É proibida a reprodução não autorizada deste material. InscrevaInscreva-se no curso! APRESENTAÇÃO Caros alunos, O TOP JURIS, lança agora o curso TOP – TRF2 “Reta Final”, elaborado exclusivamente com base no edital de abertura para realização de concurso público de provas e títulos destinado a selecionar candidatos para provimento de cargos de JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO da 2ª REGIÃO, de 11 de novembro de 2016, do XVI Concurso. As questões serão elaboradas de acordo com análise da comissão instituída para organização do concurso. Sobre a sistemática que será adotada durante o curso: serão 10 (dez) rodadas, com 30 (trinta) questões objetivas, inéditas e comentadas por ata. O curso obedecerá ao seguinte cronograma, com início previsto para 19.12.2016 e encerramento em 19.03.2017: Cronograma TOP-TRF2\Reta Final 19.12.16 1ª Rodada 29.12.16 2ª Rodada 08.01.16 3ª Rodada 18.01.16 4ª Rodada 28.01.16 5ª Rodada 07.02.17 6ª Rodada 17.02.17 7ª Rodada 27.02.17 8ª Rodada 09.03.17 9ª Rodada 19.03.17 10ª Rodada Ao final do ciclo, os alunos terão 300 (trezentas) questões objetivas inéditas e comentadas. Há dois sistemas para estudo e disponibilização das questões: o aluno poderá resolvêlas no sistema on-line, no próprio portal do TOP JURIS – onde terá acesso a um “ranking” dos alunos que responderam pela plataforma –, ou poderá realizar o download imediato da ata de cada rodada, com as questões comentadas. As inscrições para o curso já estão abertas e podem ser realizadas em http://www.topjuris.com.br/curso_top_defensorias/. 1 Felipe Motta – Coordenador-geral COORDENAÇÃO-GERAL TOPJURIS Felipe Motta. Coordenador-Pedagógico. Advogado. Pós-graduado em Docência do Ensino Superior. Pós-graduando em Direito Penal e Processo Penal. Pós-graduando em Direitos Humanos. Cursando MBA Executivo em Coach. Kleber Vinicius Bezerra Camelo de Melo. Coordenador-Financeiro. Defensor Público Federal e Coach para Concursos Públicos. Aprovado nos concursos para os cargos de Procurador Federal (2010), Analista Judiciário do TJDFT (2010), Técnico Judiciário do CNJ (2009), Assistente de Apoio às Atividades Jurídicas da PGDF (2008) e Técnico Administrativo da ANP (2004). Alexandre Oliveira. Coordenador de Tecnologia. Analista de Sistemas. Consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Pós-graduando em Arquitetura de Software. 2 PROFESSORES DO CURSO TOP-MPMG DIOGO MOTA – aprovado na prova discursiva para o cargo de Juiz Federal Substituto do TRF 3ª Região. Aprovado em diversos concursos - para os cargos de: Defensor Público do Estado da Bahia; Advogado da Caixa Econômica Federal; Advogado da Embasa; Analista do Ministério Público da KLEBER VINÍCIUS - Coach. Aprovado em diversos concursos - para os cargos de: Defensor Público Federal; Procurador Federal; Analista Judiciário do TJDFT; Técnico Judiciário do CNJ; Assistente de Apoio às Atividades Jurídicas da PGDF e Técnico Administrativo da Agência Nacional do Petróleo. ALEXANDRE KAISER RAUBER, Aprovado em diversos concursos - para os cargos de: Defensor Público Federal; Analista Tributário da Receita Federal; Analista Judiciário da Justiça Militar da União; Advogado da CEF. E ainda, foi aprovado no Concurso Público para Outorga de Delegações de Serventias Extrajudiciais de Notas e de Registro do Distrito Federal. 3 INSTRUÇÕES 1. Responda às QUESTÕES OBJETIVAS controlando o tempo e sem consulta a nenhum material; 2. Confira o seu desempenho no GABARITO; 3. Consulte as QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS para sanar dúvidas e aprofundar os assuntos trabalhados na rodada; 4. Dê-nos o seu feedback apontando eventuais omissões ou erros materiais. O TOP JURIS está em permanente construção e depende da contribuição de cada um de vocês. Para críticas e sugestões sobre a edição do material e/ou dúvidas, entre em contato com o TopJuris pelo e-mail [email protected]. QUESTÕES OBJETIVAS Bloco I: Direito Constitucional, Direito Previdenciário, Direito Penal, Direito Processual Penal e Direito Econômico e de Proteção ao Consumidor . 1. A respeito do Controle de Constitucionalidade, assinale a alternativa INCORRETA: a) A declaração de inconstitucionalidade sem pronuncia de nulidade com apelo ao legislador é quando uma determinada é tão relevante para a sociedade que mesmo inconstitucional é melhor que ela continue sendo aplicada e sua invalidade não seja declarada. b) A declaração de inconstitucionalidade restrita ou norma ainda constitucional ou inconstitucionalidade progressiva trata-se de um modelo de decisão adequado ao enfrentamento de uma questão de inconstitucionalidade de uma norma que está evoluindo da constitucionalidade para inconstitucionalidade. c) A declaração de inconstitucionalidade com pronúncia parcial de nulidade sem redução de texto é quando a inconstitucionalidade não está na norma, mas sim na aplicação da norma. 4 d) As sentenças intermediárias de constitucionalidade são aquelas que levam à criação de uma norma geral e vinculante, podem compreender: Sentenças aditivas; Sentenças aditivas de princípio e Sentenças substitutivas. e) O “criptoconsequencialismo”, ocorre quando o sob a retórica formal do Direito, escamoteia suas ponderações de consequências, conquanto ser nítido que há fundamentos subjacentes às decisões que possuem fundamento político. 2. Segundo entendimento da TNU assinale a alternativa INCORRETA: a) O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social. b) Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. c) A atividade de tratorista não pode ser equiparada à de motorista de caminhão para fins de reconhecimento de atividade especial por não ser hipótese de enquadramento por categoria profissional. d) Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente. e) O décimo terceiro salário não integra o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício. 3. No microssistema de lavagem de ativos temos não apenas a CRFB, mas também os tratados que desempenham papel fundamental na harmonização de leis(na criminalização de condutas, recuperação de ativos, técnicas especiais de investigação, ampliação da jurisdição e cooperação internacional) no combate a lavagem de capitais. Assim, assinale a alternativa INCORRETA: a) A Convenção de Palermo é um dos marcos normativos no combate à lavagem de capitais. b) Na Convenção de Mérida há mandado de criminalização da conduta de lavagem de 5 capitais. c) Para a Corte Europeia de Direitos Humanos o advogado tem o dever de compliance, podendo responder pela conduta de lavagem de ativos, quando do recebimento de valores à titulo de honorários advocatícios. d) Na Convenção de Caracas - Convenção Interamericana de Combate a Corrupção – não há mandado de criminalização da conduta de lavagem de capitais. e) A Convenção de Viena de Contra o Tráfico de Drogas de 1988, foi a primeira convenção a tratar de lavagem de ativos. 4. Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente, EXCETO: a) Decretação de prisão ou de medidas assecuratórias. b) Progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena. c) Na hipótese de exceções competência, por se tratar de rol taxativo o artigo 1º, da Lei 12.694\2012 e esta espécie de decisão não constar do rol. d) Transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima. e) A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. 5. Sobre a Lei 12.529\11, marque a alternativa INCORRETA: a) A primeira legislação brasileira que envolveu aspectos do direito concorrencial foi o Decreto-lei 869/1938, que tipificava certas práticas comerciais como crimes de concorrência. Entre estas práticas, estavam acordos que visassem ao aumento arbitrário dos lucros e práticas comerciais abusivas, que impedissem a competição. b) Não adotamos o modelo do dinamismo econômico da escola de Harvard, nem o modelo da tutela da concorrência da escola de Chicago. O modelo utilizado no Brasil, é o modelo da tutela instrumental da concorrência, significa que o Estado tutela à concorrência na medida em que preserva o sistema capitalista, mas quando não for necessário não haverá intervenção. c) O fundamento da antitruste brasileira é o §4º, do artigo 173, da CRFB, § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. 6 d) O CADE pode fiscalizar qualquer setor da economia, o que ele não pode, é esvaziar o conteúdo de atribuição de uma agencia a partir de sua percepção de um ato que está autorizado por uma agencia. e) A negociação a respeito da proposta do acordo de leniência deverá ser concluída no prazo total de 12 (doze) meses, contados da data da apresentação da proposta. 6. Assinale a opção INCORRETA quanto à abusividade, legalidade ou proporcionalidade das cláusulas contratuais, à luz do posicionamento dos Tribunais Superiores. a) A imposição de obrigação aos estabelecimentos que comercializem Gás Liquefeito de Petróleo – GLP a pesarem, à vista do consumidor, o botijão ou cilindro vendido, ainda que oriunda de lei estadual, ofende a proporcionalidade, além de incorrer em inconstitucionalidade por violar a competência privativa da União. b) Não é possível, segundo o STJ em recente precedente, impor ao consumidor sua prévia filiação à entidade aberta de previdência complementar como condição para contratar com ela empréstimo financeiro. c) Repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos, constitui cláusula abusiva expressa. d) A instituição de limites quantitativos no oferecimento de produtos ofende o Código de Defesa do Consumidor se exercida sem causa justificada. e) É legal a cobrança de tarifa de esgoto na hipótese em que a concessionária realize apenas uma – e não todas – das quatro etapas em que se desdobra o serviço de esgotamento sanitário (a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final de dejetos. Bloco II: Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Empresarial e Direito Financeiro e Tributário ; 7. Quanto aos bens, a classificação legal e doutrinária, assinale a opção CORRETA à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 7 a) O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil exaure a enumeração dos bens públicos, não se reputando como tal aquele pertencente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos; b) A pertinência subjetiva constitui requisito imprescindível para a configuração das universalidades de fato e de direito. c) Constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. d) O direito à sucessão aberta, ainda que composto apenas de bens móveis deixados pelo de cujus, é considerado bem imóvel para fins legais. e) Os direitos reais possivelmente incidentes sobre o automóvel ostentam natureza de bem imóvel. 8. Sobre o NCPC, o STJ, editou alguns enunciados administrativos. Assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema: a) Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC. b) Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 19 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. c) Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016), somente será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício estritamente formal. d) Nos feitos de competência civil originária e recursal do STJ, os atos processuais que vierem a ser praticados por julgadores, partes, Ministério Público, procuradores, serventuários e auxiliares da Justiça a partir de 18 de março de 2016, deverão observar os novos procedimentos trazidos pelo CPC/2015, sem prejuízo do disposto em legislação processual especial.. e) Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 8 9. No que pertine ao Direito Empresarial, marque a alternativa INCORRETA: a) Para que o juízo estadual negue a proteção conferida pelo registro da marca ou do desenho industrial, não é necessário que antes, a invalidade desse registro tenha sido reconhecida pelo juízo federal; b) O "Craw down" significa a possibilidade do juiz impor aos credores discordantes o plano apresentado pelo devedor e já aceito pela maioria. c) A Cláusula de Raio cuida-se de obrigação imposta ao locatário de um espaço comercial, de a não exercer atividade similar à praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um determinado raio de distância daquele imóvel; d) O Brasil adotou o Sistema Atributivo: somente com o registro da marca no INPI é que se garante o direito de propriedade e de uso exclusivo ao seu titular, salvo marca notoriamente conhecida; e) A marca evocativa é aquela que se utiliza, em sua composição, de uma palavra de uso comum que remete ao produto ou serviço. 10. Com relação aos créditos adicionais, marque a alternativa INCORRETA: a) Os Créditos suplementares possuem previsão constitucional: art. 167, V e 165, §8º da CRFB/88 e objetivam reforçar/complementar dotações orçamentárias já existentes. A abertura de crédito suplementar não precisa passar por todo o trâmite processual legislativo, pois se trata de crédito já aprovado pelo Legislativo. Todavia, exige-se, pois, autorização legislativa; b) Os Créditos especiais estão previstos no Art. 167, V da CRFB/88 e objetivam satisfazer necessidades novas (despesas novas, para as quais não existem dotações orçamentárias específicas). A abertura de crédito especial não precisa passar por todo o trâmite processual legislativo, pois se trata de crédito já aprovado pelo Legislativo. Todavia, exige-se, pois, autorização legislativa. Não é possível ao Executivo abrir créditos especiais por meio de decreto; c) Os Créditos extraordinários estão previstos no Art. 167, §3º, da CRFB/88 e Objetivam satisfazer despesas urgentes, imprevisíveis. Aqui, o Executivo pode mexer no orçamento antes do crivo do Legislativo, que é realizado posteriormente, de 9 maneira diferida. Assim, o Executivo pode abrir créditos extraordinários através de medidas provisórias ; d) A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justificativa; e) Não há exceção ao Princípio da Legalidade previsto no Direito Financeiro. Portanto, toda arrecadação e gasto público devem ter fundamento legal. 