................................134 12.2.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................134 12.2.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................134 12.2.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................135 12.3.Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos............................................................135 12.3.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................135 12.3.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................136 12.3.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................136 12.4.Como são utilizadas as aplicações................................................................................................................................................136 12.5.Abordagem para a avaliação da exposição..............................................................................................................................136 12.5.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................136 12.5.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................138 12.5.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................138 12.6.Resultados da avaliação da exposição........................................................................................................................................138 12.6.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................139 12.6.2. Radiofarol não direcional (NDB)...........................................................................................................................................................139 12.6.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................140 12.7.Avaliação dos riscos...............................................................................................................................................................................140 12.8.Precauções já em vigor........................................................................................................................................................................143 12.8.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................143 12.8.2. Radiofarol não direcional..........................................................................................................................................................................144 12.8.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................144 12.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação...............................................................................................................144 12.9.1.Radar....................................................................................................................................................................................................................144 12.9.2. Radiofarol não direcional ........................................................................................................................................................................145 12.9.3. Equipamento de medição de distâncias..........................................................................................................................................145 7 Estudos de casos Este conjunto de estudos de caso constitui o volume 2 do guia não vinculativo de boas práticas para implementar a Diretiva «Campos eletromagnéticos» (2013/35/UE). Deve ser lido em conjunto com o corpo principal do guia, que está contido no volume 1. Os estudos de caso que se seguem foram desenvolvidos em relação a uma série de setores profissionais diferentes que envolvem, principalmente, trabalhadores de pequenas e médias empresas. Baseiam-se em avaliações reais de situações da vida real. No entanto, devido à complexidade de algumas destas avaliações, foram simplificados ou resumidos a fim de torná-los mais úteis para o leitor e limitar a extensão global deste volume. Destinam-se a ilustrar uma diversidade de abordagens práticas que podem ser adotadas pelos empregadores para gerir os riscos associados à exposição aos campos eletromagnéticos. Incluem exemplos de boas práticas. Alguns estudos de casos contêm gráficos de contorno que se destinam a fornecer uma ilustração esquemática (em vista de planta) dos níveis de exposição medidos (ou calculados) à volta dos elementos de equipamento indicados. Alguns dos estudos de caso incluem os resultados de modelização informática representados por gráficos de distribuição por cor do campo elétrico induzido máximo ou da taxa de absorção específica de energia nos voxels de 2 mm3 que compõem o modelo humano. O objetivo desses gráficos é fornecer uma ilustração esquemática da zona em que o campo é absorvido pelo corpo humano, mais do que dar informações precisas sobre a magnitude destes campos. Nos gráficos de baixa frequência, são mostrados os campos elétricos induzidos máximos, e não o 99.º percentil dos campos elétricos induzidos (utilizado para comparação com os VLE). Os estudos de casos incluídos neste volume são os seguintes: 1Escritório 2 Espectrómetro por ressonância magnética nuclear 3Eletrólise 4Setor médico 5Oficina de engenharia 6Setor automóvel 7Soldadura 8 Fabricação metalúrgica 9 Dispositivos de plasma por radiofrequência 10Antenas de telhado 11 Walkie-talkies 12Aeroportos 9 1. Escritório 1.1. Local de trabalho Este estudo de caso refere-se a um grupo de escritórios dentro de uma empresa de engenharia de média dimensão. Os escritórios contêm o típico equipamento de escritório elétrico, alimentado pela rede. Os computadores são uma combinação de: computadores de secretária, ligados a uma rede local (LAN); computadores portáteis que utilizam um sistema Wi-Fi e um servidor de rede. Existe igualmente uma pequena cozinha à disposição dos trabalhadores. O equipamento elétrico da cozinha inclui uma chaleira, um frigorífico e um forno de micro-ondas. Existe também um servidor de rede central maior que ocupa uma sala separada. A área do escritório é protegida através da utilização de um sistema de controlo de acesso através de identificação por radiofrequência (IRF), sendo que cada trabalhador do escritório tem um dispositivo de autenticação (token) para efeitos de acesso. O responsável pelo escritório decidiu rever a avaliação de riscos do escritório após ouvir alguns colegas falar sobre a nova legislação que implementa a Diretiva «Campos eletromagnéticos». 1.2. Natureza do trabalho Os trabalhadores passam muito do seu tempo a trabalhar nos computadores e a efetuar chamadas telefónicas em telefones sem fios (DECT) e telemóveis. Os dispositivos de autenticação (tokens) para efeitos de acesso, colocados em correias, permitem o acesso aos escritórios quando colocados junto das fechaduras com sistema de IRF. Algumas destas fontes de campos eletromagnéticos são mostradas na figura 1.1. Todos os trabalhadores podem usar a cozinha para preparar bebidas quentes e aquecer refeições no forno de micro-ondas. Figura 1.1 — Fontes de campos eletromagnéticos no escritório Fechadura com sistema de IRF Computadores e telefones Servidor de rede 10 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 1.3. Abordagem para a avaliação O responsável pelo escritório andou pela zona do escritório a tomar nota dos equipamentos que utilizam eletricidade, incluindo os que produzem campos eletromagnéticos, e falou com os trabalhadores para garantir que esse levantamento era exaustivo. Depois de ler a primeira secção do guia não vinculativo de boas práticas para implementar a Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos», o responsável percebeu que a melhor abordagem para a avaliação do risco era verificar se os objetos identificados surgiam no quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia. Se algum objeto não constasse dessa tabela, poderia ser necessária uma avaliação adicional. 1.4. Resultados da avaliação O responsável pelo escritório elencou todo o equipamento elétrico (quadro 1.1) e verificou se o mesmo constava do quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia. Quadro 1.1 — Lista do equipamento elétrico na zona do escritório Objeto Baixo risco para qualquer trabalhador (quadro 3.2, capítulo 3) Computadores ✓ Servidor de rede com UPS associada e cabos de rede ✓ Avaliação necessária para trabalhadores que usam AIMD ou dispositivos médicos usados no corpo (quadro 3.2, capítulo 3) A potência de saída da UPS será idêntica à da alimentação elétrica normal Computadores portáteis (Wi-Fi ativo) ✓ Telefones sem fio (DECT) ✓ Cabos elétricos de alimentação ✓ Telemóveis Fotocopiadora ✓ ✓ Concentradores com acesso por Wi-Fi ✓ Chaleira ✓ Frigorífico ✓ Forno de micro-ondas ✓ Acesso com segurança por IRF Observações O forno tem de ser mantido em boas condições ✓ 1.5. Avaliação dos riscos Os resultados da avaliação indicam que a utilização do equipamento de escritório indicado no quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia não ultrapassará os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde relevantes no âmbito da Diretiva «Campos eletromagnéticos». No entanto, existe a possibilidade de outros equipamentos do quadro 3.2 poderem interferir em implantes médicos ativos (AIMD) ou dispositivos médicos usados no corpo. 1. Escritório A avaliação de riscos específicos dos campos eletromagnéticos indicada no quadro 1.2 foi acrescentada à avaliação dos riscos geral do escritório. 1.6. Precauções já em vigor São realizados controlos periódicos do estado geral do forno de micro-ondas durante as inspeções de rotina da segurança do escritório. 1.7. Precauções adicionais em resultado da avaliação O responsável pelo escritório implementa algumas medidas simples: • qualquer equipamento novo de um tipo diferente tem de ser revisto em relação ao disposto na Diretiva «Campos eletromagnéticos» para verificar se altera o resultado da avaliação dos riscos; • quando um trabalhador do escritório comunica estar particularmente exposto devido a um implante médico ativo, o responsável pelo escritório irá analisar, juntamente com o trabalhador, a informação que lhes foi fornecida por um profissional médico responsável pelo seu cuidado. Quadro 1.2 — Aditamentos específicos no que se refere aos campos magnéticos para a avaliação geral dos riscos do escritório Interferência em implantes médicos ativos (AIMD) ou dispositivos médicos usados no corpo decorrente da radiação de campos eletromagnéticos Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Novas medidas de prevenção e de precaução ✓ Baixa Não é exigida nenhuma medida ✓ Baixa Assegurar que os trabalhadores com equipamento ou dispositivos médicos elétricos são sujeitos a uma avaliação individual dos riscos ao regressarem ao trabalho, sempre que possam ser identificadas e implementadas quaisquer precauções recomendadas pelo seu médico Provável Todos os trabalhadores Avaliação dos riscos Possível Controlos periódicos do estado geral do forno, incluindo danos na vedação da porta, grelha da janela e funcionamento dos dispositivos de bloqueio Probabilidade Improvável Radiação de campos eletromagnéticos do forno de micro-ondas Gravidade Mortal Pessoas em risco Grave Medidas de prevenção e de precaução existentes Ligeiro Perigos Todo o equipamento novo terá de ser avaliado 11 12 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 2. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear 2.1. Local de trabalho Os espetrómetros de ressonância magnética nuclear (RMN) podem constituir um risco devido aos campos magnéticos estáticos fortes. São utilizados para investigar as propriedades dos materiais, nomeadamente nas indústrias de produção, para analisar compostos químicos. Este estudo de caso tem lugar numa empresa farmacêutica na qual as unidades de RMN estão situadas num laboratório de espetroscopia dedicado. Havia planos para a compra de uma nova unidade e o diretor de segurança decidiu rever a avaliação dos riscos antes de desenvolver um plano de ação. 2.2. Natureza do trabalho São carregadas pequenas amostras do material a analisar, quer uma a uma, à mão, ou em lotes e automaticamente através de um transportador, para o túnel vertical da unidade de RMN (figura 2.1). Figura 2.1 — Unidade de RMN, completa com transportador de amostras e plataforma de carregamento Transportador de amostras Crióstato Plataforma de carregamento 2. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear 2.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos Na preparação da revisão, o diretor de segurança reuniu informações sobre unidades de RMN e notou que: • o eletroíman produz um forte campo magnético estático (0 Hz); as densidades de fluxo variam entre aproximadamente 0,5 e 20 T consoante a unidade. As pequenas unidades de bancada tendem em utilizar ímanes permanentes de terras raras, enquanto as unidades maiores e autónomas utilizam ímanes supracondutores. O íman mantém-se totalmente sob tensão durante longos períodos para melhorar a estabilidade do campo e não é possível reduzir a intensidade do campo quando os trabalhadores se aproximam; • os fabricantes têm melhorado progressivamente a conceção das suas unidades para que estas integrem blindagem ativa e passiva, a fim de reduzir a intensidade do campo magnético estático acessível ao trabalhador. Assim, é possível conter o campo magnético perigoso quase inteiramente dentro dos limites do crióstato. Em unidades mais velhas, ou menos bem blindadas, o campo magnético perigoso pode estender-se alguns metros para a área de trabalho; • estes campos magnéticos externos tendem a ser distorcidos e canalizados por estruturas de aço (por exemplo, vigas) do edifício. 2.4. Abordagem para a avaliação da exposição O diretor de segurança teve conhecimento que o fabricante da nova unidade podia fornecer informações sobre a intensidade do campo magnético estático acessível aos trabalhadores. Mais importante ainda, o fabricante era capaz de descrever o grau de qualquer perigo resultante de efeitos indiretos, tais como o risco de projeção de objetos ferromagnéticos ou de interferência em equipamentos e dispositivos médicos eletrónicos. De acordo com as boas práticas, o fabricante conseguiu fornecer um gráfico do campo magnético estático dispersado em torno da unidade (figura 2.2). 13 14 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 2.2 — Gráfico do campo magnético estático dispersado em torno da unidade de RMN Sistema de Íman RMN Ultra Shield TM 3.15 Gráfico de campo disperso Ultra Shield TM 500 MHz /54 mm Ultra Shield TM 500/70B 1mT = 10 GRUSS O diretor de segurança teve conhecimento de que seria também possível avaliar a intensidade do campo magnético estático em torno da unidade com um magnetómetro adequado, e que seria muito mais fácil obter um resultado fiável com uma sonda isotrópica (de três eixos) do que com uma sonda de eixo único. Porém, esta abordagem exigiria um investimento em termos de tempo e dinheiro, bem como a consideração dos perigos associados à realização das medições, especialmente se o instrumento for de metal folheado. Na avaliação, o diretor de segurança descartou as medições com base no facto de o fabricante ir fornecer boas informações. O diretor de segurança considerou igualmente quais os grupos de trabalhadores que teriam acesso ao laboratório de RMN, bem como as tarefas que poderiam realizar. Constatou que os técnicos de assistência dos fabricantes das unidades de RMN teriam acesso ocasional e que teriam acesso a zonas de intensidades de campos elevadas como, por exemplo, à base do crióstato para operações de regulação do espetómetro. No entanto, observou que a sua empresa exigiria que esses técnicos fornecessem uma avaliação escrita dos riscos e os procedimentos de segurança para o seu trabalho e que lhes era exigido que fizessem prova da sua competência (por exemplo, através de provas de formação e experiência prática adequadas) antes da sua visita. Nesta base, avaliou os riscos associados ao seu trabalho como sendo baixos. Constatou ainda que os serviços de limpeza contratados não teriam acesso ao laboratório. 2. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear 2.5. Resultados da avaliação da exposição Graças à avaliação das unidades existentes no laboratório de RMN, o diretor de segurança apercebeu-se que pode existir uma variação considerável da distância de perigo em função da conceção e, em especial, da blindagem: no caso das unidades mais antigas, não blindadas, de intensidade de campo elevada tal pode ocorrer a vários metros, enquanto nas unidades modernas, bem blindadas, o perigo pode ser praticamente nulo. Porém, não se previa que a intensidade do campo ultrapassasse os valores-limite de exposição (VLE) para efeitos diretos em locais acessíveis aos trabalhadores da empresa. Embora o amplificador de radiofrequência tivesse uma potência de saída significativa, esperava-se que o campo de radiofrequência ficasse totalmente contido na unidade e não estivesse acessível aos trabalhadores. A partir das informações fornecidas pelo fabricante (figura 2.2), o diretor de segurança identificou que era provável que os níveis de ação (NA) para efeitos indiretos fossem ultrapassados num raio de 1,3 m da superfície exterior do crióstato. 2.6. Avaliação dos riscos O diretor de segurança sabia que estava arquivada uma avaliação dos riscos relativa ao laboratório de RMN e constatou que esta seguiu a metodologia recomendada pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). Esta avalia todos os riscos para os trabalhadores do laboratório, incluindo os decorrentes de: • trabalho em altura, no momento do carregamento de amostras; • líquidos criogénicos e extinção («quenching») de ímanes supracondutores; • atmosfera asfixiante de nitrogénio em espaços fechados por baixo do crióstato, tal como reservatórios de troca de amostras; • objetos ferromagnéticos projetados (por exemplo, ferramentas e instrumentos); • interferência em equipamentos e instrumentos médicos eletrónicos. Por conseguinte, seria simples registar o novo plano de ação a partir desta revisão da avaliação dos riscos existente. O quadro 2.1 mostra um exemplo de uma avaliação dos riscos específica dos campos eletromagnéticos para o laboratório de RMN. 2.7. Precauções já em vigor O diretor de segurança constatou que foi adotada uma série de medidas organizativas no laboratório de RMN para prevenir ou restringir a exposição. A primeira delas foi a escolha de unidades de RMN com blindagem ativa ou passiva «de tecnologia de ponta». Outras medidas em conformidade com a boa prática incluíam: • instalar as unidades de RMN num laboratório dedicado com controlo de acesso físico na forma de acesso por teclado; • colocação de avisos de alerta e de proibição conformes com a Diretiva 92/58/CEE na porta de entrada do laboratório (figura 2.3). Tal inclui um aviso para as pessoas que usam equipamento médico eletrónico; • impedir a entrada de ferramentas e de outros objetos ferromagnéticos no laboratório; • separar as unidades de RMN de outros equipamentos e postos de trabalho do laboratório; 15 16 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos • colocação de uma barreira de correntes e marcação do piso na posição de contorno de 0,5 mT, a fim de controlar o acesso (figura 2.4); • fornecer informação, instruções e formação àqueles que trabalham no laboratório e garantir uma supervisão adequada; • exigir que os técnicos de assistência forneçam documentação relativa à segurança por escrito e façam prova da sua competência antes da sua visita. Figura 2.3 — Avisos de alerta e de proibição na porta de entrada do laboratório de RMN Figura 2.4 — Delimitação da zona de acesso restrito por uma barreira de correntes e marcação do piso 3. Espectrómetro por ressonância magnética nuclear Trabalhos do laboratório ✓ Avaliação dos riscos Provável Laboratório dedicado com controlo do acesso físico Probabilidade Possível Efeitos diretos de campos magnéticos estáticos Gravidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Ligeiro Quadro 2.1 — Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o laboratório de RMN ✓ Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Avisos de alerta e de proibição Informação, instruções e formação Efeitos indiretos de campos magnéticos estáticos (interferência em implantes médicos, risco de projeção) Campo de radiofrequência Formação de reciclagem Incluir um artigo no boletim de segurança Exigir documentação relativa à segurança por escrito e comprovativo de competência Técnicos de assistência ✓ ✓ Baixa Acesso não permitido a pessoal de limpeza Pessoal de limpeza ✓ ✓ Baixa Garantir que o pessoal de limpeza tem conhecimento Impedir a entrada de objetos ferromagnéticos Todos os mencionados acima ✓ ✓ Baixa Assegurar que os trabalhadores responsáveis pela manutenção têm conhecimento Ver supra Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Baixa Ver supra Totalmente contido no interior da unidade e inacessível Todos os mencionados acima ✓ Baixa Nenhuma ✓ 2.8. Precauções adicionais em resultado da avaliação O diretor de segurança ficou de um modo geral satisfeito com a revisão da avaliação dos riscos e com a avaliação dos perigos associados à nova unidade. As medidas organizativas foram consideradas suficientes, embora tenham passado cinco anos desde que os trabalhadores receberam pela última vez formação sobre os perigos e precauções associados ao laboratório de RMN. Consequentemente, o diretor de segurança desenvolveu um plano de ação com os seguintes elementos: • atualizar a formação dos trabalhadores do laboratório por meio de uma série de curtas sessões de sensibilização, com prioridade para as novas contratações; • assegurar que os trabalhadores responsáveis pela manutenção estão conscientes dos perigos, especialmente no que se refere ao «voo de ferramentas ferromagnéticas»; • confirmar que os serviços de limpeza sabem que estão proibidos de entrar no laboratório; • incluir um artigo sobre os perigos associados ao laboratório no próximo boletim de segurança da empresa. 17 18 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 3. Eletrólise As fontes de campos eletromagnéticos deste estudo de caso incluem os seguintes elementos: • eletrolisadores; • retificadores tirístores; • barras condutoras; • transformadores. 3.1. Local de trabalho O equipamento estava instalado numa grande unidade de produção de cloro. Os locais de trabalho de interesse foram os seguintes: • recinto de células do eletrolisador; • as cabinas do retificador. 3.2. Natureza do trabalho A maioria do trabalho efetuado no equipamento esteve a cargo de técnicos de engenharia qualificados e experientes, que podem ter de trabalhar em qualquer equipamento associado à unidade de produção de cloro. Isso pode implicar a desmontagem e a manutenção periódicas de um eletrolisador enquanto os eletrolisadores adjacentes estão ligados. A unidade era relativamente recente, e a segurança dos campos eletromagnéticos tinha sido tida em consideração na fase de conceção. Este estudo de caso é, por conseguinte, um exemplo de boas práticas e sublinha a importância de considerar a exposição a campos eletromagnéticos nas fases de planeamento de um grande projeto. 3.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos 3.3.1. Recinto de células do eletrolisador A sala de células do eletrolisador continha 20 eletrolisadores, que produzem cloro aplicando uma corrente elétrica a cloreto de sódio através do método de eletrólise de células de membrana. Foi aplicada a cada eletrolisador uma corrente contínua de 450 V e 16,5 kA. Foi instalada proteção Perspex à volta dos eletrolisadores para impedir o acesso aos condutores elétricos ativos. Incluindo a proteção, cada eletrolisador tinha 17,2 m de comprimento e 4,4 m de largura, e era composto por 138 células divididas em dois «conjuntos» de 69 células cada, que estavam ligados em série. Os eletrolisadores estavam separados por uma distância de cerca de 1,1 m. A disposição dos eletrolisadores é mostrada na figura 3.1. 3. Eletrólise Na fase de conceção, foi efetuada uma avaliação de modelização teórica com base em cálculos dos campos magnéticos à volta das peças condutoras da unidade, para garantir que as exposições aos campos eletromagnéticos seriam minimizadas. Figura 3.1 — Eletrolisadores na sala de células Um único eletrolisador, visto ao longo do comprimento Vários eletrolisadores 3.3.2. Cabina do retificador Cada cabina do retificador (figura 3.2) continha um retificador tirístor, que fornecia alimentação de corrente contínua a dois eletrolisadores. As barras condutoras que alimentam os eletrolisadores estavam suspensas a uma altura de cerca de 4,2 m acima do nível do solo. As cabinas foram cercadas de modo a impedir o acesso a partir do exterior do edifício e a porta de cada cabina foi bloqueada, sendo colocado um aviso de alerta ao lado desta (figura 3.3). Normalmente, o acesso às cabinas não é permitido quando os eletrolisadores estão a funcionar. Os transformadores que alimentam a sala de células estão localizados no exterior das cabinas do retificador, do outro lado da parede em relação aos retificadores. As cabinas dos transformadores foram também cercadas para impedir o acesso (figura 3.4). 19 20 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 3.2 — Uma cabina do retificador Barras coletoras suspensas Retificador tirístor Figura 3.3 — Restrição de acesso à cabina do retificador Porta trancada no acesso ao cubículo do retificador 3. Eletrólise Figura 3.4 — As cabinas do transformador 3.4. Como é utilizada a aplicação O processo de produção de cloro é automático e gerido remotamente a partir de uma sala de controlo num edifício próximo. 3.5. Abordagem para a avaliação da exposição As medições das exposições foram efetuadas por um consultor perito, utilizando instrumentos especializados. Uma vez que as instalações foram concebidas tendo em mente a segurança dos campos eletromagnéticos, e que a conceção incluiu uma avaliação de modelização teórica com base em cálculos dos campos magnéticos à volta das peças condutoras de corrente das instalações, o objetivo das medições foi confirmar que as medidas de proteção e de prevenção já implementadas restringiam efetivamente as exposições aos campos eletromagnéticos. Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético estático, devido à corrente contínua fornecida aos eletrolisadores, e da densidade do fluxo magnético variável no tempo, devido ao facto de a corrente contínua ser produzida a partir da retificação de uma fonte de corrente alternada, pelo que se esperava uma ondulação na corrente contínua fornecida aos eletrolisadores. A frequência da ondulação foi também confirmada durante a avaliação da exposição. O consultor realizou um estudo de «tempo e movimento» antes de efetuar as medições para garantir que estas eram efetuadas em locais representativos de posições normais de trabalho. As medições foram efetuadas com os eletrolisadores a funcionar a uma carga constante. Os resultados das medições foram comparados com os adequados valores-limite de exposição (VLE) e níveis de ação (NA) para efeitos diretos, bem como com os NA para efeitos indiretos aplicáveis a campos magnéticos estáticos (interferência em implantes médicos ativos, e risco de atração e de projeção na extremidade alta do campo magnético). 21 22 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Ao avaliar a exposição de trabalhadores particularmente expostos, a comparação foi efetuada em relação aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 deste guia). 3.5.1. Recinto de células do eletrolisador As medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo e da densidade do fluxo magnético estático foram efetuadas entre dois eletrolisadores (figura 3.5). Procedeu-se a três conjuntos de medições: • a intervalos de distância no espaço que fica entre os dois eletrolisadores; • a intervalos de distância ao longo do comprimento total do ponto central do espaço que vai de uma das extremidades dos eletrolisadores até à outra; • no plano vertical junto a um dos eletrolisadores. Estas medições deram uma representação da exposição de um trabalhador que caminha entre os eletrolisadores na sala de células, o que é considerado o pior cenário de exposição. Figura 3.5 — Medições efetuadas entre dois eletrolisadores Eletrolisadores Equipamento de medição 3.5.2. Cabina do retificador Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo e da densidade do fluxo magnético estático em torno de um retificador tirístor (figura 3.6), por baixo das barras condutoras e junto da parede entre o retificador e o transformador. 