BALANÇO 2015 2016 PERSPECTIVAS CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL – CNA CONSELHO DELIBERATIVO DO SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR INSTITUTO CNA DIRETORIA EXECUTIVA 2015 TRIÊNIO 2014-2017 João Martins da Silva Junior CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente do Conselho Deliberativo e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA Titulares Presidente João Martins da Silva Junior Vice-Presidente Executivo Roberto Simões (MG) Vice-Presidente de Finanças Eduardo Corrêa Riedel (MS) Vice-Presidente de Secretaria José Zeferino Pedrozo (SC) Vice-Presidente Diretor José Mário Schreiner (GO) Vice-Presidente Diretor Júlio da Silva Rocha Júnior (ES) Vice-Presidente Diretor Carlos Rivaci Sperotto (RS) Vice-Presidente Diretor Assuero Doca Veronez (AC) Vice-Presidente Diretor Mário Antônio Pereira Borba (PB) Representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA TitularesSuplentes Assuero Doca Veronez José Alvares Vieira José Mário Schreiner Roberto Simões Carlos Rivaci Sperotto Muni Lourenço Silva Júnior Flávio Viriato de Saboya Neto Eduardo Correa Riedel Rodolfo Tavares Ágide Meneguette Representantes da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG TitularesSuplentes Alberto Ercílio Broch Aristides Veras dos Santos Juraci Moreira Souto Elias D’Angelo Borges Alessandra da Costa Lunas Antoninho Rovaris José Wilson de Sousa Gonçalves David Wylkerson Rodrigues de Souza Dorenice Flor da Cruz Willian Clementino da Silva Matias Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE TitularSuplente Edson Luís Gonçalves André Roberto Menegotto Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA TitularSuplente CONSELHO FISCAL Titulares Álvaro Arthur Lopes de Almeida Renato Simplício Lopes Raimundo Coelho de Souza Presidente Roberto Lúcio Rocha Brant Luciano Marcos de Carvalho Márcio Cândido Alves Representantes do Ministério da Educação – MEC TitularSuplente Marcelo Machado Feres Diretor Financeiro Muni Lourenço Silva Junior José Zeferino Pedrozo José Mário Schreiner Suplentes Roberto Simões Mário Antônio Pereira Borba Renato Simplício Lopes Andrea Barbosa Alves CONSELHO FISCAL Titulares José Álvares Vieira Júlio da Silva Rocha Junior Eduardo Corrêa Riedel Suplentes Carlos Rivaci Sperotto Luiz Iraçu Colares Otília Rieth Goulart Carlos Artur de Carvalho Arêas Representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB SECRETARIA EXECUTIVA TitularSuplente Suplentes José Álvares Vieira Luiz Iraçú Guimarães Colares Eduardo Silveira Sobral (In memoriam) Renato Nobile Tânia Regina Zanella Representantes da Confederação Nacional da Indústria – CNI TitularSuplente José Carlos Lyra de Andrade Amaro Sales Araújo CONSELHO FISCAL Representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA TitularSuplente Renato Simplício José Hilton Coelho de Sousa Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG TitularSuplente Maria José Morais Costa Zenildo Pereira Xavier Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE TitularSuplente Flávio Pércio Zacher Fabrício Valle Dutra Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA TitularSuplente Carlos Alberto Nunes Batista Gutemberg Barone de Araujo Nojosa Representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB TitularSuplente Antonio Luiz Feitosa SECRETARIA EXECUTIVA Secretário Executivo Daniel Klüppel Carrara Sanller Bosco Lopes Nonato Secretário Executivo André Vicente de Sanches BALANÇO 2015 2016 PERSPECTIVAS BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 #02 #03 01. ECONOMIA BRASILEIRA E MUNDIAL EM 2015 E PERSPECTIVAS PARA 2016 02. PIB E PERFORMANCE DO AGRONEGÓCIO 03. VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) 04. POLÍTICA AGRÍCOLA 31 39 06. MERCADO INTERNACIONAL 07. CEREAIS, FIBRAS E OLEAGINOSAS 10. FRUTICULTURA 11. SILVICULTURA 75 81 87 12. BOVINOCULTURA DE CORTE 95 13. BOVINOCULTURA DE LEITE 101 107 15. SUÍNOS 16. PESCA 45 69 09. CANA-DE-AÇÚCAR 14. AVES 19 25 05. BALANÇA COMERCIAL DO AGRO 08. CAFÉ 13 113 119 17. AQUICULTURA 125 18. OVINOS E CAPRINOS 19. MEIO AMBIENTE 131 137 20. RECURSOS HÍDRICOS 143 21. EMPREENDEDORES FAMILIARES RURAIS 22. ASSUNTOS DO NORDESTE 23. ASSUNTOS FUNDIÁRIOS 149 155 161 24. INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA 167 25. TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL 175 26. SENAR EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA 181 27. INSTITUTO CNA ESTUDOS E PESQUISAS SOCIAIS E DO AGRONEGÓCIO 193 7 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 SUMÁRIO MISSÃO RENOVADA EM 2016 Os indicadores econômicos posicionam os números da produção agropecuária como pilar da sustentação econômica brasileira. De fato, o desempenho da atividade rural no Brasil alcança marcas invejáveis. Marcas que colocam o País entre os principais produtores de alimentos do mundo, com produtividade, frequentemente, superior ao de países desenvolvidos. Em 2015, não foi diferente. Porém, a habitual vocação introspectiva impede de nos vangloriarmos por continuar a transformar o Brasil em reconhecida potência mundial produtora agrícola e pecuária. Permanecemos preocupados com as agruras da falta ou excesso de chuva, a instabilidade dos preços, os altos custos dos insumos e os problemas de escoamento da safra. Produzir, em meio a tantas adversidades, exige determinação, disciplina, muito trabalho e amor pelo que se faz. Muito mais conseguiríamos fazer se os ambientes, nas diversas esferas, jurídica, econômica, política e tributária, fossem menos hostis. Entre os esforços desenvolvidos em 2015 para um planejamento de longo prazo, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reuniu, em seminário, especialistas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, do governo brasileiro e do setor privado para discutir um modelo de seguro rural eficiente. Continuamos dispostos a discutir uma política agrícola mais eficaz e previsível, de caráter plurianual, que atenda às necessidades da produção rural. Estamos comprometidos com a sustentabilidade ambiental e, por isso, realizamos encontro internacional para debater o uso da água para consumo humano e para a produção de alimentos. Especialistas brasileiros e representantes de Israel, Estados Unidos e Austrália debateram, com profundidade, a gestão dos recursos hídricos. A agropecuária passou por várias transformações nas últimas três décadas – fruto do trabalho de todos nós, produtores brasileiros, pequenos, médios e grandes, realizado com o apoio da CNA. Hoje, o alimento é seguro e barato para a população. Esta continuará sendo a nossa missão em 2016. João Martins da Silva Junior Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) 01. ECONOMIA BRASILEIRA E MUNDIAL EM 2015 E PERSPECTIVAS PARA 2016 #09 A origem da tormenta pode ser considerada global – tendo afetado países emergentes em geral, sobretudo aqueles que, como o Brasil, são grandes exportadores de commodities. Mas tomou proporções mais significativas aqui, em função de problemas particulares à nossa conjuntura. O objetivo deste texto é relembrar a evolução recente da conjuntura global e seus efeitos sobre a economia brasileira, buscando identificar as dificuldades particulares à nossa conjuntura que contribuíram para aprofundar a crise econômica. Em seguida, serão apresentadas perspectivas para o desempenho das economias mundial e brasileira em 2016. ECONOMIA MUNDIAL: CRESCIMENTO DESBALANCEADO O ano de 2015 foi marcado por crescimento global desbalanceado. No geral, as economias desenvolvidas, sob a liderança dos EUA, registraram moderada aceleração do crescimento, num contexto de consolidação da trajetória de gradativa recuperação da forte crise financeira do final da década passada. Já a maioria das economias emergentes apresentou forte desaceleração, sendo que algumas adentraram terreno recessivo. Dois elementos, em particular, tiveram forte influência nesse desempenho decepcionante das economias emergentes. Primeiro, a expectativa de que o FED – o banco central dos EUA – começará a elevar a sua taxa básica de juros, depois de mantê-la no intervalo de zero a 0,25% por sete anos. A perspectiva de elevação de juros nos EUA, em resposta à consolidação da trajetória de recuperação da maior economia do mundo, aumentou a demanda global por ativos norte-americanos, provocando valorização significativa do dólar, ao mesmo tempo em que reduziu o apetite dos investidores globais por ativos emergentes, considerados de maior risco. BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 A economia brasileira atravessou uma forte tormenta em 2015. Uma tormenta que veio se formando desde o começo da década, tomou proporções intensas e ainda não deu mostras de dissipação consistente (devendo, portanto, se estender para 2016). 