V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 REALISM ISMO CIENTÍFICO ‘AOS PEDAÇOS S’: HÁ CONTINUIDADE N NAS REVISÕES DE TEORIAS CIEN NTÍFICAS? Tales Car arnelossi Lazarin Doutorado – Universid rsidade Federal de São C Carlos (UFSCar) taleslazari [email protected] ...aa melhor m defesa para o realismo [científico] é tentar re reconciliar o registro histó stórico com alguma forma de realismo. Para tanto, os rea realistas deveriam ser mais ais seletivos com respeito a que eles são realistas. Stathis Psillos O realismoo ccientífico pode ser enunciado como a tese dde que as teorias científicas são capazes de descrever o mundo tal como ele é,, aao menos com aproximação razoável, mes esmo em seus aspectos que não são diretamen ente observáveis cujos exemplos por excel celência são entes postulados por teorias ci científicas como elétrons, campos magnético ticos, genes e estados mentais, bem como su suas propriedades (carga elétrica, spin, etc...). ..). Esta questão a respeito da existência dos inobserváveis e da possibilidade de conhecê--los tem gerado intensa controvérsia noss eestudos sobre a ciência e, dentre as objeç jeções céticas que a tese realista tem receb cebido, há alguns argumentos importantes ba baseados em considerações sobre a possibili ilidade de que as teorias científicas sejam ssubstituídas em revisões radicais, isto é, que as teorias antecessora e sucessora di divirjam de modo drástico, talvez irreconci ciliável, em suas ontologias, em seu objeto de estudo e em seu discurso. Há uma tend endência muito recente em que autores realis listas, não apenas pressionados por tais argu rgumentos, mas também tentando reconciliar iar o histórico de teorias científicas abandon onadas com a tese realista de que as teoria rias científicas se aproximam de forma progre gressiva da verdade, oferecem reformulações en enfraquecidas em que as alegações realistass nnão se aplicam às teorias como um todo - como c ocorre nas defesas clássicas do realism ismo científico -, mas apenas a partes especiais iais dessas teorias, que seriam preservadas,, e talvez melhoradas, pelas teorias sucessor soras. A presente comunicação tem por obje bjetivo expor o contexto filosófico e científic ífico que motivou essas reformulações em qu que o realismo científico é defendido de form rma fragmentada - ISSN 2177-0417 - 57 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 ou ‘aos pedaços’50 -, bem be como discutir algumas das formula lações relevantes apresentadas na literatura qu que sejam possíveis pela limitação de espaço. Contudo, ant antes de prosseguir com essa exposição propria riamente, gostaria de esclarecer que a questão tão apresentada no título é uma espécie de pr provocação a ser deixada para o debate, ma mas que serve também como pano de fundo do ao assunto da presente comunicação, e po por isso peço que a tenham em mente. A qu questão remete ao relativismo com relação aaos conceitos e ao significado que é espo posado por Kuhn (1962/1996) e Feyerabend nd (1958/1988; 1981), cuja formulação maiss ddiscutida afirma que um episódio de substi stituição de teorias científicas gera uma mud udança radical na linguagem da área científica fica, o que impossibilita a tradução das sentença nças de uma teoria nos termos da outra. Fey Feyerabend afirma que teorias distintas não compartilham quaisquer enunciados em comum, ou seja, o discurso dessas teorias ias é sobre coisas radicalmente diferentes e não há, pois, qualquer continuidade ling inguística que se mantenha quando as armaações conceituais são substituídas. Isso min ina também uma condição essencial para que se possa afirmar que há progresso científic fico com relação a esses episódios, uma vez ez que progresso significa justamente o melh elhoramento com relação a uma situação aanterior, mas, no caso, tal comparação é impossível ser realizada. Desde já, porém ém, aviso que não pretendo responder de form orma categórica a essas afirmações ou à questã estão do título, mas penso que a exposição quee sse segue fornece subsídios para que os ouvin vintes (e leitores...) depois pensem por si mesm smos e tirem suas conclusões. O contextoo d de fragmentação do realismo científico A defesa ma mais promissora para a tese realista é explana anacionista, isto é, afirma-se que o realismo científico cie é a melhor ou a