Eventos de 2006 atraíram grande público

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ATUALIZAÇÃO
Fotos Beatriz Araújo
Eventos de
2006 atraíram
grande público
CURSO NO PLAZA
Ao final de 2006 foi realizado o II Curso de
Colposcopia e Patologias do Colo Uterino,
Vagina e Vulva, no Centro de Eventos do
Hotel Plaza São Rafael. Palestrantes
renomados, entre eles, os professores José
Focchi, Cláudia M. Jacyntho, Edison Natal
Fedrizzi, Isa Maria Mello, Nelson Valente
Martins, Angelina Maia e Rita Maria Zanini,
garantiram o sucesso do evento.
Os conferencistas apresentaram, por meio de
power point, imagens de casos que foram
minuciosamente debatidos pelos especialistas. Foram abordados temas como
Colposcopia nas Lesões de Baixo e Alto
Grau - Erros Freqüentes em Colposcopia;
Síndromes Dolorosas Vulvares e a Prevenção
do Câncer na Mulher Histerectomizada –
Importância da Citologia e Colposcopia.
A vacina para o HPV gerou um debate
Professor Fedrizzi
falou sobre a vacina
para o HPV
coordenado sobre seus aspectos legais, sua
comercialização e as implicações éticas que
poderão advir do seu uso fora dos protocolos recomendados.
A Associação Brasileira de Genitoscopia –
ABG Capítulo RS, realizou em 2006 alguns
eventos em Porto Alegre, todos com grande
aprovação pelo público presente. As
atividades receberam colegas da Capital e do
interior, inclusive de outros Estados, além de
contar com a participação de estudantes e
residentes.
Em 4 e 5 de agosto ocorreu o
primeiro Curso de
Colposcopia Básica e
Avançada, realizado no auditório da AMRIGS,
com a participação do Dr. José Focchi e da
Dra. Julisa Chamorro Ribalta Lascasas,
professores da UNIFESP, de São Paulo. Foram
abordados temas práticos de grande interesse
na clínica diária, com ênfase às imagens
colposcópicas e laudos colposcópicos. Foram
apresentados também muitos casos clínicos
com discussão e participação dos colegas. A
direção da ABG Capítulo RS espera trazer
mais eventos práticos. Neste ano haverá um
curso no mês de outubro, especialmente
dirigido à vulvoscopia e patologias vulvares,
com a Dra. Angelina Maia, autora do Atlas de
Vulvoscopia.
Em outubro, Curso de Patologias
Vulvares e Vulvoscopia
Auditório lotado para assistir
o professor Focchi
A ABG - Capítulo RS promove, nos dias 26 e 27 de outubro, realiza Curso de
Patologias Vulvares e Vulvoscopia. Os palestrantes serão a Dra. Angelina Maia
(Recife), autora do Atlas de Vulvoscopia, e o Dr. Paulo Giraldo (SP). As inscrições devem ser feitas pelo telefone 051 3014.2025, com Aline. Investimento:
sócio da ABG/RS, isento; Não-sócio: R$ 100,00. Depósito bancário no Banco
do Brasil, agência 1249-1, conta: 20.330-0.
Quando: 26 e 27 de outubro
Horário: Sexta-feira, das 16h às 21h; Sábado, das 8h às 12h.
Local: Auditório da AMRIGS – Porto Alegre RS
LEIA
Os avanços da vacina contra o câncer de colo uterino
A experiência de colega gaúcho em Houston
Págs. 2 e 3
Pág.4
EXPEDIENTE
ARTIGO
A vacina contra o câncer de colo uterin
Centro AMRIGS
Av. Ipiranga, 5.311
Porto Alegre – RS - 90.610-001
Fone (51) 3339-2899 Ramal 115
[email protected]
Diretoria
PRESIDENTE
Dr. Manoel Afonso Guimarães Gonçalves
VICE-PRESIDENTE
Dr. Ricardo dos Reis
1ª SECRETÁRIA
Dra. Fabíola Zoppas Fridman
2ª SECRETÁRIA
Dra. Adriane Camozzato Fonte
TESOUREIRA
Dra. Margot Ranck
Informativo ABG – Capítulo RS
Jornalistas responsáveis
Adelar de Oliveira (MTb 6473)
Beatriz Araújo (MTb 8044)
Produção Gráfica: Textual Assessoria &
Comunicação - Fone: 51 3023.2049
Projeto Gráfico: Liege Menta Grandi
Impressão: ANS Gráfica e Fotolito
Tiragem: 3.000 exemplares
PROGRAMAÇÃO CIÊNTIFICA 2007
Os artigos assinados no Informativo
da ABG são de inteira responsabilidade
dos seus autores.
