Aula 4 Nesta aula iniciaremos o estudo da dinâmica de uma única partícula, sujeita aos campos elétrico e magnético uniformes ou não no espaço. Em particular, a deriva do centro guia para os seguintes casos: • • • • • r r E = 0 e B ≠ 0 (uniforme com Bx = B y = 0 ); r r E ≠ 0 (uniforme com E y = 0 ) e B ≠ 0 (uniforme com Bx = B y = 0 ); r r r r E = 0 e ∇B (Gradiente de B ) ⊥ B ; r r r r E = 0 e ∇B (Gradiente de B ) // B ; r r E = 0 e B Curvado. 2. Movimento de Partículas Carregadas em Campos r r Elétrico E e Magnético B Fluidos Newtonianos (por exemplo a água) são densos demais para que o movimento individual das partículas seja considerado. Neste regime de alta densidade, as colisões dominam e o fluido é então descrito pelas equações de fluido. No outro extremo, quando a densidade de partículas é baixa (por exemplo partículas em aceleradores), somente o movimento individual das partículas, deve ser considerado. Agora , leia com atenção a frase abaixo “Os plasmas são esquizofrênicos, pois ora preferem se comportarem como fluidos e ora, como uma coleção individual de partículas.” (José Leonardo Ferreira) Neste capítulo estudaremos um destes comportamentos: o movimento individual de partículas sujeitas a campos elétrico e magnético. r r 2.1 Campos E e B Uniformes r r Para E = 0 e B ≠ 0 (uniforme com Bx = B y = 0 ): Campo Magnético na direção z. A equação de movimento de uma única partícula de massa m e carga elétrica q, sujeita aos campos elétrico e magnético da figura acima, é dada pela expressão 2.1.1 abaixo r r r r dV F =m = qV × B dt 2.1.1 Em termo das componentes x, y, e z, a equação 2.1.1 transforma-se no sistema de equações 2.1.2 m dVx dt = qBV y m dV y dt = − qBVx m dV dt = 0 z 2.1.2 Dica: Para encontrar o sistema 2.1.2, lembre-se 3 do produto vetorial entre os vetores unitários do R . A solução da componente z da equação de movimento, sugere um movimento de translação ao longo de z, segundo a equação 2.1.3 m dVz = 0 ⇔ Vz = cons tan te 2.1.3 dt Agora, observe que as 2 componentes transversais da equação de movimento em 2.1.2 estão acopladas, portanto devemos desacoplá-las, para isso vamos diferenciar em t a componente em y e substituir o resultado na componente em x dV y , x d dVx , y = −qB m dt dt dt ∴ d 2Vx , y dt 2 2 qB = − Vx , y m Calcular! 2.1.4 A equação diferencial 2.1.4, descreve um movimento harmônico simples com freqüência de giro ou ciclotrônica igual a qB ωc = ω ≥ 0 (por convenção) m com c A solução típica da equação 2.1.4 é conhecida, isto é Vx , y = V⊥ e (±ω c t +δ x , y ) 2.1.5 , onde V ⊥ é a velocidade no plano x-y perpendicular r ao campo B , δ x, y é um fator de fase e os sinais de ± (devido ao sinal da carga elétrica) indica o sentido de giro, para a direita ou para esquerda. Agora, a partir da solução 2.1.5, assumindo δ x , y = 0 , considerando a definição da freqüência ciclotrônica e utilizando uma das equações do sistema 2.1.2, é possível determinar as velocidades nas direções x e y (direção transversal), assim como os deslocamentos em x e y Calcular! V x = V⊥ exp(iω c t ) V y = ±iV⊥ exp(iω c t ) 2.1.6 Integrando em t, as duas equações do sistema 2.1.6, os deslocamentos em x e y podem ser determinados Calcular! V⊥ = − x x i exp(iω c t ) 0 ωc V 2.1.7 y = y0 ± ⊥ exp(iω c t ) ωc A partir do sistema 2.1.7, vamos definir o raio de Larmor que é o raio da órbita da partícula em torno do centro guia (x0 , y0 ) fixado rL = V⊥ mV ⊥ = qB ωc Como as velocidades e os deslocamentos são grandezas reais (não imaginários), devemos tomar apenas a parte real das equações dos sistemas 2.1.6 e 2.1.7 V x = V⊥ cos(ω c t ) V = ±V sin(ω t ) y c ⊥ x = x0 + rL sin(ω c t ) y = y 0 + rL cos(ω c t ) Calcular! 