Introdução 1 Em estática estudamos o equilíbrio dos corpos sob a ação de forças que são aplicadas a eles. Nosso objetivo é fornecer uma introdução à ciência, à habilidade e à arte envolvidas na modelagem e projeto de sistemas mecânicos cotidianos. Começaremos o estudo da estática com uma visão geral, partindo depois para os elementos da física e da matemática (especialmente vetores) necessários para analisar o equilíbrio das partículas e dos corpos rígidos. Ao longo do livro, veremos muitas discussões e aplicações de projetos de engenharia. 1.1 ENGENHARIA E ESTÁTICA Os engenheiros projetam estruturas, máquinas, processos e muito mais para o benefício da humanidade. No processo de desenvolvimento, eles devem responder a questões como “Isto é forte o bastante?”, “Durará muito tempo?” e “É seguro o suficiente?”. Para responder a essas questões, necessitamos da habilidade de quantificar fenômenos importantes no projeto ou sistema que temos em mãos, e comparar essas medidas com critérios conhecidos para o que é aceito ou não. Para tanto, é preciso que o engenheiro tenha conhecimentos aprofundados de ciência, matemática e ferramentas computacionais, e criatividade para explorar as leis da natureza no desenvolvimento de novos projetos. O cerne de tudo é a habilidade de idealizar problemas cotidianos com modelos matemáticos que capturem a ciência essencial do problema, de forma a serem suficientemente tratáveis para serem analisados. A proficiência em tal habilidade é uma característica que leva a engenharia para além da ciência pura. Na maioria das disciplinas de engenharia, entender a resposta de materiais ou objetos sujeitos à ação de forças é importante, e os conceitos fundamentais da ciência que regem essa resposta são conhecidos como mecânica newtoniana.* Este livro examina aplicações deste tópico para problemas de * Quando a velocidade de um objeto está próxima da velocidade da luz, a física relativística é requerida. _Livro_Plesha.indb 1 17/09/13 15:51 2 Mecânica para engenharia: estática Estática Dinâmica Dinâmica avançada Mecânica dos materiais Mecânica avançada de materiais Vibrações Controles Análise (computacional) de elementos finitos Robótica Análise estrutural Astrodinâmica Estruturas aeroespaciais Mecânica de satélites Projeto de máquinas Dinâmica de máquinas Projeto de aço e concreto Mecânica dos solos e rochas Biomecânica Figura 1.1 Hierarquia das disciplinas e temas frequentemente estudados em engenharia. As disciplinas em estática, dinâmica e mecânica dos materiais fornecem conceitos fundamentais e uma base para estudos mais avançados. Muitos temas, como vibrações e análise de elementos finitos, desenvolvem fortemente conceitos de dinâmica e mecânica dos materiais. engenharia quando um sistema se encontra em equilíbrio de forças; por isso, esta disciplina é chamada de estática. A estática costuma ser a primeira disciplina dos cursos de engenharia. Ela é um assunto importante por si só e desenvolve a base essencial para estudos mais avançados Se você está lendo isto, é porque quer estudar estática, e este livro deverá ajudá-lo. Na Figura 1.1 vemos a hierarquia das disciplinas, muitas das quais você estudará em engenharia. Seguindo a disciplina de estática, há disciplinas introdutórias em dinâmica e mecânica dos materiais. A dinâmica estuda o movimento de partículas e corpos sujeitos a forças que não estão em equilíbrio. A mecânica dos materiais introduz modelos para o comportamento dos materiais e métodos para determinar tensões e deformações em estruturas. Os conceitos aprendidos nessas três disciplinas básicas são usados diariamente por quase todos os engenheiros que lidam com a resposta mecânica de estruturas e materiais! Seguindo essas disciplinas básicas, temos uma ampla variedade de temas avançados, como vibrações, análise de tensões, robótica, análise de elementos finitos, projeto de máquinas, projeto de estruturas em aço e concreto, e assim por diante. O objetivo deste livro é fornecer um conhecimento sólido e abrangente em estática. Frequentemente, quando os problemas de engenharia são resumidos em seus elementos essenciais, eles se tornam notavelmente sim- _Livro_Plesha.indb 2 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 3 ples de ser analisados. Na verdade, como veremos ao longo deste livro, a matemática necessária para analisar problemas é simples. O grande desafio encontra-se geralmente na idealização de um problema cotidiano por um modelo, mas acreditamos que você aprenderá a desenvolver suas habilidades para fazer isso. 1.2 UMA BREVE HISTÓRIA DA ESTÁTICA* A história da estática está intimamente ligada ao desenvolvimento da dinâmica e da mecânica dos materiais. Os primeiros cientistas e engenheiros foram chamados de filósofos, e seu nobre empreendimento foi usar o raciocínio lógico para fornecer explicações para os fenômenos naturais. A maior parte de seu foco estava no entendimento e na descrição do equilíbrio de objetos e no movimento dos corpos celestiais. Com poucas exceções, seus estudos tinham que render resultados que fossem intrinsecamente belos e/ou compatíveis com a religião dominante na época e local. O que segue é um curto levantamento histórico dos principais personagens, os quais influenciaram profundamente o desenvolvimento de aspectos-chave da mecânica, e que são também especialmente significativos na estática. Por séculos, os filósofos estudaram o equilíbrio e o movimento dos corpos com pouco entendimento, o qual às vezes era incorreto. Dentre esses notáveis precursores estão: • Aristóteles (384-322 a.C.), que escreveu sobre ciência, política, economia e biologia, e propôs o que é frequentemente chamado de “física do senso comum”. Ele estudou alavancas e, embora tenha atribuído sua eficiência às propriedades “mágicas” do círculo, entendeu alguns conceitos básicos do momento de uma força e seus efeitos no equilíbrio. Aristóteles classificou os objetos como leves ou pesados, e acreditava que os objetos leves caíam mais devagar do que os objetos pesados. Ele também reconheceu que os objetos podiam se mover em outras direções, além de para cima ou para baixo, e disse que isso era contrário ao movimento natural do corpo, e que alguma força devia continuar a agir no corpo para que ele se movesse nesse caminho. Mais importante, afirmou que o estado natural dos objetos é estar em repouso. • Arquimedes (287-212 a.C.), que postulou vários axiomas baseados em observações experimentais do equilíbrio das alavancas e, usando-os, provou várias proposições. Seu trabalho mostra um avanço no entendimento dos efeitos do momento de uma força no equilíbrio. Arquimedes é talvez mais conhecido pelo trabalho pioneiro sobre hidrostática da mecânica dos fluidos, em que uma de suas descobertas é a de que um corpo que é colocado em um fluido deslocará um volume de fluido cujo peso é igual ao peso do corpo. Recentemente, foram encontradas evidências de que ele também tenha descoberto alguns conceitos elementares de cálculo. • Leonardo da Vinci (1452-1519), cuja imaginação ativa o levou a abordar uma ampla variedade de problemas. Ele entendeu corretamente o * Esta história foi selecionada dos excelentes trabalhos de C. Truesdell, Essays in the History of Mechanics, Springer-Verlag, Berlin, 1968; I. Bernard Cohen, The Birth of a New Physics, edição revisada e atualizada, W. W. Norton & Company, New York, 1985; R. Dugas, A History of Mechanics, Dover, Mineola, NY, 1988; e James H. Williams, Jr., Fundamentals of Applied Dynamics, John Wiley & Sons, New York, 1996. _Livro_Plesha.indb 3 Fato interessante Início do desenvolvimento de códigos estruturais Enquanto a maior parte da nossa discussão foca a realização dos filósofos, houve também outras realizações significantes no desenvolvimento de códigos de projeto estruturais ao longo de séculos. Alguns desses incluem os livros antigos de Ezequiel e Vitruvius e os livros secretos das lojas maçônicas medievais. J. (Veja-se, por exemplo, Heyman, “Truesdell and the History of the Theory of Structures”, um capítulo em Essays on the History of Mechanics, editado por A. Becchi, M. Corradi, F. Foce e O. Pedemonte, Birkhauser, Boston, 2003.) Esses códigos eram regras de proporção amplamente empíricas utilizadas no projeto e construção de estruturas de alvenaria. Os grandes templos gregos, os aquedutos romanos e as catedrais góticas são testemunhas de sua capacidade. Embora os autores desses códigos não fossem filósofos, suas realizações de engenharia foram impressionantes. O Partenon em Atenas, Grécia, foi terminado em 438 a.C, e é um exemplo da precoce construção de colunas e vigas em alvenaria. 