Sudeste pode 'aprender com Nordeste a lidar com seca', diz especialista. http://www1.folha.uol.com.br/bbc/2014/08/1503881-sudeste-pode-aprender-com-nordestea-lidar-com-seca-diz-especialista.shtml O presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, disse em entrevista à BBC Brasil que a atual crise hídrica em São Paulo e em outras cidades do Sudeste é uma "oportunidade" para esta região do país, que deveria se inspirar no exemplo do Nordeste para enfrentar o problema. Segundo Braga, daqui em diante, o uso mais eficiente da água e o preparo para enfrentar períodos de estiagem se tornarão uma prioridade, assim como houve uma busca por eficiência energética e medidas capazes de evitar a falta de energia elétrica após os apagões do início da década passada. "Em meio a essa crise no Sudeste, ninguém fala do Nordeste, que vive uma seca há três anos", destaca o hidrologista, que também é professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo). "Esta região aprendeu com as crises do passado e criaram uma infraestrutura para conseguir sobreviver a este momento difícil. O Ceará é um bom exemplo disso." AUMENTO DO CONSUMO Mesmo em meio a pior crise de água já registrada na região atendida pela empresa, quase um quarto das residências paulistas teve um aumento no consumo de água. A porcentagem das casas com esse aumento ficou em 24% em maio, baixou para 21% em junho, subiu para 26% em julho e está em cerca de 22% em agosto, segundo dados parciais contabilizados até o último dia 11. Os dados da Sabesp ainda mostram que um bônus oferecido a paulistas que reduzirem seu consumo de água em 20% não foi capaz de gerar uma grande economia de água. 'FALTA DE CONSCIÊNCIA' Para Braga, isso é um sinal de que a população não está consciente da crise hídrica, "caso contrário não haveria aumento do consumo". "A mídia fala muito da crise, mas, se não impactar no bolso do cidadão, ele acha que é assim mesmo e que não é uma situação tão grave assim, porque tem água na torneira", diz o especialista. O governo estadual paulista chegou a anunciar em abril que iria cobrar uma multa de 30% pelo aumento do consumo de água. A medida veio após quedas sucessivas do nível do Sistema Cantareira (que abastece a Grande São Paulo) por causa de uma escassez de chuvas. A multa seria aplicada a partir de maio, foi adiada para junho e nunca chegou a sair do papel. O governador paulista Geraldo Alckmin desistiu da medida em julho por considerá-la desnecessária diante do aumento do número de consumidores que aderiram ao programa de bônus da Sabesp.