01. Economia brasileira e mundial em 2015 e perspectivas para 2016 ATRAVESSANDO A FORTE TORMENTA #010 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 01. Economia brasileira e mundial em 2015 e perspectivas para 2016 O segundo elemento a pesar sobre o desempenho dos emergentes tem sido a desaceleração da economia chinesa. A China está atravessando um processo de rebalanceamento, que implica o deslocamento do eixo dinâmico de sua economia do investimento estatal para o consumo privado; do setor industrial para o setor de serviços. As transformações na economia chinesa vêm, com isso, provocando expressiva desaceleração na sua demanda por commodities, em particular energéticas e metálicas. Nessas circunstâncias, o esfriamento econômico foi particularmente expressivo nas economias emergentes em que a produção e a exportação de commodities têm peso importante na atividade econômica – como no caso da maioria das economias latino-americanas (em contraponto às economias emergentes da Ásia, que são importadoras líquidas de commodities, e tiveram desaceleração mais moderada). É interessante notar, todavia, que aquelas economias emergentes da América Latina que, mesmo num contexto global adverso, preservaram políticas internas voltadas ao equilíbrio das contas fiscais e ao controle da inflação (como Peru, Colômbia e Chile) registraram esfriamento econômico menos intenso. Já as economias que (como a Argentina e o Brasil) insistiram na preservação de políticas voltadas à promoção do crescimento, em detrimento do equilíbrio fiscal e do controle da inflação, registraram esfriamento pronunciado. Esse quadro global desfavorável às economias emergentes, em especial da América Latina, não deverá se alterar substancialmente em 2016. É verdade que os preços de ativos e moedas emergentes já se ajustaram a esse quadro complicado – de modo que nova rodada de desvalorização de moedas emergentes não parece estar no radar; mas o desempenho econômico dos emergentes em geral tende a seguir fraco por mais algum tempo. ECONOMIA BRASILEIRA: O AJUSTE E SUAS DIFICULDADES A forte deterioração dos fundamentos da economia brasileira em 2013 e 2014 – decorrente da combinação de cenário externo adverso com políticas internas desalinhadas – obrigou que, em 2015, o governo brasileiro promovesse ajustes expressivos na condução da política econômica. Os ajustes envolviam, principalmente, medidas de natureza restritiva: cortes de despesas públicas e aumento de tributos e contribuições; realinhamento de preços controlados (sobretudo de energia elétrica e combustíveis); e aperto da política monetária, uma vez que a inflação superou o teto da meta pela primeira vez em dez anos. A adoção desses ajustes chegou a ser bem-recebida pelos mercados no começo do ano, quando as pressões sobre o risco-Brasil e sobre a nossa taxa de câmbio chegaram a refluir. Mas a “lua-de-mel” foi bastante fugaz; o clima de desconfiança e a deterioração das expectativas retornaram com intensidade surpreendente ainda no 1º trimestre do ano. Com o governo bastante fragilizado – no Congresso, junto à população e a opinião pública –, a espiral de deterioração política e econômica se aprofundou ao ponto de provocar uma contração da atividade doméstica de intensidade não vista desde o início da década de 1990. Com efeito, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve encerrar 2015 com contração próxima a 3%. Nessas circunstâncias em que, além do conturbado quadro político, também a recessão econômica vem dificultando o ajuste das contas públicas, as principais agências de classificação de risco vêm ameaçando retirar o selo de bom pagador – o chamado “grau de investimento” – do governo e das principais empresas brasileiras. Isso vem repercutindo em forte piora do risco-Brasil, relativamente ao risco de outras economias emergentes, provocando expressiva depreciação da nossa moeda. De fato, a cotação do câmbio, que iniciara o ano em pouco mais de R$ 2,50 por dólar, caminha para fechar 2015 nas proximidades de R$ 4,00 por dólar. Essa forte desvalorização cambial provocou expressivo aumento de custos na cadeia produtiva doméstica; e, num contexto de realinhamento dos preços controlados, levou a inflação para a casa dos 10% em 2015. Para combater os efeitos inflacionários da conjuntura adversa, o Banco Central tem mantido a política monetária em terreno restritivo: a taxa básica de juros foi elevada a 14,25% ao ano – e tende a ser mantida nesse nível até que refluam as pressões associadas à depreciação cambial e ao realinhamento de preços administrados. Assim, o ano de 2015 se encerra deixando heranças desfavoráveis para 2016: a economia em anemia profunda; a inflação em dois dígitos; e o governo, bastante fragilizado, encontrando sérias dificuldades para implementar ajustes capazes de resgatar a confiança do setor privado. 2016: DILUIÇÃO LENTA DA CRISE, NA MELHOR DAS HIPÓTESES Nessas circunstâncias, o ano de 2016 deverá começar com expectativas econômicas ainda em deterioração. O ambiente externo deverá manter a nossa cotação cambial sob volatilidade, em função das incertezas quanto à trajetória da taxa #011 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 Ademais, o avanço das investigações da Operação Lava Jato, além de deteriorar ainda mais as relações políticas internas, provocaram forte retração de investimentos em setores importantes da economia (como o setor de petróleo e a construção pesada, haja vista que muitas das principais empreiteiras nacionais foram envolvidas no escândalo). 