Água para consumo Bloco de Conteúdo Ciências Naturais Conteúdo Educação Ambiental Introdução Este é o segundo plano de aula de uma série de cinco propostas para trabalhar com a questão hídrica no Ensino Fundamental. No primeiro plano, O caminhos da águas, foram apresentadas atividades sobre o percurso da água na natureza, observando a distribuição dela no planeta, bem como as proporções desse recurso em rios, geleiras, cumes de montanhas, solos, atmosfera e subsolo. Examinou-se o ciclo e os usos da água. Aqui, vamos verificar a distribuição e a disponibilidade de água própria para o consumo humano na superfície terrestre, analisando as causas naturais e sociais que afetam sua oferta - situações como consumo excessivo, poluição, desperdício e ausência ou precariedade dos serviços de saneamento básico. A escassez tem levado a disputas e conflitos pela posse e pelo uso da água em diferentes regiões do globo, um quadro que tende a se agravar. Objetivos • Identificar a distribuição de água no planeta e os fatores naturais e sociais que interferem na sua abundância e escassez, tendo em vista o consumo humano. • Reconhecer e analisar práticas e situações que comprometem a disponibilidade de água no Brasil e no mundo e examinar propostas para o uso sustentável do recurso. Conteúdo Água – distribuição e disponibilidade na superfície terrestre; A situação do Brasil; Usos da água; e sustentabilidade do recurso. Ano 1º ao 9º Tempo estimado Quatro aulas Desenvolvimento Primeira aula Como é a distribuição e a disponibilidade da água no mundo? Quais as áreas que convivem com abundância ou escassez dela? No Brasil, como é a situação? E na cidade em que vivem os alunos, há oferta adequada de água? Qual é a situação dos mananciais e cursos d’água que abastecem a localidade? Essas e outras questões podem servir de mote ao desenvolvimento dos assuntos relativos a este plano e ser o ponto de partida para a organização de projetos coletivos de trabalho, sequências didáticas e outras atividades. Converse com a turma sobre as questões iniciais. Nesta fase, os estudantes estão se familiarizando com a leitura e a interpretação de mapas e cartas em diferentes escalas. Solicite que observem e analisem os mapas “Água no Mundo” e “Divisão Hidrográfica Nacional” (mostrados abaixo). Faça alguns destaques: em áreas do norte da África, do Oriente Médio e da Ásia Central estão países que possuem menor disponibilidade de recursos hídricos renováveis. Assinale que em pontos como a bacia do rio Jordão – entre Israel, Síria e Jordânia –, a bacia do rio Nilo (Sudão, Etiópia e Egito), a bacia do rio Eufrates – que atravessa Turquia, Síria e Iraque – e o leste da África, no planalto dos Grandes Lagos, já ocorrem conflitos causados pela sede. A mesma motivação leva Namíbia, Angola e Botsuana a embates na bacia do rio Okavango. Fonte: Olhar Geográfico, FONSECA, Fernanda P. et al.. São Paulo: IBEP, 2006, p. 88 (v.2) No caso do Brasil, destaque que nosso país conta com 12% da água doce superficial do planeta e dispõe de bacias de rios com grande volume de água, como a Amazônica (onde está 70% da reserva nacional), ou sob clima tropical com regime regular de chuvas, casos das bacias do Paraná, do Atlântico e do Tocantins-Araguaia. Vale notar, entretanto, a distribuição irregular pelo território, em especial no semi-árido nordestino, e carências nas grandes áreas urbanas (para mais dados, recomende a leitura no site Planeta Sustentável das reportagens Líquido Precioso e Poluição e Desperdício Reduzem a Água Disponível no Brasil). NOVA DIVISÃO DAS REGIÕES HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Conselho Nacional de Recursos Hidrícos, instituiu uma nova divisão das bacias hidrográficas brasileiras, chamada Divisão hidrográfica nacional. As bacias foram agrupadas em 12 regiões hidrográficas, conforme o mapa e a tabela abaixo. O trecho a seguir, da Resolução n.º 32, de 15/10/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, apresenta a nova divisão aprovada: Art. 1.