PERFIL AUDIOLÓGICO DE LAVADORES Um estudo

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CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
AUDIOLOGIA SAÚDE DO TRABALHADOR
PERFIL AUDIOLÓGICO DE LAVADORES
Um estudo fonoaudiológico em postos
de gasolina
PATRICIA FUMERO
SÃO PAULO
2000
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
AUDIOLOGIA SAÚDE DO TRABALHADOR
PERFIL AUDIOLÓGICO DE LAVADORES
Um estudo fonoaudiológico em postos
de gasolina
Monografia de Conclusão do Curso de
Especialização em Audiologia Saúde
do Trabalhador.
Orientadora: Mirian Goldenberg
PATRICIA FUMERO
SÃO PAULO
2000
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o perfil audiológico
de indivíduos lavadores de automóveis de postos de gasolina da
cidade de São Paulo.
A idéia de pesquisar o perfil audiológico destes trabalhadores
surgiu a partir da observação destes indivíduos lavadores de
automóveis, que são expostos durante a sua jornada de trabalho a
níveis de ruído que varia de 78 a 85 dB e não utilizam equipamento
de proteção individual para a redução da transmissão do ruído à
orelha interna destes trabalhadores.
Sabe-se que um tom de aproximadamente 70 dB NPS a 1.000
Hz ocasiona uma determinada resposta.
Esse tom, contínuo por um longo tempo pode elicitar uma
mudança temporária ou permanente no limiar auditivo.
Além da investigação do perfil audiológico dos lavadores,
essa pesquisa em segundo momento propõe uma promoção de
cuidados à saúde ocupacional, para este ramo de atividade
profissional, através de uma proposta de um Programa de
Conservação Auditiva, descrito por Miranda (1998).
Todo trabalhador exposto a ruído deve ser submetido a um
processo de análise da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR.
A simples existência de uma máquina ruidosa no ambiente de
trabalho não significa que o trabalhador que o opera esteja a ponto
de ocorrerem o risco de desenvolver a PAIR.
O risco de dano à saúde para a grande maioria dos agentes
de natureza ocupacional depende, fundamentalmente da sua
quantidade ou intensidade e do tempo diário de exposição.
A análise do perfil audiológico será realizada através dos
exames audiológicos destes trabalhadores e como método de
classificação da perda auditiva será utilizado o método de Davis, H.
(1970).
SUMMARY
The surch has the objective to analyse the audiology profile of
washermen of petrol stations of S.P. city.
The idea of surching the audiology profile of these workers,
that are exposure during their work journey to noise levels that vary
78 from 85 dB and don’t use way protection form to happen the
reduction of noise transmission to internal ear these workers.
It’s knour that a tone of about 70 dB NPS to 1000 causes a
certain answer.
This same tone, continual for a long time can cause a
temporary change or constant in ear threshold.
This surch has the objective to investigate the audiology
profile of this people, if it’s possible to collaborate to ocupational
health to this professional activity profile used the Miranda method
(1998).
All the worker’s exposed to noise must be submited a analysis
process of loss induce by noise.
The simple existence of noise machine in work atmosphere
doesn’t mean that the worker, who uses it is exposure to the point of
to happen the risk to develop the PAIR.
The risk of health damage for most of health agents of
ocupational nature depends fundamentaly it’s quantity or intensity
and diary time of exposure.
The analysis of audiology profile will be realized through of
audiology examination of these workers and as classification method
of the loss will be used the Davis method (1970).
SUMÁRIO
1. Introdução
1
2. Discussão Teórica
5
2.1 Características do Som
5
2.2 Percepção Auditiva
5
2.3 Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR
6
2.4 Fisiopatologia
7
2.5 Ruído
9
2.6 Parâmetros Legais
13
2.7 Programa de Conservação Auditiva – PCA
18
3. Pesquisa Prática
22
3.1 Materiais e Métodos
25
3.2 Análise dos Resultados
26
4. Considerações Finais
31
5. Referências Bibliográficas
37
1. INTRODUÇÃO
A audição é uma sensação fundamental à vida, pois é a base
da comunicação humana.
O órgão responsável pela audição é o ouvido, o qual se
localiza na intimidade do osso temporal e se divide em ouvido
externo, ouvido médio e ouvido interno.
Miniti, Bento & Butugan (1993), relatam
o mecanismo auditivo que
contém informações fisiológicas do aparelho auditivo.
O fenômeno da audição é resultado de uma série de eventos complexos
que resultam na interpretação cortical dos sons.
A energia sonora, que é vibração mecânica, é transmitida através de um
meio elástico, que é o ar, atingindo a membrana timpânica, fazendo-a vibrar.
A membrana timpânica serve, portanto, como receptor e coletor da
pressão acústica gerada pela vibração.
Sendo fina (0,07 mm de espessura), delicada e elástica, é extremamente
sensível a estas pequenas vibrações sonoras.
Sua forma cônica possibilita uma maior área sem que necessite canal
auditivo mais longo.