única explicação pos ossível para certas características distintivass da d ciência, e que, portanto, é a interpreta etação correta do conhecimento científico e das teorias científicas. Provavelmente, o aargumento mais difundido em favor dessa te tese é aquele de Putnam (1978/1984, p.141), ), qque diz que seria “um milagre” que as teorias ias científicas mais bem estabelecidas sejam tão bem sucedidas se não fossem ao menoss aaproximadamente verdadeiras. (Aceito aqui ui os critérios de LAUDAN, 1981/1984, p.2 p.222, que afirma que uma teoria é bem su sucedida “se faz previsões substancialmente te corretas, se leva a intervenções eficazes naa oordem natural, e se passa por uma bateria de testes padronizados”). 50 Fine (1991) introduz a sugesti stiva expressão ‘realismo em pequenas porções’ (piece ecemeal realism), que preferi verter como realismo cien ientífico ‘aos pedaços’. ISSN 2177-0417 - 58 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 Boyd (1984) 4) elabora a defesa de Putnam, afirmando qu que, dado que os métodos científicos são ap apoiados por teorias, e que essas teorias po podem mudar, o realismo científico passa a ser a única explicação possível para a consta statação de que os métodos científicos são in instrumentos confiáveis, uma vez que a av avaliação de sua confiabilidade deveria serr aalterada juntamente com as teorias em que ue estão apoiados. Defesas mais recentes doo realismo enfatizam o papel de previsões ‘o ‘originais’ (novel predictions), isto é, derivaç ações que eram inesperadas, de modo que a teo teoria não poderia ter sido projetada para acom omodá-las, e que os antirrealistas seriam incap apazes de explicar a não ser recorrendo à im implausível coincidência de que teorias form rmuladas para dar conta de uma gama de fenô nômenos se mostraram surpreendentemente be bem sucedidas no tratamento de fenômenoss ddistintos, que extrapolam o escopo pretendi ndido inicialmente para a teoria e que não fo foram previstos de antemão (cf. LEPLIN, 19 1997; CHIBENI, 2006). Os argumen entos de Putnam (1978/1984) e Boyd (198 984) servem não apenas como defesas em m favor do realismo, mas também podem ser lidos como formulações sintéticas de suas su posições realistas, o primeiro sustentand ndo que as teorias científicas ‘maduras’, toma madas como um todo, se aproximam de forma ma progressiva da verdade (o sucesso obtido do significando um substancial progresso ness esse sentido); e o segundo, para o qual tal ap aproximação é possível porque a ciência se ap apoia em métodos confiáveis (note-se, porém, m, que essa é uma via de mão dupla, pois te teorias científicas mais bem sucedidas també bém levariam à elaboração de métodos mais is confiáveis). As formulações de Putnam e Boyd são ‘canônicas’ do realismo cientí ntífico de teorias completas, e foram as prin principais propostas positivas apresentadas pelos pe realistas ao menos até o início da décad ada de 1990. Laudan (19 1981/1984) criticou em detalhe propostas stas de realismo convergente semelhantess a essas. Entretanto, exporei aqui apenass um dos pontos centrais dessa análise, o ch chamado argumento da indução pessimista,, por questão de brevidade. O autor parte de uma lista de teorias científicas que foram co consideradas bem sucedidas em suas épocas cas e posteriormente descartadas. Os itenss são: as esferas cristalinas da astronomiaa aantiga e medieval; a teoria humoral da me medicina; a teoria efluvial da eletricidade está stática; a geologia “catastrofista”, com seu com compromisso com um dilúvio (noélico) univer versal; a teoria do flogisto da química; a teoria ria do calórico do calor; a teoria vibratória ia do calor; as teorias da força vital da fis isiologia; o éter eletromagnético; o éter óp óptico; a teoria da inércia circular; e teor eorias de geração ISSN 2177-0417 - 59 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 espontânea. Laudan diz que essa lista poderia ser estendida “ad nause seaum” e procede indutivamente, afirmandoo qque, por esse histórico de teorias que foram ram anteriormente aceitas como bem sucedidas das e que hoje são consideradas falsas (i.e. cujo ujos inobserváveis postulados falham em se re referir), deve-se esperar que o mesmo eventu ntualmente ocorra com as teorias atuais. O arg argumento de Laudan visa cortar a relação exp xplicativa alegada