3. Eletrólise Figura 3.6 — Medições efetuadas perto de um retificador tirístor 3.6. Resultados da avaliação da exposição Os resultados das medições das exposições foram comparados com os VLE e os NA adequados. No caso da eletrólise, os valores relevantes com os quais se deve comparar os resultados da medição são: • para os campos magnéticos estáticoss: —— VLE para densidades do fluxo magnético de campos magnéticos estáticos (condições normais de trabalho), —— nível de ação para densidade do fluxo magnético de campos magnéticos estáticos (interferência em implantes médicos ativos tais como estimuladores cardíacos), —— nível de ação para densidade do fluxo magnético de campos magnéticos estáticos (risco de atração e de projeção na extremidade alta do campo magnético). • para os campos magnéticos variáveis no tempo: —— níveis de ação para densidades do fluxo magnético de campos magnéticos variáveis no tempo, —— os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/ CE) para campos magnéticos variáveis no tempo (para trabalhadores particularmente expostos). As conclusões relevantes da avaliação da exposição, em conjunto com alguns exemplos dos diagramas produzidos na avaliação de modelização teórica, são apresentadas nas figuras 3.7 a 3.17. Note-se que os resultados da avaliação da exposição não podem ser comparados diretamente com a avaliação de modelização, dado que a última foi efetuada antes da publicação da Diretiva «Campos eletromagnéticos» e se baseou nos níveis de referência do ICNIRP relativos a contextos profissionais, que eram mais restritivos do que os níveis de ação da Diretiva «Campos eletromagnéticos». 23 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 3.6.1. Recinto de células do eletrolisador Os gráficos seguintes mostram a variação da densidade do fluxo magnético em relação aos VLE e NA aplicáveis descritos supra. A frequência da ondulação na alimentação de CC foi confirmada como sendo de 300 Hz. Foram também detetadas frequências harmónicas de 600 Hz e 900 Hz pelo equipamento de medição, apesar de a contribuição das frequências harmónicas para a exposição total não ser significativa neste caso. Figura 3.7 — Variação da densidade do fluxo magnético estático ao longo do espaço entre os dois eletrolisadores Valores-limite de exposição Nível de ação relativo a implantes Nível de ação relativo à projeção Percentagem do VLE/NA relevante 600 500 400 300 200 100 0 200 240 280 320 360 Distância da linha central do eletrolisador A (cm) N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo. Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T. Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT. Nível de ação relativo à projeção: 3 mT. A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA. Figura 3.8 — Variação da densidade do fluxo magnético variável no tempo de 300 Hz ao longo do espaço entre os dois eletrolisadores Nível de ação alto/baixo Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) 500 Percentagem do nível relevante 24 400 300 200 100 0 200 240 280 320 Distância da linha central do eletrolisador A (cm) N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo. Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 µT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 µT. A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR. 360 3. Eletrólise Figura 3.9 — Variação da densidade do fluxo magnético estático ao longo do comprimento do espaço entre os dois eletrolisadores Valores-limite de exposição Nível de ação relativo a implantes 0 600 Nível de ação relativo à projeção Percentagem do VLE/NA relevante 600 500 400 300 200 100 0 300 900 1 200 1 500 1 800 Distância ao longo do espaço entre eletrolisadores (cm) N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo. Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T. Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT. Nível de ação relativo à projeção: 3 mT. A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA. Figura 3.10 — Variação da densidade do fluxo magnético variável no tempo de 300 Hz ao longo do comprimento do espaço entre os dois eletrolisadores Nível de ação alto/baixo Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) Percentagem do nível relevante 400 300 200 100 0 0 300 600 900 1 200 1 500 Distância ao longo do espaço entre eletrolisadores (cm) N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo. Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 μT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 μT. A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR. 1 800 25 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 3.11 — Variação da densidade do fluxo magnético estático com a altura junto a um dos eletrolisadores Valores-limite de exposição Nível de ação relativo a implantes Nível de ação relativo à projeção Altura em relação ao solo (cm) 250 200 150 100 50 0 0 100 200 300 400 500 600 Percentagem do VLE/NA relevante N.B.: As medições foram efetuadas a uma distância de 230 cm da linha central de um dos eletrolisadores. Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T. Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT. Nível de ação relativo à projeção: 3 mT. A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA. Figura 3.12 — Variação da densidade do fluxo magnético variável no tempo de 300 Hz com a altura junto a um dos eletrolisadores Nível de ação alto/baixo Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) 250 Altura em relação ao solo (cm) 26 200 150 100 50 0 0 100 200 300 Percentagem do nível relevante N.B.: As medições foram efetuadas a uma distância de 230 cm da linha central de um dos eletrolisadores. Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 µT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 µT. A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR 400 3. Eletrólise Figura 3.13 — Exemplo de um diagrama de avaliação de modelização teórica para a sala de células do eletrolisador (vista de plano) Eletrolisadores Os resultados da avaliação da exposição na sala de células do eletrolisador forneceu à empresa as seguintes informações: • a exposição a campos magnéticos produzidos pelos eletrolisadores foi inferior aos VLE e aos NA de efeitos diretos relevantes; • as pessoas portadoras de implantes médicos ativos podem estar sujeitas a um perigo decorrente de campos magnéticos estáticos na sala de células; • os níveis de referência dados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram ultrapassados ao longo do comprimento dos eletrolisadores no que se refere aos campos magnéticos variáveis no tempo. No entanto, era pouco provável que a sala de células fosse ocupada por trabalhadores particularmente expostos.. 3.6.2. Cabina do retificador Os gráficos seguintes mostram a variação da densidade do fluxo magnético em relação aos VLE e NA aplicáveis descritos supra. A frequência da ondulação na alimentação de CC foi confirmada como sendo de 300 Hz, e foram detetados campos de 50 Hz do transformador situado no exterior. 27 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 3.14 — Variação da densidade do fluxo magnético estático com a altura por baixo do isolador de CC da barra coletora Valores-limite de exposição Nível de ação relativo a implantes Nível de ação relativo à projeção Altura em relação ao solo (cm) 250 200 150 100 50 0 0 40 80 120 160 Percentagem do VLE/NA relevante N.B.: O isolador de CC da barra coletora estava cerca de 420 cm acima do nível do solo. Valor-limite de exposição (condições normais de funcionamento): 2 T. Nível de ação relativo a implantes: 0,5 mT. Nível de ação relativo à projeção: 3 mT. A incerteza das medições foi estimada em ±5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos VLE/NA. Figura 3.15 — Variação da densidade do fluxo magnético variável no tempo de 300 Hz com a altura por baixo do isolador de CC da barra coletora Nível de ação alto/baixo Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) 250 Altura em relação ao solo (cm) 28 200 150 100 50 0 0 30 60 90 120 Percentagem do nível relevante N.B.: O isolador de CC da barra coletora estava cerca de 420 cm acima do nível do solo. Níveis de ação altos e baixos para um campo magnético de 300 Hz: 1000 μT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para campo magnético de 300 Hz: 16,7 μT. A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR. 150 3. Eletrólise 29 Figura 3.16 — Exemplo de um diagrama de avaliação de modelização teórica para as regiões à volta do isolador de CC da barra coletora (secção transversal) Eletrolisadores Isolador de CC com o solo e as cabinas Figura 3.17 — Variação da densidade do fluxo magnético variável no tempo de 50 Hz com a distância à parede entre o retificador tirístor e o transformador Nível de ação baixo Nível de ação alto 150 Percentagem do nível de ação 120 90 60 30 0 0 30 60 90 120 Distância à parede (cm) N.B.: As medições foram efetuadas a uma altura de 120 cm acima do nível do solo. Nível de ação baixo para campo magnético de 50 Hz: 1000 μT. Nível de ação alto para campo magnético de 50 Hz: 6000 μT. A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA/NR. 150 30 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Os resultados da avaliação da exposição na cabina do retificador forneceram à empresa as seguintes informações: • a exposição aos campos magnéticos produzidos pelos barras condutoras e dos retificadores tiristores foi inferior aos níveis de ação de efeitos diretos ao nível do solo; • a exposição a campos magnéticos variáveis no tempo produzidos pelos transformador situado do outro lado da parede que fica por detrás do retificador foi superior ao nível de ação baixo para a densidade do fluxo magnético variável no tempo, até uma distância de 37 cm da superfície da parede no interior da cabina do retificador; • a exposição a campos magnéticos variáveis no tempo produzidos pelos transformador foi inferior ao nível de ação alto para a densidade do fluxo magnético variável no tempo na cabina do retificador; • as pessoas portadoras de implantes médicos ativos podem estar sujeitas a um perigo decorrente de campos magnéticos estáticos em qualquer parte das cabinas dos retificadores. Porém, os avisos de alerta e as informações se segurança do local foram considerados adequados; • os níveis de referência dados na Recomendação (1999/519/CE) do Conselho foram ultrapassados em relação aos campos magnéticos variáveis no tempo. No entanto, era pouco provável que as cabinas dos retificadores fossem ocupadas por trabalhadores particularmente expostos. 3.7. Avaliação dos riscos Com base na avaliação da exposição efetuada pelo consultor, a empresa realizou uma avaliação dos riscos da unidade de produção de cloro em relação aos campos eletromagnéticos. Esta foi compatível com a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). A avaliação dos riscos concluiu que: • os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo nas proximidades dos eletrolisadores; • os trabalhadores, incluindo os que estão particularmente expostos, podem estar sujeitos a um perigo nas cabinas dos retificadores em resultado da exposição a campos magnéticos. No quadro 3.1 é mostrado um exemplo de uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a unidade de produção de cloro. 3. Eletrólise Conceção cuidadosa da unidade de produção de cloro para minimizar a intensidade de campos magnéticos Técnicos ✓ Restrição de acesso a cabinas do retificador Trabalhadores particularmente expostos (incluindo as trabalhadoras grávidas) ✓ ✓ Provável Efeitos diretos dos campos magnéticos Possível Probabilidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Avisos de alerta adequados exibidos em locais claramente visíveis Gravidade Ligeiro Quadro 3.1 — Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a unidade de produção de cloro Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Não é exigida nenhuma medida ✓ Baixa ✓ Baixa Formação dos trabalhadores Efeitos indiretos dos campos magnéticos (interferência em implantes médicos) Prevenção do acesso à unidade de produção de cloro por trabalhadores equipados com implantes médicos Avisos de alerta adequados exibidos em locais claramente visíveis Formação dos trabalhadores Trabalhadores particularmente expostos ✓ Não é exigida nenhuma medida 31 32 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 3.8. Precauções já em vigor A segurança dos campos eletromagnéticos foi uma prioridade alta desde uma fase precoce da conceção da unidade, por conseguinte, diversas medidas de proteção e de prevenção tinham sido incorporadas, incluindo: • a intensidade dos campos magnéticos variáveis no tempo passíveis de serem produzidos pela ondulação da alimentação de CC para os eletrolisadores foi minimizada, por exemplo, através da utilização de 12 retificadores de impulsos, em vez de seis; • a unidade tinha um tamanho suficiente para permitir que as zonas de campos magnéticos fortes fossem facilmente separadas dos trabalhadores; • avisos adequados sobre a presença de campos magnéticos fortes eram claramente visíveis em toda a unidade; • os trabalhadores tinham sido informados da potencial exposição aos campos eletromagnéticos e tinha-lhes sido solicitado que informassem o empregador caso possuíssem um implante médico. 3.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação A avaliação da exposição confirmou que a unidade tinha sido bem concebida em relação à exposição a campos eletromagnéticos e, por conseguinte, não eram necessárias precauções adicionais em resultado da avaliação da exposição. 3.10.Outras fontes de informação complementar Publicação da Euro Chlor — Electromagnetic Fields in the Chlorine Electrolysis Units. Health Effects, Recommended Limits, Measurement Methods and Possible Prevention Actions. 2014. 4. Setor médico 4. Setor médico 4.1. Local de trabalho Foi pedido ao departamento de física médica de um hospital que avaliasse o modo como a implementação da Diretiva «Campos eletromagnéticos» poderia ter impacto no trabalho realizado no hospital. 4.2. Natureza do trabalho São amplamente utilizados dispositivos elétricos no tratamento, monitorização e diagnóstico dos pacientes. A equipa de física médica começou a sua avaliação identificando o equipamento que poderia produzir campos eletromagnéticos fortes. Analisaram o inventário de equipamento do hospital e identificaram três elementos de equipamento que sabiam serem produtores de fortes campos eletromagnéticos: tratava-se de unidades de eletrocirurgia, dispositivos de estimulação magnética transcraniana (TMS) e unidades de diatermia por onda curta. À data, o hospital não utilizava o equipamento de diatermia por onda curta, mas, ainda assim, este foi incluído na avaliação. A equipa quis igualmente observar a probabilidade de o equipamento de monitorização dos pacientes sensíveis ser afetado por interferência eletromagnética, em especial o equipamento que possa ser utilizado nas proximidades dos dispositivos produtores de fortes campos eletromagnéticos. identificaram que o equipamento mais suscetível a interferência eletromagnética seria equipamento médico sensível utilizado durante procedimentos de eletrocirurgia (por exemplo, ventiladores e eletrocardiógrafos). 4.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos 4.3.1. Unidades de eletrocirurgia No hospital são usados dispositivos de eletrocirurgia para efeitos de corte e/ou coagulação de tecido humano, e essa utilização dá-se num número significativo de procedimentos cirúrgicos. Funcionam através da passagem de uma corrente elétrica de alta tensão através do tecido que está a ser operado. Estas unidades funcionam normalmente na gama de frequências intermédia de cerca de 300 kHz a 1 MHz e utilizam potências de 50 a 300 W. Uma unidade de eletrocirurgia é composta por um elétrodo ativo, um gerador, cabos de ligação do gerador ao elétrodo ativo e ao elétrodo de retorno ou à placa de ligação à terra montada no corpo do paciente (figura 4.1). A energia é fornecida ao elétrodo ativo (sonda de eletrocirurgia) através de cabos que podem não estar blindados. A corrente passa através do tecido do paciente e volta para a unidade de eletrocirurgia através do elétrodo de retorno. 33 34 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 4.1 — Elétrodos ativo e de retorno e cabos associados 4.3.2. Estimulação magnética transcraniana Um dispositivo de estimulação magnética transcraniana (TMS) produz intencionalmente impulsos de campos eletromagnéticos para fins de indução de correntes no cérebro, e tem diversas aplicações possíveis (por exemplo, diagnóstico de doença ou lesão cerebral, tratamento de depressão ou, mais recentemente, tratamento de enxaquecas). Os dispositivos de TMS convencionais são compostos por uma unidade principal geradora de impulsos de corrente elevada e por uma bobina de estimulação portátil (figura 4.2). Nos dispositivos disponíveis no mercado, a energia é armazenada em grandes condensadores de alta tensão. Estes condensadores são descarregados para a bobina através de um tirístor, com capacidade de comutar grandes correntes em poucos segundos. A conceção de duas bobinas é de utilização generalizada e é também a utilizada no hospital — a bobina circular e a bobina em oito (apesar de existirem outras conceções de bobina). Figura 4.2 — Bobina de TMS em «oito» 4. Setor médico 4.3.3. Diatermia resultante de onda curta Os dispositivos de diatermia por onda curta emitem radiação de radiofrequência (RF), normalmente a 27,1 MHz. Os dispositivos são utilizados por fisioterapeutas para fins de tratamento terapêutico de músculos e articulações. Existem duas formas de funcionamento: capacitiva, em que o paciente é posicionado no campo de RF entre os dois elétrodos de placa (figura 4.3), e indutiva, em que o campo eletromagnético é aplicado através de uma bobina. Figura 4.3 — Diatermia por onda curta capacitiva 4.4. Como são utilizadas as aplicações 4.4.1. Unidades de eletrocirurgia Normalmente, o cirurgião segura a sonda de tratamento junto da parte superior do corpo durante a utilização. Os cabos podem ser posicionados perto dos trabalhadores do bloco operatório e, em especial, perto da mão e dos braços do cirurgião. 4.4.2. Estimulação magnética transcraniana A bobina é colocada perto da cabeça do paciente e um ou vários impulsos eletromagnéticos serão produzidos para induzir correntes no seu cérebro. A sonda pode estar fixa ou ser segurada pelo médico (figura 4.4). 35 36 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 4.4 — Bobina circular de TMS em utilização 4.4.3. Diatermia resultante de onda curta A equipa foi informada de que a diatermia por onda curta não estava a ser atualmente utilizada no hospital, apesar de ter sido utilizada no passado por fisioterapeutas. Não estava plenamente a par dos procedimentos de trabalho aplicados quando este equipamento era utilizado, mas decidiu que iria realizar uma avaliação se o hospital planeasse utilizá-lo novamente no futuro. 4.5. Abordagem para a avaliação da exposição A equipa de física médica tinha conhecimento de que os três dispositivos médicos identificados produziam campos eletromagnéticos fortes. Porém, não tinha a certeza se estes dispositivos criavam campos que pudessem levar a que os trabalhadores ultrapassassem os valores-limite de exposição (VLE). Concluíram por conseguinte, que era necessária avaliação mais aprofundada e que seriam precisas medições dos campos eletromagnéticos. A equipa selecionou duas peças de equipamento para submeter a medições: uma unidade de eletrocirurgia ConMed 5000 e um dispositivo de TMS 200 MAGSTIM. Decidiram não proceder a medições em unidades de diatermia por onda curta neste momento. O departamento de física médica possui uma diversidade de sondas de medição para monitorizar campos eletromagnéticos. A equipa utilizou uma sonda isotrópica (de três eixos) para realizar as medições. Foram necessárias sondas diferentes para cada peça de equipamento devido à diferença de frequência dos campos eletromagnéticos criados. 4. Setor médico 37 4.6. Resultados da avaliação da exposição 4.6.1. Unidade de eletrocirurgia A unidade de eletrocirurgia ConMed 5000 foi posta em funcionamento em modo monopolar. Esta unidade pode funcionar em modo de corte e de coagulação. Porém, as medições preliminares detetaram que os campos eletromagnéticos produzidos no modo de corte eram superiores aos produzidos no modo de coagulação, e por isso a maioria das medições foi efetuada em modo de corte. A frequência do campo foi avaliada efetuando uma medição e exibindo a forma de onda num osciloscópio, tendo sido considerada como de 391 kHz. A potência aplicada foi de aproximadamente 200 W. Foram efetuadas medições dos campos elétricos e magnéticos à volta dos cabos de tratamento e de retorno. Em termos de comparação do campo medido com os níveis de ação (NA), devido ao campo de frequência intermédia, aplicam-se os NA tanto para efeitos não térmicos como para efeitos térmicos. Os resultados da medição relatados no quadro 4.1 mostram a intensidade do campo magnético a diversas distâncias horizontais em relação ao meio do cabo de tratamento. A partir destes resultados, a equipa extrapolou o valor do campo magnético a 1 cm do cabo e calculou-o como sendo 7% do NA relativo aos membros. A avaliação do campo magnético à volta do equipamento demonstrou à equipa que a exposição do cirurgião, ou de outros trabalhadores médicos no bloco operatório, não ultrapassaria os NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos», nem os níveis de referência dados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Quadro 4.1 ― Intensidade do campo magnético a várias distâncias do cabo de tratamento, sob a forma de percentagem dos níveis de ação e dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) Efeitos não térmicos Distância Intensidade em do campo relação magnético (Am-1) ao cabo (cm) (1) (2) (3) (4) Densidade Percentagem do fluxo dos níveis de magnético (μT) ação alto/ /baixo (%) (1) Percentagem dos níveis de ação relativos aos membros (%) (2) Efeitos térmicos Percentagem do nível de ação (%) (3) Percentagem dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (%) (4) 10 0,64 0,81 0,81 0,27 16 34 20 0,53 0,67 0,67 0,22 13 29 50 0,26 0,33 0,33 0,11 6,4 14 100 0,09 0,11 0,11 0,04 2,1 4,7 150 0,04 0,05 0,05 0,02 1,0 2,1 Nível de ação alto/baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 391 kHz: 100 µT. Nível de ação relativo aos membros, no que se refere à densidade do fluxo magnético, para frequência de 391 kHz: 300 µT. Nível de ação da densidade do fluxo magnético para frequência de 391 kHz: 5,12 µT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) relativo à densidade do fluxo magnético para frequência de 391 kHz: 2,35 µT. N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA/NR. Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 38 O campo elétrico foi medido numa zona ocupada pelo cabo de tratamento e pelo cabo de retorno. Verificou-se que o campo elétrico produzido pelo cabo de retorno era significativamente mais elevado do que o produzido pelo cabo de tratamento, o que indicava que o cabo de tratamento está blindado. A intensidade do campo elétrico em função da distância do cabo de retorno é indicada no quadro 4.2. Trata-se de medições a várias distâncias horizontais em relação ao meio do cabo. O campo medido mais elevado, a 10 cm do cabo, é inferior aos níveis de ação. No entanto, os resultados mostram que os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados num raio de aproximadamente 20 cm deste cabo. Quadro 4.2 ― Intensidade do campo elétrico a várias distâncias do cabo de retorno em percentagem dos níveis de ação e dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) Distância do fio (cm) (1) (2) (3) (4) Intensidade do campo elétrico (Vm-1) Efeitos não térmicos Efeitos térmicos Percentagem do nível de ação baixo (%) (1) Percentagem do nível de ação alto (%) (2) Percentagem do nível de ação (%) (3) Percentagem dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/EC) (%) (4) 10 116 68,2 19,0 19,0 133 20 92,5 54,4 15,2 15,2 106 30 66,8 39,3 11,0 11,0 76,8 50 48,5 28,6 8,0 8,0 55,8 100 11,9 7,0 2,0 2,0 13,7 150 6,55 3,9 1,1 1,1 7,5 Nível de ação baixo da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 170 Vm-1. Nível de ação alto da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 610 Vm-1. Nível de ação alto da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 610 Vm-1. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para intensidade do campo elétrico para frequências entre 150 kHz e 1 MHz: 87 Vm-1. N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±0,8 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA/NR. Por uma questão de exaustividade, a equipa utilizou então o seu programa informático de modelização para estimar a exposição dos pacientes, e voltou a configurá-lo para modelar a exposição para o cirurgião em termos de VLE. Tanto os campos elétricos induzidos como os valores da SAR foram calculados para uma situação de exposição em que o dispositivo de eletrocirurgia está em utilização e os cabos correm junto ao braço do cirurgião, a uma distância de 1 cm. Foi calculado o campo elétrico induzido em diversos tecidos (quadro 4.3). O valor mais elevado foi calculado como sendo 628 mVm-1 no osso. Isto representa 0,6% dos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde, confirmando à equipa que os VLE para efeitos não térmicos não seriam ultrapassados pelo cirurgião. A distribuição do campo elétrico induzido num modelo humano é ilustrado na figura 4.5. Claro que é possível que os cabos da unidade de eletrocirurgia possam estar a menos de 1 cm do cirurgião, ou até mesmo em contacto com este. Porém, a equipa concluiu que os valores baixos do campo elétrico induzido significavam que os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde não seriam ultrapassados à volta da unidade em exame. 4. Setor médico Quadro 4.3 ― Campo elétrico induzido em percentagem dos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde Tecido Campo elétrico induzido (mVm-1)(1) % dos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde Osso 628 0,60% Gordura 493 0,47% Pele 461 0,44% Cérebro 146 0,14% Espinal medula 275 0,26% Retina 103 0,10% (1) V LE aplicáveis aos efeitos na saúde para a intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 105 Vm-1 (RMS). Figura 4.5 — Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano resultante da exposição ao cabo de eletrocirurgia de 391 kHz Campo elétrico induzido 122-990 61,0 0,00 [V m-1] Foram calculados os valores da SAR relativa a todo o corpo e da SAR localizada (quadro 4.4), os quais demonstram que os VLE não seriam ultrapassados na posição do cirurgião. A distribuição da SAR num modelo humano é ilustrada (quadro 4.6). Figura 4.6 ― Valores mais elevados da SAR para a posição de exposição considerada e comparações com os VLE Posição SAR média relativa a todo o corpo SAR máxima localizada de 10 g na cabeça e no tronco SAR máxima localizada de 10 g nos membros SAR (Wkg-1) VLE (Wkg-1) % de VLE 0,0338 0,4 8,4 0,780 10 7,8 1,75 20 8,7 39 40 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 4.6 — Distribuição da taxa de absorção específica da energia (SAR) no modelo humano resultante da exposição ao campo de 391 kHz produzido pela unidade de eletrocirurgia. SAR [W kg-1] 1,6-14,0 0,80 0,0 Com base na avaliação, a equipa teve novamente a certeza de que seria pouco provável que o cirurgião ou outros trabalhadores do hospital ficassem expostos a campos que ultrapassassem os VLE. No entanto, reconheceram o facto de o paciente poder ficar exposto a campos acima dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE), em especial próximo da posição do elétrodo de retorno. De um modo geral, isso não foi considerado um problema, uma vez que a exposição seria uma parte justificada da cirurgia. No entanto, pode exigir a atenção se o paciente possuir um implante médico ativo (AIMD). Outro potencial risco identificado era a interferência eletromagnética em dispositivos médicos sensíveis no bloco operatório. A equipa estava ciente de que tal tinha ocorrido em circunstâncias em que a sonda de tratamento tinha sido posicionada perto destes dispositivos. 4.6.2. Dispositivo de estimulação magnética transcraniana O dispositivo de TMS 200 MAGSTIM tem duas peças de mão, uma que incorpora uma bobina circular e outra com duas bobinas circulares em forma de «oito». A potência de saída do gerador é definida pelo médico, em percentagem da sua potência máxima. Pode ser configurado para fornecer um impulso único ou uma série de impulsos. As medições preliminares detetaram que a bobina circular deu origem aos níveis mais elevados de campos magnéticos. Esta bobina (figura 4.7) encontra-se alojada num revestimento de plástico e os enrolamentos das bobinas são feitos de cobre, um material selecionado pela sua baixa resistência elétrica e elevada condutibilidade térmica. A bobina é composta por 14 enrolamentos concêntricos, que variam entre 70 mm e 122 mm de diâmetro. A equipa efetuou medições utilizando a bobina circular, com o gerador configurado para 100% da sua potência máxima e no modo de impulso único. O fabricante forneceu dados sobre as características dos impulsos (figura 4.8). 4. Setor médico Figura 4.7 — Bobina de TMS circular Caixa da bobina 14 espiras concêntricas Figura 4.8 — Características de impulso único constantes dos dados do fabricante 5 B dB/dt 0,8 0,9 B e dB/dt (unidades arbitrárias) 4 3 2 1 0 -1 -2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 Tempo em milissegundos Como esperado, os campos mais elevados foram medidos diretamente à frente e no centro da bobina; as zonas em que os níveis de ação (NA) e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são passíveis de ser ultrapassados são mostradas na figura 4.9. Na posição normal da mão do operador (a segurar na peça de mão 11 cm abaixo do centro da bobina), a densidade do fluxo magnético foi medida como sendo 5 600% do NA relativo aos membros. 