20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354 PROPOSTAS DE MELHORIA SEGUNDA ÓTICA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: O CASO DE UM SALÃO DE BELEZA NORTERIOGRANDENSE Amanda Amorim Andrade (UFRN) Aretha Fernandes Monte de Souza (UFRN) Jéssica Monyk Tiburcio de Souza (UFRN) Kaline Nayara Medeiros da Silva (UFRN) Resumo A prática de utilização de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) corrobora para o controle e minimização dos riscos ambientais advindos das atividades produtivas das organizações. É com base nisso que o artigo tem como objetivo geral identifficar, caracterizar e avaliar os aspectos e impactos ambientais relacionados a um salão de beleza natalense, a fim de propor objetivos e metas que representem ações de melhoria para que práticas ambientais passem a ser realidade dentro da empresa, configurando, assim, um sistema de gestão ambiental. A problemática de pesquisa insere-se nas práticas ambientais das empresas e a opção metodológica selecionada foi o estudo de caso. Os resultados da pesquisa estão pautados na elaboração do SGA para a empresa estudada, o que proporcionou a conclusão sobre a importância dessa ferramenta para a competitividade da organização, bem como para a sustentabilidade empresarial. Palavras-chaves: Gestão Ambiental; Sustentabilidade; Sistema de gestão ambiental; Salão de beleza. IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 1. Introdução A preocupação ambiental não constitui tema recente, mas foi somente nas últimas três décadas do século XX que ela passou a ser debatida com mais profundidade (Jabbouret al., 2006).Com relação ao panorama brasileiro, apesar de o meio empresarial ainda apresentar problemas ambientais secundários (Seiffert, 2007), a partir de 1980, as organizações passaram a sofrer influência direta da regulamentação governamental, proporcionando, com isso, uma mudança progressiva em seu ambiente de negócios. De acordo com a PNUD (1998) toda a ação produtiva deve ser realizada de maneira consciente, respeitando o meio ambiente e preservando os recursos; possibilitando assim a recuperação do equilíbrio ambiental, econômico e social. Ainda assim, em conformidade com Sanches (2000), a maioria das empresas industriais, tanto no Brasil quanto nos países desenvolvidos, não estão dando a necessária importância à questão ambiental bem como suas implicações para suas atividades de negócios. Inseridos nesse contexto, os salões de beleza são grandes vilões da preservação ambiental. Seja por uma questão de cultura, de falta de conhecimento, ou mesmo de interesse, boa parte das organizações desse ramo não tratam de maneira benéfica e eficiente os resíduos provenientes de sua existência. A quantidade de lixo gerado pelos salões, e a falta de separação do mesmo, assim como gasto de energia e água, são exemplos de grandes prejuízos tanto para o meio ambiente, quanto para o empresário. É com base nisso, que o presente artigo tem como objetivo geral identificar, caracterizar e avaliar os aspectos e impactos ambientais relacionados a um salão de beleza natalense, a fim de propor objetivos e metas que representem ações de melhoria para que práticas ambientais passem a ser realidade dentro da empresa, configurando, assim, um sistema de gestão ambiental. Dessa maneira, a problemática de pesquisa do artigo gira em torno do seguinte questionamento: Qual modelo de sistema de gestão ambiental seria capaz de ocasionar mudanças de cultura da organização, vindo a contribuir para que suas atividades estejam de acordo também com os aspectos ambientais? Para responder a essa questão, foram realizadas visitas in locopara observações posteriormente processadas com a ótica da gestão ambiental. 2 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 O artigo está dividido em capítulos e subcapítulos, iniciados com a introdução, seguido do referencial teórico onde são apresentados os temas pertinentes. Posteriormente é apresentada a metodologia de pesquisa, destacando os meios pelos quais a pesquisa foi realizada. Após, as observações do estudo de caso - onde estão inseridos os resultados da pesquisa -, e, logo após, as considerações finais. O trabalho é encerrado com o referencial bibliográfico. 