a função social da fisioterapia

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A FUNÇÃO SOCIAL DA FISIOTERAPIA
NO TRATAMENTO DE MULHERES MASTECTOMIZADAS
Doracy Costa Oliveira
RESUMO
Este trabalho, realizado por meio de revisão da bibliografia especializada, teve por
objetivo proceder ao levantamento dos recursos que a fisioterapia dispõe para o
tratamento de mulheres com câncer de mama submetidas à mastectomia. Como
metodologia de pesquisa, foram feitos estudos exploratórios na área da Medicina
para melhor conhecimento de câncer de mama, sua sintomatologia, etiologia e
morfologia; na área de Enfermagem, para melhor entendimento das possíveis
complicações pós-mastectomia, e na área de Fisioterapia especificamente, para
identificação dos recursos, descritos dos procedimentos, vantagens e desvantagens
e contra indicação em sua aplicação. O interesse pela temática se justifica por ser
o câncer de mama uma das doenças neoplásicas que representa grave problema de
saúde pública, acometendo, a cada ano, cerca de nove milhões de pessoas em todo
o mundo, das quais aproximadamente cinco milhões evoluem para o óbito, segundo
a Organização Mundial de Saúde. A discussão do tema, feito com base em vários
autores, brasileiros e estrangeiros, permite identificar satisfatoriamente as aplicações
fisioterapêuticas, permitindo chegar à conclusão de que a fisioterapia pode
desempenhar uma função extremamente relevante na recuperação da autoestima e
da qualidade de vida de mulheres pós-mastectomia.
Palavras-Chave: Câncer de mama, Diagnóstico, Complicações, Fisioterapia.
ABSTRACT
This work, carried through by means of revision of the specialized bibliography, had
for objective to proceed to the survey of the resources that the Fisioterapy makes use
for the treatment of women with câncer of breast submitted to the mastectomy. As
research methodology, exploratories studs in the área of the Medicine for better
knowledge of the breast câncer, its sintomatology had been made, etiology and
morphology; in the área of Nursing, for better agreement os the possible
complications after-mastectomy, and in the área of Fisioterapy specifically, for
identification of the resources, description of the procedures, avantajes and
disadvantages and contraoindications in its application. The interes for the thematic
one IF justifies for being the câncer of breast one of the neoplasis illnesses that
represents serious problem of public health, afetem, to each year, about nine million
people in the whole world, of which approximately five million evolves for the death,
acordem to World-Wilde Organization of Health. The quarrel of the subject, made on
the basis of some outhors, Brazilians and Foreigner, allowed to identify the
fisioterapeutics applications satisfactorily, allowing to arrive at the conclusion of that
Fisioterapy can play na extremely excellent function in the recovery of auto esteem
and of the quality of life of mastectomized women.
Keywords: Breast´s cancer, Diagnosis, Complications, Fisioterapy.
INTRODUÇÃO
O conceito de beleza feminina tem mudado ao longo dos anos, porém a forma
e o tamanho das mamas permanecem como símbolos de máxima feminilidade.
(ALMEIDA JR, 2009, p. 242). Os seios femininos, também chamados de mamas, são
os símbolos maiores da maternidade, a fonte da vida e do primeiro alimento dos
seres humanos São constituídos por tecido gorduroso, ligamentos de suporte, tecido
conjuntivo (fibras colágenas e elastinas), glândulas mamárias e pelos mamilos. Os
seios apresentam muitas enervações e vasos sanguíneos, sendo, portanto, uma
região de estimulação erótica.
O tamanho dos seios não é determinante para a capacidade de
amamentação. Seios grandes significam quantidade de tecido gorduroso e não de
glândulas. Os seios não possuem músculos para lhes dar firmeza e sustentação,
sendo esta função desempenha pela derme e epiderme. Fatores genéticos são
determinantes quanto à forma e tamanho dos seios, se serão pequenos, médios ou
grandes.
Diversos são os fatores capazes de comprometer não somente as funções,
mas também a estética dos seios e do significado que eles têm para a imagem e a
autoestima da mulher.
A menstruação antes dos 12 anos e a menopausa depois dos 55 são
apontadas pela literatura médica como fatores capazes de provocar o câncer de
mama. A amamentação, por, sua vez, além da relação afetiva que cria entre a mãe e
o bebê, é tida como fator protetor contra a incidência do câncer de mama. Mulheres
que têm filhos depois dos 30 anos de idade também são apresentadas pela literatura
médica como mais propensas a este mal.