01. Economia brasileira e mundial em 2015 e perspectivas para 2016 O rápido recrudescimento da deterioração econômica interna encontra explicação no conturbado quadro político. A fragmentação partidária no Congresso e a dificuldade do governo de formar uma base de apoio parlamentar sólida dificultaram a implementação dos ajustes de natureza fiscal. #012 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 01. Economia brasileira e mundial em 2015 e perspectivas para 2016 de juros nos EUA; e a desaceleração chinesa continuará a representar um fator desfavorável para a atividade de vários setores importantes de nossa economia. Aqui no Brasil, as dificuldades no campo político e a natureza restritiva dos ajustes (fiscal e monetário) tendem a continuar a pesar sobre a confiança privada, impondo fortes ventos contrários para a recuperação da economia. O consequente aumento que vem sendo observado na taxa de desemprego completa o quadro desanimador para atividade doméstica. É preciso reconhecer, todavia, que alguns desenvolvimentos favoráveis ao longo do próximo ano poderão começar a acender esperanças de superação da grave crise recente. Entre esses desenvolvimentos estão a melhora (já em curso) das contas externas e a perspectiva de desaceleração da inflação. Com efeito, a forte desvalorização cambial observada em 2015 já vem contribuindo para tornar nossa produção doméstica mais competitiva. Isso já vem provocando alguma melhora (ainda incipiente) de nossas exportações e, sobretudo, um processo de substituição de importações que poderá dar algum alento às indústrias domésticas nos próximos anos. Já a inflação deverá desacelerar para perto de 6% no ano que vem, sobretudo em função de reajustes bem mais brandos nas tarifas públicas, depois do realinhamento promovido neste ano. Isso tenderá a aliviar um pouco os orçamentos familiares e ajudar a estancar a deterioração da confiança dos consumidores, apesar do aumento do desemprego. Nessas circunstâncias, a expectativa para 2016 é de retração econômica mais modesta do que a observada em 2015. A projeção para o PIB ainda é de queda, mas uma queda de 1% (menor, portanto, do que queda de 3% estimada para este ano). Um desempenho melhor do que isso para nossa economia em 2016 dependeria de um refluxo mais célere das incertezas no ambiente externo e, sobretudo, no cenário político doméstico (desenvolvimentos favoráveis que, vistos de hoje, não parecem guardar probabilidade preponderante). Assim, nos parece que, na melhor das hipóteses, começaremos a superar a crise atual a partir de meados de 2016. Os reflexos positivos sobre o desempenho de nossa economia tendem a se revelar mais evidentes apenas em 2017. 02. PIB E PERFORMANCE DO AGRONEGÓCIO A ECONOMIA BRASILEIRA DEVERÁ PASSAR POR AJUSTES PARA CONVERGÊNCIA DAS METAS DE INFLAÇÃO E RETOMADA DO CRESCIMENTO, EM 2016. TUDO ISSO EM UM ANO QUE A ECONOMIA MUNDIAL TAMBÉM CRESCERÁ EM RITMO MENOR. ALÉM DESTES DESAFIOS, O PRÓXIMO ANO SERÁ MARCADO POR UMA MENOR LIQUIDEZ DE CRÉDITO GLOBAL, AFETANDO DIRETAMENTE O CÂMBIO. DE ACORDO COM AS RECENTES PREVISÕES DAS ECONOMIAS MUNDIAIS FEITAS PELO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI), O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) MUNDIAL DEVE CRESCER 3,1% EM 2015 E 3,6% EM 2016. OS NÚMEROS APRESENTADOS SÃO MENORES DOS QUE OS PREVISTOS ANTERIORMENTE. Esta desaceleração é reflexo principalmente do ritmo mais modesto das economias emergentes. A China, que vinha elevando este crescimento até pouco tempo, está passando por um processo de transição da economia e deve crescer 6,8% em 2015 e 2016, passando de uma economia baseada na exportação para uma economia de consumo. A Rússia, por motivos internos, deve sofrer retrações de 3,8% (2015) e 3,4% (2016), respectivamente. Já a Índia pode assumir papel de protagonista no crescimento mundial dos próximos anos, com projeção de expansão de 7,3% em 2015 e 7,5% no ano que vem. O Brasil, por sua vez, deve sofrer uma queda no PIB da ordem de 3% em 2015 e 1,5% em 2016. Além dos problemas econômicos e políticos que o país atravessa, a queda nos preços internacionais de commodities tem prejudicado o desempenho dos países exportadores destes produtos. Este cenário deve permanecer ao longo de 2016. Destacamos que o Brasil passa por um momento difícil pela conjugação de fatores econômicos adversos, como a retração da economia, índice de inflação ultrapassando a meta imposta pela autoridade monetária e desvalorização cambial intensa. A inflação deve se acomodar em níveis aceitáveis a partir de meados de 2016, desde que o governo federal execute as medidas de política fiscal contracionista para refrear a inércia inflacionária iniciada nos últimos trimestres. Para o câmbio, a expectativa é de uma nova desvalorização do Real a partir do momento que o governo americano subir os juros básicos de sua economia. Este fato está trazendo grandes incertezas nos mercados em relação à resposta que o próprio mercado dará a esta elevação americana e os impactos em toda a economia mundial. Ressaltamos que uma valorização elevada do dólar deverá causar estragos no que se refere ao financiamento e ao endividamento de empresas e produtores rurais endividados na moeda norte-americana ou no comportamento dos preços dos insumos para a safra 2016/2017, que em sua grande maioria sofrem influência do câmbio. #015 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 DIANTE DO CENÁRIO ECONÔMICO ADVERSO, 2016 SERÁ DESAFIADOR PARA A AGROPECUÁRIA 02. PIB e performance do agronegócio PERSPECTIVAS 2016 #016 7,5 5,5 6,1 5,7 5,2 R$ trilhões 5 4,0 4,5 3,2 2,7 2,5 2,7 1,2 4 0,7 1,0 3,5 -0,3 -1,5 3 -3,0 2,5 8,5 7,5 6,5 5,5 4,5 3,5 2,5 1,5 0,5 -0,5 -1,5 -2,5 -3,5 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Variação % PIB - Valores de 2014 Fonte: IBGE – valores constantes de 2014, Elaboração CNA. Gráfico 2. IPCA % 02. PIB e performance do agronegócio BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 6 % Gráfico 1. Produto Interno Bruto 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9,75 5,9 3,14 4,46 2006 2007 6,41 6,5 5,91 4,31 5,84 5,91 2012 2013 6,12 PROJEÇÕES 2008 2009 2010 IPCA 2011 Meta Inferior 2014 2015 2016 Superior Fonte: IBGE (2015, 2016 – Projeção Boletim Focus 16/10/2015) Elaboração CNA. Gráfico 3. Câmbio 4,5 R$ 4,03 4 3,5 R$ 3,41 3 2,5 2 jan-15 fev-15 mar-15 abr-15 R$/US$ mai-15 jun-15 jul-15 Média 2015 Fonte: Bacen (Média 2015 e 2016 Boletim Focus 16/10/2015), Elaboração CNA. jul-15 Média 2016 ago-15 set-15 Ao contrário do Produto Interno Bruto do Brasil, o PIB da agropecuária (dentro da porteira) deverá crescer em 2015. De acordo com estimativas, o país sofrerá queda de 3% em 2015. Já a agropecuária deverá crescer 2,4%. Este resultado irá ampliar a participação do agronegócio no PIB Brasil para aproximadamente 23%. O resultado observado para o PIB do agronegócio, que é calculado com os setores de insumos, produção primária, indústria e serviços, nos primeiros sete meses deste ano, apresentou retração de 0,34%, e deverá encerrar 2015 com recuo de 0,6%. Importante destacar que esse resultado se deve principalmente ao fraco desempenho das agroindústrias e serviços. Os setores de insumos e produção primária deverão apresentar resultados positivos ao final deste ano. No setor de insumos, o principal fator de crescimento do índice foi o aumento dos preços destes produtos ao longo do ano, sentido mais intensamente pela valorização do dólar frente ao Real. Para o setor primário, o reflexo do crescimento se deve principalmente ao aumento da produção da soja, milho, trigo e pelos preços da arroba do boi. Estes fatores vão influenciar no resultado global da atividade em 2015. O setor da agroindústria deverá retrair especialmente por conta do setor pecuário, que até julho apresentava queda de 0,38%, enquanto o setor de serviços, também puxado pela pecuária, recuou 0,16%. Importante destacar que, com a elevação dos preços de fertilizantes no mercado doméstico, as importações caíram 9%. A medida tomada por alguns produtores foi a antecipação das compras. Entretanto, a dificuldade e o atraso na liberação de recursos do Plano Agrícola e Pecuário prejudicou o setor. Dentre as 17 culturas agrícolas acompanhadas pela CNA e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as atividades que devem apresentar ampliação no faturamento, seja pela alta dos preços ou da produção são: cebola (116%), batata (16%), laranja (9%), café (4%), cana-de-açúcar (1%) e fumo (1%). Para os demais produtos, a expectativa é de retração no faturamento de 2015. Apenas para a batata e para o café o crescimento se deu por conta do