Modelagem Matemática aplicada à Composição Musical Maria Aparecida Silva Cruz1, Jônatas Manzolli2,3 1 Curso de Matemática da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul 2 Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS) 3 Departamento de Música Universidade de Campinas, SP-Brasil [email protected], [email protected] RESUMO O presente trabalho explora uma das características inerentes dos fractais[1], a autosimilaridade, onde uma parte reflete o todo, desenvolvemos um modelo matemático para a área de composição musical[2]. A escolha desta característica se justifica pelo fato de que a mesma pode ser encontrada em composições hierárquicas baseadas na abordagem “tema recursivo” [3]. O respectivo modelo é denominado de Auto Semelhança e, nos permite produzir uma música baseada numa pequena seqüência de notas musicais. Sua construção é feita utilizando a mesma idéia da construção da Curva Triádica de Cantor[4]. O conjunto Triádico de Cantor também conhecido por Poeira de Cantor pode ser construído de uma maneira muito fácil, porém existe um fato bastante notável o qual o torna um conjunto difícil de se aceitar conceitualmente pois ele desaparece progressivamente até tornar-se invisível. Um segmento de reta que representa um intervalo de números de 0 à L é dividido em três partes iguais cada qual com tamanho L 3 , elimina-se então o terço central. Isso resulta em dois segmentos, suprime-se o terço médio de cada um deles. Isto resulta em quatro segmentos de reta, e suprime-se novamente o terço central de cada um deles e assim repete-se este procedimento infinitamente nos segmentos resultantes de cada divisão. O resultado final será uma “poeira” de pontos. Utilizamos então a mesma idéia do processo de construção da Curva Triádica de Cantor, aplicada à subdivisão de tempo musical, resultando no que chamamos de “músicas fractais”. Definimos um espaço sonoro E constituído por um conjunto de pares ordenados (di,ni), sendo di as durações de cada nota e ni as notas para i=1,2,3,... Criamos um conjunto inicial de pares ordenados (di,ni), denominado Tema T, com T ε E e j=1,2,3,...12. O tema corresponde à 1ª célula CE da música a ser gerada. Uma vez criada a célula T inicia-se o processo de construção onde as próximas gerações de células são geradas iterativamente da seguinte forma: uma nova geração de célula CE+1 é obtida multiplicando as durações de cada nota de CE por uma taxa de replicação R, R ε Ζ ,de modo que a duração total da nova geração CE+1 seja igual a duração total de T. Assim a quantidade de notas da nova geração CE+1 é inversamente proporcional aos valores das durações de cada nota de CE, i.é., a quantidade de notas da nova geração CE+1 é R*(número de notas de CE) com R>1, enquanto o valor da duração de cada nota é [(duração de n ) de C ] . j E R O resultado é uma música M formada pela concatenação das células CE, ou seja, Ressaltamos que uma M= [C1, C 2 , K C n ] . característica deste modelo é que o programa permite ao usuário alterações na composição em tempo real, e mesmo não tendo entendimento sobre seus parâmetros e modelagem matemática, possui a percepção e interpretação musicais, o que nos leva ao conceito de instrumento musical computacional. Referências Bibliográficas [1] Mandelbrot, Benoit B. “The Fractal Geometry of Nature”, Freeman W.H. & Company, New York – 1983. [2] Loy, Gareth., “Composing with Computers-a Survey of Some Compositional Formalisms and Music Programming Languages”, In Current Directions in Computer Music Resarch, ed. Mathews, M.V. and J.R. Pierce Cambridge: The MIT Press, Massachussetts – 1989. [3] Roads, Curtis. “The Computer Music Tutotial” MIT Press, Cambridge, Massachusetts – Lodos, England. [4] Ricieri, Aguinaldo Prandini, “Fractais e Caos a Matemática de Hoje”, Prandiano Edições – São Paulo – 1990.