2. Referencial teórico 2.1. Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável Sustentabilidade pode ser entendida pelo desenvolvimento econômico baseado no equilíbrio entre as dimensões ecológica, social e econômica. Representa o potencial para uma nova abordagem do setor privado em relação ao desenvolvimento criando negócios rentáveis que, simultaneamente, elevam a qualidade de vida dos pobres do mundo, respeitam a diversidade cultural, e conservam a integridade do planeta para as futuras gerações. Isso significa fazer uma importante contribuição social ao mesmo tempo em que se cria valor para os acionistas. Pressupõe a redução ou otimização do uso de recursos naturais, a minimização de impactos sobre o meio ambiente e a sociedade no decorrer do ciclo de vida de produtos e processos produtivos, e a melhoria da qualidade de vida de todos os seres (CEBDS, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável). Também de acordo com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, a sustentabilidade, entendida no ambiente corporativo como fator estratégico para a sobrevivência dos negócios, é bem mais que um princípio de gestão ou uma nova onda de conceitos abstratos. Representa um conjunto de valores e práticas que deve ser incorporado ao posicionamento estratégico das empresas para definir posturas, permear relações e orientar escolhas. Só depois se espera que esteja presente nos discursos proferidos pelos porta-vozes. A mudança para uma visão de sustentabilidade se baseia em três pilares:ambiental, econômica e social, para que uma empresa ou um processo seja válido, ou seja, ambientalmente compatível, economicamente rentável e socialmente justo, implica a adoção de modelos de gestão que identifiquem as causas dos problemas ambientais para evitar a necessidade de medidas de caráter corretivas, reduzindo os impactos provocados por estes no meio ambiente, possibilitando a definição de alternativas que sejam viáveis economicamente e que contribuam efetivamente para a melhoria da qualidade de vida na Terra (KIPERSTOK, 2002). 3 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 2.2. Sistemas de gestão ambiental A Gestão Ambiental surgiu da necessidade do ser humano organizar melhor suas diversas formas de se relacionar com o meio ambiente (MORALES, 2006). Ou ainda, a Gestão Ambiental consiste na administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e potenciais institucionais e jurídicos, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade de recursos e desenvolvimento social (CAMPOS, 2002). Tachizawa (2002) conceitua gestão ambiental como o processo de ordenamento do espaço com base na formalização de um sistema de planejamento, diagnosticando o ambiente, integral, sistêmica e continuamente. Barbieri (2007) afirma que os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam. De acordo com a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é parte integrante do sistema geral de gestão (administração) de uma empresa, abordando os aspectos da gestão que planejam, desenvolvem, realizam, implementam, controlam e melhoram a política ambiental da empresa, otimizando seus objetivos e metas de redução de impactos (danos) ambientais provenientes de suas atividades, além de ser essencial e indispensável para o processo de certificação da norma ISO 14001. 2.3 Aspectos e impactos ambientais De acordo com a norma ISO 14001, aspecto ambiental se define como um elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Segundo a Resolução CONAMA nº 001/86, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais. 4 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 A Resolução CONAMA nº 001/86 ainda estabelece a exigência de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para o licenciamento de diversas atividades modificadoras do meio ambiente, bem como as diretrizes e atividades técnicas para sua execução. 