aumento das cotações. No caso do café, a valorização anual foi de 7%, enquanto a batata subiu 19%. Neste ano de 2015, o faturamento da pecuária bovina deve crescer 5%, resultado da valorização dos preços de 15%. Esse aumento se deve principalmente à baixa oferta de animais e à recuperação das exportações de carne bovina. Pelo lado da oferta, a expectativa é de queda de 9% na produção. Para o leite, ovos e suínos a expectativa é de retração no faturamento. A queda de 12% no faturamento da cadeia leiteira é reflexo da redução dos preços e da produção. Para os ovos, a expectativa é de queda de 5% dos preços, embora a produção deva crescer 3%. #017 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 DA PORTEIRA PARA DENTRO, TUDO BEM. A PARTIR DAÍ... 02. PIB e performance do agronegócio BALANÇO 2015 #018 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 No setor de suínos, a queda de 7% nos preços e o crescimento de 6% na produção resultarão em faturamento 1% menor na comparação com 2014. Embora os resultados de 2015 estejam, em sua grande maioria, em queda, quando comparados aos resultados de 2014, representam o ritmo lento da economia no que se refere à renda dos consumidores. As recentes quedas de confiança dos empresários e dos consumidores refletem na redução do consumo e de investimentos e impactam diretamente o setor agropecuário. Gráfico 4. Taxas de crescimento acumuladas em 2015 (%) (jan-jul) 1,50% 1,00% 0,88 0,62 0,50% 0,43 02. PIB e performance do agronegócio 0,00% -0,18 -0,50% -1,00% -0,17 -0,34 -0,35 -0,33 -0,38 -0,88 -1,50% -1,48 -1,72 -2,00% Insumos Prod. Primária Agropecuária Agroindústria Agricultura Serviços Pecuária Fonte: CNA e Cepea/USP. Gráfico 5. Projeção de crescimento do PIB do Agronegócio em 2015 5.521.256 1.180.693 -0,6% 2014 -3% 1.173.608 2015 2014 Agronegócio 2015 Brasil Fonte: CNA e Cepea/USP. Participação do Agronegócio no PIB do Brasil Fonte: CNA 5.355.618 2014 2015 21,4% 23,0% 03. VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) EM 2016, O CRESCIMENTO MAIS MODERADO DAS ECONOMIAS MUNDIAIS DEVE DAR O TOM DE ESTABILIZAÇÃO DO CONSUMO DE COMMODITIES, PRINCIPALMENTE NA CHINA. OS ESTOQUES DE PASSAGEM ESTÃO EM RELATIVA NORMALIDADE E NÃO HÁ GRANDES RISCOS DE RUPTURA PARA QUEDAS NA PRODUÇÃO. DESTA FORMA, AS COTAÇÕES DAS COMMODITIES NO MERCADO INTERNACIONAL DEVEM CONTINUAR SENDO PRESSIONADAS NEGATIVAMENTE. COM ESTE CENÁRIO SE APROXIMANDO, ESTIMA-SE QUE O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) DE 2016 SERÁ DE R$ 529,9 BILHÕES, O QUE REPRESENTA UM CRESCIMENTO DE 2,7% EM RELAÇÃO A 2015. Segundo as projeções da CNA, no próximo ano haverá um aumento de 3,7% do faturamento bruto dos produtos agrícolas, atingindo R$ 328,8 bilhões. Este resultado se dá pelo crescimento robusto no faturamento do café (9,5%) e da cana-de-açúcar (9,7%), e crescimentos mais modestos para o arroz (0,9%), feijão (1,4%), milho (1,5%), soja (4%) e trigo (2,2%). A expectativa é que o aumento do VBP do café se dê pelo aumento da produção, que deve ser de 6,8%, devendo atingir 45 milhões de sacas. Os preços devem se manter em patamares modestos, com uma leve tendência de alta, caso ocorram efeitos climáticos nos principais países concorrentes do Brasil, como o Vietnã. Para a cana-de-açúcar, o aumento do VBP é justificado tanto pela produção (4,5%) quanto pelos preços (5%), dando folego para o setor que vinha sofrendo queda nos preços e na produção há alguns anos. Para a soja, estima-se que a área plantada chegue a 32,6 milhões de hectares, aumento de 1,7% quando comparado com a safra 2014/2015. A produtividade deve crescer 2,2%. Assim, a produção total da oleaginosa deve atingir 100 milhões de toneladas. Os preços, por sua vez, tendem a sofrer queda no mercado internacional. Entretanto, a valorização do dólar frente ao Real deverá sustentar de maneira modesta os preços no mercado interno. Assim, o VBP da soja em 2016 deve ser de R$ 116,31 bilhões, 4% maior do que em 2015. Para o milho, embora os preços no mercado interno estejam atrativos por questões cambiais, a safra deverá ser menor. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as safras de milho (1ª e 2ª) deverão ser 3,3% menores do que em 2014, devido à retração da área plantada com o cereal (-2,7%) e à expectativa de queda leve na produtividade. Desta forma, o faturamento da cultura deverá atingir R$ 43,0 bilhões, expansão de 1,5%. #021 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 VBP AGRÍCOLA DEVE PUXAR ALTA DO FATURAMENTO EM 2016 03. Valor bruto da produção (VBP) PERSPECTIVAS 2016 O arroz e o trigo devem seguir a mesma tendência para o próximo ano. A estimativa é de queda da produção para o arroz e estabilização de oferta do trigo, e aumento nos preços. O faturamento para 2016 das duas culturas foi estimado em R$ 10,9 bilhões e R$ 8,3 bilhões, respectivamente. A estimativa para o VBP da pecuária para 2016 é de R$ 201,0 bilhões, o que representa um crescimento de apenas 1% em relação ao ano de 2015. Para a carne bovina, existe uma tendência de estabilização, quando comparado a 2015, podendo atingir R$ 98,8 bilhões, por conta do aumento da produção (1,9%).Os preços deverão estar pressionados pela perda de renda da população, e pela busca de substitutos diretos. Assim, a expectativa é deque os preços médios do próximo ano se mantenham 1,5% abaixo dos observados em 2015. Ainda no ramo da pecuária, destaque para as carnes de aves e suínos, com expectativas de aumento de produção em 3,5% e 1,7%, fazendo com que os faturamentos dos setores atinjam R$ 36,1 bilhões e R$ 14,9 bilhões, respectivamente. Importante destacar que a ampliação do faturamento será via produção, visto que não há grandes tendências de variação nos preços. Gráfico 1. Previsão VBP 2015 e 2016 2,7% $ 500,00 $ 400,00 Bilhões #022 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 03. Valor bruto da produção (VBP) Em 2016, o algodão deve permanecer com faturamento próximo ao de 2015. O que irá determinar a produção para o próximo ano é a opção dos produtores, principalmente do Centro Oeste, em optar pelo plantio da fibra em detrimento do milho safrinha, depois da safra de soja, reduzindo assim sua produtividade. $ 300,00 3,7% 2,9% 1% 5,0% $ 200,00 $ 100,00 $ 0,00 Safra de Grãos Outros Prod. Agrícolas 2015 Agricultura Pecuária Agropecuária 2016 Fonte: CNA BALANÇO 2015 O Valor Bruto da Produção Agropecuária de 2015, calculado com base nos preços até setembro, deverá atingir R$ 516,1 bilhões, incremento de 5,7% em relação a 2014. De acordo com o último levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos 2014/2015 chegou a 209,47 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 8,2% quando comparado com a safra 2013/2014, na qual foram produzidas 193,6 milhões de toneladas. Este crescimento se deve ao aumento da área plantada de soja e milho segunda safra, que por sua vez foi propiciado pelo clima favorável. O faturamento da soja apresentou elevação de 16% em relação ao ano anterior, atingindo a marca de R$ 111,8 bilhões, é atribuído principalmente ao aumento na produção (11,8%), e à alta dos preços (3,8%). A oleaginosa representou, em 2015, 21,7% do total do VBP. Para o milho, que é responsável por 8,2% do VBP, a produção deve encerrar em alta de aproximadamente 6,8%, enquanto a média dos preços deve ficar 1,2% acima da observada no último ano, com destaque para o aumento da área plantada em virtude das boas condições climáticas. A produção total de milho (1ª e 2ª safra) fechou com 84,7 milhões de toneladas. Destaque para a ampliação da produtividade da cultura em 6,4% nas duas safras. Para a cana-de-açúcar, de acordo com o IBGE, a safra deve ser 