Metodologia IMPARE como meio para o desenvolvimento do

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Metodologia IMPARE
como meio para o desenvolvimento do profissionalismo docente
Glauber Benetti Carvalho1 - AMF
Fátima Osmari Burin2 - UFSM
Ângelo Accorsi Moreira3 - UNISINOS/AMF
Viviane Elias Portela4 - AMF
Subtema: A responsabilidade do educador: o dever de ser o melhor para formar os melhores.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia de ensino em educação musical IMPARE enquanto
instrumento para o desenvolvimento do profissionalismo docente. Para tanto abordamos as premissas pedagógicas
da metodologia Impare onde todo ser humano possui um ser musical em potencial, primeiro como potência e
depois como ato, onde através da música desenvolvemos nossa musicalidade, sentido estético e a sensibilidade e
por fim, a música como linguagem sendo um instrumento de diálogo e aprendizado. Posteriormente discutimos
a epistemologia pedagógica que subjaz a visão educativa. Os resultados obtidos evidenciam a relevância da
metodologia Impare na formação profissional diferenciada de educadores – e por consequência de discentes – das
redes de ensino pública que implementaram tal metodologia.
Palavras-chave:
Impare. Educação musical. Desenvolvimento profissional docente.
1. Introdução
O presente artigo tem como objetivo geral apresentar a metodologia de ensino em educação
musical IMPARE5, enquanto instrumento para o desenvolvimento do profissionalismo docente.
Para tanto, o texto aborda inicialmente as premissas institucionais e metodológicas da metodologia
Impare, posteriormente discute a epistemologia pedagógica que subjaz a visão educativa e
finalmente, evidencia os resultados dessa metodologia no contexto da educação pública no estado
do Rio Grande do Sul.
O contexto da educação básica brasileira sofre uma significativa mudança no ano de
2008 com a inserção da Lei 11.769/08 6 segundo a qual a música passa a ser conteúdo obrigatório
nos contextos educacionais do País. Acresce a complexidade da questão o fato deste conteúdo
Especialização em Ontopsicologia (AMF). Empresário, Docente Universitário, Diretor da Impare. Glauber@
impare.com.br.
2
Graduada em Licenciatura Plena em Música pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente e Pesquisadora
da Impare. [email protected]
3
Doutorando em Psicologia (PUC-SP). Empresário, Psicoterapeuta, Docente Universitário, Diretor da Impare,
[email protected]
4
Mestre em Educação (UFSM). Empresária, Docente Universitária, Pesquisadora e Autora da Impare. viviane@
ffcous.com.br.
5
IMPARE (do italiano): aprenda. A IMPARE inicia suas atividades no ano 2000 na cidade de Curitiba-PR
através do fundador da Metodologia o educador Glauber Benetti Carvalho. Em 2009 mudou-se para o Centro
de Arte e Cultura Humanista Recanto Maestro (Região Central do RS) onde se tornou referência em Educação
Musical para as redes públicas de ensino.
6
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a
obrigatoriedade do ensino da música na educação básica.
1
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estar ausente das escolas desde os anos 70.
A nova LDB, em 1996, instituiu a arte como disciplina curricular obrigatória em todos os
níveis da educação básica, mas, deixou livre a escolha da área a ser trabalhada na sala de aula, desta forma, como os professores com formação específica em música são minoria, ao contrário do
que poderia parecer, o ensino da música mais uma vez foi prejudicado (FONTERRADA, 2005).
Importante destacar que o conteúdo – ou mais contemporaneamente fruto das
discussões inerentes a Base Comum Curricular Brasileira 7, – o componente curricular música
volta a ocupar relativo destaque na educação básica brasileira. Entretanto, faz-se necessário,
para o escopo que se pretende no presente trabalho, a música na base de diversos modelos
educacionais ao longo da história da humanidade (BENETTI, 1986).
Embora a relevância da música no desenvolvimento humano e por isso sua presença
nos diferentes modelos educativos da humanidade, o hiato provocado pela sua ausência por
mais de trinta anos na educação brasileira, acabou por gerar importantes desafios para o
cumprimento da Legislação de 2008, anteriormente referenciada. Da ausência de normativas
através de Parâmetros Curriculares Nacionais sobre o tema, à escassa formação em nível de
graduação de profissionais nesse campo, encontram-se as unidades escolares sem referência
consistente para afrontar essa problemática.