1 41 42 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 4.9 — Vista de plano que mostra os contornos no dentro dos quais o nível de ação relativo aos membros (azul), os níveis de ação altos/baixos (vermelho e os níveis de referência indicados na recomendação do Conselho (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta do dispositivo de TMS NR da Recomendação do Conselho Anel de TMS NA relativo aos membros NA alto/baixo 0.0 1.0 m N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA/NR ao avaliar as distâncias acima. A equipa concluiu que era muito provável que a exposição resultante para o médico ultrapassasse os NA. Efetuaram, novamente, modelização informática da exposição potencial para o médico em termos de VLE. A modelização foi efetuada em duas posições do médico: a primeira com a bobina segurada a 30 cm do corpo e a segunda com a bobina segurada a 15 cm do torso. A modelização demonstrou que os VLE eram passíveis de ser ultrapassados em até 35 700% (quadro 4.5). É ilustrada a distribuição do campo elétrico induzido num modelo humano para ambas as posições (figuras 4.10 e 4.11). Quadro 4.5 ― Valores modelados por computador do campo elétrico induzido e uma comparação com os VLE Posição Campo elétrico induzido (Vm-1) % dos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde (1) Bobina segurada a 30 cm do corpo 265 (osso) 24 100% Bobina segurada a 15 cm do torso 393 (osso) 35 700% (1) VLE aplicáveis aos efeitos na saúde para a intensidade do campo elétrico para frequências entre 1 Hz e 3 kHz: 1,1 Vm-1 (máximo). 4. Setor médico Figura 4.10 — Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano resultante da exposição à bobina de TMS segurando a bobina a 30 cm do corpo Campo elétrico induzido 80,0-615 40,0 0,00 [V m-1] Figura 4.11 — Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano resultante da exposição à bobina de TMS segurando a bobina a 15 cm do corpo Campo elétrico induzido 160-1290 80,0 0,00 [V m-1] A equipa concluiu que se a sonda fosse mantida em posição pelo médico, os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde seriam quase de certeza ultrapassados. A interferência em AIMD poderia também ser um risco potencial. Porém, a interferência em outros dispositivos do hospital foi vista como um problema menor do que a interferência na unidade eletrocirúrgica, uma vez que o equipamento não era normalmente utilizado em zonas com dispositivos médicos sensíveis. 43 44 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 4.6.3. Diatermia resultante de onda curta Apesar de a equipa não ter efetuado uma avaliação numa das unidades de diatermia por onda curta do hospital, tinha conhecimento de que estas poderiam originar exposições elevadas para o fisioterapeuta e possivelmente para outros trabalhadores. Avaliações efetuadas em relação a dispositivos similares noutros estabelecimentos tinham concluído que os NA eram passíveis de ser ultrapassados num raio de cerca de 2 m dos dispositivos de diatermia por onda curta capacitivos e de 1 m de dispositivos de diatermia por onda curta indutivos. A equipa decidiu que seria necessária avaliação adicional do seu próprio equipamento se este voltasse a ser posto em funcionamento. Tal serviria para que pudessem aconselhar os fisioterapeutas em relação a práticas de trabalho seguras (por exemplo, distâncias de trabalho seguras) e determinar se os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) seriam passíveis de ser ultrapassados em zonas nas quais os trabalhadores particularmente expostos pudessem entrar. 4.7. Avaliação dos riscos O hospital realizou avaliações dos riscos para a unidade de eletrocirurgia (quadro 4.6) e para o dispositivo de TMS (quadro 4.7) com base nas medições efetuadas pela equipa de física médica, que são compatíveis com a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). As avaliações dos riscos concluíram que: 4.7.1. Unidade de eletrocirurgia • a utilização desta unidade é pouco suscetível de levar a que o cirurgião ou outros trabalhadores do hospital ultrapassem os VLE; • existe a possibilidade de interferência eletromagnética em AIMD e outros dispositivos médicos sensíveis existentes na sala. 4.7.2. Dispositivo de estimulação magnética transcraniana • a utilização desta unidade pode levar a que o médico e talvez outros trabalhadores do hospital ultrapassem os VLE, e possivelmente por uma margem significativa; • existe possibilidade de interferência eletromagnética em AIMD; • é reduzida a possibilidade de interferência eletromagnética em dispositivos médicos sensíveis, uma vez que o equipamento não é utilizado na proximidade destes dispositivos. O hospital desenvolveu um plano de ação a partir da avaliação dos riscos e este foi documentado. 4. Setor médico Quadro 4.6 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a unidade de eletrocirurgia Efeitos indiretos de campos eletromagnéticos (efeito em implantes médicos ativos (AIMD) e outros dispositivos médicos sensíveis) Nenhuma Cirurgião e outros membros da equipa cirúrgica ✓ ✓ ✓ ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Não é exigida nenhuma medida Baixa Aconselhar os trabalhadores sobre o risco potencial de interferência em dispositivos médicos sensíveis Provável Cirurgião e outros membros da equipa cirúrgica Possível A modelização demonstrou que os VLE não serão ultrapassados pelos trabalhadores Probabilidade Improvável Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos Gravidade Mortal Pessoas em risco Grave Medidas de prevenção e de precaução existentes Ligeiro Perigos Paciente Foi pedido que os trabalhadores comunicassem qualquer caso de interferência em dispositivos médicos à equipa de física médica A equipa de física médica deve considerar aconselhar os cirurgiões quanto a distâncias mínimas de segurança da sonda e dos cabos de tratamento em relação aos AIMD e a outros dispositivos médicos sensíveis 45 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Nenhuma Médico Probabilidade Provável Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Possível Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Improvável Quadro 4.7 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o dispositivo de estimulação magnética transcraniana (TMS) Ligeiro 46 ✓ ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Médio As trabalhadoras grávidas devem ser proibidas de utilizar o equipamento ou de permanecerem na sala quando o equipamento está a ser utilizado Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) Os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde eram passíveis de ser ultrapassados pelo médico que utiliza este equipamento Devem ser exibidos avisos de alerta no equipamento Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 235 cm da sonda Efeitos indiretos dos campos eletromagnéticos (efeito em AIMD): Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 235 cm dos elétrodos Sempre que possível, montar a sonda num suporte Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Médio Devem ser dadas informações sobre este perigo aos trabalhadores Os trabalhadores que possuam AIMD devem ser proibidos de utilizar o equipamento ou de permanecer na sala quando o equipamento está a ser utilizado Os pacientes que possuam AIMD não devem ser tratados com este dispositivo Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição no equipamento 4. Setor médico 4.8. Precauções já em vigor Antes da avaliação por medição não estavam implementadas quaisquer precauções específicas para limitar a exposição aos campos eletromagnéticos. 4.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação Em resultado da avaliação por medição e após uma avaliação dos perigos associados ao equipamento, o hospital elaborou um plano de ação e decidiu adotar as seguintes precauções adicionais: 4.9.1. Unidade de eletrocirurgia Em relação à unidade de eletrocirurgia: • aconselhar os trabalhadores sobre o risco potencial de interferência em dispositivos médicos sensíveis; • solicitar aos trabalhadores que comunicassem qualquer caso de interferência em dispositivos médicos à equipa de física médica; • a equipa de física médica deve considerar aconselhar os médicos quanto a distâncias mínimas de segurança da sonda e dos cabos de tratamento em relação aos AIMD e a outros dispositivos médicos sensíveis 4.9.2. Dispositivo de estimulação magnética transcraniana Em relação ao dispositivo de TMS: • proibir as trabalhadoras grávidas e os trabalhadores com AIMD de operar o equipamento ou de permanecer na sala durante o tratamento; • não proceder a um tratamento em pacientes que possuam AIMD; • exibição de avisos de alerta de campos magnéticos fortes, bem como avisos de proibição para portadores de AIMD (figura 4.12.); • se possível, instalar a sonda num manipulador de precisão, para que o médico possa manter-se mais afastado da sonda durante o tratamento; • se fosse caso disso, a equipa de física médica consideraria a conceção de um manipulador à distância para permitir que o médico se mantenha afastado da sonda durante o tratamento; 47 48 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 4.12 ― Exemplos de avisos de alerta para campos magnéticos fortes e uma ilustração do símbolo de proibição para portadores de AIMD Alerta Este equipamento produz campos magnéticos fortes Entrada proibida a portadores de implantes médicos ativos 4.9.3. Diatermia resultante de onda curta Em relação à diatermia por onda curta: • A equipa de física médica deve aconselhar os fisioterapeutas do hospital a informarem os pacientes antes de efetuar tratamentos de diatermia por onda curta, de modo a que possa ser efetuada uma avaliação dos riscos dos campos eletromagnéticos e implementadas as medidas de controlo adequadas, se necessário. 5. Oficina de engenharia 5. Oficina de engenharia 5.1. Local de trabalho Uma empresa de engenharia pretendia avaliar o modo como seria afetada pela implementação da Diretiva «Campos eletromagnéticos». A empresa dispõe de uma diversidade de equipamento elétrico na oficina de engenharia, nomeadamente: • unidade de inspeção por partículas magnéticas; • desmagnetizador; • retificadora de superfícies; • guilhotina de folha de metal; • serra de fita; • serra de arco elétrica; • serra de corte; • fresadora (motor); • perfuradora de pedestal; • aquecedor de tiras com fio quente; • tornos; • berbequim; • rebolos. 5.2. Natureza do trabalho A empresa sabia que algum do seu equipamento, como a unidade de inspeção por partículas magnéticas usada em ensaios não destrutivos, e o desmagnetizador utilizado para desmagnetizar componentes, são fontes de campos eletromagnéticos. No entanto, a empresa queria também saber se outros dos instrumentos utilizados poderiam emitir níveis significativos de campos eletromagnéticos. 5.3. Como são utilizadas as aplicações 5.3.1. Inspeção por partículas magnéticas A inspeção por partículas magnéticas (MPI) (figura 5.1) é utilizada nos ensaios não destrutivos de componentes metálicos. Durante o MPI, é aplicada uma corrente a uma peça ferromagnética de modo a magnetizá-la e os defeitos presentes na superfície da peça irão perturbar o campo magnético que é produzido pela corrente. Um corante ferromagnético aplicado na superfície da peça, quando visto com uma fonte de luz adequada, permite a observação de quaisquer defeitos. O trabalhador que realiza a inspeção da peça normalmente trabalha próximo do equipamento. 49 50 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 5.1 ― Unidade de inspeção por partículas magnéticas 5.3.2. Desmagnetizador A empresa utiliza um desmagnetizador (figura 5.2), que é utilizado para desmagnetizar componentes de metal após o processo de MPI. Os componentes são carregados manualmente para um sistema de transportador e de calhas que passa através do orifício da bobina desmagnetizante. O operador empurra o componente no transportador manualmente pelo interior do desmagnetizador O componente é então descarregado do transportador do outro lado do desmagnetizador. Figura 5.2 ― Desmagnetizador com transportador deslizante 5. Oficina de engenharia 5.3.3. Retificadora de superfícies A retificadora de superfícies (figura 5.3) possui uma mesa rotativa com um mandril de campo magnético estático ao qual os componentes a retificar são fixados. O mandril magnético pode ser ativado pelo operador quando os painéis da retificadora estão abertos. Figura 5.3 ― Retificadora de superfícies 5.3.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina As outras ferramentas utilizadas na empresa, enumeradas de seguida, são utilizadas regularmente por diversos trabalhadores: • guilhotina de folha de metal; • serra de fita; • serra de arco elétrica; • serra de corte; • fresadora (motor); • perfuradora de pedestal; • aquecedor de tiras com fio quente; • tornos; • berbequim; • rebolos. 51 52 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 5.4. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos A empresa tinha conhecimento de que poderiam existir perigos resultantes de campos eletromagnéticos associados à unidade de MPI e ao desmagnetizador, uma vez que as informações do fabricante indicam que o equipamento pode afetar estimuladores cardíacos. Porém, não são dadas quaisquer outras informações sobre este perigo. No que se refere às outras ferramentas existentes no local, a empresa não conseguiu encontrar quaisquer informações de segurança em matéria de campos eletromagnéticos e por isso consultou as listas de equipamento constantes do quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 deste guia. Com base nisto, conseguiu concluir que a maioria das ferramentas elétricas manuais e do equipamento elétrico de dimensão inferior não era suscetível de representar um problema em termos de exposição a campos eletromagnéticos. 5.5. Abordagem para a avaliação da exposição Em virtude da falta de informações disponíveis em relação aos perigos relativos aos campos eletromagnéticos associados ao MPI e aos desmagnetizador, a empresa decidiu nomear um consultor especializado para efetuar uma avaliação pormenorizada. A empresa estava interessada em determinar se poderiam existir perigos associados a este equipamento e em saber a dimensão destes. O consultor efetuou medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo à volta do equipamento utilizando um instrumento com um filtro eletrónico integrado que dá um resultado, em termos percentuais, derivado através da abordagem do máximo ponderado no domínio do tempo, e que permite a comparação direta com os níveis de ação (NA). Para os campos magnéticos estáticos, o consultor utilizou um magnetómetro de Hall de três eixos, que efetua medições em termos de intensidade do campo magnético. 5.6. Resultados da avaliação da exposição 5.6.1. Inspeção por partículas magnéticas A unidade de MPI normalmente opera entre 1 e 4 kA. Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético com o equipamento a funcionar na sua definição máxima de 10 kA. O equipamento foi configurado para trabalhar em modo de magnetização axial, sendo a corrente aplicada diretamente à peça. Durante a inspeção, foi observado que o operador permanecia a uma distância de 60 cm da peça e, por conseguinte, as medições foram efetuadas nessa posição. O nível de ação baixo não foi ultrapassado nesta posição. Foram também efetuadas medições em várias outras posições à volta do equipamento e os resultados foram comparados com os NA, bem como com os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Estes níveis podem ser utilizados como um indicador geral da exposição de trabalhadores particularmente expostos (ver apêndice E do volume 1 do guia). São ilustradas as zonas em que os NA e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados (figura 5.4). O contorno relativo ao NA baixo encontra-se totalmente contido na base da máquina, ao passo que o contorno relacionado com os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) se prolonga até uma distância de cerca de 1,5 m da peça e de 0,4 m nas zonas adjacentes à cabina de MPI. 5. Oficina de engenharia Figura 5.4 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação baixo (amarelo) e os níveis de referência indicados na recomendação do Conselho (verde) são passíveis de ser ultrapassados 5.6.2. Desmagnetizador O consultor externo efetuou medições de campos magnéticos à volta do desmagnetizador, que são mostradas no quadro 5.1. Verificou-se que a densidade do fluxo magnético era inferior ao NA baixo a 40 cm do centro do orifício do íman e que ultrapassava ligeiramente o valor do NA à altura da face plana do íman. Os níveis de referência dados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram ultrapassados num raio de 1 m do orifício do íman. As zonas em que os NA e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados são ilustradas na figura 5.5. 53 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 54 Quadro 5.1 ― Densidades do fluxo magnético medidas à volta do desmagnetizador expressas em percentagem dos níveis de ação da Diretiva «Campos eletromagnéticos» • Rebordo da calha ao lado do íman • Próximo do lado direito do painel de controlo 50 50 50 Frequência (Hz) 70 600 1 400 590 Densidade do fluxo magnético (µT) 1 000 1 000 1 000 1 000 1 000 Nível de ação baixo (µT) 320% 7,0% 7,0% 60% 140% 59% 6 000 6 000 6 000 6 000 6 000 6 000 6 000 4,2% 10% 53% 1,2% 1,2% 10% 23% 10% 18 000 18 000 18 000 18 000 18 000 18 000 18 000 18 000 18 000 Nível de ação relativo aos membros (µT) 33% 37% 1,4% 3,3% 18% 0,4% 0,4% 3,3% 7,8% 3,3% Exposição (%) Exposição no contexto da Diretiva «Campos eletromagnéticos» • 40 cm do centro do orifício do íman 50 70 1 000 60% 6 000 110% 18 000 Grandeza medida • Extremidade aberta 50 3 200 1 000 25% 6 000 100% Posição de medição • Extremidade fechada 50 600 1 000 670% 6 000 Extremo afastado da calha do transportador (lado oposto ao do painel de controlo): Acima da calha do transportador no eixo do orifício do íman: Exposição (%) • 25 cm do centro do orifício do íman 50 250 1 000 600% Nível de ação alto (µT) • 40 cm do centro do orifício do íman 50 6 700 1 000 Exposição (%) • 30 cm da caixa do íman (lado do comutador de isolamento) 50 6 700 Lado do operador em relação à calha do transportador: • À altura da face plana do íman (extremidade aberta) 50 1 m do centro do orifício do íman (do lado da unidade de desmagnetização): • À altura da face plana do íman (extremidade fechada) N.B.: Foram efetuadas medições com o instrumento em modo de intensidade do campo, tendo estas indicado que a forma de onda era sempre dominada pela frequência fundamental de 50 Hz. A incerteza das medições foi estimada em ±10 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA. 5. Oficina de engenharia Figura 5.5 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação alto (vermelho), o nível de ação baixo (amarelo) e os níveis de referência indicados na recomendação do Conselho (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta do desmagnetizador 5.6.3. Retificadora de superfícies Procedeu-se a medições à volta retificadora, a qual possui um mandril magnético para manter a peça no lugar. Measurements around the unit demonstrated that the exposure limit values (ELVs) for As medições à volta da unidade demonstraram que os valores-limite de exposição (VLE) para os campos magnéticos estáticos não seriam ultrapassados em qualquer posição. Porém, os NA para a exposição a implantes médicos ativos eram passíveis de ser ultrapassados na proximidade imediata do mandril magnético (quadro 5.2). Quadro 5.2 ― Distância à qual a densidade do fluxo magnético diminui para o nível de ação para a exposição a implantes médicos ativos (0,5 mT) Equipamento Distância do bordo lateral da mesa Distância do bordo superior da mesa Máquina retificadora Lumsden 15 cm 15 cm N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ± 5% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA ao avaliar as distâncias acima. 5.6.4. Outras ferramentas utilizadas na oficina Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético à volta das outras ferramentas elétricas existentes na oficina e os NA não foram ultrapassados em torno de nenhuma delas. No que se refere às ferramentas constantes do quadro 5.3, a densidade do fluxo magnético não ultrapassou os NA nem os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) em qualquer posição. No que se refere 55 56 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos às ferramentas constantes do quadro 5.4, a densidade do fluxo magnético ultrapassou os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) nalgumas posições perto do equipamento. Quadro 5.3 ― Ferramentas que não apresentam perigo associado a campos eletromagnéticos Equipamento Percentagem dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) Guilhotina de folha de metal 33% Serra de fita <1% Serra de arco elétrica <1% Máquinas de fresar 50% Perfuradora de pedestal 20% Aquecedor de tiras com fio quente 20% Rebolo 20% Tornos <2% Quadro 5.4 ― Ferramentas em torno das quais a densidade do fluxo magnético ultrapassa os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) Equipamento Observações Serra de corte 280% na superfície do equipamento 100% a 15 cm do motor 20% na posição do operador Grinding/polishing machine 350% na superfície do equipamento 100% a 10 cm do equipamento Berbequim 700% na superfície do equipamento 300% na posição normal do corpo (7 cm da parte traseira do berbequim) 100% a 15 cm da parte traseira do berbequim 5.7. Avaliação dos riscos A empresa efetuou avaliações dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o seu equipamento com base nas avaliações por medição efetuadas pelo consultor (quadros 5.5 a 5.9). Estas foram compatíveis com a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). As avaliações dos riscos concluíram que: • Unidade de MPI — os NA não seriam ultrapassados na posição normal do operador. Os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo num raio de cerca de 1,5 m da peça; • Desmagnetizador — os trabalhadores podem ultrapassar o NA baixo ao se manterem perto do íman. Os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo num raio de cerca de 1 m do íman; 5. Oficina de engenharia • Retificadora de superfícies — os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo num raio de cerca de 15 m do mandril magnético. Porém, foi considerado pouco provável que um trabalhador se posicione tão perto do íman; • Berbequim — os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo ao operar esta ferramenta; • Outras ferramentas — foram medidos à volta de algumas destas ferramentas campos que ultrapassam os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). No entanto, os campos eram muito localizados, e assim concluiu-se ser baixo o perigo para os trabalhadores particularmente expostos; A empresa elaborou e documentou um plano de ação a partir da avaliação dos riscos. Operadores O nível de ação baixo era passível de ser ultrapassado na base da máquina Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1,5 m da peça ✓ ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Deve ser fornecida informação e formação aos operadores e a outros trabalhadores Provável A posição normal do operador é estar 60 cm afastado da peça, o que significa que o nível de ação baixo não deverá ser ultrapassado na posição do operador Probabilidade Possível Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Ligeiro Quadro 5.5 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a unidade de inspeção por partículas magnéticas (MPI) Outros trabalhadores Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) Devem ser exibidos avisos de alerta no equipamento As trabalhadoras grávidas deve ser proibidas de utilizar o equipamento ou de entrar na cabina enquanto o equipamento está a ser utilizado O equipamento é utilizado numa cabina Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição adequados na entrada da cabina Efeitos indiretos de campos eletromagnéticos (efeito em implantes médicos ativos): Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1,5 m da peça Os trabalhadores que possuem implantes médicos ativos estão impedidos de utilizar este equipamento Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Baixa Devem ser dadas informações sobre este perigo a todos trabalhadores Devem ser fornecidos avisos em informações relativas à segurança do local Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição adequados na entrada da cabina 57 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Nenhuma Operadores Probabilidade ✓ ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa A não ser que possa causar dificuldades na utilização do equipamento, instalar guardas para evitar que os trabalhadores ultrapassem o nível de ação baixo e automatizar as operações de desmagnetização mais repetitivas Provável Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Possível Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Improvável Quadro 5.6 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o desmagnetizador Ligeiro 58 Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) O nível de ação baixo era passível de ser ultrapassado até 40 cm do íman Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1 m do íman Deve ser fornecida informação e formação aos operadores e a outros trabalhadores Devem ser exibidos avisos de alerta A zona na qual os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são ultrapassados deve ser demarcada As trabalhadoras grávidas devem ser proibidas de entrar na zona demarcada Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição adequados na entrada da zona demarcada Efeitos indiretos de campos eletromagnéticos (efeito em implantes médicos ativos): Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/ CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1 m do íman Os trabalhadores que possuem implantes médicos ativos estão impedidos de utilizar este equipamento Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Baixa Prestar informações sobre este perigo a todos trabalhadores Incluir avisos nas informações de segurança do local Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição adequados na entrada da zona demarcada 5. Oficina de engenharia Quadro 5.7 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a retificadora Efeitos indiretos de campos magnéticos estáticos (efeito em implantes médicos ativos (AIMD): Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Novas medidas de prevenção e de precaução ✓ Baixa Não é exigida nenhuma medida ✓ Baixo. É pouco provável que um trabalhador se posicione tão perto dos mandris magnéticos Fornecer informações sobre este perigo aos operadores Provável Operadores Avaliação dos riscos Possível Nenhum. Os VLE não são ultrapassados em qualquer posição Probabilidade Improvável Efeitos diretos de campos magnéticos estáticos Gravidade Mortal Pessoas em risco Grave Medidas de prevenção e de precaução existentes Ligeiro Perigos O nível de ação relativo à exposição para implantes médicos ativos era passível de ser ultrapassado até cerca de 15 cm de distância dos mandris magnéticos. As pessoas que possuem implantes médicos ativos devem ser proibidas de trabalhar com a máquina quando os painéis estão abertos Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição adequados no equipamento Operadores Efeitos indiretos de campos eletromagnéticos (efeito em implantes médicos ativos): Nenhuma Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados a uma distância de até 15 cm da parte traseira da perfuradora ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução ✓ Baixa As trabalhadoras grávidas devem ser proibidas de utilizar o berbequim ✓ Baixo. É pouco provável que um trabalhador se posicione tão perto dos mandris magnéticos As pessoas que possuem implantes médicos ativos devem ser proibidas de utilizar este equipamento Provável Nenhuma Probabilidade Possível Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Ligeiro Quadro 5.8 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o berbequim Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) ✓ Fornecer informações sobre este perigo aos trabalhadores 59 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Quadro 5.9 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para outras ferramentas elétricas ✓ Novas medidas de prevenção e de precaução ✓ Baixo. É muito pouco provável que um trabalhador se posicione tão perto do equipamento Não é exigida nenhuma medida Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Baixo. É muito pouco provável que um trabalhador se posicione tão perto do equipamento Não é exigida nenhuma medida Provável Avaliação dos riscos Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados em zonas muito localizadas perto do equipamento Efeitos indiretos de campos eletromagnéticos (efeito em implantes médicos ativos): Operadores Probabilidade Possível Nenhuma Gravidade Improvável Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Ligeiro 60 Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados em zonas muito localizadas perto do equipamento 5.8. Precauções já em vigor Antes da avaliação por medição efetuada pelo consultor estavam implementadas poucas precauções. Estas limitavam-se a: • proibição de os trabalhadores portadores de implantes médicos ativos utilizarem a unidade de MPI ou o desmagnetizador. 