17/09/13 15:51 4 Mecânica para engenharia: estática momento da força e usou a terminologia braço de alavanca potencial para descrever o que chamamos hoje de braço de momento. Embora suas conclusões estivessem erradas, ele estudou o equilíbrio de um corpo suportado por duas cordas. E também conduziu experimentos de resistência de materiais estruturais. Seguindo o progresso destes e de muitos outros filósofos iniciais, vem o trabalho de Galileu e Newton. Com eles há um rápido progresso na consecução dos elementos essenciais de uma teoria do movimento dos corpos, e suas realizações representam o mais importante marco na história da mecânica até o trabalho de Einstein. As contribuições de Galileu e Newton são discutidas em mais detalhes no decorrer desta seção. Galileu Galilei (1564-1642) Figura 1.2 Retrato de Galileu pintado em 1636 por Justus Sustermans. Galileu Galilei (1564-1642) teve grande interesse em matemática, mecânica, astronomia, calor e magnetismo. Fez importantes contribuições ao longo da vida, apesar da perseguição da Igreja por seu apoio à teoria de Copérnico de que a Terra não era o centro do Universo. Uma de suas mais importantes contribuições foi seu raciocínio experimental no qual concluiu que um corpo em seu estado natural de movimento tem velocidade constante. Galileu descobriu a lei correta para a queda livre de um corpo: a distância percorrida pelo corpo é proporcional ao quadrado do tempo. E concluiu também que dois corpos de pesos diferentes cairão com a mesma taxa de velocidade, e que quaisquer diferenças são devidas à resistência do ar. Galileu desenvolveu uma teoria (com alguns pequenos erros) para a resistência de vigas, como a mostrada na Fig. 1.3. Ele foi o primeiro a usar o conceito de tensão como uma medida fundamental da carga que o material suporta, e é visto como o pai da mecânica dos materiais. Ele descobriu também que a resistência das estruturas não é medida linearmente; isto é, se as dimensões de uma viga são dobradas, a carga que a viga pode suportar não dobra. Por isso, especulou que árvores e animais, por exemplo, possuem limites naturais para seu tamanho antes que possam falhar sobre seu próprio peso. Mais importante, seu trabalho mostrou que novas, estruturas maiores não podem ser necessariamente feitas a partir da simples ampliação das dimensões de estruturas menores que foram construídas com sucesso. Isaac Newton (1643*-1727) Figura 1.3 Um desenho da última obra de Galileu, Discursos sobre duas novas ciências, publicada em 1638, onde ele estuda a resistência das vigas, entre vários outros tópicos. _Livro_Plesha.indb 4 Newton foi um dos maiores cientistas de todos os tempos. Fez importantes contribuições em ótica, astronomia, matemática e mecânica, e sua obra Princípios matemáticos da filosofia natural, ou Princípios, como é geralmente conhecida, publicada em 1687, é considerada por muitos a maior obra científica já escrita. Em Princípios, Newton analisou o movimento dos corpos como “resistentes” e “não resistentes”. Ele aplicou seus resultados a corpos em órbita, projéteis, pêndulos e objetos em queda livre próximo à Terra. Comparando sua “lei da força centrífuga” com a terceira lei de Kepler do movimento planetário, Newton ajudou a demonstrar que os planetas eram atraídos pelo Sol por uma força que variava com o inverso do quadrado da distância, e generalizou que * Data de acordo com o calendário gregoriano, ou “moderno”. Pelo calendário juliano, o qual era usado na Inglaterra à época, Newton nasceu em 1642. 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução todos os corpos celestes são mutuamente atraídos na mesma direção. No primeiro livro de Princípios, Newton desenvolveu suas três leis do movimento; no segundo livro, alguns conceitos em mecânica dos fluidos, ondas, e outras áreas da física; e no terceiro livro, sua lei da gravitação universal. Suas contribuições no primeiro e no terceiro livros são especialmente significativas para a estática e a dinâmica. O Princípios de Newton foi a peça final na base das leis que governam o movimento dos corpos. Dizemos base porque ela tomou o trabalho de Daniel Bernoulli (1700-1782), Johann Bernoulli (1667-1748), Jean le Rond d’Alembert (1717-1783), Joseph-Louis Lagrange (1736-1813) e Leonhard Euler (1707-1783) para esclarecer, aperfeiçoar e progredir a teoria da dinâmica dentro do formato que é usado atualmente. As contribuições de Euler são especialmente notáveis, uma vez que ele usou o trabalho de Newton para desenvolver a teoria da dinâmica dos corpos rígidos*. Os trabalhos de Newton, juntamente com os de Galileu, também forneceram a base da teoria do comportamento mecânico dos corpos deformáveis, comumente chamada de mecânica dos materiais. Contudo, ela aproveitou o trabalho de Charles-Augustin Coulomb (1736-1806), Claude Louis Marie Henri Navier (1785-1857) e Augustin Cauchy (1789-1857) para aperfeiçoar ainda mais o conceito de tensão dentro do formato atual; o trabalho de Robert Hooke (1635-1703) e Thomas Young (1773-1829) para desenvolver uma teoria para a deformação elástica dos materiais; e o trabalho de Leonhard Euler para considerar as deformações de uma estrutura (em particular na zona elástica).† 1.3 5 Figura 1.4 Um retrato de Newton pintado em 1689 por Sir Godfrey Kneller, o qual pertence ao décimo Conde de Portsmouth. Ele mostra Newton antes de ir para Londres tomar o cargo de Inventor Real, quando estava em seu auge científico. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Espaço e tempo É muito provável que você já tenha um bom entendimento intuitivo dos conceitos de espaço e tempo. Na verdade, aperfeiçoar conceitos de espaço e tempo não é fácil e pode não servir aos esclarecimentos que gostaríamos. Espaço é o conjunto de todas as posições que um ponto pode ocupar no nosso universo. O local de um ponto é normalmente descrito com um sistema de coordenadas, onde as medições são feitas a partir de alguma posição de referência usando as direções de referência do sistema de coordenadas. Embora a seleção de uma posição e das direções de referência seja arbitrária, ela é geralmente baseada na conveniência. Devido ao espaço ser tridimensional, três variáveis, chamadas coordenadas, são necessárias para localizar um ponto no espaço. Geralmente usamos um sistema de coordenadas cartesianas retangulares no qual as distâncias até um ponto são medidas em três direções ortogonais a partir de um local de referência. Outros sistemas de coordenadas, tais como coordenadas esféricas e cilíndricas (e coordenadas polares em duas dimensões), às vezes são mais convenientes. Todos os problemas