3. Metodologia A metodologia utilizada para chegar aos objetivos propostos constituiu em um estudo de caso do tipo descritivo. Yin (2001) afirma que o estudo de caso trata de uma investigação científica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidência (...) e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta de análise de dados. A pesquisa foi realizada em um salão de beleza situada na cidade de Natal/RN. A forma de abordagem é qualitativa por identificar e analisar os aspectos e impactos causados pelo local do presente estudo, e também quantitativa, com finalidade de indicar e priorizar as melhorias a serem feitas em cima dos impactos que forem considerados negativos e significativos. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica como meio de fornecer conhecimentos a respeito do assunto pesquisado. A coleta dos dados se deu em 8 dias consecutivos, no período de 23/01/2012 à 30/01/2012 através da ação conversacional e observacional. Com intuito de identificar, caracterizar e avaliar os aspectos e impactos ambientais relacionados a um salão de beleza, objetivo do presente estudo, utilizou-se do Modelo para avaliação dos aspectos e impactos ambientais a partir dos dados coletados na pesquisa in loco com base na ótica da gestão ambiental. Os resultados da presente pesquisa apresentam limitações quanto à implantação da opção metodologia em demais empresas do setor ou fora dele por se tratar de um caso específico, com características organizacionais e geográficas particulares, não descartando a possibilidade de empreendedores se motivarem à busca de respostas e melhorias sobre a temática abordada. 4. Estudo de caso 4.1 Caracterização da empresa e principais processos 5 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 A empresa objeto de estudo do caso está inserida no setor de salão de beleza e é localizado na cidade de Natal/RN, bairro onde predominam as classes A, B e C. Atua no ramo de estética desde 2009 e possui em seu portfólio os seguintes serviços: escovas, corte, coloração, manicure, depilação. Sendo considerada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) como microempresa, pois a mesma possui cinco colaboradores, dentre eles estão: 1 (Uma) Proprietária/Administrativo-Financeira, 1(Uma) Secretária, 2 (Duas) manicures, 1 (Uma) Depiladora. A proprietária também atua na parte operacional do salão de beleza, sendo responsável pela realização de escovas, alisamentos, cortes, coloração, etc. Dentre os processos realizados, destacam-se os de manicure, corte, escova, escova progressiva e coloração como principais, os quais serão analisados no presente artigo. 4.2 Identificação dos aspectos e impactos ambientais Sejam caracterizados como de pequeno, médio ou grande porte, os salões de beleza são estabelecimentos que reúnem vários itens a serem identificados e analisados quando o assunto é aspecto e impacto ambiental. Essa diversidade é explicada pela pluralidade de serviços, métodos e produtos empregados nas atividades rotineiras de funcionamento do local. A identificação dos aspectos ambientais e a análise dos impactos associados é de importância significativa para toda organização, devido à grande oportunidade de envolvimento de todos os setores com a implementação do SGA. A empresa deve ainda garantir que os aspectos relacionados aos impactos significativos sejam levados em consideração na definição de seus objetivos ambientais. Para se trabalhar essas questões no salão em que foi realizada a pesquisa, foram selecionados os processos produtivos mais procurados pelos clientes, ou seja, aqueles que ocorrem com maior frequência. Para apresentar e identificar cada um dos processos escolhidos, juntamente com seus aspectos e impactos ambientais relacionados, elaborou-se o quadro 1. 6 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 IDENTIFICAÇÃO Atividades/Operação Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Consumo de água Desperdício, esgotamento de fonte não renovável, pressão sobre os recursos naturais Lixo Contaminação do meio ambiente, proliferação de insetos Desperdício de energia elétrica Pressão sobre os recursos naturais Uso do condicionador de ar Liberação de dióxido de carbono e dióxido de enxofre Resíduos de produtos químicos Poluição de efluentes, poluição do solo Corte Cabelo Contaminação do meio ambiente Escova Escova progressiva Ruído Interferência na saúde auditiva humana, alteração da qualidade do ar Coloração Metais pesados Destruição da fauna e da flora de ecossistemas