E por fim, os fatores genéticos. A literatura médica aponta que cerca de 25%
das mulheres com câncer de mama possuem algum parente na família com o
mesmo mal.
Quando os seios são acometidos de câncer e precisam de intervenção
cirúrgica, a Fisioterapia desempenha um papel importante tanto na recuperação das
suas funções quanto no restabelecimento da autoestima da mulher.
A Fisioterapia é uma ciência que utiliza uma fundamentação sistematicamente
estudada e estabelecida através do métodos científicos próprios. Essa fabulosa
ciência atua hoje nas demais diferentes áreas com técnicas, metodologias e
abordagens específicas que tem o objetivo de sanar, minimizar e principalmente
prevenir as mais variadas afecções. Além disto, a complexidade da profissão reside
na necessidade do entendimento global da fisiologia, anatomia, semiologia do ser
humano, baseado na biofísica, bioquímica, cinesiologia, biomecânica e outros
ciências básicas. A Fisioterapia possui um corpo próprio de conhecimentos, uma
metodologia especifica de intervenção, privativa do fisioterapeuta, ficando a critério
do mesmo a ordenação, intervenção, consulta e alta fisioterapêutica1.
A Fisioterapia exerce uma importante função social especialmente na
reabilitação de pessoas para a vida útil, devolvendo-lhe a funcionalidade de órgãos e
membros afetados e possibilitando a recuperação da autoestima. Para a
contextualização desta função social da Fisioterapia elegemos para este artigo uma
questão diretamente relacionada a gênero, com impacto na estética feminina e,
consequentemente, na sua autoestima da mulher.
O câncer é tido como uma doença crônica degenerativa, ou seja, é uma
patologia que apresenta uma evolução prolongada e progressiva, podendo às vezes
ser interrompido em uma de suas fases. Nada mais é do que a sobreposição celular,
sendo estas células anormais originadas de células normais. (GUIRRO e GUIRRO,
2002).
Câncer de mama – o objeto deste artigo -, é o desenvolvimento anormal das
células do seio. Estas células crescem e substituem o tecido saudável, é doença
tratável. A descoberta precoce é a chave para sobreviver ao câncer de mama. O
câncer normalmente começa com um pequeno nódulo que, com o tempo pode
crescer e se espalhar para áreas próximas, como os músculos e pele, assim como
nódulo de pus sob o braço. Principalmente o tumor pode se espalhar para órgãos
vitais como fígado, cérebro, pulmão e espinha.2
Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum
entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Estimativa
de novos casos: 52.680 (2012). No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de
mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é
diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média
após cinco anos é de 61%3.
1
www.bemestar.ig.com.br
2
www.boasaude.com.br
3
www.inca.gov.br
Mesmo com o recente progresso de descoberta precoce e tratamentos
aperfeiçoados, o câncer de mama é terceira maior causa de morte para mulheres
nos EUA.
O câncer é tido como uma doença crônica degenerativa, ou seja, é uma
patologia que apresenta uma evolução prolongada e progressiva, podendo às vezes
ser interrompido em uma de suas fases. Nada mais é do que a sobreposição celular,
sendo estas células anormais originadas de células normais (GUIRRO e GUIRRO,
2002).
A abordagem terapêutica do câncer de mama envolve a cirurgia conhecida
como mastectomia, quimioterapia, radioterapia e hormônioterapia. Geralmente, os
tratamentos propostos
associam
consideração
as
também
duas ou
características
mais
abordagens,
individuais,
tanto
levando
clinicas,
em
como
psicológicas, visando obter uma melhor qualidade de vida pós-tratamento (National
Breast Cancer Centre-NBCC, 1999).
O sistema linfático tem como função imunológica a ativação da resposta
inflamatória e o controle de infecções. Através de sua simbiose com os vasos
sanguíneos, regula o balanço do fluído tissular. Esse delicado balanço é possível
pelo transporte unidirecional de proteínas do tecido para o sistema sanguíneo. Em
conjunção com o trabalho dos vasos, o sistema linfático mantém o equilíbrio entre a
filtração e a reabsorção dos fluídos tissulares (Miller, 1994).
O linfedema pode ser definido como todo e qualquer acúmulo de líquido,
altamente protéico, nos espaços intersticiais, seja ele devido a falhas de transporte,
por alterações da carga linfática, por deficiência de transporte ou por falha da
proteólise extralinfática (Mayall, 2000).
