Ramsés Freitas Ventura

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UFBA
Universidade Federal da Bahia
Instituto de Ciências da Saúde
RAMSÉS DE FREITAS VENTURA
HÁBITOS DE HIGIENE E SAÚDE
BUCAL EM RELAÇÃO À INFECÇÃO
POR HPV ORAL EM POLICIAIS
MILITARES DE UM QUARTEL DA
CIDADE DE SALVADOR.
Salvador
2016
RAMSÉS DE FREITAS VENTURA
HÁBITOS DE HIGIENE E SAÚDE BUCAL EM RELAÇÃO À
INFECÇÃO POR HPV ORAL EM POLICIAIS MILITARES DE UM
QUARTEL DA CIDADE DE SALVADOR.
Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Processos Interativos dos Órgãos e
Sistemas, do Instituto de Ciências da Saúde, da
Universidade Federal da Bahia, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª. Paula Mathias
Co-orientadora: Profª. Drª. Silvia Ines Sardi.
Salvador
2016
Ventura, Ramsés de Freitas.
Hábitos de higiene e saúde bucal em relação à infecção por HPV oral em
policiais militares de um quartel da cidade de Salvador./ [Manuscrito]. Ramsés
de Freitas Ventura. – Salvador, 2016.
62 f. : il.
Orientadora: Profa. Dra. Paula Mathias.
Co-Orientadora: Profa. Dra. Silvia Inês Sardi.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Instituto de Ciência
da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Processos Interativos dos Órgãos e
Sistemas, Salvador, 2016.
1. Papilomavírus Humano. 2. Policiais Militares. 3. Cavidade Bucal. 4. PCR.
5. Higiene Bucal. I. Mathias, Paula. II. Sardi, Silvia Inês. III. Universidade Federal
da Bahia. Instituto de Ciência da Saúde. Programa de Pós- Graduação em
Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas. IV. Título
CDD 616.601- 23. ed.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
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ATA DA SESSÃO PÚBLICA DO COLEGIADO DO. PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO
PROCESSOS INTERATIVOS DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS
Aos vinte e um dias do mês de dezembro de dois mil e dezesseis, reuniu-se em sessão pública o
Colegiado do Programa de Pós- Graduação Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas com a
finalidade de apreciar a Defesa Pública da Dissertação
do Mestrando Ramsés de Freitas
Ventura, através da Comissão Julgadora composta pelas Professoras Silvia Inês Sardi, Acássia
Benjamim Leal Pires e Fabiana
Lopes de Paula.
O título da Dissertação apresentada foi
Hábitos de higiene e saúde bucal em relação à infecção por HPV oral em policiais militares
de um quartel da Cidade de Salvador.
Ao final dos trabalhos, os membros da mencionada
Comissão Examinadora emitiram os seguintes pareceres:
Profa. Ora. Silvia Inês Sardi
f.(lV~tJ..,.,..
.)
--~~I~h~----------------Profa. Dra. Acássia Benjamin Leal Pires
f\ (IY'-'\,;;Vi:n..-.).'C~
'C7-ry~\~~~---------------------------
Profa. Ora. Fabiana Lopes de Paula ~~~~~--------------------------Aí'IZC\.IP<C> O
Franqueada a palavra, como não houve quem desejasse tàzer uso da mesma lavrou-se a presente
ata, que após lida e aprovada, foi assinada por todos.
Salvador, Bahia, 21 de dezembro de 2016
-------;-,L7~1+Vp....:.I--:.-I/f.7j-~=::::....---------------------------Profa. Ora. Acássia Benjamin Leal Pires 4'"
~íJ/---~ t. l ..(Profa. Ora. Silvia Inês Sardi
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Profa. Ora. Fabiana Lopes de Paula
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Dedico este árduo e frutífero trabalho a uma
senhora que, sem nenhum estudo, passou a
vida inteira ensinando-me as lições mais
importantes que tive, orientando-me a refletir
sobre cada passo a ser dado e, acima de tudo,
a aprender com cada topada. Obrigado minha
mãe/avó Regina Reis (in memoriam).
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dotar de saúde e energia para batalhar a cada dia;
A minha mãe, que me concebeu e me gerou em seu ventre;
Ao meu pai, que acreditou no meu potencial e sempre se esforçou para que eu me tornasse um
homem digno e respeitado;
A Jordana, minha esposa, que cuidou muito bem dos bastidores para que eu tivesse a
liberdade de focar na missão;
A Lorrana, minha filha e razão da minha vida, que aprendeu a compreender a minha
justificada ausência, mesmo em tão prematura idade;
Ao Professor Antônio Fernando Pereira Falcão, pelo exemplo de caráter e pela confiança
depositada;
À Professora Silvia Sardi, por me conceder a oportunidade de galgar um passo tão importante,
constituindo-se em uma pessoa essencial ao alcance deste objetivo e de quem eu jamais
esquecerei;
Ao Professor Roberto Paulo, por me incentivar em um dos momentos mais difíceis e por estar
sempre atento e disposto a nos amparar;
À Professora Paula Mathias, por ter aceitado o difícil e contribuído da melhor forma;
Ao Coronel PM Anselmo Alves Brandão, Comandante Geral, e ao Coronel PM Clóvis
Ribeiro Sobrinho, Diretor do Departamento de Saúde da Polícia Militar da Bahia, por
permitirem e colaborarem com a realização da pesquisa no seio da Corporação;
Ao Tenente Coronel PM Nilton Cézar Machado Espíndola e ao Major PM Antonio do
Nascimento Lopes, comandante e subcomandante respectivamente, por compreenderem o
propósito e a importância deste trabalho e sempre me apoiarem;
À Capitã Edleusa Britto, ao Capitão Alex Seixas, ao Capitão Ronaldo Brito, por sempre
estarem ao meu lado nesta empreitada, constituindo-se em figuras de suma importância;
A Soldado PM Jessevan Galvino, por ter sido extremamente solidária, motivadora e
colaboradora com o desenvolvimento da pesquisa;
A todos os policiais militares voluntários desta pesquisa, por confiarem nos seus objetivos e
se permitirem fazer parte desta história;
A todos, que de alguma maneira contribuíram com o sucesso desta importante etapa da minha
vida.
VENTURA, Ramsés de Freitas. Hábitos de higiene e saúde bucal em relação à infecção
por HPV oral em policiais militares de um quartel da cidade de Salvador. 2016. 62 f.
Dissertação (Mestrado em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas) – Universidade
Federal da Bahia, Instituto de Ciências da Saúde, Salvador.
RESUMO
O HPV é um vírus de mucosa, com disseminação em todo mundo e uma considerável
prevalência relatada por alguns estudos, em face de sua capacidade de transmissão. Mais de
100 tipos desse vírus já foram isolados e caracterizados, sendo que cerca de ¼ deles estão
relacionados com ocorrências de lesões benignas e malignas de cabeça e pescoço. Pesquisas
realizadas com militares das Forças Armadas demonstram uma população suscetível ao
contágio por DST, por apresentarem diversos comportamentos de risco. Pelo fato de passarem
muito tempo longe das suas companheiras, não é incomum que procurem relacionamentos
extraconjugais passageiros e até mesmo profissionais do sexo. A convivência em ambientes
fechados e o compartilhamento de objetos de uso pessoal também foram analisados como
possíveis meios de transmissão, no entanto, estudos dessa natureza, com policiais militares,
ainda são escassos no Brasil. A população da amostra foi composta por policiais militares
atendidos nos serviços odontológicos da Polícia Militar da Bahia, onde eles relataram
consideráveis comportamentos consagrados como de risco, embora tenham sido avaliados
com boas condições de saúde e de higiene bucal. Os exames para detecção do papilomavírus
humano nos tecidos bucais, apesar da comprovada eficácia dos primers utilizados e da
integridade dos materiais genéticos das células analisadas, foram negativos para todos os
voluntários e também não foram encontradas lesões compatíveis ou sugestivas de produção
por HPV. Diante do exposto, este estudo sugere que os hábitos de higiene bucal, como
controle físico e químico do biofilme, bem como a frequência de comparecimento aos
consultórios odontológicos, podem contribuir para a prevenção ao contágio ou ao
desenvolvimento da patogenia do vírus, sendo necessários novos estudos para
aprofundamento e confirmação da conclusão proposta.
Palavras-chave: Papilomavírus humano. Policiais militares. Cavidade bucal. PCR. Higiene
bucal.
VENTURA, Ramsés de Freitas. Hygiene and oral health habits regarding oral HPV
infection in military police officers of a quarter in the city of Salvador. 2016. 62 s.
Dissertation (Master in Interactive Processes of Organs and Systems) – Universidade Federal
da Bahia, Instituto de Ciências da Saúde, Salvador.
ABSTRACT
HPV is a mucosal virus that has spread worldwide and a considerable prevalence reported by
some studies in view of its capacity of transmission. More than 100 types of this virus have
already been isolated and characterized, with about ¼ of these being related to occurrences of
benign and malignant head and neck lesions. Research carried out with military personnel
from the Armed Forces demonstrates a population susceptible to the contagion by STD
because it presents diverse risk behaviors. The fact that they spend a lot of time away from
their female companions, as a rule, leads them to seek out extramarital sexual relationships
and even sex workers. Coexistence in closed environments and the sharing of personal use of
objects were also analyzed as possible ways of transmission, however, studies of this level
with military police are still scarce in Brazil. The population of the sample was composed of
military policemen who are assisted by the dental services of the Military Police of Bahia, and
verified that these reported considerable behaviors consecrated as risk and were evaluated
with good health and oral hygiene. Human papillomavirus detection tests in oral tissues,
despite the proven efficacy of the primers used and the integrity of the genetic materials of the
analyzed cells, were negative for all volunteers and no type of lesions compatible or
suggestive of HPV production were also found. This study suggested that oral hygiene habits,
such as physical and chemical control of the biofilm and attendance at dental offices may
contribute to the prevention of contagion or to the development of virus pathogenesis, being
necessary the deepening of future studies for the confirmation of the proposed conclusion.
Keywords: Human papillomavirus. Military police. Oral cavity. PCR. Oral hygiene.