Cientes dessa complexa questão, a Impare Educação, através de metodologia inovadora,
dedica-se a afrontar tal problemática propondo através de uma ação pedagógica nominada
“Musicalizando a Rede”, um Sistema de Ensino especializado em educação musical, segundo
o qual se busca oferecer aos sistemas de ensino públicos e privados, alternativa de qualidade e
com real viabilidade de implantação e viabilização, estratégia para a inserção do componente
música nos currículos escolares.
O presente artigo, desta feita, apresenta características da metodologia Impare na
inserção do componente música em redes de ensino público de municípios do estado do Rio
Grande do Sul (RS), bem como o expressivo público impactado por tal inserção respeitando
um recorte dos anos de 2014 e 2015. O presente trabalho, trás também dados qualitativos,
observados através de entrevistas realizadas junto a gestores educacionais de municípios do RS.
Os resultados evidenciam a relevância da metodologia Impare na formação profissional
diferenciada de educadores – e por consequência de discentes – das redes de ensino pública que
implementaram tal metodologia.
2. Desenvolvimento
2.1 Premissas institucionais e metodológicas IMPARE
A IMPARE educação é um sistema de ensino que há mais de 10 anos trabalha fundamentalmente para proporcionar a toda educação básica brasileira uma educação musical de qualidade.
A metodologia Impare está fundamentada na premissa de que todo ser humano é musical
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é uma exigência colocada para o sistema educacional brasileiro
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996; 2013), pelas Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais da Educação Básica (Brasil, 2009) e pelo Plano Nacional de Educação (Brasil, 2014), e deve se constituir
como um avanço na construção da qualidade de educação.
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por natureza, primeiro como potência e depois como ato. Esse ser musical quando atuado e em
dialética com o contexto se fenomeniza através da musicalidade. A palavra musicalidade é
composta por dois termos: o adjetivo musical, somado ao sufixo idade que significa modo de
ser. Portanto musicalidade significa um modo de ser musical.
As crianças que passam pelo processo de educação musical desenvolvem habilidades
no âmbito social, cognitivo, afetivo e psicomotor. Sendo assim, o objetivo principal da educação
musical é o de proporcionar as crianças os benefícios que ela é capaz de favorecer no processo
de desenvolvimento, principalmente a sensibilidade.
A metodologia IMPARE está sustentada também na certeza de que a música é um
instrumento de diálogo e aprendizado, ou seja, através dela aprendemos sobre nós mesmos e sobre
o mundo. Conhecer a música ajuda a compreender o mundo, sobretudo se é usada como recurso
para isso, conhecer o mundo através da música ajuda a compreender também a própria música.
Através dessa modalidade de aprendizagem desenvolvemos nosso sentido estético, onde
estética, do grego aishtikhv (aisthésis), e do português estesia, significa sensibilidade. Aqui,
sensibilidade ao belo, à proporção, à ordem, à harmonia. A partir do momento que reconhecemos
o belo, aquilo que nos agrada, complementamos assim o arco de conhecimento humano.
Através da aproximação com a música e com as artes, a estética pode vir a ser um
instrumento para a educação do sensível, levando-nos a descobrir formas até então inusitadas
de perceber o mundo. Por meio da experiência estética o homem desenvolve a capacidade
sensível e a percepção, construindo um olhar que o incentiva a perceber a realidade de diversos
ângulos, de diversos aspectos.
Posto isto, a IMPARE tem como missão desenvolver pessoas através da educação
musical, tem a visão de ser referência no desenvolvimento de pessoas através da educação
musical e valores como: saber servir, simplicidade, compromisso e estética.
2.1.1. Implementação da metodologia nas redes
Após a lei nº 11.769/2008 ser sancionada em 18 de agosto de 2008, conforme
já referenciado, a música passou a ser conteúdo curricular obrigatório nas escolas em toda
educação básica. Isso possibilitou a Impare tornar-se referência de educação musical em todo o
estado do Rio Grande do Sul através da implementação da sua metodologia.