2.1.8 Portanto o movimento da partícula, deve ser uma superposição dos movimentos de translação ao longo de z (segundo a equação 2.1.3) e de giro no plano x-y (segundo o sistema 2.1.8), conforme mostra a figura abaixo Trajetória Helicoidal para Íons num Campo Magnético. O sentido do giro pode ser tanto para a esquerda quanto para a direita, dependendo do sinal da carga elétrica da partícula, quanto ao raio de Larmor, maior ou menor, dependendo da massa da partículas, conforme mostra a figura abaixo r Sentido de Giro das Partículas Carregadas em B . Observação: O movimento ciclotrônico das r partículas em torno do campo magnético externo B , gera uma segundo campo magnético, contrário ao externo. Este fenômeno é conhecido como efeito diamagnético, conforme mostra a figura abaixo Efeito Diamagnético. r r Para E ≠ 0 (uniforme com E y = 0 ) e B ≠ 0 (uniforme com Bx = B y = 0 ): Campos r E r e B Uniformes e Cruzados A equação de movimento de uma única partícula de massa m e carga elétrica q, sujeita aos campos elétrico e magnético da figura acima, é dada pela expressão 2.1.8 abaixo r r r r r dV F =m = q( E + V × B) dt 2.1.9 Em termo das componentes x, y, e z, a equação 2.1.8 transforma-se no sistema de equações 2.1.10 m dVx dt = qE x + qBV y m dV y dt = −qBVx m dVz dt = qE z 2.1.10 Agora, a solução da componente z da equação de movimento, sugere um movimento retilíneo acelerado ao longo de z, segundo a equação 2.1.11 Vz = qE z t + Vz 0 m 2.1.11 As 2 componentes transversais da equação de movimento em 2.1.9 estão, novamente acopladas, portanto devemos desacoplá-las, para isso vamos utilizar a definição de freqüência ciclotrônica, diferenciar em t a componente em y e substituir o resultado na componente em x d 2V y dVx = mω c 2 dt dt dVx = qE x ± ω cV y dt m d 2V y 2 Ex ω ⇒ = − + V c y 2 dt B Calcular! 2.1.12 Podemos reescrever a equação 2.1.12, sem perda de generalidade, da seguinte maneira d 2 Ex 2 Ex ω V V + = − + y c y 2.1.13 2 dt B B A solução da equação diferencial 2.1.13 é V y = ±iV⊥ exp(iω c t ) − Ex B Calcular! 2.1.14 Substituindo a solução 2.1.14 na componente y Calcular! do sistema 2.1.10, podemos determinar Vx Vx = V⊥ exp(iω c t ) 2.1.15 As soluções 2.1.11, 2.1.14 e 2.1.15 indicam um movimento helicoidal com uma deriva do centro guia r r na direção –y devido aos campos campos E e B uniformes e cruzados, conforme mostra a figura abaixo Deriva do Centro Guia devido aos Campos Uniformes e Cruzados. r E r e B Podemos encontrar uma expressão geral para a velocidade de deriva do centro guia, para isso vamos considerar um sistema de referência que viaja junto como o centro guia r r r r dV ⇒m = q( E + V × B) = 0 dt r r r ∴ ( E + V × B) = 0 2.1.16 r Agora, se realizarmos o produto vetorial de B com a equação 2.1.16, temos r r r r r r r r r B × ( E + V × B ) = B × E + B × (V × B ) = 0 r r r r r r 2 r r ∴ E × B = B × (V × B ) = VB − B (V ⋅ B ) Como estamos interessados na componente r transversal ao campo magnético B , isto é, na velocidade de deriva do centro guia, então Calcular! r r r 2 r Vgc = E × B / B = VEr 2.1.17 A expressão 2.1.17 é a velocidade de deriva do centro guia, devido ao campos elétrico e magnético r cruzados. Note que Vgc é independende da carga elétrica q, da massa m e da velocidade tangencial V⊥ da partícula. A figura abaixo, mostra