Agradecimentos A publicação “Educando para a prevenção: práticas inovadoras na sala de aula” é resultado do envolvimento de diversas pessoas e instituições. Gostaríamos de agradecer aos patrocinadores fundadores da CRIANÇA SEGURA Safe Kids Brasil: Instituto General Motors e as companhias da Johnson & Johnson. À BAND–AID® pelo patrocínio ao Programa CRIANÇA SEGURA na Escola. Às Secretarias de Educação dos Municípios de São José dos Campos e Jacareí. A todos os voluntários da CRIANÇA SEGURA, padrinhos do Programa CRIANÇA SEGURA na Escola. À Liga do Trauma da UNIFESP, em especial, à Profa. Dra. Simone Abib e aos alunos Cláudio Urbano, Mariana Kaori, Alberto Yamashiro e Lílian Braighi por suas contribuições na tabulação da pesquisa. A Doris Satie Fontes, pelo auxílio na análise da pesquisa. A Silvia Pimentel de Oliveira Ribeiro pela revisão desta publicação. À toda equipe CRIANÇA SEGURA pelo envolvimento e dedicação na elaboração deste material. Finalmente agradecemos a todas as escolas, principalmente a todos os professores, coordenadores e diretores que nos auxiliam na construção do Programa CRIANÇA SEGURA na Escola. Obrigado, Equipe CRIANÇA SEGURA na Escola Sumário Apresentação CRIANÇA SEGURA Safe Kids Brasil [3] A realidade dos acidentes com crianças e adolescentes [3] Programa CRIANÇA SEGURA NA ESCOLA [4] Pesquisa Perfil dos Acidentes com Crianças - São Paulo 2005 Introdução [5] Objetivos [5] Metodologia [6] Principais resultados [6] Educando para a Prevenção: práticas inovadoras na sala de aula Jogo: parece mas não é ... [10] Boneco [11] Profissão Perigo [12] Trabalhando com Teatro [13] Troquem suas armas de fogo por brinquedos legais [14] Rua real e ideal [15] Jogo: criança consciente não sofre acidente [16] Caça ao tesouro [17] Passeio ciclístico [18] Livro Dicas [19] Soltando Pipa [20] Apresentação CRIANÇA SEGURA Safe Kids Brasil A CRIANÇA SEGURA é uma organização não governamental sem fins lucrativos, atuante no Brasil desde 2001, dedicada exclusivamente à prevenção de acidentes (lesões não intencionais) com crianças e adolescentes até 14 anos. A organização é integrante da rede internacional, Safekids Worldwide, que soma mais de 15 países espalhados pelos 5 continentes. Atualmente a CRIANÇA SEGURA está presente nas cidades de São Paulo, São José dos Campos, Recife e Curitiba. Sua atuação se dá através do monitoramento e articulação de políticas públicas; realização de ações e campanhas que visam à comunicação do tema para a sociedade em geral e a mobilização para a temática da prevenção de acidentes. A realidade dos Acidentes com Crianças e Adolescentes Acidentes Os acidentes (lesões não intencionais) são lesões leves ou graves provocadas por ações sem a prévia intenção de causar o ferimento, e podem ter como conseqüência seqüelas e até mesmo a morte. Coloquialmente os acidentes são associados às fatalidades, ocorrências que não podem ser evitadas. Esta concepção tem como resultado um olhar menos cuidadoso no que se refere a atitudes que previnam essas ocorrências. Os números dos acidentes no Brasil Todos os anos, milhares de crianças são vítimas de acidentes em decorrência da falta de informação e de cuidados no dia a dia. Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes são a maior causa de mortes, por causas externas, de crianças e adolescentes de 1 a 14 anos no Brasil. Cerca de 6 mil crianças e adolescentes morrem, 145 mil são hospitalizados e 24 mil ficam com seqüelas permanentes, todos os anos. Esta realidade impõe à nossa sociedade altos custos sociais e econômicos. 3 Programa CRIANÇA SEGURA na Escola O Programa CRIANÇA SEGURA na Escola teve início em 2001 em São José dos Campos, com o apoio dos voluntários da Johnson & Johnson e da Secretaria Municipal de Educação. Seu objetivo é levar as informações sobre a prevenção de acidentes com crianças e adolescentes para os três pilares do contexto escolar: professores e funcionários, pais e alunos. Consiste em formar os professores e fornecer instrumentos para que eles possam, ao longo do ano, inserir no currículo escolar as mensagens da cultura da prevenção, em especial, da prevenção de acidentes. Em 2003, o programa foi levado para o Recife com o apoio da Secretaria Municipal de Educação. A partir de 2004, o Programa