pelos realistas entre a aprox oximação das teorias à verdade e o sucesso por or elas obtido. O realista ttem vários recursos para resistir à conc onclusão indutiva pretendida por Laudan (19 (1981/1984). Pode-se, por exemplo, tentarr m minar o suporte indutivo da conclusão, ne negando não apenas que essa lista possa ser se estendida ad nauseaum, mas também qu questionando a credibilidade a boa parte dos ex exemplos citados (cf. PSILLOS, 1999) - aoo menos m com relação aos padrões atuais de suc sucesso científico, que seriam muito mais exig igentes. Há, também, autores que afirmam que ue o argumento de Laudan incorre em uma falá falácia indutiva (cf. LEWIS, 2001; LANGE, 20 2002). Entretanto, parece não ser o aspecto for formal o que causa incômodo ao realista na aná análise de Laudan, e nem tampouco este parec rece se dissipar com a simples rejeição de seu argumento por um ou outro dos motivos cit citados. O ponto é qu que o argumento de Laudan parece explicitar itar que a ideia de progresso subjacente à tese se realista está em conflito com o registro hist istórico de teorias científicas abandonadas, ma mas sua análise não é a primeira a se apoiar em considerações sobre a possibilidade de m mudanças radicais nas ciências para apontarr pproblemas desse tipo, como disse de in início. A ocorrência de substituições de teorias com descontinuidades em suass oontologias, já notada por Kuhn (1962/1996), ), é suficiente para refutar a concepção de que ue o progresso ocorre de forma estritamentee ccumulativa, pois isso impossibilita que a teo teoria antecessora tenha todas as suas partess aassimiladas pela sucessora, o que gera inescapáveis in perdas de significado. Entreta etanto, é preciso considerar que isso não re refuta de imediato o realismo científico, po pois embora este requeira uma noção de pprogresso científico, essa não tem que sser estritamente cumulativa, isto é, o realism lismo científico pode suportar perdas de signifi nificado em algum grau, mas a noção de prog rogresso como aproximação à verdade aindaa é enfatizada por muitos autores como desejá ejável ou essencial (cf. PSILLOS, 1999). Em resposta ta a esses desafios, alguns autores realistas (com omo WORRALL, 1989; KITCHER, 1993; e PSILLOS, 1999) romperam com a tradiç dição do realismo científico, oferecendo ref reformulações fragmentadas da tese realist lista, em que as afirmações de realismo são restritas a certas partes especiais das teori orias científicas, e ISSN 2177-0417 - 60 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 não mais sustentadas com rrelação a teorias completas. A esperança é qque as partes das teorias responsáveis por se seu sucesso sejam isoladas, e que se mostre, e, com a ajuda de exemplos históricos, que es essas partes especiais sejam, via de regra, ‘carr arregadas’ para as teorias sucessoras. Em tese se, isso seria o suficiente não só para explicar car sucesso obtido pelas teorias abandonadas, s, m mas também para reconciliar a tese realistaa ccom a história da ciência. Isso porque, com a retenção (ou aperfeiçoamento) dessas part artes pelas teorias subsequentes, estaria asseg segurada uma continuidade entre as teorias qque se sucedem, afastando o espectro dass revisões radicais de teorias, e permitindo do uma noção de progresso consonante com m o realismo; e, nas análises mais avançada das, são as partes preservadas (ao invés de teorias como um todo) que são entend endidas como se aproximando cada vez mais ais da verdade, inclusive nos casos de substitu tituição de teorias. Passo a discorrer sobre dua uas dessas formulações: o realismo de entidad dades e o realismo de constituintes teóricos. Realismo de entidades O realismoo de entidades foi formulado simultaneamen ente por Hacking (1983) e Cartwright (1983). 