Análise do filme Os Escritores da Liberdade

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Análise do filme Os Escritores da Liberdade
Como citá-lo?
MENESES, Karolaine Silva. Análise do filme Os Escritores da Liberdade. 2016. Disponível em:
https://ensaioliterario1.wordpress.com/2016/10/15/os-escritores-da-liberdade-erin-gruwell/
Acadêmica:
Karolaine Silva de Meneses
FOZ DO IGUAÇU
2016
Os Escritores da Liberdade (2007)
O filme Os Escritores da Liberdade estreou em 2007, e retrata a história
baseada em fatos reais (nos diários do alunos da sala 203 da Escola Woodrow
Wilson – California) de uma professora que resolveu apostar em seus alunos.
Diferente da maioria dos docentes da escola, e de toda uma sociedade que
insistia em marginalizá-los, ela passou a olhar para eles esperançosamente,
acreditando e fazendo-os acreditar que eles poderiam sonhar, mesmo muitos
dizendo e demonstrando que eles já haviam fracassado pela própria condição
de sua existência.
A Psicologia Escolar entende que normalmente a queixa que se têm
desses jovens “problemas” é em relação a dificuldade de aprendizagem, e
vários estudos já comprovaram que essa dificuldade de aprendizagem e um
comportamento considerado inadequado é fruto também das condições
econômicas e sociais a que esse indivíduo está exposto. O que se traz a partir
desses estudos são reflexões e questionamentos acerca do quanto é
designado ao aluno toda a carga do seu fracasso, e salienta-se que há também
a necessidade de voltar o olhar para a qualidade do ensino a que essas
crianças estão sendo submetidas, como também aos estereótipos que se
designam a elas (MACHADO; SOUZA, 2010).
No filme é retratado esses estereótipos muitas vezes atribuídos aos
alunos considerados “excluídos”. Nos primeiros 10 minutos do filme há uma
cena em que os alunos da sala 203 deixam claro, explicitando verbalmente,
que eles percebem que a classe deles é a “classe dos burros”, onde são
mandados os alunos que a escola descredita. A professora Erin Gruwell, faz o
papel reverso da exclusão que a escola propaga, levando a sala de aula
elementos pertencentes a realidade desses alunos, como em uma cena onde
ela leva músicas do rapper Tupac Shakur, muito ouvido no contexto de
periferia, violência, formação de gangs, e omissão do Estado a que esses
jovens estão expostos.
É discutível essa ideia de educação que vem sendo veiculada ao longo
do tempo. Valle (2003) salienta que a escola tem que apropriar-se do papel de
incluir os que não estão de acordo com o padrão de ensino mínimo sugerido, e
não agir de modo excludente àqueles que não se adequam ao modelo de
ensino vigente. A escola teria então o papel de trazer novas alternativas e
métodos de ensino para englobar aqueles que não conseguem se adequar ao
ensino tradicional.
Um dos alunos da “classe de risco” diz em uma determinada cena
“quando olho o mundo não vejo ninguém parecido comigo e com o bolso cheio
de dinheiro, que não seja fazendo rap ou batendo uma bola”. Em meio a esse
contexto de desesperança por parte dos alunos, e descrença por parte da
escola e da comunidade, a professora Erin age de encontro com a ideia tratada
no parágrafo anterior de incluir àqueles considerados não adaptados. Ao tentar
emprestar livros na biblioteca da escola para os alunos da turma a professora
se vê indignada frente a recusa de Campbell, chefe de departamento da
escola, que alega que aos alunos dessas turmas desacreditadas só se
disponibiliza versões condensadas dos livros e não versões integrais, para
evitar que eles estragassem as edições mais caras e difíceis de obter.
A professora não se conforma com essa recusa e busca meios para
fazer com que esses materiais cheguem aos alunos. Erin passa então a
trabalhar em outros dois empregos (chegando por conta disso ter o pedido de
divórcio por parte do seu então marido) para conseguir levar a esses alunos
coisas que até então haviam somente sido negada a eles. Ela então
desenvolve diversas atividades, como por exemplo o pedido para que os
alunos escrevessem em um diário tudo o que quisessem, e ela só leria esses
diários caso eles quisessem. A senhora G. (como também é chamada) também
compra exemplares novos de livros (entre eles O Diário de Anne Frank) e os
entrega aos alunos, além de desenvolver atividades como passeios a lugares
históricos (como um museu do holocausto), e convite para pessoas que
participaram desses momentos irem à escola para uma conversação com os
alunos.
Machado e Souza (2010) reforçam a ideia de que mudando a maneira
de olhar a educação e o contexto escolar, mudar-se-iam também as práticas
em relação aos professores, pais, alunos, e sobretudo mudar-se-ia a maneira
do psicólogo escolar praticar suas intervenções. O filme Os Escritores da
Liberdade traz essa sensibilização para o ambiente escolar, onde os alunos da
professora Erin Gruwell passaram a mostrar um progresso significativo quando
ela enquanto educanda mostrou sensibilidade à realidade e limitações deles,
chegando muitos deles ao final do ensino médio serem admitidos em diversas
universidades.
“Eu desejava fazer Direito, mas quando se defende um garoto no tribunal é que
já se perdeu a guerra. A verdadeira luta deveria acontecer aqui na sala de
aula.” Erin Gruwell – Os Escritores da Liberdade
Referências
ESCRITORES da Liberdade. Direção: Richard Lagravenese. Produção: Danny
DeVito, Michael Shamberg e Stacey Sher. EUA, Paramount Pictures, 2007. 1
bobina cinematográfica – cor – 122 min.
MACHADO, A. M.; SOUZA, M. P. R. Psicologia Escolar: em busca de novos
rumos. 5 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. 196 p.
VALLE, Luiza Elena Leite Ribeiro do. Psicologia escolar: um duplo
desafio. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 23, n. 1, p. 22-29, Mar. 2003.
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141498932003000100004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 12 Set. 2016.
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