11. Em relação ao Direito Tributário, assinale a alternativa INCORRETA: a) Aplica-se a taxa SELIC - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, a partir de 1º/1/1996, na atualização monetária do indébito tributário, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice, seja de juros ou atualização monetária. b) A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. c) A notificação do contribuinte do auto de infração constitui definitivamente o crédito tributário e dá início ao cômputo do prazo prescricional para a sua cobrança, mas não obsta o prazo decadencial. d) A revisão do lançamento tributário pode ser exercida nas hipóteses do art. 149 do CTN, desde que observado o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário. e) A decisão que reconhece a imunidade tributária possui natureza declaratória e produz efeitos retroativos ao momento em que preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício. Bloco III: Direito Administrativo, Direito Ambiental e Direito Internacional Público e Privado 12. A Lei 12.846\13 busca a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. Aplica-se às sociedades empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no 10 território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. Sobre a Lei 12.846\2013, marque a alternativa INCORRETA: a)A competência para firmar o acordo de leniência é do órgão de controle interno dos Poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, de forma isolada ou em conjunto com o Ministério Público ou com a Advocacia Pública. Na ausência de órgão de controle interno, o acordo de leniência somente será celebrado pelo chefe do respectivo Poder em conjunto com o Ministério Público. Antes, a competência para firmar o acordo de leniência era da autoridade máxima de cada órgão ou entidade; b) O acordo de leniência previsto na lei impõe a regra de corroboração para validade; c) A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito; d) Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, todos aqueles praticados pelas sociedades empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como: prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; e) A Lei 12.846\2013 não exclui as competências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que constitua infração à ordem econômica. 13. Assinale a alternativa incorreta: a) Ao contrário da APP, que ocorre tanto em áreas urbanas como rurais, a reserva legal é exclusivamente rural. b) Dentro da Amazônia Legal, se for bioma florestal, o limite de proteção da Reserva Legal será de 80%. 11 c) Pode-se dizer que no Estado de Goiás, em razão da predominância do Bioma Cerrado, o limite de proteção da Reserva Legal será, neste bioma, de 35%. d) No caso de municípios que tenham 50% da sua área com unidade de conservação de domínio público ou com terras indígenas, para fins de recomposição, o município pode reduzir a área de reserva legal, no âmbito da Amazônia Legal no bioma floresta (que é de 80%) para 50%. e) Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder público federal poderá ampliar as áreas de Reserva Legal em até 70% (setenta por cento) dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de efeito estufa. 14. Sobre o Direito Internacional Público, assinale a alternativa INCORRETA: a) Os peacekkepers são os integrantes de missão da Paz da ONU. b) As Regras de Mandela incluem amplas revisões e incorporações das Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros da ONU, que datam de 1955. b) Os crimes de competência do TPI são crimes de jus cogens. c) O sistema de “peerreview” – cuida-se de monitoramento pelos pares – é uma espécie de Revisão Periódica Universal (RPU), procedimento obrigatório a todos os Estados membros da ONU, realizado no âmbito do Conselho de Direitos Humanos (CDH), pelo qual um Estado tem a sua situação de direitos humanos submetida à avaliação dos demais membros do Conselho (e também a qualquer outro Estado interessado), relatada por três outros Estados (troika). d) Segundo o Princípio do non refoulement é vedada a entrega do solicitante de refúgio a um Estado quando houver ameaça de lesão aos direitos fundamentais do individuo; e) A coisa julgada fraudulenta não pode ser superada em âmbito internacional. 15. A subtração internacional de crianças ou adolescentes, é o deslocamento ilegal de criança ou adolescente para um país diferente daquele no qual reside habitualmente ou sua retenção indevida em território estrangeiro. Sobre o assunto marque a alternativa incorreta: a) Se transcorrido menos de 2 (dois anos entre a data da transferência ou retenção indevidas e o início do procedimento perante a autoridade judicial ou administrativa 12 do país em que a criança se encontrar, a autoridade competente deverá ordenar o retorno imediato da criança/adolescente ao país de origem. Após esse prazo, o retorno da criança/adolescente também deve ser ordenado, salvo se ficar provado que a criança já se encontra integrada em seu novo meio. b Se a criança/adolescente estiver indevidamente em país estrangeiro, o interessado deverá procurar a Autoridade Central Administrativa Federal – ACAF, órgão da Secretaria de Direitos Humanos. c) A subtração ou sequestro internacional ocorrerá tanto nos casos em que a transferência for ilícita quanto naqueles em que, posteriormente à viagem, a criança/adolescente é mantida no país sem a concordância daquele que for detentor do direito de guarda para os fins da Convenção, ainda que compartilhada. d) O juízo brasileiro só será competente para apreciar ação de guarda se a criança/adolescente residir habitualmente no Brasil. e) O acusado(estrangeiro) de subtração que trouxer uma criança para o Brasil poderá ser deportado. 13 GABARITO Questão 01 ALTERNATIVA “D” Questão 02 ALTERNATIVA “C” Questão 03 ALTERNATIVA “B” Questão 04 ALTERNATIVA “C” Questão 05 ALTERNATIVA “E” Questão 06 ALTERNATIVA “B” Questão 07 ALTERNATIVA “D” Questão 08 ALTERNATIVA “B” Questão 09 ALTERNATIVA “A” Questão 10 ALTERNATIVA “E” Questão 11 ALTERNATIVA “C” Questão 12 ALTERNATIVA “A” Questão 13 ALTERNATIVA “E” Questão 14 ALTERNATIVA “E” Questão 15 ALTERNATIVA “A” 14 QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS Bloco I: Direito Constitucional, Direito Previdenciário, Direito Penal, Direito Processual Penal e Direito Econômico e de Proteção ao Consumidor . 1. A respeito do Controle de Constitucionalidade, assinale a alternativa INCORRETA: a) A declaração de inconstitucionalidade sem pronuncia de nulidade com apelo ao legislador é quando uma determinada é tão relevante para a sociedade que mesmo inconstitucional é melhor que ela continue sendo aplicada e sua invalidade não seja declarada. b) A declaração de inconstitucionalidade restrita ou norma ainda constitucional ou inconstitucionalidade progressiva trata-se de um modelo de decisão adequado ao enfrentamento de uma questão de inconstitucionalidade de uma norma que está evoluindo da constitucionalidade para inconstitucionalidade. c) A declaração de inconstitucionalidade com pronúncia parcial de nulidade sem redução de texto é quando a inconstitucionalidade não está na norma, mas sim na aplicação da norma. d) As sentenças intermediárias de constitucionalidade são aquelas que levam à criação de uma norma geral e vinculante, podem compreender: Sentenças aditivas; Sentenças aditivas de princípio e Sentenças substitutivas. e) O “criptoconsequencialismo”, ocorre quando o sob a retórica formal do Direito, escamoteia suas ponderações de consequências, conquanto ser nítido que há fundamentos subjacentes às decisões que possuem fundamento político. Comentários Edital 9\2016 – Ponto 6. O controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos. Conceito. Natureza. Espécies. A Ação Declaratória de Constitucionalidade e a Ação Direta de inconstitucionalidade. A ação de 15 Inconstitucionalidade por Omissão. Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental. O Tema Controle de Constitucionalidade é um dos mais cobrados nas provas do TRF 2ª Região. Cuida-se de tema renitente, inclusive, na 2ª fase. Por esse motivo, foi escolhido para representar a disciplina de Direito Constitucional nesta primeira rodada. Vamos abordar as técnicas de interpretação constitucional. A alternativa A está correta. A declaração de inconstitucionalidade sem pronuncia de nulidade com apelo ao legislador encontra suas raízes na jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. Nessa técnica de interpretação, o Tribunal rejeita a arguição de inconstitucionalidade, anunciando, todavia, uma possível conversão dessa situação ainda constitucional ("noch verfassungsgemass") num estado de inconstitucionalidade. Essa técnica de interpretação constitucional pode ser admitida desde que a norma em exame não seja integralmente inconstitucional, isto é, inconstitucional em todas as hipóteses interpretativas que admitir. A declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade contém um juízo de desvalor em relação à norma questionada, obrigando o legislador a empreender a medida requerida para a supressão do estado de inconstitucionalidade, bastando para tanto apenas alguma alteração fática. Na ADI2240, temos um exemplo - temos o caso de criação de municípios, em que a Declaração de Inconstitucionalidade pura e simplesmente seria mais danosa. Assim, busca-se não declarar a inconstitucionalidade da norma sem antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter do legislador uma atividade subsequente que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior. Incumbe-se ao legislador a difícil tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a própria Constituição. A alternativa B está correta. A declaração de inconstitucionalidade restrita ou norma ainda constitucional ou inconstitucionalidade progressiva é um modelo de decisão adequado ao enfrentamento de uma questão de inconstitucionalidade de uma norma que está evoluindo da constitucionalidade para inconstitucionalidade. Portanto, esta técnica está intimamente ligada à mutação constitucional, está densamente ligada à interpretação evolutiva. Exemplo: digamos que uma lei apreciada num determinado momento seja considerada constitucional. O que ocorre quando o momento é um momento intermediário em que o STF é acionado no curso de uma inconstitucionalidade? Identifica que ainda não se está aqui. A lei ainda é constitucional, mas se encaminha para a inconstitucionalidade. O STF pode considerar 16 que a lei ainda é constitucional e mandar um apelo ao legislador. A lei se encaminha para a inconstitucionalidade, solicito providências. Aqui não se pronuncia a inconstitucionalidade. A lei é declarada constitucional, mas está em vias de se tornar inconstitucional. O exemplo maior que se tem em relação a isto não ocorreu propriamente no controle de constitucionalidade concentrado, mas sim numa variação de recepção da norma do CPP que dá legitimidade ao MP para a propositura da ação civil ex delicto. Essa é uma norma de 1940, de uma época em que não havia defensoria pública. E o legislador preocupado com as dificuldades que uma vitima de um crime poderia ter para executar no Cível uma sentença condenatória deu legitimidade ao MP para representá-lo. Ocorre que com a CR/88, ele passa a prever que é uma atribuição da defensoria pública para a defesa dos hipossuficientes e não do MP, uma norma superior a norma do CPP. Só que a norma do CPP é anterior a CR/88, então não é caso do Brasil de declaração de inconstitucionalidade, mas se a norma estava recepcionada ou não. Quando houve a provocação do STF a respeito da recepção da norma do CPP que previa a legitimação do MP para propor ação civil ex delicto de um hipossuficiente, o STF teve um cuidado de verificar, e até hoje nem todos os Estados da Federação está bem instalada. E o STF declarou que até que as defensorias públicas sejam devidamente instaladas a norma deve ser declarada constitucional. Então, fica claro na fundamentação de forma expressa que nos Estados da Federação que exista defensoria pública instalada esta atribuição deve ser da defensoria pública. Então, no caso do RJ, a legitimação para propor ação civil ex delicto pelo MP não é legítima, mas no Estado em que não exista defensoria pública instalada, o MP pode representar o hipossuficiente. A alternativa C está correta. A declaração de inconstitucionalidade com pronúncia parcial de nulidade ocorre quando houver uma declaração de nulidade parcial sem alterar o texto. Uma pessoa desavisada que fizer uma leitura da lei não vai identificar a declaração da inconstitucionalidade, ela tem que conhecer o julgamento. Quando se faz isto? Nós temos a CR, a lei X, o fato A e o fato B. Considere que a lei X seja constitucional se aplicada ao fato A e seja inconstitucional se aplicada ao fato B. Quando o STF se depara com um caso como este, a lei X é inconstitucional para o destinatário B, para o fato B, mas é constitucional para o fato A. Se o STF declarar simplesmente a inconstitucionalidade da norma, esta não seria uma boa decisão, pois o fato A restaria normativamente desamparado. Ele estaria trazendo um efeito indesejado. A norma é boa para o destinatário A. É adequada para o destinatário A. Ela é inconstitucional se aplicada ao destinatário B. Então, a inconstitucionalidade não está na norma, mas sim na aplicação da norma. A norma, portanto, tem que permanecer hígida. E a decisão é que deve fazer o pronunciamento de que desde que aplicada ao fato B, ou desde que aplicada ao destinatário B, a norma é inconstitucional. O pedido 17 deve ser julgado parcialmente procedente. Se o STF silenciar, o efeito da declaração de inconstitucionalidade é ex tunc. Exemplo: EMENTA Ação Direta de Inconstitucionalidade. AMB. Lei nº 14.506, de 16 de novembro de 2009, do Estado do Ceará. Fixação de limites de despesa com a folha de pagamento dos servidores estaduais do Poder Executivo, do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público estadual. Conhecimento parcial. Inconstitucionalidade. 1. Singularidades do caso afastam, excepcionalmente, a aplicação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a prejudicialidade da ação, visto que houve impugnação em tempo adequado e a sua inclusão em pauta antes do exaurimento da eficácia da lei temporária impugnada, existindo a possibilidade de haver efeitos em curso (art. 7º da Lei 14.506/2009). 