º Fica instituída a Divisão Hidrográfica Nacional, em regiões hidrográficas nos termos dos anexos I e II desta Resolução, com a finalidade de orientar, fundamentar e implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos. Parágrafo único. Considera-se como região hidrográfica o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos. DIVISÃO HIDROGRÁFICA NACIONAL Adap.: Almanaque Abril 2007. São Paulo: Abril, 2007. p. 639 (conforme Resolução n. 32, de 15 de outubro de 2003, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos). Regiões Região Hidrográfica Amazônica Região Hidrográfica TocantinsAraguaia Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental Características Constituída pela bacia hidrográfica do rio Amazonas situada no território nacional e, também, pelas bacias dos rios existentes na Ilha de Marajó, além das bacias dos rios situados no estado do Amapá que deságuam no Atlântico Norte. Constituída pela bacia do rio Tocantins até sua foz no Oceano Atlântico. Constituída pelas bacias dos rios que deságuam no Atlântico – trecho Nordeste, estando limitada a Oeste pela região hidrográfica do Tocantins-Araguaia, exclusive, e a Leste pela região hidrográfica do Parnaíba. Região Hidrográfica do Parnaíba Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental Região Hidrográfica do São Francisco Constituída pela bacia do rio Parnaíba. Constituída pelas bacias dos rios que deságuam no Atlântico – trecho Nordeste, estando limitada a Oeste pela região hidrográfica do Parnaíba e ao Sul pela região hidrográfica do São Francisco. Constituída pela bacia do rio São Francisco Constituída pelas bacias de rios que deságuam no Atlântico – trecho Leste, estando limitada a Norte e a Oeste pela região hidrográfica do São Francisco e ao Sul pelas bacias dos rios Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus, inclusive. Constituída pelas bacias de rios que deságuam no Atlântico Região – trecho Sudeste, estando limitada ao norte pela bacia do Hidrográfica Rio Doce, inclusive, a Oeste pelas regiões hidrográficas do Atlântico Sudeste São Francisco e do Paraná e ao Sul pela bacia do rio Ribeira, inclusive. Região Constituída pela bacia do rio Paraná situada no território Hidrográfica do nacional. Paraná Região Constituída pela bacia do rio Uruguai situada no território Hidrográfica do nacional, estando limitada ao Norte pela região hidrográfica Uruguai do Paraná, a Oeste pela Argentina e ao Sul pelo Uruguai. Constituída pelas bacias dos rios que deságuam no Atlântico – trecho Sul, estando limitada ao Norte pelas Região bacias hidrográficas dos rios Ipiranguinha, Iririaia-Mirim, Hidrográfica do Candapui, Serra Negra, Tabagaça e Cachoeira, inclusive, a Atlântico Sul Oeste pelas regiões hidrográficas do Paraná e do Uruguai e ao Sul pelo Uruguai. Região Constituída pela bacia do rio Paraguai situada no território Hidrográfica do nacional. Paraguai Região Hidrográfica Atlântico Leste Fonte: ALMEIDA, Fernando J. Disponível em: http://www.scipione.com.br/mostra_artigos.asp?id_artigos=25&bt=5 Acesso em: 19 ago. 2009. Nosso país conta também com uma extraordinária reserva de água doce subterrânea de 112 trilhões de metros cúbicos, com destaque para o Aquífero Guarani, no subsolo dos estados do Centro-Sul e dos vizinhos do Cone Sul. Proponha que os estudantes organizem as informações contidas nos mapas e textos sobre a distribuição e disponibilidade de água no Brasil e no mundo. Nas aulas seguintes, eles irão se debruçar sobre as questões envolvendo os usos da água e sua repercussão na oferta do recurso. Segunda aula Os mapas e reportagens oferecem dados importantes para debater a questão da exploração de recursos hídricos e para identificar usos que são insustentáveis e comprometem a oferta e a qualidade da água. Peça que os alunos pesquisem novas informações a respeito desse ponto (ver indicações no final deste plano). Eles deverão elaborar listas e quadros que contenham apresentação e classificação dos usos da água. Lembre-os que a oferta é comprometida por diferentes tipos de consumo. No residencial, é preciso combater o desperdício e implantar redes e estações de tratamento de esgotos. No caso da agricultura, é recomendável a irrigação por gotejamento, sempre que possível. Já as indústrias precisam tratar seus dejetos antes de devolvê-los à natureza. A situação crítica do alto rio Tietê (em São Paulo) e do alto Iguaçu (no Paraná), por exemplo, decorre do fato desses rios serem usados para despejo de resíduos de toda ordem – um uso insustentável e inadequado, que inviabiliza outras utilizações. É importante destacar que há usos em que não há o gasto do recurso, como a navegação em rios e lagos e a geração de