Outra função é a de fechar e portanto a de proteger a cavidade do ouvido
médio contra a entrada de agentes estranhos.
Sua área é de 65mm2 e forma um ângulo de 55º em relação ao meato
auditivo externo.
Os ossículos da cavidade timpânica estão delicadamente suspensos na
cavidade timpânica para transmitir as vibrações sonoras com mais eficiência.
Quando uma pressão positiva é exercida sobre a membrana timpânica, o
cabo do martelo que está nela inserido se move medialmente, enquanto que sua
cabeça se movimenta lateralmente, puxando o corpo da bigorna com ela.
Este movimento faz com que o ramo longo da bigorna se movimente em
torno da cabeça do estribo, causando um movimento através de sua platina na
endolinfa que está em contato na janela oval.
Este movimento faz com que haja uma amplificação decorrente de um
efeito alavanca e da diferença de área entre a membrana do tímpano e a janela
oval (aproximadamente 32 vezes menor).
Todo este conjunto tímpano-ossicular é responsável por aproximadamente
40 dB de transmissão sonora.
Com os líquidos cocleares (endolinfa e perilinfa) não são compressíveis, é
necessária a ação da membrana da janela redonda na outra extremidade do
canal coclear para que haja um movimento líquido intracóclea.
Os ligamentos anulares do estribo e o tipo balanço rotativo para dentro e
para fora da janela oval induz movimentos dos líquidos da cóclea.
A perilinfa preenche duas rampas ductos na cóclea, a timpânica e a
vestibular.
Estas rampas paralelas se comunicam no helicotrema (ápice da cóclea).
O movimento líquido causa o reflexo da janela redonda contrário ao
movimento da platina do estribo.
Este movimento causa um impulso nervoso com o epitélio neural do
labirinto membranoso agindo como um transdutor elétrico.
O epitélio neural é composto por aproximadamente 15.000 células ciliadas
arranjadas em uma coluna de células ciliadas internas e quatro colunas de células
ciliadas externas.
As células ciliadas se deitam sobre células de suporte, estando todo o
conjunto sobre a membrana basilar.
Este conjunto é contido no ducto coclear e é embebido em endolinfa.
A posição das células ciliadas é ordenada de modo a que cada local possa
responder por determinadas frequências.
As células ciliadas responsáveis pelas frequências altas acima de 2.000
Hz são as do turno basal da cóclea, enquanto que as de baixa frequência são
encontradas no turno médio e apical da cóclea.
Os neurônios periféricos que estão distribuídos nas células ciliadas
recebem a informação gerada na célula para transmiti-la ao córtex cerebral.
As respostas corticais são realizadas no lobo temporal nas áreas 41 e 42
de Brodmann onde há locais tonotópicos frequenciais específicos.
Dessas partes citadas anteriormente, a mais importantes é o
ouvido interno, pois sua porção anterior, a cóclea, abriga o órgão de
Corti, que é uma estrutura mecano-receptora essencial à audição
Oliveira (1997).
2. DISCUSSÃO TEÓRICA
2.1 Características do Som
O som é o resultado da transmissão de energia de partículas
de ar em vibração de uma fonte sonora em direção a partes mais
distantes.
A frequência sonora se expressa em ciclos por segundo (c/s)
ou Hertz (Hz).
Caracteriza a altura de um som, definindo-o em termos de
frequência decrescente, como agudo, médio ou grave.
A frequência é inversamente propocional ao comprimento de
onda do som.
2.2 Percepção Auditiva
A capacidade para ouvir sons varia bastante de pessoa
para pessoa.
Em um adulto normal, os limites de audibilidade situam-se em
torno de 16 Hz para as baixas frequências e por volta de 16.000 Hz
para as altas frequências, o que corresponde a 10 oitavas.
O ouvido humano não percebe com a mesma intensidade
sons de frequências diferentes.
Como há um limite mínimo de intensidade de percepção zero
dB é igual a (2X10-4) dina/cm2 a 1000 Hz), também existe uma
intensidade máxima, que para o ser humano está situado em torno
dos 120 dB’s quando começa a sensação dolorosa.
A sensibilidade do ouvido humano não é proporcional a
intensidade sonora, ou seja, o ouvido não sente com dupla
intensidade um som cuja intensidade tenha sido dobrada.
2.3 Perda Auditiva Induzida pelo Ruído - PAIR
Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) é uma entidade
bem conhecida desde o século passado e já em 1830 recebia o
nome de “surdez dos ferreiros”.
Pesquisas mais conclusivas a seu respeito datam de 1906 e
devem-se a Haberman, o qual, estudando o ouvido interno de um
cadáver após exercer por muito tempo o ofício de caldereiro,
encontrou alterações degenerativas no órgão de Corti e nas células
do gânglio espiral.
Nas últimas décadas, a medicina ocupacional e a militar têm
realizado muitos estudos, em razão do número significativo de casos
encontrados.