14º Congresso Brasileiro de Genitoscopia
e Patologia do Trato Genital Inferior
Promovido pela Associação Brasileira de
Genitoscopia - de 26 a 29 de setembro,
em Salvador/BA
Informações: ww.genitoscopia2007.com.br ou
www.eventussystem.com.br - (71) 2104-3477
ATENÇÃO: No dia 30 de setembro, ao final
do Congresso, será realizada a prova para
obtenção do Título de Qualificação em
Genitoscopia. Haverá curso preparatório
durante o evento. Informações no site
www.genitoscopia2007.com.br
Curso de Patologia Vulvar
Presença da Dra. Angelina Maia
Promoção da Associação Brasileira de
Genitoscopia, Capítulo RS - de 26 e 27 de
2
Informativo ABG - AGO/07
A vacinação é uma das maiores descobertas
na medicina. Em 1904 foi realizada a 1ª campanha de vacinação em massa no Brasil. Essa campanha foi idealizada por Osvaldo Cruz com o
objetivo de controlar a varíola que dizimava na
ocasião parte da população do Rio de Janeiro. A
vacinação é procedimento médico com potencial
extraordinário para reduzir morbimortalidade,
controlar e, até mesmo, erradicar doenças.
As imunizações não são iguais em sua eficácia. Entre as variáveis que condicionam a resposta imune podemos citar as características de cada
imunobiológico e as do hospedeiro. As características das vacinas dependerão de sua natureza,
ou melhor, do tipo de antígeno presente na vacina. Assim, as vacinas podem ser inativadas ou
vivas atenuadas (viral e bacteriana). Não existe a
combinação de vacinas inativadas e atenuadas,
ou seja, pela própria composição da vacina todos os seus antígenos serão inativos ou atenuados.
“O câncer de colo do útero é o
segundo tipo de câncer mais
comum entre as mulheres.”
No que diz respeito à estimulação do sistema imunitário, em geral, os antígenos inativados
são menos competentes do que as vacinas elaboradas com microorganismos vivos atenuados e,
outubro, no Auditório da AMRIGS/ POA/RS
Informações: (51) 3014-2001, com Aline
52º Congresso Brasileiro de
Ginecologia e Obstetrícia
Promovido pela FEBRASGO e Sociedade
Cearense de Ginecologia e Obstetrícia - de 13
a 17 de novembro, em Fortaleza/Ceará
Informações: www.socego.com.br ou
www.febrasgo.org.br - Agência oficial:
www.naja.tur.br (85) 3244-2423
XV Congresso Sul-Rio-Grandense
de Ginecologia e Obstetrícia
Promovido pela SOGIRGS - de 30 de
novembro a 1º de dezembro, a ser realizado
no Centro de Eventos da AMRIGS/POA/RS
Inf.: (51) 3311-9456 (Plenarium Eventos)
conseqüentemente, do que o agente etiológico
selvagem contra o qual se busca a proteção. Desta forma, para melhorar a resposta imunológica
das vacinas inativadas lança-se mão de alguns
artifícios: aplica-se em mais doses (por exemplo,
anti-hepatite B e tríplice bacteriana são 3 doses)
e coloca-se adjuvante que, em geral, é o alumínio
(como é o caso das vacinas contra o HPV).
No mundo, o câncer de colo do útero é o
segundo tipo de câncer mais comum entre as
mulheres. De acordo com dados da organização
Panamericana da Saúde, a América Latina e o
Caribe apresentam algumas das mais altas taxas
de incidência e mortalidade por câncer de colo do
útero, superadas apenas pela África Oriental. Em
termos mundiais são diagnosticados 471.000 casos novos de câncer de colo do útero por ano e
cerca de 240.000 mulheres morrem a cada ano,
vítimas desta doença.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão oficial do Ministério da Saúde, o número de novos casos de câncer do colo
do útero esperados para o Brasil em 2006 foi de
19.260, com um risco estimado médio de 20 casos a cada 100.000 mulheres e o número de óbitos chegando a 4.000 este ano.
“O RS tem 30,90 casos em
cada 100 mil mulheres.”
A extensão do nosso território e as dificuldades em uma notificação adequada fazem com que
observemos distribuições regionais muito
díspares. Assim, temos o Rio Grande do Sul com
30,90 casos/100.000 mulheres, o Amazonas com
29,29 casos /100.000 mulheres e o Paraná com
27,52 casos /100.000 mulheres. As menores estimativas são encontradas no Acre, Rondônia,
Minas Gerais, Bahia, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, com risco estimado entre 8,4 e 16,37
a cada 100.000 mulheres.