5.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação Em resultado da avaliação por medição e após uma avaliação dos perigos associados ao equipamento, a empresa elaborou um plano de ação e decidiu: • instalar quatro ecrãs relativamente pequenos, não metálicos (Perspex), em cada extremidade do orifício do desmagnetizador. Estes ficariam inclinados para o interior, 5. Oficina de engenharia de modo a não causar obstrução significativa, mas estariam, em todos os pontos, a cerca de 40 cm do orifício do íman; • automatizar algumas das operações de desmagnetização mais repetitivas utilizando fases de manuseamento robótico e correias transportadoras (figura 5.6). Isto trouxe benefícios acrescidos em termos de operações de manuseamento manual compatíveis com os requisitos da Diretiva Europeia 90/3269/CEE; • exibir avisos de alerta e de proibição no equipamento e na entrada das zonas nas quais os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/ CE) eram passíveis de ser ultrapassados, conforme adequado. São dados exemplos de avisos de alerta (figura 5.7); • disponibilizar formação de sensibilização aos trabalhadores e garantir que estão familiarizados com as conclusões da avaliação dos riscos e com as medidas de proteção e de prevenção adequadas • desenvolver procedimentos adequados para garantir que todos os trabalhadores, incluindo visitantes e trabalhadores subcontratados, têm conhecimento dos potenciais problemas para os trabalhadores particularmente expostos (ver apêndice E do volume 1 do guia) Figura 5.6 ― Desmagnetizador automático com correia transportadora numa célula de manuseamento robótico Robô Desmagnetizador 61 62 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 5.7 — Exemplos de avisos de alerta e de proibição Alerta O equipamento produz campos magnéticos fortes durante o funcionamento É proibida a utilização deste equipamento pelo pessoal portador de implantes médicos ativos 5.10.Referência a quaisquer fontes de informação complementar A modelização informática baseada nos resultados da medição à volta do desmagnetizador mostra que, apesar do facto de todos os NA terem sido ultrapassados, os campos elétricos induzidos cumpriam os VLE. Para as três situações de exposição abaixo indicadas, os campos elétricos induzidos variaram de 5% a 54% do VLE baixo. • de pé, na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman (figura 5.8a); • ajoelhado, na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman (figura 5.8b); • inclinado na posição 2, à altura do orifício do íman (figura 5.8c); 6. Oficina de engenharia Figura 5.8a ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano resultante da exposição ao desmagnetizador quando se está de pé, na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman Campo elétrico máximo (mV m-1) 12,0-197 6,0 0,0 Figura 5.8b ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano resultante da exposição ao desmagnetizador quando se está ajoelhado, na posição 1, a 1,25 cm do orifício do íman Campo elétrico máximo (mV m-1) 6,0-94,5 3,0 0,0 Figura 5.8c ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano resultante da exposição ao desmagnetizador inclinado na posição 2, à altura do orifício do íman Campo elétrico máximo (mV m-1) 14,0-110 7,0 0,0 63 64 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 6. Setor automóvel 6.1. Local de trabalho Este estudo de caso abrange os soldadores por pontos portáteis e os aquecedores por indução utilizados numa oficina de reparação automóvel. Embora não sejam pequenas ou médias empresas, a utilização de soldadores por pontos por parte de importantes fabricantes internacionais de veículos automóveis é brevemente abordada na secção 6.11. 6.2. Natureza do trabalho Os soldadores por pontos portáteis (figura 6.1) e os aquecedores por indução (figura 6.3) podem representar um perigo devido aos fortes campos magnéticos variáveis no tempo produzidos pelas grandes correntes elétricas que utilizam para soldar ou aquecer metal. Este estudo de caso considera dois soldadores por pontos e três sistemas de aquecimento por indução habitualmente utilizados em oficinas de reparação. Figura 6.1 ― Um soldador por pontos portátil a ser utilizado para fixar um novo painele 6.3. Como são utilizadas as aplicações A maior parte dos veículos modernos é produzida através da soldadura de painéis para criar uma carroçaria única à qual são fixados os componentes principais. Na maioria das vezes, a soldadura é feita utilizando soldadores por pontos. Os soldadores por pontos portáteis são compostos por uma pistola de soldar ligada a uma unidade de controlo que aloja sistemas elétricos e de arrefecimento. A pistola utiliza dois elétrodos 6. Setor automóvel de liga de cobre para produzir a soldadura por pontos. A dimensão dos elétrodos pode ser variada em função do local do ponto da carroçaria que se pretende soldar. Um exemplo de um dos soldadores por pontos da oficina de reparação automóvel avaliado é mostrado na figura 6.2. Figura 6.2 ― Um soldador por pontos portátil típico de oficina de reparação automóvel. O sistema é móvel estando a unidade de controlo sobre rodízios. Os cabos de alimentação elétrica e de refrigeração saem da frente da unidade e entram na traseira da pistola de soldar, que se encontra no seu suporte à esquerda do painel de controlo Durante a assistência ou reparação de veículos é comum, normalmente devido a corrosão, que os trabalhadores tenham de aquecer os componentes de metal para os poderem remover. Os aquecedores por indução são compostos por uma bobina eletromagnética através da qual é passada uma corrente alternada de baixa frequência. O campo magnético criado em torno da bobina induz correntes elétricas, designadas por correntes de Foucault, no objeto alvo e a resistência a estas correntes causa o aquecimento do objeto. Um exemplo de um dos aquecedores avaliado é mostrado na figura 6.3. 65 66 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 6.3 ― Um aquecedor por indução portátil de 1 kW utilizado para aquecer um parafuso preso 6.4. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos Dos dois soldadores por pontos da oficina de reparação avaliados, um utilizava uma pistola «tipo C» que pode ser equipada com braços de 160 mm ou de 550 mm e o outro utilizava uma pistola «tipo X» com elétrodos de 160 mm ou de 550 mm. Outros tipos diferentes de pistolas são mostrados nas figuras 6.4 e 6.5. Ambos os soldadores utilizavam correntes entre 7 500 e 12 000 A e funcionavam a uma frequência de 2 kHz. No entanto, enquanto a pistola «tipo C» utilizava um transformador remoto para fornecer corrente de soldadura, a pistola «tipo X» utilizava um transformador em miniatura integrado. Isso significa que neste soldador a alimentação elétrica de 50/60 Hz passa ao longo do cabo entre a unidade de controlo e a pistola, e não pela corrente de soldadura muito maior. A relevância disto é debatida mais à frente neste estudo de caso. 6. Setor automóvel Figura 6.4 ― A pistola de soldar «tipo C» da oficina de reparação, equipada com um braço de 160 mm. O corpo principal da pistola (por baixo da mão do trabalhador) contém um pistão que força um elétrodo contra o outro. A corrente de soldadura é fornecida a partir da unidade de controlo pelos cabos à esquerda na imagem Figura 6.5 ― A pistola de soldar «tipo X» da oficina de reparação, equipada com elétrodos de 550 mm. Os dois elétrodos são forçados em conjunto num movimento semelhante ao de uma pinça através de um pistão no corpo principal da pistola (entre as mãos do trabalhador), que contém também o transformador que alimenta a corrente de soldadura 67 68 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Os três aquecedores por indução da oficina de reparação avaliados tinham potências diversas: 1, 4 e 10 kW. O aquecedor de 1 kW funcionava a 15 kHz e os aquecedores de 4 kW e 10 kW funcionavam entre 17 kHz e 40 kHz. A frequência utilizada pelos aquecedores de 4 kW e de 10 kW varia, uma vez que conseguem regular automaticamente a frequência da corrente aplicada para garantir um acoplamento máximo com o objeto que está a ser aquecido. O aquecedor de 1 kW era composto por uma única unidade portátil que combina um transformador e um elemento de aquecimento numa só unidade e não possuía qualquer arrefecimento ativo (figura 6.3). Os aquecedores de 4 kW e 10 kW eram compostos por uma unidade de potência autónoma e um elemento de aquecimento portátil e possuíam sistemas de arrefecimento ativo (figura 6.6). Figura 6.6 ― Os aquecedores por indução de 4 kW (esquerda) e de 10 kW (direita) a serem utilizados para aquecer componentes de metal na oficina de reparação. Nestes dois casos, o transformador está alojado numa unidade de potência autónoma (à esquerda na imagem), com cabos de alimentação elétrica e de refrigeração que ligam a unidade de potência ao elemento de aquecimento (segurado pelo trabalhador em cada caso). Estes contrastam com o aquecedor por indução de 1 kW, muito mais simples, mostrado na figura 6.3 6.5. Abordagem para a avaliação da exposição Um órgão representativo da indústria automóvel revelou inquietação quanto às implicações da Diretiva «Campos eletromagnéticos» para os seus membros, alguns dos quais são fornecedores de equipamento de soldadura elétrica e de aquecimento. Acharam que os soldadores por pontos e os aquecedores por indução das oficinas de 6. Setor automóvel reparação típicas podiam causar exposições aos trabalhadores que ultrapassam os níveis de ação pertinentes do artigo 3.º, n.º 2, da Diretiva «Campos eletromagnéticos». Tal devia-se ao facto de tanto os soldadores por pontos como os aquecedores por indução utilizarem correntes elevadas e de os trabalhadores muitas vezes os segurarem junto ao corpo durante a sua utilização, como é mostrado nas figuras 6.1, 6.4, 6.5 e 6.6. Por conseguinte, o organismo contratou os serviços de um consultor especializado que estava envolvido num projeto europeu para desenvolver orientações sobre exposições a campos eletromagnéticos em contexto profissional. Deste modo, foram tomadas medidas para que o consultor efetuasse uma avaliação de diversos equipamentos de oficina de reparação numa escola de formação automóvel. O consultor efetuou medições do fluxo de densidade magnética variável no tempo à volta dos soldadores e dos aquecedores indicados acima, utilizando uma sonda isotrópica (de três eixos) (figura 6.7). O instrumento possuía um filtro eletrónico integrado que fornecia resultados, em termos percentuais, derivados através da utilização da abordagem do máximo ponderado no domínio do tempo e, por conseguinte, permitiu a comparação direta com os níveis de ação (NA) da Diretiva «Campos eletromagnéticos». O instrumento possuía também um analisador de espetro integrado que permitia que o conteúdo harmónico da forma de onda fosse analisado. Figura 6.7 ― Medições à volta do soldador por pontos da oficina de reparação equipado com uma pistola «tipo C» e com o braço de 160 mm instalado. O soldador de pistola «tipo X» é visível ao fundo 6.6. Resultados das avaliações da exposição Os resultados das medições obtidos pelo consultor constam das figuras e do quadro abaixo. Em todos os casos, as medições foram obtidas com o soldador ou o aquecedor a serem utilizados de um modo representativo do trabalho desenvolvido numa oficina de reparação. Foram efetuadas medições para estabelecer a extensão da zona à volta de cada pistola de soldar e aquecedor por indução em que: 69 70 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos • os NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos» eram ultrapassados; • pode haver um problema de segurança para trabalhadores particularmente expostos. Tal foi avaliado no contexto dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 do guia) Os soldadores por pontos e os aquecedores por indução funcionaram entre 2 e 36 kHz. Nesta gama de frequência, os NA alto e baixo da Diretiva «Campos eletromagnéticos» são os mesmos. Desse modo, quando uma medição da intensidade do campo magnético é mostrada em percentagem do nível de ação, representa a percentagem de ambos os NA, alto e baixo. Quando apropriado, as medições são também expressas em percentagem do NA relativo aos membros da Diretiva «Campos eletromagnéticos». 6.6.1. Resultados da avaliação da exposição dos soldadores por pontos da oficina de reparação As figuras 6.8 a 6.11 revelam a extensão das zonas à volta de cada pistola de soldar nas quais é ultrapassado o NA relativo aos membros ou o NA alto e baixo, ou ambos, da Diretiva «Campos eletromagnéticos». A figura 6.11 mostra igualmente a extensão da zona à volta da pistola «tipo X», quando equipada com elétrodos de 550 mm, na qual os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são ultrapassados. Em todos os casos, os contornos à volta das pistolas representam 100% do nível relevante, sendo que o azul representa o NA relativo aos membros, o vermelho representa o NA alto e baixo e o verde representa os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Além disso, o quadro 6.1 mostra a extensão das zonas que ultrapassam os NA pertinentes à volta do cabo da pistola de soldar «tipo C». Figura 6.8 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação relativo aos membros (azul) e os níveis de ação alto/baixo (vermelho) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola «tipo C» da oficina de reparação, equipada com um braço de 160 mm 6. Setor automóvel Figura 6.9 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação relativo aos membros (azul) e os níveis de ação alto/baixo (vermelho) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola «tipo C» da oficina de reparação, equipada com um braço de 550 mm Figura 6.10 — Vista de plano que mostra o contorno dentro do qual os níveis de ação alto/baixo (vermelho) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola «tipo X» da oficina de reparação, equipada com elétrodos de 160 mm 71 72 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 6.11 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação relativo aos membro (azul), os níveis de ação altos/ /baixos (vermelho e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola «tipo X» da oficina de reparação, quando equipada com elétrodos de 550 mm Quadro 6.1 ― Resultados das medições no cabo entre a pistola de soldar «tipo C» e a unidade de controlo Tipo de pinça Corrente (A) 160 mm «tipo C» 8 000 % do nível de % do nível de % do nível ação alto/ ação alto/ de ação /baixo (1) a 10 /baixo (1) a 12 relativo aos cm do cabo cm do cabo membros (2) a 8 cm do cabo 180 100 100 (1) Níveis de ação alto e baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 2 kHz: 150 µT (2) Níveis de ação relativos aos membros da densidade do fluxo magnético para frequência de 2 kHz: 450 µT. N.B.: TA incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA. 6. Setor automóvel 6.6.2. Resultados da avaliação da exposição de aquecedores por indução utilizados na oficina de reparação automóvel A figura 6.12 mostra os elementos de aquecimento dos três aquecedores por indução, com o aquecedor de 1 kW à esquerda, o aquecedor de 4 kW ao centro e o aquecedor de 10 kW à direita. Em todos os casos, os contornos à volta dos elementos de aquecimento representam 100% do nível relevante, sendo que o azul representa o NA relativo aos membros da Diretiva «Campos eletromagnéticos», o vermelho representa o NA alto e baixo da mesma diretiva e o verde representa os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Figura 6.12 — Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação relativo aos membros (azul), os níveis de ação altos/ /baixos (vermelho e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta dos três aquecedores por indução da oficina de reparação (1 kW à esquerda, 4 kW ao centro e 10 kW à direita) NA relativo aos membros NA alto/baixo Anel de indução NR da Recomendação do Conselho 0.00 0,25 m 6.7. Conclusões das avaliações da exposição Consoante o tipo de pistola, o NA relativo aos membros da Diretiva «Campos eletromagnéticos» foi ultrapassado entre 10 cm e 22 cm de distância em relação à pinça, e o NA alto e baixo da mesma diretiva foi ultrapassado entre 20 cm e 32 cm de distância em relação à pinça. Quando medidos, os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram ultrapassados até uma distância em relação à pinça de alguns metros. O consultor observou que os cabos de alimentação para a pistola «tipo C» criaram campos magnéticos à volta das mesmas que ultrapassavam o NA relativo aos membros e os NA alto e baixo, enquanto tal não aconteceu com os cabos da pistola «tipo X». Com efeito, o NA relativo aos membros foi ultrapassado até 8 cm de distância em relação aos cabos e os NA alto e baixo foram ultrapassados até 12 cm de distância 73 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos em relação aos cabos. O consultor atribuiu isto ao facto de os cabos da pistola «tipo C» transportarem a corrente de soldadura da unidade de controlo até à pistola, enquanto a pistola «tipo X», com o transformador localizado no seu interior, tem um cabo que transporta apenas a alimentação elétrica de 50 Hz/60 Hz. O consultor confirmou que a frequência fundamental da corrente de soldadura dos soldadores da oficina de reparação era de 2 kHz, apesar de diversas frequências harmónicas terem contribuído significativamente para a exposição global. Para demonstrar isto, a figura 6.13 mostra a distribuição espetral da forma de onda obtida do soldador da oficina de reparação equipado com a pistola «tipo C» de 160 mm. Figura 6.13 ― Distribuição espetral da forma de onda da pistola «tipo C» de 160 mm -30 Densidade do fluxo magnético (dB) 74 -40 -50 -60 -70 -80 -90 0 2 4 6 8 10 Frequência (kHz) Em relação aos aquecedores por indução, consoante a potência do aquecedor, o NA relativo aos membros foi ultrapassado a uma distância de 7 cm a 11 cm entre o elemento de aquecimento e a mão do trabalhador, e os NA alto e baixo foram ultrapassados entre 13 cm e 18 cm a partir do centro do elemento de aquecimento em todas as direções. A frequência fundamental dos aquecedores variou. O aquecedor de 1 kW tinha uma frequência fundamental de 15 kHz e os aquecedores de 4 kW e de 10 kW utilizavam uma frequência de 36 kHz. Tal como os soldadores, diversas frequências harmónicas contribuíram significativamente para a exposição global em todos os casos. Para demonstrar isto, a figura 6.14 mostra a distribuição espetral da forma de onda obtida do aquecedor por indução de 1 kW. 6. Setor automóvel Figura 6.14 — Distribuição espetral da forma de onda do aquecedor por indução de 1 kW Densidade do fluxo magnético (dB) -20 -40 -60 -80 -100 -120 0 50 100 150 200 250 Frequência (kHz) 6.8. Avaliação dos riscos Atendendo aos resultados das medições, o consultor concluiu que, uma vez que as pistolas de soldar por pontos são seguradas na mão, junto ao corpo, as exposições ao campo magnético recebidas pelos trabalhadores eram passíveis de ultrapassar os NA pertinentes da Diretiva «Campos eletromagnéticos» e, potencialmente, também o valor-limite de exposição (VLE) relevante. As medições à volta dos cabos de alimentação da pistola «tipo C» indicam também que estas têm o potencial de causar exposições que ultrapassam também os NA relevantes. O consultor observou também que os campos magnéticos ultrapassavam os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) até alguns metros de distância das pistolas de soldar. Os níveis podem ser utilizados como um indicador geral para pessoas particularmente expostas a efeitos indiretos da exposição (ver apêndice E do volume 1 do guia). No que respeita aos aquecedores por indução, o consultor concluiu que os trabalhadores que os utilizam não estavam a ser expostos a campos que ultrapassassem os NA, porque os elementos de aquecimento eram mantidos a uma distância suficiente das suas mãos e corpos durante o aquecimento. Contudo, os campos magnéticos tinham ainda intensidade suficiente para ultrapassar os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) até 0,5 m do aquecedor de 10 kW. Por conseguinte, o consultor recomendou que fossem tidas em atenção as pessoas particularmente expostas a efeitos indiretos de exposição aos campos magnéticos gerados pelos aquecedores (ver apêndice E do volume 1 do guia). Tendo em conta estas conclusões, o consultor elaborou uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a utilização de soldadores por pontos e aquecedores por indução, utilizando a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). Tal foi efetuado para determinar quais as medidas que deviam ser tomadas para proteger os trabalhadores de modo a garantir que estes não eram expostos a campos magnéticos que ultrapassassem os NA. A avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos é mostrada no quadro 6.2. 75 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 6.9. Precauções já em vigor Nenhum. Nenhum. Mãos e corpo muitas vezes próximos da pinça de soldadura para suster o peso da pistola durante a soldadura Trabalhadores da oficina Elementos de aquecimento de aquecedores por indução normalmente segurados à distância do braço Probabilidade Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Alteração ao modo de efetuar o trabalho de soldadura — utilização de equilibradores para suster o peso da pistola de modo a permitir que os trabalhadores mantenham as suas mãos e o seu corpo longe dos elétrodos de soldar Provável Efeitos diretos da baixa frequência Gravidade Possível Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Improvável Quadro 6.2 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para a utilização de soldadores por pontos portáteis e aquecedores por indução de oficinas de reparação Ligeiro 76 ✓ ✓ Baixa ✓ ✓ Baixa Procedimentos operacionais normalizados para o trabalho de soldadura Sinais de aviso em soldadores e aquecedores Formação do operador sobre perigos dos campos eletromagnéticos Trabalhadoras grávidas Efeitos indiretos da baixa frequência (interferência em implantes médicos ativos) Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ ✓ Baixa ✓ Baixa Soldadores/ /aquecedores não operados por ou perto de trabalhadoras grávidas Soldadores/ /aquecedores não devem ser operados por ou perto de trabalhadores com implantes médicos ativos Formação do pessoal sobre o perigo dos campos eletromagnéticos 6. Setor automóvel 6.10.Medidas de precaução adicionais em resultado das avaliações Na sequência da avaliação dos riscos, o gerente decidiu implementar as seguintes medidas de precaução, incluindo: • sempre que possível, tomar medidas para garantir que os trabalhadores mantêm as suas mãos e corpos longe da pistola do soldador por pontos e, se necessário, mais afastados dos outros condutores e cabos de alimentação. Por exemplo, o gestor arranjou equilibradores para suspender as pistolas de soldar por pontos. Isto significou que os trabalhadores já não tinham de suportar o peso das pistolas e, consequentemente, podiam permanecer sempre atrás da pistola e limitar-se a segurar na parte traseira da pistola para a manter em posição durante a soldadura; • afixar avisos nos soldadores e nos aquecedores para alertar para os fortes campos magnéticos e proibir a utilização do soldador ou do aquecedor por, ou na presença de, portadores de implantes médicos ativos (AIMD) e outros trabalhadores particularmente expostos, tais como trabalhadoras grávidas. São mostrados exemplos dos avisos utilizados nos soldadores da oficina na figura 6,5. Figura 6.15 — Exemplos de avisos de alerta de campos magnéticos fortes e de um aviso que proíbe a utilização do soldador por portadores de AIMD ou na presença destes Aviso — Forte Campo magnético Manter-se longe da pinça da pistola durante a soldadura Proibida a utilização deste equipamento por ou na presença de portadores de dispositivos médicos ativos • prestação de informações, incluindo os resultados da avaliação dos riscos, aos trabalhadores; • prestação de informações aos trabalhadores sobre o modo de manter as suas exposições abaixo dos NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos» • garantir, através de programas de indução adequados que outros trabalhadores conhecem o perigo associado aos campos magnéticos dos soldadores e aquecedores; • revisão periódica da avaliação dos riscos. 77 78 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 6.11.Soldadores por pontos no fabrico de veículos Embora os fabricantes internacionais de veículos não possam ser considerados pequenas e médias empresas, a importância da soldadura por pontos para esta indústria é tal que os autores consideraram ser importante incluir a avaliação levada a cabo pelo consultor relativamente a exemplos de soldadores por pontos utilizados por um importante fabricante. 6.11.1.Avaliação do soldador por pontos de fábrica Foram avaliados três soldadores por pontos: uma pistola «tipo C» com um braço de 400 mm, uma pistola «tipo X» com elétrodos com 130 mm de comprimento e uma pistola «tipo X» com elétrodos com 700 mm de comprimento. As duas pistolas mais pequenas funcionavam a 8 400 A e a pistola maior funcionava a 10 200 A. As três pistolas possuíam uma frequência de funcionamento de 50 Hz e eram alimentadas por transformadores remotos através de cabos concebidos para minimizar a exposição a campos magnéticos. A pistola «tipo C» de 400 mm e a pistola «tipo X» de 700 mm são mostradas nas figuras 6.16 e 6.17. Figura 6.16 ― A pistola «tipo C» de 400 mm na fábrica. A pinça é mantida em posição utilizando as pegas no topo da pistola, uma das quais está visível no topo direito da imagem (componente em cromo polido). Isto dá uma indicação quanto à posição do operador em relação à pinça durante a soldadura Pega direita e gatilho de ativação Pega esquerda Braço «C» Elétrodos 6. Setor automóvel Figura 6.17 ― A pistola «tipo X» de 700 mm na fábrica. Apesar de suspensa num equilibrador, o tamanho da pistola significa que os trabalhadores têm, sistematicamente, de permanecer próximo dos elétrodos para os orientar e mantê-los em posição. Equilibrador Braço superior Hinge Dobradiça Cabo de alimentação Foram efetuadas medições da densidade do fluxo magnético variável no tempo à volta das pistolas de soldar utilizando uma sonda isotrópica (de três eixos). O instrumento possuía um filtro eletrónico integrado que forneceu resultados, em termos percentuais, derivados através da utilização da abordagem do máximo ponderado no domínio do tempo e, por conseguinte, permitiu a comparação direta com os NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos». O instrumento possuía também um analisador de espetro integrado que permitia que o conteúdo harmónico da forma de onda fosse analisado. Os soldadores funcionavam a 50 Hz. Nesta frequência, os NA alto e baixo da Diretiva «Campos eletromagnéticos» são significativamente diferentes. Assim sendo, as medições da intensidade dos campos magnéticos à volta das pistolas são mostradas em percentagem dos NA alto e baixo. 6.11.2.Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica Os resultados das medições obtidos constam das figuras e do quadro abaixo. Em todos os casos, as medições foram obtidas com o soldador a ser utilizado de um modo representativo do trabalho desenvolvido. As figuras 6.18 a 6.20 mostram a extensão da zona à volta de cada pistola de soldar em que os NA alto e baixo da Diretiva «Campos eletromagnéticos» e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são ultrapassados. Em todos os casos, os contornos à volta das pistolas representam 100% do nível relevante, sendo que o amarelo representa o NA alto da Diretiva «Campos eletromagnéticos», o vermelho representa o NA baixo da mesma diretiva o verde representa os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Para além destes valores, o quadro 6.3 mostra o resultado de uma medição à volta do cabo de alimentação da pistola de soldar «tipo X». 79 80 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 6.18 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação baixo (amarelo), o nível de ação alto (vermelho) e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola do soldador por pontos de fábrica «tipo C» de 400 mm. Figura 6.19 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação baixo (amarelo), o nível de ação alto (vermelho) e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola do soldador por pontos de fábrica «tipo X» de 130 mm. 6. Setor automóvel Figura 6.20 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação baixo (amarelo) e o nível de ação alto (vermelho) são passíveis de ser ultrapassados à volta da pistola do soldador por pontos de fábrica «tipo X» de 700 mm. Neste caso os contornos prolongam-se para trás da pistola para campos criados pelos condutores na parte traseira da pistola Quadro 6.3 ― Resultado das medições no cabo entre a pistola de soldar «tipo X» e o transformador suspenso Tipo de pinça Corrente (A) % do nível de ação baixo (1) a 10 cm do cabo «tipo X» de 130 mm 8400 12 (1) Nível de ação baixo da densidade do fluxo magnético para frequências entre 25 e 300 Hz: 1000 µT. N.B.: A incerteza da medição foi estimada em ± 10 % e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) o resultado foi tomado como percentagem direta do NA. 6.11.3.Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica no âmbito dos NA O NA baixo foi ultrapassado entre 37 cm e 147 cm de distância em relação às pistolas e o NA alto foi ultrapassado entre 27 cm e 125 cm de distância em relação às pistolas. Deve-se ter em conta que o tamanho da zona que ultrapassa os NA à volta da pistola «tipo X» de 700 mm (figura 6.20) não se deve apenas aos elétrodos, mas também a condutores na parte de trás da pistola. Além disso, os campos magnéticos ultrapassaram os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) até alguns metros de distância das pistolas de soldar (ver apêndice E do volume 1 do guia). Os cabos de alimentação da pistola tinham sido concebidos para minimizar as exposições a campos magnéticos e consequentemente, como pode ser visto no quadro 6.3, a exposição resultante do cabo estava bem abaixo do NA baixo. 6.11.4.Resultados da medição do soldador por pontos de fábrica no âmbito dos VLE Os resultados indicaram que os trabalhadores podiam estar a ser alvo de exposições que ultrapassavam bastante os NA pertinentes, dado que permaneciam num raio de 10 cm a 20 cm das pistolas. Porém, embora o empregador tenha adotado muitas das medidas indicadas na secção 6.10 deste estudo de caso, nem sempre foi possível para os trabalhadores retirarem-se das zonas que ultrapassavam os NA. De acordo com o artigo 4.º, n.º 3, da Diretiva «Campos eletromagnéticos», o consultor levou a cabo modelização informática para determinar se os VLE pertinentes estavam efetivamente a ser ultrapassados. 81 82 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos O consultor utilizou as suas medições e observações para produzir um modelo de pistola «tipo C» de 400 mm. Este modelo foi então utilizado para calcular os campos magnéticos nas zonas à volta da pistola, incluindo as ocupadas pelo trabalhador, que foi então adicionado ao modelo. A figura 6.21 mostra os modelos finais de pistola e de trabalhador, a par do modelo de pistola que mostra o anel de corrente (marcado a vermelho) utilizado para simular a produção de campo magnético e as intensidades calculadas dos campos magnéticos num plano selecionado x-y. Figura 6.21 ― Os modelos de pistola de soldar «tipo C» de 400 mm e o trabalhador que a opera (esquerda), o anel de corrente (braço em «C», a vermelho) responsável pelo campo magnético (centro) e o campo magnético à volta da pistola em funcionamento (direita) Campo magnético 9,80E + 03 3,50E + 05 5,23E + 03 5,50E + 02 [A m-1] Uma vez terminada a modelização da pistola e do trabalhador, foram efetuados cálculos numéricos de campos elétricos internos induzidos no corpo. Os resultados destes cálculos, que se baseiam numa distância do corpo de 15 cm em relação ao braço da pistola, são mostrados na figura 6.22. O vermelho indica um campo elétrico relativamente elevado, enquanto o violeta indica um valor baixo. Pode ser visto que o campo é absorvido predominantemente na cintura e na parte superior das pernas do operador, que se encontram mais próximas do anel de corrente. A uma distância de 15 cm, os VLE pertinentes não foram ultrapassados e, por isso, foram efetuados cálculos para determinar as distâncias às quais os VLE seriam ultrapassados. Os resultados destes cálculos subsequentes são mostrados no quadro 6.4. Figura 6.22 ― Distribuição espacial dos campos elétricos induzidos máximos num modelo humano quando exposto aos campos magnéticos produzidos pela pistola «tipo C» de 400 mm Campo elétrico induzido 104-852 52,0 0,00 [mV m-1] 7. Setor automóvel Quadro 6.4 ― Intensidade máxima do campo elétrico interno em percentagem do VLE pertinente Distância entre o tronco e a pistola (cm) 15 7 4 287 611 811 Percentagem dos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde (%) (1) 37 79 104 Campo elétrico induzido máximo no sistema nervoso central (mVm-1) 52 84 92 Percentagem dos VLE aplicáveis aos efeitos sensoriais (%) (2) 53 85 93 Intensidade máxima do campo elétrico induzido no corpo (mVm-1) (1) O VLE aplicável aos efeitos na saúde para uma frequência de 50 Hz é de 778 mVm-1 (rms). (2) O VLE aplicável aos efeitos sensoriais para uma frequência de 50 Hz é de 99 mVm-1 (rms). O quadro 6.4 mostra que, quando o trabalhador está a operar uma pistola a 15 cm do corpo, o valor do campo elétrico induzido máximo é de 287-1 mVm, o que representa 37% do VLE aplicável aos efeitos na saúde. Para os tecidos do sistema nervoso central na cabeça, o valor do campo elétrico induzido máximo é de 52 mVm-1, o que representa 53% do VLE aplicável aos efeitos sensoriais. Os resultados mostram que o VLE aplicável aos efeitos na saúde apenas é efetivamente ultrapassado quando a distância entre o corpo e a pistola é reduzida para cerca de 4 cm. Isto significa que, apesar de os trabalhadores estarem a ser expostos a campos magnéticos que ultrapassam os NA, os campos elétricos internos induzidos não ultrapassam os VLE. A diferença entre a dimensão da zonas que ultrapassam os NA e a dimensão da zona em que o trabalhador ultrapassaria efetivamente o VLE aplicável aos efeitos na saúde é mostrada na figura 6.23 abaixo. Figura 6.23 ― Representação visual da zona à volta da pistola «tipo C» de 400 mm na qual o VLE aplicável aos efeitos na saúde era passível de ser ultrapassado (zona vermelha no interior da zona verde), em conjunto com os contornos dos níveis de ação alto e baixo (a vermelho e a amarelo, respetivamente) da figura 6.18 NA baixo Cumprimento dos VLE NA alto Incumprimento dos VLE Em suma, neste caso parece que os NA fornecem uma estimativa conservadora de exposição excessiva e que a situação de exposição está, na verdade, em conformidade com a Diretiva «Campos eletromagnéticos». 83 84 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 7. Soldadura 7.1. Local de trabalho Este estudo de caso está relacionado com uma oficina de fabrico de metal, na qual são utilizadas diversas máquinas de soldadura por resistência. 7.2. Natureza do trabalho Os trabalhadores utilizam soldadores por pontos e soldadores de roletes para soldar fios e folhas de metal. Existem diversas máquinas destas na oficina. 7.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos Os soldadores por resistência são compostos por dois elétrodos, que se apertam em conjunto em torno dos componentes a soldar. Uma corrente passa através dos elétrodos e dos componentes, e o calor necessário para a soldadura é produzido pela resistência elétrica dos componentes. As definições do equipamento são escolhidas de modo a coincidirem com as propriedades dos componentes a soldar. 7.3.1. Soldadores por pontos Os soldadores por pontos são compostos por dois elétrodos cilíndricos pequenos que apertam os componentes e aplicam uma corrente elevada para produzir uma soldadura por pontos. A empresa utiliza dois tipos de soldadores por pontos: soldadores por pontos de bancada e soldadores por pontos portáteis suspensos. O soldador por pontos de bancada (figura 7.1) é normalmente utilizado para soldar fios de 1,2 mm de tipo «trocânter» em aço inoxidável. Este equipamento foi concebido para ser utilizado numa bancada com o operador posicionado à frente da unidade. Funciona normalmente a 19% da corrente máxima disponível (3 500 A), ou seja a 665 A, e utiliza uma fonte de alimentação de 50 Hz. O soldador por pontos portátil suspenso (figura 7.2) é utilizado para soldar folhas de metal. O soldador é composto por braços de elétrodos, que se movem num movimento de pinça para apertar as pontas dos elétrodos no componente. Funciona normalmente a 7 000 A e utiliza uma fonte de alimentação de 2 kHz. 7. Soldadura Figura 7.1 ― Soldador por pontos de bancada Elétrodos de soldadura Figura 7.2 ― Soldador por pontos portátil suspenso 7.3.2. Soldador de roletes O soldador de roletes é utilizado para soldar peças de metal. Os elétrodos são em forma de disco e rodam à medida que o material passa entre eles, o que significa que a soldadura por roletes é formada progressivamente. O equipamento funciona normalmente a 7 000 A e utiliza uma fonte de alimentação de 50 kHz (figura 7.3). 85 86 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 7.3 ― Vista frontal e lateral do soldador de roletes 7.4. Como são utilizadas as aplicações Os operadores das máquinas de soldar estão normalmente de pé ou sentados junto às máquinas quando estão a soldar, sendo as mãos a parte do corpo mais próxima das máquinas. Quando utiliza o soldador por pontos de bancada e o soldador de roletes, o operador segura o material que está a ser soldado, o que significa que as mãos podem estar posicionadas a 10 cm dos elétrodos de soldar. Quando utiliza um soldador por pontos portátil suspenso, o material a soldar fica fixo e o operador ficará perto do soldador por pontos, para o manter em posição. O equipamento de soldar encontrase todo numa oficina, juntamente com outras máquinas e ferramentas utilizadas no fabrico de componentes de metal. 7.5. Abordagem para a avaliação da exposição A empresa analisou os dados do fabricante relativamente a cada peça de equipamento. Nalguns manuais de funcionamento, havia uma indicação de que o equipamento poderia produzir campos magnéticos que apresentam perigo para portadores de estimuladores cardíacos. No entanto, a empresa não conseguiu encontrar nenhuma informação sobre a extensão deste perigo (por exemplo, até que distância do equipamento se estende este perigo) ou sobre o nível de campos magnéticos no âmbito dos níveis de ação da Diretiva «Campos eletromagnéticos». Para algum do equipamento mais antigo, a empresa não conseguiu encontrar quaisquer dados dos fabricantes. O equipamento de soldar encontra-se na oficina, à qual a maioria dos trabalhadores tem acesso, e onde podem entrar trabalhadores subcontratados e visitantes. Por conseguinte, a empresa decidiu efetuar mais avaliações dos riscos. Na ausência de quaisquer outras informações dos fabricantes do equipamento, a empresa designou um consultor especialista para efetuar a avaliação. 7. Soldadura Foram selecionados três tipos diferentes de soldadores por resistência para uma avaliação mais aprofundada, uma vez que os resultados constituiriam um bom indicador dos perigos associados a equipamento similar existente na oficina. O consultor mediu a densidade do fluxo magnético à volta do equipamento utilizando um instrumento com um filtro eletrónico integrado que forneceu resultados, em termos percentuais, derivados através da utilização da abordagem do máximo ponderado no domínio do tempo e, por conseguinte, permitiu a comparação direta com os NA. 7.6. Resultados da avaliação da exposição 7.6.1. Soldador por pontos de bancada O consultor observou o operador a utilizar o soldador por pontos de bancada. Verificou-se que a cabeça e o tronco do operador ficavam a pelo menos 30 cm dos elétrodos durante a soldadura, e que o operador pode ficar posicionado ao lado do equipamento em vez de ficar diretamente em frente ao mesmo. Assim, foram efetuadas medições em três posições a 30 cm dos elétrodos: diretamente à frente dos elétrodos, a 45º da frente (para o lado esquerdo) dos elétrodos, e a 90º da frente (para o lado esquerdo) dos elétrodos. Em cada posição, foram efetuadas medições a várias alturas. Verificou-se que a densidade do fluxo magnético não ultrapassou 50% do NA baixo em qualquer destas potenciais posições do operador (figura 7.4). Figura 7.4 ― Densidade do fluxo magnético em percentagem do nível de ação baixo, em relação à altura na posição do operador (30 cm dos elétrodos) 2 90 graus da frente da máquina 45 graus da frente da máquina Diretamente à frente da máquina Altura da sonda (m) 1.6 1.2 0.8 0.4 0 0 10 20 30 40 50 Percentagem do NA baixo (%) N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas do NA. 87 88 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos A posição na qual a densidade do fluxo magnético correspondeu ao NA baixo foi a cerca de 22 cm dos elétrodos, e à altura em que os elétrodos se encontram. A zona em que o NA era passível de ser ultrapassado é mostrada na figura 7.5. Constatou-se que as mãos do operador ficaram a pelo menos 10 cm dos elétrodos durante a soldadura. Nesta posição, a densidade do fluxo magnético era inferior a 8% do NA relativo aos membros. O consultor efetuou medições em várias outras posições à volta do equipamento e comparou os resultados com os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Estes níveis podem ser utilizados como um indicador geral da exposição de trabalhadores particularmente expostos (ver apêndice E do volume 1 do guia). Verificou-se que os níveis de referência eram passíveis de ser ultrapassados até 1 m dos elétrodos. Esta zona é mostrada na figura 7.5 e é representada pelo contorno verde. Figura 7.5 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação baixo (amarelo) e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta do soldador por pontos de bancada 7.6.2. Soldador por pontos suspenso portátil O operador mantém o soldador por pontos em posição durante a soldadura. Devido ao comprimento dos braços do elétrodo (75 cm), o operador fica a cerca de 1 m das extremidades do elétrodo. Foram efetuadas medições nesta posição, a várias alturas. O resultado de medição mais elevado foi à altura em que os elétrodos se encontram (a 1 m do solo durante esta avaliação). Verificou-se que a densidade do fluxo magnético não ultrapassava 50% dos NA em qualquer posição do operador (figura 7.6). 7. Soldadura Figura 7.6 ― Densidade do fluxo magnético em percentagem do nível de ação alto e baixo, em relação à altura na posição do operador (a 1 m das extremidades dos elétrodos) 2 Altura (m) 1.6 1.2 0.8 0.4 0 0 10 20 30 40 50 Percentagem do nível de ação baixo (%) N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA. Foram feitas medições na posição da mão do operador (figura 7.2). A densidade do fluxo magnético foi de 88% do NA relativo aos membros nesta posição. O consultor efetuou medições em várias outras posições à volta do equipamento e comparou os resultados com os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Verificou-se que os níveis de referência eram passíveis de ser ultrapassados até um máximo de 1,3 m do equipamento. As zonas em que os NA relativos aos membros, os NA alto e baixo e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados são mostradas na figura 7.7 e são representadas pelos contornos azul, vermelho e verde, respetivamente. Figura 7.7 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação relativo aos membros (azul), os níveis de ação alto e baixo (vermelho) e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta do soldador por pontos portátil suspenso. 89 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 7.6.3. Soldador de roletes O operador mantém-se ao lado do equipamento, com a cabeça e o tronco a pelo menos 50 cm do centro dos elétrodos durante a soldadura. Foram efetuadas medições nesta posição, a várias alturas. O resultado de medição mais elevado foi à altura em que os elétrodos se encontram (a 130 cm do solo). O NA alto não foi ultrapassado nesta posição; porém, a densidade do fluxo magnético foi medida como sendo cerca de 140% do NA baixo (figura 7.8). Figura 7.8 ― Densidade do fluxo magnético em percentagem do níveis de ação alto e baixo, em relação à altura da posição do operador (50 cm dos elétrodos, para o lado) 2 Nível de ação alto Nível de ação baixo 1.6 1.2 Altura (m) 90 0.8 0.4 0 0 30 60 90 120 150 Percentagem do nível de ação (%) N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA. As medições foram efetuadas na posição da mão do operador mais próxima dos elétrodos (a cerca de 10 cm do ponto de soldadura). Nesta posição, a densidade do fluxo magnético foi inferior a 67% do NA relativo aos membros. No entanto, verificou-se que este NA era passível de ser ultrapassado se os membros fossem posicionados atrás dos elétrodos de soldar em vez de ao lado destes. Tal como no soldador por pontos, o consultor efetuou medições em várias outras posições à volta do equipamento e comparou os resultados com os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Verificou-se que os níveis de referência eram passíveis de ser ultrapassados até 2,45 m dos elétrodos. As zonas em que os NA relativos aos membros, os NA alto e baixo e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados são mostradas na figura 7.9. 7. Soldadura Figura 7.9 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais o nível de ação relativo aos membros (azul), o nível de ação alto (vermelho), o nível de ação baixo (amarelo) e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (verde) são passíveis de ser ultrapassados à volta do soldador de roletes Wall NR da Recomendação do Conselho NA alto NA baixo Posição de soldar NA relativo aos membros 0,00 0,50 m 7.7. Avaliação dos riscos A empresa efetuou avaliações dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o seu equipamento de soldar com base na sua consulta dos manuais de funcionamento e nas medições efetuadas pelo consultor (quadros 7.1, 7.2 e 7.3). Estas foram compatíveis com a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). A avaliação dos riscos concluiu que: • na posição normal do operador, o NA alto e o NA relativo aos membros não seriam ultrapassados; • o NA baixo era passível de ser ultrapassado na posição do operador quando se trabalha com o soldador de roletes; • os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados à volta de cada máquina de soldar. A empresa elaborou e documentou um plano de ação a partir da avaliação dos riscos. 91 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos A posição normal do operador é a mais de 30 cm dos elétrodos, o que significa que o nível de ação baixo não deveria ser ultrapassado na posição do operador Operadores O nível de ação baixo era passível de ser ultrapassado até 22 cm de distância dos elétrodos Probabilidade ✓ ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Fornecer informação e formação aos operadores e a outros trabalhadores que trabalham na oficina Provável Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Possível Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Improvável Quadro 7.1 — Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o soldador por pontos de bancada Ligeiro 92 Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) Devem ser exibidos avisos de alerta no equipamento Uma linha de demarcação deve ser pintada no chão para identificar a zona na qual os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/ /CE) são passíveis de ser ultrapassados. Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1 m dos elétrodos Efeitos indiretos de campos eletromagnéticos (efeito em implantes médicos ativos): Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1 m dos elétrodos As trabalhadoras grávidas devem ser proibidas de utilizar o equipamento ou de atravessar a linha de demarcação quando o equipamento está a ser utilizado Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Baixa Devem ser dadas informações sobre este perigo a todos trabalhadores Devem ser fornecidos avisos em informações relativas à segurança do local Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição no equipamento Os trabalhadores que possuem AIMD devem ser proibidos de utilizar o equipamento ou de atravessar a linha de demarcação quando o equipamento está a ser utilizado 7. Soldadura Operadores Os níveis de ação alto e baixo eram passíveis de ser ultrapassados até 33 cm dos braços dos elétrodos ✓ ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Fornecer informação e formação aos operadores e a outros trabalhadores que trabalham na oficina Provável Nenhum. No entanto, a zona na qual os níveis alto e baixo são ultrapassados é localizada Probabilidade Possível Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Ligeiro Quadro 7.2 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o soldador por pontos portátil suspenso Outros trabalhadores Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) Devem ser exibidos avisos de alerta no equipamento Uma linha de demarcação deve ser pintada no chão para identificar a zona na qual os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são passíveis de ser ultrapassados. Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1,3 m de distância do equipamento Efeitos indiretos dos campos eletromagnéticos (efeito em AIMD): Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/ CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 1,3 m dos elétrodos As trabalhadoras grávidas devem ser proibidas de utilizar o equipamento ou de atravessar a linha de demarcação quando o equipamento está a ser utilizado Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Baixa Devem ser dadas informações sobre este perigo a todos trabalhadores Devem ser fornecidos avisos em informações relativas à segurança do local Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição no equipamento Os trabalhadores que possuem AIMD devem ser proibidos de utilizar o equipamento ou de atravessar a linha de demarcação quando o equipamento está a ser utilizado 93 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Nenhuma Operadores Probabilidade ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Devem ser fornecidas informações e formação aos operadores e a outros trabalhadores, em especial no que respeita aos potenciais efeitos sensoriais, bem como sobre a necessidade de comunicar qualquer sensação destes efeitos Provável Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Possível Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Improvável Quadro 7.3 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para soldador de roletes Ligeiro 94 ✓ Outros trabalhadores O NA baixo é ultrapassado na posição do operador Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 2,45 m de distância dos elétrodos Devem ser exibidos avisos de alerta no equipamento Uma linha de demarcação deve ser pintada no chão para identificar a zona na qual os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/ /CE) são passíveis de ser ultrapassados. As trabalhadoras grávidas devem ser proibidas de utilizar o equipamento ou de atravessar a linha de demarcação quando o equipamento está a ser utilizado Efeitos indiretos dos campos eletromagnéticos (efeito em AIMD): Os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/ /CE) eram passíveis de ser ultrapassados até 2,45 m dos elétrodos Nenhuma Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Baixa Devem ser dadas informações sobre este perigo a todos trabalhadores Devem ser fornecidos avisos em informações relativas à segurança do local Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição no equipamento Os trabalhadores que possuem AIMD devem ser proibidos de utilizar o equipamento ou de atravessar a linha de demarcação quando o equipamento está a ser utilizado 7. Soldadura 7.8. Precauções já em vigor Antes da avaliação por medição efetuada pelo consultor, não existiam quaisquer precauções específicas para limitar a exposição aos campos eletromagnéticos. 7.9. Precauções adicionais em resultado da avaliação Em resultado da avaliação por medição e após uma avaliação dos perigos associados ao equipamento, a empresa elaborou um plano de ação e decidiu: • fornecer informações aos trabalhadores sobre os perigos dos campos eletromagnéticos associados ao equipamento de soldar; • pintar linhas de demarcação no chão à volta do equipamento para indicar o sítio em que os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram passíveis de ser ultrapassados. • proibir as trabalhadoras grávidas e os trabalhadores portadores de AIMD de utilizar equipamento de soldar ou atravessar as linhas de demarcação; • publicar avisos de alerta de campos magnéticos fortes, bem como avisos de proibição para portadores de AIMD (figura 7.10.) no equipamento de soldar; • garantir, através de programas adequados em matéria de indução do local e de ligação com trabalhadores subcontratados, que as pessoas que entram na oficina têm noção dos riscos. Figura 7.10 ― Exemplos de avisos de alerta para campos magnéticos fortes e uma ilustração do símbolo de proibição para portadores de AIMD Alerta Este equipamento produz campos magnéticos fortes Entrada proibida a portadores de implantes médicos ativos 95 96 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 7.10.Referência a quaisquer fontes de informação complementar Modelização informática baseada nos resultados da medição à volta das três máquinas de soldar confirma que os campos elétricos induzidos cumpriam os VLE.. 7.10.1. Soldador por pontos de bancada Para o soldador por pontos de bancada, verificou-se que a exposição do operador seria inferior a 1% do VLE (figura 7.11). O VLE apenas era passível de ser ultrapassado se o corpo se encontrasse no espaço existente entre os elétrodos e a caixa do soldador, ou a menos de um centímetro dos próprios elétrodos, enquanto a unidade estivesse em funcionamento (figura 7.12). Figura 7.11 ― Distribuição do campo elétrico induzido no modelo humano com o tronco 20 cm afastado dos elétrodos e com as mãos a uma distância de cerca de 8 cm. A figura mostra também a distribuição espacial dos campos elétricos internos máximos induzidos no operador resultantes da exposição ao soldador por pontos (a) na superfície do corpo e (b) em vários cortes horizontais no corpo (a) (b) Campo elétrico induzido 5,80-30,0 1,95 0,00 [mV m-1] 7. Soldadura Figura 7.12 ― Contornos à volta do soldador por pontos de bancada que mostram as zonas nas quais os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde eram passíveis de ser ultrapassados (área vermelha). São também mostradas as zonas nas quais o VLE aplicável aos efeitos na saúde não é ultrapassado (zona verde e fora dela) e a zona na qual o nível de ação baixo era passível de ser ultrapassado (círculos vermelhos) NA ultrapassados VLE ultrapassados 7.10.2.Soldador por pontos suspenso portátil Para o soldador por pontos portátil suspenso verificou-se que os NA não eram ultrapassados na posição do operador. Contudo, a distribuição do campo elétrico induzido é mostrada na figura 7.13. Figura 7.13 ― Distribuição espacial dos campos elétricos induzidos máximos num modelo humano quando exposto ao soldador por pontos portátil suspenso Campo elétrico induzido 600-4770 300 0,00 [mV m-1] 7.10.3. Soldador de roletes O NA baixo foi ultrapassado na posição do operador No entanto, a modelização informática mostra que a exposição na posição do operador é inferior a 50% do VLE. A distribuição do campo elétrico induzido é mostrada na figura 7.14. Verificou-se que o VLE apenas era passível de ser ultrapassado se o corpo se encontrasse no espaço existente entre os elétrodos e a caixa do soldador, ou a menos de 5 cm dos próprios elétrodos dos roletes, enquanto a unidade estivesse em funcionamento (figura 5). Esta região é mostrada a vermelho na figura 7.15. 97 98 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 7.14 ― Distribuição espacial dos campos elétricos internos máximos induzidos no modelo humano resultante da exposição ao soldador de roletes Campo elétrico induzido 60,0-480 30,0 0,00 [mV m-1] Figura 7.15 ― Contornos à volta do soldador de roletes que mostram as zonas nas quais os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde eram passíveis de ser ultrapassados (área vermelha). São também mostradas as zonas nas quais o VLE aplicável aos efeitos na saúde não é ultrapassado (zona verde e fora dela) e a zona na qual o nível de ação alto era passível de ser ultrapassado (traços vermelhos) NA altos ultrapassados VLE ultrapassados 8. Fabricação metalúrgica 8. Fabricação metalúrgica As fontes de campos eletromagnéticos deste estudo de caso incluem os seguintes elementos: • fornos de indução; • fornos de arco; • um analisador de carbono e de enxofre que integra um pequeno forno. 8.1. Local de trabalho As fontes de campos eletromagnéticos eram utilizadas em diversos locais de trabalho diferentes na fábrica, que produzia metais e ligas para uma diversidade de indústrias. Os locais de trabalho de interesse foram os seguintes: • uma pequena unidade de produção de ligas; • uma unidade de produção de ferro-titânio; • uma grande unidade de fundição elétrica; • uma unidade de fornos de arco; • um laboratório de serviços de análise. 8.2. Natureza do trabalho Metais e ligas eram fabricados a partir de matérias-primas em diversas zonas da fábrica, e a empresa realizava também testes analíticos num laboratório. A maioria do trabalho objeto deste estudo de caso envolveu carregar manualmente os fornos e, consoante o equipamento, isto ocorria muitas vezes durante o seu funcionamento. Qualquer trabalho de manutenção e reparação do equipamento ocorria apenas quando este estava desligado, devido a outros riscos tais como choque elétrico, queimaduras, impactos decorrentes de máquinas em movimentos, etc 8.3. