A FUNÇÃO SOCIAL DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE MULHERES MASTECTOMIZADAS Doracy Costa Oliveira RESUMO Este trabalho, realizado por meio de revisão da bibliografia especializada, teve por objetivo proceder ao levantamento dos recursos que a fisioterapia dispõe para o tratamento de mulheres com câncer de mama submetidas à mastectomia. Como metodologia de pesquisa, foram feitos estudos exploratórios na área da Medicina para melhor conhecimento de câncer de mama, sua sintomatologia, etiologia e morfologia; na área de Enfermagem, para melhor entendimento das possíveis complicações pós-mastectomia, e na área de Fisioterapia especificamente, para identificação dos recursos, descritos dos procedimentos, vantagens e desvantagens e contra indicação em sua aplicação. O interesse pela temática se justifica por ser o câncer de mama uma das doenças neoplásicas que representa grave problema de saúde pública, acometendo, a cada ano, cerca de nove milhões de pessoas em todo o mundo, das quais aproximadamente cinco milhões evoluem para o óbito, segundo a Organização Mundial de Saúde. A discussão do tema, feito com base em vários autores, brasileiros e estrangeiros, permite identificar satisfatoriamente as aplicações fisioterapêuticas, permitindo chegar à conclusão de que a fisioterapia pode desempenhar uma função extremamente relevante na recuperação da autoestima e da qualidade de vida de mulheres pós-mastectomia. Palavras-Chave: Câncer de mama, Diagnóstico, Complicações, Fisioterapia. ABSTRACT This work, carried through by means of revision of the specialized bibliography, had for objective to proceed to the survey of the resources that the Fisioterapy makes use for the treatment of women with câncer of breast submitted to the mastectomy. As research methodology, exploratories studs in the área of the Medicine for better knowledge of the breast câncer, its sintomatology had been made, etiology and morphology; in the área of Nursing, for better agreement os the possible complications after-mastectomy, and in the área of Fisioterapy specifically, for identification of the resources, description of the procedures, avantajes and disadvantages and contraoindications in its application. The interes for the thematic one IF justifies for being the câncer of breast one of the neoplasis illnesses that represents serious problem of public health, afetem, to each year, about nine million people in the whole world, of which approximately five million evolves for the death, acordem to World-Wilde Organization of Health. The quarrel of the subject, made on the basis of some outhors, Brazilians and Foreigner, allowed to identify the fisioterapeutics applications satisfactorily, allowing to arrive at the conclusion of that Fisioterapy can play na extremely excellent function in the recovery of auto esteem and of the quality of life of mastectomized women. Keywords: Breast´s cancer, Diagnosis, Complications, Fisioterapy. INTRODUÇÃO O conceito de beleza feminina tem mudado ao longo dos anos, porém a forma e o tamanho das mamas permanecem como símbolos de máxima feminilidade. (ALMEIDA JR, 2009, p. 242). Os seios femininos, também chamados de mamas, são os símbolos maiores da maternidade, a fonte da vida e do primeiro alimento dos seres humanos São constituídos por tecido gorduroso, ligamentos de suporte, tecido conjuntivo (fibras colágenas e elastinas), glândulas mamárias e pelos mamilos. Os seios apresentam muitas enervações e vasos sanguíneos, sendo, portanto, uma região de estimulação erótica. O tamanho dos seios não é determinante para a capacidade de amamentação. Seios grandes significam quantidade de tecido gorduroso e não de glândulas. Os seios não possuem músculos para lhes dar firmeza e sustentação, sendo esta função desempenha pela derme e epiderme. Fatores genéticos são determinantes quanto à forma e tamanho dos seios, se serão pequenos, médios ou grandes. Diversos são os fatores capazes de comprometer não somente as funções, mas também a estética dos seios e do significado que eles têm para a imagem e a autoestima da mulher. A menstruação antes dos 12 anos e a menopausa depois dos 55 são apontadas pela literatura médica como fatores capazes de provocar o câncer de mama. A amamentação, por, sua