de engenharia são tridimensionais, mas também podemos idealizar um problema como bidimensional ou unidimensional. O tempo fornece uma medida de quando um evento, ou uma sequência de eventos, ocorre. * Para comentários adicionais a respeito da dinâmica, ver G. L. Gray, F. Costanzo e M. E. Plesha, Mecânica Vetorial: Dinâmica, McGraw-Hill, New York, 2009. † Para comentários adicionais a respeito da mecânica dos materiais, ver M. Vable, Mechanics of Materials, Oxford University Press, New York, 2002. _Livro_Plesha.indb 5 17/09/13 15:51 6 Mecânica para engenharia: estática Massa e força Massa é a quantidade de matéria, ou material, em um objeto. Força é uma ação capaz de produzir movimento em um objeto. Forças podem surgir do contato ou interação entre objetos, através de atração gravitacional ou magnética, entre outras. Como discutido na Seção 1.5, a interpretação e a quantificação da massa e da força devem ser vistas como estando relacionadas à segunda lei de Newton do movimento. A força será discutida mais adiante, na Seção 1.4. Uma partícula é um objeto cuja massa está concentrada em um ponto. Por essa razão, uma partícula é também chamada de massa pontual, e se diz que tem volume zero. Uma consequência importante dessa definição é que o conceito de movimento rotacional da partícula é inexpressivo. Obviamente, não há partículas reais na natureza, mas sob adequadas circunstâncias é possível idealizar objetos reais como partículas. Objetos relativamente pequenos podem ser idealizados como partículas em um problema. Por exemplo, para determinar a órbita de um satélite ao redor da Terra, podemos idealizá-lo como uma partícula. Os objetos não precisam, necessariamente, ser pequenos para serem idealizados como partículas. Por exemplo, para um satélite em órbita, a Terra não é pequena, mas para muitos propósitos nosso planeta pode ser idealizado como sendo apenas uma partícula. Partícula Um corpo tem massa e ocupa volume no espaço. Na natureza, todos os corpos são deformáveis. Ou seja, quando um corpo está sujeito a forças, a distância entre quaisquer pontos no corpo podem mudar. Um corpo rígido é um corpo que não é deformável, e por isso a distância entre quaisquer pontos nele nunca muda. Não existem corpos rígidos reais na natureza, mas isso não significa que não podemos idealizar um objeto como um corpo rígido, o que proporciona uma considerável simplificação devido ao fato de que os complexos detalhes de como o corpo se deforma não precisam ser contabilizados em uma análise. Além disso, em estática estaremos habilitados a fazer afirmações precisas sobre o comportamento de corpos rígidos, e estabeleceremos métodos de análise exatos. Corpo e corpo rígido Alerta de conceito Vetores Um vetor é uma entidade que possui tamanho e direção. Os vetores são muito úteis em mecânica, e a habilidade de usá-los para representar força, posição e outras entidades é essencial. Escalares e vetores Um escalar é uma grandeza caracterizada completamente por um único número. Por exemplo, temperatura, comprimento e densidade são escalares. Neste livro, os escalares estão denotados por símbolos em itálico, como s. Um vetor é uma entidade que possui tamanho (ou magnitude) e direção. Muito será dito sobre os vetores no Capítulo 2, mas algumas noções básicas já serão úteis imediatamente. Afirmações como “meu apartamento está 1 km a nordeste do Salão de Engenharia” ou “estou caminhando para o norte a 3 km/h” são demonstrações de quantidades vetoriais. No primeiro exemplo, a posição de um local em relação a outro é especificada, enquanto no segundo exemplo a velocidade é especificada. Em ambos os casos, as noções norte e leste de referência são utilizadas. Os vetores são muito úteis para descrever diversas entidades em mecânica. Eles oferecem uma representação compacta e de fácil manipulação, e podem ser transformados. Ou seja, se um vetor está estabelecido em um conjunto de coordenadas direcionais, ao utilizarmos determinadas regras de transformação, ele poderá ser conhecido em qualquer outro conjunto de coordenadas direcionais. Neste livro, os vetores são denotados por uma flecha em cima do símbolo do vetor, como . Posição, velocidade e aceleração são exemplos de vetores. Se considerarmos uma partícula que possui posição re- Posição, velocidade e aceleração _Livro_Plesha.indb 6 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 7 lativa a alguma localização, então a velocidade da partícula é a taxa de variação no tempo de sua posição: (1.1) onde d / dt significa a derivada em relação ao tempo.* Similarmente, a aceleração é a taxa de variação da velocidade no tempo: (1.2) , nossa Uma vez que a estática está preocupada com situações em que discussão das Eqs. (1.1) e (1.2) será breve. Se a aceleração de uma partícula é zero, então a integração da Eq. (1.2) mostra que a partícula possui velocidade constante, que pode ser igual ou diferente de zero. Se a velocidade é zero, então a Eq. (1.1) mostra que a posição da partícula não varia; mas se a velocidade é diferente de zero, a integração da Eq. (1.2) mostra que a posição da partícula varia linearmente em função do tempo. Se a aceleração é diferente de zero, então a partícula se moverá com velocidade e posição variáveis no tempo. Leis do movimento de Newton Inspirado no trabalho de Galileu e no de outros, Newton postulou suas três leis do movimento em 1687: Primeira lei Uma partícula permanece em repouso, ou continua a se mover em linha reta com velocidade uniforme, se não houver força desbalanceada agindo sobre ela. A aceleração de uma partícula é proporcional à força resultante que age sobre ela e ocorre na direção da força. A afirmação matemática desta lei† é Segunda lei (1.3) onde F é a força resultante atuando na partícula, é a aceleração da partícula, e a constante de proporcionalidade é a massa m da partícula. Na Eq. (1.3), F e são vetores, significando que possuem magnitude (ou módulo), direção e sentido. Os vetores serão discutidos em mais detalhes no Capítulo 2. Terceira lei As forças de ação e reação entre corpos que interagem são iguais em magnitude, opostas em sentido, e colineares. Alerta de conceito As leis do movimento de Newton, especialmente a da Eq. (1.3), são a base da mecânica. São postulados cuja validade e exatidão foram confirmadas por incontáveis experimentos e aplicações ao longo de mais de três séculos. Infelizmente, não há uma prova fundamental de sua validade, e temos de aceitá-las como regras que a natureza segue. A primeira regra foi originalmente estabe- Segunda lei de Newton A segunda lei de Newton, , é o princípio fundamental mais importante em que estática, dinâmica e mecânica se baseiam. * As Eqs. (1.1) e (1.2) são válidas independentemente de como o vetor deve ser representado. Contudo, os detalhes de como a derivada no tempo é calculada depende da representação do vetor (isto é, cartesiana, esférica, etc.) que é usada. A dinâmica explora esses detalhes mais adiante. † Na verdade, Newton expôs sua segunda lei na forma mais geral F = d(m )/dt, onde é a velocidade da partícula e d(m )/dt é a taxa de variação no tempo do produto m , o qual é chamado de momento da partícula. Quando a massa é constante, essa equação transforma-se na Eq. (1.3). Para problemas nos quais a massa não é constante, como no movimento de um foguete que queima massa substancial de combustível, a forma mais geral da segunda lei de Newton é necessária. _Livro_Plesha.indb 7 17/09/13 15:51 8 Mecânica para engenharia: estática Fato interessante Medindo a força Além da capacidade de produzir aceleração em um corpo sem suporte, uma força causa