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos e sobre o modo como é utilizado 8.3.1. Pequena unidade de produção de ligas Esta unidade produzia ligas num pequeno forno de indução (com cerca de 30 cm de diâmetro). O forno de indução funcionava a frequências entre 2,4 kHz e 2,6 kHz 99 100 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos e a potências entre 60 kW e 160 kW. O forno é mostrado na figura 8.1 e o método de funcionamento é descrito de seguida: • um cadinho que contém até 45 kg de matéria-prima é carregado para o forno; • a potência é definida para 60 kW pelo operador e o forno é ligado, a funcionar numa frequência de 2,42 kHz; • a potência aumenta automaticamente para 160 kW, durante um período de cerca de 25 minutos; • a frequência aumenta também para 2,6 kHz durante esse período; • após cerca de 25 minutos, o operador reduz a potência para 80 kW; • decorridos mais cinco minutos, o operador desliga o forno e retira o cadinho. Figura 8.1 ― Forno de indução de uma pequena unidade de produção de ligas Unidade de controlo do forno Cadinho Caixa do forno 8.3.2. Unidade de produção de ferro-titânio Nesta unidade existiam dois fornos de indução com capacidade de 1,5 toneladas, alimentados por uma única unidade de controlo de potência indutiva variável (PIV). Os fornos funcionavam a frequências entre 217 Hz e 232 Hz e a uma potência de 600 kW. Os cadinhos eram carregados manualmente, normalmente enquanto os fornos estavam em funcionamento. 8. Fabricação metalúrgica 8.3.3. Grande unidade de fundição elétrica Existiam 10 fornos de indução nesta unidade, cada um deles com uma capacidade de 1,5 toneladas e a funcionar a uma frequência de 50 Hz. As bobinas de indução eram parte integrante dos cadinhos, de modo a que estes pudessem aplicar potência e a manter o metal fundido quando era derramado. Os cadinhos eram colocados numa plataforma elevada com os seus topos nivelados com a plataforma, e os operadores normalmente carregavam os cadinhos manualmente a partir da plataforma durante o processo de fundição. No final do processo de fundição, os cadinhos eram inclinados e o metal fundido era derramado. Os fornos operavam num intervalo de potências entre 70 kW e 1 300 kW. A potência aplicada aos fornos variava ao longo do processo de fundição, reduzindo na parte final, uma vez que era necessária uma potência inferior para manter o metal na forma fundida após estar totalmente fundido. A potência era fornecida aos fornos a partir de transformadores localizados em caves por baixo dos fornos. Os transformadores e as barras condutoras estavam situados em gaiolas e o acesso era restringido através de um sistema de chaves castell. As unidades de controlo PIV estavam situadas em salas de controlo na plataforma do forno. 8.3.4. Unidade de fornos de arco Existiam dois fornos de arco nesta unidade, os quais produziam boro de níquel e boro de crómio, cada um a funcionar a uma frequência de 50 Hz. Os fornos eram fornos de produção contínua em lotes, com uma produção de cerca de 1 tonelada por lote. Estes fornos eram carregados manualmente e operados a partir de salas de controlo. Os fornos operavam a uma potência de entre 500 kW e 1 000 kW. Os transformadores e as barras condutoras que forneciam energia aos fornos estavam situados em gaiolas e o acesso era restringido através de um sistema de chaves castell. 8.3.5. Laboratório de serviços de análise Um analisador de carbono e de enxofre de bancada era utilizado neste laboratório. O analisador integrava um pequeno forno de 2,2 kW, a funcionar a uma frequência de 18 MHz. As amostras carregadas para o analisador pelo operador eram elevadas para o centro da bobina do forno, que estava localizada dentro do analisador, cerca de 10 cm para o interior da caixa. Em seguida, o forno era alimentado durante cerca de um minuto enquanto a decorria a análise. A amostra era então descida para fora do forno e retirada pelo operador. Todo o processo, desde o carregamento da amostra até à sua remoção, era efetuado automaticamente, e o operador não precisava de estar junto do analisador enquanto este funcionava. O analisador é mostrado na figura 8.2. 101 102 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 8.2 ― Analisador de carbono e enxofre no laboratório de serviços de análise Ecrã de controlo Forno, 10 cm por detrás da grelha Ponto de carregamento da amostra 8.4. Resultados da avaliação da exposição As medições das exposições foram efetuadas por um consultor perito, utilizando instrumentos especializados. Em virtude da dimensão do local e das diversas zonas de trabalho em que podem ser detetados campos eletromagnéticos, foi efetuada uma análise inicial para identificar quaisquer zonas nas quais os níveis de ação (NA) fossem passíveis de ser ultrapassados. Estas zonas foram então visitadas novamente e foram efetuadas outras medições, mais pormenorizadas, de modo a que pudesse ser traçado um plano de ação. Todas as medições foram efetuadas em locais acessíveis aos trabalhadores com o equipamento em funcionamento. As medições centraram-se nos campos magnéticos produzidos pelo equipamento, uma vez que era expectável que estes constituíssem o maior contributo para a exposição dos trabalhadores. Ao avaliar a exposição de trabalhadores particularmente expostos, a comparação foi efetuada em relação aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 deste guia). 8.4.1. Pequena unidade de produção de ligas Foram efetuadas medições em diversos locais das instalações ao longo do processo de fundição. Os locais das medições incluíram: • junto ao forno; • junto à unidade de controlo; • junto aos cabos de alimentação da unidade de controlo; • junto aos cabos que vão desde a unidade de controlo até ao forno; • na cabina do operador. 8. Fabricação metalúrgica 8.4.2. Unidade de produção de ferro-titânio Foram efetuadas medições em diversos locais das instalações ao longo do processo de fundição. Os locais das medições incluíram: • junto aos fornos; • junto à unidade de controlo PIV; • junto aos cabos de alimentação da unidade de controlo; 8.4.3. Grande unidade de fundição elétrica Foram efetuadas medições em diversos locais à volta das instalações, com os fornos em funcionamento. Os locais das medições incluíram: • posições dos operadores durante o carregamento dos fornos a partir da plataforma; • posições dos operadores quando operam os mecanismos de inclinação do cadinho; • junto ao cadinho durante a inclinação; • salas de controlo; • junto às unidades de controlo PIV; • junto aos cabos de alimentação das unidades de controlo; • junto aos cabos de vão desde as unidades de controlo até aos fornos; • fora das gaiolas nas caves do transformador; • por baixo da barras condutoras nos pontos de acesso mais próximos. 8.4.4. Unidade de fornos de arco Foram efetuadas medições em diversos locais à volta das instalações, com os fornos em funcionamento. Os locais das medições incluíram: • posições dos operadores durante o carregamento dos fornos; • salas de controlo; • junto às unidades de controlo; • nos pontos de acesso mais próximos à volta das bases dos fornos; • por baixo da barras condutoras nos pontos de acesso mais próximos; • à volta das gaiolas dos transformadores; • passadiços à volta dos fornos. 8.4.5. Laboratório de serviços de análise Foram efetuadas medições à volta do analisador com o forno em funcionamento. Foi dada particular atenção à zona à volta do forno e à zona na qual o operador permanecia durante a análise. 103 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 104 8.5. Resultados da avaliação da exposição 8.5.1. Avaliação inicial da exposição Os resultados das medições de exposição foram comparados com os NA alto e baixo e com os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Quando se verificou que os resultados ultrapassavam os NA em qualquer zona de trabalho, foi efetuada uma outra medição de modo a determinar a distância à qual a densidade do fluxo magnético era igual a 100% do NA, de modo a poder ser tomada uma decisão sobre a possibilidade de efetuar uma avaliação mais detalhada com base na probabilidade de ocupação da zona na qual o NA foi ultrapassado. As conclusões relevantes da avaliação inicial da exposição encontram-se resumidas no quadro 8.1. Quadro 8.1 ― Resumo das conclusões relevantes da avaliação inicial da exposição Zona de trabalho Equipamento Zonas de maior exposição e local de delimitação do nível de ação (se for caso disso) Fração de exposição (%) Nível de ação baixo Nível de ação alto Pequena unidade de produção de ligas Fornos de indução (2,42 kHz a 2,6 kHz) a 50 cm da borda da caixa do forno 190%(1) 190%(1) 3 500%(2) a 80 cm da borda da caixa do forno 100%(1) 100%(1) 1 800%(2) Unidade de produção de ferro-titânio Dois fornos de indução (217 Hz a 232 Hz) Posição do torso quando se está junto à unidade de controlo PIV 7,8%(3) 6,0%(4) 360%(5) Grande unidade de fundição elétrica 10 fornos de indução (50 Hz) a 30 cm dos cabos para o cadinho durante a inclinação 40%(3) 6,7%(6) 400%(7) Unidade de fornos de arco Dois fornos de arco (50 Hz) Posição do torso quando se está no ponto de acesso mais próximo da base do forno 70%(3) 12%(6) 700%(7) Laboratório de serviços de análise Analisador de carbono e de enxofre que integra um forno de RF (18 MHz) a 20 cm da superfície da caixa do analisador 110%(8) 230%(9) a 22 cm da superfície da caixa do analisador 100%(8) 220%(9) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) Nível de referência 1999/519/CE Níveis de ação alto e baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 2,6 kHz: 115 µT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 2,6 kHz: 6,25 µT. Nível de ação baixo da densidade do fluxo magnético para frequências entre 25 e 300 Hz: 1 000 µT. Nível de ação alto/baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 230 Hz: 1 300 µT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 230 Hz: 21,7 µT. Nível de ação alto/baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 50 Hz: 6000 µT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 50 Hz: 100 µT. Nível de ação da densidade do fluxo magnético na gama de frequências de 10 MHz a 400 Hz: 0,2 µT. Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequências entre 10 MHz e 400 MHz: 0,092 µT. N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA. Os resultados da avaliação inicial da exposição forneceram à empresa as seguintes informações: • os NA alto e baixo foram ultrapassados até uma distância de 80 cm do forno de indução da pequena unidade de produção de ligas e esta zona estava facilmente acessível aos trabalhadores durante o processo de fundição; 8. Fabricação metalúrgica 105 • o NA foi ultrapassado até uma distância de 22 cm do analisador de carbono e enxofre do laboratório de serviços de análise e os trabalhadores não colocaram qualquer parte dos seus corpos nesta zona durante o funcionamento do forno; • os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) foram ultrapassados em locais acessíveis em todas as zonas de trabalho avaliadas. No exemplo do analisador de carbono e enxofre, a zona na qual o NA foi ultrapassado era pequena, e por isso o modo como o analisador funcionava garantia que não era provável que os trabalhadores fossem expostos a campos elétricos e magnéticos com valores acima dos NA. Com base nas conclusões da avaliação inicial da exposição, o consultor efetuou uma avaliação mais detalhada do forno de indução da pequena unidade de produção de ligas. 8.5.2. Avaliação detalhada da exposição de forno de indução numa pequena unidade de produção de ligas O consultor efetuou uma avaliação da exposição, que incluiu uma observação do modo como o forno era operado, de modo a que pudesse ser fornecida uma solução prática para o problema. Foram efetuadas diversas medições da densidade do fluxo magnético em vários locais à volta do forno. Os resultados das medições permitiram que fossem estabelecidos contornos dos NA e dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE). Foram igualmente efetuadas marcações no piso para indicar a extensão da zona na qual os NA eram ultrapassados (figura 8.3). As conclusões relevantes da avaliação detalhada da exposição encontram-se resumidas no quadro 8.2. Um desenho à escala do forno, que mostra os contornos dos NA e dos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE), é mostrado na figura 8.4. Quadro 8.2 ― Resumo das conclusões relevantes da avaliação detalhada da exposição do forno de indução da pequena unidade de produção de ligas Local de medição Fração de exposição (%) Níveis de ação alto e baixo (1) Nível de ação relativo aos membros (2) Níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (3) a 45 cm da borda da caixa do forno (distância para o nível de ação relativo aos membros) 300% 100% 5 500% a 80 cm da borda da caixa do forno (distância para o nível de ação relativo aos membros) 100% 33% 1 800% a 300 cm da borda da caixa do forno (distância para o nível de referência da 1999/519/CE) 5,4% 1,8% 100% Posição do torso quando se está na unidade de controlo 3,5% 1,2% 64% a 450 cm da borda da caixa do forno (posição do torso quando se está na cabina do operador) 2,0% 0,67% 37% (1) Níveis de ação alto e baixo da densidade do fluxo magnético para frequência de 2,6 kHz: 115 µT. (2) Nível de ação relativo aos membros, no que se refere à densidade do fluxo magnético, para frequência de 2,6 kHz: 346 µT. (3) Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para frequência de 2,6 kHz: 6,25 µT. N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±10% e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram tomados como percentagens diretas dos NA. 106 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 8.3 ― Marcações no piso a indicar a extensão da zona na qual os níveis alto e baixo eram ultrapassados Equipamento de medição de campos eletromagnéticos Marcações no piso Figura 8.4 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais os níveis de ação alto/baixo e os níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) são passíveis de ser ultrapassados à volta do forno de indução numa pequena unidade de produção de ligas Os contornos mostrados na figura 8.4 são em forma de círculos cujo centro é o meio do forno. Observou-se que o operador não tinha necessidade de entrar na zona que fica dentro do contorno do NA alto e baixo com o forno em funcionamento, uma vez que todas as tarefas que implicavam o acesso a esta zona (carregar o cadinho no forno antes do processo de fundição e descarregá-lo após a conclusão do processo de fundição) eram efetuadas com o forno desligado (figura 8.5). Tal indicou que a prevenção do acesso à zona era a melhor linha de ação para restringir a exposição a fortes campos magnéticos. Porém, verificou-se que a instalação de barreiras à volta 8. Fabricação metalúrgica do forno não era exequível, uma vez que tal causaria obstrução e aumentaria o risco de ocorrerem acidentes mais graves durante a manipulação dos cadinhos. Figura 8.5 ― As tarefas que implicam uma curta distância ao forno eram efetuadas com o forno desligado 8.6. Avaliação dos riscos Com base na avaliação da exposição efetuada pelo consultor, a empresa realizou uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos relativamente aos campos eletromagnéticos do local. Esta foi compatível com a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). A avaliação dos riscos concluiu que: • os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo em qualquer das zonas de trabalho do local; • os trabalhadores, incluindo aqueles particularmente expostos, tinham acesso sem restrições a uma zona da pequena unidade de produção de ligas na qual os NA eram ultrapassados. O empresa desenvolveu um plano de ação a partir da avaliação dos riscos e este foi documentado. Um exemplo de uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o local é mostrado no quadro 8.3. 107 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Nenhuma Trabalhadores de uma pequena unidade de produção de ligas ✓ Trabalhadores noutras áreas avaliadas ✓ Visitantes ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Médio Impedir o acesso à zona na qual os níveis de ação são ultrapassados Provável Efeitos diretos dos campos magnéticos Nenhuma Probabilidade Possível Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Efeitos indiretos dos campos magnéticos (interferência em implantes médicos) Gravidade Improvável Quadro 8.3 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o local de fabricação metalúrgica Ligeiro 108 ✓ Exibir avisos de alerta adequados em zonas de trabalho nas quais os níveis de ação são ultrapassados ✓ ✓ Baixa Fornecer avisos específicos em formação em matéria de segurança do local dada aos trabalhadores Baixa Exibir avisos de alerta adequados para portadores de implantes médicos em pontos de acesso a outras zonas de trabalho Trabalhadores particularmente expostos (incluindo as trabalhadoras grávidas) ✓ ✓ Médio Fornecer avisos nas informações de segurança do local para visitantes e trabalhadores subcontratados Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Médio Ver supra 8. Fabricação metalúrgica 8.7. Precauções já em vigor O acesso aos transformadores e às barras condutoras associados ao equipamento tinha sido restringido devido ao risco de choque elétrico, e tal teria dado alguma restrição de acesso a campos magnéticos potencialmente fortes, mas não havia quaisquer precauções especificamente relacionadas com a exposição a campos eletromagnéticos antes de o consultor realizar a avaliação da exposição. Uma observação digna de nota foi que os NA não eram ultrapassados em quaisquer locais normalmente acessíveis à volta dos grandes fornos de produção ou das respetivas unidades de controlo, apesar das potências significativamente mais elevadas envolvidas. Provavelmente, seria assim em resultado da dimensão física do equipamento, que fazia com que o acesso a campos magnéticos potencialmente fortes não fosse possível. Verificou-se também que as zonas nas quais os NA eram passíveis de ser ultrapassados ficavam à volta de equipamento mais pequeno, pelo simples facto de ser possível um acesso mais próximo 8.8. Precauções adicionais em resultado da avaliação Com base nos resultados da avaliação da exposição, a empresa conseguiu introduzir medidas de proteção e de prevenção para garantir que os trabalhadores, incluindo os particularmente expostos, não seriam expostos a campos eletromagnéticos a níveis que lhes possam ser prejudiciais. Foram implementadas algumas precauções adicionais imediatamente após a avaliação inicial da exposição. Estas medidas incluíam: • as pessoas portadoras de implantes médicos foram impedidas de entrar nas zonas de trabalho; • o filme da empresa sobre saúde e segurança no que se refere à indução foi atualizado de forma a incluir um aviso sobre a existência de fortes campos magnéticos e um aviso para as pessoas portadoras de implantes médicos; • foram afixados avisos de alerta, com pictogramas de «campo magnético» e «proibição de pessoas com implantes médicos», juntamente com as menções adequadas (figura 8.6), em pontos de acesso às zonas de trabalho pertinentes. Foram implementadas outras medidas de proteção e de prevenção após uma avaliação mais detalhada da exposição: • foram pintadas marcações no piso à volta do forno de indução na pequena unidade de produção de ligas para indicar a zona na qual os NA eram ultrapassados (figura 8.7), e os trabalhadores receberam instruções para não entrarem na zona com o forno em funcionamento; • foram afixados avisos de alerta, com pictogramas de «campo magnético forte» e de proibição e com a menção apropriada (figura 8.7), junto ao forno de indução. 109 110 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 8.6 ― Exemplo de um aviso de alerta exibido em pontos de acesso às zonas de trabalho Alerta Campos magnéticos fortes Acesso proibido a portadores de implantes médicos ativos Figura 8.7 ― Chão pintado e aviso de alerta conexo para indicar a zona na qual os níveis de ação são passíveis de ser ultrapassados Campos magnéticos fortes Não entrar na zona tracejada a amarelo quando o forno está a ativo 8.9. Referência a quaisquer fontes de informação complementar Por uma questão de exaustividade, a empresa consultou um perito para efetuar uma modelização informática da potencial exposição, em termos de VLE, de um trabalhador que permanece dentro da zona delimitada por uma linha tracejada enquanto o forno de produção de ligas de pequeno volume está a funcionar. A modelização informática foi efetuada para avaliar os campos elétricos internos induzidos no corpo de um operador na proximidade imediata do forno em funcionamento. Foram definidos valores específicos para os parâmetros de modelização, de modo a que o modelo produzisse valores de intensidade do campo magnético similares aos obtidos na fase de medição da avaliação da exposição. A distribuição espacial do campo magnético no plano x-y à volta do forno de indução produzida pelo modelo é mostrada na figura 8.8. Estes valores de campo calculados 8. Fabricação metalúrgica estavam consideravelmente de acordo com os valores obtidos durante a avaliação da exposição e demonstraram ainda que, embora as intensidades de campos magnéticos sejam relativamente elevadas quando perto da bobina de indução do forno, estes valores caem muito rapidamente com a distância. Figura 8.8 ― Distribuição espacial do campo magnético no plano x-y à volta de uma imagem de corte do forno de indução, produzida pelo modelo. A bobina de indução é mostrada a vermelho (desvio) Cadinho Bobinas de indução Campo magnético 7,22E + 04 1,52E + 06 3,68E + 04 1,22E + 03 [A m-1] Caixa do forno Os cálculos dos campos elétricos internos induzidos no corpo foram efetuados em relação a um trabalhador situado a 65 cm do centro do forno de indução. A distribuição do campo elétrico induzido num modelo humano é mostrada na figura 8.9. O valor mais elevado do campo elétrico no corpo calculado para esta situação de exposição foi de 916 mVm-1 (em tecido ósseo). Isto representou 83% dos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde a 2,43 kHz. Figura 8.9 ― Distribuição espacial dos campos elétricos internos máximos induzidos num modelo humano resultante da exposição ao forno de indução Campo elétrico induzido 1420-11600 710 0,00 [mV m-1] 111 112 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Através da realização de simulações de exposição utilizando o modelo humano a várias distâncias do forno foi possível definir uma região na qual o VLE aplicável aos efeitos na saúde era passível de ser ultrapassado em resultado de exposição ao forno de indução. Verificou-se que o VLE apenas seria ultrapassado se o corpo estivesse localizado num raio de cerca 60 cm do centro do forno em funcionamento. Esta região é mostrada aproximadamente, a vermelho, na figura 8.10. Também são mostradas as zonas nas quais os NA são passíveis de ser ultrapassados (figura 8.4). Dado que o forno estava montado numa caixa de aproximadamente 63 cm x 63 cm (ou seja, que se prolongava até uma distância de 31,5 cm do centro do forno), um trabalhador teria de se manter com o corpo tão perto da caixa do forno para que os VLE fossem ultrapassados que tal foi considerado um cenário de exposição improvável. Isso assegurou a empresa de que o piso pintado era uma medida de prevenção adequada. Figura 8.10 ― Contornos à volta do forno de indução que mostram as zonas nas quais os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde eram passíveis de ser ultrapassados (área vermelha). São também mostradas as zonas nas quais o VLE aplicável aos efeitos na saúde não é ultrapassado (zona verde e fora dela) e as zonas nas quais os níveis de ação eram passíveis de ser ultrapassados (quadrados azuis e vermelhos) NA relativo aos membros NA alto/baixo Cumprimento dos VLE Incumprimento dos VLE 9. Dispositivos de plasma por radiofrequência 9. Dispositivos de plasma por radiofrequência Os dispositivos de plasma por radiofrequência (RF) são normalmente utilizados no fabrico de dispositivos semicondutores e no fabrico de circuitos integrados. São igualmente utilizados noutras indústrias para a limpeza de componentes óticos, aplicações espetroscópicas e investigação. Este estudo de caso refere-se a dispositivos de plasma por RF utilizados no processo de fabrico de bolachas num ambiente de sala limpa. O empregador estava preocupado quanto ao potencial perigo colocado para um trabalhador com um estimulador cardíaco, que se preparava para regressar ao local de trabalho. O fabricante do estimulador cardíaco forneceu ao empregador informações sobre os limites seguros de exposição do estimulador cardíaco aos campos eletromagnéticos. 9.1. Natureza do trabalho A função do trabalhador portador do estimulador cardíaco implica normalmente carregar bolachas para os dispositivos de plasma por RF e operar os dispositivos (figura 9.1). Figura 9.1 ― Zona de carregamento de bolachas Figura 9.2 ― Câmaras de reação na área de manutenção 9.2. Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos Os dispositivos de plasma por RF neste local de trabalho incluem, geralmente, uma fonte de RF e uma câmara de reação evacuada (figura 9.2). Alguns dispositivos no local integram múltiplas fontes de RF e/ou múltiplas câmaras de reação. O campo de RF criado é utilizado para estabelecer e manter uma descarga de plasma, que é utilizado para realizar processos tais como gravura, deposição e limpeza de bolachas no interior 113 114 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos da câmara. As frequências de RF criadas podem variar desde algumas centenas de kHz a alguns GHz. As frequências comuns utilizadas são 400 kHz, 13,56 MHz e 2,45 GHz. Com este tipo de dispositivo, o campo de RF vai normalmente ser blindado pela caixilharia do equipamento e pela câmara de reação metálica. A fuga de RF é possível quando existem falhas na caixilharia do equipamento, tal como painéis desalinhados ou montados incorretamente, parafusos em falta, conectores de cabos defeituosos e danos nas guias de onda flexíveis. Todas as falhas que existam na câmara de reação ou nas guias de onda são suscetíveis de ser confirmadas por uma perda de vácuo. Algumas das câmaras possuem janelas de observação com ecrãs de proteção (Faraday); ecrãs em falta ou danificados podem causar uma fuga de RF. Alguns dos dispositivos integram também ímanes fortes, o que resulta na produção de fortes campos magnéticos estáticos. 9.3. Como é utilizada a aplicação O portador de um estimulador cardíaco manter-se-á normalmente na zona de produção da sala limpa, na qual o equipamento é operado e as bolachas são carregadas. As câmaras de reação e os geradores de RF associados a cada peça de equipamento estão localizados na área de manutenção. Este trabalhador pode entrar na área de manutenção, mas não estará envolvido na manutenção ou reparação do equipamento. 