A intervenção fisioterapêutica deve ser iniciada precocemente com o objetivo
de prevenir possíveis complicações advindas da cirurgia. A dor nesse período pode
levar a graus variados de imobilidade, que poderão intervir diretamente na
dificuldade de movimentação, além de contribuir para a instalação de um linfedema.
A sobrevida cada vez maior implica não só o desenvolvimento de técnicas que
melhorem a qualidade de vida, bem como o treinamento e entrosamento da equipe
multidisciplinar (Guirro & Guirro, 2002).
À medida que um crescente número de pacientes mastectomizadas são
submetidas a um tratamento fisioterapêutico, a melhora na qualidade de vida das
pacientes alcança respostas importantes. A diminuição da dor pós-cirúrgica, a
prevenção de linfedema, a manutenção da amplitude de movimento, a manutenção
da força muscular, a prevenção de aderências cicatriciais e a manutenção de
postura adequada fazem da fisioterapia uma importante aliada na recuperação póscirúrgica. Os aspectos psicológicos e sociais dessas pacientes são fatores de suma
importância no que diz respeito a resultados positivos, levando-se em conta que se
deve tratar a paciente como um todo, não apenas a patologia com a qual foi
acometida (GUIRRO & GUIRRO, 2002).
MASTECTOMIA
É o nome da cirurgia de remoção completa da mama, portanto, é um
procedimento invasivo, que altera significativamente a percepção da mulher em
relação à funcionalidade de seu corpo e, sobretudo, a afeta psicologicamente. É um
dos tipos de tratamento cirúrgico para o câncer de mama, mas existem muitos tipos
de mastectomia:
Mastectomia radical a Halsted consiste na retirada da glândula mamária,
associadas à retirada dos músculos peitorais e a linfadenectomia axilar completa.
Atualmente é um procedimento incomum, devido à alta morbidade a ela associada e
a resultados bastante satisfatórios de técnicas mais conservadoras (Chaves, 1999).
Mastectomia radical modificada consiste na retirada da glândula mamária e
na linfadenectomia axilar, com preservação de um ou ambos os músculos peitorais.
Constitui o procedimento cirúrgico realizado na maioria das pacientes com câncer de
mama nos estádios I, II e III. Este procedimento é indicado: na presença de tumor
acima de três cm, sem fixação à musculatura; em pacientes com recidiva após
tratamento conservador; ou que apresentem qualquer condição que as tornem
inelegíveis ao tratamento conservador; e em pacientes que não concordem com a
preservação da mama (Franco, 1997; Marchant, 1997). É denominada de
mastectomia radical modificada Patey, quando ocorre a preservação do músculo
grande peitoral. Quando os dois músculos peitorais são preservados, é chamada
mastectomia radical modificada Madden.
Mastectomia total simples: consiste na retirada da glândula mamaria,
incluindo o complexo areolar e aponeurose do músculo peitoral. Os linfonodos
axilares são preservados. É indicada nos casos de: carcinoma ductal in situ; recidiva
após cirurgia conservadora; lesões ulcerativas em pacientes com metástases a
distância onde o controle local promove melhor qualidade de vida; pacientes idosas
com risco cirúrgico elevado ou que não possuem adenopatias axilares palpáveis ou
evidência de doença a distância; e em pacientes selecionadas para tratamento
profilático (Marchant, 1997).
Mastectomia subcutânea: Consiste na retirada da glândula mamária,
conservando os músculos peitorais e suas aponeuroses, pele e complexo aréolopapilar. Por deixar tecido mamário residual com possibilidade de alterações
hiperplásicas e degeneração maligna, seu uso é bastante questionado (Franco,
1997). Segundo Marchant (1997) uma série de complicações são associadas a este
procedimento, incluindo hematoma e subseqüente fibrose, não devendo ser
empregado no tratamento do câncer de mama. Como tratamento profilático, seus
resultados são inferiores ao da mastectomia simples4.
O tratamento cirúrgico conservador do câncer de mama compreende uma
cirurgia limitada, possibilitando a remoção do tumor primário com uma margem de
tecido mamário normal em torno da lesão, acrescido ou não da dissecção axilar,
seguido da radioterapia, no intuito de eliminar a doença residual microscópica (Brito,
1994).