a trajetória da partícula num r r campos E e B uniformes e cruzados Deriva do Centro Guia de Elétrons e Íons. Observação: Em geral, uma partícula num campo magnético, que posteriormente é submetida a um outro campo, terá como velocidade de deriva do centro guia a seguinte expressão geral r r r 1 F×B VF = q B2 2.1.18 Para obter a equação 2.1.18, basta substituir r r qE por uma outra força F na equação 2.1.9 e realizar os mesmos procedimentos para obter a equação 2.1.17. A figura abaixo, mostra as possíveis trajetórias de uma única partícula de carga elétrica q e massa m, para diferentes valores entre a velocidade tangencial ou de giro V⊥ e a velocidade de deriva do centro guia VF a) b) c) Trajetórias: a) V ⊥ = V F , b) V ⊥ > V F e c) V ⊥ < V F . Como um exemplo, considere o campo gravitacional que age numa única partícula de massa m e carga elétrica q r r r m g×B Vg = q B2 2.1.19 A expressão 2.1.19 é a velocidade de deriva do centro guia devido à ação dos campos gravitacional e magnético. A deriva gravitacional, diferentemente da deriva devido ao campo elétrico, depende da carga elétrica q da partícula, em conseqüência surge no plasma uma r corrente J g , devido ao movimento de deriva contrário de elétrons e íons, conforme mostra a figura abaixo Deriva Gravitacional para Elétrons e Íons. r Agora, vamos determinar a corrente J g que circula no plasma, devido à deriva gravitacional r r J g = ∑ nqV q r ∴Jg r ∴Jg r r r r Mg × B mg × B = n qi + qe 2 2 qi B qe B r r g×B = n(M + m ) 2 B Um fenômeno natural, relacionado com a velocidade de deriva gravitacional, é o eletrojato: corrente elétrica na ionosfera terrestre, que circula no sentido de oeste para leste e em latitudes que vão do equador até a altas latitudes, conforme mostra a figura abaixo Mapeamento Espacial de um Eletrojato Boreal. r r 2.2 Campos E e B não Uniformes Em situações reais, plasmas espaciais ou aplicados estão sujeitos a campos magnéticos não uniformes, o que pode gerar vários tipos de velocidade de deriva do centro guia. Para facilitar na resolução de problemas com campos magnéticos não uniformes, utiliza-se a teoria de órbita. Esta teoria assume que: O raio da órbita da partícula, na região de não uniformidade do campo magnético, deve permanecer aproximadamente o mesmo, isto é, inalterado. Para isso, utiliza-se de uma expansão em termos de rL L ,onde rL é o raio de Larmor e L, o comprimento da região onde o campos elétrico e magnético são não uniformes. Estudaremos os casos mais simples, onde discutiremos os vários casos de não uniformidade do campos elétrico e magnético não uniformes, um de cada vez. r r r Para ∇B (Gradiente de B ) ⊥ B : r r Campo Magnético não Uniforme: ∇ B ⊥ B . As componentes da equação de movimento de uma única partícula de massa m e carga elétrica q, sujeita ao campo magnético da figura acima, é dada pelas equações do sistema 2.2.1 abaixo Fx = qV y Bz ( y ) Fy = − qVx Bz ( y ) dVz = =0 F m z dt 2.2.1 r Para avaliar o efeito da variação de B na direção y, vamos aplicar a teoria de órbita, ou seja, r expandir B numa série de Taylor em torno do centro guia (x0, y0) da partícula r r r r r B = B0 + (r ⋅ B) B + ... ⇒ Bz ( y ) = B0 + y ∂Bz + ... ∂y 2.2.2 Reescrevendo o sistema 2.2.1, a partir da expansão 2.2.2 e dos resultados já conhecidos, isto é, velocidade nas direções x e y e deslocamento na direção y, para a órbita de uma única partícula num campo magnético uniforme (ver sistema 2.1.8), temos Calcular! ∂Bz ( y ) F qV sin ( t ) B r cos( t ) m ω ω = ± x c 0 L c ⊥ y ∂ ∂Bz ( y ) Fy = − qV⊥ cos(ω c t ) B0 ± rL cos(ω c t ) y ∂ 2.2.3 Fz = 0 Agora, vamos utilizar as 3 componentes reescritas do sistema 2.2.3, para encontrar a média do vetor força que age na partícula, durante uma órbita completa 2π r 2π r F = ∫ Fdθ = ∫ (Fx xˆ + Fy yˆ + Fz zˆ )dθ 0 Calcular! 