9.4. Abordagem para a avaliação da exposição Seria possível efetuar medições dos campos eletromagnéticos à volta deste equipamento. No entanto, isso exigiria os serviços de um consultor especializado que utilize instrumentos especializados. Seriam necessários vários dispositivos de medição devido à variedade de frequências utilizadas. Além disso, no que se refere aos campos de frequência intermédia (por exemplo, de 400 kHz e 13,56 MHz), as medições teriam de ser efetuadas no «campo próximo». Os campos elétricos e magnéticos teriam de ser medidos separadamente. Em frequências mais altas (2,45 GHz), as medições são normalmente efetuadas no «campo distante». Nesta situação, os campos elétricos e magnéticos propagam-se como uma onda eletromagnética e por isso é mais comum medir apenas o campo elétrico. O campo magnético pode ser inferido, uma vez que os dois estão relacionados. Como primeiro passo para avaliar a exposição, o empregador contactou os fabricantes dos dispositivos de plasma por RF para pedir informações sobre as probabilidades de fugas de campos de RF do equipamento, e a distância até à qual tal poderia constituir um perigo. Um dos fabricantes forneceu um gráfico (figura 9.3) para ilustrar o modo como o nível do campo magnético estático diminui com a distância dos ímanes fortes instalados nos dispositivos, e informou o empregador que a uma distância de 10 cm dos ímanes a densidade do fluxo diminui para menos de 0,5 mT. 9. Dispositivos de plasma por radiofrequência Figura 9.3 ― Gráfico que mostra a densidade do fluxo magnético a diminuir com a distância 100 medida extrapolada 90 NA relativo aos membros 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 2 4 6 8 10 Distância ao íman (cm) O fabricante do estimulador cardíaco forneceu limites de segurança para diversas fontes de interferência eletromagnética (quadro 9.1). O empregador observou que o valor referente aos campos magnéticos estáticos era indicado em gauss e teria de ser convertido para militeslas de acordo com a Diretiva «Campos eletromagnéticos». Quadro 9.1 ― Limites de segurança fornecidos pelo fabricante do estimulador cardíaco (limites específicos para o estimulador cardíaco em particular utilizado pelo trabalhador) Fonte de interferência eletromagnética Limite da intensidade do campo eletromagnético (rms) Frequência de alimentação (50/60 Hz) 10 000 V/m (6 000 V/m; valor nominal exterior) Alta frequência (150 kHz e acima) 141 V/m Campos magnéticos estáticos (CC) 10 gauss Campos magnéticos modulados 80 A/m até 10 kHz e 1 A/m para frequências superiores a 10 kHz O empregador não conseguiu obter qualquer informação dos fabricantes no que respeita aos campos de RF e, por isso, decidiu nomear um consultor para efetuar algumas medições à volta de suma série de dispositivos de plasma por RF. 115 116 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 9.5. Resultados da avaliação da exposição O empregador converteu os limites pertinentes fornecidos pelo fabricante do estimulador cardíaco (quadro 9.1) para as mesmas unidades utilizadas na Diretiva «Campos eletromagnéticos» (quadro 9.2). A comparação dos resultados das medições com estes limites mostra que os limites do estimulador cardíaco não foram ultrapassados à volta do gravador de plasma por RF. Quadro 9.2 ― Limites do estimulador cardíaco (fornecidos pelo fabricante de estimuladores cardíacos) Frequência Limite Campos elétricos, 150 kHz e superiores 141 Vm-1 Campos magnéticos estáticos (CC) 1 mT Campos magnéticos superiores a 10 kHz 1,25 µT Os resultados das medições obtidos são especificados nos quadros abaixo. O quadro 9.3 apresenta os resultados das medições efetuadas à volta de um gravador de plasma por RF a funcionar a 400 kHz. As medições foram efetuadas à volta de todo o dispositivo, porém, os níveis máximos de campos elétricos e magnéticos foram detetados à volta das juntas na caixilharia que envolve o gerador de RF. Os resultados das medições mostram que os níveis de ação (NA) da Diretiva «Campos eletromagnéticos» não foram ultrapassados. Quadro 9.3 ― Resultados das medições à volta do gravador de plasma por RF Posição Cabina de gerador de RF Frequência 400 kHz Densidade do fluxo magnético (µT) 0.05 Nível de ação (µT) 5 Intensidade do campo elétrico (Vm-1) 0.06 Nível de ação (Vm-1) 610 N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA. O quadro 9.4 apresenta os resultados das medições efetuadas à volta de uma unidade de deposição em fase vapor por processo físico (PVD) a funcionar a 13,56 MHz. Os resultados das medições mostram que os NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos», bem como os limites do estimulador cardíaco constantes do quadro 9.3, foram ultrapassados junto à alimentação de RF da câmara. As últimas duas posições de medição são mostradas na figura 9.4. 9. Dispositivos de plasma por radiofrequência Quadro 9.4 ― Resultados das medições à volta da unidade de PVD Posição Frequência Densidade do fluxo magnético (µT) Nível de ação (µT) Intensidade do campo elétrico (Vm-1) Nível de ação (Vm-1) Superfície superior da câmara 13,56 MHz 0,04 0,2 10 61 Abaixo da câmara, perto da alimentação de RF da câmara 13,56 MHz 2 0,2 614 61 Posição de painéis amovíveis, posicionados a 0,5 m da alimentação de RF. 13,56 MHz 0,08 0,2 24 61 N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA. Figura 9.4 ― Posição das medições efetuadas junto à alimentação de RF da unidade de PVD Intensidade do campo elétrico a alimentação de RF de 614 V m -1 Intensidade do campo elétrico em painéis de 23.8 V m -1 Alimentação de RF Separação de 50 cm entre o painel e o gerador de RF Painéis amovíveis 9.6. Avaliação dos riscos No que respeita aos campos magnéticos estáticos à volta dos ímanes, verificou-se que o NA de 0,5 mT, relativo à exposição de implantes médicos ativos, era passível de ser ultrapassado num raio de 10 cm dos ímanes. Porém, o fabricante do estimulador cardíaco tinha dado ao empregador um limite menos restritivo de 1 mT (quadro 9.3), o qual era aplicável ao estimulador cardíaco em questão. Por conseguinte, o empregador utilizou este limite na avaliação dos riscos. Com base no gráfico fornecido pelo fabricante do equipamento (figura 9.3), o limite do estimulador cardíaco de 1 mT era passível de ser ultrapassado a menos de 10 cm dos ímanes (uma distância estimada de 6 cm). No que diz respeito aos campos eletromagnéticos de RF, verificou-se que os limites especificados pelo fabricante do estimulador cardíaco, assim como os NA, eram passíveis de ser ultrapassados junto à alimentação de RF da câmara da unidade de PVD. A 0,5 m da alimentação de RF, os níveis diminuíram para valores abaixo dos limites do estimulador cardíaco e dos NA. 117 118 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Tanto para os campos magnéticos estáticos como para os campos de RF, o nível do campo diminuiu para valores abaixo dos limites do estimulador cardíaco e dos NA a uma curta distância. Com base nestas informações, o empregador realizou uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos (quadro 9.5) para determinar os riscos quer para o portador do estimulador cardíaco quer para todos os outros trabalhadores, utilizando a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). Em resultado da avaliação dos riscos, o empregador decidiu que não seria necessária qualquer alteração às funções do portador do estimulador cardíaco; a pessoa em causa não estava envolvida na manutenção de equipamento e por isso não teria qualquer motivo para estar em zonas (muito próximas do equipamento) nas quais os limites do estimulador cardíaco fossem passíveis de ser ultrapassados. Foi decidido que o acesso à área de manutenção não teria de ser proibido, uma vez que os campos elevados são muito localizados. No entanto, a avaliação dos riscos indica que devem ser tidos em conta outros trabalhadores (por exemplo, técnicos de assistência) e trabalhadores subcontratados que possam ser portadores de implantes médicos ativos. 9.7. Precauções já em vigor O empregador inspecionou o equipamento e analisou os procedimentos da empresa e verificou que as seguintes precauções já se encontravam implementadas: • existiam guardas à volta das alimentações de RF das câmaras para impedir o acesso a estas zonas (para a medição da unidade de PVD, a guarda foi removida); • a empresa assegura-se que qualquer equipamento comprado é bem concebido. Por exemplo, as janelas de observação são adequadamente blindadas de modo a restringir a exposição ao campo de RF. 9. Dispositivos de plasma por radiofrequência Operadores Painel montado na unidade de PVD que impede o acesso à zona na qual os limites do estimulador cardíaco são ultrapassados Trabalhadores particularmente expostos O nível de ação era passível de ser ultrapassado junto à alimentação de RF na área de manutenção. Efeitos indiretos de campos eletromagnéticos (efeito em implantes médicos ativos): Os limites do estimulador cardíaco eram passíveis de ser ultrapassados junto aos ímanes estáticos e junto à alimentação de RF na área de manutenção ✓ Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Prestar informação e formação aos operadores e técnicos de assistência Provável Painel montado na unidade de PVD, que impede o acesso à zona na qual o nível de ação é ultrapassado Probabilidade Possível Efeitos diretos dos campos eletromagnéticos: Gravidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Ligeiro Quadro 9.5 — Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para dispositivos de plasma por RF ✓ Técnicos de assistência Devem ser exibidos avisos de alerta adequados no equipamento ✓ ✓ Baixa Os campos que ultrapassam os limites do estimulador cardíaco à volta dos ímanes estáticos são muito localizados 9.8. Precauções adicionais em resultado da avaliação Na sequência da avaliação dos riscos, o empregador decidiu implementar medidas de precaução adicionais, incluindo: • colocação de avisos de alerta de fortes campos magnéticos/fortes campos de RF (consoante o caso), bem como avisos de proibição para portadores de implantes médicos ativos (AIMD), no equipamento que contém ímanes fortes e em painéis amovíveis que dão acesso a níveis potencialmente elevados de campos de RF (figura 9.5). Devem ser dadas informações sobre este perigo a todos trabalhadores Devem ser fornecidos avisos em informações relativas à segurança do local Devem ser exibidos avisos de alerta e de proibição adequados no equipamento 119 120 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Figura 9.5 ― Exemplos de avisos de alerta para fortes campos magnéticos e de RF e uma ilustração do símbolo de proibição para portadores de AIMD Alerta Este equipamento produz campos magnéticos fortes Alerta Alerta Este equipamento produz fortes campos de RF É proibida a manutenção deste equipamento por pessoas portadoras de implantes médicos ativos • prestar informações, incluindo o resultado da avaliação dos riscos, ao portador do estimulador cardíaco e ao prestador de serviços de medicina do trabalho da empresa; • garantir, através de programas adequados em matéria de indução e de ligação a trabalhadores subcontratados, que os trabalhadores e visitantes têm noção dos riscos; • assegurar que os trabalhadores estão cientes de que o equipamento não pode ser operado com os painéis removidos e que qualquer dano na caixilharia do equipamento, guias de onda ou janelas blindadas tem de ser comunicado a um supervisor. 9.9. Informações adicionais Os resultados das medições foram utilizados como base para a modelização informática da exposição de um trabalhador em relação aos valores-limite de exposição (VLE) indicados na Diretiva «Campos eletromagnéticos» (figura 9.5). A modelização mostra que junto à alimentação de RF, os VLE eram passíveis de ser ultrapassados; a SAR média relativa a todo o corpo foi de 211% do VLE para o stress térmico de todo o corpo e a SAR máxima localizada com cálculo da média numa massa contígua de 10 g nos membros foi de 147% do VLE para o stress térmico nos membros. O VLE para o stress térmico localizado na cabeça e no tronco não foi ultrapassado; a SAR máxima localizada, calculada como média numa massa contígua de 10 g na cabeça e no tronco, correspondeu a 89% do VLE para o stress térmico localizado na cabeça e no tronco. A 0,5 m da alimentação de RF, verificou-se que a intensidade do campo elétrico medida era inferior ao NA e, por isso, tal como esperado, a modelização mostrou que os valores da SAR relativa a todo o corpo e localizada eram muito inferiores aos VLE (menos de 0,5%). Figura 9.6 ― Distribuição da SAR num trabalhador (a) à volta da alimentação de RF e (b) à volta dos painéis amovíveis, a 50 cm do gerador de RF (a) (b) SAR (W kg-1) 2,0-14 1,0 0,0 10. Antenas de telhado 10.Antenas de telhado 10.1.Local de trabalho Os telhados de edifícios são frequentemente utilizados como estruturas de montagem convenientes para uma diversidade de antenas de telecomunicações cujo funcionamento beneficia da maior elevação ou da linha de visão melhorada. Este estudo de caso refere-se a um edifícios desses (figura 10.1), cuja propriedade foi recentemente transferida. O novo proprietário estava interessado em cumprir a obrigação legal e avaliar todos os riscos para pessoas que efetuem trabalhos no telhado. Figura 10.1 ― Antenas setor das telecomunicações móveis e antena parabólica no telhado da casa das máquinas do elevador 10.2.Natureza do trabalho Os trabalhadores têm de aceder ao telhado para realizar várias tarefas de inspeção e manutenção do edifício. Estes podem incluir: pessoas contratadas para limpar os vidros, empreiteiros de telhados, técnicos de ar condicionado, inspetores de seguros e instaladores de antenas. Os últimos grupos podem ter recebido uma vasta formação em matéria de segurança da radiação por radiofrequência e podem estar munidos de alarmes de exposição individual, ao passo que é provável que os primeiros grupos não tenham recebido qualquer formação e, consequentemente, tenham pouco conhecimento dos problemas. Uma boa prática seria os operadores adotarem um princípio de «segurança pela posição» quando instalam antenas. Isto significa que as antenas são dispostas de modo a que os trabalhadores que estejam a uma altura normal no telhado não possam inadvertidamente entrar na zona de exclusão de uma antena. A zona de exclusão da antena é a área, próxima da antena, na qual a exposição pode ultrapassar os níveis de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE). 121 122 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Uma zona de exclusão da antena apenas deve estar acessível a trabalhadores que tenham acessórios de ajuda à subida, tais como escadas ou andaimes. Sempre que os trabalhadores tenham de aceder a uma zona de exclusão pode ser necessário desligar a antena. Se uma zona de exclusão da antena tiver de colidir com uma zona de movimentação no telhado, então a zona do telhado deve ser demarcada. 10.3.Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos As antenas montadas no telhado eram antenas normalmente associadas a sistemas de telecomunicações móveis, incluindo estações de base de telemóveis e de sistema de pager. Para além de antenas de setor, a estação de base de telemóveis incluía também uma ligação de dados ponto a ponto. O proprietário tinha conhecimento que diferentes tipos de antenas representavam níveis diferentes de perigo e, em termos gerais, que: • as antenas do setor das telecomunicações móveis (800 a 2 600 MHz) podem representar um perigo na parte da frente até alguns metros e em menor medida para os lados e para a parte traseira (figura 10.2); • as antenas parabólicas (10 a 30 GHz) associadas às estações de base de telemóveis tendem a não representar um perigo significativo; • as antenas dipolo e colineares (chicote) (80 a 400 MHz) podem apresentar um perigo num raio de um metro ou dois à volta da antena. Este último ponto é ilustrado por modelização informática para uma antena dipolo de meia onda a funcionar a 400 MHz (figura 10.3). O quadro 10.1 mostra que à medida que a potência radiada aumenta de 25 W para 100 W e depois para 400 W, os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde são ultrapassados a distâncias progressivamente maiores da antena. 10. Antenas de telhado Figura 10.2 ― Distribuição da taxa de absorção específica de energia (SAR) num trabalhador situado junto a uma antena transmissora do setor das telecomunicações móveis Figura 10.3 ― Distribuição da taxa de absorção específica de energia (SAR) no modelo humano resultante de exposição a uma antena dipolo de meia onda de 25 W, a 20 cm do torso. Desvio: 1 cm do torso. Em ambos os casos, os valores calculados da SAR são inferiores aos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde correspondentes SAR (W kg-1) SAR (W kg-1) 2,0-17 0,14-1,7 1,0 0,085 0,0 0,0 Distância entre o corpo e a antena de 1 cm 123 124 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Quadro 10.1 ― Valores modelados por computador da taxa de absorção específica de energia relativa a todo o corpo (WBSAR) e da SAR máxima localizada, calculadas como média numa massa contígua de 10 g (SAR 10 g cont) para uma antena dipolo de meia onda de 5 W, 25 W, 100 W e 400 W. Os valores da SAR que ultrapassam os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde correspondentes são escritos a letra vermelha SAR modelada (Wkg-1) Distância (cm) Antena de 5 W WBSAR SAR10g cont Antena de 25 W WBSAR SAR10g cont Antena de 100 W Antena de 400 W WBSAR SAR10g cont WBSAR SAR10g cont 0,1 0,0225 1,61 0,113 8,05 0,450 32,2 1,80 129 1 0,0194 1,28 0,0968 6,38 0,387 25,5 1,55 102 2 0,0168 1,04 0,0840 5,18 0,336 20,7 1,34 82,8 4 0,0133 0,715 0,0663 3,58 0,265 14,3 1,06 57,2 6 0,0110 0,525 0,0548 2,63 0,219 10,5 0,876 42,0 8 0,00945 0,406 0,0473 2,03 0,189 8,12 0,756 32,5 10 0,00845 0,332 0,0423 1,66 0,169 6,63 0,676 26,5 12 0,00770 0,272 0,0385 1,36 0,154 5,44 0,616 21,8 14 0,00725 0,234 0,0363 1,17 0,145 4,68 0,580 18,7 16 0,00690 0,208 0,0345 1,04 0,138 4,16 0,552 16,6 18 0,00670 0,163 0,0335 0,815 0,134 3,26 0,536 13,0 20 0,00660 0,177 0,0330 0,883 0,132 3,53 0,528 14,1 Os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde para frequências entre 100 kHz a 6 GHz para a SAR média relativa a todo o corpo: 0,4 Wkg-1 e para a média da SAR localizada na cabeça e tronco calculada em 10 g de tecido contíguo: 10 Wkg-1. 10.4.Como é utilizada a aplicação O equipamento é automático e controlado remotamente pelos operadores. A estação de base de telemóveis vai ajustar a sua potência de saída de acordo com o tráfego de chamadas efetuado, sujeito a um máximo definido nas condições de licenciamento do espetro. Isto dificulta ao proprietário a previsão da potência de saída numa altura específica. As frequências de saída encontram-se também definidas nas condições de licenciamento do espetro. As modificações na instalação e os trabalhos ocasionais de manutenção são efetuados por trabalhadores subcontratados designados pelos operadores 10.5.Abordagem para a avaliação da exposição Uma avaliação da exposição teórica e pormenorizada implicaria informações sobre diversos fatores, incluindo o tipo de antena, as características da emissão (por exemplo, frequência, potência radiada, parâmetros do sinal, ciclo de funcionamento, número de canais transmitidos), a posição do trabalhador no campo de radiação, a duração da exposição, e os contributos de outras fontes. Seria também possível efetuar medições de exposições no telhado, apesar de tal requerer os serviços de um consultor especializado que utilize instrumentos especializados. O proprietário sabia que seria possível alugar ou comprar 10. Antenas de telhado um instrumento de baixo custo na Internet, mas este não daria uma leitura fiável e poderia ser sensível a outros sinais que não os relevantes. O proprietário sabia igualmente que recorrer aos serviços de um consultor seria dispendioso e apenas forneceria um retrato da situação de exposição no momento das medições. Em vez disso, o senhorio efetuou uma inspeção visual básica do telhado para identificar as antenas e os respetivos operadores e identificou-as numa planta do telhado. Em seguida, os operadores foram contactados e foi-lhes pedido que visitassem o local para identificar as suas antenas e fornecer as informações de segurança relacionadas. O proprietário analisou também o livro de registo de visitas para verificar quem teve acesso ao telhado e tentou determinar, pela natureza do trabalho, o local em que tinham estado a trabalhar. Utilizando estas informações, foram identificados locais nos quais podia ser possível os trabalhadores acederem a zonas de campos perigosos ou zonas de exclusão (figura 10.4). Uma boa prática é os trabalhadores não se aproximarem das antenas de radiação ficando potencialmente expostos acima dos níveis de ação (NA), e não deveriam certamente poder tocar em antenas de radiação. Figura 10.4 ― Desenho que mostra a extensão das zonas de exclusão no telhado 10.6.Resultados da avaliação da exposição Em resultado da inspeção visual e do contacto com as operadoras, o proprietário elaborou um dossier com as informações de segurança relevantes, que foi subsequentemente disponibilizado a pessoas que efetuassem trabalhos no telhado. Este incluía um inventário pormenorizado das antenas com as seguintes informações: tipo de antena (por exemplo, antena de setor, antena parabólica, dipolo dobrado), operador, local, (posição, altura, direção), parâmetros de funcionamento, extensão de qualquer zona de exclusão, data de instalação (quadro 10.2) 125 126 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos Quadro 10.2 ― Inventário das antenas de telhado montadas pelo proprietário Tipo de antena Operador Localização no telhado Parâmetros de funcionamento Zona de exclusão Data de instalação Antenas do setor das telecomunicações móveis (6 desligadas) Vodafone Torre triangular no telhado da casa das máquinas do elevador a um nível de 6 m 0°, 120°, 240° Frequência 2110-2170 MHz Potência de 56 dBm por sinal Largura de feixe de 85° Ganho de 17 dBi 2,5 m para a frente 0,25 m para trás 0,3 m acima e abaixo Junho de 2006 antena parabólica de 0,3 m Vodafone Poste de montagem no telhado de casa das máquinas do elevador a um nível de 5,5 m 220° Frequência de 26 GHz Potência de 3 mW Largura de feixe de 1° Ganho de 44,5 dBm Nenhuma Junho de 2006 Dipolo dobrado Pager Telecom Próximo de zonas de passagem na entrada no telhado A uma altura de 2 m Frequência de 138 MHz Potência de 100 W Não direcional Ganho de 2,15 dBi 2,5 m em redor da antena Desconhecido 10.7. Avaliação dos riscos O proprietário estava ciente da necessidade de avaliar todos os riscos para os trabalhadores que acedessem ao telhado (estes podiam incluir riscos genéricos como escorregar, tropeçar e cair, fumos de chaminés, chaminés e respiradouros, bem como campos eletromagnéticos). A metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho) foi utilizada para estruturar o processo e, na preparação para a avaliação, foram identificadas todas as informações disponíveis a partir do operador ou do fabricante de cada antena. Informações quantitativas sobre a intensidade do campo elétrico da antena e diagramas esquemáticos em que é mostrada a extensão das zonas de exclusão permitiram ao proprietário realizar uma avaliação do nível de risco. Sempre o campo acessível ultrapassava os NA era necessário conceber e implementar um plano de ação para lidar com os riscos. Um exemplo de uma avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos é mostrado no quadro 10.3. 10. Antenas de telhado Efeitos diretos dos campos de radiofrequência Porta no telhado fechada e controlada por chave Limpa-vidros ✓ ✓ Baixa ✓ ✓ Baixa Deslocar a antena do sistema de paging (dipolo dobrado) para longe do passadiço Avisos de alerta e de proibição Empreiteiros de telhados Antenas de setor montadas na parte superior da casa das máquinas do elevador e zonas de exclusão associadas inacessíveis Técnicos de ar condicionado ✓ ✓ Baixa Escada que dá acesso ao telhado da casa das máquinas do elevador bloqueada Inspetores de seguros ✓ ✓ Baixa Antenas parabólicas montadas no cimo de polos e vigas inacessíveis Instaladores de antenas ✓ ✓ Baixa Provável Novas medidas de prevenção e de precaução Possível Avaliação dos riscos Montar um travão mecânico de modo a garantir que o andaime suspenso utilizado na limpeza de janelas não possa ser subido à frente das antenas de setor Elaborar um procedimento de segurança escrito que todos os trabalhadores têm de ler (e assinar) antes de serem autorizados a aceder ao telhado Trabalhadores particularmente expostos (trabalhadoras grávidas) Ver supra Probabilidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Efeitos indiretos dos campos de radiofrequência (interferência em equipamentos médicos eletrónicos) Gravidade Ligeiro Quadro 10.3 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para antenas de telhado Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ ✓ ✓ Baixa Baixa Ver supra. Alerta para os portadores de equipamento médico eletrónico num procedimento de segurança escrito 127 128 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 10.8.Precauções já em vigor A inspeção visual do telhado levada a cabo pelo proprietário revelou o seguinte: • a porta que dá acesso ao telhado estava fechada e a chave era controlada pelo responsável pela segurança do edifício. Um aviso de alerta da presença de antenas de radiofrequência foi afixado no interior da porta [figura 10.5a)]; • as antenas do setor das telecomunicações móveis foram montadas na parte superior da casa das máquinas do elevador e as respetivas zonas de exclusão ficaram inacessíveis. Foram fixados avisos de alerta nos postes de montagem [figura 10.5b)] e nos caixilhos das antenas [figura 10.5c)]; • a escada que dá acesso ao telhado da casa das máquinas do elevador foi bloqueada e foi dado um aviso [figura 10.5d)]; • as antenas parabólicas foram montadas no topo dos postes e os seus feixes ficaram inacessíveis. (Em qualquer caso, o proprietário dispõe de provas escritas do operador de que não existem zonas de exclusão.) Figura 10.5 ― Avisos de alerta a) na porta do telhado CAUTION RADIO TRANSMITTERS OPERATING PLEASE OBEY ALL FURTHER SIGNAGE FOR FURTHER ASSISTANCE PHONE 01635 676350 Site b) no poste de montagem da antena c) no caixilho da antena RADIO FREQUENCIES RF ANTENNA DO NOT PROCEED BEYOND THIS POINT KEEP AWAY FROM ANTENNA Site No. FOR FURTHER INFORMATION, CONTACT: 01635 676350 Vodafone Part No 800333 d) na escada para o telhado da casa das máquinas Contact 01635 676350 has ( ) cells (CSRs) on this site 01753 564633 xxxx xxxxxx Site xxxx xxxxxx Site 10.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação O proprietário não ficou satisfeito com alguns aspetos do modo como as instalações no telhado estavam a ser geridas e decidiu implementar medidas de precaução adicionais, incluindo: • exigir ao operador de um sistema de paging que deslocasse a respetiva antena dipolo dobrada para longe do passadiço [figura 10.6a)] e que nela afixasse um aviso de alerta [figura 10.6b)]; • montar de um travão mecânico de modo a garantir que andaime suspenso para a limpeza de janelas não pudesse ser subido à frente das antenas de setor [figura 10.6c)] • elaborar de um procedimento de segurança escrito que todos os trabalhadores têm de ler (e assinar) antes de serem autorizados a aceder ao telhado. Isto inclui planos de emergência para acidentes e incidentes razoavelmente previsíveis. 11. Antenas de telhado Figura 10.6 a) antena de paging demasiado próxima do passadiço b) o novo aviso de alerta c) o andaime suspenso para a limpeza de vidros já não pode subir em frente às antenas 129 130 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 11.Walkie-talkies 11.1.Local de trabalho Este estudo de caso refere-se a uma pequena empresa de construção cujos trabalhadores se encontram em estaleiros de construção. O encarregado do estaleiro tinha ouvido falar da nova Diretiva «Campos eletromagnéticos» e estava preocupado quanto ao facto de os trabalhadores terem de tomar precauções quando utilizam walkie-talkies. 11.2.Natureza do trabalho Os trabalhadores comunicam entre si utilizando walkie-talkies que funcionam utilizando o serviço não licenciado de PMR (Private Mobile Radio) 446 (figura 11.1). Os dispositivos estão disponíveis para utilização por parte de todos os trabalhadores no estaleiro. Figura 11.1 ― Trabalhador no estaleiro a utilizar um walkie-talkie Depois de ver as instruções do fabricante, o encarregado estabeleceu que os dispositivos portáteis funcionam a cerca de 446 MHz. Porém, não havia informações nas instruções ou na declaração de conformidade CE (figura 11.2) sobre a potência aparente radiada (PAR) ou sobre métodos adequados de utilização. Após consultar a Internet, o encarregado encontrou informações do regulador do serviço que indicavam que «O equipamento de rádio PMR 446 deve ser portátil, possuir uma antena integral, ter um máximo de potência aparente radiada de 500 mV e estar em conformidade com a norma ETS 300 296». 11. Walkie-talkies Figura 11.2 ― Declaração de conformidade CE fornecida com o dispositivo EC Declaration of Conformity We the manufacturer / Importer Declare under our sole responsibility that the following product Type of equipment: Private Mobile Radio Model Name: Country of Origin: Brand: complies with the essential protection requirements of R&TTE Directive 1999/5/EC on the approximation of the laws of the Council Directive 2004/108/EC on the approximation of the laws of the Member States relating to electromagnetic compatibility (EMC) and the European Community Directive 2006/95/EC relating to Electrical Safety. Assessment of compliance of the product with the requirements relating to the essential requirements according to Article 3 R&TTE was based on Annex III of the Directive 1999/105/EC and the following standards: EMC&RF: EN 301-489-5 V1.3.1:(2002-08) EN 301-489-1 V1.8.1:(2008-04) EN 300-296-1 V1.1.1:(2001-03) EN 300-296-2 V1.1.1:(2001-03) EN 300-341-1 V1.3.1(200012) EN 300-341-2 V1.1.1(200012) Electrical Safety: EN 60950-1:2006 Waste electrical products must not be disposed of with household waste. This equipment should be taken to your local recycling centre for safe treatment. The product is labelled with the European Approval Marking CE as show. Any Unauthorized modification of the product voids this Declaration. Manufacturer / Importer (signature of authorized person) Signature: ( Signature: ) London, Place & Date: 8th Aug, 2010 131 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 132 11.3.Como é utilizada a aplicação Não foi dada qualquer formação aos trabalhadores sobre a utilização do equipamento. O encarregado conduziu uma inspeção informal da posição de utilização, que detetou que os walkie-talkies eram segurados à frente ou ao lado da cara. De igual forma, as comunicações entre os trabalhadores foram relatadas como sendo curtas e de um modo geral não superiores a algumas dezenas de segundos por transmissão. 