deformação em um corpo, ou mudança de forma. Isso sugere duas maneiras de medir a força. Primeiro, para um corpo em aceleração e com massa m conhecida, medimos a aceleração ; logo, podemos determinar a força aplicada ao corpo, usando a lei de Newton Esta abordagem é comum em mecânica celeste e movimento de projéteis, mas não pode ser usada em objetos que estão em equilíbrio estático. Uma segunda abordagem, que é mais comum para aplicações estáticas e dinâmicas, é medir a deformação (isto é, a mudança de forma) que a força produz no objeto cujo comportamento é conhecido. Um exemplo é a balança de molas manual que é usada para pesar bananas. O peso das bananas faz o comprimento da mola mudar, e como a rigidez da mola é conhecida, a força aplicada pelas bananas sobre a balança pode ser determinada. Uma breve discussão histórica das medidas de massa e força é dada em notas sobre a dinâmica em J. C. Maxwell, Matter and Motion, Dover Publications, Inc., New York, 1991, com prefácio de 1877. Uma discussão mais contemporânea sobre as medidas de força (e medidas em geral) está disponível no National Institute of Standards and Technology (NIST) (ver http://www.nist.gov/). lecida por Galileu. Das três leis, apenas as duas últimas são independentes. Na Eq. (1.3), vemos que se a força resultante F agindo na partícula é zero, então a aceleração da partícula também é zero, e por isso ela pode se mover com velocidade uniforme, que pode ser igual ou diferente de zero em valor. Portanto, quando não existe aceleração (isto é, ), diz-se que a partícula está em equilíbrio estático. A terceira lei desempenhará um importante papel na elaboração de diagramas de corpo livre, os quais veremos que são uma ajuda essencial na aplicação de 1.4 FORÇA Forças são de evidente importância para nós. Em estática, estamos geralmente interessados em como as estruturas suportam as forças que nelas são aplicadas, e em como projetar estruturas que suportem forças. Em dinâmica, geralmente estamos interessados no movimento dos objetos causado por forças aplicadas neles. Nesta seção, discutiremos a força em alguns detalhes, examinaremos alguns diferentes tipos de força e veremos como as forças são produzidas. De forma simples, uma força é qualquer agente capaz de produzir aceleração em um corpo sem suporte.* Embora essa definição possa parecer vaga, ela é compreensível. Todas as forças são produzidas a partir da interação de dois ou mais corpos (ou conjuntos de matéria), a qual pode assumir diversas formas que dão origem aos diferentes meios de produzir forças. Para muitos propósitos, uma força pode ser categorizada como de contato ou de campo. • Força de contato Quando dois corpos se tocam, desenvolvem-se forças de contato entre eles. Em geral, as forças de contato são distribuídas sobre uma área finita de contato – são forças distribuídas com dimensões de força/área. Se os corpos se tocam em uma pequena região, ou se trocarmos a força distribuída por uma força concentrada equivalente, como discutido no Capítulo 7, então as forças de contato são concentradas em um ponto. As forças de contato são formadas de duas partes: uma força na direção normal e uma força na direção tangencial, que é também chamada de força de atrito. Exemplos de forças de contato incluem as forças entre seus pés e o solo quando você está parado, e a força aplicada pelo ar em um edifício durante uma ventania. • Força de campo Uma força entre corpos que atua através do espaço é chamada de força de campo. As forças de campo agem através de todo o volume de um objeto e por isso possuem dimensões de força/volume. As forças de campo são frequentemente chamadas de forças de corpo. Para muitas aplicações, podemos representar uma força de campo por uma força concentrada que age em um ponto. Exemplos de forças de campo incluem o peso de um objeto, a força atrativa entre a Terra e a Lua, e a força de atração entre um ímã e um objeto de ferro. Alguns exemplos de forças de contato e de campo são dados na Figura 1.5. Apesar de a definição das forças de contato dada anteriormente ser útil, uma reflexão mais cuidadosa em uma escala de comprimento atômica mostra que as forças de contato são na verdade um caso especial de uma força de campo. Imagine, por exemplo, que os átomos de duas superfícies opostas se aproximam gradualmente; eles não se tocam, mas desenvolvem uma força de * Quando um corpo específico acelera ou não depende da resultante de todas as forças nele aplicadas. _Livro_Plesha.indb 8 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 9 campo repulsiva que aumenta à medida que chegam mais perto um do outro. Contudo, o intervalo de distâncias sob a qual essas forças atuam é muito pequeno (na ordem de dimensões atômicas), e, para aplicações macroscópicas, nossa definição de forças de contato permanece útil. 1.5 UNIDADES E CONVERSÃO DE UNIDADES As unidades são uma parcela essencial de qualquer medida quantificável. A lei de Newton , escrita aqui de forma escalar, prevê a formulação de um consistente e inequívoco sistema de unidades. Neste livro, empregaremos as unidades SI (Sistema Internacional*), como mostrado na Tabela 1.1. Tabela 1.1 Sistemas de unidades SI Dimensão-base SI força massa comprimento tempo newtona(N) ≡ kg·m/s2 quilograma (kg) metro (m) segundo (s) ª Unidade derivada Cada sistema possui três unidades-base e uma quarta unidade derivada. No sistema SI, as unidades-base medem massa, comprimento e tempo usando kg, m e s, respectivamente; e a unidade derivada é obtida da equação ,a qual nos dá a unidade de força em kg·m/s2, que é definida como 1 newton, N. Podemos, ocasionalmente, usar medidas diferentes, mas consistentes, para algumas unidades. Por exemplo, podemos usar minutos em vez de segundos, gramas em vez de quilogramas e assim por diante. Contudo, a definição de 1 newton será sempre como mostrada na Tabela 1.1. Figura 1.5 Exemplos de forças de contato e forças de campo. (a) Uma bola de basquete repousa numa superfície plana e dura. (b) Um livro é empurrado sobre uma mesa. Em ambos os exemplos, a força de campo é o peso W do objeto, e as forças de contato são a força normal N, a força de atrito F e a força P aplicada no livro. Na bola de basquete, o contato ocorre em uma região muito pequena, e é aceitável idealizá-la como um ponto. No livro, o contato ocorre em toda a superfície da capa, o que não impede que se modelem as forças de contato como forças concentradas agindo em um ponto. Erros comuns Peso e massa não são a mesma coisa Infelizmente, é comum as pessoas se referirem ao peso usando unidades de massa. Por exemplo, quando alguém diz “Eu peso 70 kg”, está na verdade querendo dizer “Minha massa é 70 kg”. Neste livro, assim como em toda a engenharia, precisamos ser exatos com nossa nomenclatura. Pesos e forças serão sempre apresentados usando unidades apropriadas de força, e massas serão sempre apresentadas usando unidades apropriadas de massa. Homogeneidade dimensional e conversão de unidades Como todos sabem, o símbolo “” significa que o que está do lado esquerdo é igual ao que está do lado direito. Então, para uma expressão estar correta, ela deve estar tanto numérica quanto dimensionalmente correta. Normalmente, isso significa que os lados esquerdo e direito têm o mesmo valor numérico e as mesmas unidades.