2. Conquanto a AMB tenha impugnado a integralidade da lei estadual, o diploma limita a execução orçamentária não apenas em relação aos órgãos do Poder Judiciário, mas também em relação aos Poderes Executivo e Legislativo e do Ministério Público, os quais são alheios à sua atividade de representação. Todos os fundamentos apresentados pela requerente para demonstrar a suposta inconstitucionalidade restringem-se ao Poder Judiciário, não alcançando os demais destinatários. Conhecimento parcial da ação. 3. Conforme recente entendimento firmado por esta Corte, “[a] lei não precisa de densidade normativa para se expor ao controle abstrato de constitucionalidade, devido a que se trata de ato de aplicação primária da Constituição. Para esse tipo de controle, exige-se densidade normativa apenas para o ato de natureza infralegal” (ADI 4.049/DF-MC, Relator o Ministro Ayres Britto, DJ de 8/5/09). Outros precedentes: ADI 4.048/DF-MC, Relator Ministro Gilmar Mendes, DJ de 22/8/08; ADI 3.949/DF-MC, Relator Ministro Gilmar Mendes, DJ de 7/8/09). Preliminar de não conhecimento rejeitada. 4. Apenas o art. 2º da lei impugnada coincide com o disposto na lei de diretrizes orçamentárias. Essa semelhança, contudo, não impede, por si só, o conhecimento da ação, uma vez que a Lei de Diretrizes Orçamentárias, em tese, não conteria os mesmos vícios apontados pela AMB, pois contou com a participação do Poder Judiciário na sua elaboração. 5. A expressão “não poderá exceder”, presente no artigo 169 da Constituição da República, conjugada com o caráter nacional da lei complementar ali mencionada, assentam a noção de marco negativo imposto a todos os membros da Federação, no sentido de que os parâmetros de controle de gastos ali estabelecidos não podem ser ultrapassados, sob pena de se atentar contra o intuito de preservação do equilíbrio orçamentário (receita/despesa) consagrado na norma. 6. O diploma normativo versa sobre execução orçamentária, impondo limites especialmente às despesas não previstas na folha normal de pessoal. Tais limites, conquanto não estejam disciplinados na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual, buscam controlar a 18 forma de gestão dos recursos orçamentários já aprovados. A participação necessária do Poder Judiciário na construção do pertinente diploma orçamentário diretivo, em conjugação com os outros Poderes instituídos, é reflexo do status constitucional da autonomia e da independência que lhe são atribuídas no artigo 2º do Diploma Maior. Esse é o entendimento que decorre diretamente do conteúdo do art. 99, § 1º, da Constituição da República. 7. A autonomia financeira não se exaure na simples elaboração da proposta orçamentária, sendo consagrada, inclusive, na execução concreta do orçamento e na utilização das dotações postas em favor do Poder Judiciário. O diploma impugnado, ao restringir a execução orçamentária do Judiciário local, é formalmente inconstitucional, em razão da ausência de participação desse na elaboração do diploma legislativo. 8. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para declarar, com efeitos ex tunc, a inconstitucionalidade da expressão “e Judiciário” contida nos arts. 1º e 6º da lei impugnada e para declarar a inconstitucionalidade parcial sem redução de texto dos demais dispositivos da Lei nº 14.506/09 do Estado do Ceará, afastando do seu âmbito de incidência o Poder Judiciário. (ADI 4426, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-093 DIVULG 17-05-2011 PUBLIC 18-052011) . A alternativa D está INCORRETA e é o gabarito da questão. A assertiva em destaque trata do conceito de “sentenças normativas”. Deveras, o conceito sentenças intermediárias de constitucionalidade é diverso, visto que, ocorrem naqueles casos em que o Tribunal corrige a atuação legislativa e relativiza a declaração de inconstitucionalidade ou constitucionalidade das leis, para atender a fins, valores ou normas que podem ou não já terem sido estabelecidos pelo Poder Constituinte ou pelo legislador. Sua tipologia compreende, entre outras, a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, e de interpretação conforme a Constituição, já vistas nesse fantástico resumo. José Adércio Leite Sampaio observa que as sentenças intermediárias subdividem-se em sentenças normativas e sentenças transitivas ou transacionais. A alternativa E está correta. O criptoconsequencialismo é quando a Corte Suprema escamoteia suas ponderações “consequenciais” sob a retórica formal do Direito, não obstante ser nítido que há fundamentos subjacentes às decisões. Isso ocorre em face das críticas ao consequencialismo, tais como: Necessidade de manter a autonomia do direito frente à política (argumento essencialmente positivista); Evitar abusos solipsistas com argumentos altamente subjetivos; O argumento consequencialista muitas vezes assume um caráter utilitarista, que pode levar à flexibilização da garantia 19 dos direitos fundamentais e da dignidade humana em favor da realização de metas coletivas. Gabarito alternativa “D” 2. Segundo entendimento da TNU assinale a alternativa INCORRETA: a) O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social. b) Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. c) A atividade de tratorista não pode ser equiparada à de motorista de caminhão para fins de reconhecimento de atividade especial por não ser hipótese de enquadramento por categoria profissional. d) Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente. e) O décimo terceiro salário não integra o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício. Comentários Edital 9\2016. Ponto 1. Seguridade Social. Saúde, Previdência e Assistência. Distinções. Os enunciados de súmula da Turma Nacional de Uniformização estão sempre presentes nas provas dos TRFs, isso pode ser observado da análise, dentre outros, das provas do XIV e XV concursos para ingresso na carreira de juiz federal substituto da 2ª Região. A alternativa A está correta. Cuida-se do enunciado de súmula da TNU de n.º 73: Súmua 73 O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de 20 carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social. A alternativa B está correta. Cuida-se do enunciado de súmula da TNU de n.º 78: Súmula 78 Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. A alternativa C está INCORRETA e é o gabarito. Porquanto, em desacordo com o enunciado de súmula n.º70, da TNU – Posto que, A atividade de tratorista pode ser equiparada à de motorista de caminhão para fins de reconhecimento de atividade especial mediante enquadramento por categoria profissional. Súmula 70 A atividade de tratorista pode ser equiparada à de motorista de caminhão para fins de reconhecimento de atividade especial mediante enquadramento por categoria profissional. A alternativa D está correta. A assertiva reproduz o enunciado de súmula n.º 80, da TNU: Súmula 80 Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente. A alternativa E está correta. Trata-se do enunciado de súmula n.º 83, da TNU, editado este ano: Sumula 83 A partir da entrada em vigor da Lei n. 8.870/94, o décimo terceiro salário não integra o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício. Gabarito alternativa “C” 3. No microssistema de lavagem de ativos temos não apenas a CRFB, mas também os tratados que desempenham papel fundamental na harmonização de leis(na criminalização de condutas, recuperação de ativos, técnicas especiais de investigação, ampliação da jurisdição e cooperação internacional) no combate a lavagem de capitais. Assim, assinale a alternativa INCORRETA: 21 a) A Convenção de Palermo é um dos marcos normativos no combate à lavagem de capitais. b) Na Convenção de Mérida há mandado de criminalização da conduta de lavagem de capitais. c) Para a Corte Europeia de Direitos Humanos o advogado tem o dever de compliance, podendo responder pela conduta de lavagem de ativos, quando do recebimento de valores a titulo de honorários advocatícios, quando consultor. d) Na Convenção de Caracas - Convenção Interamericana de Combate a Corrupção – não há mandado de criminalização da conduta de lavagem de capitais. e) A Convenção de Viena de Contra o Tráfico de Drogas de 1988, foi a primeira convenção a tratar de lavagem de ativos. Comentários Edital 9\2016. Ponto 11. Tratados e Convenções em matéria criminal. A Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional. A lavagem de capitais é o ato, ou conjunto de atos, praticados por determinado agente com o objetivo de conferir aparência lícita a bens, direitos ou valores provenientes de uma infração penal. Em síntese, o objetivo é afastar o máximo possível o produto da infração, de modo que seja possível ao criminoso usufruir do patrimônio sem risco de ser incriminado. Pode se dar pelos mais diversos meios, operações financeiras, agronegócio, construtoras, igrejas, superfaturamento de licitações, importação e exportação de bens, loterias e bingos. A doutrina especializada aponta 3 gerações de leis sobre lavagem: 1ª geração (ligada à vigência da Convenção de Viena sobre o Tráfico, onde os estados, cumprindo seu dever de legislar em âmbito interno, fizeram leis cujo único crime antecedente era o tráfico; 2ª geração (aos poucos os países foram percebendo que a lavagem era instrumento para branqueamento do produto oriundo dos mais diversos crimes, aumentando o rol de crimes antecedentes. A redação originária da Lei 9.613/98 surgiu já nesta segunda geração); 3ª geração (rol aberto de crimes antecedentes, quando muito condicionado a gravidade abstrata do crime ou outros fatores objetivos, as recentes alterações na lei de lavagem, promovidas pela Lei 12.683/12 levaram nossa legislação para esta geração). Dentre as principais alterações promovidas pela Lei 12.683/12 podemos mencionar: a) supressão do rol taxativo de crimes antecedentes, que agora poderá ser qualquer infração penal (leia-se crimes e contravenções penais); b) fortalecimento do do controle administrativo sobre setores sensíveis à lavagem de capitais (vide compliance 22 e accountability); e c) ampliação do rol de medidas cautelares patrimoniais incidentes sobre a lavagem de capitais e infrações antecedentes, além da regulamentação expressa da alienação antecipada, com o objetivo de assegurar a preservação do valor dos bens constritos. O tipo penal de “lavagem de dinheiro” não exige que se completem as três fases que, segundo a doutrina internacional, seriam o modelo ideal do crime. Trata-se de tipo misto alternativo, valorizando a finalidade do agente. O estudo destas fases, no entanto, é condição para a adequada investigação e compreensão deste crime. Cada uma destas fases representa a própria consumação da lavagem de dinheiro, visão que é adotada pelo STF, que em determinado caso concreto entendeu que: ““o depósito de cheques de terceiro recebidos pelo agente, como produto de concussão, em contas-correntes de pessoas jurídicas, às quais contava ele ter acesso, basta a caracterizar a figura da ‘lavagem de capitais’ mediante ocultação da origem, da localização e da propriedade dos valores respectivos, porquanto o tipo não reclama nem êxito definitivo da ocultação, visado pelo agente, nem vulto e a complexidade dos exemplos de requintada ‘engenharia financeira’ transnacional, com os quais se ocupa a doutrina” (STF. 1ª Turma. RHC 80.816/SP. Rel. Min. Sepúlveda Pertence. DJ. 18/06/01). Fases da Lavagem de Capitais: 1ª fase PLACEMENT: é a introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro, com o intuito de iniciar o processo de distanciação do produto e do crime. Exemplos: smurfing (ligado aos pequenos smurfs mesmo), quebrar grandes valores em pequenas quantias para que a reinserção não seja captada como suspeita pelos órgãos do SFN; utilização de estabelecimentos que trabalham com dinheiro em espécie; envio ao exterior por mulas; utilização de falsa contabilidade em empresa de fachada (ex. cinema pornô); 2ª fase DISSIMULAÇÃO (mascaramento ou layering): nesta fase são realizados diversos negócios ou motivmentações financeiras tentando apagar os traços dos valores ilícitos (erasing paper trail). Seriam exemplos a pulverização através de variadas e sucessivas operações e transações financeiras, inclusive internacionais. 3ª fase INTEGRAÇÃO (integration): suficientemente borrada a origem ilícita dos valores, possível aos criminosos pensar na reinserção dos valores no mercado, agora como “lícitos” permitindo a sua fruição. Seriam os investimentos do dinheiro já distanciado do crime no mercado, como por exemplo: compra de imóveis, compra de títulos mobiliários, compra de obras de arte e bens móveis caros; investimento em atividades lícitas e etc. 23 A doutrina elenca três níveis de complexidade da lavagem, quais sejam: a) lavagem elemntar; b) lavagem elaborada; e c) lavagem sofisticada. Segundo entendimento majoritário, o bem jurídico protegido no crime de lavagem é a “ordem econômicofinanceira, uma vez que a prática do crime turba o funcionamento da economia formal; desestabiliza a economia; permite a concentração econômica irregular; facilita o abuso do poder econômico; pode resultar na quebra em massa de empresas lícitas e etc. Adotando-se a corrente majoritária de que o bem jurídico é a ordem econômicofinanceira instaura-se polêmica, seria possível aplicar o princípio da insignificânica? Não existe consenso. A relevância prática da discussão decorre do fato de que a Lei de Crimes de Lavagem não prevê a gravidade do crime antecedente, tampouco um valor que seria considerado mínimo, causando o risco de uma enormidade de fatos concretos poderer ser considerada lavagem de dinheiro, afrontando-se, inclusive, o princípio da proporcionalidade. A norma do art. 2° da Lei traz a autonomia do crime de lavagem de dinheiro (há concurso material entre o crime antecedente, ante a expressa previsão legal). Esta norma, no entanto, deve ser interpretada à luz do fato de que a existência da uma “infração penal” antecedente é elementar típica do próprio crime de lavagem (trata-se de crime acessório/derivado/parasitário). Tendo estes fatores em mente, podemos afirmar: a) esta autonomia é relativa; b) embora não seja necessário o processo e julgamento da infração penal antecedente em processo autônomo, deverá o órgão julgador analisar a sua existência como questão prejudicial homogênea; c) em outras palavras, deve o órgão julgador, aplicando a teoria da acessoridade limitada, encontrar um fato típico e antijurídico antecedente, mesmo que não se achem seus autores ou partícipes ou que estes sejam isentos de pena ou extinta a punibilidade; d) por fim, não é necessário que o autor da lavagem tenha agido em concurso de agentes nas