A exposição crônica ao ruído destruindo as células sensoriais
do órgão de Corti, produz uma deterioração auditiva lenta,
progressiva
e
irreversível,
com características
de
disacusia
sensório-neural, em geral simétrica e com aspectos clínicos
relativamente definidos (Ibañes & Seligman, 1993).
PAIR é
uma perda do tipo neurossensorial, bilateral e
irreversível. Inicialmente, ocorre o acometimento dos limiares
auditivos em uma ou mais frequências da faixa de 3.000 a 6.000 Hz
Santos & Russo (1993).
Para Ferreira Júnior (1998), PAIR é a doença crônica e
irreversível resultante da agressão às células ciliares do órgão
auditivo de Corti, que decorre da exposição sistemática e
prolongada a ruído, cujos níveis de pressão sonora (NPS) são
elevados.
No que se refere ao ruído, a referência são os NPS, medidos
em decibel na escala de atenuação A dB(A), aos quais o trabalhador
é exposto durante horas por dia.
Entende-se por (NPS) níveis de pressão sonora, igual a 20
vezes o logaritmo da pressão sobre uma pressão de referência (Po)
que, no caso, é a menor pressão sonora audível, tornando-se por
base um tom de 1000 HZ = 20 µ Pa.
2.4 Fisiopatologia
As lesões do órgão de Corti ocorrem preferentemente na
espira basal da cóclea, na área responsável pela audição de sons
de 3 a 6 kHz, independente do espectro de frequências do ruído
agressor.
O caminho percorrido pelo estímulo auditivo, é bem provável
que após alcançar o nervo auditivo central, impulsos viajem ao longo
da formação reticular para alcançarem o nervo hipotalâmico.
Do nervo hipotalâmico o produto da estimulação viaja até a
glândula pituitária onde são produzidos efeitos endócrinos (Cantrell,
1979).
A perda auditiva decorre de lesão das células sensoriais do
órgão de Corti no ouvido interno, é em geral bilateral, e tem
evolução insidiosa, com perdas progressivas e irreversíveis.
A perda progressiva está diretamente relacionadas com o
tempo de exposição, com os níveis de pressão sonora, e com a
susceptibilidade individual (Miranda, 1998).
Essa perda manifesta-se, primeira e predominantemente, nas
frequências de 6000, 4000 e 3000 Hz e, com o agravamento da
lesão, estende-se
às frequências de 8000, 2000, 1000, 500 e 250
Hz.
A lesão auditiva decorrente da exposição ao ruído tem como
principal características sua irreversibilidade e agravamento, caso
não ocorra diminuição ou eliminação da exposição.
Pessoas com esse tipo de problema apresentam perda auditiva
neurossensorial, que iniciam nas frequências agudas (4.000 Hz), tem zumbido e
sentem dificuldades em conversar em locais ruidosos.
Progressivamente as frequências médias e graves são
atingidas,
apresentando
a
curva
audiométrica
configuração
descendente, havendo geralmente recuperação em 8000 Hz
Maniglia & Carmo (1998).
2.5 Ruído
O termo ruído é definido como sendo um som qualquer, que
não
apresenta
característica
musical
ou
harmônica,
sendo
constituído por uma infinidade de frequências discretas que não
guardam nenhuma relação entre si e que variam de forma aleatória
no tempo (AUDIOLINK).
Ruído é uma sensação auditiva desagradável ou ainda um
som não desejado pelo ouvinte, presumivelmente porque, sendo
desagradável ou inoportuno, interfere na percepção do som
desejado ou é fisiologicamente nocivo (Ibañes & Seligman, 1993).
A exposição ao ruído ocupacional de grandes níveis é um
risco potencial à audição, e mesmo baixos níveis podem causar
perda auditiva em algumas pessoas (Kwitko, 1998).
O risco de dano à saúde para a maioria dos agentes de
natureza ocupacional, depende da quantidade ou intensidade e
tempo diário de exposição.
Como conseqüência da grande variação na susceptibilidade,
de uma mesma exposição origina diferentes graus de perda para
cada indivíduo exposto.
As causas mais comuns de perda auditiva induzida pelo ruído
em adultos, são exposição ao ruído, os efeitos da idade, a interação
dos efeitos do ruído e da idade e a interação do ruído com outras
variáveis (Kwitko, 1998).
A PAIR
ambiente
é conseqüência da exposição prolongada a um
ruidoso.
Para
tanto,
concorrem
dois
aspectos
fundamentais: as características do ruído e a suscetibilidade
individual.
Dentre
as
características
do
ruído
podemos
citar
a
intensidade, freqüência e tempo de exposição.
Em relação a intensidade sabe-se que a partir de 85/90 dB(A),
o ruído começa a causar uma lesão coclear irreversível.
A freqüência, embora qualquer área do espectro sonoro seja
capaz de desencadear problemas cocleares, têm-se como mais
traumatizantes os ruídos compostos pelas frequências altas.
Com relação ao tempo de exposição ao ruído, um ruído na
freqüência de 4000 Hz pode causar patologia coclear a 81 dB,
enquanto outro de 125 Hz não criará distúrbios até 96 dB.