LISTA DE ABREVIATURAS
AIDS: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
CCO: Centro de Clínicas Odontológicas
DNA: Ácido desoxirribonucleico
DST: Doenças sexualmente transmissíveis
EUA: Estados Unidos da América
EV: Epidermodisplasia Verruciforme
HE: Hematoxilina-eosina
HPV: Papilomavírus humano
IgA: Imunoglobulina A
IgE: Imunoglobulina E
IgG: Imunoglobulina G
IgM: Imunoglobulina M
LCR: Região de controle longo
MALT: Tecidos linfoides associados à mucosa
MHC: Complexo Principal de Histocompatibilidade
NK: Células natural killers
ORF: Open Reading Frame
pb: Pares de base
PCR: Reação em cadeia da polimerase
pH: potencial hidrogeniônico
PM: Marcador de peso molecular
PMBA: Polícia Militar da Bahia
PM: Policiais Militares
RNA: ácido ribonucleico
RNAm: RNA mensageiro
rpm: Rotações por minuto
SNR: Região curta não codificadora
TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
URR: Região reguladora upstream
UV: Ultravioleta
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
TABELA 1
Classificação dos tipos de HPV de acordo com a localização da lesão
que causam
TABELA 2
Classificação do tipo de HPV de acordo com o seu potencial de 17
risco
Características sociodemográficas dos policiais militares deste estudo
33
Características associadas à higiene bucal do grupo em estudo
35
Características referentes ao comportamento sexual dos policiais 36
TABELA 3
TABELA 4
TABELA 5
TABELA 6
TABELA 7
TABELA 8
16
militares componentes do grupo em estudo
Características do grupo em estudo referentes ao compartilhamento de 37
objetos de uso bucal
Características referentes à relação entre história pregressa de infecção 38
por HPV genital e hábitos de higiene e saúde bucal
Características de associação entre história pregressa de infecção por 39
HPV genital, comportamento sexual e hábitos de higiene e saúde bucal
em policiais militares deste estudo
Quantitativo de participantes da pesquisa classificados por gênero sexual
Comportamento social em referência ao hábito de fumar e o tempo de
consumo.
Comportamento social da amostra a respeito da frequência de consumo
de bebidas alcóolicas semanalmente.
24
33
FIGURA 1
Microscopia eletrônica do Papilomavirus humano
17
FIGURA 2
Progressão mediada pelo HPV para o câncer
20
FIGURA 3
Carcinoma verrucoso, localizado na cavidade oral
21
FIGURA 4
FIGURA 5
FIGURA 6
Representação esquemática do genoma do HPV
Detecção de HPV em células HeLa
Amplificação do gene da β-globina
27
30
31
FIGURA 7
Detecção de HPV em amostras suspeitas
31
GRÁFICO 1
GRÁFICO 2
GRÁFICO 3
34
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
12
2
REVISÃO DE LITERATURA
13
2.1
CAVIDADE BUCAL
13
2.1.1
Anatomia
13
2.1.2
Higiene Bucal
14
2.1.3
Saliva
14
2.2
HPV NOS TECIDOS BUCAIS
15
2.2.1
Tipos de HPV
16
2.2.2
Morfologia Viral
17
2.2.3
Meios de Transmissão e Fatores de Risco
18
2.2.4
Patogenia do HPV
19
2.2.5
Manifestações Clínicas Orais
21
3
JUSTIFICATIVA
22
4
OBJETIVOS
23
4.1
OBJETIVO GERAL
23
4.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
23
5
MATERIAIS E MÉTODOS
24
5.1
POPULAÇÃO E AMOSTRA
24
5.1.1
Critérios de Exclusão
25
5.2
COLETA DE DADOS E AMOSTRAS
25
5.2.1
Exame físico dos tecidos moles intrabucais
25
5.2.2
Mucosa bucal
25
5.3
DETECÇÃO DO DNA VIRAL (PCR)
26
5.3.1
Tratamento das amostras e extração do DNA viral
26
5.3.2
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
28
5.3.3
Análise dos produtos da PCR por eletroforese em gel de agarose
28
5.4
ANÁLISE ESTATÍSTICA
28
5.5
COMITÊ DE ÉTICA
28
6
RESULTADOS
30
6.1
DETECÇÃO DO DNA HPV ATRAVÉS DA REAÇÃO EM CADEIA
DA POLIMERASE (PCR)
30
6.2
RESULTADOS DA DETECÇÃO DO HPV NAS CÉLULAS DA
MUCOSA BUCAL
32
6.3
CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA,
COMPORTAMENTAL E DE SAÚDE DA POPULAÇÃO EM ESTUDO
32
7
DISCUSSÃO
40
8
CONCLUSÕES
44
REFERÊNCIAS
45
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
49
APÊNDICE B – Questionário para a pesquisa sobre HPV oral
52
ANEXO A – Carta de anuência da Polícia Militar da Bahia
54
ANEXO B – Parecer consubstanciado do CEP
56
12
1 INTRODUÇÃO
A vida na caserna, expressão utilizada para designar o ambiente militar, imprime ao
indivíduo que opta por trilhar essa carreira um estilo de vida peculiar, lastreado em leis e
regulamentos que o diferenciam das demais classes profissionais. A convivência em
ambientes coletivos, como alojamentos, banheiros e refeitórios, é uma rotina na vida dos
militares e essa forma particular de relação pode facilitar a veiculação de diversos microorganismos, em decorrência do compartilhamento de objetos e espaços físicos. Esse fato
despertou o interesse em observar se agentes infecciosos, como o papilomavírus humano
(HPV), que se disseminam pelas vias citadas, seria um possível agente de risco dentro desse
cenário e se as técnicas mecânicas e químicas de higiene oral colaborariam para evitar a
infecção por esse vírus.
O HPV é um vírus de mucosas que afeta a área bucal e genital, com ocorrências de
autotransmissão genital-bucal ou vice-versa, e está associado a episódios de câncer bucal, de
esôfago, de faringe e orofaringe; ademais, pelas suas características de transmissibilidade, é
um vírus associado às doenças sexualmente transmissíveis (DST). Os militares se apresentam
como um grupo susceptível a contrair DST, influenciados pelo motivo de permanecer muito
tempo longe de casa, fator que os leva a contrair relacionamentos passageiros e/ou
extraconjugais, ou até mesmo a utilizar os serviços de profissionais do sexo (ONUSIDA,
1998). Apesar de alguns estudos abordarem essa temática entre militares (Forças Armadas)
(PINHEIRO;
VINHOLES;
SCHUELTER-TREVISOL,
2011),
estudos
sobre
o
comportamento sexual de risco de policiais militares são escassos no Brasil e no mundo.
Sendo assim, este estudo abordará alguns aspectos relacionados à infecção por HPV em
policiais militares, com base naqueles que utilizam o serviço odontológico da Polícia Militar
da Bahia, em um quartel da cidade de Salvador, estabelecendo possíveis correlações com seus
hábitos sociais e com a sua rotina de vida profissional e pessoal e, principalmente, com os
seus hábitos de higiene bucal.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CAVIDADE BUCAL
A cavidade bucal integra o sistema estomatognático e está formada por
estruturas anatômicas compostas por tecidos moles e tecidos duros, responsáveis pela
realização de diversas funções, como mastigação, deglutição, fala e, em algumas situações,
respiração. Essas atividades realizadas requerem um mecanismo altamente especializado,
principalmente do ponto de vista anatômico e fisiológico, tendo em vista que as estruturas se
complementam por ocasião da produção do trabalho e, devido a essa harmonia de
movimentos e produção de secreções, as funções são executadas.
Pelo fato de ser uma cavidade aberta ao meio externo e estar em contato
constante com micro-organismos de diversas espécies, a higienização diária é indispensável e
responsável por ajudar a manter o equilíbrio da microbiota local, pela remoção de restos
alimentares e subprodutos bacterianos; ela se constitui, assim, em fator imprescindível para
evitar a infecção por patógenos e a ação das suas enzimas e/ou mecanismos de ação. Soma-se
a essa medida a frequência periódica ao dentista a qual confere a possibilidade de orientação
para realização da higiene doméstica e para a detecção precoce de lesões.
2.1.1 Anatomia
O sistema estomatognático é uma região anátomo-funcional que engloba
estruturas da cabeça, face e pescoço e que compreende estruturas ósseas, dentárias,
musculares, glandulares, nervosas e articulares, envolvidas com a função da cavidade oral.
Essas estruturas são divididas em dois grupos: os essenciais (dentes, estruturas
neuromusculares e articulação temporomandibular); e os auxiliares (estruturas ósseas,
glândulas salivares, língua, musculatura orofaríngea) (OLIVEIRA et al., 2003). A cavidade
bucal, parte desse sofisticado sistema, é revestida internamente por mucosa e este tecido, por
sua vez, é o principal meio de acesso e de produção dos efeitos patogênicos do HPV, tendo
em vista que a sua replicação se dá no núcleo celular das células epiteliais, afetando
predominantemente a pele e as mucosas (HOWLEY; LOWY, 2001).
14
2.1.2 Higiene Bucal
A microbiota da cavidade bucal começa a ser formada logo após o nascimento e
pela a sua anatomia e fisiologia representa uma porta de entrada para inúmeras infecções.
A situação de equilíbrio dos microrganismos que compõem esta microbiota depende de
diversos fatores, como: hábitos alimentares, pH da saliva, quantidade e qualidade salivar,
condições sistêmicas, controle mecânico e químico do biofilme dental, dentre outros.
A utilização das escovas de dente convencionais, associada à utilização de fio
dental, enxaguatórios e outros métodos complementares contribuem para a manutenção do
controle da microbiota oral, inibindo a proliferação de patógenos e, consequentemente,
reduzindo as infecções geradas (COLEMAN et al., 1998).
A frequência regular ao atendimento odontológico é um fator relevante a ser
observado, tendo em vista os métodos domésticos de higiene não serem suficientes para
garantir uma eficácia adequada de controle de micro-organismos. O biofilme dental,
aglomerado bacteriano, quando não removido corretamente, sobretudo nos locais de difícil
acesso pelos métodos convencionais, tende a se mineralizar em contato com os minerais
diluídos na saliva, transformando-se em cálculo e, a partir daí, só pode ser removido por
meios instrumentais e ou por equipamentos odontológicos.
A determinação da frequência cronológica a esse tipo de atendimento ocorre de
acordo com fatores genéticos, dieta, fluxo salivar, adesão às praticas de higiene doméstica,
dentre outros (FERNANDES; PERES, 2005).
2.1.3 Saliva
A saliva é um complexo de fluidos provenientes das glândulas salivares maiores
(parótida, submandibular e sublingual) e menores (fluido gengival, fluido crevicular, detritos
celulares e micro-organismos da cavidade oral). Sua produção diária varia entre 1 a 1,5L.
Contém 99% de água e constituintes como proteínas, glicoproteínas, vitaminas, hormônios,
ureia, íons que podem ser originários das glândulas salivares ou transferidos do plasma.
Possui funções como lubrificação e proteção dos tecidos orais, apresentação e barreira contra
agentes irritantes, manutenção da integridade dental, digestão e limpeza das estruturas bucais.
(LAVOIE; MARCOTTE, 1998). A integridade da mucosa e as funções dos componentes
salivares são fatores considerados essenciais para a imunidade da cavidade oral.