A implementação da metodologia nas redes é feita através de três etapas distintas: uma
primeira etapa para introduzir chamada de “sensibilizar”, uma segunda etapa para aprofundar
chamada de “musicalizar” e uma terceira etapa para consolidar chamada de “educar musicalmente”.
A etapa de sensibilização permite que as crianças vivenciem os elementos musicais
e sonoros através do corpo ou com o contato com instrumentos musicais. A sensibilidade é
fundamental para o desenvolvimento integral da criança, pois a criança sensível tem maior
capacidade de organização emocional e cognitiva, além de favorecer a criação de melhores
relações interpessoais e melhor relação consigo mesma.
A etapa de musicalização consiste além de sensibilizar, desenvolver através de elemenAnais II Cong. Int. Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-07-6 | p. 224-232 | set. 2016.
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tos musicais norteados por regras a apropriação da linguagem musical. Na última etapa, a criança já compreende a linguagem musical e seus elementos, tornando-se educada musicalmente.
A implementação da metodologia IMPARE é composta de três pilares: assessoria,
capacitação e material didático.
A assessoria é dividida entre assessorias técnicas e assessorias pedagógicas com os
escopos de planejamento e gestão da implementação, bem como assessoramento pedagógico in
loco junto aos professores da rede; definição conjunta do modelo de implementação (estratégia
junto aos educadores); número de educadores e educadoras participantes em cada etapa; calendário
de capacitação; sensibilização; assessoramento quanto à inserção do conteúdo música nos Projetos
Político Pedagógicos das escolas e definições sobre o acompanhamento presencial do professor no
exercício das atividades musicais em sala de aula. Para que a educação musical seja integrada ao
Projeto Político Pedagógico de uma escola ela precisa ter uma matriz curricular própria para que
seus conteúdos sejam explicitados. Sendo assim, a IMPARE desenvolveu uma matriz curricular
seguindo a perspectiva das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.
A capacitação consiste em 80 horas ministradas in loco divididas em dois anos, com
conteúdos e atividades específicas para Educação Infantil e Anos Iniciais e Finais do Ensino
Fundamental. O processo de ensino e aprendizagem é teórico, prático, vivencial, caracterizado
pelo exercício das atividades a serem desenvolvidas em sala de aula.
O material didático é composto por Livros Didáticos de Educação Musical para os
educadores e educadoras com conteúdos e atividades pedagógicas para o ensino da música na
Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
A imagem a seguir evidencia o modelo metodológico de inserção do conteúdo música
nos dois primeiros anos.
Figura. Modelo Metodológico IMPARE de inserção do conteúdo música nos dois primeiros anos.
Fonte: IMPARE – Educação
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2.2. Consideações acerca da epistemologia pedagógica da metodologia IMPARE
Conforme assinalado, a natural musicalidade do ser humano e o entendimento de que
a música é uma linguagem fundamental para o entendimento e relação com o mundo, são
premissas da metodologia Impare. Ou seja, o conhecimento da música e da própria musicalidade
é fundamental à uma educação integral.
Particularmente na primeira infância esse elemento – a educação musical – toma particular
relevância. A criança nessa etapa está estabelecendo a relação sujeito-objeto, é o momento
de experimentar, de tocar8 e de viver essa possibilidade de ser musical através da linguagem
musical exposta pelo próprio corpo. Para Meneghetti (2005), a primeira manifestação musical é
orgânica. Isso promove e facilita a percepção estética da música que aos poucos é sublimada em
aspectos subjetivos, afetando a sua constituição de ser e estar diante da vida. Após essa vivência,
a percepção da linguagem musical torna-se cada vez mais necessária e natural para o alcance de
novas experiências, e gradativamente ela vai sendo apropriada e fazendo parte da constituição
enquanto sujeitos. Os exercícios desenvolvidos pela Metodologia Impare, foram concebidos
por meio de uma lógica natural de manifestação de ser musical, radicalizada na constituição
ontológica do ser humano. Esse ser musical ontológico é critério da pedagogia, depois, o modo
como ele se apresenta – a musicalidade (o modo de ser musical) – é inserido para fazer dialética
com as características do contexto cultural a qual a criança está situada. O modo de ser musical é
indiferente, desde que, seja baseado na radicalidade musical ontológica do ser humano.