Foi comprovado, para os adultos, que a exposição prolongada
ao ruído causa não só perda de audição, como outros distúrbios.
A lesão está diretamente proporcional ao tempo de exposição
ao ruído.
Com 100 horas de exposição já se pode encontrar patologia
coclear
irreversível.
ambientes
Intervalos
adequados
são
para
descanso
fundamentais
na
acústico
em
tentativa
de
recuperação enzimática das células sensoriais.
Com relação a suscetibilidade individual, a maioria dos
autores admite a preponderância masculina tanto na incidência
como no grau da perda auditiva (Quick & lapertosa, 1983).
A idade também vai interferir já que os muito jovens e os mais
idosos apresentam maior suscetibilidade a adquirir a perda auditiva
(Gil-Carcego, 1980).
O ruído é um agente físico que pode causar danos ao organismo humano,
porque ele ultrapassa a função auditiva, atingindo assim os sistemas circulatório,
endócrino, nervoso, digestivo e outras atividades físicas, mentais e sociais
(Maniglia & Carmo, 1998).
Segundo Sih (1997), ao ruído excessivo têm sido atribuídos
distúrbios de saúde física e emocional.
O ruído quando excessivo, ativa o sistema nervoso, que o prepara contra
a agressão, acelerando as atividades cerebrais, aumentando a pressão arterial,
paralisação dos movimentos peristálticos e intestinais, diminuição da irrigação da
pele e aparecimento da impotência sexual (Souza, 1998).
Para Santos & Russo (1993), os sintomas da PAIR são
dificuldades para ouvir determinados sons, em geral, sons agudos,
como por exemplo: campainha do telefone, relógio, zumbido
persistente está presente com longa duração.
Os trabalhadores são expostos a níveis de ruído durante as jornadas de
trabalho e existe a preocupação da relação quantidade e duração de tempo, na
qual esses trabalhadores são expostos podendo desenvolver uma PAIR.
O ruído é, na maioria dos países, o agente nocivo mais prevalente nos
ambientes de trabalho.
Sua
presença
nas
atividades
laboriais
soma-se
à
sua
intensa
disseminação nos ambientes urbanos e sociais, especialmente nas atividades de
lazer.
Essa disseminação quase universal do ruído nos ambientes sociais e de
trabalho ganha maior importância quando se considera que o dano auditivo dele
decorrente é irreversível, e que a
exposição produz outros distúrbios – orgânicos, fisiológicos e psicoemocionais que resultam em uma evidente diminuição da qualidade de vida e de saúde dos
trabalhadores (Miranda, 1998).
2.6 Parâmetros Legais
No Brasil, a exposição de trabalhadores ao ruído e suas
conseqüências é regulamentada por dois ministérios: do trabalho e
da Previdência Social.
O Ministério do Trabalho determina parâmetros mínimos de
avaliação
e
acompanhamento
exposição ao ruído.
dos
trabalhadores
sujeitos
à
A comissão tripartite Partidária Permanente aprovou por
consenso o texto da instrução técnica do Ministério do Trabalho
sobre a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR), que será
incorporado à NR7.
A instrução considera dentro dos limites aceitáveis os
audiogramas com valores menores ou iguais a 25 dB em todas as
frequências examinadas.
Os audiogramas seriam sugestivos de perda auditiva os casos
em que as frequências 3000 e / ou 4000 e /ou 6000 Hz,
apresentarem limiares acima de 25 dbNA e mais elevados estas
comprometidas ou não, tanto no teste da via aérea quanto da via
óssea, em um em ambos os lados.
Raramente, o ruído leva à perda auditiva profunda pois,
geralmente, não ultrapassa os 75 decibéis nas frequências altas e
40 decibéis nas baixas frequências, atingindo seu nível máximo nos
primeiros 10 a 15 anos de exposição.
A seguir segue o quadro de alguns níveis de pressão sonora
(NPS) máximos permitidos por tempo de exposição diária, propostos
na NR – 15 da Portaria 3.214/78 do MTb Limites de tolerância para
ruído contínuo ou intermitente – Anexo nº 1.
NÍVEL DE RUÍDO dB (A)
MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA
PERMISSÍVEL
85
8 horas
86
7 horas
87
6 horas
88
5 horas
89
4 horas e 30 minutos
90
4 horas
91
3 horas e 30 minutos
92
3 horas
93
2 horas e 40 minutos
94
2 horas e 15 minutos
95
2 horas
96
1 hora e 45 minutos
98
1 hora e 15 minutos
100
1 hora e 45 minutos
102
45 minutos
104
35 minutos
106
25 minutos
108
20 minutos
114
8 minutos
115
7 minutos
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT inclui a PAIR
no acidente do trabalho.
Acidente do trabalho (ou, simplesmente, acidente) é a
ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada
com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que
decorre risco próximo ou remoto dessa lesão” (NBR 14280/99,
Cadastro
de
Acidentes
do
Trabalho
–
Procedimento
e
Classificação).