11.4.Abordagem para a avaliação da exposição Ao avaliar a exposição resultante de transmissores situados junto ao corpo, o cumprimento dos VLE tem de ser determinado por modelização informática. Idealmente, isto deve ser feito pelo fabricante. No entanto, se estes dados não estiverem disponíveis, então pode ser efetuada uma avaliação por meio de referência a informações publicadas sobre dispositivo similares. (Importa igualmente verificar no quadro 3.2 do capítulo 3 do volume 1 do guia se o equipamento é considerado como cumprindo a priori a Diretiva «Campos eletromagnéticos») 11.5.Resultados da avaliação da exposição Após ter telefonado a alguns organismos governamentais, o encarregado foi informado de dados publicados relativos a modelização informática efetuada para um dispositivo similar que funciona a frequências similares (Dimbylow et al). Estas revelaram que o valor máximo da taxa de absorção específica de energia (SAR) num tecido contíguo de 10 g é de 3,9 Wkg-1 por watt de potência de saída, para qualquer possível posição de funcionamento junto à face. Para efeitos de avaliação em relação aos VLE aplicáveis aos efeitos na saúde para a exposição localizada na cabeça nesta frequência (10 Wkg-1) a média da exposição deve ser calculada a intervalos de 6 minutos. Uma vez que ocorrem conversas em dois sentidos, o encarregado presumiu um ciclo de funcionamento de transmissão máximo de 50%. A partir dos dados de modelização, o encarregado pôde concluir que para ultrapassar os VLE seria necessário um dispositivo com uma potência aparente radiada superior a 5 W. Não estavam disponíveis informações dos fabricantes sobre a potência aparente radiada dos walkie-talkies, mas o regulador tinha já especificado que os dispositivos não deviam ultrapassar uma potência de saída de 0,5 W. Por conseguinte, o encarregado pôde concluir que a exposição resultante dos dispositivos não ultrapassaria os VLE aplicáveis aos efeitos na saúde da Diretiva «Campos eletromagnéticos». 11.6.Avaliação dos riscos Os resultados da avaliação da exposição indicam que a utilização dos walkie-talkies não ultrapassará os relevantes VLE aplicáveis aos efeitos na saúde da Diretiva «Campos eletromagnéticos». No entanto, existe a possibilidade de poder haver interferência em dispositivos médicos implantados em ou utilizados por trabalhadores. Quaisquer trabalhadores com dispositivos médicos devem ser sujeitos a uma avaliação individual dos riscos sempre que possam ser identificadas e implementadas quaisquer precauções recomendadas pelo seu médico. 12. Walkie-talkies 11.7.Precauções já em vigor Não existiam quaisquer precauções. 11.8.Precauções adicionais em resultado da avaliação O encarregado decidiu aplicar algumas medidas simples: • os trabalhadores participaram numa conversa acerca de um assunto específico relativo à saúde e à segurança (toolbox talk) que incluiu instruções sobre quando e como utilizar os walkie-talkies, bem como as posições recomendadas para segurar o dispositivo; • foi pedido aos trabalhadores existentes que comunicassem caso estivessem particularmente expostos, nomeadamente por possuírem um estimulador cardíaco; • todos os novos trabalhadores são agora rastreados para verificar se estão particularmente expostos. 133 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 134 12.Aeroportos As fontes de campos eletromagnéticos deste estudo de caso incluem os seguintes elementos: • radar de vigilância de aeroporto; • radiofarol não direcional; • equipamento de medição de distâncias. 12.1.Local de trabalho O radar, o radiofarol não direcional (NDB) e o equipamento de medição de distâncias (DME) eram usados em aeroportos internacionais de aeronaves de passageiros e de carga. Os locais de trabalho relevantes no aeroporto foram os seguintes: • a cabina de equipamentos de radar, que alojava o gerador de radiofrequência (RF); • a torre de aço em treliça na qual a antena do radar estava montada; • a torre de controlo do tráfego aéreo; • a cabina de equipamento NDB, que alojava o gerador de RF; • o recinto no qual a antena do NDB estava localizada; • o quartel de bombeiros do aeroporto, que estava situado perto do NDB; • a cabina de DME, que alojava o gerador de RF; • a área circundante à cabina de DME, na qual estava montada a antena. 12.2.Natureza do trabalho 12.2.1.Radar A maioria do trabalho efetuada no radar era realizada por engenheiros de tráfego aéreo na cabina de equipamento. Ocasionalmente, estes trabalhadores necessitavam também de realizar trabalhos na antena. Outros trabalhadores da torre de controlo do tráfego aéreo do aeroporto, que ficava a uma distância de cerca de 80 m do radar e tinha uma altura similar, poderiam também ter sido expostos a radiação de RF da antena e tinham manifestado algumas preocupações em relação a este facto. 12.2.2.Radiofarol não direcional A maioria do trabalho efetuada no radiofarol não direcional (NDB) era realizada por engenheiros na cabina de equipamento. Ocasionalmente, estes trabalhadores tinham também de entrar no recinto do NDB para regular o NDB de modo a garantir que este cumpria as especificações corretas a nível de potência de saída; este ajuste era efetuado numa cabina situada a poucos metros da antena. A proximidade do NDB 12. Aeroportos ao quartel de bombeiros do aeroporto era também um motivo de preocupação para os bombeiros do aeroporto. 12.2.3.Equipamento de medição de distâncias A maioria do trabalho efetuada no DME era realizada por engenheiros na cabina de equipamento. Estes trabalhadores raramente tinham de trabalhar na antena propriamente dita, mas outros trabalhadores do aeroporto tinham manifestado alguma preocupação em relação ao facto de a antena estar apenas 2,5 m acima do nível do solo sem qualquer restrição de acesso. 12.3.Informações sobre o equipamento gerador de campos eletromagnéticos 12.3.1.Radar O radar é composto por um gerador de RF, que produz impulsos de radiação de RF, e por uma antena rotativa. O gerador de RF foi instalado numa cabina de equipamento e a antena foi montada no topo de uma torre de aço em treliça. O sinal do gerador de RF era transmitido para a antena por uma guia de onda retangular. Um exemplo de um radar de vigilância aeroportuária é mostrado na figura 12.1 e as especificações técnicas do radar são mostradas no quadro 12.1. Figura 12.1 ― Exemplo de um radar de vigilância aeroportuária Quadro 12.1 ― Especificações técnicas do radar de vigilância do aeroporto Parâmetro de funcionamento Valor Frequência de transmissão nominal 3 GHz Potência de saída nominal máxima 480 a 580 kW Potência de saída nominal média 430 W Duração do impulso 0,75 a 0,9 µs Frequência de repetição de impulso 995 Hz Velocidade de rotação da antena 15 rpm 135 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 136 12.3.2.Radiofarol não direcional O radiofarol não direcional (NDB) era composto por um gerador de RF, que produz um sinal de RF de amplitude modelada de 343 kHz com uma potência máxima de 100 W, e por um transmissor auto-suficiente com a forma de um mastro em treliça com 15 m de altura. A antena foi instalada num recinto, que continha também uma cabina na qual estava alojado o equipamento de regulação. O gerador de RF foi instalado numa cabina de equipamento fora do recinto da antena. 12.3.3.Equipamento de medição de distâncias O DME era composto por um gerador de RF e uma antena, que estava montada na cabina de equipamento. O DME transmite impulsos de radiação de RF em resposta a sinais recebidos de uma aeronave que se aproxima do aeroporto. Os sinais de RF são transmitidos numa gama de frequências de 978 a 1213 MHz, com um comprimento de impulso de 3,5 µs. O intervalo entre impulsos é de 12 s a 36 µs. 12.4.Como são utilizadas as aplicações O radar, o NDB e o DME são automáticos e comandados à distância. As modificações no equipamento e o trabalho de manutenção ocasional são realizados por engenheiros, que podem ocasionalmente ter de aceder às antenas. Em cada caso, o gerador de RF é desligado quando seja necessário ter acesso à antena. 12.5.Abordagem para a avaliação da exposição As medições de exposição foram efetuadas por um consultor especializado com instrumentos especializados (uma antena recetora de corneta corrugada ligada a um analisador de espetro para fornecer uma avaliação detalhada da exposição resultante do sinal do radar pulsado em locais específicos e uma sonda de perigo de RF de três eixos). As medições foram efetuadas em locais acessíveis aos trabalhadores com o equipamento em transmissão. 12.5.1.Radar Devido à natureza da transmissão do sinal do radar (o sinal de RF é composto por impulsos curtos e a antena roda), a exposição num local não é contínua e, por isso, foi necessário efetuar uma avaliação detalhada da exposição em termos de duas grandezas: • densidade de potência máxima, que é uma medida da exposição que um trabalhador pode receber de cada impulso individual do sinal de RF; • densidade de potência média, que é calculada a partir da densidade de potência máxima e é uma medida da exposição média calculada a intervalos de vários minutos, tendo em conta a natureza de impulsos do sinal do radar e o período de rotação da antena. As medições da densidade de potência foram efetuadas em quatro locais na torre de controlo do tráfego aéreo utilizando a antena de corneta corrugada e um analisador de espetro. Foram também efetuadas medições da intensidade do campo elétrico em vários locais utilizando a sonda de perigo de RF. Foram efetuadas medições na cabina de equipamento, na torre da antena, perto da guia de onda (tendo em atenção as flanges de ligação e quaisquer secções da guia de onda flexível (figura 12.2), na torre de controlo de tráfego aéreo, e noutras zonas à volta do radar acessíveis aos trabalhadores, incluindo àqueles que estavam particularmente expostos. 12. Aeroportos Figura 12.2 ― Medições à volta de uma guia de onda flexível numa cabina de equipamento do radar Cabina de gerador de RF Antena de corneta corrugada Guia de onda flexível Sonda de perigos de três eixos 137 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 138 12.5.2.Radiofarol não direcional As medições da intensidade do campo elétrico foram efetuadas utilizando a sonda de perigo de RF em locais acessíveis aos trabalhadores à volta do radiofarol não direcional (NDB), prestando particular atenção às zonas ocupadas por engenheiros de tráfego aéreo e aos bombeiros do aeroporto. 12.5.3.Equipamento de medição de distâncias As medições da intensidade do campo elétrico foram efetuadas utilizando a sonda de perigo de RF no interior da cabina de equipamento e no ponto de acesso mais próximo da antena no exterior da cabina, o que representava um trabalhador que tenta chegar à antena com a sua mão enquanto está ao nível do solo. 12.6.Resultados da avaliação da exposição Os resultados das medições foram comparados com os níveis de ação (NA) pertinentes e as conclusões relevantes da avaliação da exposição são apresentadas nos quadros 12.2, 12.3 e 12.4. Ao avaliar a exposição de trabalhadores particularmente expostos, a comparação foi efetuada em relação aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) (ver apêndice E do volume 1 deste guia). Quadro 12.2 ― Resumo dos resultados da avaliação da exposição ao radar Fração de exposição (%) Localização Grandeza medida Cobertura de torre de controlo de tráfego aéreo Densidade de potência máxima 33 000 Wm-2 Densidade de potência média Intensidade máxima do campo elétrico (Vm-1) Cabina de equipamento a 10 cm da guia de onda flexível fora da cabina do equipamento Posição do torso no acesso mais próximo à antena na torre da antena Resultado Nível de ação pertinente (1), (2) Nível de referência 1999/519/CE (3) 66% 330% 0,012 Wm-2 0,024% 0,12% < 0,1 Vm-1 < 0,1% < 0,2% 29 Vm-1 21% 48% 31 Vm-1 22% 51% (1) Verificou-se que não foram fornecidos nenhuns níveis de ação pela Diretiva «Campos eletromagnéticos» no que se refere à densidade de potência de radiação de RF a frequências inferiores a 6 GHz, o que tem particular importância para os sinais de RF pulsados e, por conseguinte, em conformidade com o considerando 15 da Diretiva «Campos eletromagnéticos», o consultor baseou-se nas orientações fornecidas pela Comissão Internacional para a Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) para a avaliação da exposição a radiação de RF pulsada a partir do radar, da seguinte forma: 300 GHz: Nível de referência em contexto profissional relativo à densidade de potência máxima para radiação de RF constituída por impulsos para frequências entre 2 e 300 GHz: 50 000 Wm-2. Nível de referência em contexto profissional para a densidade de potência média para frequências entre 2 e 300 GHz: 50 Wm-2. (2) Nível de ação da intensidade do campo elétrico para frequências entre 2 kHz e 6 MHz: 140 Vm-1 (3) Níveis de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE): Densidade de potência máxima para radiação pulsada de RF na gama de frequências de 2 e 300 GHz: 10000 Wm-2; Densidade de potência média para frequências entre 2 e 300 GHz: 10 Wm-2; Intensidade do campo elétrico para frequências entre 2 kHz e 300 MHz: 61 Vm-1. N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ±2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com o NA/NR. 12. Aeroportos Quadro 12.3 ― Resumo dos resultados da avaliação da exposição ao NDB Fração de exposição (%) Localização Intensidade máxima do campo elétrico (Vm-1) Nível de ação baixo (1) Nível de referência 1999/519/CE (3) Nível de ação alto (2) Cabina de equipamento 100 59% 17% 120% Sala do esquadrão de bombeiros < 0,1 < 0,1% < 0,1% < 0,2% Vedação de delimitação do recinto do NDB 270 160% 45% 310% (1) Nível de ação baixo da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 170 Vm-1 (2) Nível de ação alto da intensidade do campo elétrico para frequências entre 3 kHz e 10 MHz: 610 Vm-1 (3) Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) para intensidade do campo elétrico para frequências entre 150 kHz e 1 MHz: 87 Vm-1 N.B.: A incerteza das medições foi estimada em ±2.7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com os NA/NR. Quadro 12.4. ― Resumo dos resultados da avaliação da exposição ao DME Fração de exposição (%) Localização Cabina de equipamento 2,5 m acima do solo, a 0,6 m da antena Intensidade máxima do campo elétrico (Vm-1) Nível de ação (1) Nível de referência 1999/519/CE (2) < 0,1 < 0,2% < 0,3% 14 15% 33% (1) N ível de ação da intensidade do campo elétrico mais restritivo para a gama de frequências das transmissões de equipamentos de medição de distâncias de 978 a 1213 MHz: 94 Vm-1 (2) Nível de referência da Recomendação do Conselho (1999/519/CE) mais restritivo no que se refere intensidade do campo elétrico, para frequências no intervalo das transmissões de equipamentos de medição de distâncias de 978 a 1213 MHz: 43 Vm-1 N.B.: A incerteza nas medições foi estimada em ± 2,7 dB e em conformidade com a abordagem de «risco partilhado» (ver apêndice D5 do volume 1 do guia) os resultados foram comparados diretamente com o NA/NR. 12.6.1.Radar Os resultados da avaliação da exposição indicaram que a exposição a radiação de RF do radar era inferior aos NA da Diretiva «Campos eletromagnéticos». No entanto, a avaliação destacou algumas zonas na quais os níveis de referência indicados pela Recomendação do Conselho (1999/519/CE) eram ultrapassados, apesar de não ser muito provável essas zonas serem ocupadas por trabalhadores particularmente expostos. 12.6.2.Radiofarol não direcional (NDB) Os resultados da avaliação da exposição indicaram que a exposição a radiação de RF do NDB era superior ao NA baixo para um campo elétrico (figura 12.3) e superior aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) nas áreas exteriores à vedação em torno do NDB. Estas zonas podiam ser ocupadas por trabalhadores, incluindo os particularmente expostos. 139 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 140 Figura 12.3 ― Vista de plano que mostra os contornos dentro dos quais os níveis de ação eram passíveis de ser ultrapassados à volta do radiofarol não direcional 12.6.3.Equipamento de medição de distâncias Os resultados da avaliação da exposição indicaram que a exposição a radiação de RF do DME era inferior ao NA e inferior aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) em todas as áreas acessíveis à volta do DME. 12.7.Avaliação dos riscos O operador aeroportuário efetuou avaliações dos riscos do radar, do NDB e do DME com base na avaliação dos riscos efetuada pelo consultor. Esta foi compatível com a metodologia sugerida pela OiRA (plataforma interativa em linha de avaliação dos riscos da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). A avaliação dos riscos concluiu que: • os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo decorrente do radar no telhado da torre de controlo de tráfego aéreo; • os trabalhadores, incluindo os particularmente expostos, tinham acesso ilimitado a zonas à volta do NDB nas quais o NA baixo de efeitos sensoriais foi ultrapassado porque a vedação de delimitação tinha sido instalada demasiado próxima do transmissor; • era muito pouco provável que houvesse perigo para os trabalhadores em relação ao DME. O operador aeroportuário desenvolveu um plano de ação a partir da avaliação dos riscos e este foi documentado. Os quadros 12.5, 12.6 e 12.7 mostram exemplos das avaliações dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para o radar, para o NDB e para o DME. 12. Aeroportos Técnicos ✓ Dispositivos de bloqueio da cabina do gerador de RF Trabalhadores de aeroporto ✓ ✓ ✓ Trabalhadores particularmente expostos (incluindo as trabalhadoras grávidas) ✓ Trabalhadores particularmente expostos ✓ Provável Restrição física de acesso à torre da antena com o radar em funcionamento Possível Efeitos diretos de radiofrequência É necessário um procedimento simples para garantir que o gerador de RF é desligado quando seja necessário o acesso à torre antena Probabilidade Improvável Pessoas em risco Mortal Medidas de prevenção e de precaução existentes Grave Perigos Um mecanismo de segurança para garantir que o gerador de RF é desligado se o radar parar de rodar Gravidade Ligeiro Quadro 12.5 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para radares de vigilância de aeroporto Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Baixa Restrição física de acesso ao telhado da torre de controlo de tráfego aéreo, podendo entrar apenas trabalhadores autorizados Baixa ✓ Baixa Exibição de avisos de alerta adequados do perigo de radiofrequência na porta do telhado da torre de controlo de tráfego aéreo Fornecer avisos específicos na informação relativa à segurança do local São mostrados avisos de alerta do perigo de radiofrequência nas portas de acesso ao recinto da antena e do radar Formação dos trabalhadores Efeitos indiretos de radiofrequência (interferência em implantes médicos) O portão de acesso ao recinto do radar está bloqueado e o acesso é restringido apenas a trabalhadores autorizados Avisos de alerta à volta do recinto do radar Solicitar a todos os trabalhadores que informem o operador do aeroporto se forem portadores de implantes médicos ✓ Baixa Ver supra 141 Guia não vinculativo de boas práticas para a aplicação da Diretiva 2013/35/UE «Campos eletromagnéticos» — Volume 2: Estudos de casos 142 Efeitos diretos de radiofrequência Impedimento físico de acesso ao recinto do transmissor por pessoas não autorizadas Técnicos ✓ Um procedimento simples para garantir que o transmissor é desligado quando seja exigida uma curta distância à antena Trabalhadores de aeroporto ✓ Apenas avisos de alerta de risco de choque elétrico Trabalhadores particularmente expostos (incluindo as trabalhadoras grávidas) Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução ✓ Baixa ✓ Baixa Reposicionar a vedação de delimitação para abarcar toda a zona na qual a intensidade do campo elétrico ultrapassa o nível de ação baixo Provável Pessoas em risco Possível Probabilidade Improvável Medidas de prevenção e de precaução existentes Mortal Perigos Grave Gravidade Ligeiro Quadro 12.6 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para radiofarol não direcional Fornecer avisos específicos na informação relativa à segurança do local ✓ ✓ Baixa Exibir avisos de alerta adequados do perigo de radiofrequência em pontos de acesso ao recinto do NDB Elaborar um procedimento para a regulação do NDB Fornecer formação de sensibilização sobre segurança em matéria de RF aos engenheiros que realizam a regulação do sinal do NDB Efeitos indiretos de radiofrequência (interferência em implantes médicos) Apenas avisos de alerta de risco de choque elétrico Solicitar a todos os trabalhadores que informem o operador do aeroporto se forem portadores de implantes médicos Trabalhadores particularmente expostos ✓ ✓ Médio Ver supra 12. Aeroportos Quadro 12.7 ― Avaliação dos riscos específicos dos campos eletromagnéticos para equipamento de medição de distâncias Efeitos indiretos de radiofrequência (interferência em implantes médicos) Solicitar a todos os trabalhadores que informem o operador do aeroporto se forem portadores de implantes médicos Avaliação dos riscos Novas medidas de prevenção e de precaução Nenhuma Provável Técnicos Possível Um procedimento simples para garantir que o transmissor é desligado quando seja exigida uma curta distância à antena Probabilidade Improvável Efeitos diretos de radiofrequência Gravidade Mortal Pessoas em risco Grave Medidas de prevenção e de precaução existentes Ligeiro Perigos ✓ ✓ Baixa Trabalhadores particularmente expostos (incluindo as trabalhadoras grávidas) ✓ ✓ Baixa Workers at particular risk (including pregnant workers) ✓ ✓ Baixa ✓ Baixa Trabalhadores de aeroporto Trabalhadores particularmente expostos ✓ 12.8.Precauções já em vigor 12.8.1.Radar Foram associadas diversas medidas de proteção e de prevenção ao radar, incluindo: • a cabina de equipamento e a torre da antena estavam dentro de um recinto rodeado por uma vedação de segurança do perímetro; • a porta que dá acesso à cabina de equipamento e o portão do recinto estavam fechados quando não estava lá ninguém, e o acesso às chaves estava limitado apenas a trabalhadores autorizados; • a escada de acesso à torra da antena estava trancada atrás de um portão separado dentro do recinto; • foram afixados avisos de alerta (figura 12.4) no portão do recinto do radar e no portão da escada de acesso à torre da antena; • dispositivos de bloqueio da cabina do gerador de RF na cabina de equipamento; • um procedimento simples para garantir que o gerador de RF é desligado quando seja necessário acesso próximo à torre da antena; Nenhuma 143 • um mecanismo de segurança para garantir que o gerador de RF é desligado se o radar parar de rodar; • foi solicitado a todos os trabalhadores do aeroporto que informassem o operador do aeroporto caso fossem portadores de implantes médicos. Figura 12.4. ― Avisos de alerta no portão do recinto do radar (esquerda) e no portão da torre da antena (direita) 12.8.2.Radiofarol não direcional Antes da avaliação da exposição realizada pelo consultor, havia muito poucas medidas de proteção e de prevenção. Estas limitavam-se a: • vedação de delimitação à volta do transmissor; • avisos de alerta do risco de choque elétrico afixados na vedação que rodeava o radiofarol não direcional (NDB); • um procedimento simples para garantir que o gerador de RF é desligado quando seja necessário acesso próximo à torre da antena; • foi solicitado a todos os trabalhadores do aeroporto que informassem o operador do aeroporto caso fossem portadores de implantes médicos. 12.8.3.Equipamento de medição de distâncias Antes da exposição estava já implementado um procedimento simples para garantir que o gerador de RF era desligado quando fosse necessária uma curta distância à antena. 12.9.Precauções adicionais em resultado da avaliação 12.9.1.Radar As medidas de proteção e de prevenção existentes garantiam que as exposições dos trabalhadores aeroportuários eram geralmente inferiores aos NA relevantes e aos níveis de referência indicados na Recomendação do Conselho (1999/519/CE) nas zonas em relação às quais as medições foram efetuadas. A única exceção foi o telhado da torre de controlo de tráfego aéreo, em que os trabalhadores particularmente expostos podem estar sujeitos a um perigo da exposição a radiação de RF emitida pelo radar, apesar de ser considerado pouco provável esses trabalhadores terem de aceder a essa zona. Na sequência da avaliação da exposição, o operador aeroportuário implementou algumas recomendações menores mediante parecer do consultor: • foram afixados avisos de alerta, com o pictograma da antena de radiação e a menção «Perigo: Radiação Não Ionizante», na porta que dá acesso ao telhado da torre de controlo de tráfego aéreo; • os trabalhadores do aeroporto foram recordados da importância de informar o operador do aeroporto caso sejam portadores de um implante médico; • alertas especificamente relacionados com os perigos de radiação não ionizante associados ao radar foram integrados nas informações de segurança do local. Apesar de não implementada neste caso, vale a pena sublinhar que uma medida de proteção adicional conhecida por «supressão de setores», em que a transmissão por radar é operada a potência reduzida numa região rotacional pré-determinada, poderia ser considerada se uma avaliação da exposição identificar um risco significativo de exposição a radiação de RF proveniente de um radar. Isso implicaria a programação do radar para reduzir ou desligar a potência da radiação de RF durante o período da sua rotação durante o qual a antena está direcionada para a zona relevante. Porém, a utilização da supressão de setores tem de ser avaliada muito cuidadosamente e as suas vantagens têm de ser ponderadas em relação a quaisquer riscos associados com a falta de dados de vigilância que resultariam do facto de o radar estar a transmitir a uma potência reduzida. 12.9.2.Radiofarol não direcional As medidas de proteção e de prevenção existentes foram consideradas insuficientes, e foram implementadas diversas novas medidas. Na sequência da avaliação da exposição, o operador aeroportuário implementou diversas recomendações mediante parecer do consultor: • a vedação de delimitação em redor do radiofarol não direcional (NDB) foi afastada do transmissor, de modo a abarcar a zona na qual a intensidade do campo elétrico ultrapassava o NA baixo. Verificou-se que uma alternativa à deslocação da vedação de delimitação teria sido fornecer formação aos trabalhadores que possam ter de aceder à zona, mas o reposicionamento da vedação de delimitação era uma solução mais simples e mais eficaz; • foram afixados avisos de alerta, com o pictograma da antena de radiação e a menção «Perigo: Radiação Não Ionizante», no portão do recinto do NDB; • foi elaborado um procedimento para efetuar a regulação do sinal do NDB; • os engenheiros que possam ter de efetuar a regulação do NDB no interior do recinto receberam formação de sensibilização sobre a radiação de RF; • os trabalhadores do aeroporto foram recordados da importância de informar o operador do aeroporto caso sejam portadores de um implante médico; • alertas especificamente relacionados com os perigos de radiação não ionizante associados ao NDB foram integrados nas informações de segurança do local. 12.9.3.Equipamento de medição de distâncias • Não foram aplicadas outras medidas de proteção e de prevenção, uma vez que as medidas existentes foram consideradas suficientes. KE-04-15-141-PT-N «A Diretiva 2013/35/UE estabelece as prescrições mínimas de segurança e de saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos aos campos eletromagnéticos. O presente guia prático foi elaborado para ajudar os empregadores, em especial as pequenas e médias empresas, a compreender o que delas se espera para dar cumprimento à diretiva. No entanto, pode também ser útil para os trabalhadores, os seus representantes e as autoridades reguladoras nos Estados-Membros. É constituído por dois volumes e por um guia específico para as pequenas e médias empresas. O volume 1 do guia prático inclui orientações sobre a realização de avaliações de risco, bem como sobre as opções eventualmente disponíveis e no âmbito das quais os empregadores têm de adotar medidas adicionais de prevenção ou proteção. O volume 2 apresenta doze estudos de casos que mostram aos empregadores como devem abordar as avaliações e exemplificam algumas das medidas de prevenção e proteção que podem ser selecionadas e aplicadas. Os estudos de casos são apresentados no contexto de locais de trabalho genéricos, mas foram compilados a partir de situações de trabalho reais. O Guia para as PME visa assistir estas empresas a realizar uma avaliação inicial dos riscos dos campos eletromagnéticos nos respetivos locais de trabalho. Os resultados desta avaliação permitirão determinar a necessidade de adoção de medidas adicionais para dar aplicação à Diretiva “Campos eletromagnéticos”.» Pode descarregar as nossas publicações ou inscrever-se gratuitamente em http://ec.europa.eu/social/publications Se quiser receber atualizações regulares sobre a Direção-Geral do Emprego, dos Assuntos Sociais e da Inclusão assine gratuitamente o boletim eletrónico Social Europe em http://ec.europa.eu/social/e-newsletter https://www.facebook.com/socialeurope https://twitter.com/EU_Social doi:10.2767/446003 ISBN 978-92-79-45954-2