aquáticos, contaminação da água potável Manicure Madeira Plástico Acetona Algodão Impactos no ar, geração de lixo não degradável, contaminação do lençol freático Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva Quadro 1 – Atividades, aspectos e impactos ambientais no salão de beleza 7 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 4.3 Requisitos legais Atividades/Operação Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva Corte Escova Coloração Manicure Escova progressiva IDENTIFICAÇÃO Aspecto Impacto Ambiental Ambiental Lixo Desperdício de energia elétrica Resíduos de produtos químicos Escova Ruído Escova progressiva Coloração Metais pesados Contaminação do meio ambiente, proliferação de insetos Requisitos legais Lei Nº 12305/2010 Política Nacional de Resíduos Sólidos; Pressão sobre os recursos PROCEL - Decreto de naturais 18 de julho de 1991 Poluição de efluentes, poluição do solo RESOLUÇÃO CONAMA nº 5, de 5 de agosto de 1993 Decreto-lei n.º 259/2002 de 23 de Interferência na saúde Novembro (Regime auditiva humana, alteração Legal sobre a Poluição da qualidade do ar Sonora (RLPS), revoga o decreto-lei nº292/2000). Destruição da fauna e da flora de ecossistemas aquáticos, contaminação da água potável RESOLUÇÃO CONAMA n° 397, de 03 DE ABRIL DE 2008 8 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Quadro 2 – Requisitos legais 4.4 Avaliação de importância dos aspectos e impactos ambientais Devidamente identificados os aspectos e impactos ambientais provenientes dos processos produtivos escolhidos para trabalhar-se no salão, é chegada a hora de realizar a avaliação de importância dos mesmos. O modelo para avaliação dos aspectos e impactos são expressos no quadro 3, que apresenta o modelo proposto por Seiffert (2007), com dados da atividade e operação da empresa, caracterização, verificação de importância, avaliação da significância, e controles já existentes, permitindo uma avaliação severa e criteriosa da importância dos aspectos e impactos ambientais. Os critérios utilizados para o preenchimento do quadro 3 são apresentados no quadro 4. Com a observância destes critérios foi confeccionado o quadro 5, com objetivo de definir uma hierarquia dos impactos e aspectos, possibilitando a priorização de medidas preventivas e corretivas, partes integrantes do SGA. IDENTIFICAÇÃO CARACTERIZAÇÃO VERIFICAÇÃO DE IMPORTÂNCIA AVALIAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA CONTROLES Atividades/ Aspecto Impacto Situação Consequência Requisitos Código Incidência Classe Frequência Probabilidade Categoria DPI OE Enquadramento EXISTENTES Operação Ambiental Ambiental operacional (pontos) Legais Quadro3 – Modelo para avaliação dos aspectos e impactos ambientais Situação Incidência Classe Conseqüência Freqüência / Probabilidade Categoria N – Normal A – Anormal E – Emergência SC – Sob Controle SI – Sob influência B – Benéfico A – Adverso Baixa – 20 (local); 25(regional); 30(global). Média – 40 (local); 45(regional); 50(global). Alta – 60 (local); 65(regional); 70(global). Baixa – 10 Média – 20 Alta – 30 C – Critico M – Moderado D – Desprezível 9 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Quadro 4 – Critérios para avaliação IDENTIFICAÇÃO Atividades/Operação Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Corte Desperdício, esgotamento de Escova Consumo de água fonte não renovável, pressão Coloração sobre os recursos naturais Manicure Escova progressiva Corte Contaminação do meio Escova Li x o ambi ente, proliferação de Coloração insetos Manicure Escova progressiva Corte Escova Desperdício de Pressão sobre os recursos Coloração energia elétrica naturais Manicure Escova progressiva Corte Escova Uso do Liberação de dióxido de Coloração condicionador de ar carbono e dióxido de enxofre Manicure Escova progressiva Corte Escova Resíduos de produtos Poluição de efluentes, poluição Coloração químicos do solo Manicure Escova progressiva Contaminação do meio Corte Cabelo ambiente Escova Interferência na saúde auditiva Ruído Escova progressiva humana, alteração da qualidade CARACTERIZAÇÃO VERIFICAÇÃO DE IMPORTÂNCIA AVALIAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA CONTROLES Situação Consequência Requisitos Código Incidência Classe