infrações antecedentes, inclusive pois há uma tendência, decorrente da divisão de trabalho em uma sociedade complexa, de se terceirizar a atividade de lavagem de capitais, sendo comum que o sujeito da lavagem não tenha concorrido para a prática da infração penal antecedente. A tentativa, como crime antecedente, também permite a punição por lavagem, desde que desta tentativa tenha sido produzido algum produto. Exemplificando, se um A recebe um milhão de reais para matar Y, mas não consegue completar a tarefa, porque a vítima estava de colete, a lavagem posterior deste um milhão se enquadra no art. 1° da Lei de Lavagem. Sujeitos: o crime é comum, algumas questões podem levantar certa divergência: a) Autolavagem (selflaundering) é uma destas questões, a própria 24 Convenção de Palermo permite que deixe de se aplicar a autolavagem quando isto implicar ofensa aos princípios fundamentais do direito interno do Estado parte. Não é, salvo melhor juízo, a corrente que deve prevalecer no Brasil. A lavagem protege bem jurídico distinto, constituindo infração autônoma, contra sujeito passivo distinto, através de conduta que NÃO pode ser considerada como sequência natural e necessária da infração penal antecedente. Assim, inviável a aplicação do princípio da consunção, tampouco sustentar que lavagem seria mero exaurimento do crime antecedente. Por óbvio, no entanto, que deve ter cuidado o interprete, frente ao caso concreto para detectar efetivo caso de ocultação e dissimulação que tenha por fim específico a lavagem. Em outras palavras, a mera fruição do produto do crime pelo criminoso não representa delito de lavagem de dinheiro, como seria o caso do sujeito ativo do crime de extorsão que compra uma casa em seu próprio nome diretamente com o “prêmio” do crime, sem se utilizar de qualquer ocultação ou dissimulação entre os atos. b) Participação por omissão, seria a conivência no âmbito penal, há divergência se é possível o crime comissivo por omissão, ou se estar-se-ia diante de uma infração administrativa; c) Advogados e Profissionais liberais podem ser coautores ou partícipes, por exemplo operação Monte Éden (prevalece, no entanto, que o dever amplo de comunicação ao COAF não se aplica aos advogados, que se submetem a regramento próprio na OAB, sob pena de se fragilizar o sigilo profissional).Não há consenso sobre a natureza em relação ao tempo, se crime instantâneo de efeitos permanetes ou permanente. Interessante ideia é a de Renato Brasileiro, no sentido de se aplicar o entendimento já dado ao crime de estelionato previdenciário, ou seja: a) quando a lavagem for realizada por terceiro, em ato único, seria crime instantâneo de efeitos permanentes para este, contando a prescrição deste único ato; b) contudo, sendo a lavagem realizada pelo próprio sujeito, ou por pessoa que mantenha domínio fático sobre a situação continuamente, considerar-se-ia crime permanente. Dentro do cenário do dolo eventual entra a teoria da cegueira deliberada (instruções da avestruz, willful blindness, conscious avoidance doctrine), criada ante o fato de ser extremamente comum que o terceiro responsável pela lavagem de capitais provoque, deliberadamente, evitar a consciência quanto à origem ilíicta dos valores por ele mascarados. Por força desta teoria, aquele que renuncia a adquirir um conhecimento hábil a subsidiar a imputação dolosa de um crime responde por ele como se tivesse tal conhecimento. Segundo Sérgio Moro: “a willful blindness docrtine tem sido aceita pelas cortes estadunidenteses quando há prova de: a) que o agente tinha conhecimento da 25 elevada possibilidade de que os bens, direitos ou valores envolvidos eram provenientes de crime; e b) que o agente agiu de modo indiferente a esse conhecimento”. Após esses pequenos apontamentos: A alternativa A está correta. A Convenção de Palermo é um dos marcos normativos da lavagem de capitais - em seu texto há obrigação de criminalização da lavagem de ativos. A Convenção de Palermo de 2000, que trata do crime organizado transnacional, artigos 6º e 7º, tratam da figura de lavagem de ativos, e nos artigos 16 a 22, a cooperação internacional. A alternativa B está correta. Na Convenção de Mérida(contra corrupção – de 2003) há mandado de criminalização da conduta de lavagem de capitais. Ela trata da conduta de lavagem de ativos no artigo 23 e da cooperação internacional nos artigos 43 a 47. A alternativa C está correta. Para a CEDH o advogado tem o dever de compliance, quando consultor - ainda não regualmentado no Brasil – Foi o que decidiu aquela Corte no caso Michaud vs França. Estamos diante da figura do sujeito ativo no crime de lavagem de capitais. No que tange ao advogado como sujeito ativo( para parte da doutrina tem o dever de compliance, ou seja, de conhecer o cliente e também de comunicar operações suspeitas). É uma ampliação dos GateKeepers ou Torres de Vigia, e gera um perigo das orientações nas áreas tributárias e empresariais: para sonegar e constituição de empresas para “maquiar” o bens e valores. A Doutrina, segundo Rodrigo de Grandis, faz uma distinção entre advogados de representação contenciosa(ou seja, que atua na defesa de um cliente na esfera judicial)e aquele em que é consultado para orientação em processo judicial ou inquérito policial de lavagem de capitais, este, não está obrigado a comunicar operações suspeitas, inclusive em razão do sigilo profissional do art.133, da CR e, do direito ao silêncio do acusado(violando indiretamente o direito ao silencio do acusado). Os Advogados de Operações, ou seja, de consultorias jurídicas não processuais, estão obrigados a trabalhar com a política do Know Your Customer, ou seja, controlar os seus clientes, para evitar a lavagem de capitais, HC50933 STJ. A OAB(consulta n.: 490000.2012006678-6, entendeu que, ela não se aplica a advogados e sociedade de advogados) e o COAF(unidade de inteligência financeira brasileira, que tem atribuição de receber dados de operações suspeitas e filtra-los para remessa aos órgãos da persecução, bem como de sancionar administrativamente aquelas pessoas obrigadas a comunicar e que faltem como o dever - resolução n.:º 24\2013 diz que os advogados 26 estão excluídos a comunicar informações do seu cliente, cabendo a OAB regulamentar). Contudo, se o advogado receber dinheiro ilícito a título de honorários, não impede o sequestro da quantia. A alternativa D está INCORRETA e é o gabarito. Tendo em vista que, a Convenção de Caracas - Convenção Interamericana de Combate à Corrupção posui expressamente mandado de criminalização. A alternativa E está correta. A Convenção de Viena Contra o Tráfico de Drogas de 1988, foi a primeira convenção a tratar de lavagem de ativos, conforme o art.3º; com tratamento para cooperação internacional prevista dos artigos 6º ao 11, era uma lei de 1ª geração, em que só havia lavagem de dinheiro se a infração penal antecedente fosse o narcotráfico. Gabarito alternativa “D” 4. Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente, EXCETO: a) Decretação de prisão ou de medidas assecuratórias. b) Progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena. c) Na hipótese de exceções competência, por se tratar de rol taxativo o artigo 1º, da Lei 12.694\2012 e esta espécie de decisão não constar do rol. d) Transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima. e) A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. Comentários Edital 9\2016. Ponto 9. Ação Penal. Processo: finalidade, pressupostos e sistemas. Procedimento Comum Ordinário. Procedimento Comum Sumário. Procedimentos Especiais: do Tribunal do Júri, nos crimes de abuso de autoridade, nos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, nos crimes contra a honra e nos crimes contra a propriedade imaterial. A restauração de autos extraviados ou destruídos. Normas especiais previstas na Lei que dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de crimes praticados por organizações criminosas. 27 Normas especiais previstas na Lei que dispõe sobre a repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas. Disposições especiais e medidas assecuratórias previstas na Lei que dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores. Disposições especiais previstas na Lei que dispõe sobre os crimes ambientais. Disposições especiais previstas na Lei que dispõe sobre as licitações e os contratos administrativos. Disposições especiais previstas na Lei que dispõe sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional. Normas especiais previstas na Lei que define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil. A criação do juízo colegiado foi motivada pelo homicídio de 04 juízes que atuavam no julgamento de processos de crimes praticados por organizações criminosas. A corroborar essa tese, o II Pacto Republicano de Estado, assinado em 2009, a estabelecer como diretriz a criação de colegiado para julgamento em 1º grau de crimes perpetrados por organizações criminosas, para trazer garantias adicionais aos magistrados, em razão da periculosidade das organizações e de seus membros. O Min. Celso de Mello, a reforçar essa assertiva, invocou o § 3º do art. 24 da CF, ao ponderar sobre as peculiaridades do estado-membro Alagoas (Lei Estadual 6806/07). O Min. Cezar Peluso certificou que as normas não tratariam de procedimento, mas de estruturação de órgão judiciário, matéria de iniciativa reservada aos tribunais de justiça. Vencido o Min. Marco Aurélio, que julgava inconstitucional o dispositivo. Deduzia que a organização da justiça, pelos estados-membros, seria limitada pelo art. 125 da CF. Discorria que a única situação jurídica constitucional a viabilizar órgão colegiado em 1ª instância seria a da justiça militar, conforme o § 3º da aludida norma. Afirmava que a matéria em questão não disciplinaria procedimento, mas organizaria o Poder Judiciário. ADI 4414/AL, rel. Min. Luiz Fux, 30 e 31.5.2012. (ADI-4414). Sobre esse tema é importante saber que o juiz sem rosto ou (juiz secreto) é uma hipótese em que não se tem conhecimento algum sobre o magistrado. A ideia do juiz sem rosto é retrógada, inconstitucional e ultrapassada. O 2º Pacto Republicano (invocado no seu artigo) não fala em juiz sem rosto, sim, na “criação de colegiado para julgamento em primeiro grau nos casos de crimes de organizações criminosas, visando a trazer garantias adicionais aos magistrados, em razão da periculosidade das organizações e de seus membros”. Juízo colegiado, como se vê, não se confunde com juiz sem rosto. A mesma coisa deve ser dita em relação à Resolução nº 3 do CNJ, que estimula a criação do juízo colegiado (não do juiz sem rosto). O Juiz Sem Rosto surgiu no Peru e Colômbia, na década de 90, se trata de juiz que se caracteriza pelo fato de não ter seu nome revelado, um caso foi julgado pela CIDH, qual seja, Caso Cantoral Benavides Vs. Perú. 28 Os requisitos para a formação do juízo colegiado são: - Crimes praticados por organizações criminosas; - Decisão fundamentada Após essas breves considerações, sobre as assertivas: A alternativa A está correta. Trata do inciso I, do artigo 1º, da Lei 12.694\2012: o Art. 1 Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias. A alternativa B está correta. Hipótese prevista no inciso IV, do artigo 1º, da Lei 12.694\2012: o Art. 1 Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena. A alternativa C está INCORRETA, portanto, é o gabarito da questão. O juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, o rol do artigo 1º é exemplificativo. Devendo, apenas, para tanto, indicar os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correicional. A alternativa D está correta. Conforme o inciso VI, do artigo 1º, da Lei 12.694\2012: o Art. 1 Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima A alternativa E está correta. Nos termos do inciso VII, do artigo 1º, da Lei 12.694\2012: o Art. 1 Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. Gabarito alternativa “C” 29 5. Sobre a Lei 12.529\11, marque a alternativa INCORRETA: a) A primeira legislação brasileira que envolveu aspectos do direito concorrencial foi o Decreto-lei 869/1938, que tipificava certas práticas comerciais como crimes de concorrência. Entre estas práticas, estavam acordos que visassem ao aumento arbitrário dos lucros e práticas comerciais abusivas, que impedissem a competição. b) Não adotamos o modelo do dinamismo econômico da escola de Harvard, nem o modelo da tutela da concorrência da escola de Chicago. O modelo utilizado no Brasil, é o modelo da tutela instrumental da concorrência, significa que o Estado tutela à concorrência na medida em que preserva o sistema capitalista, mas quando não for necessário não haverá intervenção. c) O fundamento da antitruste brasileira é o §4º, do artigo 173, da CRFB, § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. d) O CADE pode fiscalizar qualquer setor da economia, o que ele não pode, é esvaziar o conteúdo de atribuição de uma agencia a partir de sua percepção de um ato que está autorizado por uma agencia. e) A negociação a respeito da proposta do acordo de leniência deverá ser concluída no prazo total de 12 (doze) meses, contados da data da apresentação da proposta. Comentários Edital 9\2016. Ponto 6. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência: finalidades e estrutura. Lei Antitruste. Disciplina jurídica da concorrência empresarial. Princípios. Infrações contra a ordem econômica. Concorrência ilícita e desleal. Repressão do poder econômico pelo Estado. Abuso do poder econômico. Práticas desleais de comércio: dumping. Disciplina das medidas de salvaguarda. A alternativa A está correta. A primeira legislação brasileira que envolveu aspectos do direito concorrencial foi o Decreto-lei 869/1938, que tipificava certas práticas comerciais como crimes de concorrência. Entre estas práticas, estavam acordos que visassem ao aumento arbitrário dos lucros e práticas comerciais abusivas, que impedissem a competição. Em seguida surgiu o primeiro texto normativo que tratou da questão concorrencial sistematicamente, a chamada Lei Malaia, o Decreto-lei 7.666/45, que instituiu a Comissão Administrativa de Defesa Econômica, a CADE, mas foi revogado no mesmo ano por uma nova lei antitruste, a 4.137/62, que criou o 30 Conselho Administrativo de Defesa Econômica, também CADE. Esta lei vigorou até a promulgação da Lei 8.884/94, atualmente revogada pela lei 12529\11. A alternativa B está correta. Para Paula Forgionni não adotamos o modelo do dinamismo econômico da escola de Harvard, nem o modelo da tutela da concorrência da escola de Chicago. Ela afirma que, o modelo utilizado no Brasil, é o modelo da TUTELA INSTRUMENTAL DA CONCORRENCIA, significa que eu tutelo a concorrência na medida em que eu preservo o sistema capitalista, mas quando não for necessário não haverá intervenção, deixa o mercado funcionar. A matriz é flexível, não há rigidez no controle da concorrência, vai depender do caso concreto(ora intervém, ora autoria). Afirma Paula Forggioni que a legislação antitruste configura uma legislação de intervenção do estado no processo econômico, a qual, se faz adequada a uma visão instrumental da concorrência. Isto é, tutela-se a concorrência sempre que esta tutela representar um benefício para o sistema econômico capitalista. Daí porque, é possível que o CADE autorize a pratica de determinados atos restritivos da concorrência. A grande modificação da lei 12529, fora a mudança do controle prévio do ato de concentração. A alternativa C está correta. Segundo a doutrina, o fundamento da antitruste brasileira é o §4º, do artigo 173, da CRFB, § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência² e ao aumento arbitrário dos lucros. O que é reprimido não é a concorrência, mas os abusos, elencando as formas. Esse rol de condutas previstas no §4º, do artigo 173, da CRFB, é exemplificativo(podem haver outras formas de abuso econômico) e a responsabilidade é objetiva, independe de dolo. A alternativa D está correta. O CADE pode fiscalizar qualquer setor da econômica, o que ele não pode, é esvaziar o conteúdo de atribuição de uma agencia a partir de sua percepção de um ato que está autorizado por uma agencia. O CADE é agencia reguladora da funcionalidade do mercado e suas atribuições não se confundem com atribuições de outras agencias reguladoras, e determinados setores específicos da economia ficam infensos a atuação do CADE, como exemplo, o sistema financeiro nacional, em razão de regras especiais, no caso a lei 4595\64. Para doutrina, o CADE é uma autarquia em regime especial, com características próprias de agencia reguladoras, e cujas atribuições não se confundem com as das demais agencias, sendo ate mesmo afastada sua atuação em matéria de concorrência em relação ao sistema financeiro e aos acordos coletivos de trabalho. É preciso ter em mente que, nem sempre uma conduta vedada caracterizará infração a ordem 31 econômica, por exemplo, a venda casada per si, ela só será infração se, atingir a restrição da concorrência, dominação de mercado ou aumento arbitrário de lucros. A alternativa E está INCORRETA e é o gabarito. Isso porque, nos termos do art. 204. A negociação a respeito da proposta do acordo de leniência deverá ser concluída no prazo total de 6 (seis) meses, contados da data da apresentação da proposta. §1º a critério da superintendência-geral, caso estejam presentes circunstâncias extraordinárias poderão ser concedidas extensões da validade da proposta que superem o prazo estabelecido no caput, mas o prazo total da negociação, contado da data apresentação da proposta, não poderá superar 1 (um) ano. §2º havendo outro proponente, a extensão da validade da proposta prevista no §1º não será de ordinário estendida, a não ser que circunstâncias do caso o recomendem, a critério da autoridade. Gabarito alternativa “E” 6. Assinale a opção INCORRETA quanto à abusividade, legalidade ou proporcionalidade das cláusulas contratuais, à luz do posicionamento dos Tribunais Superiores. a) A imposição de obrigação aos estabelecimentos que comercializem Gás Liquefeito de Petróleo – GLP a pesarem, à vista do consumidor, o botijão ou cilindro vendido, ainda que oriunda de lei estadual, ofende a proporcionalidade, além de incorrer em inconstitucionalidade por violar a competência privativa da União. b) Não é possível, segundo o STJ em recente precedente, impor ao consumidor sua prévia filiação à entidade aberta de previdência complementar como condição para contratar com ela empréstimo financeiro. c) Repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos, constitui cláusula abusiva expressa. d) A instituição de limites quantitativos no oferecimento de produtos ofende o Código de Defesa do Consumidor se exercida sem causa justificada. e) É legal a cobrança de tarifa de esgoto na hipótese em que a concessionária realize apenas uma – e não todas – das quatro etapas em que se desdobra o serviço de esgotamento sanitário (a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final de 32 dejetos. Comentários Edital 9\2016. Ponto 9. As principais Atividades Empresariais e sua Relação com o Regime Jurídico das Relações de Consumo: Os Serviços púbicos, a atividade bancária, a atividade securitária, a atividade imobiliária, a atividade do transportador aéreo, os consórcios. Direitos básicos do consumidor. Qualidade de produtos e serviços, prevenção e reparação de danos. Proteção à saúde e segurança. Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço: os acidentes de consumo. Responsabilidade por vício do produto e do serviço. Decadência e prescrição. Desconsideração da personalidade jurídica. Práticas comerciais. Oferta e efeito vinculante da oferta publicitária. Publicidade. Práticas abusivas. Cobrança de dívidas. Bancos de dados e cadastros de consumidores. Proteção contratual. Cláusulas abusivas. Contratos de adesão. Sanções administrativas. Defesa do consumidor em juízo. Interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos; legitimidade ativa para a propositura de ações coletivas. Ações coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos. Coisa julgada. Associações civis de defesa do consumidor. Convenção coletiva de consumo. A alternativa A está correta. A questão foi assim decidida na ADI 855, STF: “Em conclusão, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio - CNC contra a Lei 10.248/93, do Estado do Paraná, que obriga os estabelecimentos que comercializem Gás Liquefeito de Petróleo - GLP a pesarem, à vista do consumidor, cada botijão ou cilindro vendido — v. Informativo 207. Entendeu-se caracterizada a ofensa à competência privativa da União para legislar sobre energia (CF, art. 22, IV), bem como violação ao princípio da proporcionalidade.” A alternativa B está INCORRETA e é o gabarito da questão. O STJ, por ocasião do REsp 861.830-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/4/2016, DJe 13/4/2016, decidiu: “É possível impor ao consumidor sua prévia filiação à entidade aberta de previdência complementar como condição para contratar com ela empréstimo financeiro. O auxílio financeiro aos associados das entidades de previdência privada fechada é expressamente vedado pelo § 1º do art. 76 da LC n. 109/2001. Para as abertas, todavia, a realização de operações financeiras é admitida com seus 33 patrocinadores, participantes e assistidos, por força de previsão expressa do parágrafo único do art. 71 da referida lei. O STJ, ao interpretar os referidos artigos, pacificou a orientação de que apenas as entidades abertas de previdência privada poderiam realizar operações financeiras com seus filiados e assistidos, hipótese em que ficariam submetidas ao regime próprio das instituições financeiras (REsp 679.865-RS, Segunda Seção, DJ 4/12/2006). Ressalte-se, contudo, que as entidades abertas de previdência complementar não têm como finalidade institucional a operação como instituição bancária. Elas são estritamente disciplinadas e fiscalizadas, conforme legislação específica - a fim de atender, com segurança, à finalidade a que se destinam - a previdência complementar. Quanto à incidência do CDC, a Segunda Seção, no julgamento do REsp 1.536.786-MG (DJe 20/10/2015), definiu que o referido código, embora não seja aplicável às entidades fechadas, aplica-se às entidades abertas de previdência complementar. Após o julgamento desse recurso especial, foi cancelada a Súmula n. 321 do STJ e editada a de n. 563, ficando consolidado o entendimento de que o CDC se aplica às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. Nesse contexto, considerando que as entidades abertas de previdência privada podem conceder empréstimos apenas aos seus patrocinadores, filiados e assistidos, o plano de pecúlio antecedente ao empréstimo tem por finalidade concretizar a filiação do beneficiário aos quadros da entidade, sem a qual estaria impedida de conceder empréstimos, procedimento que, portanto, não tem relação alguma com a vedação à "venda casada" de que trata o art. 39, I, da Lei n. 8.078/1990. REsp 861.830-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/4/2016, DJe 13/4/2016.” Incorreta, pois, a questão. A alternativa C está correta. A questão representa a literalidade do art. 39, VII, CDC: “Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;” Importante que o candidato conheça que para alguns doutrinadores o texto representa a positivação da responsabilidade pós contratual no âmbito do cdc. A alternativa D está correta. Tal conclusão se extrai da análise do art. 39, I, CDC: “Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;” 34 A alternativa E está correta. A questão espelha o que preconizado pelo STJ no REsp 1339313-RJ: “É legal a cobrança de tarifa de esgoto na hipótese em que a concessionária realize apenas uma – e não todas – das quatro etapas em que se desdobra o serviço de esgotamento sanitário (a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final de dejetos). De fato, o art. 3º, I, “b”, da Lei 11.445/2007, ao especificar as atividades contempladas no conceito de serviço público de esgotamento sanitário, referiu-se à coleta, ao transporte, ao tratamento e à disposição final de dejetos. Devese ressaltar, contudo, que a legislação em vigor não estabelece que o serviço público de esgotamento sanitário somente existirá quando todas as etapas forem efetivadas, tampouco proíbe a cobrança da tarifa pela prestação de uma só ou de algumas dessas atividades. Além do mais, o art. 9º do Decreto 7.217/2010, que regulamenta a referida legislação, confirma a ideia de que o serviço de esgotamento sanitário é formado por um complexo de atividades, explicitando que qualquer uma delas é suficiente para, autonomamente, permitir a cobrança da respectiva tarifa: “Consideram-se serviços públicos de esgotamento sanitário os serviços constituídos por uma ou mais das seguintes atividades: I - coleta, inclusive ligação predial, dos esgotos sanitários; II transporte dos esgotos sanitários; III - tratamento dos esgotos sanitários; e IV disposição final dos esgotos sanitários e dos lodos originários da operação de unidades de tratamento coletivas ou individuais, inclusive fossas sépticas”. Além disso, a efetivação de alguma das etapas em que se desdobra o serviço de esgotamento sanitário representa dispêndio que deve ser devidamente ressarcido, pois, na prática, entender de forma diferente inviabilizaria a prestação do serviço pela concessionária, prejudicando toda a população que se beneficia com a coleta e escoamento dos dejetos, já que a finalidade da cobrança da tarifa é manter o equilíbrio financeiro do contrato, possibilitando a prestação contínua do serviço público.” Gabarito alternativa “B” Bloco II: Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Empresarial e Direito Financeiro e Tributário ; 7. Quanto aos bens, a classificação legal e doutrinária, assinale a opção CORRETA à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 35 a) O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil exaure a enumeração dos bens públicos, não se reputando como tal aquele pertencente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos; b) A pertinência subjetiva constitui requisito imprescindível para a configuração das universalidades de fato e de direito. c) Constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. d) O direito à sucessão aberta, ainda que composto apenas de bens móveis deixados pelo de cujus, é considerado bem imóvel para fins legais. e) Os direitos reais possivelmente incidentes sobre o automóvel ostentam natureza de bem imóvel. Comentários Edital 9\2016. Ponto 3. Bens. Classificações. Regime jurídico. Bem de família. Patrimônio. A alternativa A está incorreta. A questão está equivocada por destoar do Enunciado 287, IV jornada: Art. 98. O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem pertencente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos. A alternativa B está incorreta. Apesar de a questão ostentar carga eminentemente teórica, é importante que o candidato conheça que o teor Enunciado 288 da Jornada de Direito Civil que prevê "A pertinência subjetiva não constitui requisito imprescindível para a configuração das universalidades de fato e de direito.". Logo, incorreta a assertiva. A alternativa C está incorreta. A questão atribui o conceito de universalidade de direito quando, em verdade, se trata de universalidade de fato, conforme art. 90 do Código Civil (Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária). Assim, equivocada a questão. A alternativa D está CORRETA e é o gabarito da questão. A questão se amolda ao artigo 80, II do Código Civil "Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: II - o direito à sucessão aberta." 36 A alternativa E está incorreta. A assertiva erra por afrontar expressa redação do art. 83, II do Código Civil (Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes). Logo, os direitos reais correspondentes a objetos móveis tem característica de bem móvel. Gabarito alternativa “D” 8. Sobre o NCPC, o STJ, editou alguns enunciados administrativos. Assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema: a) Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC. b) Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 19 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. c) Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016), somente será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício estritamente formal. d) Nos feitos de competência civil originária e recursal do STJ, os atos processuais que vierem a ser praticados por julgadores, partes, Ministério Público, procuradores, serventuários e auxiliares da Justiça a partir de 18 de março de 2016, deverão observar os novos procedimentos trazidos pelo CPC/2015, sem prejuízo do disposto em legislação processual especial. e) Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Comentários Edital 9\2016. Ponto 16. O CPC e o direito intertemporal. 