2,5% maior que a de 2014,, enquanto os preços se mantiveram estáveis. Destaque para uma leve redução na área plantada em São Paulo, principal estado produtor, porém com recuperação da escassez hídrica da safra passada. Quanto ao algodão, a previsão é de redução na área plantada em 9,3% e uma consecutiva queda na produção, visto que a produtividade deve ficar estável. Diante dessa adversidade, mesmo com um aumento de 7,9% nos preços da fibra, o VBP da cultura deve apresentar queda de 4,6% quando comparado a 2014. Para o arroz, estima-se queda de 1,4% em relação ao resultado de 2014, atingindo neste ano R$ 10,8 bilhões. A produção do cereal na safra 2014/2015 está estimada em 12,4 milhões de toneladas, aumento de 2,7% em relação ao ano passado. Já no café, o faturamento bruto do setor deve atingir R$ 20,6 bilhões, queda moderada de 2% sobre o valor de 2014. A valorização de 5,5% dos preços, quando comparados com o ano passado impulsionou o resultado do setor, já que a produção, de acordo com a estimativa da Conab, caiu aproximadamente 7% frente à última safra. #023 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 Ao longo de 2015, os principais produtos que sofreram variação nos preços foram: algodão (7,9%); amendoim (16,2%); batata (5,3%); cacau (10,2%); café (5,5%); cebola (42,5%); mamona (24,1%); sisal (16,7%); uva (11,3%); carne bovina (14,6%) e ovos (34,2%). Por parte da produção, as maiores quedas serão para o algodão (-11,6%), cacau (-10,6%), café (-7%), feijão (-7,8%) e tomate (-12,8%). 03. Valor bruto da produção (VBP) O valor estimado para a agricultura (20 culturas) atingiu R$ 317,0 bilhões, aumento de 3,6% em relação a 2014. Na pecuária, o valor atingiu R$ 199,0, bilhões, alta de 9,4% sobre o ano anterior. #024 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 De acordo com a CNA, o faturamento do setor de carne bovina foi estimado em R$ 98,5 bilhões, elevação de 17% quando comparado com o ano anterior. O resultado positivo é reflexo da valorização do preço da arroba (14,6%) e da menor oferta de animais para abate. Ressaltamos também, crescimento na produção de 2,1%. A avicultura deve obter maior faturamento ao final deste ano (4,3%). A média do preço observado ao longo deste ano está 2,1% acima dos preços observados em 2014. A produção deve apresentar crescimento do volume produzido em 2,2%. Na suinocultura, a variação dos preços também influencia o resultado do VBP, mas de maneira mais modesta, podendo chegar a R$ 14,7 bilhões, queda de 0,7%, causada pela queda nos preços (2,2%). Já a produção apresenta tendência de crescimento de 1,5%. 488,1 500,0 516,1 400,0 306,0 Bilhões 03. Valor bruto da produção (VBP) Gráfico 2. VBP 2015 e 2014 317,0 300,0 199,0 182,0 200,0 100,0 Agrícola Pecuário 2014 Agropecuário 2015 Fonte: CNA Gráfico 3. VBP 2015 e 2014, principais produtos (77% do VBP) Café (4%) 20,7 21,1 2014 35,0 33,5 Frango (7%) Leite (8%) 40,1 41,7 Milho (8%) 42,4 39,2 45,7 48,6 Cana-de-açúcar (9%) Carne Bovina (19%) 84,2 Soja (22%) $ 0,0 98,5 96,5 $ 20,0 $ 40,0 $ 60,0 Bilhões Fonte: CNA 2015 $ 80,0 $ 100,0 111,9 $ 120,0 04. POLÍTICA AGRÍCOLA A EXPECTATIVA DO SETOR AGROPECUÁRIO É PELA PROMULGAÇÃO DA LEI PLURIANUAL AGRÍCOLA E PELA AMPLIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE RISCO NAS PROPRIEDADES RURAIS, VIABILIZANDO A ESTABILIZAÇÃO FINANCEIRA DOS PRODUTORES. A ESTRUTURAÇÃO DESSA NOVA POLÍTICA TEM SIDO DISCUTIDA PELO SETOR COM O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA), PARA PERMITIR MELHOR PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE E DAR MAIOR PREVISIBILIDADE ÀS AÇÕES GOVERNAMENTAIS DE APOIO À PRODUÇÃO. Para 2016, o setor produtivo agropecuário aguarda a estruturação das diretrizes da política agrícola brasileira, consubstanciada em um plano agrícola em base plurianual, como tem sido discutido com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Uma legislação agrícola plurianual dará maior previsibilidade às ações governamentais de apoio à agropecuária nacional, conferindo caráter de política de Estado. A política agrícola deve ser um orientador estratégico para as ações dos setores público e privado e que possibilite que um número maior de produtores rurais possa produzir nas faixas de maior produtividade e renda, de forma sustentável. O planejamento de médio e longo prazo, consolidado em uma lei, permite a ampla divulgação dos instrumentos de política agrícola, tornando-os acessíveis a uma parcela elevada de produtores rurais. Possibilita, ainda, o planejamento dos produtores rurais, evita interrupções em ações ou programas cuja execução ultrapassa o horizonte temporal do plano agrícola anual e reduz a ingerência política (Figura 1). Figura 1. Principais vantagens de uma política agrícola plurianual Ampla divulgação dos instrumentos de política agrícola Possibilidade de planejamento dos produtores rurais (acesso de parcela mais elevada de produtores rurais às políticas agropecuárias) (políticas sólidas e estruturantes que auxiliem o produtor a passar pelas adversidades) Redução da ingerência política Não interrupção de ações ou programas (pressão de grupos de interesse específicos em cada ano) (cuja execução ultrapassa o horizonte temporal do plano agrícola anual) #027 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 SETOR AGROPECUÁRIO AGUARDA LEI PLURIANUAL AGRÍCOLA 04. Política agrícol a PERSPECTIVAS 2016 #028 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 04. Política agrícol a Há a necessidade de melhorar os mecanismos que atuam na redução da volatilidade da renda a que estão expostos os produtores rurais, especialmente os médios produtores, que se encontram pouco amparados pela política agrícola atual. Os pequenos produtores são atendidos pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e os produtores rurais de maior porte possuem maior acesso ao mercado financeiro, em decorrência da sua escala de produção. No âmbito da lei agrícola plurianual, o setor agropecuário tem pleiteado a ampliação dos instrumentos de gestão de risco nas propriedades rurais. No mercado de seguros, anseia-se pela melhoria dos produtos oferecidos pelas companhias seguradoras, adaptados às necessidades regionais das áreas de produção agropecuária do país, e pela maior previsibilidade na alocação de recursos para a subvenção ao prêmio de seguro rural, assim como acontece em países concorrentes do Brasil. No que se refere à política de preços, um programa baseado no pagamento de subvenção governamental a parcela do prêmio dos contratos de opção de venda negociados na BM&FBovespa é a expectativa do setor. Para a política de subvenção econômica para garantia e sustentação de preços na comercialização de produtos agropecuários, o Projeto de Lei Orçamentária Anual 2016 estimou recursos de R$ 1,7 bilhão, valor 36% inferior ao apresentado no orçamento de 2015 para a mesma finalidade (R$ 2,65 bilhões). Com a arrecadação comprometida e o orçamento para 2016 apresentando déficit primário de R$ 30 bilhões, o governo anunciou medidas para o ajuste das contas públicas, sugerindo ao Congresso Nacional corte de despesas da ordem de R$ 26 bilhões, dos quais R$ 1,1 bilhão para a subvenção no âmbito da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). Com a revisão, o recurso orçado deverá ficar em torno de R$ 600 milhões, a média dos valores desembolsados nos últimos quatro anos com o programa. Essa medida tende a afetar especialmente os produtos que atendem ao mercado interno, como arroz, feijão, milho e trigo. Ao mesmo tempo em que se almeja a ampliação do mercado de seguros agropecuários no país, fontes privadas para o financiamento da agropecuária