No caso acima, inclui-se a exposição do trabalhador ao ruído
excessivo, como causa do acidente, e a PAIR a consequência
(doença profissional).
A Norma Técnica para Avaliação de Incapacidade para Fins
de Benefícios Previdenciários – de 19/08/98, cita que em saúde
ocupacional, para que haja exposição, o contato deve acontecer de
maneira, tempo e intensidades.
Isto quer dizer que, para haver lesão, o nível elevado de
pressão sonora de intensidade maior que 85 dB (A) deve atuar
sobre a orelha suscetível, durante oito horas diárias, ou doze
equivalente, ao longo de vários anos.
Um
elicita a
tom de aproximadamente 70 dB NPS a 1.000 Hz
n-resposta.
Esse mesmo tom, contínuo por um longo tempo pode elicitar
uma mudança temporária ou permanente no limiar.
A intensidade deste som está próximo ao desconforto
(Cantrell, 1979).
Segundo o Comitê Nacional de Ruído e Conservação
Auditiva, 1994 a PAIR pode acarretar alterações importantes que
interferem na qualidade de vida do trabalhador.
São elas: a incapacidade auditiva (hearing disability) e a
desvantagem (handicap).
A incapacidade auditiva (hearing disability) refere-se aos
problemas auditivos relacionados com a percepção da fala em
ambientes ruidosos, televisão, rádio, cinema, teatro, sinais sonoros
de alerta, música e sons ambientais.
A desvantagem (handicap), relaciona-se às conseqüências
não auditivas da perda, influenciada por fatores psicossociais e
ambientais.
Dentre eles destacam-se estresse, ansiedade, isolamento e
auto - imagem pobre, as quais comprometem os relacionamentos
familiar, profissional e social.
Sendo assim, a exposição ao ruído deve ser limitada ao
máximo, através de técnicas de engenharia e consciência da
importância do trabalho preventivo, nos programas de conservação
auditiva (PCA) dos locais de trabalho, cujo funcionários estão sendo
expostos ao ruído excessivo.
2.7 Programa de Conservação Auditiva - PCA
O PCA apresenta etapas básicas que vão desde o mapeamento
ambiental, até medidas de controle de ruído, monitoramento
audiométrico e educação do trabalhador.
Para a viabilização do PCA é necessário o envolvimento dos
profissionais
da
área
de
saúde
(médicos
do
trabalho
e
fonoaudiólogos), segurança industrial e de recursos humanos da
empresa e, principalmente, dos trabalhadores.
Em um ambiente de trabalho, onde empregados estão expostos a
níveis de ruído que podem originar perdas auditivas, um programa
de conservação auditiva necessita ser implantado.
O PCA tem como objetivos:
Prevenir a perda auditiva neurossensorial devido à exposição ao
ruído ocupacional.
Minimizar
a
responsabilidade
do
empregador
diante
das
reclamatórias que empregados impetram por perda auditiva.
Identificar empregados com problemas de ouvido e audição não
relacionados com o trabalho, encaminhando-os para adequado
diagnóstico e tratamento.
Reduzir a perda auditiva causada pela nosoacusia e socioacusia.
Adequar a empresa a todas exigências legais.
Reduzir o absenteísmo, elevar o moral do empregado e reduzir
os efeitos extra-auditivos, fisiológicos e psicológicos, que podem
estar relacionados com a exposição excessiva ao ruído.
Um adequado PCA é constituído por sete ítens interativos:
1- avaliação dos níveis de ruído;
2- medidas de engenharia e administrativas para minimizá-los;
3- testes audiométricos;
4- utilização de EPI’s auditivos;
5- educação para o conhecimento dos males causados pelo
ruído, motivação da administração para implementar o PCA e dos
empregados para o uso do EPI;
6- documentação de todas as atividades para respaldo legal; e
para
7- auditoria interna do PCA, que informará se o mesmo está ou
não cumprindo com suas finalidades.
O capítulo V da Consolidação das Leis do trabalho prevê a
“adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro
dos limites de tolerância”, mas permite que tal seja feito por
intermédio de equipamento de proteção individual – EPI.
O parágrafo 9.3.5.5 da portaria nº 3214/78 do Ministério de
Trabalho, cita que a utilização de EPI
no âmbito do programa
deverá considerar as Normas Legais e administrativas em vigor e
envolver, no mínimo:
a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o
trabalhador
está
exposto
e
à
atividade
exercida,
considerando-se a eficiência necessária para o controle da
exposição ao risco e o conforto oferecido segundo
avaliação do trabalhador usuário;
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto a sua
correta utilização e orientação sobre as limitações de
proteção que o EPI oferece;
c) estabelecimento
de
normas
ou
procedimentos
para
promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização,
a conservação, a manutenção e a reposição do EPI,
visando garantir as condições de proteção originalmente
estabelecidas;
d) caracterização
das
funções
ou
atividades
dos
trabalhadores, com a respectiva identificação dos EPI’s
utilizados para os riscos ambientais.