37 A alternativa A está correta. Trata-se da reprodução do enunciado administrativo n.º 7, do STJ: Enunciado administrativo n. 7 Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC. A alternativa B está INCORRETA, portanto, é o gabarito da questão. Visto que está em descompasso com o fixado no enunciado n.º 3: Enunciado administrativo n. 3 Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC A alternativa C está correta. Corresponde ao que foi firmado no enunciado n.º 6: Enunciado administrativo n. 6 Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016), somente será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício estritamente formal. A alternativa D está correta. De acordo com o enunciado n.º 4: Enunciado administrativo n. 4 Nos feitos de competência civil originária e recursal do STJ, os atos processuais que vierem a ser praticados por julgadores, partes, Ministério Público, procuradores, serventuários e auxiliares da Justiça a partir de 18 de março de 2016, deverão observar os novos procedimentos trazidos pelo CPC/2015, sem prejuízo do disposto em legislação processual especial. A alternativa E está correta. É o que diz o enunciado n.º 2: Enunciado administrativo n. 2 Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Gabarito alternativa “B” 38 9. No que pertine ao Direito Empresarial, marque a alternativa INCORRETA: a) Para que o juízo estadual negue a proteção conferida pelo registro da marca ou do desenho industrial, não é necessário que antes, a invalidade desse registro tenha sido reconhecida pelo juízo federal; b) O "Craw down" significa a possibilidade do juiz impor aos credores discordantes o plano apresentado pelo devedor e já aceito pela maioria. c) A Cláusula de Raio cuida-se de obrigação imposta ao locatário de um espaço comercial, de a não exercer atividade similar à praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um determinado raio de distância daquele imóvel; d) O Brasil adotou o Sistema Atributivo: somente com o registro da marca no INPI é que se garante o direito de propriedade e de uso exclusivo ao seu titular, salvo marca notoriamente conhecida; e) A marca evocativa é aquela que se utiliza, em sua composição, de uma palavra de uso comum que remete ao produto ou serviço. Comentários Edital 9\2016. Ponto 1. Direito Comercial: origem. Evolução histórica. Autonomia. Fontes. Características. Empresário: caracterização. Inscrição. Capacidade. Teoria da empresa e seus perfis. 11. Propriedade Industrial. Noções Gerais. Regime Jurídico. A disciplina da Lei nº 8.279/96. TRIPS. Invenção. Desenho Industrial. Modelo de Utilidade. Marca. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial. A alternativa A está INCORRETA e é o gabarito. Para que o juízo estadual negue a proteção conferida pelo registro da marca ou do desenho industrial, é necessário que, antes, a invalidade desse registro tenha sido reconhecida pelo juízo federal competente, em processo que conte com a participação do INPI. Segundo o art. 57 da Lei n. 9.279/96 (Lei de Propriedade Intelectual), a ação de nulidade de patente será ajuizada no foro da Justiça Federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito. Assim, para que o juízo estadual negue a proteção conferida pelo registro do desenho industrial, seria necessário que, antes, a invalidade desse registro tivesse sido reconhecida pelo juízo federal competente, em processo que contasse com a participação do INPI. Ainda que a LPI preveja, em seu art. 56, §1o, a possibilidade de alegação de nulidade do registro como matéria de defesa, a melhor interpretação de 39 tal dispositivo aponta no sentido de que ele deve estar inserido numa ação que discuta, na Justiça Federal, a nulidade do registro. Não faria sentido exigir que, para o reconhecimento da nulidade pela via principal, seja prevista uma regra especial de competência e a indispensável participação do INPI, mas para o mero reconhecimento incidental da invalidade do registro não se exija cautela alguma. (REsp 1.132.449-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/3/2012). A alternativa B está correta. O "Craw down" significa a possibilidade do juiz impor aos credores discordantes o plano apresentado pelo devedor e já aceito pela maioria. Um exemplo é a possibilidade de o juiz conceder recuperação judicial mesmo se os credores rejeitarem o plano, nos termos do § 1º do art. 58: Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 da 11.101\2005 ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma do art. 45. A alternativa C está correta. A cláusula de raio surgiu nos EUA e se popularizou com a expansão dos shopping centers. Segundo esta cláusula "o locatário de um espaço comercial se obriga, perante o locador, a não exercer atividade similar à praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um determinado raio de distância daquele imóvel" (Min. Marco Buzzi). Em tese, não é abusiva a previsão, em normas gerais de empreendimento de shopping center ("estatuto"), da denominada "cláusula de raio", segundo a qual o locatário de um espaço comercial se obriga - perante o locador - a não exercer atividade similar à praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um determinado raio de distância contado a partir de certo ponto do terreno do shopping center. Neste sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.535.727-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 10/5/2016 (Info 585). A "cláusula de raio" não prejudica os consumidores. O simples fato de o consumidor não encontrar em todos os shoppings centers que frequenta determinadas lojas não implica efetivo prejuízo a ele, pois a instalação dos lojistas em tais ou quais empreendimentos depende, categoricamente, de inúmeros fatores. De fato, a lógica por detrás do empreendimento se sobrepõe à pretensão comum do cidadão de objetivar encontrar, no mesmo espaço, todas as facilidades e variedades pelo menor preço e distância. A alternativa D está correta. O Brasil adotou o Sistema Atributivo: somente com o registro da marca no INPI é que se garante o direito de propriedade e de uso exclusivo ao seu titular, salvo marca notoriamente conhecida. 40 A alternativa E está correta. A marca evocativa é aquela que se utiliza, em sua composição, de uma palavra de uso comum que remete ao produto ou serviço. Evocativa vem de “evocar”, verbo que significa “trazer à lembrança”. Assim, marca evocativa é aquela que traz à lembrança (que evoca) o próprio nome do produto ou serviço. A marca evocativa possui reduzido grau de distintividade, por estar associada ao produto ou serviço que pretende assinalar. Em outras palavras, ela não se distingue tanto de outras marcas porque utiliza, no todo ou em parte, o próprio nome do produto ou serviço. Não possui, portanto, “características distintivas”. Exemplos de marcas evocativas: Chokito®, chocobon® (são marcas que remetem ao chocolate). Caso alguém registre uma marca parecida envolvendo, no todo ou em parte, a palavra “chocolate”, não se poderá dizer, a princípio, que houve uma violação a essas marcas anteriormente registradas. Marcas evocativas possuem proteção limitada. Por não ter características distintivas, as marcas evocativas são consideradas “marcas fracas”. Possuem um âmbito de proteção limitado, de modo que a exclusividade a elas conferida admite mitigação. Assim, a ideia de que somente quem registrou a marca evocativa poderá utilizar aquele nome ou nomes parecidos é flexibilizada. Segundo aponta, com razão, a Min. Nancy Andrigui, conferir monopólio para que apenas um comerciante utilize um nome ou sinal genérico seria aceitar uma exclusividade inadmissível. Isso porque os demais comerciantes ficariam impedidos de divulgarem a fabricação de produtos semelhantes através de expressões de conhecimento comum, obrigando-os à busca de nomes alternativos estranhos ao domínio público. Gabarito alternativa “A” 10. Com relação aos créditos adicionais, marque a alternativa INCORRETA: a) Os Créditos suplementares possuem previsão constitucional: art. 167, V e 165, §8º da CRFB/88 e objetivam reforçar/complementar dotações orçamentárias já existentes. A abertura de crédito suplementar não precisa passar por todo o trâmite processual legislativo, pois se trata de crédito já aprovado pelo Legislativo. Todavia, exige-se, pois, autorização legislativa; 41 b) Os Créditos especiais estão previstos no Art. 167, V da CRFB/88 e objetivam satisfazer necessidades novas (despesas novas, para as quais não existem dotações orçamentárias específicas). A abertura de crédito especial não precisa passar por todo o trâmite processual legislativo, pois se trata de crédito já aprovado pelo Legislativo. Todavia, exige-se, pois, autorização legislativa. Não é possível ao Executivo abrir créditos especiais por meio de decreto; c) Os Créditos extraordinários estão previstos no Art. 167, §3º, da CRFB/88 e Objetivam satisfazer despesas urgentes, imprevisíveis. Aqui, o Executivo pode mexer no orçamento antes do crivo do Legislativo, que é realizado posteriormente, de maneira diferida. Assim, o Executivo pode abrir créditos extraordinários através de medidas provisórias ; d) A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa; e) Não há exceção ao Princípio da Legalidade previsto no Direito Financeiro. Portanto, toda arrecadação e gasto público devem ter fundamento legal. Comentários Edital 9\2016. Ponto. 1. Atividade Financeira do Estado. Finanças públicas na Constituição de 1988. 2. Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro. Leis orçamentárias: espécies e tramitação legislativa. A disciplina da Lei nº 4.320. Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. São três os tipos de créditos adicionais, previstos nos arts. 40 a 44 da Lei 4.320/64: Créditos suplementares Créditos especiais Créditos extraordinários Previsão constitucional: art. 167, V e 165, §8º da CRFB/88. Art. 167, V da CRFB/88. Art. 167, §3º, da CRFB/88. Objetivam reforçar/complementar dotações orçamentárias já existentes. Objetivam satisfazer necessidades novas (despesas novas, para as quais não existem dotações orçamentárias específicas). Objetivam satisfazer despesas urgentes, imprevisíveis. Valem as mesmas observações para os créditos adicionais suplementares. O procedimento é diferente, tendo em vista a existência de despesas urgentes. Não há tempo para o processo legislativo. Mas atenção: não é possível ao Aqui, A abertura de crédito suplementar não precisa passar por todo o trâmite processual legislativo, pois se trata de crédito já aprovado pelo Legislativo. o Executivo pode mexer 42 no Exige-se, pois, autorização legislativa. Assim, a LOA já autoriza, previamente, a abertura de créditos suplementares pelo Presidente, durante o exercício, para que não tenha que elaborar projeto de lei, mandar ao Legislativo e esperar apreciação pelo Congresso Havendo autorização legislativa, basta a edição de DECRETO por parte do chefe do Executivo. Mas atente: caso sejam exauridos os limites de valores previamente autorizados pelo Legislativo, o Executivo não mais poderá se valer do decreto. Neste caso, será necessária a confecção de projeto de lei de iniciativa do Executivo, encaminhado ao Legislativo, para aprovação (processo legislativo). Executivo abrir créditos especiais por meio de decreto. orçamento antes do crivo do Legislativo, que é realizado posteriormente, de maneira diferida. Assim, o Executivo pode abrir créditos extraordinários através de medidas provisórias. Esta exceção deve ser vista com cautela, interpretada restritivamente, sob pena de violação direta à separação dos poderes, cláusula pétrea. São três as situações autorizativas (art. 167, 3º da CRFB/88): • • • Guerra; Comoção interna ou; Calamidade pública. Para o STF, esse rol é taxativo, embora a CRFB/88 deixe margem a interpretação contrária. Assim: A alternativa A está correta. A alternativa B está correta. A alternativa C está correta. A alternativa D está correta. A alternativa E está INCORRETA e é o gabarito. Segundo o Princípio da Legalidade: Toda arrecadação e gasto público têm fundamento legal. Orçamento, metas, diretrizes, distribuição de receitas e despesas serão objeto de processo legislativo. Necessidade de ato normativo primário oriundo do Poder Legislativo. Exceção: Poder Executivo mediante MP dispor sobre crédito adicional em caso de guerra, comoção ou calamidade, atendidos os pressupostos materiais (ADI 4048). LOA pode autorizar adicionais suplementares por Decreto. Gabarito alternativa “E” 11. Em relação ao Direito Tributário, assinale a alternativa INCORRETA: a) Aplica-se a taxa SELIC - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, a partir de 1º/1/1996, na atualização monetária do indébito tributário, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice, seja de juros ou atualização monetária. 