† Muitas vezes, as unidades são desprezados nos cálculos, sendo incorretamente presumidas no final. Por isso, recomendamos que você sempre utilize as unidades apropriadas em todas as equações. Tal prática ajuda a evitar erros catastróficos e fornece uma verificação útil na solução, pois se for encontrada uma equação dimensionalmente inconsistente, é porque um erro certamente foi cometido. Prefixos Os prefixos são uma alternativa útil na notação científica para representar números muito grandes ou muito pequenos. Os prefixos mais comuns e um resumo das regras para seu uso são dados na Tabela 1.2. * SI foi adotado como abreviação do francês Le Système International d’Unités. † Um exemplo simples de uma exceção é a equação 1000 mm 1 m. Tais equações desempenham um papel fundamental na realização de conversão de unidades. _Livro_Plesha.indb 9 O L Informações úteis Dimensões versus unidades Dimensões e unidades são coisas diferentes. Dimensões são extensões mensuráveis de algum tipo, enquanto unidades são usadas para medir uma dimensão. Por exemplo, comprimento e tempo são dimensões, e metro e segundo são, respectivamente, unidades usadas para medir essas dimensões. 17/09/13 15:51 10 Mecânica para engenharia: estática Regras para o uso de prefixos 1. Os prefixos, com poucas exceções, devem ser usados somente no numerador de combinações de unidades. Uma exceção comum é o kg, o qual pode aparecer no numerador ou no denominador. 2. Deve-se usar um ponto ou traço para simbolizar a multiplicação de unidades. Por exemplo, N·m ou N-m. 3. A exponenciação aplica-se tanto às unidades quanto aos prefixos. Por exemplo, mm2 (mm)2. 4. Quando o número de dígitos em ambos os lados de uma vírgula decimal passa de 4, é comum agrupar os dígitos em grupos de 3, com os grupos separados por pontos ou pequenos espaços. Visto que muitos países usam um ponto para representar uma vírgula decimal, o espaço às vezes é preferível. Por exemplo, 1234,0 poderia ser escrito como tal, e 12345,0 deveria ser escrito como 12.345,0 ou 12 345,0. Tabela 1.2 Prefixos comumente usados no sistema de unidades SI Fator de multiplicação 1 000 000 000 000 000 000 000 000 1 000 000 000 000 000 000 000 1 000 000 000 000 000 000 1 000 000 000 000 000 1 000 000 000 000 1 000 000 000 1 000 000 1 000 100 10 0,1 0,01 0,001 0,000 001 0,000 000 001 0,000 000 000 001 0,000 000 000 000 001 0,000 000 000 000 000 001 0,000 000 000 000 000 000 001 0,000 000 000 000 000 000 000 001 24 10 1021 1018 1015 1012 109 106 103 102 101 10−1 10−2 10−3 10−6 10−9 10−12 10−15 10−18 10−21 10−24 Prefixo Símbolo yotta zetta exa peta tera giga mega kilo hecto deka deci centi milli micro nano pico femto atto zepto yocto Y Z E P T G M k h da d c m μ n p f a z y Enquanto os prefixos podem ser facilmente incorporados em uma expressão por inspeção, as regras para a realização disso são idênticas àquelas para a realização de transformações de unidades, como mostrado nos exemplos desta seção. definição de medida em radiano Figura 1.6 Definição de medida em radiano para ângulos. _Livro_Plesha.indb 10 Medidas angulares Os ângulos costumam ser medidos tanto em radianos (rad) quanto em graus (°). A medida em radianos do ângulo θ mostrado na Fig. 1.6 é definida como a razão entre a circunferência c de um arco circular e o raio r do arco. Deste modo, como visto nos exemplos da Fig. 1.7, o ângulo de um quarto de um arco circular é rad (ou 1,571 rad), e para um arco circular completo o ângulo é rad (ou 6,283 rad). A medida em graus escolhe arbitrariamente 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 11 o ângulo de um arco circular completo como 360°, caso em que 1° é o ângulo de um arco que é 1/360 partes de um círculo completo. Assim, a transformação entre medidas em radianos e graus é (1.4) As transformações são realizadas usando os procedimentos descritos nesta seção. Por exemplo, para converter o ângulo θ 12° para radianos, usamos a Eq. (1.4) para escrever (1.5) Radianos são uma medida de ângulo que surge naturalmente em matemática e ciência, e a maioria das equações derivadas dos princípios fundamentais utiliza a medida em radianos. Não obstante, a medida em graus tem apelo intuitivo e é usada amplamente. Quando escrevermos ângulos, sempre os registraremos como radianos ou graus. Contudo, radianos e graus não são unidades como as citadas previamente e, embora talvez intrigante, ambas as medidas são adimensionais. Isso pode . Com c e r ser visto examinando a definição de radiano na Fig. 1.6: tendo as mesmas unidades de comprimento, o ângulo θ é claramente adimensional. Deste modo, radianos e graus não são realmente unidades, mas declarações da convenção usada para medir ângulos. Não obstante, para propósitos práticos, podemos considerá-los como unidades, e os transformaremos usando nossos procedimentos habituais. Além disso, se derivarmos uma expressão que esperávamos ser adimensional e descobrirmos que ela possui unidades em radianos ou graus, então não deveríamos necessariamente nos alarmar. Figura 1.7 Exemplos de ângulos medidos em radianos. O Exatidão de cálculos A exatidão das respostas obtidas para um problema específico é tão precisa quanto a mais grosseira, ou menos exata, informação usada na análise. Por exemplo, considere os números 1,23 e 45,67. Ao escrever esses números usando três ou quatro dígitos, respectivamente, a implicação é que são conhecidos três e quatro dígitos significativos de exatidão. O produto exato desses números é 56,1741. Mas é errado concluir que o produto possui seis dígitos de exatidão. Além disso, é apropriado informar o produto com o mesmo número de dígitos significativos como a parte de informação menos exata utilizada. Então, iremos arredondar o produto exato para três dígitos significativos e informaremos a resposta como 56,2. O uso do número de dígitos que implica precisão, como sugerido acima, é ambíguo. Considere o número 6000; não está claro se este número possui um, dois, três ou quatro dígitos significativos. Para incorporar a informação de exatidão nos números, é melhor usar a notação científica. Assim, por exemplo, se o número 6000 possuísse três dígitos significativos, poderíamos escrever 6,00 × 103 com a convenção de que o número de dígitos usados indica a exatidão do número. Neste livro, usaremos uma abordagem mais pragmática e geralmente será assumido que os dados conhecidos terão três dígitos significativos. Quando você está efetuando cálculos, uma boa prática é levar uns poucos dígitos extras de exatidão para cálculos intermediários; e se uma calculadora ou computador é usado, então certamente você pretenderá usar toda a precisão disponível. Não obstante, as respostas finais devem ser interpretadas como tendo uma precisão proporcional à precisão dos dados usados. O texto ao lado descreve a convenção para a exatidão dos números usados na realização de cálculos neste livro. _Livro_Plesha.indb 11 L Informações úteis Exatidão dos números em cálculos Neste livro, assumiremos de forma geral que os dados informados nos problemas possuem três dígitos significativos de exatidão. Quando os cálculos são realizados, tal como nos problemas de exemplo, todos os resultados intermediários são armazenados na memória de uma calculadora ou computador, usando a máxima precisão que essas máquinas oferecem. Contudo, quando estes cálculos intermediários são informados no texto, eles são arredondados para quatro dígitos significativos. As respostas finais são normalmente informadas com três dígitos significativos. Se você verificar os cálculos usando os números arredondados que são informados, poderá ocasionalmente encontrar resultados um pouco diferentes dos mostrados. 