vez, além da relação afetiva que cria entre a mãe e o bebê, é tida como fator protetor contra a incidência do câncer de mama. Mulheres que têm filhos depois dos 30 anos de idade também são apresentadas pela literatura médica como mais propensas a este mal. E por fim, os fatores genéticos. A literatura médica aponta que cerca de 25% das mulheres com câncer de mama possuem algum parente na família com o mesmo mal. Quando os seios são acometidos de câncer e precisam de intervenção cirúrgica, a Fisioterapia desempenha um papel importante tanto na recuperação das suas funções quanto no restabelecimento da autoestima da mulher. A Fisioterapia é uma ciência que utiliza uma fundamentação sistematicamente estudada e estabelecida através do métodos científicos próprios. Essa fabulosa ciência atua hoje nas demais diferentes áreas com técnicas, metodologias e abordagens específicas que tem o objetivo de sanar, minimizar e principalmente prevenir as mais variadas afecções. Além disto, a complexidade da profissão reside na necessidade do entendimento global da fisiologia, anatomia, semiologia do ser humano, baseado na biofísica, bioquímica, cinesiologia, biomecânica e outros ciências básicas. A Fisioterapia possui um corpo próprio de conhecimentos, uma metodologia especifica de intervenção, privativa do fisioterapeuta, ficando a critério do mesmo a ordenação, intervenção, consulta e alta fisioterapêutica1. A Fisioterapia exerce uma importante função social especialmente na reabilitação de pessoas para a vida útil, devolvendo-lhe a funcionalidade de órgãos e membros afetados e possibilitando a recuperação da autoestima. Para a contextualização desta função social da Fisioterapia elegemos para este artigo uma questão diretamente relacionada a gênero, com impacto na estética feminina e, consequentemente, na sua autoestima da mulher. O câncer é tido como uma doença crônica degenerativa, ou seja, é uma patologia que apresenta uma evolução prolongada e progressiva, podendo às vezes ser interrompido em uma de suas fases. Nada mais é do que a sobreposição celular, sendo estas células anormais originadas de células normais. (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Câncer de mama – o objeto deste artigo -, é o desenvolvimento anormal das células do seio. Estas células crescem e substituem o tecido saudável, é doença tratável. A descoberta precoce é a chave para sobreviver ao câncer de mama. O câncer normalmente começa com um pequeno nódulo que, com o tempo pode crescer e se espalhar para áreas próximas, como os músculos e pele, assim como nódulo de pus sob o braço. Principalmente o tumor pode se espalhar para órgãos vitais como fígado, cérebro, pulmão e espinha.2 Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Estimativa de novos casos: 52.680 (2012). No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%3. 1 www.bemestar.ig.com.br 2 www.boasaude.com.br 3 www.inca.gov.br Mesmo com o recente progresso de descoberta precoce e tratamentos aperfeiçoados, o câncer de mama é terceira maior causa de morte para mulheres nos EUA. O câncer é tido como uma doença crônica degenerativa, ou seja, é uma patologia que apresenta uma evolução prolongada e progressiva, podendo às vezes ser interrompido em uma de suas fases. Nada mais é do que a sobreposição celular, sendo estas células anormais originadas de células normais (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A abordagem terapêutica do câncer de mama envolve a cirurgia conhecida como mastectomia, quimioterapia, radioterapia e hormônioterapia. Geralmente, os tratamentos propostos associam consideração as também duas ou características mais abordagens, individuais, tanto levando clinicas, em como psicológicas, visando obter uma melhor qualidade de vida pós-tratamento (National Breast Cancer Centre-NBCC, 1999). O sistema linfático tem como função imunológica a ativação da resposta inflamatória e o controle de infecções. Através de sua simbiose com os vasos sanguíneos, regula o balanço do fluído tissular. Esse delicado balanço é possível pelo transporte unidirecional de proteínas do tecido para o sistema sanguíneo. Em conjunção com o trabalho dos vasos, o sistema linfático mantém o equilíbrio entre a filtração e a reabsorção dos fluídos tissulares (Miller, 1994). O linfedema pode ser definido como todo e qualquer acúmulo de líquido, altamente protéico, nos espaços intersticiais, seja ele devido a falhas de transporte, por alterações da carga linfática, por deficiência de transporte ou por falha da proteólise extralinfática (Mayall, 2000). A intervenção fisioterapêutica deve ser iniciada precocemente com o objetivo de prevenir possíveis complicações advindas da cirurgia. A dor nesse período pode levar a graus variados de imobilidade, que poderão intervir diretamente na dificuldade de movimentação, além de contribuir para a instalação de um linfedema. A sobrevida cada vez maior implica não só o desenvolvimento de técnicas que melhorem a qualidade de vida, bem como o treinamento e entrosamento da equipe multidisciplinar (Guirro & Guirro, 2002). À medida que um crescente número de pacientes mastectomizadas são submetidas a um tratamento fisioterapêutico, a melhora na qualidade de vida das pacientes alcança respostas importantes. A diminuição da dor pós-cirúrgica, a prevenção de linfedema, a manutenção da amplitude de movimento, a manutenção da força muscular, a prevenção de aderências cicatriciais e a manutenção de postura adequada fazem da fisioterapia uma importante aliada na recuperação póscirúrgica. Os aspectos psicológicos e sociais dessas pacientes são fatores de suma importância no que diz respeito a resultados positivos, levando-se em conta que se deve tratar a paciente como um todo, não apenas a patologia com a qual foi acometida (GUIRRO & GUIRRO, 2002). MASTECTOMIA É o nome da cirurgia de remoção completa da mama, portanto, é um procedimento invasivo, que altera significativamente a percepção da mulher em relação à funcionalidade de seu corpo e, sobretudo, a afeta psicologicamente. É um dos tipos de tratamento cirúrgico para o câncer de mama, mas existem muitos tipos de mastectomia: Mastectomia radical a Halsted consiste na retirada da glândula mamária, associadas à retirada dos músculos peitorais e a linfadenectomia axilar completa. Atualmente é um procedimento incomum, devido à alta morbidade a ela associada e a resultados bastante satisfatórios de técnicas mais conservadoras (Chaves, 1999). Mastectomia radical modificada consiste na retirada da glândula mamária e na linfadenectomia axilar, com preservação de um ou ambos os músculos peitorais. Constitui o procedimento cirúrgico realizado na maioria das pacientes com câncer de mama nos estádios I, II e III. Este procedimento é indicado: na presença de tumor acima de três cm, sem fixação à musculatura; em pacientes com recidiva após tratamento conservador; ou que apresentem qualquer condição que as tornem inelegíveis ao tratamento conservador; e em pacientes que não concordem com a preservação da mama (Franco, 1997; Marchant, 1997). É denominada de mastectomia radical modificada Patey, quando ocorre a preservação do músculo grande peitoral. Quando os dois músculos peitorais são preservados, é chamada mastectomia radical modificada Madden. Mastectomia total simples: consiste na retirada da glândula mamaria, incluindo o complexo areolar e aponeurose do músculo peitoral. Os linfonodos axilares são preservados. É indicada nos casos de: carcinoma ductal in situ; recidiva após cirurgia conservadora; lesões ulcerativas em pacientes com metástases a distância onde o controle local promove melhor qualidade de vida; pacientes idosas com risco cirúrgico elevado ou que não possuem adenopatias axilares palpáveis ou evidência de doença a distância; e em pacientes selecionadas para tratamento profilático (Marchant, 1997). Mastectomia subcutânea: Consiste na retirada da glândula mamária, conservando os músculos peitorais e suas aponeuroses, pele e complexo aréolopapilar. Por deixar tecido mamário residual com possibilidade de alterações hiperplásicas e degeneração maligna, seu uso é bastante questionado (Franco, 1997). Segundo Marchant (1997) uma série de complicações são associadas a este procedimento, incluindo hematoma e subseqüente fibrose, não devendo ser empregado no tratamento do câncer de mama. Como tratamento profilático, seus resultados são inferiores ao da mastectomia simples4. O tratamento cirúrgico conservador do câncer de mama compreende uma cirurgia limitada, possibilitando a remoção