15
A concentração dos seus componentes varia de acordo com o fluxo salivar.
Geralmente, um aumento discreto nas taxas de secreção salivar gera um aumento de sódio,
bicarbonato e do pH, diminuindo o potássio, cálcio, fosfato, cloro, ureia e proteínas. Vale
destacar o papel da mucina, uma proteína salivar que representa o principal componente do
muco por promover a proteção dos tecidos, proporcionando uma camada viscosa que limita a
penetração dos micro-organismos na mucosa (LAVOIE; MARCOTTE, 1998). A saliva
também contém agentes antimicrobianos, imunoglobulinas, proteínas (glicoproteínas,
aglutinina, estaterina), mucina, lactoferrina, enzimas (lizozima e peroxidase) e peptídeos
antimicrobianos (LEHNER, 1996; SUGAWARA et al., 2003).
2.2 HPV NOS TECIDOS BUCAIS
A flora bucal é composta por inúmeras espécies de micro-organismos que
convivem em simbiose, desde que os fatores ambientais permaneçam em equilíbrio, e este
ambiente fornece condições para que outras espécies, inclusive patógenas, encontrem
condições ideais para se estabelecer, caso consigam vencer as barreiras de defesas
imunológicas.
Dentre os vírus patogênicos, o papilomavírus humano merece um destaque por
ser apontado como agente etiológico de diversas morbidades benignas e malignas. O
carcinoma de células escamosas oral é o mais comum dos cânceres orais, representando 94%.
Nos EUA, este tipo de carcinoma é uma das 25 lesões mais frequentes com 21 mil novos
casos por ano, sendo o 12º mais comum entre as mulheres (NEVILLE et al.,1998).
Miller e White (1996) sugeriram que a prevalência média de HPV na mucosa oral
varia de 20 a 30% e que a infecção com baixo número de cópias do vírus é comum nessa
região. Gillison e colaboradores (2012) relataram uma prevalência de HPV de 10,1% para
homens e 3,7% para mulheres, na população geral dos Estados Unidos.
A prevalência do HPV na mucosa oral normal e o câncer oral têm gerado
resultados conflitantes. A discrepância observada é atribuída, principalmente, à variação da
sensibilidade dos métodos empregados e a fatores epidemiológicos dos grupos de pacientes
examinados (OLIVEIRA et al., 2003b).
16
2.2.1 Tipos de HPV
Mais de 100 tipos de HPV já foram caracterizados, sendo que cerca de ¼ destes
estão relacionados com ocorrências de lesões de cabeça e pescoço. O estudo de Bouda e
colaboradores (2000) concluiu que o tipo 16 é o mais prevalente em lesões orais e genitais.
No tocante ao potencial de malignidade, os HPV 16, 18, 31,33, 35 e 55 são
classificados como de alto risco; os HPV 45 e 52, de médio risco; e os HPV 6, 11, 13 e 32, de
baixo risco (KIGNEL, 2005).
Esses vírus são agrupados de acordo com seu tropismo tecidual por determinados
tipos de epitélio e pela localização onde incialmente foram isolados (LETO et al., 2011).
Assim, destacam-se quatro grupos: cutâneos, mucosos, cutâneos e mucosos, e os cutâneos
relacionados à epidermodisplasia verruciforme (EV) (Tabela 1).
Tabela 1 - Classificação dos tipos de HPV de acordo com a localização da lesão que causam
Localização
Cutânea
Tipos de HPV
1, 4, 41, 48, 60, 63, 65, 76, 77, 88 e 95
Mucosa
6, 11, 13, 16, 18, 26, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 39, 42,
44, 45, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 58, 59, 64, 66, 67, 68,
69, 70, 72, 73, 74, 81, 82, 83, 84, 86, 87 e 89
Cutânea e/ou mucosa
2, 3, 7, 10, 27, 28, 29, 40, 43, 57, 61, 62, 78, 91, 94,
101 e 103
Cutânea associada à EV
5, 8, 9, 12, 14, 15, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 36,
37, 38, 47, 49, 50, 80, 75, 92, 93, ,96, 107
Fonte: De Villers e colaboradores (2004)
Essa classificação não é totalmente correta, pois é possível encontrar HPV
cutâneo na mucosa genital, assim como o contrário (LETO et al., 2011). Os tipos
epiteliotrópicos são aqueles que infectam a pele e os mucosotrópicos são aqueles que infectam
as mucosas anogenitais e oro-respiratórias. O HPV mocusotrópicos podem ainda ser divididos
em baixo e alto risco oncogênico, de acordo com o potencial de progressão para neoplasia do
tecido infectado (Tabela 2) (DE VILLERS et al., 2004; ALENCAR, 2009).
17
Tabela 2 - Classificação do tipo de HPV de acordo com o seu potencial de risco
Potencial de malignidade
Tipos de HPV
Baixo
6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72 e 81
Intermediário
26, 53 e 66
Alto
16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73
e 82
Fonte: De Villers e colaboradores (2004)
2.2.2 Morfologia Viral
Os papilomavírus humanos pertencem à família Papillomaviridae. São vírus
pequenos, epiteliotrópicos e têm cerca de 55nm de diâmetro. São formados por um capsídeo
com 72 capsômeros de estruturas icosaédricas, sem envelope lipoproteico e uma única
molécula circular dupla de DNA (HOWLEY, 1990).
O seu genoma de DNA de fita dupla circular tem um tamanho aproximado entre 6,8
a 8,4kpb, com oito regiões abertas de leitura (ORF - Open Reading Frame), divididas em 2
regiões: região precoce (E - earl) e região tardia (L - late). Ainda apresenta, em uma das fitas,
uma região não codificadora, denominada região longa controladora (LCR - Long Control
Region) ou URR (Upstream RegulatoryRegion) (SOUTO et al., 2005).
Figura 1 - Microscopia eletrônica do Papilomavirus humano.
Fonte: http://www.respyn.uanl.mx/ii/2/ensayos/papiloma.html.
18
2.2.3 Meios de Transmissão e Fatores de Risco
Numerosos fatores determinam a atual situação do mundo frente às doenças
sexualmente transmissíveis, tais como falta de orientação sexual, idade precoce para início de
vida sexual, baixa escolaridade e renda, não uso de preservativos, prática de sexo anal, uso de
bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas, elevado número de parceiros sexuais, relações com
profissionais do sexo, dentre outros (GIR et al., 1991; CARRET et al., 2004; PASSOS et al.,
2004).
As infecções pelo papilomavírus humano são disseminadas e ocorrem em todo o
mundo. Os HPV infectam a pele e as mucosas e podem induzir a formação de tumores
epiteliais benignos e malignos. A infecção é iniciada quando o vírus penetra no novo
hospedeiro através de microtraumatismos (OKADA; GONÇALVES; GIRALDO, 2000).
Tais infecções são basicamente efetivadas pelo ato sexual, portanto, tanto os
homens como as mulheres estão envolvidos na cadeia epidemiológica da infecção e são
capazes, ao mesmo tempo, de serem portadores assintomáticos, transmissores e vítimas da
infecção pelo HPV. Diante disso, os fatores de risco estão claramente associados com o
comportamento sexual do indivíduo. Os mais importantes são: idade precoce para início das
primeiras relações sexuais, número elevado de parceiros sexuais ao longo da vida e contatos
sexuais com indivíduos de alto risco (CASTELLSAGUÉ, 2008). Porém, é importante
salientar que outros potenciais meios de infecção ou fatores predisponentes merecem atenção,
a exemplo de compartilhamento de talheres e escovas dentais, hábitos sociais (tabagismo,
etilismo) e supressão ou depressão imunológica, que podem contribuir para a contaminação
por via oral.
Estima-se que, no Brasil, haja cerca de 500 mil a um milhão de casos novos por
ano da infecção pelo HPV, enquanto são registrados 80 mil casos de AIDS, 200 mil a 500 mil
casos de herpes, 100 mil casos de sífilis e 800 mil ocorrências de gonorreia (CARVALHO;
OYACAWA, 2000). A presença na mucosa oral dos tipos anogenitais poderia significar
transmissão orogenital, o que tornaria esse vírus um importante cofator no desenvolvimento
do câncer oral, assim como é considerado no colo uterino (SOARES et al., 2002).
A transmissão do HPV se dá através de contato direto com o tecido epitelial e a
forma mais comum desse contato é pelos contatos sexuais: genital-genital, anogenital e
orogenital, sendo que este último merecerá destaque neste trabalho, tendo em vista que
trataremos especialmente da infecção em tecidos bucais.
19
2.2.4 Patogenia do HPV
A afirmação de que o vírus necessita penetrar no tecido epitelial traumatizado para
produzir seus efeitos patógenos é consolidada na literatura. A partícula viral penetra nas
células basais indiferenciadas do epitélio e a partir daí o DNA viral replica em baixo nível e
apenas genes precoces são transcritos. Nas camadas mais superficiais do epitélio ocorre a
multiplicação extensiva do DNA viral e a transcrição de todos os genes virais. O HPV pode
permanecer latente na camada basal, sem causar lesões diagnosticáveis, levando a crer que
esteja em estado de epissoma e replicando-se apenas uma vez a cada ciclo celular. Ainda é
desconhecido o tempo em que o vírus pode permanecer nesse estado, nem quantos casos
progridem. A probabilidade é que fatores imunológicos sejam determinantes dessa condição
(ROSENBLATT; WROCLAWSKI; LUCON, 2005).
Castro e colaboradores (2004) afirmaram que três fatores são necessários para a
progressão da fase de incubação para a expressão ativa: permissividade celular, tipo viral e
estado imune do hospedeiro.
O envolvimento direto do HPV com os carcinomas orais ainda não é totalmente
comprovado, porém, acredita-se que sua ação sinérgica com outros carcinógenos químicos e
físicos, tais como, o fumo e o álcool, pode ser a explicação mais provável da sua relação com
a carcinogênese oral (OLIVEIRA et al., 2005).
20
Figura 2 - Progressão mediada pelo HPV para o câncer.
Fonte: Adaptado de Woodman e colaboradores (2007).
As células basais no epitélio cervical repousam na membrana, suportada pela
derme. Acredita-se que o papilomavírus humano (HPV) acesse as células basais por meio de
micro abrasões no epitélio cervical. Após a infecção, os genes HPV iniciais E1, E2, E4, E5,
E6 e E7 são expressos e o DNA viral se replica a partir do DNA epissomal (núcleos roxos).
Nas camadas superiores do epitélio (zona superficial), o genoma viral é replicado
adicionalmente e os genes tardios L1 e L2 e E4 são expressos. L1 e L2 encapsulam os
genomas virais para formar vírions no núcleo. O vírus pode então iniciar uma nova infecção.