A principal vantagem do tratamento conservador é cosmética. Não existem
dados que indiquem que a sobrevida seja menor em cirurgias conservadoras quando
comparada com os procedimentos radicais. Assim sendo, cabe ao cirurgião
selecionar aquelas pacientes que, com uma adequada ressecção, seja possível um
bom resultado estético. As pacientes que apresentem tumores multicêntricos ou uma
lesão grande em mama pequena não se beneficiam desta técnica. Pacientes com
lesão central envolvendo o complexo aréolo-papilar podem ser tratadas pela
ressecção papilar, com atenção especial ao resultado estético. A idade avançada
não é contra-indicação (Marchant, 1997).
A radioterapia, então, passou a ser utilizada como adjuvante no tratamento
locoregional do câncer de mama. Entretanto, sendo o câncer uma doença sistêmica,
tornou-se evidente a necessidade de alguma forma de tratamento sistêmico em
adição ao tratamento local, para que a mortalidade por câncer de mama sofresse
alguma influência (Chaves, 1999).
4
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mastectomia
Proporcionar maior sobrevida, identificar grupos de maior risco de metástase
à distância e, sempre que possível, evitar mutilação ou oferecer à paciente o
benefício da reconstrução mamária (Franco, 1997). O local de aplicação da
radioterapia pode ser a mama residual, a parede torácica, ou áreas de drenagem
linfática, incluindo linfonodos da axila, fossa supraclavicular e mamária interna (Leite,
1999).
Os efeitos colaterais relacionados à radioterapia podem estar ligados à
técnica empregada, ao local tratado, à dose utilizada, ao fracionamento e ao tipo de
irradiação utilizada no boost no tratamento conservador. Os efeitos colaterais agudos
são aqueles que ocorrem na vigência da radioterapia, com duração de poucas
semanas, estando associados à dose total.
O tratamento cirúrgico conservador do câncer de mama compreende uma
cirurgia limitada, possibilitando a remoção do tumor primário com uma margem de
tecido mamário normal em torno da lesão, acrescido ou não da dissecção axilar,
seguido da radioterapia, no intuito de eliminar a doença residual microscópica (Brito,
1994).
QUIMIOTERAPIA E HORMONIOTERAPIA
A quimioterapia tem como objetivo destruir as células cancerosas, mas ela
também age nas células normais provocando efeitos colaterais como náusea,
vômitos, perda de apetite, febre, queda de cabelo, feridas na boca, fraqueza,
cansaço ou fadiga, inflamação nas veias (flebite) e sangramento.
A hormonioterapia é um tratamento medicamentoso, administrado por via oral,
com a função de inibir a atividade dos hormônios que tenham alguma influência no
crescimento de um tumor, principalmente câncer de mama e câncer de próstata, que
sofrem fortes influências dos hormônios humanos. Apresenta como efeitos colaterais
sintomas da menopausa, ganho de peso, diabetes, fenômenos tromboembólicos,
insuficiência cardíaca e masculinização da mulher.
A quimioterapia e a hormônioterapia são tratamentos adjuvantes do câncer de
mama, desempenhando importante papel no controle da doença à distância. O
câncer de mama é freqüentemente uma doença sistêmica e as variações no
tratamento loco-regional não afetam substancialmente a sobrevida, entretanto, o
controle da doença a distância resulta em melhores resultados. Outro aspecto é que,
quando o câncer se torna detectável clinicamente, já pode ser considerado
avançado, pois já teve a oportunidade de estabelecer micrometástases à distância
(Oliveira, 1994).
A quimioterapia realizada antes do tratamento cirúrgico denomina-se neoadjuvante. Tem como objetivo, reduzir a dimensão do tumor para torná-lo operável,
ou proporcionar a possibilidade de uma cirurgia conservadora (Brandão, 1999). A
quimioterapia apresenta como efeitos colaterais agudos: náuseas e vômitos,
mucosite, alopecia, leucopenia e plaquetopenia. Os efeitos tardios são amenorréia,
insuficiência cardíaca congestiva e leucemia.
Nas cirurgias de retirada da mama (mastectomia) existe uma retirada do
nodos linfáticos axilares, em maior ou menor número, dependendo da técnica
cirúrgica utilizada, e com isso, há uma interrupção da circulação linfática do membro
superior, podendo aparecer um linfedema neste membro. A instalação de um
linfedema, ou trauma muscular, e consequentemente alterações posturais,
ocasionadas pela cirurgia, podem levar a limitações motoras, sociais e psicológicas.