Na etiologia do câncer de colo uterino, o HPV
é o agente fundamental para o seu estabelecimento. Existem mais de 200 tipos de HPV identificados e cerca de 30 tipos afetam especificamente a área genital. A transmissão viral é feita
basicamente por contato sexual.
Segundo dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS), mais de 630 milhões de homens e
no
Dr. Manoel Afonso Guimarães Gonçalves
mulheres, ou seja, um em cada dez pessoas, estão infectados pelo HPV no mundo. Estima-se
que 50% das mulheres serão infectadas por HPV
pelo menos uma vez em suas vidas. No Brasil,
essa incidência varia de 50% a 70%. Embora a
maioria das infecções por HPV desapareça sem
tratamento, cerca de 99,7% dos casos diagnosticados de câncer do colo do útero estão relacionados a uma infecção por HPV.
“Tipos específicos de HPV podem
causar diferentes alterações genitais.”
Os tipos 16 e 18 são encontrados em 70%
dos casos de câncer de colo do útero, neoplasia
intraepitelial cervical III, adenocarcinoma in situ,
neoplasias intraepiteliais vulvares II e III,
neoplasias intraepiteliais vaginais II e III. Estes
tipos também correspondem a 50% dos casos de
neoplasias intraepiteliais cervicais II. Já os HPVs
de tipos 6 e 11 são responsáveis por aproximadamente 90% dos casos de verruga genital e de
lesões benignas do colo do útero. Os 4 tipos
virais (6, 11, 16 e 18) causam aproximadamente
35% a 50% de todas as lesões cervicais, vaginais
e vulvares de baixo grau (NIC I, NIV I e NIVA I).
A vacina quadrivalente contra os tipos 6, 11,
16 e 18 de HPV é um composto que reúne em
uma única vacina partículas semelhantes aos vírus (chamadas VLPs) dos quatro principais
subtipos de HPV causadores de verrugas genitais
e câncer de colo do útero. As VLP são proteínas
semelhantes aos vírions do tipo selvagem, mas
não contêm DNA viral, por isso não podem
infectar as células ou se reproduzirem. A eficácia
da vacina quadrivalente contra o HPV foi avaliada em quatro estudos clínicos controlados com
placebo duplo-cego, randomizados, fases II e III,
que avaliaram 20.541 mulheres, em 33 países,
com idade entre 16 e 26 anos.
“No Brasil, a vacina foi
estudada em 15 centros...”
No Brasil, a vacina foi estudada em 15 centros e envolveu 20 investigadores e mais de 3.400
pacientes. Todas as participantes do estudo foram acompanhadas durante até 5 anos após o
início das pesquisas.
Até o presente momento estes estudos clínicos demonstraram que a vacina alcança 100% de
eficácia na prevenção de cânceres cervicais, précânceres vulvares e vaginais relacionados com
HPV 16 e 18 em mulheres que não haviam sido
expostas a esses tipos de HPV; 95% de eficácia
na prevenção de displasias cervicais de baixo grau;
e 99% de eficácia nos casos de verrugas genitais
causadas pelo HPV tipos 6 ou 11.
A vacina é profilática, isto é, precisa atuar
em pacientes que não tiveram contato com o agente viral. Embora não possa alterar o desenvolvimento de uma infecção já presente, os estudos
também indicaram que mulheres previamente
infectadas com um ou mais tipos de HPV contidos na vacina também são protegidas contra as
doenças clínicas causadas pelos demais tipos
combatidos pela vacina quadrivalente (por exemplo: uma mulher que já esteja infectada pelo HPV
16, se for vacinada, poderá obter proteção contra os tipos 6, 11 e 18).
A vacina (dividida em 3 doses) deve ser utilizada por pacientes na faixa etária indicada de 9
a 26 anos, sendo que a 1ª dose pode ser injetada
a qualquer momento, a segunda e a terceira doses
em dois e seis meses, após a dose inicial, respectivamente.
Em todos os estudos clínicos, a vacina foi,
em geral, bem tolerada. Os efeitos colaterais ocorreram em proporções próximas às do placebo e
se limitaram a dor, inchaço, prurido e eritema no
local da aplicação, além de febre.
“Pouco tempo de aplicabilidade.”
A comercialização da vacina no nosso meio,
iniciada há aproximadamente 3 meses, vem ocorrendo de forma lenta com pequena procura por
parte dos pacientes que estariam no grupo que
ela possui indicação. Quais as razões para a baixa comercialização? Seria realmente o seu custo?
Acreditamos que o custo possa ser mais um
empecilho, pois mesmo a população com boa
condição sócio-econômica não tem a segurança
da sua efetividade, tendo efetuado pouco essa
atitude preventiva.