têm sido buscadas para fazer frente à crescente necessidade de financiamento do setor agropecuário. A expectativa é que em 2016 investidores estrangeiros possam oferecer uma opção de financiamento para o agronegócio brasileiro. Em 2015, uma proposta de ajustes regulamentares que viabilize a emissão do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) lastreado em Cédula de Produto Rural Física, com produtos agropecuários cotados ou referenciados em moeda estrangeira, foi apresentada ao MAPA e ao Banco Central do Brasil. #029 O volume de recursos disponibilizados e a injeção de novas fontes de recursos consolidam o crédito rural como a principal política de apoio à agropecuária no país. Desde 2000, os recursos disponibilizados para o crédito rural têm crescido exponencialmente, a uma taxa anual de 9,7%. Para a safra 2015/2016, foram anunciados R$ 187,7 bilhões em crédito de custeio, investimento e comercialização agropecuária. Esse montante atende a cerca de um terço da necessidade de financiamento de uma safra agrícola no Brasil, sendo o restante dos recursos oferecidos por tradings, bancos internacionais, cooperativas e recursos dos próprios produtores. Em 2015, face à redução da disponibilidade das fontes obrigatórias para o crédito rural (depósitos à vista e poupança), os recursos captados por meio da emissão de Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), lastreada em direitos creditórios originados da contratação de crédito com recursos da exigibilidade dos recursos obrigatórios e da poupança rural, ou contratados a juros controlados, foram direcionados ao crédito rural (Resolução 4.415/2015). Assim, os recursos a taxas livres respondem pelo principal incremento no volume de recursos programados para o crédito rural na safra 2015/2016 (aumento de 130,4% em relação à safra 2014/2015). Tabela 1. Crédito de custeio, investimento e comercialização – Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015 e 2015/2016. 2014/2015 MODALIDADE 2015/2016 RECURSOS PROGRAMADOS TAXA DE JUROS (A.A) RECURSOS PROGRAMADOS TAXA DE JUROS (A.A) Custeio a juros controlados R$ 89,0 bilhões 5,5% ou 6,5% R$ 96,5 bilhões 7,75% ou 8,75% Pronamp (médio produtor rural) R$ 16,89 bilhões 5,5% R$ 13,6 bilhões 7,75% Demais produtores R$ 72,11 bilhões 6,5% R$ 80,9 bilhões 8,75% R$ 23 bilhões - R$ 53 bilhões - TOTAL CUSTEIO R$ 112,0 bilhões - R$ 149,5 bilhões - Investimento a juros controlados R$ 43,7 bilhões - R$ 33 bilhões - R$ 0,4 bilhão - R$ 7,2 bilhões - TOTAL INVESTIMENTO R$ 44,1 bilhões - R$ 40,2 bilhões - TOTAL R$ 156,1 bilhões - R$ 187,7 bilhões - Juros livres Investimento a juros livres Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2014; 2015). Os cinco primeiros meses de 2015 foram marcados pelo baixo volume de contratação de recursos para custeio da safra (Figura 2), em razão da restrita disponibilidade dos depósitos à vista e dos depósitos em poupança. Os efeitos da demora na liberação dos recursos de pré-custeio, que, tradicionalmente, ocorre nos meses BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 AUMENTO DO VOLUME DE CRÉDITO A JUROS LIVRES 04. Política agrícol a BALANÇO 2015 Figura 2. Recursos contratados para custeio e investimento (jan/13 a set/15) 25.000 20.000 Recursos contratados (R$ milhões) 15.000 10.000 5.000 Investimento set/15 jul/15 ago/15 jun/15 abr/15 mai/15 fev/15 mar/15 jan/15 dez/14 nov/14 set/14 out/14 jul/14 ago/14 jun/14 abr/14 mai/14 fev/14 mar/14 jan/14 dez/13 nov/13 set/13 out/13 jul/13 ago/13 jun/13 abr/13 mai/13 fev/13 mar/13 0 jan/13 #030 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 04. Política agrícol a de fevereiro e março para a compra antecipada de insumos agrícolas, foram intensificados pelo aumento nos custos de produção, em decorrência da elevação da taxa de câmbio, de 17% nos seis primeiros meses do ano. Além disso, os bancos aumentaram as exigências de garantias na contratação do crédito em 2015 em relação às garantias exigidas em 2014, tendo casos em que até três garantias foram exigidas entre as previstas no Manual de Crédito Rural. Custeio Fonte: Banco Central do Brasil (2015). Em relação ao seguro rural, para 2015, estavam previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) o montante de R$ 668 milhões para a subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR). No entanto, em 2014, o governo federal acumulou dívida de R$ 690 milhões com as companhias seguradoras, que foi parcialmente liquidada com R$ 300 milhões do volume de recursos previstos para 2015 (Lei 13.149/2015). Em agosto/2015, o Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural (CGSR) aprovou a distribuição do recurso orçamentário do PSR e novo corte foi realizado, no valor de R$ 51,38 milhões (Resolução 36 do CGSR). Dessa forma, restou para a subvenção ao prêmio de seguro rural, em 2015, o orçamento de R$ 316,7 milhões. A Resolução 37 do CGSR aprovou o projeto experimental de negociação coletiva (carteira de produtores) para a soja. Foram alocados R$ 30 milhões do orçamento aprovado para a cultura de soja para a subvenção ao prêmio de seguro rural de até 12 listas de produtores, que deveriam contemplar no mínimo 500 registros de beneficiários (CPF/CNPJ) e/ou 50 mil hectares a serem amparados e, no mínimo, dois registros individuais das produtividades observadas para cada potencial beneficiário da carteira de produtores. Nove listas de produtores foram habilitadas a concorrer à subvenção, sendo selecionadas para o efetivo recebimento da subvenção seis carteiras, todas do estado do Paraná. 05. BALANÇA COMERCIAL DO AGRO EM 2016, O AGRONEGÓCIO SEGUIRÁ AVANÇANDO RUMO À SUA CONSOLIDAÇÃO COMO O PRINCIPAL SETOR DA ECONOMIA BRASILEIRA, COM PARTICIPAÇÃO ROBUSTA NO COMÉRCIO EXTERIOR E NA GERAÇÃO DE EMPREGOS. APESAR DE ALGUMAS CADEIAS SOFREREM QUEDA NO VALOR DAS VENDAS, O VOLUME DE EXPORTAÇÕES DEVE AUMENTAR E ALCANÇAR SUCESSIVOS RECORDES, MOSTRANDO A FORÇA DO SETOR, MESMO EM TEMPOS DE DIFICULDADES ECONÔMICAS. O CENÁRIO VISTO EM 2015 DEVE SE MANTER, COM O DÓLAR AMERICANO GERANDO OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA ALGUMAS CADEIAS DO SETOR. A CHINA SEGUIRÁ COMO PRINCIPAL DESTINO PARA OS PRODUTOS BRASILEIROS. Para 2016, a expectativa é de continuidade no crescimento do agronegócio brasileiro e do volume de exportações, com a abertura de novos destinos para os produtos agropecuários e agroindustriais. O mercado global de commodities agrícolas deve seguir marcado pela cautela relacionada à variação cambial, às oscilações na economia chinesa e à conclusão de novos acordos comerciais. A combinação desses fatores tem grande potencial de impacto na balança comercial do agronegócio brasileiro. As expressivas e repentinas oscilações da moeda brasileira frente ao dólar americano serão um fator de preocupação para o produtor, pois serão decisivas para o comércio exterior de produtos e insumos. Embora a valorização do dólar aponte para um cenário favorável às exportações brasileiras, ela afeta diretamente o custo de produção de algumas cadeias – principalmente o preço dos agroquímicos importados –e cria incertezas para o produtor na hora de fazer apostas em sua lavoura. Isso já se confirma com a contínua redução nas importações do setor, um efeito direto da alta cotação da moeda americana. Em 2016, o setor continuará provando sua importância para a economia do país, aumentando e fortalecendo a presença e imagem do Brasil no exterior. #033 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 AGRONEGÓCIO CONTINUARÁ LIDERANDO AS EXPORTAÇÕES DO PAÍS, DEMONSTRANDO FORÇA EM TEMPOS DE DIFICULDADES ECONÔMICAS 05. Bal ança comercial do agro PERSPECTIVAS 2016 #034 