Observando e analisando a manifestação do que é ser musical, a Metodologia Impare
percebe que as características homologadas são idênticas as características do Em Si ôntico. A
estética, a alegria, o inseico9, e a criatividade estão sempre presentes quando se passa a ser musical.
A Metodologia Impare está alicerçada nas premissas da OntoArte e da Pedagogia Ontopsicológica. A OntoArte é uma aplicação da ciência ontopsicológica na arte, ela não é uma escola
de técnica ou para fins terapêuticos, mas seu “intento é o de elucidar o sentido interno do prazer
estético” (MENEGHETTI 2004). A Ontopsicologia descobriu o Em Si ôntico, um princípio formal inteligente que faz autóctise histórica, e a passagem que consente o surgimento da OntoArte é
a aplicação desse princípio no mundo artístico. O Em Si ôntico é o critério da Ontopsicologia, um
critério de identidade da natureza do ser humano, isto é, “aquilo que o ser é aqui, assim e agora” e
que homologado em situação histórica apresenta 15 características dentre as quais “Estético” que
no devir histórico, as suas partes se relacionam para revelar uma proporção, mais
do que funcional, sobretudo metafísica. (...) No seu processo de atualidade, o Em Si
ôntico joga para ser belo e vencedor, para equiparar-se ao seu princípio: quando a
parte retorna, deve identificar a estética suprema (MENEGHETTI 2008).
Dessa forma OntoArte é um exercício do prazer estético na ocasião da atualização
do Em Si ôntico em autóctise histórica e, sendo assim, segundo Meneghetti todo movimento
da ciência Ontopsicológica é tendencial à OntoArte, pois ela é “(...) tudo aquilo que é igual à
Tocar (do latim tecum ago) = sou ação em ti, ajo contigo, agimos juntos, aconteço contigo (MENEGHETTI,
2014, p. 153).
9
Inseico: é uno, indiviso e sempre idêntico, como quer que se adapte ou opere (MENEGHETTI, 2014, p. 160).
8
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pulsão do Em Si ôntico na sua tensão ao absoluto. É OntoArte qualquer signo que presencie
essa tensão ao último metafísico; substancialmente tudo aquilo que reporta ao belo em si”
(MENEGHETTI 2003).
Portanto, OntoArte significa aquela arte que é capaz de fazer signo estético de acordo
com a intencionalidade do Em Si ôntico, uma arte, que antes de ter uma pátria, um território,
uma cultura, é ôntica e pode ser dialogada e entendida por qualquer ser humano. Qualquer
arte, mesmo fenomenizada dentro de uma cultura, mas que seja baseada no impulso ôntico, é
OntoArte, constitui evolução e superioridade.
A música OntoArte é música como ordem de vida, pois é a própria encarnação da ordem
psíquica inerente na dimensão ontológica do ser humano, seja ela feita com um vocabulário
de cinco, sete, doze ou mais notas, o que importa é o fazer estético para realizar a evolução
psíquica. A escola da OntoArte se preocupa com a “técnica interior”,
através da qual pode-se autenticar e exaltar qualquer estilo ou expressão artística.
Não se ensinam “ideias fixas”, mas se educa a pessoa com potencialidade artística a
enverar ou “inventar” a melhor relação de harmonia estética, o cromatismo existencial
segundo a sua individuação e inseidade” (MENEGHETTI 2004).
Fazer pedagogia artística, seja musical ou outra, é partir do quanto estético o ser humano
já e por natureza, é educar tendo como ponto de partida sua constituição de ser (ontológica)
em dialética com as estéticas culturais criadas nas quais o sujeito está posto. Dessa forma a
formação da pessoa perpassa pela dimensão ontológica e sócio-cultural, isto é, ela é capaz de
atualização na existência das suas potencialidades humanas, portanto faz autóctise histórica.
Através de um processo pedagógico em que favoreça a dimensão do ser, metodologia
Impare assume também as premissas da Pedagogia ontopsicológica que é “educar o sujeito a
fazer e saber a si mesmo: fazer uma pedagogia de si mesmo como pessoa líder no mundo, educar
um Eu lógico histórico com capacidades e condutas vencedoras” (MENEGHETTI, 2014, p. 14).