A população que já pode efetuar seu uso dos
9 aos 26 anos passa por uma série de dificuldades. A precocidade da primeira relação sexual neste
grupo de mulheres impõe aos pais a necessidade,
muitas vezes difícil, de efetuarem a prevenção de
um problema que envolve a sexualidade e que,
como doença final, o câncer de colo uterino, terá
um pico de ocorrência 25 a 30 anos após.
O pouco tempo da sua aplicabilidade clínica
faz com que os ginecologistas, juntamente com
os pais, se sintam inseguros na sua utilização.
Soma-se a estes fatos o comportamento das
mulheres naquela faixa etária. Poucas jovens vão
ao ginecologista antes de iniciar a sua vida sexual
e, como já foi relatado, 36% a 48% terão adquirido o HPV no final do 1º ano, perdendo a importância básica da vacina, que é a prevenção (utilização antes de adquirir o agente viral).
“... 50% das brasileiras devem
ter contato com o HPV em
algum momento da vida.”
Quando nos afastamos da prevenção, podemos estar criando condições para novos ou antigos problemas. Supondo que já possamos determinar o tipo viral presente como infecção transitória ou latente (como o é aquela pelo HPV) e
assim o façamos, poderemos estar criando um
problema com este conhecimento, antes de soluções. O tempo médio de infecção pelos HPVs de
baixo risco, como o 6 e o 11, é de aproximadamente 6 meses.
Já para os tipos virais de alto risco, como o
16 e o 18, a infecção transitória é de 8,4 meses.
Estima-se que aproximadamente 50% da população feminina brasileira entre em contato com o
HPV em algum momento de sua vida. Contudo,
nem todas estas mulheres desenvolverão doença. Aqui cabe ressaltar que a identificação do
agente viral e a forma como esta informação chega à paciente podem decretar uma falsa sentença
de doença.
A prévia seleção das pacientes que já estejam contaminadas por algum agente viral através
da determinação do tipo viral talvez traga mais
danos que benefícios. A utilização da vacina em
pacientes que já possuam qualquer dos tipos de
HPV, buscando uma ação preventiva contra os
que não foram adquiridos, assim como os cruzamentos que poderão levar a outras proteções pela
vacina, ainda merecem considerações.
Enfim, no meio de tantos fatores e dificuldades, devemos, porém, entender a importância
deste novo caminho preventivo, que, cientificamente já comprovado, precisa do tempo para
solidificar conceitos já existentes e acrescer novos, dando segurança na sua utilização.
Presidente da ABG/RS, é professor
da Graduação e Pós-Graduação do
Curso de Medicina da PUC/RS
Informativo ABG - AGO/07
3
ARTIGO
Uma fantástica experiência no
MD Anderson Cancer Center
No período de 15 de julho de 2006 a 31 de março passado, organizei,
no MD Anderson Cancer Center, em Houston (EUA), um Banco de
Dados de pacientes tratadas por Histerectomia Radical. De 1990 até
dezembro de 2006, foram 482 pacientes avaliadas e, deste banco de
dados, organizamos até o momento sete estudos. Abaixo transcrevo o
resumo de um dos estudos que realizamos durante esse período, que
serviu para a minha defesa de Tese de Doutorado aqui na UFRGS.
OBJETIVO: com o intuito de avaliar se a histologia (adenocarcinoma
vs carcinoma adeno-escamoso) é um
indicador prognóstico independente em pacientes com câncer de colo
uterino estádio IB1, após histerectomia radical.
MÉTODO: todas as pacientes com
adenocarcinoma ou carcinoma
adenoescamoso que foram submetidas à histerectomia radical entre
outubro de 1990 e dezembro de
2006, na Universidade do Texas
M.D. Anderson Cancer Center, foram avaliadas. Dados clínico-patológicos coletados incluíram idade,
estádio da doença, grau histológico,
status dos linfonodos pélvicos,
envolvimento parametrial, profundidade de invasão estromal, evidência de invasão dos espaços linfovasculares (IELV) e terapia
adjuvante. As pacientes foram
categorizadas como doença de “baixo risco” ou “alto risco” dependendo dos achados patológicos finais.
RESULTADOS: identificamos 126
pacientes com câncer de colo uterino
estádio IB1 de carcinoma
adenoescamoso (n = 29) ou
adenocarcinoma (n = 97). O seguimento (mediana) das pacientes foi
de 79 meses (variação 1,7-184,6). A
idade (mediana) foi 40,3 anos para
pacientes com adenocarcinoma e
35,2 anos para pacientes com carcina
adenoescamoso (P = 0,88). Grau
histológico III e IELV foram mais comuns em pacientes com tumores
adenoescamosos, do que em pacientes com adenocarcinoma (85 % vs
16 %; P < 0,01 e 56,5 % vs 32,8 %;
P = 0,04 respectivamente).