Lesões intraepiteliais apoiam a replicação viral produtiva. O número de infecções pelo HPV
de alto risco é desconhecido. A neoplasia intraepitelial cervical é de alto grau (HGCIN). A
progressão das lesões não tratadas para lesões microinvasivas e o câncer estão associados à
integração do genoma do HPV nos cromossomos do hospedeiro (núcleos vermelhos), com
perda associada ou interrupção de E2, e subsequente regulação positiva da expressão de
oncogene E6 e E7. LCR, região de longo controle.
21
2.2.5 Manifestações Clínicas Orais
As lesões orais podem ser encontradas na mucosa dos lábios, língua, gengiva,
bochecha, palato duro, palato mole e úvula, e as mais comuns são: o papiloma escamoso
bucal, associado aos tipos 2, 6, 11, e 57; condiloma acuminado de mucosa bucal 6,11 e 18;
hiperplasia epitelial focal associada aos tipos 13 e 32; carcinoma de células escamosas oral,
associado aos tipos 16, 18, 31 e 33; carcinoma verrucoso, associado aos tipos 16 e 18.
Existem ainda relatos que os tipos 16 e 18 têm sido identificados em algumas leucoplasias
orais. A sua predileção e manifestações clínicas variam de acordo com o tipo da lesão
(NEVILLE et al., 1998).
Figura 3 - Carcinoma verrucoso, localizado na cavidade oral.
Fonte: Zanini e colaboradores (2004).
22
3 JUSTIFICATIVA
O papilomavírus humano vem sendo associado a diversas patologias orais, porém
ainda carecem de esclarecimento as vias de infecção. Grande parte dos estudos dá conta de
que o contato direto e a autotransmissão seriam as principais vias.
A higiene oral regular pode ser um fator de prevenção do desenvolvimento da
patogenia do vírus, a partir do momento em que a utilização de ações mecânicas, como
escovação, uso de fios e escovas interdentais e ações químicas, como substâncias
componentes dos cremes, géis e enxaguatórios bucais, que poderiam contribuir para a
eliminação desse patógeno, antes da sua entrada na mucosa traumatizada, não permitindo o
seu aceso às células indiferenciadas e o consequente início de ciclo.
Portanto, investigar a presença do HPV e lesões relacionadas nos tecidos bucais de
policiais militares que visitam regularmente o serviço odontológico da Corporação poderá
contribuir para a elucidação da hipótese de que o acompanhamento profissional e o estímulo
pela prática de hábitos saudáveis de higiene oral possam contribuir para a eliminação do
patógeno antes do desenvolvimento da infecção.
23
4 OBJETIVOS
A seguir, apresentam-se os objetivos a serem buscado no desenvolvimento deste
estudo.
4.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho é avaliar os hábitos de saúde e higiene oral de
policiais militares que frequentam o serviço odontológico da PMBA, em relação à presença
do HPV em mucosa oral.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Avaliar as características da população em estudo quanto aos cuidados odontológicos
e seus hábitos sociais;
b) Detectar a presença do HPV nas células da mucosa bucal de policiais militares que
frequentam o serviço odontológico da PMBA na cidade de Salvador, mediante a
utilização da reação em cadeia da polimerase (PCR);
c) Avaliar os possíveis fatores de interferência (idade, estado civil, escolaridade,
tabagismo, etilismo, frequência de escovação dentária, uso do fio dental, uso de
enxaguatórios bucais, idade da coitarca e prática de sexo oral) na susceptibilidade da
infecção por HPV oral nessa amostragem.
24
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Esta pesquisa foi realizada no Centro de Clínicas Odontológicas (CCO), situado no
bairro do Bonfim, em Salvador, com uma população de estudo de 100 policiais militares
selecionados aleatoriamente de um efetivo total de 532 PMs que servem no quartel da Vila
Policial Militar do Bonfim, de ambos os sexos e de idades variadas, que aceitaram participar
sem nenhum tipo de coação ou influência hierárquica, através de um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).
A amostra foi composta por 81 indivíduos do sexo masculino e 19 do sexo feminino,
com média de idade de 31,4 anos.
Gráfico 1 - Quantitativo de participantes da pesquisa classificados por gênero sexual.
Fonte: Dados da pesquisa.
25
5.1.1 - Critérios de Exclusão
Foram excluídos da presente pesquisa os policiais militares da reserva e
reformados e aqueles que apresentaram patologias sistêmicas ou neurológicas, que já
apresentaram algum episódio de alergia a cerdas de escovas dentárias convencionais ou que
fizeram uso de medicamentos que os tornaram contraindicados à realização da coleta ou que
impossibilitaram o preenchimento do questionário.
5.2 COLETA DE DADOS E AMOSTRAS
5.2.1 Exame Físico dos Tecidos Moles Intrabucais
O exame físico dos tecidos moles intrabucais foi realizado de maneira ordenada,
examinando-se cada estrutura anatômica na seguinte ordem: lábios (pele, mucosa,
semimucosa), fundo de sulco, mucosa alveolar, gengiva inserida, gengiva livre, rebordo
alveolar, mucosa jugal, língua, soalho bucal, palato duro, palato mole e orofaringe,
obedecendo ao descrito por Peixoto (2006) e não sendo encontradas lesões ou sinais
patognomônicos característicos de contaminação por HPV dignos de registro.
5.2.2- Mucosa Bucal
A pesquisa utilizou uma metodologia não invasiva, tanto do ponto de vista
operacional, quanto da ótica social, tendo em vista que a coleta foi feita pelo leve atrito de
uma escova com cerdas macias em tecidos moles bucais, sendo orientado, através do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido que, caso o voluntário tivesse alguma alergia às cerdas
de escova de dente convencional, deveria optar por não se submeter ao exame.
A fim de coletar o material a ser examinado foi realizado um esfregaço de toda a
mucosa bucal, com escova estéril que compõe o kit Digene Cervical Samper, de maneira
ordenada, seguindo a sequência das estruturas anatômicas do exame físico intrabucal de partes
moles, exceto a orofaringe. O material foi submerso em 2mL de solução Tris/EDTA (Tris 1M,
EDTA 0,5M, pH 8,0), sendo mantido e transportado a 4ºC e aliquotado 1mL em microtubos
para ser conservado a -70°C (PEIXOTO, 2006).
26
5.3 DETECÇÃO DO DNA VIRAL (PCR)
Esta seção compreende os métodos utilizados para a realização dos exames
laboratoriais necessários à extração do DNA viral, execução da Reação em Cadeia de
Polimerase e análise dos produtos da PCR.
5.3.1 Tratamento das Amostras e Extração do DNA Viral
Primeiramente, as amostras de esfregaço da mucosa bucal foram descongeladas a
temperatura ambiente (25ºC) e centrifugadas por 15 minutos a 10ºC em 8.000 rpm para
obtenção das células mucosas. Este precipitado foi ressuspenso em 200μL de PBS estéril e
posteriormente submetido à extração do DNA. O DNA viral foi extraído com o QIAamp
DNA Mini Kit da Qiagen, seguindo o protocolo do fabricante e armazenado a -20ºC até sua
utilização.
5.3.2 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
A PCR foi realizada no Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da
Saúde, da Universidade Federal da Bahia, com o objetivo de amplificar o DNA-HPV. Foram
utilizados os primers MY09-MY11 (Invitrogen), correspondentes à região L1 do genoma
viral (BAUER; MANOS, 1993; KANESHIMA et al., 2001). Esses iniciadores se unem a uma
região de 450 pares de bases (pb) do gene L1 altamente conservado nos diferentes tipos de
HPV.
27
Figura 4 - Representação esquemática do genoma do HPV.
Fonte: Alencar (2009).
As reações de amplificação foram realizadas em um único tubo, em um
termociclador Gene Amp OCR System 2400 (Perkin Elmer). O DNA genômico (20μL) foi
adicionado à mistura contendo: 4.0mM de MgCl2; 200μM de cada desoxinucleotídeo
trifosfatado (dNTP); 5μL de Tampão 10X; 50pmol de cada primer (MY09 e MY11); 2.5U de
Taq DNA polimerase e H2O Mili-Q para um volume final da reação de 50μL. A reação foi
realizada nas seguintes condições: o primeiro ciclo da amplificação consistiu de 1’a 95ºC e 35
ciclos de 92ºC por 1’(Desnaturação), 9ºC por 30”(Anelação) e 72ºC por 1’ (Extensão). A
etapa final de extensão foi de 72ºC por 1’.
O controle positivo (células HeLa, originárias de carcinoma da cérvix uterina
humana infectadas com HPV-18) e o controle negativo (contendo todos os reagentes exceto
DNA) foram adicionados a cada grupo de amostras testadas.
A avaliação da integridade do DNA de cada amostra foi realizada pela
amplificação do gene humano da β-globina, usando os primers PC04 e GH20, seguindo o
mesmo ciclo de amplificação anteriormente citado (BAUER; MANOS, 1993).
28
5.3.3 Análise dos Produtos da PCR por Eletroforese em Gel de Agarose
Os produtos das PCRs foram analisados por eletroforese horizontal em gel de
Agarose a 2%, corado com brometo de etídio (1μg/mL) durante 15 minutos, e posteriormente
visualizado em transiluminador de luz ultravioleta (UV) e fotografado. A banda de
aproximadamente 450pb corresponde à amplificação do gene L1 do HPV e a de 265pb é
correspondente ao gene da β-globina. A determinação do peso molecular foi realizada
utilizando marcadores de peso molecular (100pb DNA ladder-GIBCO).
5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A classificação das variáveis independentes se deu da seguinte forma: variáveis
demográficas (idade e grupo étnico); variáveis sociais (estado civil e nível de instrução);
comportamentos que expressam hábitos de vida (tabagismo e etilismo); variáveis referentes
aos hábitos de saúde e higiene bucal (frequência de escovação dentária, de uso de
enxaguatório e fio dental e de regularidade no comparecimento ao atendimento odontológico);
e variáveis ligadas aos hábitos sexuais (coitarca, frequência do sexo oral passivo e ativo, uso
de preservativos durante as relações sexuais, diagnóstico anterior de DST e HPV genital e
número de parceiros sexuais nos últimos dois anos).
A análise descritiva foi o procedimento utilizado para caracterizar a amostra,
obtendo-se a frequência simples e relativa das variáveis qualitativas e a média aritmética das
variáveis quantitativas. Para a realização da análise bivariada, no sentido de identificar o
conjunto de variáveis associadas ao relato de histórico de diagnóstico de HPV genital,
utilizou-se, como medida de associação, a razão de prevalência com os seus respectivos
intervalos de confiança a 95%, e para testar a existência de diferença estatisticamente
significante entre as variáveis empregou-se o Teste Exato de Fisher, aceitando-se um nível de
significância de 0,05. O programa estatístico de eleição foi o SPSS 22.0.0.