Apesar das causas do câncer de mama serem incertas, certamente a mulher
que sofreu mastectomia necessita de um trabalho de apoio pós-cirurgia (Rockon,
1998). Independente da abordagem cirúrgica do câncer de mama ser radical ou
conservadora, as complicações que podem sobrevir são dolorosas, incapacitantes,
desagradáveis e perturbam a recuperação da paciente. A fisioterapia assume um
papel importante na prevenção, diminuição e resolução dessas complicações
(CAMARGO & MARX, 2000).
No pós-cirúrgico a fisioterapia atua para reduzir o edema, descomprimir a
circulação venosa, aumentar a circulação arterial para o fornecimento de oxigênio
nos tecidos, acelerar a cicatrização, reduzir a tensão das suturas para obter
cicatrizes de melhor qualidade, facilitar a drenagem linfática e proporcionar o
relaxamento e equilíbrio ao paciente através de posicionamento e terapias manuais5.
METODOLOGIA
A pesquisa para o Artigo foi feita integralmente por meio de pesquisa
bibliográfica e da revisão da bibliografia especializada. Utilizei, tanto quanto possível,
a Biblioteca da Unisant`Anna, a Biblioteca da Uniban e a Biblioteca da Faculdade de
5
www.cdr.unc.br
Medicina da Universidade de São Paulo.
Estes estudos exploratórios nas áreas de Medicina, Enfermagem e
Fisioterapia se basearam em bibliografias específicas sobre Anatomia (FARIA, 1994,
DÂNGELO E FATTINI, 1995), ERHART, 1976, LEME, 1994), oncologia (GOMES,
GERBER, 1997, MORTIMER, 1998), diagnóstico (OLIVEIRA 1994, LEDUC, 1998),
e tratamento pós-mastectomia (GODOY, 1999), GUIRRO & GUIRRO, 2002),
GARRIDO, 2000,
FRANCO, 1997, FRANCISCO, 2003,
SILVA, 2003), além da
consultas a dados epidemiológicos do Ministério da Saúde e da Organização
Mundial de Saúde (OMS), para melhor contextualização do câncer de mama na
mulher.
Os estudos exploratórios deixaram evidentes que a mastectomia é o
procedimento cirúrgico mais largamente difundido no Brasil para tratamento do
câncer de mama, portanto, com bibliografia suficiente para uma jovem estudante
entender suas vantagens e desvantagens, quando e como pode ser feita, suas
possíveis complicações e as alternativas ao tratamento complementar. A dificuldade
nesta fase do Trabalho de Conclusão de Curso se refere ao predomínio de
bibliografia em língua inglesa sem tradução para a língua portuguesa.
Para suprir esta deficiência recorri continuamente aos recursos disponíveis na
Internet, que tanto possibilitam acesso a resumos de estudos, experimentos e
pesquisas quanto à integra de textos, dados quantitativos, avaliações e
acompanhamento de políticas públicas de saúde. Ciente quanto às limitações e
confiabilidade científica de textos disponibilizados na rede mundial de computadores,
privilegiei consultar centros de referência tidos e aceitos como oficiais pela
comunidade científica de cada área.
Para o tema de interesse deste trabalho consultei Saúde Integral da Mulher
(www.prossiga.br/bvmulher/cedim/),
Biblioteca
Virtual
em
Saúde
Mental
(www.prossiga.br/ee_usp/saudemental/), Biblioteca Virtual em Saúde Reprodutiva
(www.prossiga.br/fsp_usp/saudereprodutiva/), Vigilância do Câncer e dos Fatores de
Risco, do Instituto Nacional de Câncer (www.inca.gov.br/vigilancia/), Biblioteca
Virtual do Câncer de Mama (www.bibliomed.com.br/), Biblioteca Virtual de
Fisioterapia- FisioWeb WGate (www.wgate.com.br/fisioweb/), Biblioteca Virtual de
Enfermagem (www.portalcofen.com.br/bvirtual/), Biblioteca Virtual da Boa Saude
(www.boasaude.uol.com.br).
Por fim, como complemento ao Manual de Trabalho de Conclusão de Curso
disponibilizado pela UniSant`Anna, utilizei a 5ª edição de Cervo e Bervian para
orientar-me quanto às Normas ABNT para produção de trabalhos acadêmicos e
melhor compreensão quanto ao uso das normas de metodologia científica.