43 b) A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. c) A notificação do contribuinte do auto de infração constitui definitivamente o crédito tributário e dá início ao cômputo do prazo prescricional para a sua cobrança, mas não obsta o prazo decadencial. d) A revisão do lançamento tributário pode ser exercida nas hipóteses do art. 149 do CTN, desde que observado o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário. e) A decisão que reconhece a imunidade tributária possui natureza declaratória e produz efeitos retroativos ao momento em que preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício. Comentários Edital 9\2016. Ponto 15. Processo administrativo tributário. Representação fiscal para fins penais; delegacias da Receita Federal de Julgamento; conselhos de contribuintes; Câmara Superior de Recursos Fiscais. Processo judicial tributário. Execução fiscal. Cautelar fiscal. Mandado de segurança. Ação de repetição de indébito. Anulatória de débito fiscal. Ação declaratória. Ação de consignação em pagamento. A alternativa A está correta. A Primeira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial Repetitivo n. 1.111.175/SP (Rel. Min. Denise Arruda, DJe de 1/7/2009), firmou o entendimento de que "aplica-se a taxa SELIC, a partir de 1º/01/1996, na atualização monetária do indébito tributário, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de juros ou atualização monetária". A alternativa B está correta. Nos termos da jurisprudência do STJ, nas hipóteses em que o contribuinte declarou os tributos via DCTF e realizou a compensação nesse mesmo documento, é necessário o lançamento de ofício para que seja cobrada a diferença apurada caso a DCTF tenha sido apresentada antes de 31.10.2003. A partir de 31.10.2003, é desnecessário o lançamento de ofício. Todavia os débitos decorrentes da compensação indevida só devem ser encaminhados para inscrição em dívida ativa após notificação ao sujeito passivo para pagar ou apresentar manifestação de inconformidade, cujo recurso suspende a exigibilidade do crédito tributário. REsp 1502336 / AL. 44 A alternativa C está INCORRETA e é o gabarito. Segundo entendimento firmado no STJ, "uma vez constituído o crédito tributário pela notificação do auto de infração, não há falar em decadência, mas em prescrição, cujo termo inicial é a data da constituição definitiva do crédito. Não havendo impugnação pela via administrativa, caso dos autos, o curso do prazo prescricional inicia-se com a notificação do lançamento tributário" (STJ, EDcl no AgRg no AREsp 439.781/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 31/03/2014). A alternativa D está correta. É firme o entendimento desta Corte no sentido de que, nos termos dos arts. 145, III, e 149, VIII, e parágrafo único, ambos do CTN, a revisão do lançamento tributário é perfeitamente possível desde que realizada dentro do prazo decadencial. Desse modo, o termo final para a revisão do lançamento é o mesmo previsto para o lançamento revisado, nos termos do que dispõe o parágrafo único do art. 149 do Código Tributário Nacional. Por se tratar de "tributos sujeitos a lançamento por homologação em que não ocorre pagamento antecipado, o prazo decadencial rege-se pelas disposições do art. 173, inciso I, do CTN, ou seja, será de 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" (AgRg no AREsp 616.398/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 3/2/2015, DJe 9/2/2015.). A alternativa E está correta. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a decisão administrativa que reconhece a imunidade tributária tem natureza declaratória e, por conseguinte, produz efeitos ex tunc, de forma a autorizar a retroação dos seus efeitos, a partir do momento em que preenchidos os requisitos legais, para a concessão da imunidade" (AgRg no AREsp 194.981/RJ, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 23/6/2015, DJe 1º/7/2015). Gabarito alternativa “C” Bloco III: Direito Administrativo, Direito Ambiental e Direito Internacional Público e Privado 12. A Lei 12.846\13 busca a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. Aplica-se às sociedades empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou 45 pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. Sobre a Lei 12.846\2013, marque a alternativa INCORRETA: a)A competência para firmar o acordo de leniência é do órgão de controle interno dos Poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, de forma isolada ou em conjunto com o Ministério Público ou com a Advocacia Pública. Na ausência de órgão de controle interno, o acordo de leniência somente será celebrado pelo chefe do respectivo Poder em conjunto com o Ministério Público. Antes, a competência para firmar o acordo de leniência era da autoridade máxima de cada órgão ou entidade; b) O acordo de leniência previsto na lei impõe a regra de corroboração para validade; c) A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito; d) Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, todos aqueles praticados pelas sociedades empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como: prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; e) A Lei 12.846\2013 não exclui as competências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que constitua infração à ordem econômica. Comentários Edital 9\2016. Pontos. 1. Administração Pública como função do Estado. Princípios regentes do Direito Administrativo constitucionais e legais, explícitos e implícitos. A 46 reforma do Estado brasileiro. Os quatro setores e suas características. A publicização do terceiro setor (as organizações sociais e as OSCIPS). A alternativa A está INCORRETA e é o gabarito. A MP 703\2015, modificou a Lei 12.846\2013, e trouxe como previsão a competência para firmar o acordo de leniência. A qual, competiria ao órgão de controle interno dos Poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, de forma isolada ou em conjunto com o Ministério Público ou com a Advocacia Pública. Na ausência de órgão de controle interno, o acordo de leniência somente será celebrado pelo chefe do respectivo Poder em conjunto com o Ministério Público. Antes, a competência para firmar o acordo de leniência era da autoridade máxima de cada órgão ou entidade. A previsão de celebração pelo órgão de controle interno valia apenas para os acordos no âmbito do Poder Executivo Federal, cuja competência era (e ainda é) da Controladoria-Geral da União. Porem, a MP não prosperou e a redação original foi restabelecida, então: Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte: A alternativa B está correta. Há sim regra de corroboração, sendo necessário: i - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; ii - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação; a cooperação da pessoa jurídica com as investigações, em face de sua responsabilidade objetiva; e o comprometimento da pessoa jurídica na implementação ou na melhoria de mecanismos internos de integridade. o acordo de que somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data de propositura do acordo; a pessoa jurídica, em face de sua responsabilidade objetiva, coopere com as investigações e com o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento; e a pessoa jurídica se comprometa a implementar ou a melhorar os mecanismos internos de integridade, auditoria, incentivo às denúncias de irregularidades e à aplicação efetiva de código de ética e de conduta. A alternativa C está correta. De acordo com: o Art. 3 A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito. A alternativa D está correta. Vide: 47 o Art. 5 Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único o do art. 1 , que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei; III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados; IV - no tocante a licitações e contratos: a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público; b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público; c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo; f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública; V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional. o § 1 Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro. o § 2 Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações públicas internacionais. o § 3 Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. A alternativa E está correta. De acordo com: 48 Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que constitua infração à ordem econômica. Gabarito alternativa “A” 13. Assinale a alternativa incorreta: a) Ao contrário da APP, que ocorre tanto em áreas urbanas como rurais, a reserva legal é exclusivamente rural. b) Dentro da Amazônia Legal, se for bioma florestal, o limite de proteção da Reserva Legal será de 80%. c) Pode-se dizer que no Estado do Mato Grosso, em razão da predominância do Bioma Cerrado, o limite de proteção da Reserva Legal será, neste bioma, de 35%. d) No caso de municípios que tenham 50% da sua área com unidade de conservação de domínio público ou com terras indígenas, para fins de recomposição, o município pode reduzir a área de reserva legal, no âmbito da Amazônia Legal no bioma floresta (que é de 80%) para 50%. e) Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder público federal poderá ampliar as áreas de Reserva Legal em até 70% (setenta por cento) dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de efeito estufa. Comentários Edital 9\2016. Ponto. 12. Áreas de preservação permanente e unidades de conservação. Questão que envolve as áreas de proteção ambiental, mas como também poderia ser individualizado o Estado de Goiás, não queria que essa questão passasse batido em sua leitura. Ao contrário da APP, que ocorre tanto em áreas urbanas como rurais, a reserva legal é exclusivamente rural. O conceito está no art. 3°, III, Lei n. 12.651/12: NCF. Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: 49 III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa; O proprietário da área não está livre para usar o bem plenamente. Faz-se necessário que ele mantenha um remanescente da área da flora que represente o que costumava ser anteriormente. Trata-se de garantia de perpetuação da proteção ambiental. Limites da Reserva Legal > Em que percentual deve o proprietário manter a reserva legal? Resposta. Os limites variarão conforme se esteja, ou não, dentro da Amazônia Legal. No país como um todo, o percentual será de 20% destinado à área de reserva legal. Dentro da Amazônia Legal, se for bioma florestal, haverá 80% de proteção; se for cerrado, 35% de proteção. Nos demais casos, a proteção será de 20%. Esses percentuais são calculados sobre cada bioma existente dentro da propriedade rural. Por conseguinte, se a maior parte de uma propriedade for composta do bioma florestal e uma pequena área for de cerrado, o proprietário, no tocante à parte florestal, poderá utilizar apenas 20% de sua propriedade. Em relação à área de cerrado, utilizará 65%, haja vista os outros 35% estarem protegidos. Redução de limites Outro ponto merecedor de atenção é a permissão legal para a redução dos limites anteriormente mencionados. No caso de municípios que tenham 50% da sua área com unidade de conservação de domínio público ou com terras indígenas, para fins de recomposição, o município pode reduzir a área de reserva legal, no âmbito da Amazônia Legal no bioma floresta (que é de 80%) para 50%. Lei n. 12.651/12, Art. 12, § 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por cento) da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio público e por terras indígenas homologadas. Se um Estado, o qual precisa ter o zoneamento ecológico- econômico aprovado e um conselho de meio ambiente, possuir 65% de seu território com unidades de conservação de domínio público regularizadas2 ou com terras indígenas, poderá a área 50 de reserva legal, no âmbito da Amazônia Legal no bioma floresta (que é de 80%) para 50%. Lei 12.651/12, Art. 12, § 5° Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver Zoneamento EcológicoEconômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por terras indígenas homologadas. Por derradeiro, afirma-se que a União, desde que o zoneamento ecológico- econômico estadual recomende, pode reduzir, para fins de recomposição, a área de reserva legal para 50%, ou aumentar a área de reserva legal (aqui, não se aplica aos casos da área de floresta dentro da Amazônia Legal) em até 50%. É 50 OU 50! Lei n. 12.651/12, Art. 13. Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econômico ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder público federal poderá: I - reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de imóveis com área rural consolidada, situados em área de floresta localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) da propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos; II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta por cento) dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de efeito estufa. Portanto: A alternativa A está correta. A alternativa B está correta. A alternativa C está correta. A alternativa D está correta. A alternativa E está INCORRETA e é o gabarito. Gabarito alternativa “E” 14. Sobre o Direito Internacional Público, assinale a alternativa INCORRETA: 51 a) Os peacekkepers são os integrantes de missão da Paz da ONU. b) As Regras de Mandela incluem amplas revisões e incorporações das Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros da ONU, que datam de 1955. b) Os crimes de competência do TPI são crimes de jus cogens. c) O sistema de “peerreview” – cuida-se de monitoramento pelos pares – é uma espécie de Revisão Periódica Universal (RPU), procedimento obrigatório a todos os Estados membros da ONU, realizado no âmbito do Conselho de Direitos Humanos (CDH), pelo qual um Estado tem a sua situação de direitos humanos submetida à avaliação dos demais membros do Conselho (e também a qualquer outro Estado interessado), relatada por três outros Estados (troika). d) Segundo o Princípio do non refoulement é vedada a entrega do solicitante de refúgio a um Estado quando houver ameaça de lesão aos direitos fundamentais do individuo; e) A coisa julgada fraudulenta não pode ser superada em âmbito internacional. Comentários Edital 9\2016. Ponto. 1. Direito Internacional Público. Conceito. Fontes. Princípios. A alternativa A está correta. Peacekkepers – são os integrantes de missão da Paz da ONU. Peacekeeping - A principal atividade da Organização das Nações Unidas em situações conflituosas é o peacekeeping. As operações têm um importante papel na história da organização e representam um avanço à busca pela paz e segurança. Esse tipo de operação não está previsto na Carta das Nações Unidas, mas tem sua base consolidada no artigo 40 da Carta, que prevê medidas provisórias pelo Conselho de Segurança a fim de evitar o agravamento de um conflito. Embora o peacekeeping tenha sido criado na ONU, a ideia já havia sido manifestada no âmbito da Liga das Nações (1919). Em 1948 o primeiro protótipo surgiu com as missões desarmadas de observação e monitoramento no Oriente Médio, sendo em 1956 o marco inicial na história do peacekeeping das Nações Unidas. Com a UN Emergency Force (UNEF I) durante a Crise de Suez, a atividade começou a tomar a forma que tem hoje e a consolidar-se como uma missão armada, formada por soldados de diferentes nacionalidades. No início, a necessidade principal era monitorar o cessar-fogo entre partes criando um ambiente o mais estável possível, o que evoluiu para diferentes fases de um conflito se moldando aos novos conflitos que surgiriam nos anos sucessivos. 