passou a contar com o patrocínio de BAND-AID®, o que possibilitou a entrada do Programa em São Paulo, Curitiba e Jacareí. Nesses cinco anos o CRIANÇA SEGURA na Escola já atendeu: 4 Ano Escolas Professores Alunos 2001 3 30 2.400 2002 14 170 7.520 2003 118 785 46.055 2004 215 1.125 60.360 2005 268 2.117 91.650 Pesquisa - Perfil dos acidentes com crianças São Paulo 2005 Pesquisa - Perfil dos acidentes ocorridos com crianças Introdução O Programa CRIANÇA SEGURA na Escola trabalha com escolas dos mais diversos perfis. São escolas da rede pública (municipais e estaduais) e da rede privada, de pequeno, médio e grande porte. Em São Paulo o trabalho ocorre em quatro regiões do município – Norte, Sul, Leste e Oeste. Estas regiões apresentam características distintas tanto sociais como econômicas. Neste contexto o Programa elaborou uma pesquisa com o objetivo de investigar a dimensão e características dos acidentes ocorridos com as crianças e adolescentes (0 a 14 anos) participantes do projeto e os resultados obtidos fizeram parte da estratégia de trabalho desenvolvida nas escolas ao longo do ano de 2005. Cabe ressaltar que os dados analisados dizem respeito a acidentes que não levaram a criança ao óbito. Objetivos Os objetivos da pesquisa foram: Conhecer as especificidades de cada comunidade escolar e elaborar um plano de prevenção que fosse condizente com as características de cada uma delas; Mobilizar os professores, pais e responsáveis para o trabalho de prevenção de acidentes. 5 Metodologia No primeiro semestre de 2005 foram entregues pesquisas para 23 escolas participantes do Programa. Estas pesquisas foram aplicadas aos pais ou responsáveis diretamente, durante as reuniões escolares, e outras, enviadas para casa. Em um primeiro momento os questionários foram analisados a partir de uma tabulação informal realizada pelos próprios professores e pela equipe CRIANÇA SEGURA para que fosse possível traçar o perfil de cada escola. Após esse processo as pesquisas foram recolhidas e foi iniciada uma tabulação em parceria com a Liga do Trauma da UNIFESP, a análise foi feita pela equipe da CRIANÇA SEGURA. Principais Resultados Cerca de 7.000 questionários foram respondidos, mas devido a erros detectados pela CRIANÇA SEGURA, foram considerados válidos 4.616 (64%).formulários É importante considerar que a pesquisa não foi respondida por profissionais da saúde, e sim por famílias de crianças que estudam em escolas públicas e particulares da cidade de São Paulo. Nos 4.616 questionários considerados, 2.269 crianças já sofreram algum tipo de acidente, portanto, estatisticamente, metade (50,1%) dessas crianças já foi vítima de acidentes. Na análise de todos os grupos etários o índice de quedas foi o mais elevado dos acidentes, concentrando 52,7% dos casos. Em seguida temos as quedas de bicicletas, patinetes e skates com 19%. E em terceiro lugar observa-se que a queimadura também ocupou um lugar de destaque, ocorrendo em 11,2% dos casos. Queda Bicicleta, skate Queimadura Intoxicação Afogamento Atropelamento Ocupante de veículo Sufocação 6 A variável idade tem uma relação elevada com a ocorrência e a freqüência dos acidentes. Os diferentes estágios de desenvolvimento da criança influenciam a capacidade de movimentação e cognição de crianças e adolescentes. Portanto para melhor analisar os tipos de acidentes nas diferentes faixas etárias, os dados foram agrupados por idade. Percebe-se que entre crianças de 1 a 4 anos as quedas predominam (58%), já dos 5 aos 9 anos esse número sofre uma redução (46%), e o índice de acidentes com bicicletas patinetes e skates aumenta de 8% para 30%. Essa situação cresce ainda mais dos 10 a 14 anos, onde os acidentes com bicicletas e patins se apresentam 36% dos acidentes superando as quedas que reduzem para 34%. A maioria dos acidentes ocorreu no ambiente domiciliar (55%), e, em seguida, na rua (30%) e na escola (9%). Interessante também notar que a grande maioria das crianças estava acompanhada no momento do acidente (78%). Torna-se claro que o fato das crianças estarem acompanhadas não impossibilita que os acidentes ocorram, a supervisão é fundamental, mas deve ser uma supervisão ativa, atenta e cuidadosa. 