3). Como suas propostas são mais antigas, a ten tendência atual de fragmentação do realismoo nnão havia ainda se delineado na literatura, e es esses autores são, na verdade, seus precursore ores. A proposta do realismo de entidades por or ambos deve-se não apenas a um descontent entamento com as formulações clássicas do real ealismo científico, mas, principalmente, porr cconsiderações antiteóricas particulares que ue cada um deles pretende defender. Cartwrightt (1 (1983) sustenta que leis científicas de grand nde generalidade, como a da gravitação, são, ão, estritamente falando, falsas, uma vez quee aas regularidades que descrevem só se realiz lizam na ausência de interferências que norma malmente ocorrem na natureza. Já Hacking (1 (1983) enfatiza que a atividade de experimen entação tem uma vida mais independente ddas teorias do que é comumente suposto, o, e justifica seu realismo a respeito de entid tidades inobserváveis com considerações sobre re a capacidade de manipulá-las e empregá-las las em aplicações tecnológicas. Ao relatar um eexperimento que tinha por objetivo detectar ar qquarks livres (cuja carga teórica é 1/3 da do elétron) em que pósitrons e elétrons eram aaspergidos por certos emissores em uma esf esfera de nióbio a baixas temperaturas comoo forma de controlar sua carga elétrica total, l, Hacking (1983, p.22-24) afirma a respeitoo ddos pósitrons e elétrons uma espécie de lema ma: “Se você pode aspergi-los, então eles sãoo rreais”. ISSN 2177-0417 - 61 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 Os dois auto utores afirmam que temos razão para acreditar ar na existência de entidades mesmo que suas uas descrições estejam incorretas, ou que as teorias que as mencionam sejam falsas.. P Porém, tal atitude antiteórica resulta em um uma tese realista bastante fraca, que apenas as afirma a existência de determinada entidad dade sem atrelá-la mais firmemente a qualqu quer teoria ou descrição em especial; e isso so termina por se revelar uma fraqueza, pois is o antirrealista tem uma resposta pronta essa ssa formulação, já que é possível aceitar todos os os efeitos diretamente observáveis sem quee sse concorde, por fim, com a existência aleg legada da entidade, uma vez que tais efeitos itos poderiam, em princípio ao menos, ser o re resultado de algo distinto. Entretanto,, eessa posição minimalista pode ser fortalecid cida (com alguma inflação ontológica...) afirm irmando-se não apenas a existência de certas tas entidades, mas também que elas possuem m certas propriedades de referência que sãoo instanciadas no mundo - e é justamente ess esse o caminho trilhado posteriormente por Ca Cartwright (1994). Ela diz, então, que as entid tidades a que se pode assentir existência sãoo aaquelas que têm certas ‘capacidades’ caus ausais bem estabelecidas, o que possibilit ilita uma defesa explanacionista do seu rea realismo, pois ela afirma também que taiss ccapacidades são necessárias para explicar os fenômenos observados. Realismo de constituintes teóricos Kitcher (199 993) introduziu uma formulação fragmentad tada do realismo científico, que Psillos (19 (1999) posteriormente elaborou e chamou dde realismo de constituintes teóricos. Ki Kitcher (1993, p.142) responde diretame mente a Laudan (1981/1984), dizendo quee sua análise é a mais sofisticada que ele já encontrou em oposição ao realismo cient entífico, mas que a conclusão obtida só é po possível porque o último “pinta com um pin pincel muito largo”, tomando cada teoria como com um bloco e distribuindo o sucesso obt btido igualmente entre suas partes, o que ge gera “correlações espúrias”, uma vez que Kit itcher entende que não são todas as partes de uma teoria que estão envolvidas em derivaç vações corretas. Assim, a aná nálise de Laudan (1981/1984) talvez seja insu suficiente porque, mesmo que as teorias pass assadas sejam consideradas bem sucedidas, é possível que as partes de suas ontologias ias que foram abandonadas não sejam, real ealmente, aquelas responsáveis por seu sucess esso, e seria incorreto incluir casos desse tipo po em sua célebre lista. Além disso, Kitcherr ((1993, p. 143) afirma, com relação aos outr utros exemplos da lista, que encontrou proble blemas com a atribuição de referência aos po postulados dessas ISSN 2177-0417 - 62 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 teorias, ou isso juntamente te com o problema citado anteriormente – muito mu embora não discrimine os exemplos que ue se enquadrariam em cada um desses casos. Kitcher (197 978, p. 520) também rejeita o relativismo conc onceitual de Kuhn (1962/1996) e Feyerabendd (1958/1988), que seria o resultado de “umaa leitura sensível de alguns episódios da ci ciência combinada com uma abordagem cr crua de questões semânticas”, afirmando que que o suporte às conclusões relativistas é retira tirado ao se adotar uma semântica mais sofisti isticada. Mais