52 O peacekeeping é fundado sob três princípios correlatos: o consentimento das partes, a imparcialidade e o não uso da força, o último tendo como exceção a legitima defesa e defesa do mandato. Tais pilares foram idealizados pelo secretário-geral da ONU na época, Dag Hammarskjold, considerado um dos “pais” das operações de paz. O consentimento das partes é importante para o funcionamento das operações, proporcionando maior espaço aos capacetes azuis e criando um ambiente de confiabilidade para que o mandato da missão seja executado. Claro que, dado o caráter de alguns conflitos, o consentimento das principais partes não garante que não existam outros grupos internos que desaprovem uma missão. Também é importante sinalizar que tal princípio é exceção em alguns casos, nas operações conhecidas como peace enforcement. A imparcialidade é crucial para se estabelecer confiança entre a ONU e as partes de um conflito, mas tal característica se difere do conceito de neutralidade. Ser imparcial não significa omitir-se diante de atos de violência que podem comprometer o processo de estabelecimento da paz, mas sim que a ONU não tomará partido de um dos envolvidos no conflito. Diante de tal, chegamos ao terceiro principio: o não uso da força. O objetivo das intervenções é criar um ambiente propício ao reestabelecimento da paz sem o uso da força, porém foi necessário revisar esse principio ao longo dos anos. Diante de inúmeros acontecimentos e com base no capitulo VII da Carta, foi permitido uso da força por parte dospeacekeepers em casos de autodefesa ou para defender o mandato de uma operação, sendo tal princípio hoje conhecido como “mínimo uso da força”. Assim, podemos notar a diferença de imparcialidade e neutralidade, e uma maior garantia da proteção dos civis. As Nações Unidas desenvolveram um documento intitulado Capstone Doctrine(2008) onde se cita as cinco atividades de paz e segurança da instituição como sendo: Conflict prevention, peacemaking, peacekeeping, peace enforcement epeacebuilding. Cada uma dessas atividades é desenvolvida em certo período do conflito: antes, durante, após o cessar fogo e a partir do acordo de paz. A prevenção de conflitos (conflict prevention), como o próprio nome já deixa claro, trata-se de atividades diplomáticas desenvolvidas em um período no qual já existe a possibilidade de se desencadear um conflito. O peacemaking é a promoção da paz em um primeiro momento do conflito, buscando a negociação entre as partes, a fim de evitar que tal tome maiores proporções. Seguindo, o peacekeeping é um processo de resolução de conflitos direcionado ao período entre o cessar-fogo e o tratado de paz, com o objetivo de monitorar o cessar fogo e criar um ambiente propício as negociações para uma solução diplomática. Diante de um período histórico marcado por um grande número de conflitos intraestatais, surgiu o peace enforcement que, pela dificuldade de se identificar claramente as partes de um conflito a fim de obter um consentimento, é uma missão 53 com caráter coercivo. A imposição da paz sustenta-se no Capítulo VII da Carta, mais precisamente no artigo 39º, que prevê ao Conselho de Segurança o poder de decisão das ações que serão tomadas diante de uma ameaça a paz. A atividade mais recente da organização é o peacebuilding ou a solidificação da paz. O peacebuilding nasce da necessidade de missões mais complexas e multidimensionais direcionadas ao período pós-guerra. O objetivo é reconstruir a estrutura do Estado e trabalhar nas causas originárias do conflito para se excluir quaisquer possibilidades de reincidência. Para criar um ambiente de paz duradoura, a ONU trabalha em dimensões diversas de uma sociedade que vão das bases políticas e jurídicas de um Estado até a assistência direta ao individuo. Em síntese, podemos entender que: (…) as operações de peacekeeping da ONU são um conjunto de ações práticas não violentas que podem ser aplicadas antes, durante ou depois de um conflito inter ou intra Estados, desenvolvidas em campo por um pessoal militar-civil armado e qualificado (BRUGNOLLI, 2014, p.7). O Conselho de Segurança das Nações Unidas é responsável pela autorização de uma operação de peacekeeping e tal deve possuir um mandato objetivo e claro, e a determinação de números e prazos. Apesar de suas diferentes vertentes, a finalidade principal das missões é restabelecimento e manutenção da paz, principalmente buscando a proteção dos civis e dos direitos humanos que são as esferas mais afetadas pelas consequências brutais de um conflito. A alternativa B está correta. As Regras de Mandela incluem amplas revisões e incorporações das Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros da ONU, que datam de 1955. É previsto que a Assembleia Geral da ONU as adote em 2015. “As Regras de Mandela podem ser o anúncio de uma nova era na qual se respeitem plenamente os direitos humanos dos presos”, disse Yuval Ginbar, assessor jurídico da Anistia Internacional, que observou a reunião em Viena. “As Regras, se aplicadas plenamente, contribuiriam para que o encarceramento deixasse de ser um tempo desperdiçado de sofrimento e humilhação para converter-se em uma etapa de desenvolvimento pessoal que conduzirá à libertação, em benefício de toda a sociedade.” As Regras de Mandela contêm uma seção ampliada de princípios básicos, incluindo a proibição absoluta de tortura e outros maus-tratos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes. Assegura-se a independência dos médicos e se estabelece amplas restrições sobre as medidas disciplinares, como a proibição de aplicar o regime de isolamento por mais de 15 dias. São fornecidas instruções claras e detalhadas sobre assuntos como os registros corporais e de celas, a inclusão deles em um registro e a manutenção deste, a investigação sobre mortes e denúncias de tortura e outros maustratos, as necessidades de grupos concretos, a inspeção independente dos presídios, o direito à representação letrada e outras questões. A Anistia Internacional se uniu a um 54 grupo de ONGs e intelectuais que tiveram participação ativa neste processo de cinco anos trabalhando a favor de uma reelaboração progressista das normas. A organização pede a todos os Estados que estudem as Regras de Mandela e as apliquem plenamente na lei, na normativa e na prática. A alterantiva C está correta. O sistema de “peerreview”(monitoramento pelos pares): trata-se da Revisão Periódica Universal (RPU), procedimento obrigatório a todos os Estados membros da ONU, realizado no âmbito do Conselho de Direitos Humanos (CDH), pelo qual um Estado tem a sua situação de direitos humanos submetida à avaliação dos demais membros do Conselho (e também a qualquer outro Estado interessado), relatada por três outros Estados (troika). Cada Estado informa periodicamente ao Conselho acerca da situação dos direitos humanos em seu território. Relatórios podem ser enviados também por parte de ONGs (shaddowreport). É espécie de mecanismo coletivo e político. É apontado como a principal inovação do novo órgão de direitos humanos da ONU, em face do seu caráter universal (todos os Estados são analisados, o que evita a seletividade) e na medida em que se adota de um mecanismo de peerreview (revisão/avaliação pelos pares),por meio do qual os Estados membros podem examinar o desempenho dos seus pares em matéria de dir. humanos (exposição sem precedentes ao escrutínio internacional). Trâmite: i) Estado examinado apresenta relatório nacional sobre a situação geral dos direitos humanos; ii) apresentase compilação de todas as informações referentes aos dire. humanos no Estado examinado constantes nos procedimentos, incluindo informes de organizações não governamentais e instituições de DH; iii) o Estado examinado é questionado sobre a promoção dos DH; iv) abre-se espaço de diálogo para cooperação e adesão voluntária. v) são nomeados pelo Conselho três Estados (troikas), com funções de elaborar o relatório final, com um sumário dos passos tomados no exame, observações e sugestões do Estado, bem como as respostas e eventuais compromissos voluntários do Estado examinado. vi) O relatório será apreciado pelo colegiado do CDH. É mecanismo cooperativo, assim, o conteúdo do resultado do exame deverá conter uma avaliação objetiva e transparente da situação de DH do país, que inclua avanços e desafios, bem como os compromissos voluntariamente aceitos pelo Estado examinador. Registra-se que há um instrumento similar no sistema africano: Mecanismo Africano de Revisão pelos Pares- MARP, de adesão voluntária, aberto a qualquer membro da União Africana, que prevê a análise da atuação do Estado em 4 (quatro) áreas: democracia e governança política, governança econômica e gestão, gestão empresarial e desenvolvimento socioeconômico. Tal como seu congênere onusiano (RPU) há uma 55 confiança na adoção voluntária das medidas de proteção dos dir. humanos, embora não haja previsão de sanções ou outra medida impositiva. Sistema de monitoramento multilateral de direitos humanos(special enforcement machinery) consiste em diversos procedimentos de verificação, investigação e combate às ofensas a esses direitos. Estes mecanismos convencionais estão previstos para vários Comitês específicos de defesa dos direitos humanos. Um exemplo é o Comitê do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos(PIDCP). Compõe o chamado sistema vertical de proteção, tendo em vista que a responsabilidade de efetuar o monitoramento é atribuída a órgãos internacionais. A alternativa D está correta. O conceito previsto no direito internacional dos refugiados é o non refoulement, segundo qual é vedada a entrega do solicitante de refúgio a um estado quando houver ameaça de lesão aos direitos fundamentais do individuo. A alternativa E está INCORRETA e é o gabarito. Conforme o Caso Bulacio Vs. Argentina, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, a coisa julgada fraudulenta deve ser superada em prol dos direitos humanos das vítimas. Gabarito alternativa “E” 15. A subtração internacional de crianças ou adolescentes, é o deslocamento ilegal de criança ou adolescente para um país diferente daquele no qual reside habitualmente ou sua retenção indevida em território estrangeiro. Sobre o assunto marque a alternativa incorreta: a) Se transcorrido menos de 2 (dois anos entre a data da transferência ou retenção indevidas e o início do procedimento perante a autoridade judicial ou administrativa do país em que a criança se encontrar, a autoridade competente deverá ordenar o retorno imediato da criança/adolescente ao país de origem. Após esse prazo, o retorno da criança/adolescente também deve ser ordenado, salvo se ficar provado que a criança já se encontra integrada em seu novo meio. b) Se a criança/adolescente estiver indevidamente em país estrangeiro, o interessado deverá procurar a Autoridade Central Administrativa Federal – ACAF, órgão da Secretaria de Direitos Humanos. c) A subtração ou sequestro internacional ocorrerá tanto nos casos em que a transferência for ilícita quanto naqueles em que, posteriormente à viagem, a 56 criança/adolescente é mantida no país sem a concordância daquele que for detentor do direito de guarda para os fins da Convenção, ainda que compartilhada. d) O juízo brasileiro só será competente para apreciar ação de guarda se a criança/adolescente residir habitualmente no Brasil. e) O acusado(estrangeiro) de subtração que trouxer uma criança para o Brasil poderá ser deportado. Comentários Edital 9\2016. Ponto 10. Prestação de alimentos. Convenção de Nova Iorque sobre cobrança de alimentos no estrangeiro. Decreto Legislativo n. 10/58 e Decreto n. 56.826/65. Noções gerais. Competência da Justiça Federal. Hipóteses. Procedimento. Subtração Internacional de Crianças. Convenção de Haia de 1980 sobre os aspectos civis do sequestro internacional de crianças e Decreto n. 3.413 de 2000. A alternativa A está INCORRETA é o gabarito. Conforme a Convenção, Se transcorrido menos de 1 (um) ano entre a data da transferência ou retenção indevidas e o início do procedimento perante a autoridade judicial ou administrativa do país em que a criança se encontrar, a autoridade competente deverá ordenar o retorno imediato da criança/adolescente ao país de origem. Após esse prazo, o retorno da criança/adolescente também deve ser ordenado, salvo se ficar provado que a criança já se encontra integrada em seu novo meio. A alternativa B está correta. Se a criança/adolescente estiver indevidamente em país estrangeiro, o interessado deverá procurar a Autoridade Central Administrativa Federal – ACAF, órgão da Secretaria de Direitos Humanos. O pedido de restituição pode ser feito pessoalmente, por intermédio de advogado particular ou de qualquer órgão público, em especial aqueles relacionados à proteção da infância e adolescência. Aquele que for detentor do direito convencional de guarda e pretender a restituição de criança/adolescente, em primeiro lugar, deve se assegurar que o país para o qual ela foi levada tenha ratificado a Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças e a Convenção Interamericana sobre a Restituição Internacional de Menores. A alternativa C está correta. A subtração ou sequestro internacional ocorrerá tanto nos casos em que a transferência for ilícita quanto naqueles em que, posteriormente à viagem, a criança/adolescente é mantida no país sem a concordância daquele que for detentor do direito de guarda para os fins da Convenção, ainda que compartilhada 57 A alternativa D está correta. O juízo brasileiro só será competente para apreciar ação de guarda se a criança/adolescente residir habitualmente no Brasil. Se a criança/adolescente residia no exterior antes de ser transferida ou retida indevidamente, é o juízo estrangeiro que deverá disciplinar as questões relativas à guarda, mesmo que a nacionalidade da criança seja brasileira. A alternativa E está correta. Existe a possibilidade de atuação direta da Polícia Federal para que o estrangeiro acusado da subtração seja deportado e a criança retornada ao seu país de origem. O estrangeiro será comunicado para que deixe o país em 8 (oito) dias e, expirado o prazo sem sua saída voluntária do país, será promovida a deportação pela Polícia de Imigração. Gabarito alternativa “A” 58