7 87% dos respondentes acreditam que os acidentes podem ser evitados, Contudo os dados apresentados anteriormente colocam uma questão importante: mesmo sabendo da possibilidade da prevenção de acidentes, cerca de 2.500 crianças têm o histórico de, pelo menos, um acidente. Em outras palavras se é sabido que os acidentes podem ser evitados e, ainda assim, eles acorrem, a deficiência está na falta de medidas preventivas. Isto pode ser explicado pela idéia do acidente como um evento imprevisto no qual não há a possibilidade de uma intervenção prévia. Esta pesquisa legitima o trabalho e a importância do Programa CRIANÇA SEGURA na Escola. Afinal o número de acidentes é alto e precisa ser enfrentado, pois muitos deles causam a morte e deixam seqüelas permanentes em milhares de crianças anualmente. A redução depende da apropriação de uma lógica, na qual o acidente é visto como algo que pode ser prevenido através de uma cultura de prevenção que estimule comportamentos seguros e saudáveis por parte de crianças e seus responsáveis. 8 Educando para a Prevenção: práticas inovadoras na sala de aula As atividades descritas aqui representam uma amostra das diversas formas pelas quais é possível trabalhar o tema da prevenção de acidentes em sala de aula. Elas podem ocorrer das mais diferentes maneiras, nas áreas de matemática, português, informática, ciências, educação física, artes. Podem fazer parte do planejamento anual, de atividades diárias ou de projetos pontuais, ao longo do mês, do bimestre ou do semestre. Os professores participantes do Programa CRIANÇA SEGURA na Escola (São Paulo, São José dos Campos e Jacareí) foram convidados a enviar relatos de trabalhos realizados, ao longo do ano letivo, com o tema da prevenção de acidentes com crianças. Entre os trabalhos enviados, 12 foram selecionados para fazer parte deste material. Os critérios utilizados para a escolha destas atividades estão intimamente relacionados à: à coerência entre a atividade e a temática da prevenção de acidentes; ao estímulo à criatividade das crianças; à utilização de materiais que possam ser acessíveis a outras escolas que queiram reproduzir ou reformular a atividade As atividades estão divididas em educação infantil (0 a 3 e 4 a 6 anos) e em educação fundamental (7 a 14 anos) Cada uma está estruturada de acordo com três tópicos: Por que Razões pelas quais o trabalho foi realizado na escola Como Descrição da atividade feita e da metodologia e materiais utilizados em sua realização Esta publicação pretende apresentar e homenagear as diferentes iniciativas realizadas por professores parceiros, além de incentivar outros educadores para que levem esse tema para suas salas de aula. 9 Jogo: parece mas não é... Creche Escola Campo Grande - Professora Kátia Aparecida Rodrigues Faixa etária: 3 a 4 anos - Número de alunos envolvidos: 23 Lembrete! Esta atividade requer um cuidado especial na sua execução devido à natureza tóxica dos produtos utilizados e à idade das crianças. P or qu e? A Creche Escola Campo Grande atende a uma comunidade de baixa renda, com muitos problemas sociais e pouca infra–estrutura. O objetivo desta atividade é tornar as crianças seres multiplicadores da mensagem da prevenção de acidentes e conscientizar os pais sobre o risco da intoxicação. Como? O jogo foi elaborado com as crianças para ser apresentado aos pais na reunião escolar. A sua estrutura é baseada em um painel com um produto comestível sempre ao lado de um produto tóxico, visualmente similar, acondicionado em saquinhos ou garrafinhas transparentes. A cada produto selecionado uma roda de conversa foi realizada com os alunos para que pudessem perceber o perigo ao ingerir um produto tóxico, ao confundir-se com um alimento. Produto com est ível Sal grosso Chiclete Leite Balas de açúcar Confeitos de chocolate Iogu rte de mo rango Refrigerante de guaraná Chocolate granulado Produto tóxico vis ualm ente s imilar Soda caustica Refil para repelente elétrico Desi nfetante branco Com primidos div ersos Com primidos Desi nfetante rosa Desi nfetante tipo p inho Formicida Na reunião de pais o jogo foi apresentado. A identificação do produto ficou escondida e os pais tiveram de distinguir, apenas com o olhar, o produto comestível do tóxico. Ao término, independente do número de acertos, eles receberam dicas de atitudes