LO-LA e NO

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comunicação e expressão
por J. B. Oliveira*
LO-LA e NO-NA...
Esta frase: “É preciso fazer ELE entender: surpreenderam ELE em conversas que ligavam ELE ao
grupo suspeito. Gravaram ELAS e chegaram até a
reproduzir ELAS em vídeo” fica um tanto estranha,
não fica? Os pronomes pessoais do caso reto ELE
e ELA estão presentes várias vezes nesse pequeno
trecho, tornando-o repetitivo, pesado e sem graça. É
para evitar que isso aconteça que são utilizados os
pronomes pessoais do caso oblíquo!
A essa altura, talvez valha a pena recordar essa
história de pronomes, não é mesmo?
Por definição, pronome é a palavra que substitui
ou acompanha o substantivo. Pronome pessoal, por
sua vez, é aquele que se refere às pessoas do discurso.
Será pessoal do caso reto quando exercer a função de
sujeito: eu, tu, ele (ela); nós, vós, eles (elas).
Será pessoal do caso oblíquo quando funcionar
como complemento verbal – ou seja: objeto direto ou
indireto: me, mim, comigo; te, ti, contigo; o, a, lhe,
se, si, consigo; nos, conosco; vos, convosco; os, as,
lhes, se, si, consigo.
Por fim, se sua função for a de designar como
deve se tratar alguém, será pronome pessoal de
tratamento: você, senhor, senhora, vossa senhoria,
vossa excelência, vossa alteza, vossa majestade
vossa eminência etc.
Voltando à frase inicial, ela seria redigida assim:
“É preciso fazê-LO entender: surpreenderam-NO
em conversas que O ligavam (ou ligavam-NO) ao
grupo suspeito. Gravaram-NAS e chegaram até a
reproduzi-LAS em vídeo”.
Bem, parece que o que ficou estranho agora foi
o surgimento do L e do N, que não estavam citados
na “revisão gramatical” acima!
Então vamos esclarecer.
Todas as vezes em que uma flexão verbal terminada por R, S ou Z for receber os pronomes oblíquos
O, A, OS, AS, as consoantes citadas (R, S e Z) desaparecerão e, ao lado dos pronomes oblíquos referidos (O,
A, OS, AS) será acrescentada a consoante L, assim:
dizê-LO admiraR-A
dizeR–O
quiS-O
feZ-O
qui-LO
pôs-O
admirá-LA
pô-LO
fê-LO
O acento circunflexo (“chapeuzinho”, para os
íntimos) e o agudo surgiram em dizê-lo, fê-lo, pô-lo
e admirá-la porque, nessa situação, as flexões verbais
passaram a ser palavras oxítonas terminadas pelas
vogais A, E e O e se submetem às regras gramaticais
da acentuação gráfica.
Se, entretanto, a flexão verbal terminar por M
e tiver que receber os mesmos pronomes O, A, OS,
AS, a estes pronomes se agregará a consoante N,
desta forma:
gravaraM-AS
reproduziraM-AS
roubaraM-OS
aceitaraM-A
gravaram-NAS
reproduziram-NAS
roubaram-NOS
aceitaram-NA
É indispensável alertar para o fato de que essas
regras se aplicam ao caso dos pronomes oblíquos O,
A, OS, AS – que funcionam como objeto direto – e
nunca aos também oblíquos LHE, LHES – que atuam
SEMPRE como objeto indireto. Em consequência,
as formas: dizeR-LHE, informar-LHES, pôS-LHES,
feZ-LHES e semelhantes NÃO SOFRERÃO QUALQUER ALTERAÇÃO: embora as flexões terminem
por R, S e Z, conservarão a mesma forma: dizer-LHE,
informar-LHES, pôS-LHES, feZ-LHES etc.
Assim quer a gramática. Assim devemos proceder!
* J. B. é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras.
[email protected] | www.jboliveira.com.br
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