5.5 COMITÊ DE ÉTICA
Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do
Programa de Pós-graduação em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas, através do
CAAE 50821515.4.0000.5662, sendo aprovado pelo Parecer de número 1.554.119 (ANEXO
29
B), e contou com a anuência do Departamento de Saúde e do Comando Geral da Polícia
Militar da Bahia (ANEXO A).
30
6 RESULTADOS
6.1 DETECÇÃO DO DNA HPV ATRAVÉS DA REAÇÃO EM CADEIA DA
POLIMERASE (PCR)
Nas Figuras 5 e 6, pode-se observar o resultado obtido com o controle positivo
(células HeLa). Na Figura 5, identifica-se a presença da banda de 450 pares de base (pb),
correspondente ao gene L1 (linhas 2 e 3) e amplificação do gene da β-globina (linha 4), o que
demonstra a integridade do DNA extraído dessas células.
Figura 5 – Detecção de HPV em células HeLa.
0
1 2 3 4
5 6
450 pb
Legenda: Linha 1 Controle negativo;
Linhas 2 e 3 – Banda de 450 pares de base (pb) correspondente ao gene L1;
Linha 4 –Amplificação do gene da β-globina;
Linha 5: Marcador de peso molecular, 100pb DNA ladder (GIBCO, Co, EUA);
Linhas 0 e 6, vazias.
Fonte: Dados da pesquisa.
31
Figura 6 – Amplificação do gene da β-globina.
0 1 2 3 4 5 6 7 8
265 pb
Legenda: Linhas 1- 7: Amostras dos pacientes, banda correspondente a 265 pb;
Linha 8: Marcador de peso molecular, 100pb DNA ladder (GIBCO, Co, EUA).
Fonte: Dados da pesquisa.
Na Figura 6, é possível comprovar a integridade do material genético pela
amplificação do gene da β-globina, cuja banda corresponde a 265 pb (Linhas 2 a 7), o que
demonstra que o material genético das células analisadas encontrava-se íntegro e não sofrera
nenhum tipo de degeneração por ocasião da sua coleta, transporte, armazenamento e
processamento.
Figura 7 – Detecção de HPV em amostras suspeitas.
Legenda: Linha 1: C- (Controle negativo);
Linhas de 2 a 6 – Resultados negativos;
Linha 7: C+ (Controle positivo).
Fonte: Dados da pesquisa
32
Os resultados negativos apresentaram-se como demonstrado na Figura 7, onde é
possível observar que as linhas de 2 a 6 possuem características semelhantes ao controle
negativo (C-), esse resultado foi obtido para todas as amostras realizadas, importante ressaltar
que os materiais genéticos de todas estas amostras se apresentaram como íntegros.
6.2 RESULTADOS DA DETECÇÃO DO HPV NAS CÉLULAS DA MUCOSA BUCAL
Após a coleta, processamento e análise das amostras, observou-se que o resultado
foi negativo para os 100 indivíduos voluntários deste estudo, contrariando diversas teorias
desenvolvidas anteriormente em vários estudos, sobre a prevalência do HPV em tecidos
bucais humanos.
6.3 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA, COMPORTAMENTAL E DE
SAÚDE DA POPULAÇÃO EM ESTUDO
O questionário foi completamente anônimo e autoaplicável, ou seja, o próprio
voluntário respondeu de maneira velada, sem nenhuma interferência hierárquica, tenho sido
orientado a manusear o documento, por ocasião da entrega, com a folha invertida. Tais
providências foram adotadas para prevenir possíveis riscos de exposição das informações.
Observando-se a idade da população em estudo (n= 100), notou-se que houve uma
variação entre 21 e 53 anos, resultando em uma média de 31,4 anos. Quanto ao estado civil,
63 pessoas disseram ser solteiras, enquanto 37 casadas, sendo que 58% têm formação de nível
superior e 42%, de ensino médio completo. No quesito étnico, a predominância se deu por
parte dos que se declararam faiodermas (55%), seguidos de melanodermas (26%) e
leucodermas (19%) (Tabela 3).
33
Tabela 3 - Características sociodemográficas dos policiais militares deste estudo.
Variáveis
Grupo Étnico
Leucoderma
Faioderma
Melanoderma
Estado Civil
Solteiro
Casado
Escolaridade
2º grau
3º grau
n (100)
%
19
55
26
19,0
55,0
26,0
63
37
63,0
37,0
42
58
42,0
58,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Quando o assunto abordado foi o tabagismo, detectou-se que 95% nunca fumaram
e que dos que se disseram ex-fumantes, apenas três policiais foram fumantes por mais de
cinco anos (Gráfico 2). Já a respeito do consumo de bebidas alcoólicas, apenas 29%
informaram não consumir, enquanto que 29% usam raramente e 29% consomem pelo menos
uma vez por semana (Gráfico 3).
Gráfico 2 – Comportamento social em referência ao hábito de fumar e o tempo de consumo.
Eixo “X” frequência do hábito; eixo “Y”, quantidade de policiais.
Fonte: Dados da pesquisa.
34
Gráfico 3 – Comportamento social da amostra a respeito da frequência de consumo de
bebidas alcóolicas semanalmente.
Eixo “X” frequência do consumo; eixo “Y”, quantidade de policiais.
Fonte: Dados da pesquisa.
A Tabela 4 demonstra frequência relativa das variáveis ligadas à higiene bucal.
Foi possível observar que 74% dos questionados escovam os dentes três vezes ou mais ao dia,
80% afirmaram que utilizam enxaguatório bucal pelo menos uma vez ao dia, sendo que 39%
utilizam três vezes ou mais ao dia.
Quanto à utilização de fio dental, apenas 7% dos participantes relataram não
utilizar, 81% informaram passar por atendimento odontológico uma vez ao ano ou mais,
enquanto que apenas 19% disseram não procurar o dentista regularmente.
35
Tabela 4 – Características associadas à higiene bucal do grupo em estudo.
Variáveis
Frequência de escovação diária
1 vez
2 vezes
3 vezes ou mais
Uso diário de fio dental
1 vez
2 vezes
3 vezes ou mais
Esporádico
Não utiliza
Uso de enxaguatório
1 vez
2 vezes
3 vezes ou mais
Esporádico
Não utiliza
Frequência anual ao dentista
1 vez
2 vezes
3 vezes ou mais
Irregular
n (100)
%
2
24
74
2,0
24,0
74,0
19
20
14
40
7
19,0
20,0
14,0
40,0
7,0
24
14
2
40
20
24,0
14,0
2,0
40,0
20,0
37
23
21
19
37,0
23,0
21,0
19,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Os dados relativos ao comportamento sexual estão consignados na Tabela 5 e se
referem a doenças sexualmente transmissíveis: 79% responderam que nunca foram
contagiados e quando perguntados sobre seus parceiros observou-se que 68% nunca tiveram
DST e 22% não souberam informar. Ainda no contexto das DST, é importante registrar que
apenas 7% informaram histórico de contaminação por HPV nos órgãos genitais.
A média de idade de início da vida sexual foi de 16,39 anos, sendo que 36%
iniciaram a prática sexual antes dos 15 anos de idade, resultado que representa um fator
importante de observação, devido à inexperiência em lidar com a complexidade do ato,
sobretudo quando a discussão gira em torno de prevenção de DST.
A respeito do sexo oral − importante vetor de contágio, segundo diversos estudos
que demonstraram a possibilidade de contágio orogenital, conforme já citado na introdução
deste estudo − foi obtido que 53% sempre praticam sexo oral em seus parceiros, 30%
praticam às vezes e apenas 9% não praticam. Quando se perguntou se recebem o sexo oral,
36
59% afirmaram sempre receber, enquanto 6% nunca recebem, ou seja, apenas uma relativa
minoria não estaria exposta teoricamente a esse tipo de contágio por via oral.
Sobre o uso de preservativos nas relações sexuais, os resultados foram
preocupantes, pois 32% disseram que nunca fazem uso, 53% usam ocasionalmente e apenas
15% usam sempre. Quanto à orientação sexual, apenas um indivíduo se declarou
homossexual.
A quantidade e variedade de parceiros sexuais também constituem um fator de
risco relevante para a transmissão do HPV e foi observado que nos últimos dois anos 73% dos
pesquisados afirmaram que tiveram de 1 a 5, 11% disseram ter tido entre 10 e 20 parceiros,
enquanto que 3% declararam ter tido mais de 20.
Tabela 5 - Características referentes ao comportamento sexual dos policiais militares componentes do
grupo em estudo.
Variáveis
n(100)
%
_______________________________________________________________________________________
Contágio pregresso por DST
Não
79
Sim
13
Não sabe
8
Contágio pregresso por DST (parceiros)
Não
68
Sim
10
Não sabe
22
Opção sexual
Heterossexual
99
Homossexual
1
Coitarca
< 16 anos
36
16 a 18 anos
51
> 18 anos
13
Uso de preservativo
Nunca
32
Ocasionalmente
53
Sempre
15
Nº de parceiros últimos 2 anos
0
4
1-5
73
5-10
9
10-20
11
Mais de 20
3
Histórico de HPV Genital
Sim
7
Não
93
Fonte: Dados da pesquisa.
79,0
13,0
8,0
68,0
10,0
22,0
99,0
1,0
36,0
51,0
13,0
32,0
53,0
15,0
4,0
73,0
9,0
11,0
3,0
7,0
93,0
37
O percentual de PM que disse nunca ter compartilhado escovas de dente foi de
94%, porém 53% afirmaram que já precisaram compartilhar talheres, copos, garrafas e cantis
usados por outras pessoas.
Tabela 6 - Características do grupo em estudo referentes ao compartilhamento de objetos de uso
bucal.
Variáveis
N(100)
%
_______________________________________________________________________________________
Compartilha escova de dente
Não
94
94,0
Sim
6
6,0
Compartilha talheres, copos, garrafas, cantis, etc.
Não
47
47,0
Sim
53
53,0
___________________________________________________________________________
Fonte: Dados da pesquisa.
Dentre os pacientes que afirmaram infecção pregressa por HPV nos órgãos
genitais, ou seja, potenciais suspeitos de contágio nos tecidos moles bucais pela
autotransmissão, observaram-se alguns aspectos importantes ligados aos fatores de higiene
bucal que podem pressupor uma contribuição importante para o sistema imune, no sentido de
proteger as mucosas contra o estabelecimento do vírus (Tabela 7).
