T r a c ç ã o l é c t r i c a E E r T 2008 — o3 /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Nos veículos eléctricos de caminho de ferro para além dos sistemas de frenagem baseados na dissipação em calor da energia cinética excedentária pelo atrito de cepos sobre as rodas, existem outros sistemas baseados na actuação de um freio linear. O freio linear pode actuar por acção mecânica ou por acção electrodinâmica. O comando do freio linear pode ser feito por acção mecânica ou pela actuação de um electroíman, como no freio magnético {que efectivamente é um freio mecânico!}. freio por atrito freio linear freio magnético freio electrodinâmico Aplicação do freio linear nos antigos carros eléctricos da Companhia Carris de Ferro de Lisboa. © Manuel Vaz Guedes, 2008 Assunto — 04/ Mar/20 08 Tracção Eléctrica Aspectos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável A Tracção Eléctrica em Portugal TRACÇÃO TrE ELÉCTRICA TRACÇÃO ELÉCTRIC A Tr E /////////////////////////////////////////////////// 2008 — o3 Os freios lineares são, geralmente, empregues como freios de emergência em veículos que têm outro tipo de freios (freios de cepos). O freios lineares mecânicos são constituídos por um patim, único ou articulado, situado debaixo do chassi (truck) no prumo do carril e que é accionado por um sistema de alavancas. O movimento dessas alavancas faz abaixar o patim que passa a atritar fortemente sobre o carril. O resultado é uma frenagem brusca e enérgica. O comando do freio pode resultar de uma acção mecânica de um sistema de manivela, ou de um sistema de ar comprimido. Os freios lineares magnéticos constituem um tipo de freio linear mecânico, em que o comando do freio — a acção que provoca o início do atrito do patim no carril — resulta da actuação de um electroíman. É um tipo de comando que pode levar a uma actuação mais rápida do freio e que aproveita o facto do veículo estar electrificado. Estes tipos de freios — freios lineares mecânicos e freios lineares magnéticos — actuam sempre por atrito de duas peças: no passado os patins eram em madeira e o carril em aço, enquanto que na actualidade se utilizam patins em materiais compósitos (a velocidade máxima limite do emprego é de 180 km/h). Um outro tipo de freio linear é o freio electrodinâmico. É um freio por correntes de Foucault — utiliza o efeito electromagnético dinâmico entre um campo magnético e as correntes eléctricas por ele criadas {correntes de Foucault} num corpo metálico {o carril} situado na vizinhança da bobina indutora. O princípio físico subjacente cria três inconvenientes característicos deste tipo de freio: para funcionar o freio electrodinâmico necessita da criação de um campo magnético por uma bobina; tal obriga a que o veículo esteja alimentado em energia eléctrica ou que transporte uma fonte de alimentação (acumuladores); no corpo metálico — o carril — surgem correntes eléctricas turbilhonares devido à força electromotriz induzida pelo movimento relativo entre o corpo metálico e o campo magnético, em microcircuitos no corpo metálico. Devido à lei da indução a amplitude do efeito de frenagem de um freio electrodinâmico é função directa da velocidade do veículo, por isso diminui com a diminuição da velocidade !! {pode não provocar a paragem completa do veículo!}. através do fenómeno electrodinâmico a energia cinética do veículo é dissipada em calor por efeito Joule {não existe contacto físico e não há atrito entre a bobina e o carril}; o elemento de dissipação do calor é o carril que assim impõe um intervalo de tempo largo entre duas actuações sucessivas de um freio electrodinâmico no mesmo local {não serve para linhas de grande cadência de circulação (4 min)}. Neste tipo de freio o campo magnético criado pelo carril pode provocar o aparecimento de correntes de Foucault na cabeça do carril (sentido transversal) ou ao longo do carril (sentido longitudinal) {o que constitui um inconveniente pelas correntes de Foucault poderem interferir com as correntes eléctricas do sistema de sinalização da via}. Os freios lineares foram utilizados nos primeiros carros eléctricos que circularam na cidade do Porto em 1895, mas mais tarde deixaram de ser utilizados, devido à ondulação que a sua actuação provocava nos carris, além do que era possível obter uma frenagem brusca do carro eléctrico por frenagem reostática seguida de frenagem mecânica (pneumática){mesmo com o veículo desligado da linha aérea}. – MVG – © Manuel Vaz Guedes, 2008 TRACÇÃO E r T ELÉCTRICA