O dualismo eletroquímico de Berzelius e sua presença em

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MODALIDADE DE TRABALHO: PESQUISA ACADÊMICA O dualismo eletroquímico de Berzelius e sua presença em livros didáticos de
química: proposta de um método de análise documental
Marcelo Dias Pulido (PG); Paulo Alves Porto (PQ)
Grupo de Pesquisa em História da Ciência e Ensino de Química (GHQ), Instituto de Química –
Universidade de São Paulo. [email protected]
Palavras Chave: dualismo eletroquímico, Berzelius, história da ciência, ensino de química.
INTRODUÇÃO
A presença de conceitos desatualizados é um dos “critérios eliminatórios comuns a
todas as áreas” adotado pelo Programa Nacional do Livro Didático1, e seu efeito
pernicioso sobre o ensino de ciências é apontado por diversos autores. Um exemplo
é o conceito de dupla-troca, baseado no dualismo eletroquímico de Berzelius2. A
caracterização dessa teoria e a discussão de sua validade ao longo do tempo pode
proporcionar, aos professores de química, uma postura mais crítica no que diz
respeito à seleção dos conteúdos curriculares dessa disciplina. Esta pesquisa
pretende: 1) caracterizar a teoria dualista de Berzelius dentro do contexto histórico
em que foi produzida; 2) estabelecer a relevância dessa teoria ao longo do tempo; 3)
analisar a presença de conceitos remanescentes dessa teoria em livros didáticos de
química contemporâneos para o Ensino Médio e discutir suas implicações.
BASES TEÓRICO-METODOLÓGICAS
Para julgar se uma teoria é válida em um determinado momento histórico é preciso
“estudar o contexto científico, as bases experimentais, as várias alternativas
possíveis da época, e a dinâmica do processo de descoberta (ou invenção),
justificação, discussão e difusão das ideias.”3. Não obstante, é a epistemologia da
ciência que nos permite decidir em que momento histórico um conceito é criado e
quando deixa de ser válido4.
Em nossa pesquisa, associamos a metodologia própria da historiografia5;6 à análise
textual discursiva (ATD)7. As fontes primárias e secundárias referentes à teoria de
Berzelius, entendidas como unidades de análise (UA), foram fichadas e
inventariadas com o auxílio de softwares de organização bibliográfica e de edição de
texto. No atual estágio da pesquisa, unidades de significado (US) estão sendo
identificadas e também inventariadas (Figura 1), com o objetivo de criar indicadores,
III SMEQ / UFJF – 18, 19 e 20 de Setembro de 2015 MODALIDADE DE TRABALHO: PESQUISA ACADÊMICA os quais, submetidos a novas análises e reagrupamentos, levarão às categorias8.
História da Ciência Visão de ciência de Berzelius Iluminismo versus Romantismo Conceito de eletricidade Validação/
contesta-­‐
ção do dualismo Prestígio de Berzelius O problema das aBinidades Proporções químicas Figura 1: Algumas unidades de significado derivadas da unidade de análise “História da Ciência”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diversas características centrais do dualismo eletroquímico e aspectos da sua
relevância (objetivos 1 e 2), estão sendo identificados, por exemplo: ligação com
uma herança dualista, antiflogística e iluminista de Lavoisier (Iluminismo versus
Romantismo); importância para a resolução do problema das afinidades (O
problema das afinidades); relação com a busca do estatuto de ciência pela química
(Visão de ciência de Berzelius); sucesso parcialmente atribuído ao prestígio de
Berzelius, a despeito de lacunas epistemológicas (Prestígio de Berzelius);
emergência de teorias concorrentes, culminando na sua superação ainda na
primeira metade do século XIX (Validação/contestação do dualismo).
Os resultados preliminares evidenciam a inadequação do dualismo como modelo
explicativo na química contemporânea, e devem nortear a discussão de sua
eventual presença nos livros didáticos (objetivo 3) em etapas posteriores.
REFERÊNCIAS
1.BRASIL. Edital de convocação 01/2013 – CGPLI: Edital de convocação para o processo de
inscrição e avaliação de obras didáticas para o programa nacional do livro didático PNLD
2015. Brasília: MEC/FNDE/SEB, 2013.
2.MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H.; ROMANELLI, L. I. A Proposta Curricular de Química do
Estado de Minas Gerais: Fundamentos e pressupostos. Quimica Nova, São Paulo, 2000, v. 23, n.
2, p. 273–283.
3.MARTINS, R. D. A. A história das ciências e seus usos na educação. In: SILVA, C. C. (Org.). .
Estudos de história e filosofia das ciências: subsídios para aplicação no ensino. São Paulo: Livraria
da Física, 2011, p. XXI–XXXIV.
4.CANGUILHEM, G. El objeto de la historia de la ciencia. Revista de metodología de ciencias
sociales, [S.l], 2009, n. 18, p. 195–210.
5.ALFONSO-GOLDFARB, A. M.; BELTRAN, M. H. R. (Org.). Escrevendo a história da ciência:
tendências, propostas e discussões historiográficas. São Paulo: EDUC, 2005.
6.KRAGH, H. Introdução à historiografia da ciência. Porto: Porto, 2001.
7.MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise Textual Discursiva. 2. ed. Ijuí: Unijuí, 2011.
8.PIMENTEL, A. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica.
Cadernos de Pesquisa, [S.l.], 2001, p. 179–195.
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