seguras para prevenção de envenenamentos juntamente com a mensagem: “Se foi difícil para você distinguir, imagine para uma criança.” “A proposta da organização CRIANÇA SEGURA trabalha em cima da prevenção e após cada conversa sobre o tema com meus alunos percebo que, além de prevenção, estamos discutindo cidadania porque as crianças acabam aprendendo que as atitudes seguras não dependem somente delas, e passam a cobrar isso dos adultos que as rodeiam”. Professora Kátia Aparecida Rodrigues •• Boneco EMEI Professora Alaíde Bueno Rodrigues - Professora Maria do Socorro Seiler Faixa etária: 4 a 6 anos - Número de alunos envolvidos: 600 Professores participantes: Aylema A. Von Baron Feraz, Almira Aparecida Pereira Sanches, Sonia Galeano Dias de Moraes, Elisa Galeano Dias, Eliana Costa Ferreira Galego, Cristina Midena Vasconcelos, Isabel Cristina da Silva Barros, Sônia Maria Pissarra Mendes, Isabel Cristina Silva Barros, Márcia Regina dos Santos, Renato Silveira, Vanda Gonçalves Mosquito, Creusa Silvino, Norma Vidal da Cruz, Joanice Arlete da Silva Santos, Ester de Sene Bocchi, Dábora Bueno Vendramini, Neusa Ramos de Moraes, Sueli Dias Oliveira Zanqueta Giane Barbosa Gião, Dulcinéia Cristina Marcondes, Josefina da Conceição dos Reis Por que? A EMEI Professora Alaíde Bueno Rodrigues está situada em uma área periférica de São Paulo. As famílias atendidas constituem-se de trabalhadores em comércio e serviços, sendo as mães ocupadas em sua maioria com as atividades do lar. Em função dessas especificidades, coloca-se a importância de projetos que orientem os familiares quanto a atitudes que promovam a segurança integral da criança. As quedas envolvendo têm uma alta incidência neste grupo de crianças. O objetivo desta atividade é estimular atitudes de cuidado consigo e com outras crianças, além de possibilitar a identificação dos locais e situações que envolvam riscos e de quais são as atitudes seguras. Como? Em uma atividade coletiva com as crianças, um boneco de tamanho real foi construído e em seguida ganhou um nome por meio de votação. Com o intuito de torná-lo familiar aos alunos da escola, ele foi inserido em diferentes atividades e em diferentes espaços, como a sala de aula, parque , brinquedoteca, exibição de vídeo e refeitório. Posteriormente as crianças encontraram o boneco em situações de risco, como por exemplo: no parque, pendurado na grade com lanças; em cima da árvore; debruçado no muro do bebedouro; suspenso no armário para pegar brinquedos; subindo nos balcões; descendo escada correndo e sem segurar no corrimão. Para que houvesse o entendimento das crianças sobre os perigos das quedas, aconteceu uma simulação: houve um acidente com o boneco e a superfície de queda foi pintada com tinta guache para demarcar a área de risco. Em seguida, todos discutiram os perigos das quedas na escola. 11 Profissão Perigo E.M.E.I. Professor Arlindo Caetano Filho - Professora Lídia de Almeida Faixa etária: 04 a 06 anos - Número de alunos envolvidos : 30 Por que? A escola está localizada em um bairro residencial onde as crianças brincam principalmente nos quintais e dentro de casa. Devido às poucas opções de lazer que têm acabam se envolvendo em acidentes. Nestes casos o Corpo de Bombeiros sempre é acionado, contudo as crianças não têm idéia da sua atuação em casos de acidentes. Dentro desta perspectiva foi elaborado este projeto com o objetivo de apresentar a profissão de bombeiro às crianças e promover a reflexão sobre os acidentes e as formas de prevenção. Como? No início do processo, a sala de aula transformou-se em um ambiente temático sobre os Bombeiros. Neste espaço, diversos materiais ficaram expostos, como por exemplo: luvas, capacete, óculos, capas, botas, entre outros. Além disso, para estimular o interesse das crianças em representar diferentes situações envolvendo a atuação dos bombeiros, foram colocadas várias figuras e cartazes sobre o assunto. De forma complementar, organizamos a exibição de vídeos sobre o assunto e palestra de uma mãe sobre um acidente com um dos irmãos dos alunos. Num segundo momento, os alunos realizaram uma pesquisa sobre a profissão dos bombeiros e ouviram relatos de familiares que utilizaram o serviço por algum acidente. Em seguida todos foram ao Corpo