Todos afirmaram escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia e
complementam o processo de eliminação de biofilme utilizando fio dental, mesmo que
esporadicamente, e a maioria informou que faz uso deste último artifício duas vezes ao dia. A
frequência ao atendimento odontológico também é um dado que merece atenção, apenas dois
pacientes frequentam irregularmente e os demais procuram os cuidados profissionais de uma
a três vezes anualmente. Esse comportamento sugere que os hábitos supracitados podem ter
colaborado para evitar a autotransmissão.
38
Tabela 7 - Características referentes à relação entre história pregressa de infecção por HPV genital e
hábitos de higiene e saúde bucal.
Paciente(nº)
Escovação
Enxaguatório
Fio Dental
Dentista
21
2 vezes/dia
2 vezes/dia
Esporádico
Irregular
24
2 vezes/dia
Não usa
1 vez/dia
1 vez/ano
52
2 vezes/dia
1 vez/dia
Esporádico
3 vezes/ano ou +
75
2 vezes/dia
Não usa
2 vezes/dia
1 vez/ano
83
2 vezes/dia
Não usa
2 vezes/dia
3 vezes/ano ou +
86
2 vezes/dia
3 vezes/dia
2 vezes/dia
Irregular
99
2 vezes/dia
1 vez/dia
2 vezes/dia
2 vezes/ano
Fonte: Dados da pesquisa.
39
Tabela 8 – Características de associação entre história pregressa de infecção por HPV genital,
comportamento sexual e hábitos de higiene e saúde bucal em policiais militares deste
estudo.
HPV genital
Variáveis
n
Gênero
Feminino
Masculino
Escovação dental
2 vezes ao dia
Uso de enxaguatório
1 vez ao dia
2 vezes ao dia
3 vezes ao dia ou mais
Esporadicamente
Não utiliza
Uso de fio dental
1 vez ao dia
2 vezes ao dia
3 vezes ao dia ou mais
Esporadicamente
Não utiliza
Frequência ao dentista
1 vez ao ano
2 vezes ao ano
3 vezes ao ano ou mais
Irregular
Sexo oral ativo
Não pratica
Sempre pratica
Às vezes pratica
Raramente pratica
Uso de preservativo
Nunca
Ocasionalmente
Sempre
Nº Parceiros últimos 2 anos
1a5
Mais de 20
%
p-valor(*)
1,000
1
6
5,3
7,4
7
9,5
0,299
0,132
2
1
1
1
2
8,3
7,1
50,0
2,5
10,0
0,209
1
4
0
2
0
5,3
20,0
0,0
5,0
0,0
2
1
2
2
5,4
4,3
9,5
10,5
0,749
0,611
0
3
3
1
0,0
5,7
10,0
12,5
0,489
2
3
2
6,3
5,7
13,3
0,356
6
1
8,2
33,3
* p-valor calculado com o Teste Exato de Fisher. A prevalência encontrada para o relato histórico de
diagnóstico anterior por HPV genital foi de 7% para esta população, com um IC (95%; 2,9% - 13,9%).
Fonte: Dados da pesquisa.
40
7 DISCUSSÃO
A literatura referente a estudos de populações e fatores de risco para a infecção por
HPV é ampla e aponta principalmente para o sexo feminino (LAJOUS et al, 2005; MATOS,
et al., 2015). Entretanto, neste trabalho, foram abordados alguns aspectos pouco estudados na
literatura e, inclusive, inéditos no Brasil a respeito da infecção por HPV: um estudo
envolvendo pessoal da força militar, formado, notadamente, por público masculino. Assim,
Essa população integra, como dito anteriormente, um estudo pioneiro no Brasil, sendo
formada por policiais militares, na sua maioria do sexo masculino (81 %), com idade media
de 31,4 anos e pacientes do Centro de Clínicas Odontológicas da PMBA. Trata-se de uma
população relativamente jovem, com escolaridade superior e média e de variada graduação
hierárquica (soldados, cabos, sargentos, cadetes e tenentes). Com isto, obteve-se, um conjunto
de indivíduos de nível socioeconômico entre regular e bom.
Sendo o HPV um vírus epiteliotrópico, as mucosas do corpo humano expostas ao
meio externo, como a mucosa oral e a genital, são as portas de entrada para a infecção. A
detecção do vírus se realiza por técnicas de biologia molecular, como a realizada neste estudo,
onde os exames laboratoriais foram realizados com base no método da PCR, técnica de alta
sensibilidade e eficácia consagrada amplamente em diversos estudos. (OLIVEIRA et al.,
2005).
Dentre os fatores predisponentes ou de risco para infecção por HPV oral, citam-se
lesões e traumas em mucosa jugal e outros tecidos moles bucais, associados a hábitos sociais,
como estado civil, coitarca, práticas de sexo oral, uso de fumo e/ou bebidas alcoólicas que
causam ou colaboram para fragilizar a integridade da mucosa oral e alterar consequentemente
o sistema de defesa imunológica (CASTRO et al., 2004). As medidas de uma boa higiene
bucal que visam à eliminação da placa bacteriana − um aglomerado de microrganismos e
restos alimentares com produção de ácido e desmineralização do tecido dentário − evitariam
induzir o processo inflamatório no tecido que atinge as camadas superficiais do epitélio
gengival. A população estudada, majoritariamente (80%), mostrou cuidados na sua higiene
bucal, tal como escovação dental três vezes ao dia ou mais, utilização do fio dental e
enxaguatórios bucais pelo menos uma vez ao dia, e relatam comparecer ao serviço
odontológico no mínimo uma vez ao ano. Por ocasião do exame físico dos tecidos moles
bucais, não foram encontrados casos de gengivite, periodontite ou lesões que
41
proporcionassem clínica ou visualmente vias de acesso ao vírus. As ausências dentárias foram
raras e não foram encontradas próteses dentárias mal adaptadas que viessem a traumatizar a
mucosa adjacente. Portanto, as informações obtidas sobre a higiene oral corroboraram o
verificado nos exames clínicos, onde foi avaliado que, de modo geral, a amostra possui
excelentes sinais de higiene oral, não sendo detectadas lesões cariosas ativas, fístulas e/ou
abscessos, infecções crônicas e nem lesões de tecidos moles dignas de registro. No tocante às
micro lesões de mucosa e língua, não foi observada nenhuma com relevância clínica, porém,
subtende-se que o constante contato dos dentes com essas superfícies, durante os movimentos
mastigatórios, via de regra, provoca algum tipo de ferimento, mesmo que não seja visível
clinicamente, o que poderia ser uma forma de acesso do vírus ao hospedeiro. Essa condição
em muito se assemelha ao relatado por outros autores (BUI et al., 2013), segundo os quais
bons hábitos de higiene oral estariam associados a uma baixa prevalência de HPV oral,
sugerindo a possibilidade que a má saúde bucal é um fator de risco para infecção oral por
HPV, fato que confirmaria os achados de ausência de HPV oral na população militar em
estudo.
A presença do vírus na mucosa oral, como citado anteriormente, pode estar
relacionada a diversos fatores, dentre eles o uso de bebidas alcoólicas e o tabagismo, podendo
ser potencializada por cofatores que favorecem ou dificultam a patogenicidade do vírus, a
exemplo da resposta imune humoral. Acredita-se que o tabagismo e o consumo de bebidas
alcóolicas agiriam como fatores sinérgicos, a partir do momento em que provocam danos à
mucosa oral e poderiam contribuir com esta ação para a infecção pelo HPV. Uma vez mais,
nesta amostragem, 95% dos entrevistados não eram fumantes e, em relação ao consumo de
álcool, relataram consumir até uma vez por semana (87%) ou não consumir, fatores que
estariam contribuindo como elementos a favor de uma mucosa íntegra e saudável e, portanto,
associados aos achados negativos de HPV oral.
Após a análise criteriosa das condições de saúde bucal e exposição das
características socioeconômicas desta peculiar população, observou-se o perfil do ponto de
vista dos hábitos sexuais devido à importância desses costumes quando o assunto é o contágio
pelo HPV, seja oral ou genital. Dados obtidos em estudos realizados com militares de outros
países, que estudaram doenças sexualmente transmissíveis autorrelatadas, dentre elas o HPV,
e comportamentos sexual de risco em militares, evidenciaram estar associados ao gênero. Nos
homens policiais, relata-se que a predisposição ao consumo excessivo de álcool, o uso de
substâncias ilícitas e o contato sexual casual, seriam possíveis cofatores; já as mulheres
42
relatam estresse familiar e sofrimento psicológico como possíveis fatores que afetam a
incidência por HPV (STAHLMAN et al., 2014). Nesta pesquisa, realizada em policiais
militares de Salvador, a grande maioria afirmou nunca ter sido diagnosticada com doenças
sexualmente transmissíveis. Surpreendentemente, ao avaliar os fatores de risco no
comportamento desses militares do serviço ativo, destacou-se o relacionamento com múltiplos
parceiros sexuais e uma baixa adesão ao uso de preservativo, o qual constitui uma barreira
física na prevenção ao contágio por HPV genital; este dado foi bastante preocupante, tendo
em vista que 47% relataram nunca utilizar método e 50%, só ocasionalmente. Apesar de não
ter sido relatada por este grupo a presença de DST atual, o comportamento observado, neste
aspecto, caracterizaria essa população como de risco para a transmissão e/ou contágio de
microrganismos que se disseminam sexualmente. Outro agravante citado como fator
coadjuvante da presença de HPV oral é a pratica de sexo oral; a respeito disto, os resultados
aqui apresentados tiveram uma discordância com aqueles apresentados por Syrjänen e
colaboradores (2006), que afirmaram uma grande prevalência entre os que o praticam e a
presença do HPV em tecidos orais. Na presente pesquisa, 53% da amostra afirmaram sempre
praticar sexo oral, 30% afirmaram realizar esporadicamente, porém não houve nenhum caso
de positividade para esses indivíduos. No tocante às informações comportamentais, este
estudo foi realizado com base em dados secundários (questionário), portanto, não foi possível
associar, por exemplo, a prática de sexo oral e o tempo para a realização da higiene bucal após
o ato, assim como, sobre a infecção por HPV genital em sete dos voluntários, não foi possível
estabelecer o tempo de infecção, a persistência ou a recidiva, sendo necessárias, portanto,
pesquisas adicionais para investigar esses tópicos.
