Remédio antimalária dá resultado contra zika

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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS
Clipping
VEÍCULO: O TEMPO ONLINE
DATA: 06/05/2016
ASSUNTO: MALÁRIA E ZIKA VÍRUS
TIPO: NOTÍCIA
ENDEREÇO WEB:
http://www.otempo.com.br/interessa/sa%C3%BAde-e-ci%C3%AAncia/rem%C3%A9dioantimal%C3%A1ria-d%C3%A1-resultado-contra-zika-1.1293401
ACESSADO EM: 06/05/2016
PÁG. A14
Remédio antimalária dá resultado contra zika
Estudos em laboratório mostraram que a cloroquina protegeu as estruturas celulares que
reproduzem o cérebro em formação em até 95%
Um medicamento já usado contra a malária pode ser eficaz para blindar o cérebro de fetos contra
a infecção pelo vírus da zika. Estudos em laboratório mostraram que a cloroquina protegeu
neurosferas, estruturas celulares que reproduzem o cérebro em formação, em até 95%. O
trabalho de pesquisadores dos Institutos de Biologia e de Ciências Biomédicas da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D Or de Pesquisa está disponível na bioRxiv - rede
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pública de compartilhamento de estudos científicos inéditos, mas ainda não revisados por
profissionais independentes.
As estruturas foram expostas ao zika e depois tratadas, por cinco dias, com cloroquina em
diferentes concentrações. Os testes mostraram que a droga inibiu a infecção e reduziu o número
de neurônios infectados, protegendo-os contra a morte pelo vírus. A cloroquina baixou a
quantidade de células infectadas entre 65% e 95%, em comparação com as não tratadas.
"Nossos resultados sugerem que a ação da cloroquina contra o zika deve ser imediatamente
avaliada in vivo e, se tudo der certo, vai atenuar os danos cerebrais devastadores da síndrome
congênita do zika e as lesões neurológicas em adultos", diz o artigo, assinado por Rodrigo
Delvechio, Stevens Rehen e Amílcar Tanuri, entre outros pesquisadores.
"A grande vantagem nessa corrida contra o vírus é que a cloroquina já é uma droga amplamente
usada e não é contraindicada para grávidas. A ideia é que a pessoa comece a tomar antes de
engravidar como forma de proteger o feto desde o primeiro dia", afirmou o diretor do Instituto de
Biologia da UFRJ, Rodrigo Brindeiro.
Ele ressaltou que é preciso fazer testes clínicos com animais e humanos. Em uma próxima fase, a
cloroquina será testada em minicérebros, estruturas celulares mais complexas que as neurosferas,
que simulam cérebros de fetos de três meses.
Reativação
Os pesquisadores do Instituto de Biologia da UFRJ também estudam casos em que o vírus é
reativado no paciente, após alguns meses. "Estamos detectando no nosso laboratório casos de
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reinfecção. Quero alertar para isso porque tem a ver com o agravamento do quadro clínico
associado ao zika do ponto de vista neurológico", disse Brindeiro.
No segundo aparecimento dos sintomas, os doentes têm dor articular mais forte, que faz com que
o diagnóstico se confunda com chikungunya. O exame mostrou que era zika. Os pacientes tiveram
meningite e mieloencefalite. "É difícil acreditar em reinfecção porque o vírus é, ao contrário do da
dengue, extremamente monótono, e os anticorpos já deveriam estar protegendo a pessoa contra
uma nova infecção. A gente acredita que é uma reativação do vírus", afirmou Brindeiro.
Mortes
Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, tem estudado mortes de adultos
causadas por zika. Ele investigou três casos de pessoas que desenvolveram encefalites. Os
pacientes tinham diabete, lúpus e púrpura trombocitopênica (doença autoimune que destrói
plaquetas). "Observamos que algumas pessoas nessas condições, por algum problema ainda não
identificado, talvez genético, são mais suscetíveis a morrer", disse.
A pesquisa, submetida à revista científica Nature Medicine, mostra que o zika atinge sobretudo os
neurônios, mas foi encontrado no coração, pulmão, rins e fígado.
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