de Bombeiros para entrevistá-los sobre as principais causas dos acidentes infantis. Após esta etapa, foi realizada uma palestra para os pais e ao final, as crianças confeccionaram um portifólio com todo o histórico do que foi vivenciado por eles. “O retorno com relação aos conhecimentos adquiridos no projeto é visível em atitudes e relatos que fazem no dia a dia”. Professora Lídia de Almeida 12 Trabalhando com teatro EMEI Jardim das Indústrias - Professora Adriana Aparecida Cunha Faixa etária: 3 a 6 anos - Número de alunos envolvidos: 400 alunos Por que? Devido ao alto índice de acidentes envolvendo crianças das mais diferentes idades e nas mais diferentes situações esta atividade foi proposta como objetivo de orientar os alunos e pais quanto aos cuidados na prevenção e redução de acidentes. A estratégia escolhida foi o teatro com crianças, uma forma mais descontraída para reflexão da temática da prevenção. Como? A peça foi criada coletivamente pelos alunos do Infantil IV, a partir da história sobre sufocação contida no livro infantil do Programa CRIANÇA SEGURA na Escola. A história foi narrada por uma funcionária e a dramatização realizada pelos alunos. A peça foi encenada para outras crianças da escola e para os pais. Como fechamento todos realizaram desenhos sobre a história. Roteiro da peça “O susto de Nina” Um dia, a Nina estava brincando com a sua boneca e com as suas moedas. Ela estava fazendo de conta que as moedas eram a comidinha de sua boneca e para fazer sua boneca comer, colocou uma moedinha na boca. Neste momento entra Betinho todo destrambelhado para chamar Nina para brincar e sem querer, bate em suas costas e ela engole a moeda. Nina fica parada e assustada. Betinho grita para seus pais que correram para ver o que tinha acontecido, e rapidamente levaram Nina para o médico. O médico a examinou e disse que foi só um susto e estava tudo bem, mas deu uma bronca em todos, pois os pais não devem deixar coisas pequenas perto das crianças e elas não devem colocar nada na boca, mesmo que seja de brincadeirinha. 13 Troquem suas armas por brinquedos EMEI Professora Olga Franco Custódio - Professora Mariza Garcia Palma Faixa etária: 4 a 6 anos - Número de alunos envolvidos: 586 Por que? A prevenção de acidentes foi desenvolvida ao longo do ano com as crianças da escola. Cada turma ficou com um assunto ligado ao tema. A campanha de desarmamento foi elaborada como uma forma de refletir sobre os acidentes com armas de fogo com crianças. Seu objetivo foi despertar a prática de atitudes segura nos alunos e disseminar a mensagem da prevenção na comunidade ao redor da escola. Como? As professoras separaram recortes de jornais e revistas com reportagens que relatavam acidentes com armas de fogo. Em suas turmas, realizaram uma roda de conversa para que cada aluno pudesse expressar sua opinião sobre o assunto. Assim, foi proposta uma “campanha para o desarmamento”, para estimular a troca de armas de brinquedo por brinquedos educativos. Na preparação da campanha, cartazes e materiais educativos foram criados para exposição na escola. Em seguida, as professoras propuseram uma atividade na qual as crianças fizeram uma lista com as brincadeiras legais que não necessitavam de armas. Mais uma vez, o resultado foi compartilhado com toda a escola através de cartazes. Além disso, as crianças do Infantil IV ficaram responsáveis por explicar a campanha às outras turmas. Ao final, durante a Feira de Prevenção de Acidentes, que estendeu-se por um período, as trocas das armas de brinquedos foram realizadas. “Proib i a r m a s do brincar co , perm itido b m rinca brinq r com uedo s lega is.” 14 Rua real e ideal EMEI Parque Meia Lua - Professora Ana Cláudia Silva Faixa etária: 6 anos - Número de alunos envolvidos: 270 Por que? A escola está situada na periferia da cidade em um bairro carente econômica, cultural e socialmente, por isso foram abordados vários itens. Um deles é que a rua de acesso à escola, que não é asfaltada, faz esquina com uma avenida movimentada e o trânsito é intenso, tanto de ciclistas como com veículos e pedestres. Como? Para trabalhar o tema trânsito com os alunos foi realizado um diagnóstico com a comunidade do entorno sobre os perigos da rua de acesso à escola. Essa pesquisa