Histologia não foi associada com
envolvimento de linfonodos pélvicos
ou envolvimento parametrial.
Não havia diferença nos índices de
recorrência entre os dois grupos
histológicos. Porém, o tempo até a
recorrência foi menor para pacientes com carcinoma adenoescamoso
(7,9 meses vs 15 meses; P = 0,01).
Não havia diferença entre os tipos
celulares com relação aos índices de
recorrência e sobrevida livre de
recorrência nos grupos de baixo e
alto risco.
CONCLUSÃO: não evidenciamos
que subtipo histológico afeta o
prognóstico. Entretanto, o tempo
até a recorrência foi menor em pacientes com carcinoma adenoescamoso. Nosso estudo sugere que, em
paciente com carcinoma adenoescamoso ou adenocarcinoma estádio
IB1, a presença de fatores de alto
risco é mais importante do que o
subtipo histológico. Também tive a
chance de participar de dois congressos americanos. Um, em Las
Vegas, no mês de novembro, de
videolaparoscopia, e outro no SGO,
em San Diego, em março último.
A minha experiência dentro do
MDACC foi fantástica por vários
motivos: primeiro, pelo fato de trabalhar com um grupo de médicos
extremamente organizados, focados
no objetivo principal do projeto e
com um nível de produção científica altíssimo. Além disso, me chamou a atenção o nível de respeito e
coleguismo entre os profissionais
que trabalhavam no Departamento
de Ginecologia Oncológica.
Dr. Ricardo dos Reis
Vice-presidente ABG
Capítulo RS
LÍQUEN ESCLEROSO
O líquen escleroso é uma doença de pele
crônica comumente encontrada na região genital
feminina, caracterizada por inflamação e atrofia
do epitélio e alteração da anatomia vulvar. Os
sintomas mais comuns são prurido (99%),
irritação vulvar e dispareunia, geralmente ocorrendo após a menopausa. As áreas mais afetadas são os pequenos e grandes lábios, podendo
ocorrer no clitóris, períneo e região perianal.
Existe um risco de 2,5% de desenvolvimento
de carcinoma de células escamosas.
Em 1987, a ISSVD (International Society
for the Study of Vulvovaginal Diseases) propôs
uma modificação na terminologia da distrofia
vulvar para desordens epiteliais não-neoplásicas
da pele e mucosa vulvar que inclui a hiperplasia
de células escamosas, líquen escleroso e outras
dermatoses. O líquen é, portanto, uma desordem não-neoplásica, e o tratamento recomendado tem por objetivo prevenir a progressão da
doença e melhorar a sintomatologia.
TESTOSTERONA E CORTICÓIDE
Embora múltiplos regimes terapêuticos
tenham sido propostos, a testosterona e
corticóide tópicos são os mais utilizados. A
testosterona tópica apresenta um efeito trófico
positivo no epitélio vulvar, que é rico em receptores para andrógenos. Os corticosteróides
têm um efeito benéfico reduzindo o processo
inflamatório e a resposta imune local.
Há poucos trabalhos na literatura comparando a efetividade do propionato de
testosterona a 2% e o clobetasol 0.05% no tratamento do líquen escleroso vulvar. No entanto, todos sugerem uma resposta melhor com
taxa de remissão maior quando utilizado o
corticóide tópico. Em estudo recente comparando o uso de testosterona tópica versus
clobetasol no tratamento de líquen escleroso
vulvar, o clobetasol foi superior a testosterona
tanto na indução da remissão como na manutenção da terapia.
No tratamento do líquen escleroso recomenda-se uma higiene evitando alérgenos e irritantes, roupas íntimas de algodão e evitando-se roupas apertadas e quentes. A terapia com corticóide
tópica é a primeira escolha na remissão, manutenção e recorrência do líquen escleroso vulvar.
Há inúmeros esquemas para utilização do
clobetasol. Neste estudo, recomenda-se o
clobetasol duas vezes ao dia por 6 semanas,
após uma vez ao dia por 6 semanas e duas vezes
por semana por 3 meses para manutenção. Na
persistência da sintomatologia, reavaliar a possibilidade de neoplasia associada.
Ayhan A. et al Topical testosterone versus
clobetasol for vulvar lichen sclerosus . Int J
Gynecol and Obstetr(2007)96,117-121
Dra. Adriane Camozzato Fonte
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