A maioria dos policiais deste estudo é do sexo masculino e percebe-se também que,
igualmente a estudos envolvendo militares, acontece a mesma escassez de estudos que
envolvam sexo masculino e presença do vírus. Alguns dados da prevalência de HPV oral em
homens saudáveis naturais do outros países (México, Estados Unidos e Brasil), apontam o
HPV oral como de baixa prevalência (67 dos 1680 voluntários, 4%) e resultados similares
nesses países (KREIMER et al., 2011). Alguns dados desta pesquisa mostraram,
interessantemente, que dentre a população em estudo, os pacientes que relataram infecção
prévia por HPV genital, na sua maioria, foram homens (6 de 7 indivíduos). No entanto, os
sete policiais militares apresentaram boas práticas de higiene oral, a exemplo de hábitos de
frequência de escovação e utilização de fio dental, como forma de eliminação mecânica e
química de microrganismos nocivos à microbiota bucal, bem como a frequência periódica ao
consultório odontológico, submetendo-se a consultas preventivas e a procedimentos de
43
eliminação dos patógenos, com a utilização de instrumentais e aparelhos de ultrassom e de
jato de bicarbonato de cálcio, o que proporcionaria um ambiente com condições saudáveis e a
consequente ausência de autotransmissão. A teoria de que pacientes com infecção cérvicovaginal por HPV estão predispostas à infecção da mucosa bucal devido à possibilidade da
autotransmissão (OLIVEIRA et al., 2003; CASTRO et al., 2004; PEIXOTO, 2006) não foi
confirmada nesta pesquisa, tendo em vista que os indivíduos que relataram ter contraído HPV
genital, apesar de apresentarem alguns dos comportamentos de risco para a autotransmissão,
não foram diagnosticados com a presença do vírus em mucosa bucal. Deste resultado também
surge outra interpretação: o relato da presença de HPV genital em resposta ao questionário,
foi maior no sexo masculino. Considerando que as mulheres são, em sua maioria,
diagnosticadas pela frequência da clínica ginecológica, isto levaria a deduzir que existe uma
subnotificação de HPV em homens ou diagnóstico clínico impreciso, não confirmado
laboratorialmente. Essas observações servem para reforçar que o tema em questão apresenta
nuances a serem avaliadas e que se devem aprimorar os estudos, principalmente nos homens
em relação à autotransmissão.
Como foi possível observar nesta discussão, as controvérsias entre os estudos sobre
as formas de transmissão do microrganismo em tela são muito evidentes. Acredita-se que o
sistema imunológico desenvolva um papel muito importante, porém insistimos na
possibilidade de que os hábitos de saúde e higiene bucal podem constituir fatores dignos de
destaque e que, portanto, podem esclarecer a importância desse comportamento na prevenção
ao contágio pelo HPV na região bucal. Elementos analisados neste trabalho, envolvendo uma
população de risco, como o pessoal da força militar, constituem uma abordagem pouco
estudada na literatura e no Brasil a respeito da infecção por HPV oral.
44
8 CONCLUSÕES
a) A prevalência do papilomavírus humano na cavidade oral dos policiais militares
voluntários foi de 0%, neste estudo;
b) Não foram encontradas lesões clínicas sugestivas de HPV ou quaisquer outros tipos de
lesão;
c) A condição de saúde bucal dos policiais militares voluntários associada aos hábitos de
higiene e à frequência regular ao atendimento odontológico sugerem uma condição de
proteção e prevenção ao contágio pelo HPV na cavidade oral, podendo reduzir
significativamente a possibilidade de infecção.
45
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49
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PESQUISA CIENTÍFICA
I - IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
Registro na pesquisa:__________
Nome do paciente:_______________________________________________________
Documento de Identidade:_____________________________
Endereço:______________________________________________________________
Data de nascimento: ___/___/___
Telefone:(__)_________________
E-mail ____________________________________________
II - IDENTIFICAÇÃO DO PESQUISADOR
Nome: Ramsés de Freitas Ventura
Cargo/Função: Mestrando PPGPIOS
Profissão: Cirurgião Dentista - CROBA 12.583
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I - PESQUISA CIENTÍFICA
Título: Detecção da presença do papilomavírus humano nos tecidos bucais de policiais
militares na cidade de Salvador.
Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo detectar a presença do papilomavírus humano na
mucosa da boca de policiais militares que utilizam o serviço odontológico da PMBA, na
cidade de Salvador.
Participação voluntária: A sua participação é estritamente voluntária e você poderá se
recusar a participar da pesquisa, INDEPENDENTEMENTE DA SUA CONDIÇÃO
HIERÁRQUICA, SEM CONSTITUIR QUAISQUER TIPOS DE TRANSGRESSÃO
DISCIPLINAR. Estará garantida a liberdade da retirada do consentimento a qualquer
momento ou deixar de participar do estudo, sem qualquer penalidade. Em caso de desistência
após a coleta para exame, o material será descartado de acordo com os princípios de
biossegurança e o questionário será destruído, salvo nos casos onde o voluntário solicitar a
devolução destes itens. Esta pesquisa inclui um questionário que deverá ser respondido por
você e logo após será realizado um esfregaço da mucosa bucal através de uma pequena
50
escova, sem riscos nem desconforto. Você tem o direito de ser mantido atualizado sobre os
resultados parciais da pesquisa, e caso sejam solicitadas, serão fornecidas todas as
informações relativas a sua participação. Não existirão despesas ou compensações pessoais
para os participantes em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira
relacionada à sua participação. Entretanto a sua participação proporcionará um melhor
conhecimento sobre a forma de transmissão do vírus HPV, como diagnosticá-lo precocemente
e assim futuramente beneficiar diversas pessoas, através da prevenção dos malefícios
causados, sobretudo o câncer bucal, de esôfago, de faringe e orofaringe.
Os participantes que obtiverem resultados positivos para suas amostras, serão devidamente
comunicados e encaminhados ao Serviço de Atendimento Odontológico do Hospital
Universitário Professor Edgard Santos, com a aquiescência do seu Coordenador, onde serão
acolhidos, reavaliados, submetidos a exames mais detalhados e aprofundados, com
consequente elaboração de diagnóstico e plano de tratamento, incluindo remoção de possíveis
lesões e biópsia com parecer anatomopatológico, se assim o caso exigir.
Dúvidas: Ocorrendo qualquer dúvida a respeito da pesquisa entre em contato com o CAP PM
Ramsés Ventura através do telefone (71) 98749-5898, email [email protected] ou
pessoalmente no Colégio da Polícia Militar- Unidade Dendezeiros.
Riscos da pesquisa: De acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, toda
pesquisa oferece um risco, mesmo que mínimo, portanto todas as precauções serão adotadas
no sentido de coibir tais ocorrências, os questionários serão diferenciados apenas por números
e somente o pesquisador terá acesso aos dados do voluntário, com o compromisso éticoprofissional de confidencialidade, assim como, recomendamos que pessoas que já
apresentaram quaisquer tipo de reação alérgica às cerdas de escovas dentárias convencionais,
que não participem desta pesquisa.
Confidencialidade: Os dados coletados serão utilizados somente para fins de pesquisa e os
resultados deverão ser divulgados através de artigos científicos, em revistas especializadas
e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível sua identificação.
Assinaturas: Para aderir ao estudo, você deverá assinar a seguir um termo de consentimento
esclarecido, somente se:




Leu e entendeu todas as informações contidas nesse termo e pensou sobre o
assunto. Ficaram claros os propósitos do estudo, os procedimentos a serem
realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Todas as suas dúvidas foram respondidas a contento. Caso não tenha compreendido
qualquer uma das palavras, solicitou ao responsável pela pesquisa que te
esclarecesse.
Concordou voluntariamente em participar da pesquisa e compreendeu que poderá
desistir a qualquer momento.
Recebeu uma cópia do Termo de Consentimento Esclarecido que permanecerá em
suas mãos.
51
Eu,_________________________________________,
declaro
participar
voluntariamente da pesquisa científica intitulada: “Detecção da presença do papilomavírus
humano nos tecidos bucais de policiais militares na cidade de Salvador.” , desenvolvida pelo
Dr. Ramsés de Freitas Ventura. Acredito ter sido convenientemente esclarecido (a) à respeito
das informações que li ou que foram listadas para mim. Ficaram claros os objetivos da
pesquisa, os procedimentos a serem realizados e que a minha participação é isenta de despesas
e gratificações e que tenho garantia do acesso aos resultados a qualquer tempo bem como da
confidencialidade dos mesmos. Estou ciente de que poderei retirar o meu consentimento a
qualquer momento, sem penalidade ou prejuízo. Também declaro ciência que os
procedimentos a serem adotados respeitam as respectivas declarações e resoluções que rezam
sobre o assunto.
Salvador, ___/___/___
___________________________
________________________
Assinatura do Paciente
Assinatura do Pesquisador
52
APÊNDICE B – Questionário para a pesquisa sobre HPV oral
Universidade Federal da Bahia
Questionário – Pesquisa em HPV Oral
Mestrado em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas – Ramsés de Freitas Ventura
Data: _____/_____/_____
Registro na pesquisa:____________________
IDENTIFICAÇÃO 1 - Sexo: F( ) M( )
2 - Idade:
3 – Cor:
4 - Estado Civil: Solteiro( )
Casado ( )
5 - Naturalidade:
6 – Grau de escolaridade:
( ) 2 grau ( ) 3 grau
CONDIÇÃO DE SAÚDE BUCAL
7) Qual a freqüência de escovação?
( ) 1 vez por dia
( ) 2 vezes por dia
( ) 3 vezes por dia ou mais
( ) não escova diariamente
8) Faz uso de enxaguatórios bucais?
( ) 1 vez por dia
( ) 2 vezes por dia
( ) 3 vezes por dia ou mais
( ) De vez em quando
( ) Não utiliza
9) Utiliza fio dental ?
( ) 1 vez por dia
( ) 2 vezes por dia
( ) 3 vezes por dia ou mais
( ) De vez em quando
( ) Não utiliza
10) Utiliza outros recursos adicionais de higiene oral? Sim ( ) Não ( )
Especifique:____________________
11) Consulta o dentista regularmente? Sim ( ) Não ( )
a) Qual a freqüência?
( ) 1 vez por ano
( ) 2 vezes por ano
( ) 3 vezes por ano ou mais
HÁBITOS
12) Você é fumante? Sim ( ) Não ( )
a) Fuma há quanto tempo?
( ) menos de 1 ano
( ) mais de 1 ano
53
( ) mais de 5 anos
b) Ex-fumante?
( ) menos de 1 ano
( ) mais de 5 anos
( ) mais de 10 anos
( ) mais de 1 ano
( ) mais de 10 anos
13) Faz uso de bebidas alcoólicas? Sim( ) Não( )
( ) Raramente
( ) 1 vez por semana
( ) 3 vezes por semana
( ) mais de 3 vezes por semana
14) Compartilha escova de dentes? Sim( ) Não( )
15) Compartilha talheres usados? Sim( ) Não( )
ANTECEDENTES PESSOAIS
16) Já apresentou alguma doença sexualmente transmissível?
Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( )
Qual?___________ Não sabe ( )
Em que local a doença se manifestou?______________ Não sabe ( )
DADOS DO PARCEIRO
17) Já apresentou alguma doença sexualmente transmissível?
Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( )
Qual?___________ Não sabe ( )
Em que local a doença se manifestou?___________ Não sabe ( )
PRÁTICAS SEXUAIS
18) Qual é a sua opção sexual?
( ) heterossexual
( ) homossexual
( ) bissexual
( ) outros _________________
19) Com que idade iniciou a prática sexual? __________
20) Pratica sexo oral no seu parceiro? Sim ( ) Não ( )
Com que freqüência?
( ) sempre
( ) às vezes
( ) raramente
21) O seu parceiro pratica sexo oral em você? Sim ( ) Não ( )
Com que freqüência pratica sexo oral?
( ) sempre
( ) às vezes
( ) raramente
22) Usa preservativo durante as relações?
( ) nunca ( ) ocasionalmente ( ) sempre
23) Qual o número de parceiros sexuais nos últimos dois anos?
()0
()1a5
( ) 5 a 10
( ) 10 a 20
( ) mais de 20
54
ANEXO A - Carta de anuência da Polícia Militar da Bahia
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UFBA - INSTITUTO DE
CIÊNCIAS DA SAÚDE DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: DETECÇÃO DA PRESENÇA DO PAPILOMAVÍRUS HUMANO NOS TECIDOS
BUCAIS DE POLICIAIS MILITARES NA CIDADE DE SALVADOR.
Pesquisador: RAMSES DE FREITAS VENTURA
Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 50821515.4.0000.5662
Instituição Proponente: PÓS Instituto de Ciências da Saúde
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 1.554.119
Apresentação do Projeto:
Os papilomavírus humanos (HPV) pertencem à família Papillomaviridae. São pequenos, epiteliotrópicos e
têm cerca de 55nm de diâmetro. As infecções pelo papilomavírus humano são disseminadas e ocorrem em
todo o mundo. Idade precoce no início das primeiras relações sexuais, numero elevado de parceiros sexuais
ao longo da vida e contatos sexuais com indivíduos de alto risco, compartilhamento de talheres e escovas
dentais, hábitos sociais (tabagismo, etilismo) e supressão ou depressão imunológica podem constituir
fatores predisponentes para a infecção oral pelo HPV. Os militares por serem geralmente motivados pelos
companheiros, submeter-se à convivência em ambientes coletivos e enquadrarem-se em alguns dos fatores
citados acima, constituem uma população interessante a ser avaliada.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
Detectar a presença do papilomavírus humano em mucosa oral de policiais militares na cidade de Salvador.
Objetivo Secundário:
Endereço: Miguel Calmon
Bairro: Vale do Canela
UF: BA
Município:
Telefone: (71)3283-8951
CEP: 40.110-902
SALVADOR
E-mail: [email protected]
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Correlacionar os achados com os dados coletados através de um questionário referente aos hábitos sociais
destes indivíduos.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Os riscos apresentados pelo pesquisador tratam da possibilidade de alergia às cerdas das escovas
utilizadas para coleta de amostra em cavidade oral, que serão minimizados pela não inclusão dos pacientes
com histórico anterior de alergia a cerdas de escovas odontológicas. Versa ainda sobre os risco de
vazamento de dados, o que será atenuado pela não identificação dos sujeitos de pesquisa nos
questionários. Sobre a possibilidade de coerção hierárquica, os pesquisadores informam que os voluntários
serão esclarecidos sobre a não punição em relação ao aceite de participar da pesquisa.
Dentre os benefícios citados da realização desta pesquisa, os autores trazem que as resultados obtidos
serão publicados com o objetivo de influenciar às
políticas de saúde pública no sentido de aumentar os investimentos em prevenção,
ampliar a cobertura vacinal gratuita, estendendo também aos homens e aos adultos,
incentivar pesquisas de desenvolvimento de testes rápidos para detecção do vírus e
divulgar a importância do autoexame para a detecção de lesões provocadas por HPV.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
A pesquisa é relevante e atual e os pesquisadores apresentaram mais claramente as justificativas da
pesquisa sobre a associação do HPV oral com hábitos de vida.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Os termos foram adequados, segundo a solicitação anterior.
Recomendações:
Não há recomendações.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Sobre as pendências listadas em parecer anterior, segue respostas apresentadas pelo pesquisador
responsável:
1) Adicionar ao TCLE a possibilidade de uso de dados já coletados em caso de desistência da participação
na pesquisa.
Resposta: Foi adicionado ao TCLE que caso o paciente desista de participar da pesquisa após a
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coleta para exame, o material será descartado de acordo com os princípios de biossegurança e o
questionário será destruído, salvo nos casos onde o voluntário solicitar a devolução destes itens.
2) Ajustar o título do trabalho inserido na Plataforma Brasil para que se torne idêntico aos demais
documentos apresentados.
Resposta: Sobre o título do trabalho, a carta de anuência que apresentava um título semelhante, porém
diferente em alguns termos, foi refeita com o título igual ao dos demais documentos e anexada na
plataforma Brasil, a saber : Detecção da presença do papilomavírus humano nos tecidos bucais de policiais
militares na cidade de Salvador.
3) Ajustar cronograma de pesquisa de acordo com data de aprovação pelo CEP.
Resposta: O cronograma de pesquisa foi reformulado e adequado ao período de possível aprovação do
projeto por este CEP.
4) Tornar mais clara a importância da identificação do vírus nesta população, tanto para o indivíduo, quanto
para a população em geral, principalmente no que diz respeito a possível associação com câncer bucal.
Resposta:Foi acrescentado ao TCLE que os participantes que obtiverem resultados positivos para suas
amostras, serão devidamente comunicados e encaminhados ao Serviço de Atendimento Odontológico do
Hospital Universitário Professor Edgard Santos, com a aquiescência do seu Coordenador Prof. Dr. Antônio
Fernando Pereira Falcão, onde serão acolhidos, reavaliados, submetidos a exames mais detalhados e
aprofundados, com consequente elaboração de diagnóstico e plano de tratamento, incluindo remoção de
possíveis lesões e biópsia com parecer anatomopatológico, se assim o caso exigir. Vale ressaltar que segue
em anexo, uma declaração do Coordenador do setor acima descrito apoiando a pesquisa e concordando em
receber os pacientes que necessitem de encaminhamento.
5) Descrever riscos e benefícios de forma mais clara e completa.
Resposta: Os riscos e benefícios foram explicitados de maneira mais clara no projeto e no texto do
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TCLE. Os riscos mínimos foram descritos, assim como as providências que serão adotadas para evitar que
venham a se concretizar.
6) Como será realizada a coleta de dados afim de minimizar a influência da hierarquia militar na intenção
voluntária de participação na pesquisa.
Resposta: Foi descrito no projeto e no TCLE de que o questionário será respondido pelo próprio voluntário,
sem nenhuma coação ou interferência, assim como a sua escolha em participar é totalmente livre de
quaisquer interferência de caráter hierárquico. Essas condições foram registradas algumas vezes para que
ficasse bem claro e escrito em caixa alta no TCLE para melhor entendimento.
Desta forma, considera-se que as pendências apresentadas foram devidamente sanadas ou respondidas de
forma adequada.
Considerações Finais a critério do CEP:
Diante do exposto, o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências da Saúde (CEP ICS), de acordo
com as atribuições definidas na Resolução CNS nº. 466 de 2012 e na Norma Operacional nº. 001 de 2013
do CNS, manifesta-se pela aprovação do projeto de pesquisa proposto. Eventuais modificações ou
emendas ao protocolo devem ser apresentadas ao CEP ICS de forma clara e sucinta, identificando a parte
do protocolo a ser modificada e suas justificativas. Relatórios parciais e final devem ser apresentados ao
CEP, inicialmente em 20/11/2016, e ao término do estudo. O sujeito da pesquisa tem a liberdade de recusar
-se a participar ou de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e
sem prejuízo ao seu cuidado (Res. CNS 466/12 em substituição à Res. CNS 196/96 - Item IV.1.f) e deve
receber uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, na íntegra, por ele assinado (Item
IV.2.d). O pesquisador deve desenvolver a pesquisa conforme delineada no protocolo aprovado e
descontinuar o estudo somente após análise das razões da descontinuidade pelo CEP que o aprovou (Res.
CNS Item III.3.z), aguardando seu parecer, exceto quando perceber risco ou dano não previsto ao sujeito
participante ou quando constatar a superioridade de regime oferecido a um dos grupos da pesquisa (Item
V.3) que requeiram ação imediata. O CEP deve ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos
relevantes que alterem o curso normal do estudo (Res. CNS Item V.4). É papel do pesquisador assegurar
medidas imediatas adequadas frente a evento adverso grave ocorrido (mesmo que tenha sido em outro
centro) e enviar notificação ao CEP e à Agência
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Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA junto com seu posicionamento.
Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:
Tipo Documento
Arquivo
Postagem
Informações Básicas
do Projeto
Declaração de
Instituição e
Infraestrutura
Recurso Anexado
pelo Pesquisador
Outros
PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P
ROJETO_539312.pdf
cartadeanuenciacorrigidapendencias.pdf
01/04/2016
16:54:25
01/04/2016
16:53:18
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
Aceito
cartaderetificacaodependencias.doc
projetomestradocorrigidopendencias.pdf
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
Aceito
Projeto Detalhado /
Brochura
Investigador
TCLE / Termos de
Assentimento /
Justificativa de
Ausência
Outros
01/04/2016
16:52:19
01/04/2016
16:51:10
01/04/2016
16:48:06
tclecorrigidopendencias.docx
01/04/2016
16:36:33
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
Aceito
declaracaodeconfidencialidade.docx
equipedetalhada.pdf
Outros
6_Termodecompromisso.doc
Outros
1_Cartadeencaminhamento.doc
Folha de Rosto
Folhaderosto.pdf
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
RAMSES DE
FREITAS VENTURA
Aceito
Outros
04/11/2015
20:56:53
04/11/2015
20:52:27
08/09/2015
20:13:57
08/09/2015
20:11:59
08/09/2015
19:59:25
declaracaocoordsaohupes.pdf
Autor
Situação
Aceito
Aceito
Aceito
Aceito
Aceito
Aceito
Aceito
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
SALVADOR, 20 de Maio de 2016
Assinado por:
ANA PAULA CORONA
(Coordenador)
Endereço: Miguel Calmon
Bairro: Vale do Canela
UF: BA
Município:
Telefone: (71)3283-8951
CEP: 40.110-902
SALVADOR
E-mail: [email protected]
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Continuação do Parecer: 1.554.119
Endereço: Miguel Calmon
Bairro: Vale do Canela
UF: BA
Município:
Telefone: (71)3283-8951
CEP: 40.110-902
SALVADOR
E-mail: [email protected]
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