trouxe como resultado os seguintes itens: riscos de atropelamentos, o não respeito às regras pelos pedestres, carros e bicicletas, aglomeração no horário de entrada e saída dos educandos. Diante deste contexto foi sugerido que a educação para o trânsito fosse inserida, ao longo do ano, no currículo da escola. Uma das atividades realizadas na escola foi a “Rua Real e Ideal”. Ela surgiu a partir de uma reflexão sobre a dificuldade que os alunos sofrem na hora da entrada e saída da escola, pois a rua não é sinalizada, não têm calçadas o acesso fica muito desorganizado. Para reforçar a discussão sobre o tema, os alunos visitaram a biblioteca do bairro que é situada nas proximidades da escola. No caminho, ainda existe outra escola na qual a saída dos alunos é feita de uma forma mais organizada e tranqüila. Ao retornar à escola os alunos refletiram sobre a Rua Ideal e Real. Nesse momento os alunos puderam manifestar suas idéias e vivências sobre o tema. Em seguida, dividos em grupos, desenharam imagens para apresentar as necessidades percebidas para o alcance da “rua ideal”. Os desenhos apresentaram as seguintes solicitações: asfalto, sinalização, calçamento e agente de trânsito. “Cabe ao professor, o papel fundamental de educar para a cidadania, por isso, o envolvimento com o projeto é imprescindível, viabilizando aos educandos vivências significativas que possibilitem a aprendizagem do tema proposto”. Professora Ana Cláudia Silva 15 Jogo: “Criança consciente não sofre a Universidade do Vale do Paraíba - Professoras Milene Lopes Bonfim e Daniela de Oliveira Faixa etária: 7 e 8 ano - Número de alunos envolvidos: 27 Por que? O jogo de tabuleiro foi elaborado com o intuito de desenvolver atitudes de cidadania, nas quais os alunos - desde as séries iniciais - possam ter a consciência de que o trânsito não é formado apenas por veículos, mas também por pessoas. Esta atividade tem o objetivo de: a) Informar o aluno sobre as leis e normas que envolvem o trânsito; b) Desenvolver o senso crítico do aluno a respeito dos problemas que envolvem o trânsito; c) Alertar o aluno diante de posturas inadequadas no trânsito, a fim de prevenir futuros acidentes; d) Formar cidadãos conscientes da importância de se agir com atenção, autonomia e respeito no trânsito. Como? Este trabalho teve início com um estudo sobre as regras que envolvem o trânsito e a importância de se respeitá-las. A partir destes conhecimentos os alunos apontaram ações inadequadas no trânsito, quais suas conseqüências e principalmente quais as atitudes corretas diante destas ocorrências. A estratégia utilizada para trabalhar o tema foi a construção de um jogo de trilha utilizando materiais recicláveis. Na elaboração do caminho a ser percorrido foram inseridas algumas atitudes inadequadas apontadas pelos alunos, que serviram como obstáculos e, para superá-los e avançar no jogo, o aluno deveria saber a forma correta de agir. Em toda a sessão a professora acompanhou os alunos participantes a fim orientar as crianças e proporcionar um melhor aproveitamento do jogo. Obstáculos elaborados pelos alunos: [1] Você atravessou na faixa de pedestres, parabéns. - Ande 3 casas. [2] Cuidado, você não esperou o sinal de pedestres abrir. – Fique uma jogada esperando. [3] Parabéns, seu pai obedeceu corretamente aos sinais de trânsito. – Ande 5 casas. [4] Perigo, você atravessou sem olhar para os dois lados da rua. – Volte 2 casas. [5] Seu pai passou no sinal vermelho, isso é errado. – Volte 1 casa. [6] Muito bem, sua família utiliza cinto de segurança sempre. – Ande 4 casas. 16 Caça ao tesouro EMEF Jorge Vieira da Silva - Professora Margarida Moreira Freitas Faixa etária: 7 a 14 anos - Número de alunos envolvidos: 52 Participantes: Maria Cristina Stockler Pinto, Maria Aparecida Ribeiro Oliveira, Ana Camila Victoriano, Graci Ana Pereira de Sousa, Valdirene Aparecida Arruda Silva, Paulo Benedito dos Santos, Izaura Maria Alves dos Reis, Fernanda Rogato, Ed Wilson dos Santos. Por que? A escola é um dos principais recursos de difusão de informações no bairro, que é pouco habitado. Diante disso, são aproveitadas as várias oportunidades para divulgar os cuidados na prevenção de acidentes com as crianças, uma vez que o bairro não dispõe de transporte, telefonia