Frequência Probabilidade Categoria DPI OE Enquadramento EXISTENTES operacional (pontos) Legais 1 N SC A 40 30 30 C 2 N SC A 40 30 30 C 3 N SC A 50 30 30 C 4 N SC A 70 30 30 C 5 N SC A 50 30 30 C 6 N SC A 40 30 30 C 7 N SC A 20 30 30 C S Nenhum X S Nenhum X N Nenhum S Nenhum S Nenhum N Nenhum 10 N Nenhum X X IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Quadro 5 - Identificação e Avaliação de impactos/aspectos ambientais para o salão de beleza Todos os aspectos/impactos apresentados no quadro 5 foram caracterizados como normais, sob controle, adversos e críticos. Mesmo resguardados de requisitos legais específicos em sua maioria, há preocupação das partes interessadas e há visualização desses como interesses estratégicos para a organização. Dos 12 (doze) aspectos avaliados a partir das atividades da organização, 9 (nove) deles tem como consequência impactos enquadrados como significativos. Desses, os impactos recorrentes são: desperdício, esgotamento de fonte não renovável, pressão sobre os recursos naturais, contaminação do meio ambiente, proliferação de insetos, liberação de dióxido de carbono e dióxido de enxofre, poluição de efluentes, poluição do solo, destruição da fauna e da flora de ecossistemas aquáticos, contaminação da água potável, impactos no ar, geração de lixo não degradável e contaminação do lençol freático. Por fim, é mostrado na tabela que não existe controle algum de todos os aspectos e impactos advindos dos processos produtivos da empresa. Terminada a avaliação, apresenta-se a seguir os objetivos e metas, bem como propostas de melhorias para que esses impactos sejam amenizados ou mesmo finalizados, com a intenção de garantir qualidade ao meio ambiente. 4.5 Resultados e propostas de melhoria CÓDIGO OBJETIVO AÇÕES DATAS 11 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 PREVISTAS A B Redução do Trocar saída de água no lavatório de consumo de água torneiras para duchas Destinação Coleta seletiva apropriada do lixo 2012 2012 Manutenção dos aparelhos Diminuição do C consumo de energia elétrica /Desconectar aparelhos elétricos dos interruptores quando não forem utilizados/ instalação de sensores de 2012 movimento nas áreas internas/ utilizar estufa apenas 2 vezes ao dia Não entupimento da tubulação e não D Colocar filtros de tecidos nos contaminação do lavatórios lençol freático com 2012 cabelo E F G Eliminar emissões Substituir acetona por removedor de de acetona esmaltes Diminuição da Utilizar lixas biodegradáveis/ exploração ilegal Substituir paus de laranjeira por paus de madeira metálicos Diminuição de Utilização de ferramentas que dosem resíduos químicos a quantidade certa de produtos em lançados no meio cada tipo de cabelo/ utilização de ambiente produtos naturais 2012 2012 2012 Quadro 6 – Objetivos x ações x datas previstas Código A: Redução do consumo de água 12 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 O lavatório, local onde os clientes são destinados para a realização de processos como lavar o cabelo, é utilizado um grande consumo de água. Através de ações observacionais, foi possível concluir que um dos motivos para o grande consumo se deve a saída de água ser constituída por uma torneira, o que não possibilita ao funcionário controle do fluxo de água corrente. Uma medida a qual deve ser aplicada neste caso é a substituição da torneira por duchas, as quais possibilitaram maior controle do fluxo de água. Essa ação deve ser tomada pelo responsável do estabelecimento estudado até o março de 2012, podendo ser comprovada a redução do consumo de água através do histórico da COSERN (Companhia de Água e Esgotos do RN) fazendo uma comparação entre os meses anteriores e posteriores a substituição do novo equipamento. Código B: Destinação apropriada do lixo O lixo ou resíduos físicos gerados pela empresa possuem objetos não biodegradáveis como, copos plásticos, sacolas plásticas, papel, embalagens de plástico e papelão, papel laminado, algodão, entre outros, todos altamente prejudiciais ao meio ambiente se não forem destinados para um local adequado, aumentando significativamente a poluição do solo, da água e do ar. Diante desta percepção, foi observado que todo o lixo gerado pela empresa não possui