DISCUSSÃO
Desde o diagnóstico as pacientes precisam ser tratadas de forma honesta e
humanizada, para que o fisioterapeuta possa mostrar as vantagens da cirurgia e/ou
tratamento, além disso, esclarecer a importância da adesão da paciente às terapias
coadjuvantes ao tratamento. A postura dos profissionais da reabilitação junto à
paciente e à família deve ser realista e animadora, abordando com naturalidade e
segurança
assuntos
como
condição
estética,
maternidade,
sensualidade,
sexualidade, exercícios pós-cirúrgicos, reconstrução mamária, e eventualmente
sobre a possibilidade da recidiva do câncer (Marx, 2000).
Apesar dos avanços científicos no tratamento do câncer, a cura do mesmo é
um caminho complexo e obscuro. Entretanto, os profissionais da área de reabilitação
não têm que se prender ao programa da morte e da doença e nem tratar destas.
Deve-se buscar elevar expectativa de vida e melhorar a qualidade de vida das
pacientes (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Segundo Camargo & Marx (2000), independente da abordagem cirúrgica do
câncer de mama ser radical ou conservadora, as complicações que podem sobrevir
são dolorosas, incapacitantes, desagradáveis e perturbam a recuperação da
paciente.
Mortimer (1998), afirma que “era aceito, inicialmente, que a patologia do
linfedema após o tratamento para o câncer de mama era decorrente da destruição
do sistema linfático causado por cirurgia e/ou radioterapia”. Vogelfang (1996),
confirma que a instalação do linfedema ocorre então pelo aumento do fluxo linfático,
que supera a capacidade de transporte ou reduz a mesma a níveis inferiores aos de
carga e fluxo linfático. O National Cancer Institute, (NCI, 1999), relata que o
linfedema pode ocorrer em qualquer área do membro superior.
Guirro & Guirro (2002) e Camargo (2000), relatam que após a cirurgia
ocorrem o comprometimento da biomecânica do ombro e do uso de movimentos
compensatórios dos músculos trapézios superior e levantador da escapula, durante
as atividades de alcance acima da cabeça que podem causar compressão
subacromial resultando em dor no ombro, onde a força da garra geralmente é
diminuída como resultado do linfedema e rigidez secundária dos dedos. E
consequentemente há aparecimento de aderência cicatricial, caracterizadas pela
fixação anormal de tecidos que deveriam deslizar um sobre o outro. Havendo
fraqueza do membro superior envolvido, alterações na mobilidade do ombro,
hipoestesia e dor. A paciente desenvolve uma restrição de movimentação de
abdução do ombro superior decorrente das aderências cicatriciais.
Tanto Guirro, (2002), Camargo, (2000) e Avelar (2000) concordam que as
condutas fisioterapeuticas podem ser utilizadas no tratamento da paciente submetida
à cirurgia de câncer de mama, mas antes de entrarmos com um programa efetivo de
reabilitação temos que conhecer algumas complicações e como estas influenciam no
processo de reabilitação, precisando ser avaliadas com muito cuidado.
A consulta a bibliografia e a leitura de tantos estudos, pesquisas e autores
apontam pela inexistência de um padrão único quanto a melhor abordagem
fisioterapêutica com pacientes operadas de câncer de mama. Porem, vários
protocolos de tratamento tem sido propostos com considerável ganho para estas
pacientes, já que os objetivos do tratamento são comuns. Algumas das formas de
reabilitação, suas condutas e conclusões foram descritas por Guirro et al (2002),
Leduc (2000) e Camargo (2000).
RESULTADOS
Como resultado da pesquisa bibliográfica realizada, nesta parte foram
apresentadas algumas das condições que definem a intervenção da Fisioterapia na
pós-mastectomia, os cuidados e as orientações específicas, com ênfase nos
recursos fisioterapêuticos possíveis de serem empregados.
São evidentes as limitações de um trabalho de conclusão de curso, que não
esgota nem dá conta de levantar todas as possibilidades dentro de uma mesma área
de conhecimento, mas creio estar apresentando o que de mais recorrente consta na
bibliografia especializada, possibilitando ao fisioterapeuta ter uma visão abrangente
sobre cada um dos recursos indicados, suas vantagens e desvantagens e suas
contra-indicações.
As mulheres submetidas à mastectomia, ficam expostas, à prejuízos não só
de ordem física, mais também de ordem emocional e social. A limitação funcional do
membro superior, pode colocar em risco as atividades normais da vida diária,
repercutindo no seu papel social.
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