do tumor primário com uma margem de tecido mamário normal em torno da lesão, acrescido ou não da dissecção axilar, seguido da radioterapia, no intuito de eliminar a doença residual microscópica (Brito, 1994). A principal vantagem do tratamento conservador é cosmética. Não existem dados que indiquem que a sobrevida seja menor em cirurgias conservadoras quando comparada com os procedimentos radicais. Assim sendo, cabe ao cirurgião selecionar aquelas pacientes que, com uma adequada ressecção, seja possível um bom resultado estético. As pacientes que apresentem tumores multicêntricos ou uma lesão grande em mama pequena não se beneficiam desta técnica. Pacientes com lesão central envolvendo o complexo aréolo-papilar podem ser tratadas pela ressecção papilar, com atenção especial ao resultado estético. A idade avançada não é contra-indicação (Marchant, 1997). A radioterapia, então, passou a ser utilizada como adjuvante no tratamento locoregional do câncer de mama. Entretanto, sendo o câncer uma doença sistêmica, tornou-se evidente a necessidade de alguma forma de tratamento sistêmico em adição ao tratamento local, para que a mortalidade por câncer de mama sofresse alguma influência (Chaves, 1999). 4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Mastectomia Proporcionar maior sobrevida, identificar grupos de maior risco de metástase à distância e, sempre que possível, evitar mutilação ou oferecer à paciente o benefício da reconstrução mamária (Franco, 1997). O local de aplicação da radioterapia pode ser a mama residual, a parede torácica, ou áreas de drenagem linfática, incluindo linfonodos da axila, fossa supraclavicular e mamária interna (Leite, 1999). Os efeitos colaterais relacionados à radioterapia podem estar ligados à técnica empregada, ao local tratado, à dose utilizada, ao fracionamento e ao tipo de irradiação utilizada no boost no tratamento conservador. Os efeitos colaterais agudos são aqueles que ocorrem na vigência da radioterapia, com duração de poucas semanas, estando associados à dose total. O tratamento cirúrgico conservador do câncer de mama compreende uma cirurgia limitada, possibilitando a remoção do tumor primário com uma margem de tecido mamário normal em torno da lesão, acrescido ou não da dissecção axilar, seguido da radioterapia, no intuito de eliminar a doença residual microscópica (Brito, 1994). QUIMIOTERAPIA E HORMONIOTERAPIA A quimioterapia tem como objetivo destruir as células cancerosas, mas ela também age nas células normais provocando efeitos colaterais como náusea, vômitos, perda de apetite, febre, queda de cabelo, feridas na boca, fraqueza, cansaço ou fadiga, inflamação nas veias (flebite) e sangramento. A hormonioterapia é um tratamento medicamentoso, administrado por via oral, com a função de inibir a atividade dos hormônios que tenham alguma influência no crescimento de um tumor, principalmente câncer de mama e câncer de próstata, que sofrem fortes influências dos hormônios humanos. Apresenta como efeitos colaterais sintomas da menopausa, ganho de peso, diabetes, fenômenos tromboembólicos, insuficiência cardíaca e masculinização da mulher. A quimioterapia e a hormônioterapia são tratamentos adjuvantes do câncer de mama, desempenhando importante papel no controle da doença à distância. O câncer de mama é freqüentemente uma doença sistêmica e as variações no tratamento loco-regional não afetam substancialmente a sobrevida, entretanto, o controle da doença a distância resulta em melhores resultados. Outro aspecto é que, quando o câncer se torna detectável clinicamente, já pode ser considerado avançado, pois já teve a oportunidade de estabelecer micrometástases à distância (Oliveira, 1994). A quimioterapia realizada antes do tratamento cirúrgico denomina-se neoadjuvante. Tem como objetivo, reduzir a dimensão do tumor para torná-lo operável, ou proporcionar a possibilidade de uma cirurgia conservadora (Brandão, 1999). A quimioterapia apresenta como efeitos colaterais agudos: náuseas e vômitos, mucosite, alopecia, leucopenia e plaquetopenia. Os efeitos tardios são amenorréia, insuficiência cardíaca congestiva e leucemia. Nas cirurgias de retirada da mama (mastectomia) existe uma retirada do nodos linfáticos axilares, em maior ou menor número, dependendo da