3. Resultados
Como resultado destes anos de trabalho percebemos que as atividades musicais
permitem desenvolver habilidades cognitivas, psicomotoras, emocionais, memória, linguagem,
aumento da autoestima e autoconfiança, disciplina, aumento da capacidade de autoexpressão,
bem como interação entre os sujeitos envolvidos no fazer musical, proporcionando ainda o
desenvolvimento de liderança e respeito mútuo. É visível, portanto, que a música permite
expandir o universo cultural e de conhecimentos, de modo geral, dos sujeitos, proporcionando
desenvolver a compreensão da multiplicidade de manifestações artística e estética, e sua
interrelação com o desenvolvimento social e histórico de uma coletividade.
As atividades e vivências musicais que são realizadas na educação, junto do exercício
e prática de obras musicais e do aprendizado de um instrumento, intensificam a constituição de
funções cognitivas e criativas em um ser humano ajudando a romper pensamentos prefixados,
indo em direção “à projeção de sentimentos, auxiliando-o no desenvolvimento e no equilíbrio
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de sua vida afetiva, intelectual e social, contribuindo para a sua condição de ser pensante”
(SEKEFF, 2002, p. 118). Os docentes capacitados são os primeiros beneficiados no trabalho
com a metodologia Impare, pois o processo educativo promove uma sensibilização que
aliada aos subsídios metodológicos oferecidos, culminam em uma qualificação significativa
de seus fazeres. Sendo assim apresentamos como dados quantitativos mais de 2000 docentes
capacitados, mais de 50 mil crianças sensibilizadas bem como 11 municípios contemplados nos
anos de 2014 e 2015 com a implementação da Metodologia Impare, são eles:
Tabela: Número de docentes capacitados por municípios do Estado do Rio Grande do
Sul pela metodologia IMPARE no período de 2014 e 2015
Prefeituras
2014
2015
Total
Uruguaiana
Ijuí
Rosário do Sul
Alegrete
Júlio de Castilhos
Santiago
Lagoa Vermelha
São Francisco de Assis
Restinga Seca
São João do Polêsine
Faxinal do Soturno
608
127
102
80
76
42
55
33
43
13
17
573
104
82
72
58
55
41
36
16
17
-
1.181
231
184
152
134
97
96
69
56
30
17
Total
Fonte: Chamadas das aulas ministradas pela IMPARE.
2.247
O levantamento de dados qualitativos, realizados através de entrevistas, contou com
a participação de três Secretários Municipais de educação dos Municípios de Alegrete, Ijuí e
São João do Polêsine, além do Coordenador Pedagógico do Município de Ijuí. A escolha deste
público, como naturalmente pode-se supor, deve-se a envergadura de backgroud técnico no
campo pedagógico, além da inerente responsabilidade fruto da função ocupada no contexto
educacional no qual estão inseridos.
O levantamento através da entrevista, a fim de responder a problemática posicionada
no presente trabalho, centrou-se na busca do entendimento dos impactos da inserção da
Metodologia Impare nas diferentes redes de ensino, bem como ao desenvolvimento do
profissionalismo docente, fruto deste trabalho. Dados aos limites inerentes ao formato do
presente artigo, optamos por destacar uma fala de cada entrevistado, que possibilita extrair
significativo conteúdo, as quais apresentamos a seguir...
“Neste trabalho que desenvolvemos nesses dois anos, é possível perceber na rede
municipal avanços significativos e expressivos que se incorporaram no dia-dia
da escola, que vem mudando a rotina de sala de aula e das vivências de práticas
de aprendizagem, que estão contribuindo muito para a qualificação da nossa
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proposta curricular para a rede municipal, para a qualificação de nossos docentes e
consequentemente na formação do cidadão, que é o nosso maior propósito e objetivo
como rede.” Eleandro José Lizot, Secretário de Educação de Ijuí.
“Pelo o que nós já temos visto, não só direto do trabalho nas escolas, mas também nos
depoimentos dos professores que estão participando das formações, a IMPARE tem
contribuindo muito nesse processo, na medida em que trás para nós uma metodologia de
ensino que não trabalha a questão da instrumentalização, mas a música como elemento
que se insere no processo de aprendizagem ajudando nossos alunos, melhorando seu
comportamento no processo de aprendizagem, além de qualificar o trabalho de nossos
professores, garantido para nós elementos significativos que comprovam o acerto que
fizemos em ter essa metodologia implementada pela Impare”. Valdir José Sandri –
Coordenador Pedagógico de Ijuí.