O texto da NR 6 da portaria 3214 do MTb diz que o
empregador deve fornecer a proteção individual a seus empregados.
O uso de protetores auditivos está indicado para exposições a
ruído igual ou superior a 85 dB(A), independente do tempo de
exposição, mesmo que esse tempo seja apenas de alguns minutos
diários.
Até 105 dB(A) , a grande maioria dos expostos estará
protegido pelo uso de um dos dois tipos de protetores disponíveis
(inserção ou conchas), desde que utilizados corretamente e por todo
tempo de exposição.
Acima de 105 dB(A) e até 115 dB(A) – nível máximo permitido
por lei, recomenda-se a utilização simultânea dos dois tipos de
protetores (Gerges, 1992).
3. PESQUISA PRÁTICA
Esta pesquisa tem como objetivo investigar e analisar o perfil
audiológico de 17 indivíduos lavadores de automóveis de postos de
gasolina, da cidade de São Paulo e propor um programa de
conservação auditiva para este ramo profissional.
O nível de exposição diária do ruído dos indivíduos da
amostra apresentada na atual pesquisa varia de 78 a 85 dB, e o
equipamento utilizado nos boxes de lavagens é o de bomba.
O tempo da atividade profissional desses indivíduos da
amostra varia entre 2 a 14 anos.
Os sujeitos avaliados referiram não usar qualquer tipo de EPI
(Equipamento de Proteção Individual) durante a jornada de trabalho.
O exame realizado para traçar o perfil audiológico será o
exame audiométrico, que tem como objetivo identificar empregados
que estão iniciando a perda de sua audição, e assim realizar
intervenções antes que esta se torne mais acentuada.
A análise do perfil audiológico será realizada através da
classificação do grau da perda auditiva, empregada por Davis
(1970).
Este critério de classificação da perda auditiva utiliza a média
aritmética das frequências audiométricas de 500, 1.000 e 2.000 Hz
da melhor orelha, consideradas as frequências mais importantes
para a compreensão da fala.
Para que a análise do perfil audiológico dos indivíduos
lavadores de automóveis de postos de gasolina, não sofra
interferência de outros agentes causadores da uma perda auditiva,
foi realizado um levantamento das variáveis que poderiam interferir
no resultado e análise final desta pesquisa.
As variáveis são:
Idade
Sexo
Antecedentes audiológicos
Histórico de exposição ao ruído
A idade é considerada uma das variáveis devido a ocorrência
da presbiacusia,
que é uma disacusia (dificuldade em ouvir)
neurossensorial observada na terceira idade, que compromete
principalmente os sons agudos, em ambos os ouvidos.
Dessa forma a amostra é de indivíduos na faixa etária entre
21 e 45 anos.
O sexo é a segunda variável devido a ocorrência de
patologias auditivas com maior ocorrência no sexo feminino, como
por exemplo a otospongiose, descrito por Von Troltsch, em 1881,
para designar as alterações escleróticas da mucosa timpânica.
A lesão histológica da otospongiose consiste em focos de
neoformação óssea com numerosos espaços vasculares dentro do
tecido ósseo da cápsula labiríntica.
Os antecedentes audiológicos e histórico da exposição ao
ruído, são fatores de exclusão para esta pesquisa que tem como
objetivo a detecção da
existência e a ocorrência do prejuízo da
audição na jornada de trabalho dos indivíduos lavadores de
automóveis.
3.1 MATERIAIS E MÉTODOS
Todos os exames audiométricos foram fornecidos pela
LABORAL – Serviços de Saúde e Segurança no Trabalho, São
Paulo – SP.
O instrumento utilizado no presente trabalho foi o exame
audiométrico é a determinação dos limiares auditivos, isto é, o
estabelecimento do mínimo de intensidade sonora necessária para
provocar a sensação auditiva e a comparação destes valores ao
padrão de normalidade, usando como referência o tom puro.
O uso do tom puro permite um melhor controle sobre a
frequência e a intensidade do estímulo apresentados, dessa forma
melhores informações sobre a acuidade auditiva do indivíduo sob
teste.
Na audiometria tonal por via aérea, realizadas em serviços
contratados, foram testadas as frequências de 500, 1.000, 2.000,
3.000, 4.00, 6.000, 8.000 Hertz, exames realizados por profissionais
habilitados (fonoaudiólogos) após repouso acústico de 14 horas e
precedidos de meatoscopia (exame visual do conduto auditivo
externo com o auxílio do otoscópio), no momento do exame.
No caso de alteração detectada no teste pela via aérea, ou
seja, a ocorrência de um rebaixamento do limiar tonal de valor acima
de 25 dB em qualquer frequência, o mesmo será feito pela via óssea
nas frequências de 500, 1.000, 2.000, 3.000 e 4.000 Hz.
Como critério para análise dos resultados foi utilizada para
classificação do grau da perda auditiva, a recomendação de Davis
H.