técnica cirúrgica utilizada, e com isso, há uma interrupção da circulação linfática do membro superior, podendo aparecer um linfedema neste membro. A instalação de um linfedema, ou trauma muscular, e consequentemente alterações posturais, ocasionadas pela cirurgia, podem levar a limitações motoras, sociais e psicológicas. Apesar das causas do câncer de mama serem incertas, certamente a mulher que sofreu mastectomia necessita de um trabalho de apoio pós-cirurgia (Rockon, 1998). Independente da abordagem cirúrgica do câncer de mama ser radical ou conservadora, as complicações que podem sobrevir são dolorosas, incapacitantes, desagradáveis e perturbam a recuperação da paciente. A fisioterapia assume um papel importante na prevenção, diminuição e resolução dessas complicações (CAMARGO & MARX, 2000). No pós-cirúrgico a fisioterapia atua para reduzir o edema, descomprimir a circulação venosa, aumentar a circulação arterial para o fornecimento de oxigênio nos tecidos, acelerar a cicatrização, reduzir a tensão das suturas para obter cicatrizes de melhor qualidade, facilitar a drenagem linfática e proporcionar o relaxamento e equilíbrio ao paciente através de posicionamento e terapias manuais5. METODOLOGIA A pesquisa para o Artigo foi feita integralmente por meio de pesquisa bibliográfica e da revisão da bibliografia especializada. Utilizei, tanto quanto possível, a Biblioteca da Unisant`Anna, a Biblioteca da Uniban e a Biblioteca da Faculdade de 5 www.cdr.unc.br Medicina da Universidade de São Paulo. Estes estudos exploratórios nas áreas de Medicina, Enfermagem e Fisioterapia se basearam em bibliografias específicas sobre Anatomia (FARIA, 1994, DÂNGELO E FATTINI, 1995), ERHART, 1976, LEME, 1994), oncologia (GOMES, GERBER, 1997, MORTIMER, 1998), diagnóstico (OLIVEIRA 1994, LEDUC, 1998), e tratamento pós-mastectomia (GODOY, 1999), GUIRRO & GUIRRO, 2002), GARRIDO, 2000, FRANCO, 1997, FRANCISCO, 2003, SILVA, 2003), além da consultas a dados epidemiológicos do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS), para melhor contextualização do câncer de mama na mulher. Os estudos exploratórios deixaram evidentes que a mastectomia é o procedimento cirúrgico mais largamente difundido no Brasil para tratamento do câncer de mama, portanto, com bibliografia suficiente para uma jovem estudante entender suas vantagens e desvantagens, quando e como pode ser feita, suas possíveis complicações e as alternativas ao tratamento complementar. A dificuldade nesta fase do Trabalho de Conclusão de Curso se refere ao predomínio de bibliografia em língua inglesa sem tradução para a língua portuguesa. Para suprir esta deficiência recorri continuamente aos recursos disponíveis na Internet, que tanto possibilitam acesso a resumos de estudos, experimentos e pesquisas quanto à integra de textos, dados quantitativos, avaliações e acompanhamento de políticas públicas de saúde. Ciente quanto às limitações e confiabilidade científica de textos disponibilizados na rede mundial de computadores, privilegiei consultar centros de referência tidos e aceitos como oficiais pela comunidade científica de cada área. Para o tema de interesse deste trabalho consultei Saúde Integral da Mulher (www.prossiga.br/bvmulher/cedim/), Biblioteca Virtual em Saúde Mental (www.prossiga.br/ee_usp/saudemental/), Biblioteca Virtual em Saúde Reprodutiva (www.prossiga.br/fsp_usp/saudereprodutiva/), Vigilância do Câncer e dos Fatores de Risco, do Instituto Nacional de Câncer (www.inca.gov.br/vigilancia/), Biblioteca Virtual do Câncer de Mama (www.bibliomed.com.br/), Biblioteca Virtual de Fisioterapia- FisioWeb WGate (www.wgate.com.br/fisioweb/), Biblioteca Virtual de Enfermagem (www.portalcofen.com.br/bvirtual/), Biblioteca Virtual da Boa Saude (www.boasaude.uol.com.br). Por fim, como complemento ao Manual de Trabalho de Conclusão de Curso disponibilizado pela UniSant`Anna, utilizei a 5ª edição de Cervo e Bervian para orientar-me quanto às Normas ABNT para produção de trabalhos acadêmicos e melhor compreensão quanto ao uso das normas de metodologia científica. DISCUSSÃO Desde o diagnóstico as pacientes precisam ser tratadas de forma honesta e humanizada, para que o fisioterapeuta possa mostrar as vantagens da cirurgia e/ou tratamento, além disso, esclarecer a