0 r 2π ∂B z ( y ) 1 ⇒ F = ∫ Fy yˆ dθ = ± qV⊥ rL yˆ 2 ∂y 0 2.2.4 Note que na equação 2.2.4, as médias nas direções x e z são nulas, como esperado, pois devido r ao gradiente de B ao longo da direção y, uma força resultante nesta direção, deve agir na partícula, durante uma órbita completa. Substituindo o resultado acima, na expressão geral para a velocidade de deriva (ver equação 2.1.18), temos Calcular! r V∇r B r V⊥ rL ∂Bz ( y ) 1 Fy yˆ × B xˆ m = = 2 q B 2B ∂y 2.2.5 A expressão 2.2.5 é a velocidade de deriva do r centro guia, devido ao gradiente de B na direção y. A figura abaixo, mostra a deriva do centro guia r da órbita da partícula, devido ao gradiente de B Deriva do Centro Guia da Órbita da Partícula, devido ao r Gradiente de B . r Se ∇B é arbitrário (em qualquer direção), r podemos encontrar uma expressão geral para V∇B , a partir da expressão 2.2.5 Calcular! r V∇r B r r V ⊥ rL B × ∇ B =m 2 B2 2.2.6 r Para B Curvado: r Curvatura de B . A força média que age numa única partícula de massa m e carga elétrica q, que viaja ao longo da direção do campo magnético curvado da figura acima, é r V//2 V//2 r Fcf = m rˆ = m 2 Rc Rc Rc 2.2.7 Na expressão 2.2.7, consideramos Rc fixo (logo B deve ser constante para uma mesma curvatura) e a velocidade térmica da partícula ao longo da direção r de B (velocidade mais provável) igual a V// . Agora, substituindo 2.2.7 na expressão geral 2.1.19, encontraremos a velocidade de deriva do r centro guia, devido à curvatura de B Calcular! r r r r r 1 Fcf × B mV//2 Rc × B VR = = 2 q B qB 2 Rc2 2.2.8 Para avaliar completamente a dinâmica de uma r partícula carrega em B curvado, devemos r r considerar também o efeito do gradiente de B em B curvado, conforme mostra a figura abaixo r Direção da Curvatura e do Gradiente de B . Vamos utilizar a lei de Àmpere-Maxwell para r encontrar o resultado do gradiente de B ao longo da direção r, considerando o seguinte: • Ausência de fontes elétricas; • Ausência de campo elétrico variável; • Resolução em coordenadas cilíndricas. r Note também, que o gradiente de B é ao longo r da direção r e que B curvado é ao longo da direção poloidal, logo alguns termos do produto vetorial abaixo, são nulos Calcular! r r ∴∇ × B = 0 1 ∂ (rBθ ) = 0 ∴ r ∂r 2.2.9 A solução da expressão 2.2.9, considerando a condição de contorno para campo magnético curvado ou toroidal ( Bθ → 0 ⇔ r → ∞ ), é Bθ = C , C = con tan te r Calcular! 2.2.10 r Agora, podemos encontrar o gradiente de B , uma vez que conhecemos B r B ∂Bθ C ∇B = rˆ = − 2 rˆ = − rˆ r ∂r r 2.2.11 Finalmente, para r=Rc fixado, considerando as definições de ωc e rL e substituindo 2.2.11 na expressão geral 2.2.6, encontraremos a velocidade de r deriva do centro guia, devido ao gradiente de B em r B curvado Calcular! r mV r V∇ B = 2qB 2 ⊥ 2 r r Rc × B R c2 2.2.12 Portanto, a velocidade de deriva total, deve ser a soma das velocidades de deriva devido à curvatura de r r B e ao gradiente de B r r V R + V∇r B r r m Rc × B 2 1 2 = V // + V ⊥ 2 2 2 qB Rc 2.2.13 A figura abaixo, mostra a direção da deriva total de uma partícula carregada num campo magnético curvado ou toroidal r r ⊗ Rc × B // zˆ Direção da Deriva do Centro Guia num