(1970),
que
utiliza
a
média
aritmética das frequências
audiométricas de 500, 1.000, 2.000 Hz da melhor orelha,
consideradas as frequências mais importantes para a compreensão
da fala.
A recomendação para classificação é a seguinte:
AUDIÇÃO NORMAL
NÍVEL DE AUDIÇÃO
ATÉ 25 dBNA
Perda Auditiva Leve
De 26 a 40 dBNA
Perda Auditiva Moderada
De 41 a 55 dBNA
Perda Auditiva Moderada /
De 56 a 70 dBNA
Severa
Perda Auditiva Severa
De 71 a 90 dBNA
Perda Auditiva Profunda
Acima de 90 dBNA
* Nível de audição: referente ao zero audiométrico
3.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Achados encontrados em relação ao grau da perda auditiva a
partir da análise dos 17 audiogramas:
GRAU DA PERDA AUDITIVA
RESULTADOS
Audição Normal
15
Perda Auditiva Leve
00
Perda Auditiva Moderada
01
Perda Auditiva Moderada / Severa
01
Perda Auditiva Severa
00
Perda Auditiva Profunda
00
TOTAL
17
Do grupo analisado com 17 lavadores, quinze encontram-se
com a audição normal, isto é, limiar auditivo abaixo de 25 dBNA em
todas as frequências testadas.
Foi observada presença de perda auditiva simétrica, de grau
da
perda
auditiva
moderada
e
moderada/severa
em
dois
audiogramas dos dezessete indivíduos testados.
Não foram registrados audiogramas com perda auditiva leve,
severa e profunda.
Relação do grau da perda auditiva com o tempo de atividade profissional:
GRAU DA PERDA AUDITIVA
TEMPO DE ATIVIDADE PROFISSIONAL
Perda Auditiva Leve
00
Perda Auditiva Moderada
03 anos
Perda Auditiva Moderada/Severa
09 A 12 anos
Perda Auditiva Severa
00
Perda Auditiva Profunda
00
Audição Normal
02 a 08 anos
O indivíduo com perda auditiva moderada possui três anos de
atividade profissional com jornada de trabalho de oito horas diárias.
O indivíduo com perda auditiva moderada / severa está com
tempo de atividade profissional entre nove a doze anos.
Dos indivíduos com audição normal, o tempo de atividade
profissional varia de dois a oito anos.
Não foram encontrados casos de perda auditiva leve, severa e
profunda.
Relação do grau da perda auditiva com as freqüências acometidas:
GRAU DA PERDA AUDITIVA
FREQUÊNCIA ACOMETIDA
Perda Auditiva Leve
00
Perda Auditiva Moderada
3.000 e 4.000 Hz
Perda Auditiva Moderada / Severa
3.000, 4.000, 6.000 e 8.000 Hz
Perda Auditiva Severa
00
Perda Auditiva Profunda
00
As freqüências acometidas na perda auditiva moderada foram
3.000 e 4.000 Hz.
Na perda auditiva moderada/severa foram 3.000, 4.000, 6.000
e 8.000 Hz.
Não foi encontrado acometimento das freqüências nas perdas auditiva
leve, severa e profunda.
A PAIR é uma perda neurossensorial, bilateral, tendo início e predomínio
nas freqüências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz, progredindo, posteriormente, para
as faixas de freqüências 8.000, 2.000, 500, e 250 Hz Ferreira, J. A (1998).
A partir dos dados obtidos dos audiogramas, foi possível
concluir que nesta atividade profissional ocorre o aparecimento da
perda auditiva em dois audiogramas, com rebaixamento tonal dos
limiares, nas freqüências de 3.000, 4.000 e 6.000 e 8.000 Hz,
podendo ser incluídas na descrição da PAIR.
É possível observar que a quantidade de freqüências
acometidas aumentou, de acordo com o aumento do tempo de
atividade profissional.
Estes indivíduos estudados são expostos ao ruído e não
fazem uso de equipamentos proteção individual.
Pode-se pensar que com o passar dos anos, os funcionários
analisados com audição normal, podem vir a adquirir alguma perda
auditiva decorrente a exposição ao ruído que ocorre na jornada
diária de trabalho.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A idéia de pesquisar o perfil audiológico dos lavadores de
automóveis de postos de gasolina surgiu a partir da observação
destes indivíduos que são expostos, durante a jornada de trabalho,
a níveis de ruído que variam de 75 a 85 dB.
Esta pesquisa avaliou 17 audiogramas de funcionários de
postos de gasolina da cidade de São Paulo, do sexo masculino,
entre 21 e 45 anos, com tempo de atividade profissional entre 2 a
14 anos.
De todos os sujeitos avaliados, nenhum faz uso de
equipamentos de proteção individual (EPI), que tem como função a
redução da transmissão do ruído à orelha interna.
A partir da análise realizada dos exames audiológicos, foi
observada presença de perda auditiva induzida por ruído (PAIR)
em 02 audiogramas.