importância da adesão da paciente às terapias coadjuvantes ao tratamento. A postura dos profissionais da reabilitação junto à paciente e à família deve ser realista e animadora, abordando com naturalidade e segurança assuntos como condição estética, maternidade, sensualidade, sexualidade, exercícios pós-cirúrgicos, reconstrução mamária, e eventualmente sobre a possibilidade da recidiva do câncer (Marx, 2000). Apesar dos avanços científicos no tratamento do câncer, a cura do mesmo é um caminho complexo e obscuro. Entretanto, os profissionais da área de reabilitação não têm que se prender ao programa da morte e da doença e nem tratar destas. Deve-se buscar elevar expectativa de vida e melhorar a qualidade de vida das pacientes (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Segundo Camargo & Marx (2000), independente da abordagem cirúrgica do câncer de mama ser radical ou conservadora, as complicações que podem sobrevir são dolorosas, incapacitantes, desagradáveis e perturbam a recuperação da paciente. Mortimer (1998), afirma que “era aceito, inicialmente, que a patologia do linfedema após o tratamento para o câncer de mama era decorrente da destruição do sistema linfático causado por cirurgia e/ou radioterapia”. Vogelfang (1996), confirma que a instalação do linfedema ocorre então pelo aumento do fluxo linfático, que supera a capacidade de transporte ou reduz a mesma a níveis inferiores aos de carga e fluxo linfático. O National Cancer Institute, (NCI, 1999), relata que o linfedema pode ocorrer em qualquer área do membro superior. Guirro & Guirro (2002) e Camargo (2000), relatam que após a cirurgia ocorrem o comprometimento da biomecânica do ombro e do uso de movimentos compensatórios dos músculos trapézios superior e levantador da escapula, durante as atividades de alcance acima da cabeça que podem causar compressão subacromial resultando em dor no ombro, onde a força da garra geralmente é diminuída como resultado do linfedema e rigidez secundária dos dedos. E consequentemente há aparecimento de aderência cicatricial, caracterizadas pela fixação anormal de tecidos que deveriam deslizar um sobre o outro. Havendo fraqueza do membro superior envolvido, alterações na mobilidade do ombro, hipoestesia e dor. A paciente desenvolve uma restrição de movimentação de abdução do ombro superior decorrente das aderências cicatriciais. Tanto Guirro, (2002), Camargo, (2000) e Avelar (2000) concordam que as condutas fisioterapeuticas podem ser utilizadas no tratamento da paciente submetida à cirurgia de câncer de mama, mas antes de entrarmos com um programa efetivo de reabilitação temos que conhecer algumas complicações e como estas influenciam no processo de reabilitação, precisando ser avaliadas com muito cuidado. A consulta a bibliografia e a leitura de tantos estudos, pesquisas e autores apontam pela inexistência de um padrão único quanto a melhor abordagem fisioterapêutica com pacientes operadas de câncer de mama. Porem, vários protocolos de tratamento tem sido propostos com considerável ganho para estas pacientes, já que os objetivos do tratamento são comuns. Algumas das formas de reabilitação, suas condutas e conclusões foram descritas por Guirro et al (2002), Leduc (2000) e Camargo (2000). RESULTADOS Como resultado da pesquisa bibliográfica realizada, nesta parte foram apresentadas algumas das condições que definem a intervenção da Fisioterapia na pós-mastectomia, os cuidados e as orientações específicas, com ênfase nos recursos fisioterapêuticos possíveis de serem empregados. São evidentes as limitações de um trabalho de conclusão de curso, que não esgota nem dá conta de levantar todas as possibilidades dentro de uma mesma área de conhecimento, mas creio estar apresentando o que de mais recorrente consta na bibliografia especializada, possibilitando ao fisioterapeuta ter uma visão abrangente sobre cada um dos recursos indicados, suas vantagens e desvantagens e suas contra-indicações. As mulheres submetidas à mastectomia, ficam expostas, à prejuízos não só de ordem física, mais também de ordem emocional e social. A limitação funcional do membro superior, pode colocar em risco as atividades normais da vida diária, repercutindo no seu papel social. 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