Campo Magnético Toroidal. Observação: O problema apresentado acima, é de grande interesse, pois está relacionado com o confinamento magnético para fusão termonuclear controlada em TOKAMAK, conforme mostra as figuras abaixo Linhas e Superfície de Campo Magnético Toroidal. Deriva devido á Configuração Toroidal das Linhas de Campo Magnético num TOKAMAK. Interior do TOKAMAK inglês, JET. r r r Para ∇B (Gradiente de B ) // B : r Vamos considerar B ao longo da direção z e com simetria axial, isto é, variando sua magnitude apenas nas direções z e r, conforme mostra a figura abaixo Perfil do Campo Magnético e Deriva do Centro Guia. As componentes da equação de movimento para uma única partícula de massa m e carga elétrica q, que viaja ao longo do perfil de campo acima, são Fr = q (Vθ Bz − Vz Bθ ) Fθ = q (− Vr Bz + Vz Br ) F = q (V B − V B ) r θ θ r z 2.2.14 O sistema 2.2.14 deve ser reescrito, considerando Bθ=0 (simetria axial) e substituindo a compomente Br do campo magnético. A partir da lei de Gauss para o magnetismo, podemos encontrar a componente Br que deve ser subsitituida em 2.2.14 r r ∇⋅B = 0 ∂B z 1 ∂ (rBr ) + ∴ =0 r ∂r ∂z 2.2.15 A solução de 2.2.15 deve ser determinada, assumindo que ∂Bz ∂z é conhecido sobre o eixo de simetria, isto é, para r=0 e que sua variação seja, aproximadamente pequena com r≠0, então Calcular! r ∂B Br = − z 2 ∂z r =0 2.2.16 Agora, podemos reescrever o sistema 2.2.14 Fr = q (Vθ Bz ) r ∂Bz Fθ = q − Vr Bz − Vz 2 ∂z r =0 r ∂Bz Vθ F q = z 2 ∂z r =0 2.2.17 Analisando o sistema 2.2.17, “termo a termo”, temos • qVθBz e (-qVrBz) dão origem ao movimento ciclotrônico que conhecemos no plano r-θ; • quando r ≠ 0, qVzBr dá origem a uma deriva do centro guia na direção r (ver a primeira figura acima); • -qVθBr dá origem a uma desaceleração na direção de convergência das linhas de campo magnético (cúspide magnética). O termo de maior importância é Fz = -qVθBr , pois permite o confinamento magnético das partículas entre 2 cúspides. Portanto, vamos tomar a média da componente Fz sobre o eixo z e durante um período de giro da partícula, considerando também Vθ = ±V⊥ (± é devido ao sinal da carga q) e r = rL, então Calcular! qrVθ Fz = 2 ∂B z ∂z r =0 mV ⊥2 ∂B z ∴ Fz = − 2 B ∂z r = 0 2.2.18 O movimento de partículas em espelhos magnéticos, possui algumas constantes do movimento: a primeira é mais importante delas é o momento magnético µ que é uma grandeza escalar, definida como mV ⊥2 µ= 2B 2.2.19 Portanto, podemos reescrever expressão 2.2.18, a partir da definição acima ∂B z Fz = − µ ∂z r = 0 2.2.19 A partir a expressão 2.2.19, podemos encontrar o vetor força, ao longo da direção do campo magnético r r F// = − µ∇ // B 2.2.20 Toda constante do movimento deve ser invariante, isto é, deve ser conservada, neste caso “A medida que a partícula se move para regiões de campo magnético mais fortes ou mais fracos, o momento magnético µ, deve ser conservado”. Vamos agora, provar tal invariância para o momento magnético µ, para isso vamos usar um artifício matemático, isto é, multiplicar V// = dz/dt = ds/dt pela componente z da equação do movimento (paralela ao campo magnético) dV // ds mV // = −µ dt dt 2 d mV // = −µ ∴ dt 2 dB ds dB dt Calcular! 