energia hidrelétrica. Essas atividades, no entanto, precisam ser monitoradas para não subtrair água ou provocar impacto nos entornos. Informe que, no Brasil, a demanda doméstica e a industrial respondem por 30% do consumo da água, enquanto 70% é apropriado pela agropecuária, para irrigação e criação de animais. Apesar disso, as cidades contam com o maior percentual das redes de abastecimento. Somente 17% dos domicílios rurais são atendidos por elas. Assinale também que deficiências na rede (canos quebrados e vazamentos) provocam perdas da ordem de 40%. Vale lembrar, ainda, a baixa oferta de saneamento básico no nosso país: segundo pesquisa do IBGE de 2000, pouco mais de 50% dos domicílios brasileiros estão ligados à rede de esgotos. Lembre à turma a polêmica sobre a exploração do rio São Francisco, face ao projeto de transposição de suas águas, no médio curso, para as bacias setentrionais. Em outras partes do planeta, ocorrem situações semelhantes, em especial em países que não dispõem de infraestrutura adequada de saneamento. Nos países pobres, calcula-se que 90% do esgoto é devolvido à natureza sem tratamento. A construção de barragens para usinas hidrelétricas em regiões a montante do principal rio de uma bacia hidrográfica compromete a oferta de água a populações a jusante, casos do Eufrates e do Ganges (gerando atritos entre Índia e Bangladesh). Há casos graves de poluição e contaminação nos rios Amarelo (China), Volga (Rússia) e Colorado (EUA). Mas o caso mais representativo é o do mar de Aral, entre o Casaquistão e o Uzbesquistão, que perdeu 2/3 de sua superfície e se tornou salgado, com consequências desastrosas para plantas e animais e para o abastecimento humano (sugira a leitura em Planeta Sustentável do texto Catástrofe no Mar de Aral). Com base nos dados apresentados, os estudantes poderão preparar os quadros citados e avaliar as situações mais críticas. Terceira e quarta aulas Com base nos dados e discussões, encomende a elaboração de textos dissertativos sobre a disponibilidade e usos da água no Brasil. Os jovens podem discorrer sobre os fatores naturais, mas é importante que percebam que os aspectos econômicos, sociais e políticos são decisivos para o balanço hídrico de diferentes lugares, regiões e países. Recomende a inserção de mapas, tabelas e gráficos para enriquecer o texto e as argumentações. Proponha também que ofereçam propostas, mesmo que incipientes, para melhorar a gestão e o uso da água. Esse ponto deverá ser explorado nos próximos planos de aula, mas os estudantes já podem apontar aqui itens como: a necessidade de ampliar estruturas e serviços de saneamento básico e de coleta de lixo, promover o combate ao desmatamento (em especial, nas matas ciliares) e apontar a necessidade da gestão compartilhada do recurso. De acordo com os interesses e as proposições dos estudantes, considere a possibilidade de promover uma exposição ou apresentação com os resultados para outras turmas da escola. Avaliação Leve em conta os objetivos estabelecidos no início das atividades. Observe e registre a participação dos estudantes nas etapas individuais e coletivas do trabalho. Para verificar o domínio progressivo dos conceitos, das noções e dos processos, especialmente em turmas do 6º ao 9º ano, examine o conjunto da produção de textos, painéis, desenhos e outros trabalhos realizados. Reserve um tempo para que a moçada fale livremente sobre a experiência e para avaliar eventuais dificuldades e ganhos de aprendizagem. Quer saber mais? Bibliografia Ambiente Brasileiro: 500 Anos de Exploração dos Recursos Hídricos, Aldo Rebouças, em Patrimônio Ambiental Brasileiro, Wagner C. Ribeiro (org), Edusp, tel. (11) 3091-2911. Atlas do Brasil: Disparidades e Dinâmicas do Território (ver em especial o Capítulo 3 – O Meio Ambiente e sua Gestão, que trata das águas no Brasil), Hervé Théry e Neli Mello, Edusp. Como Fazíamos Sem..., Bárbara Soalheiro, Panda Books, tel. (11) 2628-1323. Internet Comitês de bacias hidrográficas Quais são os órgãos encarregados de fazer o gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil? Quais são suas principais atribuições? Quem participa deles? O que são e o que fazem os Comitês de Bacias Hidrográficas? Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos Informe com os principais pontos do relatório, indicando a questão da governança da água.