Os exames de audiometria estão sendo realizados , como
forma de controle da audição, mas faz-se necessário a implantação
do uso de EPI , que é indicado para exposições a ruído igual ou
superior a 85 dB(A), independente do tempo de exposição, mesmo
que esse tempo seja apenas de alguns minutos diários.
É preciso então fornecer informações para melhora da
qualidade de vida destes funcionários, tendo assim um melhor
rendimento na atividade profissional, aumentando a qualidade e a
produtividade.
Para o empresário e administradores, isto significa uma
contenção maior das
despesas, diminuindo as ausências dos
funcionários, para consultas médicas ou afastamento temporário
decorrente de algum acometimento auditivo.
A PAIR é uma patologia cumulativa e insidiosa, que cresce ao
longo dos anos de exposição, associada comumente ao ambiente
de trabalho.
Na primeira fase do processo da PAIR, ocorre morte da
células ciliadas com formação de escaras. As perdas são
cumulativas e insidiosas, não alterando os limiares para tons puros.
Mais de 50% das células podem desaparecer sem elevar o
limiar de tons puros para baixas freqüências.
Após semanas ou poucos anos de exposição, dependendo do
nível da perda auditiva, começa a ser detectada audiometricamente
ao redor de 4000 Hz, numa faixa de 3000 a 6000 Hz.
Sabe-se que os sons de baixa freqüência provocam
envolvimento de grandes porções da membrana basilar.
A extensão da lesão do órgão de Corti é maior com sons de
baixa freqüência.
Entretanto, sempre precocemente, a audiometria mostra um
entalhe em pacientes expostos a ruídos por longo tempo.
O maior dano inicial nesta região ocorre no primeiro terço da
cóclea ou a 10mm da base, por ser área mais sensível ao dano a
fatores metabólicos, anatômicos e vasculares.
Raramente é detectada
sem audiometria, pois não afeta
significativamente a compreensão de fala.
Após décadas de exposição, perdas em 4000 Hz se
acumulam em menor quantidade nas primeiras décadas e
espalham-se até as baixas freqüências, que são importantes para a
compreensão da fala.
Nesta fase o trabalhador torna-se consciente do seu problema
auditivo.
Mesmo na ausência do acometimento auditivo, pode existir
comprometimento ou indisposição física na saúde em geral, já que
é conhecida a influência do ruído nos sistemas circulatório,
endócrino, nervoso, digestivo e outras funções mentais, físicas e
sociais.
As manifestações biopsíquicas do desgaste diretamente
produzido pela exposição ao ruído somam-se outros aspectos
importantes relacionados à precariedade do suporte social e
previdenciário e à ameaça constante do desemprego.
A atuação neste ramo profissional é interessante também,
para os médicos do trabalho e profissionais afins, que entram em
contato com empresários e administradores, para negociação de
um programa de conservação auditiva.
Este programa tem como objetivo de prevenir a instalação ou
evolução de perdas auditivas em trabalhadores expostos ao ruído
presente nos locais de trabalho.
A seguir segue um cronograma do programa de conservação
auditiva proposto por Miranda (1998):
1- Programa
de
Controle
Médico:
monitoramento
dos
trabalhadores expostos ao ruído ambiental através de
exames audiométricos realizados por ocasião do exame
admissional,
seis
meses
após
a
admissão
e,
posteriormente, a cada ano.
2- Programa de Avaliação Ambiental: medição periódica dos
níveis de pressão sonora nos ambientes de trabalho
(decibelimetria) assim como monitoramento da exposição
individual, buscandodefinir a dose de ruído recebida por
cada um dos trabalhadores através da utilização de
dosímetros.
3- Medidas de Proteção Coletiva: podem ser organizativas
(ex:
introdução
de
pausas
durante
o
trabalho,
reorganização do processo de trabalho) ou de controle
ambiental (manutenção preventiva e corretiva de máquinas
e equipamentos ruidosos, reorganização do “loyout”,
isolamento
e/ou
enclausuramento
de
máquinas
e
equipamentos, tratamento acústico de paredes, entre
outros).
4- Medida de Proteção Individual: uso constante e obrigatório
de protetores auriculares (tipo concha ou de inserção).
5- Programa
Educativo:
conhecimento,
tanto
com o
de
objetivo
de
trabalhadores
levar
como
ao
de
empregadores, os riscos à exposição ao ruído e as
medidas de proteção que podem ser adotadas, buscando
seu envolvimento na implantação e na execução do
programa de conservação auditiva.
A prática da audiometria ocupacional proporciona benefícios
educacionais aos empregados e informações epidemiológicas.
Dessa forma esta pesquisa contribui para o conhecimento dos
profissionais da área da medicina ocupacional, empregadores e
empregados no ramo da atividade de lavagem de automóveis, para
que seja realizado um trabalho preventivo, educacional para o
controle e manutenção da saúde auditiva e geral destes
funcionários.
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POLUIÇÃO
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ATACA
HTTP:
//
WWW.icb.ufmg.br/ pt 12 – 14. html
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