2.2.21 r Sabemos que B é constante no tempo, no entanto a partícula em sua trajetória; “sente” uma variação de B associado ao seu movimento de ida e dB volta entre os espelhos magnéticos, portanto dt ≠ 0 . Sabemos também que a energia mecânica deve ser conservada em todo o movimento, vamos então usar esse fato e os resultados acima, para concluir que o momento magnético µ é invariante, ou melhor, conservado. d mV//2 mV⊥2 d mV//2 = + + µB dt 2 2 dt 2 d mV//2 d + (µB ) = 0 ∴ dt 2 dt dB dµ dB ∴ −µ +B +µ =0 dt dt dt dµ ∴ = 0 ⇔ µ = cons tan te dt Calcular! Este último resultado, isto é, a invariância do momento magnético µ, é a base principal para o confinamento de partículas por espelhos magnéticos. A figura abaixo, mostra o confinamento do plasma por espelhos magnéticos. Confimanento Magnético por Espelhos Magnéticos. O confinamento da partícula por espelhos magnéticos, não é perfeito, pois depende dos valores das velocidades V⊥0 e V//0 na região entre as cúspides magnéticas, isto é • Para V⊥0 = 0 ⇒ µ = 0 ∴ Fz = 0 , partícula deve escapar do confinamento; • logo a V⊥0 << 1 , se B não for suficientemente Para V // 0 grande, a partícula também deve escapar do confinamento; Agora, conhecido os campos B0 e B´ e conhecidas as velocidades nas regiões entre as cúspides (V⊥0 e V//0) e também nas cúspides (V´⊥ e V´//), vamos aplicar a invariância do momento magnético µ, para encontrar um parâmetro para o confinamento Calcular! mV⊥20 mV⊥'2 µ= = = cos n tan te ´ 2 B0 2B 2.2.22 Usando o fato de que a energia mecânica deve ser conservada, temos V//´2 + V⊥´2 = V//20 + V⊥20 = V02 2.2.23 Utilizando as expressões 2.2.22 e 2.2.23 e considerando que a velocidade V´// é nula na cúspide, temos Calcular! V⊥20 V⊥20 B0 = 2 = ´ ´2 V⊥ V0 B Podemos considerando reescrever 2.2.24 a expressão 2.2.24, • o ângulo α formado entre o vetor velocidade e a sua componente paralela ao campo magnético; Trajetória da partícula entre 2 Espelhos Magnéticos. • a razão de espelho (R), isto é, a razão entre o valor máximo e mínimo do campo magnético , que indica com que eficiência deve ocorrer o confinamento B´ R= = cos n tan te B0 Calcular! Agora, podemos reescrever 2.2.24 V ⊥20 1 B0 2 = sin α = = ´ 2 R B V0 2.2.25 A partir da última expressão, podemos imaginar um “cone no espaço das velocidades”, onde existe um ângulo de abertura máximo (imposto pela razão de espelho) que define, quais partículas serão confinadas ou não (segundo o ângulo formado pelo vetor velocidade de cada partícula com a sua componente paralela ao campo magnético). A figura abaixo, mostra o cone de perdas no espaço das velocidades Importante! Cone de Perdas no Espaço das Velocidades. Observe que partículas com velocidades no interior do cone são perdidas, isto é, não são confinadas pois V// > V⊥, mas aquelas com velocidades fora do cone de perdas são confinadas, uma vez que V// < V⊥. A figura abaixo, mostra a reflexão de partículas num espelho magnético, cujo vetor de velocidade se encontra fora do cone de perdas Reflexão da Partícula no Espelho Magnético. Na natureza, temos vários eventos relacionados com configuração de campo magnético, tipo espelho magnético, conforme os exemplos a seguir • Auroras Boreais e Austrais Aurora Boreal vista do Espaço. • Cinturão de Van Allen Cinturão de Van Allen. Trajetórias de Partículas Confinadas no Cinturão de Van Allen. No laboratório, também podemos simular os espelhos magnéticos naturais, com várias finalidades • Propulsores a Plasma Projeto do Propulsor para longas viagens espaciais: VASIMIR. Campo de Espelho Magnético para Propulsão: VASIMIR.. • Fusão Termonuclear Controlada A maior Máquina de Confinamento Magnético por Espelhos Magnéticos: Tandem Mirror, Japão. Perfil de Campo Magnético, Potencial de Plasma e densidade de Plasma, para o Tandem Mirror.