Portugal está “a ir pelo caminho

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ID: 45827741
25-01-2013
Tiragem: 14700
Pág: 6
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 23,18 x 19,01 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 2
Portugal está “a ir pelo caminho
Em Portugal cerca de
“71% das empresas não
pagam IRC, assim como
55% dos trabalhadores
não pagam IRS, pois
não atingem o mínimo”.
Perante esta realidade,
“o segredo não está
tanto em obrigar que
poucos paguem muito
mas que muitos paguem
alguma coisa. Esse é o
caminho para Portugal”,
defendeu Paulo Gaspar.
Convidado pelo Curso
de Contabilidade
do Instituto Superior
de Contabilidade e
Administração do Porto
(ISCAP) para o debate
anual sobre as principais
medidas previstas no
Orçamento de Estado, o
consultor da Deloitte e
especialista em questões
relacionadas com o
IRC falou com a “Vida
Económica”.
FERNANDA SILVA TEIXEIRA
[email protected]
Começando por recordar que o
IRS “é a grande fonte de receita do
Estado e onde menos se consegue
fugir” e que o IVA “está no limite, pois temos hoje uma das taxas
nominais mais altas da Europa”,
Paulo Gaspar defendeu na passada
semana perante a plateia presente no ISCAP que o país está “a ir
pelo caminho errado”, e que “não
será com aumentos sucessivos de
impostos que sairemos desta recessão”.
“71% das empresas em Portugal
não pagam IRC, assim como 55%
dos portugueses não pagam IRS,
pois não atingem o mínimo. E
esta é a grande questão”, garantiu
o consultor, defendendo que “o
segredo está em alargar a base tributável do que propriamente em
aumentar taxas”.
“Mil empresas pagam 50%
do IRC e tal acontece porque a
maior parte das empresas apresentam prejuízos. Esta situação
pode ser revertida com maior fis-
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25-01-2013
Tiragem: 14700
Pág: 7
País: Portugal
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Period.: Semanal
Área: 17,48 x 19,90 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
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errado” a nível fiscal
A terminar a sua intervenção o
consultor explicou ainda que este
imposto “não sofreu grandes alterações” em sede de Orçamento o
que “afetará pouco as empresas”.
Na prática, explicou o especialista,
“as duas grandes medidas estão relacionadas com os escalões de derrama” porém, o universo abrangido compreende apenas as cerca de
1500 maiores empresas nacionais,
“pois são aquelas que apresentam
lucros muito elevados”.
Trabalhadores ainda não têm
consciência do impacto
das alterações ao IRS
calização, mas também porque o
IRC é demasiado complexo e de
tão complexo acaba por excluir
muitas pequenas empresas”. Por
essa razão, Paulo Gaspar advoga
que “o segredo não está tanto em
obrigar que poucos paguem muito mas que muitos paguem alguma coisa. Esse é o caminho para
Portugal”.
Já ao nível do IRS as alterações
são muitas e a grande maioria dos
trabalhadores por contra de outrem
ainda não sabe ao certo qual será o
seu salário no final deste mês. A
única certeza é que a generalidade
vai ver o seu rendimento diminuir.
“É certo que em 2013 os trabalhadores portugueses vão ver o
seu rendimento líquido reduzido”
todavia, apenas “mensalmente irão
perceber qual o verdadeiro impacto
das retenções da fonte e das novas tabelas agora publicadas, que
incluem os efeitos, sobretudo, do
aumento do IRS e das limitações
das deduções fiscais, mais a taxa de
3,5%”, começou por afirmar Carlos Matos.
Para o consultor, o resultado
óbvio desta redução do orçamento
familiar será o inevitável agravamento da quebra do consumo. “As
famílias portuguesas passarão a ter
um rendimento mais baixo mensalmente, e como tal irão gastar
menos, e se acrescermos o efeito
psicológico do medo do que vai
acontecer num futuro próximo, o
consumo também se retrairá”.
Questionado se os portugueses
irão aceitar a proposta do governo
de diluir o pagamento de metade dos dois subsídios de férias e
de natal, pelos 12 meses do ano,
Carlos Matos revelou acreditar
que “a maioria dos trabalhadores
portugueses vá optar por receber
pelo menos um subsídio em duodécimos”.
“Esta é uma boa opção que tenderá a minimizar o impacto da
carga fiscal se o trabalhador auferir um rendimento mais baixo.
Até para as próprias empresas, em
termos de tesouraria, esta medida
é benéfica” contudo, salienta o especialista, “tudo depende de como
mentalmente fazemos as nossas
contas” pois “há portugueses que
estão habituados a utilizar os subsídios para pagarem seguros da
casa, e outras despesas pontuais de
maior valor”. Ainda assim, Carlos
Matos acredita que o pior ainda
poderá estar para vir e antevê que,
“no futuro, os subsídios poderão
passar a incorporar no salário”, havendo na prática uma redução da
retribuição mensal.
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