especificamente, Kuhn e Feyera erabend sustentam que mudanças no significad ado dos conceitos que ocorrem com a substitui ituição de teorias – como alterações em suass ddescrições - também acarretam em mudança ças na referência, isto é, as teorias passam aa discorrer sobre objetos distintos (cf. SAN NKEY, 2000); e Kitcher (1978, 1999) reco corre a uma concepção causal da teoria da referência para rejeitar tal conclusão. Na concepçã ção tradicional (descritivista), considera-se que qu a referência é estabelecida por uma descri crição (e.g. “o homem é um bípede implume”) ”) ou por uma lista descritiva. Porém, em umaa teoria causal (cf. KRIPKE, 1972/1980; PUT TNAM, 1975) há uma ‘cerimônia de batismoo’ em que um objeto é nomeado, e tal relação ção entre palavra e o objeto é aprendida e prese eservada através do tempo pelos usuários da li linguagem, o que se dá mesmo que sua descri crição esteja incorreta. Kitcher (1978) afirmaa qque os conceitos da ciência são sensíveis aa contextos, e que esses podem ser emprega gados nos modos descritivo ou causal de refer ferência. Assim, com m relação aos conceitos abandonados da ciênci ncia (e.g. flogisto), há momentos em que se de deve interpretá-los como falhando em se refe eferir, quando são empregados em descriçõe ões que se revelaram falsas (“o flogisto é emitido numa combustão”), mas em outro tros momentos o modo causal é empregado, me mencionando algo que é responsável por certa rta propriedade observável (“aquilo que susten stenta a respiração de ratos” - chamado entãoo dde ‘ar deflogisticado’); e Kitcher (1978, 1993 93) diz que nesses casos os termos se referem m, com correspondência na terminologia atual ual (i.e. oxigênio). Dessa maneira, o autor amp mpara a ideia de que há relações de referência ia preservadas nas substituições de teorias, ee ta também sustenta um realismo progressivo, af afirmando que há uma crescente estabilidade de dos inobserváveis postulados na história da ciência que são responsáveis por derivações ões bem sucedidas. Com relaçã ção a Psillos (1999), ele segue uma lin linha fortemente kitcheriana, mas conseguee rrealizar alguns progressos relevantes. É inter teressante destacar que Psillos (1999, p. 108 08) sustenta que não apenas inobserváveis is postulados são ISSN 2177-0417 - 63 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 ‘carregados’ para as teorias rias sucessoras (como afirma KITCHER, 1993 93), mas também “leis teóricas e mecanismo mos” envolvidos em derivações bem sucedid didas, isto é, seu realismo, mesmo fragment ntado, suporta um nível maior de generalida dade. Isso porque (diferindo de Kitcher, que ue aposta na referência estável dos postulad lados efetivos em derivações) Psillos adota uuma concepção de confirmação parcial, ou se seja, é o sucesso das derivações que é em empregado para identificar as partes de teo teorias mais bem confirmadas, cujos inobserv erváveis postulados há razão para assentir exis xistência. Por fim, ele também emprega umaa teoria mista (i.e causal e descritiva) da re referência, como forma de assegurar que os conceitos continuem a se referir a seus obj objetos quando há substituições de teorias cien ientíficas, e com isso o mesmo se dá com ass le leis teóricas e os mecanismos bem sucedidos os assentados sobre eles. Conclusão Termino co concordando com Psillos (1999), afirmand ndo que defesas fragmentadas do realismoo pparecem não somente a melhor alternativa pa para responder às objeções baseadas em consi nsiderações sobre revisões científicas, mas tam ambém para tentar reconciliar o registro históri tórico de teorias científicas descartadas com a nnoção realista de progresso como conducente nte à verdade. Entretanto, para estabelecer ess essas conclusões é necessário recorrer a estudo udos de caso detalhados que mostrem se há pa padrões gerais de retenção em substituiçõess de teorias científicas com relação a uma ggama de tópicos científicos, em especial aqu aqueles que desenvolveram teorias bem sucedi edidas e das quais foram derivadas previsõess ooriginais. Referência BOYD, R. N. The current nt status of scientific realism. In: LEPLIN, J. (ed.). Scientific realism. Los Angeles: Univ iversity of California Press, 1984. CARTWRIGHT, N. Natu ature's capacities and their measurement. 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