pública para socorro e grande parte dos pais é analfabeta. Como? Para reforçar a prevenção de acidentes e desenvolver o espírito de colaboração entre os alunos, promovemos uma “Caça ao tesouro”. Os alunos foram divididos em quatro equipes que, orientadas por um professor, realizaram as seguintes provas seguindo as pistas: [1] A primeira prova está com o dono do tempo (no relógio do pátio da escola) Prova 1: “Na páscoa algumas pessoas fazem ovos de chocolate em casa; o chocolate precisa ser derretido em água quente. Podemos ficar perto do fogão, quando ele está ligado? Fale três cuidados que precisamos ter na cozinha.” [2] A próxima pista está com o Sr. Paulo (Auxiliar de Serviços Gerais) Prova 2: “Para conseguir pegar os objetos que estão muito altos, fora do nosso alcance, o que é mais correto fazer para evitar quedas?” [3] A próxima pista está no lugar onde é de mulher, homem não entra; onde é de homem, mulher não entra. (banheiro) Prova 3: “Muitos produtos de limpeza/higiene podem provocar envenenamento e intoxicação. Onde guardálos corretamente?” [4] A próxima pista está com a diretora Prova 4: “Na época de calor, todos querem se refrescar; como podemos nadar em cachoeira, rios, praias, piscinas com segurança?” [5] A próxima pista está com a monitora do ônibus escolar Prova 5: “Com toda essa energia vocês parecem que estão ligados na tomada. Digam dois cuidados que precisamos ter com a eletricidade.” [6] A próxima pista está com o maior amigo da escola ( Pita, motorista do ônibus escolar) Prova 6: “Muitos acidentes de trânsito acontecem devido à falta de cuidados dos motoristas e passageiros dos carros. Digam dois cuidados para evitar acidentes de trânsito com as crianças.” [7] O tesouro está numa grande estrutura branca e azul, que tem tudo a ver comigo. (ônibus) Dentro do veículo, as crianças encontraram o prêmio por terem concluído a brincadeira. 17 Passeio ciclístico EMEF Professora Therezinha do M. J. S. Nascimento - Professora Roberta Fagali Faixa etária: 7 a 10 anos - Número de alunos envolvidos: 480 Por que? A escola está localizada na periferia da cidade, em um bairro com poucos recursos. Atende uma clientela formada por famílias de baixa renda que têm a escola como referência e espaço para estudo, lazer, socialização, realização de atividades extra-classe e passeios. O objetivo do Passeio Ciclístico da Primavera era valorizar e incentivar o uso dos equipamentos de segurança e da ciclovia existente em nosso bairro, além, é claro, de conscientizar os alunos e comunidade em geral sobre as inúmeras formas de prevenção dos acidentes. Como? O passeio foi organizado com o apoio de diversos órgãos. A Polícia Militar estava presente e colaborou no estímulo da utilização dos equipamentos de segurança para a prática do ciclismo. Na data do evento, foram desenvolvidas as seguintes atividades: (a) Vídeo “Ciclista Seguro”, (b) Oficinas de Enfeite de Bicicleta, (c) Passeio Ciclístico pelo bairro, (d) Premiação da criança melhor equipada, a família mais animada e a bicicleta mais enfeitada. Durante o passeio, o Departamento de Trânsito do Município e um carro de som acompanharam as pessoas. Poucas pessoas compareceram utilizando equipamentos de segurança, porém conseguiram entender a importância. Alguns participantes e familiares deram depoimentos de acidentes sofridos ou presenciados por eles, validando ainda mais o trabalho. O trabalho ainda teve continuidade com discussões e registros (desenhos e/ou textos) realizados em sala de aula com os professores de cada turma. “Ter desenvolvido este trabalho foi muito interessante e gratificante, visto que os alunos passaram a desenvolver atitudes preventivas, mediante os riscos e conseqüências provocados pelos acidentes”. Professora Roberta Fagali 18 Livro Dicas EMEF Professora Leonor Pereira Nunes Galvão - Professora Nádia Maria da Silva Faixa etária: 7 a 9 anos - Número de alunos envolvidos: 34 Por que? O projeto foi elaborado com o objetivo de conscientizar as crianças dos perigos que estão à nossa volta e do que fazer para evitar acidentes, além de promover uma reflexão para tornar o ambiente doméstico mais seguro. Como? A primeira fase do projeto consistiu em elaborar um cartaz com dados estatísticos sobre o número de acidentes que