17/09/13 15:51 12 Mecânica para engenharia: estática EXEMPLO 1.1 Conversão de unidades Converta a velocidade s 5,6 m/s para km/h. SOLUÇÃO Roteiro Começando com s = 5,6 m/s, multiplicaremos o lado direito desta expressão por fatores de conversão apropriados para atingir a unidade de conversão desejada. Equações governantes e cálculos A velocidade s = 5,6 m/s (1) Para obter s em unidades km/h, realizamos as seguintes transformações na Eq. (1): Erros comuns Omitindo unidades em equações O erro mais grave ao realizar conversões de unidades (assim como quando escrevemos equações em geral) é omitir as unidades nas equações. Embora escrever unidades nas equações leve algum tempo, isso ajudará a evitar erros que são consequência da falta desta prática. _Livro_Plesha.indb 12 5,6 Discussão e verificação 20,16 (2) Quando possível, as respostas devem ser conferidas para verificar se são razoáveis. 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 1.6 13 LEI DA GRAVITAÇÃO DE NEWTON Como o peso produzido pela gravidade é algo onipresente, vale a pena examinar a origem dessas forças com atenção e compreender as limitações das expressões comuns, tais como , onde m é a massa de um objeto, g é a aceleração da gravidade e W é o peso do objeto. Em 1666, Newton desenvolveu sua lei da atração gravitacional universal conforme abaixo: (1.6) onde m1, m2 massas das partículas 1 e 2 r distância entre as partículas G constante gravitacional universal, determinada como aproximadamente 66,74 × 10−12 m3/(kg·s2) F força de atração entre duas partículas Foi amplamente comentado que a inspiração de Newton para esta lei foi o movimento de uma maçã caindo de uma árvore, mas ele também reconheceu que a mesma lei deveria ser aplicada na atração mútua dos corpos celestes. Embora Newton tenha postulado a lei em 1666, foi somente em 1687 que ele publicou suas ideias em Princípios. Esse atraso se deveu, em parte, à necessidade de provar que os objetos, assim como a Terra (se assumida como esférica e uniforme), poderiam ser tratados como um ponto com massa para efeitos gravitacionais sobre as partículas vizinhas; e, para provar isso, ele desenvolveu o cálculo.* A primeira medida precisa do G foi dada por Lorde Cavendish, em 1798, e este valor foi corrigido por meio de experimentos mais cuidadosos ao longo dos dois últimos séculos, conduzindo ao valor relatado aqui. A lei da atração gravitacional universal é um postulado, e, assim como as três leis do movimento de Newton, devemos aceitar isso como uma regra que a natureza segue sem uma prova fundamental de sua validade. Para a grande maioria das aplicações na Terra, a Eq. (1.6) toma a forma simples e conveniente , como segue. Considera-se m1 na Eq. (1.6) como a massa m de um objeto, e m2 como a massa da Terra (com um valor aproximado mTerra 5,9736 × 1024 kg). Se o objeto está sobre ou perto da superfície da Terra, então a sua posição r é aproximadamente a mesma que o raio médio da Terra (com um valor aproximado de 6,371 × 106 m). A força F na Eq. (1.6) é então chamada de peso W do objeto, e a Eq. (1.6) pode ser reescrita como Alerta de conceito Força devido à gravidade A força devido à atração gravitacional entre dois objetos é um vetor; portanto, ela tem magnitude, direção e sentido. A equação (1.6) dá a magnitude, e a direção é a de uma linha que conecta os centros de gravidade dos dois objetos. (1.7) Da Eq. (1.7), vemos que g não é uma constante, pois depende do valor de r. No entanto, para a maioria das aplicações onde os objetos estão próximos da * O cálculo também foi desenvolvido independentemente por Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), e ele e Newton tiveram uma longa disputa sobre quem era o verdadeiro autor. Os registros históricos mostram que, embora Newton tenha sido o primeiro a descobrir o cálculo (cerca de 10 anos antes de Leibniz), Leibniz foi o primeiro a publicar a sua descoberta (cerca de 15 anos antes de Newton). Em alguns aspectos, Leibniz ganhou, uma vez que é a sua notação superior que usamos no cálculo atualmente. _Livro_Plesha.indb 13 17/09/13 15:51 14 Mecânica para engenharia: estática superfície da Terra, os efeitos de pequenas mudanças em r são desprezíveis, e os valores comumente usados para a aceleração da gravidade são (1.8) Note que se os valores informados anteriormente para G, para a massa da Terra e para o raio médio da Terra forem utilizados na Eq. (1.7), o valor de g produzido será ligeiramente diferente de 9,81 m/s2. A diferença entre o valor aceito de g e o valor calculado teoricamente fornecido pela Eq. (1.7) tem diversas fontes, incluindo que a Terra não é perfeitamente esférica e não tem distribuição uniforme de massa, além de os efeitos da aceleração centrípeta devido à rotação da Terra não serem contabilizados. Devido a essas considerações, a aceleração real devido à gravidade é cerca de 0,3% menor no equador, e 0,3% maior nos polos, em relação aos números indicados na Eq. (1.8), que são para uma latitude norte ou sul de 45° ao nível do mar. Além disso, pode haver pequenas variações locais na aceleração da gravidade devido aos efeitos da geologia. No entanto, neste livro, vamos utilizar os valores padrão de g dados na Eq. (1.8). O L Informações úteis Centro de gravidade O centro de gravidade é o ponto através do qual o peso de um corpo, ou de um conjunto de corpos, pode ser considerado como atuante. Nas figuras, denotaremos o centro de gravidade com o símbolo . Para ilustrar, imagine um garçom em um restaurante trazendo-lhe vinho e massa em uma bandeja. Ele deve posicionar a mão de forma que o peso combinado da bandeja e de tudo que está sobre ela fique sobre seus dedos. Relação entre peso específico e densidade As densidades de alguns materiais comuns são apresentados na Tabela 1.3. A densidade é definida como a massa de um volume unitário de material. Para o aço, a densidade é ρ 7850 kg/m3. A densidade dos materiais também pode ser descrita usando o peso específico (também conhecido como densidade de peso e peso unitário). Essas medidas são relacionadas pela Eq. (1.7). Imagine Tabela 1.3 Densidade de alguns materiais comuns. Exceto para água e gelo, os números informados correspondem a 20ºC. Os dados podem variar de acordo com a composição, elementos de liga, temperatura, umidade da madeira, etc Material centro de gravidade Os pesos do vinho (12 N), da massa (10 N) e da bandeja (8 N) podem ser analisado como uma única força de 30 N agindo no centro de gravidade do conjunto de objetos. O centro de gravidade e como ele é determinado são minuciosamente discutidos no Capítulo 7, onde é visto que os dois sistemas de forças acima são sistemas de forças equivalentes. Entretanto, um conhecimento prático desta definição será útil. _Livro_Plesha.indb 14 ferro (puro) ferro (fundido) alumínio (puro) alumínio (liga) aço aço inoxidável bronze titânio borracha náilon (fibra sintética) concreto rocha (granito seco) osso cortical (adulto) madeira (abeto seco Douglas) água (fresca, 4°C, 1 atm) gelo combustível de jato JP-4 Densidade ρ (kg/m3) 7860 7210 ± 240 2710 2710 ± 160 7850 8010 8610 ± 130 4480 1120 ± 160 1120 2400 2640 1900 510 ± 30 1000 920 770 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 15 que um certo volume V de material tem peso (na Terra) W e massa m. Dividindo a Eq. (1.7) pelo volume V, temos (1.9) é a definição do peso específico , e Nesta expressão, da densidade ρ. Deste modo, a Eq. (1.9) transforma-se em é a definição (1.10) _Livro_Plesha.indb 15 17/09/13 15:51 16 Mecânica para engenharia: estática EXEMPLO 1.2 Peso e força de atração mútua Duas bolas de boliche em repouso numa prateleira se tocam. As bolas têm 220 mm de diâmetro e são feitas de plástico, com densidade ρA 1170 kg/m3 para a bola A e ρB 980 kg/m3 para a bola B. Determine o peso de cada bola e a força de atração mútua. SOLUÇÃO As forças a serem determinadas são mostradas na Fig. 2. Os pesos