“A música é uma arte que tem a capacidade de trabalhar com o desenvolvimento
da imaginação, da criatividade, da disciplina e além do mais a música, na nossa
avaliação, é uma arte que dialoga com as demais artes, faz essa interlocução de uma
forma muito dinâmica. A participação, a cumplicidade que nós estabelecemos com a
IMPARE foi de relevância para essa inserção da música nas matrizes curriculares do
nosso município e fundamental na qualificação do fazer de nossos docentes.” Jorge
Sitó – Secretário de Educação e Cultura do Alegrete.
“Essa Metodologia, trouxe avanços não só para dentro da escola, mas para toda
comunidade, nos aspectos educacionais e formação integral dos nossos alunos e
qualificação profissional de nossos professores.” Maria Claci Bortolotto, Secretária
Municipal de Educação de São João do Polêsine.
Os elementos apresentados evidenciam tanto nos seus aspectos quantitativos – no
que se refere a abrangência da capacitação profissional possibilitada a partir da inserção da
metodologia Impare em redes de ensino públicas de Municípios do RS – quanto naqueles
qualitativos – observa-se a relevância através dos depoimentos dos gestores dos sistemas
públicos de ensino entrevistados – os impactos da inserção do conteúdo música nas escolas
através da metodologia Impare e o quanto essa oportunizou um diferencial no desenvolvimento
profissional dos educadores e qualificação dos discentes fruidores de tal abordagem pedagógica.
4. Considerações Finais
O presente artigo apresentou a metodologia de ensino em educação musical IMPARE,
enquanto instrumento inovador para o desenvolvimento do profissionalismo docente. Neste
contexto pessoas estão envolvidas com a educação musical, através da metodologia em questão,
em municípios do Estado do Rio Grande do Sul. O artigo apresentou ainda, os locais de inserção
da metodologia e trouxe relatos de secretários de educação e coordenadores pedagógicos
evidenciando os resultados de sua aplicação.
A IMPARE educação é um sistema de ensino que busca proporcionar a toda educação
básica brasileira uma educação musical de qualidade. Entre os anos de 2014 e 2015 foi aplicada
em 11 municípios, capacitando mais de 2000 docentes e sensibilizando mais de 50 mil crianças
de redes públicas e privadas.
A metodologia Impare está fundamentada na premissa de que todo ser humano possui
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um ser musical em potencial, primeiro como potência e depois como ato. Esse ser musical
quando atuado se manifesta através da musicalidade. A implementação da metodologia nas
redes é feita através de três etapas distintas: uma primeira etapa para introduzir chamada de
“sensibilizar”, uma segunda etapa para aprofundar chamada de “musicalizar” e uma terceira
etapa para consolidar chamada de “educar musicalmente”.
O artigo evidenciou através dos relatos que os municípios que estão aplicando a
Metodologia Impare estão tendo resultados significativos em relação à ação pedagógica e
profissionalismo dos docentes, desenvolvimento dos alunos, da escola e da comunidade em que
a metodologia está sendo implementada.
5. Referências
BENNETT, Roy. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
FONTERRADA, M. T. O. De Tramas e Fios: Um Ensaio Sobre a Música e Educação. São
Paulo: UNESP, 2005.
MENEGHETTI, Antonio. Dicionário de Ontopsicologia. 2. ed. rev. Recanto Maestro, RS:
Ontopsicologica Editrice, 2008.
MENEGHETTI, Antonio. Manual de Melolística. 2. ed. Recanto Maestro: Ontopsicologica
Editrice, 2005.
MENEGHETTI, Antonio. Manual de Ontopsicologia. 3. ed. Recanto Maestro, RS:
Ontopsicologica Editrice, 2004.
MENEGHETTI, Antonio. OntoArte: o Em Si da arte. 3. ed. Florianópolis: Ontopsicologica
Editrice, 2003.
MENEGHETTI, Antonio. Pedagogia Ontopsicológica. 3. ed. Recanto Maestro, RS:
Ontopsicológica Editora Universitária, 2014.
SEKEFF, Maria de Lourdes. Da música: seus usos e recursos. São Paulo: Editora Unesp,
2002.
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