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 05. Bal ança comercial do agro BALANÇO 2015 EM 2015, BRASIL EXPORTA MAIS E FATURA MENOS Em 2015, as vendas externas do agronegócio brasileiro devem apresentar queda em valor, se comparadas ao ano anterior.A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que as exportações totais do setor devam atingir a marca de US$ 89 bilhões, valor 8% abaixo do verificado em 2014. As dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, aliadas à queda nos preços das commodities e à instabilidade da moeda brasileira, são determinantes para essa redução. Entretanto, o volume dos embarques agropecuários e agroindustriais brasileiros seguirá batendo recordes e se estima que encerre 2015 em 165 milhões de toneladas, 17% maior que em 2014. Em parte, esse aumento é decorrente da desvalorização do real frente ao dólar americano, o que tem tornado o produto brasileiro mais competitivo no mercado externo. Além disso, a abertura de novos e promissores mercados para produtos de grande volume de exportações também é responsável pelo aumento dos embarques. Ao analisar o acumulado de janeiro a outubro, as exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 74,73 bilhões. Apesar da queda de 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado, a participação do setor no total exportado pelo Brasil já é maior. Se nos primeiros dez meses do ano passado o agronegócio foi responsável por 44% das exportações, em 2015 as vendas de produtos do setor já representam 47%. Além disso, houve aumento de 11% no volume embarcado, o que indica que a baixa no preço médio das commodities vem afetando o faturamento do exportador brasileiro, mas que o produto, em si, segue altamente competitivo e demandado no mercado externo. Já as importações do setor totalizam US$ 11,18 bilhões no acumulado do ano. Este valor, próximo ao observado nos anos anteriores, reflete o momento de estagnação da economia brasileira e a desvalorização da moeda frente ao dólar americano. Esses resultados asseguram ao Brasil um superávit de US$ 63,55 bilhões na balança comercial dos produtos agropecuários e agroindustriais nos dez primeiros meses de 2015. Tabela 1. Balança Comercial do Brasil JANEIRO-OUTUBRO EXPORTAÇÃO (US$ BILHÕES) 2014 2015 Total Brasil 191,97 Agronegócio 83,86 Demais produtos Participação do Agro (%) IMPORTAÇÃO (US$ BILHÕES) Δ% 2014 2015 160,55 -16,37% 193,89 148,30 -23,51% -1,92 12,25 74,73 -10,89% 14,12 11,18 -20,82% 69,74 63,55 108,11 85,82 -20,62% 179,77 137,12 -23,72% -71,66 -51,30 44% 47% 6,55% 7% 8% 3,52% - - Fonte: Aliceweb/MDIC; Elaboração: SRI/CNA Δ% SALDO 2014 2015 193,89 160,55 148,3 160,0 US$ bilhões 108,1 120,0 179,8 85,8 80,0 137,1 40,0 74,7 83,9 14,1 0,0 Exportações Importações 11,2 Exportações 2014 Demais produtos Importações 2015 Produtos do agro Fonte: Aliceweb/MDIC; Elaboração: SRI/CNA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS COMPLEXOS EXPORTADORES Até o fim de outubro, os produtos que compõe o complexo soja lideraram as exportações do país, totalizando US$ 26,11 bilhões em vendas. Ou seja, os cinco produtos que compõe esse agrupamento representam, juntos, 16,3% do total exportado pelo Brasil e 35% das vendas totais do agronegócio, no acumulado do ano. Apesar da queda de 13,6% na receita de exportação do complexo soja, o volume exportado segue batendo recordes, registrando aumento de 13,4% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, os embarques do complexo soja para o exterior já somam 66,18 milhões de toneladas. Esse volume jamais havia sido registrado antes, para o período, e supera, em mais de seis milhões de toneladas, aquele registrado em todo o ano de 2014.Até o final do ano, o total exportado poderá superar 69 milhões de toneladas, volume 14% acima do resultado obtido em 2014. As carnes ocuparam a segunda colocação entre os produtos do agronegócio mais exportados pelo Brasil, somando US$ 12,19 bilhões em vendas de janeiro a outubro de 2015. Se comparado ao mesmo período do ano passado, houve queda de 16,1% no valor faturado com as vendas desses produtos. Essa perda se deve, principalmente, à redução de 21,6% no valor exportado de carne bovina in natura e 9,9% nas no valor das vendas de carne de frango in natura. Para a carne bovina, o que impacta é a diminuição nos embarques para a Rússia e Venezuela, dois expressivos compradores do produto brasileiro, mas que vêm perdendo o poder de compra devido à queda na cotação do barril de petróleo. Pelo lado positivo, 2015 foi marcado pelo anúncio da abertura de importantes mercados para a carne bovina brasileira, como os mercados chinês, norte-americano e saudita. 05. Bal ança comercial do agro 200,0 Total: 191,97 #035 240,0 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 Gráfico 1. Balança comercial (janeiro a outubro, 2014-2015) #036 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 05. Bal ança comercial do agro Para a carne de frango in natura, a redução na receita pode ter sido consequência de um esfriamento do mercado internacional, que causou uma queda de 14% no preço médio das vendas entre os acumulados de 2014 e 2015. Já o volume exportado pelo Brasil apresentou aumento de 4,7%, chegando a 3,2 milhões de toneladas. A carne de frango brasileira tem acesso a cerca de 150 nações e atinge os 10 principais mercados importadores, como Japão, Arábia Saudita, e México, mercado recentemente aberto para o frango brasileiro. A carne suína também sofreu queda na receita e aumento no volume de exportações, no acumulado do ano. Para a carne suína in natura, o aumento no volume foi de 8,4%, chegando a 379,8 mil toneladas. Em receita, as vendas totalizaram US$ 974,77 milhões. A queda no preço internacional pode ter sido fruto da retomada da produção norte-americana. Desde 2013, os Estados Unidos vinham lutando contra uma epidemia de Diarreia Epidêmica Suína (PED), uma doença que provocou redução significativa do plantel de suínos do país. O volume total de carnes que será exportado pelo Brasil em 2015 está estimado em 6,3 milhões de toneladas. Para os produtos florestais, o cenário segue positivo. A receita das exportações foi 3,2% maior do que no período de janeiro a outubro de 2014, e o volume embarcado cresceu 8,1%.A celulose bateu recorde em embarques, totalizando US$ 4,63 bilhões, ou 9,96 milhões de toneladas. Essas cifras representam aumento de 4,0% no valor e 8,8% no volume exportado pelo Brasil, se comparadas ao mesmo período de 2014. As exportações de papel também demonstram força. De janeiro a outubro, foram US$ 1,69 bilhão em vendas, 4,1% a mais que em 2014. Já em termos de volume, o aumento chega a 11,5%.Estima-se que o setor exportador de produtos florestais contabilize US$ 10,28 bilhões, ou 18,6 milhões de toneladas em vendas esse ano. Com quedas registradas desde o ano passado, o complexo sucroalcooleiro passou de terceiro para quarto lugar entre os principais agrupamentos de produtos exportados do agronegócio. As exportações totalizaram US$ 6,79 bilhões entre janeiro e outubro, ou 19,94 milhões de toneladas. O açúcar de cana em bruto teve redução de 23,7% em receita e 6,2% em volume comercializado internacionalmente, se comparado ao mesmo período de 2014. Essa queda na receita é mais acentuada devido à redução significativa nos preços do açúcar. Dessa forma, no acumulado do ano, o açúcar de cana em bruto soma US$ 4,68 bilhões, ou 14,7 milhões de toneladas, em vendas externas.A receita do setor pode cair até 22%, fechando 2015 com US$ 8,14 bilhões exportados. As exportações de café também são destaque este ano, mantendo o quinto lugar na lista dos produtos mais exportados no