das bolas A e B são forças (vetores) com magnitudes WA e WB, respectivamente, e estas forças atuam na direção vertical para baixo. A força da atração mútua entre as duas bolas tem magnitude F, com direções mostradas na Fig. 2. Observe que a terceira lei de Newton requer que as forças de atração mútua entre as duas bolas tenham a mesma magnitude e sentido oposto. Vamos supor que ambas as bolas são uniformes (isto é, a densidade é a mesma por toda a bola) e vamos desprezar a presença dos furos para os dedos. Primeiro, determinaremos a massa de cada bola. Depois, calcularemos o peso de cada bola, usando e , e, então, a força de atração mútua, usando a lei da atração gravitacional de Newton. Roteiro Figura 1 A massa mA da bola A é o produto da densidade e o volume da bola VA, e o mesmo para a bola B. Assim, Equações governantes e cálculos do material Figura 2 O peso de cada bola e a força de atração mútua são vetores com as direções mostradas. Nota importante: As bolas de boliche também estão sujeitas a outras forças que não são mostradas (veja Informações úteis abaixo). O peso de cada bola é A força de atração mútua é dada pela Eq. (1.6) (com os subscritos 1 e 2 substituídos por A e B) como O L Informações úteis Forças adicionais As bolas mostradas na Fig. 2 estão sujeitas a forças adicionais que não são mostradas. Por exemplo, a prateleira exerce uma força em cada bola, e provavelmente há forças de contato entre as duas bolas onde elas se tocam. Claramente, sem essas forças adicionais, as bolas de boliche não poderiam estar em equilíbrio estático. O Capítulo 3 irá discutir exaustivamente essas forças adicionais e como elas podem ser determinadas. _Livro_Plesha.indb 16 Na Eq. (5), é a distância entre o centro de cada bola. Discussão e verificação Como você deve ter suposto, a força de atração mútua entre as duas bolas é muito pequena comparada ao peso das bolas (9 ordens de magnitude menor). Ao desenvolver modelos para problemas de engenharia, a força de atração mútua geralmente será pequena se comparada com outras forças e, quando assim for, será desprezada. 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 1.7 17 FALHA Dentre todos os objetivos que confrontam os engenheiros quando eles projetam estruturas e máquinas, o mais importante é desenvolver projetos os mais seguros possíveis. Infelizmente, apesar de todos os esforços humanos, às vezes, isso não é possível, e por razões que são quase sempre inesperadas. Quando a falha ocorre, temos de aprender com ela para que nossos erros e/ou falta de previsão não se repitam no futuro.* Nesta seção, alguns exemplos de falhas de engenharia serão destacados. • Ponte Tacoma Narrows Apenas quatro meses após a inauguração em 1940, a ponte suspensa Tacoma Narrows, em Washington, desabou violentamente devido às fortes vibrações produzidas por forças aerodinâmicas que não foram totalmente previstas e contabilizadas em seu projeto (ver Fig. 1.8). Curiosamente, a ponte Deer Isle, na costa do Maine, um tanto menor, era de construção semelhante. Ela foi inaugurada um ano antes e também experimentou as vibrações produzidas pelo vento. No entanto, seu projetista havia adicionado carenagens ao longo da ponte para conferir a ela melhores propriedades aerodinâmicas, e uma amarração extra com cabos diagonais para propiciar maior rigidez. Essa ponte é usada até hoje.† • Ponte Escambia Bay Cinquenta e seis seções da ponte Interestadual 10 que cruza Escambia Bay em Pensacola, Flórida, foram desalojadas devido ao Furacão Ivan em setembro de 2004, incluindo várias seções que foram levadas completamente para dentro da água (ver Fig. 1.9). Cada uma dessas seções pesava cerca de 220 toneladas. O Serviço Nacional de Meteorologia classifica a intensidade dos furacões por meio de uma escala de 1 a 5. Quando o Ivan atingiu a ponte Escambia Bay, foi classificado como um furacão da categoria 3 com ventos na faixa de 177208 km/h. Embora o Ivan não fosse um furacão violento de acordo com essa escala, os danos causados à ponte Escambia Bay foram extremos. • Falha do Airbus A300 Em 12 de novembro de 2001, poucos minutos após a decolagem, o voo da American Airlines 587, um Airbus A300, caiu em uma área residencial de Belle Harbor, New York, por causa do estabilizador vertical que se separou da aeronave devido a uma falha nos terminais de ligação entre o estabilizador e a fuselagem (ver Fig. 1.10). Todas as 260 pessoas a bordo e cinco pessoas em terra morreram. A National Transportation Safety Board‡ (NTSB) investigou o acidente e atribuiu a causa às elevadas cargas aerodinâmicas resultantes dos movimentos desnecessários e excessivos no pedal do leme, feitos pelo piloto em reação à turbulência causada por outra aeronave. O programa de treinamento de pilotos da companhia aérea e o projeto do leme do avião também foram citados como fatores contribuintes. Entre as recomendações * Para estudos de casos interessantes de falhas, ver H. Petroski, Design Paradigms: Case Histories of Error and Judgments in Engineering, Cambridge University Press, New York, 1994. † Para leitura adicional, ver B. Moran (1999), “A Bridge That Didn’t Collapse”, Invention and Technology, 15(2), pp. 10-18. ‡ A National Transportation Safety Board (NTSB) é uma agência federal independente investida pelo Congresso para investigar todos os acidentes da aviação civil nos Estados Unidos e acidentes significativos em outros tipos de transporte, incluindo ferrovias, rodovias, hidrovias e tubulares, e para a emissão de recomendações de segurança destinadas a prevenir futuros acidentes. Embora a implementação das recomendações da NTSB não seja obrigatória, mais de 80% têm sido adotadas. _Livro_Plesha.indb 17 Figura 1.8 Falha na ponte Tacoma Narrows, em Tacoma, Washington, em 1940, por causa das fortes vibrações produzidas por um vento de 67 km/h. Figura 1.9 Falha na ponte Escambia Bay, em Pensacola, Flórida, durante a passagem do furacão Ivan em setembro de 2004. 17/09/13 15:51 18 Mecânica para engenharia: estática Figura 1.10 O estabilizador vertical de uma aeronave A300 da Airbus separou-se durante o voo e foi recuperada em Jamaica Bay, a cerca de 1,6 km do local do acidente. feitas pela NTSB, estava a modificação dos sistemas de controle do leme para aumentar a proteção contra forças elevadas, devido a movimentos perigosos no pedal aplicados em altas velocidades. • Hotel Kansas City Hyatt Regency Em 17 de julho de 1981, duas passarelas suspensas no hotel Kansas City Hyatt Regency desmoronaram durante uma festa, matando 114 pessoas e ferindo gravemente muitas outras. O desmoronamento ocorreu devido a uma falha nas conexões, como mostrado na Fig 1.11 (a). O projeto original das conexões, conforme a Fig 1.11 (b), foi alterado durante a construção do projeto, conforme mostrado na Fig 1.11 (c), com a concordância de todas as partes envolvidas. Enquanto o projeto original tinha condições suficientes para suportá-lo, o projeto modificado era mais fácil de fabricar, caracterizando-se por barras mais curtas que estavam prontamente disponíveis, e era bem mais simples do que o projeto original, potencialmente confuso. No entanto, o projeto modificado nunca foi analisado para determinar a sua adequação.