nenhum tipo de medida ou ação que encaminhe os resíduos para um local adequado. Para tanto, foi analisada a situação atual do bairro em que o estabelecimento está inserido a respeito de coleta seletiva, e constatou-se que o Governo disponibiliza para todo bairro este tipo de ação envolvida com a preservação do meio ambiente. Contudo, faz-se necessário a adequação da empresa de modo imediato para que a coleta seletiva seja realizada de maneira eficiente e eficaz diariamente. Código C: Diminuição do consumo de energia elétrica No dia-a-dia de qualquer empresa, o consumo de energia é um dos principais aspectos caracterizados como críticos, tendo um nível prejudicial ao meio-ambiente bastante elevado. No salão de beleza do presente artigo, este aspecto também requer bastante atenção pelo alto consumo de energia elétrica devido ao uso de secadores, pranchas, ar-condicionado, estufas esterilizadoras, dentre outros. Para tanto, após a observação e análise do ambiente existente, foi possível apresentar algumas ações que terão como consequência uma redução significativa do consumo de energia elétrica, como: Manutenção de todos os aparelhos eletroeletrônicos regularmente; desconectar aparelhos elétricos dos interruptores quando os mesmo não estiverem sendo utilizados; instalação de sensores de movimento nas áreas internas (área de 13 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 depilação, banheiros, dispensa); utilizar estufa esterilizadora apenas duas vezes ao dia, contrário ao que é feito atualmente, sendo a mesma ligada durante todo o dia. Todas essas medidas podem ser tomadas em curto prazo, além de esta redução poder ser claramente observada pela proprietária do estabelecimento através do histórico da COSERN (Companhia Energética do Rio Grande do Norte) fazendo uma comparação entre os meses anteriores e posteriores a realizações das ações designadas. Código D: Não entupimento da tubulação e não contaminação do lençol freático com cabelo. Alguns fios de cabelo que se soltam do couro cabeludo na hora da lavagem do cabelo descem direto pela tubulação. Com isso dois problemas podem ser gerados, mas também facilmente resolvidos, ao colocar uma tela de tecido impedindo a passagem de fios de cabelo, que podem entupir o encanamento ou contaminar o lençol freático, podendo ser recolhido e ter uma destinação correta. Código E: Eliminar emissões de acetona Para a realização do processo cabível a manicure, é necessária a utilização de acetona para a remoção de esmaltes. No entanto, a emissão de acetona no ar, principalmente em locais fechados, é considerado um impacto negativo para o meio ambiente local. Uma medida fácil de ser tomada é a substituição de acetona por removedor de esmaltes, cuja composição não existe substâncias nocivas equiparadas à acetona. Código F: Diminuição da exploração ilegal de madeira Para a retirada de alguns produtos, a manicure usa paus de laranjeira, muitas vezes produzidos a partir de madeira ilegal. Uma resolução simples para esse problema é a troca por espátulas de ferro, que podem ser reaproveitadas, causando menos danos. Código G: Diminuição de resíduos lançados no meio ambiente Sabe-se que os maiores causadores de impactos negativos ao meio ambiente se tratando de estabelecimentos na área de salões de beleza são os resíduos químicos que podem ser encontrados em tintas, shampoo, condicionadores, entre outros. Quanto maior a quantidade de resíduos químicos lançados, maior é a quantidade e a área afetada pela eutrofização, causando a destruição da fauna e da flora de muitos ecossistemas aquáticos, transformando-os em esgotos a céu aberto. Diante desta realidade, analisaram-se medidas que podem ser tomadas para que haja a redução de resíduos lançados em locais inapropriados. Atualmente existem ferramentas capazes de medir a quantidade necessária de produtos químicos a ser utilizada 14 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 para cada tipo de cabelo, sendo esta uma medida eficaz para reduzir os resíduos desnecessários para a manutenção do cabelo, além de contribuir economicamente para a empresa. Além disso, podem-se usar produtos químicos que tenham em sua composição substâncias naturais não nocivas ao meio ambiente. Essas medidas podem ser tomadas em curto prazo, reduzindo significadamente a agressão a natureza. 