acumulado de 2015. A receita com as vendas externas caiu 4% em relação ao ano passado, somando US$ 5,16 bilhões. Até o fim de 2015, estima-se que as exportações cheguem a US$ 6,41 bilhões, com destaque para o café verde, responsável por 90% deste valor. U. EUROPEIA 20,5% 16,3% / 2014 JAPÃO 2,6% 16,8% / 2014 Suíça EUA Participação: 7,2% Variação: 8,7% / 2014 ARÁBIA SAUDITA 2,5% 5,6% / 2014 MERCOSUL 3,6% 15,1% / 2014 Fonte: Aliceweb/MDIC; Elaboração: SUT e SRI/CNA CHINA E HONG HONG 28,6% 9,3% / 2014 #037 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 RUSSIA 2,6% 38,7% / 2014 05. Bal ança comercial do agro Figura 2. Principais destinos, participação e variação nas exportações do agronegócio brasileiro (janeiro a outubro de 2015) 06. MERCADO INTERNACIONAL O ACESSO A MERCADOS INTERNACIONAIS É FATOR FUNDAMENTAL PARA O SETOR AGROPECUÁRIO SE FORTALECER CADA VEZ MAIS. ALÉM DE DESAFIOS A SEREM SUPERADOS NO MERCADO DOMÉSTICO, OS PRODUTOS BRASILEIROS ENFRENTAM DIVERSOS OBSTÁCULOS NOS MAIS DIFERENTES PAÍSES, SENDO NECESSÁRIO IMPLEMENTAR AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA REDUZIR ESSAS BARREIRAS E MANTER A COMPETITIVIDADE DO PRODUTOR BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL. Em 2015, alguns países, como os da União Europeia e a China, revisaram seus processos de registro de novos eventos transgênicos. Serão necessários esforços coordenados entre governo e iniciativa privada para promover maior agilidade e transparência nesses novos mecanismos. A atenção deverá ser redobrada para que, nos novos processos, as decisões de aprovação sejam tomadas baseadas em ciência e não cause dano ao comércio internacional, conforme ditam as regras internacionais de comércio. Além disso, ações específicas para reduzir as barreiras sanitárias e fitossanitárias continuarão sendo prioridades do Brasil nas negociações estratégicas em mercados de interesse para os produtos agrícolas. Um mapeamento contínuo das barreiras e da implementação de novas regras se faz necessário para promover melhor acesso dos produtos aos mercados. Já as ações para a ampliação da presença dos produtos agropecuários no exterior deverão ser incentivadas pelo Plano Nacional de Exportações, lançado em 2015. As diretrizes do plano convocam os setores a trabalhar na abertura de novos mercados ao estimular as negociações de acordos comerciais e a simplificação do comércio exterior. No que diz respeito às negociações multilaterais na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil precisará encontrar alternativas para integrar os seus principais temas de interesse na agenda de 2016. A OMC é o único fórum para se discutir e mudar políticas de apoio doméstico à produção e de competição de exportações. A falta de acordos nesses temas continuará repercutindo negativamente no comércio agrícola global. Nesse cenário, 2016 será um ano para se empenhar na busca de novos rumos para as negociações em agricultura. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) deverá exercer papel decisivo na construção desse novo modelo. #041 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 COMÉRCIO EXTERIOR É FERRAMENTA ESTRATÉGICA PARA GARANTIR A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO 06. Mercado internacional PERSPECTIVAS 2016 #042 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 06. Mercado internacional BALANÇO 2015 COMÉRCIO EXTERIOR LIDERA ESTRATÉGIA DO GOVERNO PARA PROMOVER CRESCIMENTO ECONÔMICO 2015 foi um ano marcado pelos desafios gerados pelas crises econômica e política brasileira. Uma das principais estratégias do governo para promover o crescimento econômico foi a promoção do comércio exterior. Um esforço interministerial caracterizou o desenvolvimento e o início da execução do plano nacional de exportações, lançado em junho. As contribuições da CNA foram essenciais para promover os interesses do setor nesse processo. O Plano Nacional de Exportações (PNE) tem cinco pilares estratégicos: acesso a mercados; promoção comercial; facilitação de comércio; financiamento e garantia às exportações, e aperfeiçoamento de mecanismos e regimes tributários de apoio às exportações. Dentre estes pilares, os mais relevantes para o setor agropecuário brasileiro, acesso a mercados e promoção comercial, buscam garantir maior participação do Brasil nos mercados internacionais. A negociação de novos acordos comerciais teve destaque na agenda para promover a inserção internacional dos produtos brasileiros. Em acesso a mercados, a agenda de negociações comerciais para 2015 concentrou-se principalmente na iniciativa de expansão do Acordo Comercial entre Brasil e México; antecipação dos cronogramas de desgravação tarifária dos acordos com Colômbia e Peru; consolidação da oferta do Mercosul para avançar nas discussões sobre o Acordo de Associação Mercosul-União Europeia; avanço nas tratativas com Tunísia e Líbano; diálogo exploratório para celebração de acordo comercial com Canadá e EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), e o aprofundamento dos acordos preferenciais com Índia, SACU (União Aduaneira da África Austral) e Cuba. No pilar de promoção comercial, houve um esforço entre o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e entidades do setor privado para coordenar as iniciativas promovidas anualmente. A CNA identificou dez mercados prioritários para a promoção de produtos agropecuários, são eles: China e Hong Kong, União Europeia, Estados Unidos, Rússia, Japão, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Índia, África do Sul e Indonésia. Além disso, foi lançado o Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE), que tem por objetivo desenvolver e difundir a cultura exportadora nos estados brasileiros, através da capacitação de gestores públicos, empresários e profissionais de comércio exterior com a finalidade de aumentar e qualificar a base exportadora. A agenda de negociações de 2015 encerra-se com a 10ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) que ocorrerá em Nairóbi, Quênia. O principal tema da Conferência será a tentativa de promover avanços na agenda da Rodada Doha que se encontra estagnada desde a última Conferência, em Bali, em 2013. O eventual fracasso dessa tentativa será um golpe para a agropecuária brasileira, que defende avanços nas áreas de acesso a mercados, apoio doméstico e competição de exportações. Notadamente, apoio doméstico é um item que deve ser tratado no âmbito multilateral para garantir condições equitativas de concorrência no comércio internacional. #043 BALANÇO 2015 • PERSPECTIVAS 2016 A conclusão das negociações da Parceria Transpacífico (TPP), assim como avanços na Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), demonstrou a urgência de avançar e ampliar a agenda de negociações do Brasil para evitar a perda de espaço no mercado internacional para produtos agropecuários brasileiros. Apesar da contínua assimetria dos objetivos de política comercial entre os países membros do Mercosul, foi possível a conclusão da lista de oferta única para dar continuidade às tratativas com a União Europeia. Há expectativa que o diálogo avance no final de 2015 e ao longo de 2016, porém, espera-se que a ambição das ofertas europeias para os produtos agropecuários seja aquém da demandada pelo setor. 06. Mercado internacional 2015 foi marcado também por significativo avanço no acesso a mercado para alguns produtos. Países de importância econômica, como os Estados Unidos, Rússia, Argentina, África do Sul, Japão e Myanmar retiraram embargos ou começaram a importar produtos brasileiros, como lácteos, carnes bovina, suína e de frango, tripas e farinha de carne.