* (a) (b) projeto original (c) como construído Figura 1.11 (a) Falha em uma conexão de apoio de uma passarela no Kansas City Hyatt Regency Hotel, onde uma haste de apoio foi deslocada para uma viga de seção quadrada, causando o colapso da passarela. (b) O projeto original, que tinha resistência suficiente. (c) O projeto modificado, que era mais fácil de construir. Figura 1.12 Inspetores vistoriam os cinco andares que desmoronaram em um estacionamento em construção no Tropicana Casino and Resort, em Atlantic City, New Jersey, em 30 de outubro de 2003. • Estacionamento do Tropicana Casino Em 30 de outubro de 2003, um estacionamento de 10 andares em construção, no Tropicana Casino and Resort, em Atlantic City, New Jersey, desmoronou, matando quatro trabalhadores e ferindo outros 21 (ver Fig. 1.12). A falha ocorreu enquanto o concreto estava sendo despejado em uma das plataformas do piso superior. A Occupational Safety and Health Administration† (OSHA) investigou a falha e multou a empreiteira responsável pelo concreto pelo desrespeito intencional das normas de segurança por falhas na elevação, no suporte, na escora diagonal e por não manter uma estrutura que fosse capaz de suportar as cargas laterais e verticais esperadas durante a construção. O projeto por si só era adequado, mas o projeto das estruturas necessárias para a sua construção não. Observa-se que o concreto exige um tempo após despejo (comumente 28 dias) para atingir a sua resistência final de projeto. * Aspectos adicionais dessa falha são discutidos em H. Petroski, Design Paradigms: Case Histories of Error and Judgments in Engineering, Cambridge University Press, New York, 1994. † A missão e o poder regulatório da Occupational Safety and Health Administration (OSHA) são descritos na p. 317. _Livro_Plesha.indb 18 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 1.8 19 REVISÃO DO CAPÍTULO Definições, conceitos e equações importantes deste capítulo serão resumidos aqui. Para equações e/ou conceitos que não estão claros, você deve verificar os números da equação original citada para detalhes adicionais. Um escalar é uma grandeza completamente caracterizada por um único número. Um vetor tem tamanho (ou magnitude) e direção. Neste livro, os escalares são indicados por símbolos em itálico, como s, e os vetores são indicados por uma seta colocada acima do símbolo do vetor, como . Escalares e vetores Posição, velocidade e aceleração Posição, velocidade e aceleração são grandezas vetoriais. Se indica a posição de uma partícula em relação a uma posição, então a velocidade e a aceleração dessa partícula são definidas como Quando , a partícula está em equilíbrio estático, e pode tanto estar se movendo com velocidade constante quanto permanecer estacionária no espaço. Se , então a partícula se moverá com velocidade e posição variando com o tempo. Leis do movimento As três leis do movimento de Newton são as seguintes: Uma partícula permanece em repouso, ou continua a se mover em linha reta com velocidade uniforme, se não houver força desbalanceada agindo sobre ela. Primeira lei A aceleração de uma partícula é proporcional à força resultante que age sobre ela e ocorre na direção da força. Segunda lei Terceira lei As forças de ação e reação entre corpos que interagem são iguais em magnitude, opostas em sentido e colineares. Equilíbrio estático Na Eq. (1.3), se a força resultante agindo em uma partícula é zero, então a aceleração da partícula também é zero, e por isso ela pode se mover com velocidade uniforme em uma linha reta, que pode ser zero ou diferente de zero em valor. Assim, quando não há aceleração (isto é, ), diz-se que a partícula está em equilíbrio estático. _Livro_Plesha.indb 19 17/09/13 15:51 20 Mecânica para engenharia: estática Lei da gravitação de Newton A lei de Newton da atração gravitacional uni- versal é 13 onde m1, m2 massas das partículas 1 e 2 r distância entre as partículas G constante gravitacional universal, determinada como aproximadamente 66,74 × 10−12 m3/ (kg.s2) F força de atração entre duas partículas Quando escrita para objetos em repouso na superfície da Terra ou perto dela, essa lei toma a forma simples e útil 13 onde m é a massa de um objeto, g é a aceleração da gravidade (g 9,81 m/s2) e W é o peso do objeto. A densidade ρ de um material é definida como a massa do material por unidade de volume. O peso específico γ de um material (às vezes também chamado de densidade de peso ou peso unitário) é definido como o peso do material na Terra por unidade de volume. A relação entre eles é Relação entre peso específico e densidade 15 Atenção para as unidades É fortemente recomendado que você sempre use unidades apropriadas em todas as equações. Tal prática ajuda a evitar erros catastróficos e possibilita uma verificação útil em uma solução, pois se uma equação vier a ser dimensionalmente inconsistente, é porque certamente algum erro foi cometido. _Livro_Plesha.indb 20 17/09/13 15:51 Capítulo 1 Introdução 21 PROBLEMAS DE REVISÃO Problema 1.1 (a) Considere uma situação em que a força F aplicada a uma partícula de massa m é zero. Multiplique a forma escalar da Eq. (1.2), p. 7 (isto é, a = dv/dt), por dt e integre ambos os lados para mostrar que a velocidade v (também um escalar) é constante. Em seguida, use a forma escalar da Eq. (1.1), p. 7, para mostrar que a posição r (escalar) é uma função linear do tempo. (b) Repita a parte (a) quando a força aplicada à partícula é uma constante diferente de zero, para mostrar que a velocidade e a posição são funções linear e quadrática do tempo, respectivamente. Problema 1.2 Use a Eq. (1.7), na p. 15, para calcular um valor teórico da aceleração devido à gravidade g, e compare esse valor com a aceleração real devido à gravidade nos polos da Terra, que é cerca de 0,3% superior ao valor relatado na Eq. (1.8), p. 14. Comente sobre a concordância. Problema 1.3 Dois asteroides idênticos viajam lado a lado enquanto se tocam. Se os asteroides são compostos de ferro puro homogêneo e são esféricos, qual o diâmetro em metros que eles devem ter para que exista uma atração gravitacional mútua de 4,5 N? Problema 1.4 A massa da Lua é aproximadamente 7,35 × 1022 kg e sua distância média até a Terra é cerca de 3,80 × 108 km. Determine a força de atração gravitacional mútua em Newtons entre a Terra e a Lua. Depois, discuta por que a Lua não colide com a Terra. Problema 1.5 Se uma pessoa em pé na entrada do primeiro andar do Sears Tower, em Chicago, pesa exatamente 68 kg, determine o peso dessa mesma pessoa no topo do prédio, a 442 m acima da entrada do primeiro andar. Qual deve ser a altura do topo do prédio para que o peso da pessoa seja 99% do valor na entrada do primeiro andar? Problema 1.6 Uma Super Bola é uma bola de brinquedo feita de uma borracha sintética dura chamada Zectron. Esse material tem coeficiente de restituição de forma tão elevado que, ao cair de certa altura sobre uma superfície dura e fixa, rebota a uma parcela considerável de sua altura original. Se a Super Bola tem 50 mm de diâmetro e a densidade do Zectron é de aproximadamente 1500 kg/m3, determine o peso da Super Bola. _Livro_Plesha.indb 21 17/09/13 15:51 22 Mecânica para engenharia: estática Problema 1.7 Um disco de hóquei no gelo é um pequeno cilindro achatado de borracha vulcanizada com 76 mm de diâmetro e 25 mm de espessura, com peso entre 156 e 170 kg. Calcule o intervalo de densidades da borracha, em unidades SI convencionais, que permitirá encontrar um disco nessas especificações. Problema 1.8 Converta os ângulos dados para as unidades indicadas. para rad. (a) para mrad. (b) rad para graus. (c) (d) mrad para graus. Problema 1.9 Muitos dos exemplos de falha discutidos na Seção 1.7 têm causas comuns, como as cargas que não foram previstas, a superestimação da resistência dos materiais, o uso imprevisto, etc. Identifique aqueles exemplos que têm causas comuns de falha e discuta que causas são essas. Nota: Problemas conceituais requerem explicações, não cálculos. _Livro_Plesha.indb 22 17/09/13 15:51