5. Considerações finais Os resíduos, se descartados inadequadamente no ambiente, podem provocar alterações intensas no solo, na água e no ar, além da possibilidade de causarem danos a todas as formas de vida, trazendo problemas que podem comprometer as gerações futuras. Tão importante quanto a destinação e o tratamento adequado, é preciso produzir cada vez menos resíduos e reaproveitar cada vez mais os que foram gerados, reduzindo o índice de desperdício e contribuindo para uma sociedade mais preocupada com todos. Com a implantação do SGA na empresa estudada, essa pode tornar-se mais competitiva, tendo em vista que o mercado está mais conscientizado e buscando empresas preocupadas com a sustentabilidade, uma vez que a maior penalidade que a humanidade poderá receber pela inconsequência da má utilização dos recursos naturais e do tratamento inadequado dos resíduos gerados por suas atividades será a decisivamente a herança deixada às gerações futuras. Visto isso, pôde-se afirmar que o objetivo geral do artigo foi cumprido e sua problemática de pesquisa respondia, na medida em que se conseguiu identificar, caracterizar e avaliar os aspectos e impactos ambientais relacionados a um salão de beleza natalense, propondo objetivos e metas que representam ações de melhoria para que práticas ambientais passem a ser realidade dentro da empresa, configurando, assim, um sistema de gestão ambiental. A opção metodológica da pesquisa não permite por si só que as singularidades apresentadas no caso possam ser estendidas para as demais empresas do setor ou de fora dele. Assim, fica o questionamento sobre quais outras empresas de outros setores podem modelar seus próprios sistemas de gestão ambiental, além de trabalhar com o setor de salões com empresas de maior porte. Essas questões incentivam outros pesquisadores a explorar o tema, servindo de recomendações para pesquisas posteriores. Referências Bibliográficas 15 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: sistemas da gestão ambiental – requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro. BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, Modelos e Instrumentos. 2. ed.São Paulo: Editora Saraiva, 2007. CAMPOS, L. M. S. Apostila de Auditoria Ambiental. Cascavel: UFSC, 2002. CEBDS, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Guia de comunicação e sustentabilidade. Disponível em: <http://www.cebds.org.br/media/uploads/pdf-capas-publicacoescebds/manual_de_sustentabilidade.pdf>. Acesso em: 03 de Fevereiro de 2012. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986, publicado no D. O U. de 17.2.86. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 05 de Fevereiro de 2012. FBDS, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <http://fbds.org.br>. Acesso em: 10 de Fevereiro de 2012. JABBOUR, C. J. C; SANTOS, F. C. A. Evolução da gestão ambiental na empresa: uma taxonomia integrada à gestão da produção e de recursos humanos. Revista Gestão & Produção, São Carlos-SP, v. 13. n. 3, set./dez. 2006. KIPERSTOK, A. et al. Prevenção da poluição. Brasília: SENAI/DN, 2002. 16 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 MORALES, Angélica Góis Müller. Formação do Educador Ambiental: (re)construindo uma reflexão epistemológica e metodológica frente ao curso de especialização em educação, meio ambiente e desenvolvimento. Curitiba: UFPR, 2006. PNUD/IPEA/FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano e Condições de vida: Indicadores Brasileiros. 1998. SANCHES, C. S. Gestão ambiental proativa. RAE - Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 1, jan./mar. 2000. SEIFFERT, M. E. B. ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental: implantação objetiva e econômica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/>. Acesso em: 6 de Fevereiro de 2012. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. Ed. São Paulo: Cortez, 2000. TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa? Estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2002. YIN, Robert K. Estudo de caso – planejamento e métodos. (2Ed.). Porto Alegre: Bookman. 2001. 17