acontecem com mais freqüência no Brasil. O debate foi interessante, pois todos tinham histórias para contar. A cada dia, o grupo lia uma história do livro do Programa CRIANÇA SEGURA na Escola. Em cada capítulo havia a discussão da situação e da atitude dos personagens diante dos fatos. Em seguida os alunos contaram suas histórias sobre aquele tipo de acidente. Em seguida foram discutidas quais as formas de prevenção destes acidentes e estas aulas se repetiram, em média, duas vezes por semana. Depois de elaboradas as dicas para a prevenção das principais causas de acidentes, a sala foi dividida em oito grupos. Os temas foram sorteados para que cada grupo elaborasse a apresentação e um desenho para ilustrar o livrinho. No “Dia da família na Escola”, montou-se uma banquinha, onde alguns alunos, representando a classe, explicavam aos pais como o livrinho havia sido elaborado e com qual finalidade. Ao final, cada pai recebeu um exemplar. “Eu aprendi que devemos tomar certos cuidados com algumas coisas. Por exemplo: não mexer no fogo, não mexer com produtos de limpeza, não devemos ficar em sacadas de prédios e sobrados sem proteção, não entrar em piscina fundas, sempre olhar dos dois lados para atravessar a rua, que tem que ser na faixa de pedestre”. Aluno, autor do “Livro Dicas” 19 Soltando Pipa EMEF Professora Vera Lúcia Carnevalli Barreto - Professora Márcia Aparecida Santana Faixa etária: 9 a 11 anos - Número de alunos envolvidos: 70 Por que? Em agosto, mês do folclore, as pipas ganham espaço na brincadeira das crianças e adolescentes. Por esta razão, nada melhor do que mostrar aos alunos a área apropriada e quais os cuidados necessários para essa prática. Para incentivar a brincadeira de “empinar a pipa”, mas com segurança, o projeto Soltando Pipa foi criado na escola. Como? A partir do texto de Ziraldo: “A pipa do Menino Maluquinho”, foi proposto o trabalho com o tema. Nas aulas de informática, os alunos fizeram uma pesquisa sobre as pipas em diversos sites, onde acessaram muitas informações sobre o assunto como: nomes dados às pipas em outras regiões brasileiras e outros países, efeitos apresentados pelas pipas, materiais utilizados na confecção de pipas, regras de segurança para empiná-las e outros. De posse desse material, houve a discussão e elaboração das regras de segurança. Foram produzidos textos coletivos e individuais. A turma percebeu a importância de transmitir o conhecimento adquirido para os colegas de outras salas. Assim, planejadaram a realização de uma “Oficinas de Pipas”, na semana da criança para os alunos de 1ª a 3ª séries. Além da confecção do “brinquedo”, os alunos monitores passaram as informações sobre como brincar com segurança. “O ponto culminante do projeto foi a conscientização dos alunos que sem dúvidas serão os transmissores de tudo o que aprenderam e poderão empinar pipas com alegria e segurança”. Professora Márcia Aparecida Santana 20 Agente Criança Segura EMEF Professora Ildete Mendonça Barbosa - Professora Mercia Malta de Sá Faixa etária: 8 anos - Número de alunos envolvidos: 35 Por que? O objetivo desta atividade é formar a criança como agente multiplicador de segurança dentro do ambiente escolar. Como? Os alunos fizeram um trabalho de fiscalização e observação anotando os pontos de risco, dentro da própria escola. Posteriormente, elas foram reunidas e socializadas para que pudessem elaborar regras para evitar acidentes dentro da escola. Com as regras estabelecidas, os alunos se encarregaram de conscientizar as outras turmas da escola. Uma ferramenta utilizada foi a construção de um mural, no qual foram inseridas notícias sobre os acidentes no ambiente escolar e suas formas de prevenção. Essas equipes foram diferenciadas através do emblema da CRIANÇA SEGURA que foi confeccionado pelos próprios alunos, dando-lhes uma característica própria e divulgando o projeto por toda a escola e comunidade. Esse trabalho, para ser considerado eficiente, deve transformar as atitudes das crianças e, para tanto deve ser constante, de forma que envolva toda a escola, desde o pessoal da manutenção à equipe de direção. “Ele tem conversado com o pai sobre o trânsito, como ele deve andar e respeitar o sinal e a faixa de pedestre”. Mãe de Aluno, integrante do projeto 21