Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Domingos Gomes de Aguiar Filho Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional INDICE CAPITULO 1: ORIGEM E FORMAÇÃO DAS ROCHAS................................02 CAPITULO 2: ROCHAS IGNEAS OU MAGMÁTICAS...................................04 CAPITULO 3 PETROLOGIA SEDIMENTAR..................................................21 CAPITULO 4: ROCHAS METAMORFICAS....................................................40 BIBLIOGRAFIA:...............................................................................................48 Mineração – Petrologia 1 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPITULO 1: ORIGEM E FORMAÇÃO DAS ROCHAS Magma: Corresponde ao estado de fusão dos constituintes formadores da terra e, principalmente, formadores da crosta (SiO2; Al2O3; FeO; MgO; CaO; Na2O; K2O). Rocha: É um agregado natural de um ou mais minerais, ou vidro vulcânico, ou ainda matéria orgânica, e que faz parte importante da crosta sólida da terra. RESFRIAMENTO + CONSOLIDAÇÃO MAGMA ROCHA ÍGNEA Pela origem da terra, as rochas ígneas teriam sido as premerias a se formarem. Após a sua formação, as rochas ígneas passaram a sofrer a ação físico-química e biológica dos agentes atmosféricos, o que leva a instabilização de seus minerais e a formação do solo residual. A este processo, denominamos de intemperismo. INTEMPERISMO ROCHA ÍGNEA SOLO RESIDUAL O solo residual formado fica sujeito à ação de fluxo da água, do ar, do gelo, do impacto dos grãos e começa a sofrer erosão. O grão solto passa a ser transportado, através de um agente transportador, e deposita-se em regiões baixas e planas, passando a ser denominado de sedimento. EROSÃO + TRANSPORTE + DEPOSIÇÃO SOLO RESIDUAL Mineração – Petrologia SEDIMENTO 2 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O sedimento formado pode ser levado a grandes profundidades por situações tais como a choque de placas, de forma que fica sujeito a ação de altas temperaturas e pressão. Neste caso, o sedimento passa a sofrer o processo de litificação, tornando-se uma rocha sedimentar. LITIFICAÇÃO SEDIMENTO ROCHA SEDIMENTAR Caso haja a continuidade do choque de placas (subsidência) a rocha sedimentar ou ígnea poderá atingir profundidades de 5 a 20 km, onde as temperaturas e pressões provocam mudanças mineralógicas que são denominadas de metamorfismo. As rochas resultantes da ação destes processos são denominadas de rochas metamórficas. METAMORFISMO ROCHA SEDIMENTAR ROCHA METAMÓRFICA Tendo continuidade o aumento de profundidade, a rocha atingirá temperaturas e pressões tais que podem provocar a sua fusão total ou parcial, formando novamente o magma. FUSÃO ROCHA METAMÓRFICA MAGMA Resumo: A formação das rochas se dá por resfriamento do magma, consolidação de depósitos sedimentares e metamorfismo. Mineração – Petrologia 3 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPITULO 2: ROCHAS IGNEAS OU MAGMÁTICAS Rochas ígneas (ou magmáticas) são aquelas originadas através do resfriamento e consolidação direta de uma massa em fusão, denominada de magma, o qual é gerado em regiões profundas da Terra, sob condições de temperatura e pressão elevadas. Dada a sua origem, a natureza das rochas ígneas depende em grande parte da composição química dos magmas a partir dos quais foram formadas. Os magmas são constituídos essencialmente por silício, alumínio, ferro magnésio, cálcio, sódio e potássio combinados, formando moléculas minerais mais ou manos dissociadas. Além destes constituintes, os magmas contêm ainda outros, em proporção relativamente diminuta, incluindo água e outros constituintes voláteis (flúor, cloro, boro, fósforo, arsênio, etc.). Quando um magma se resfria, cada mineral cristaliza, à medida que alcança o seu ponto de supersaturação. Alguns minerais existentes na massa fluida cristalizam mais precocemente do que os outros e, assim, na maioria das rochas ígneas, pode ser determinada uma ordem mais ou menos definida de cristalização dos vários constituintes minerais. Em geral, os minerais escuros e os que contêm as menores quantidades de sílica são os que cristalizam em primeiro lugar; os minerais ricos em sílica são os últimos. O fracionamento do magma pela cristalização decorre das diferentes temperaturas de cristalização dos minerais. Com o progresso da cristalização, existe tendência à manutenção do equilíbrio entre as fases sólidas e líquidas. Quando a temperatura baixa, os cristais precoces reagem com o líquido e mudam de composição. Esta reação pode ser progressiva, produzindo uma sucessão de soluções sólidas homogêneas. No caso dos feldspatos plagioclásicos, os cristais precoces são os mais ricos em Ca. Quando a reação continua e a temperatura cai os cristais tornam-se progressivamente mais sódicos. As alterações desta natureza constituem uma série de reação contínua de Bowen (Fig. 1.1). Certos minerais ferromagnesianos, quando o resfriamento e a reação continuam, transformam-se, a temperaturas definidas, em outros minerais, com estrutura cristalina diferente. Estas mudanças abruptas constituem uma série de reação descontínua de Bowen (Fig. 1.1). Mineração – Petrologia 4 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Quando a reação entre cristais e líquido se completa, os minerais da rocha final não são os precoces, mas os últimos que se formaram. Mas se a reação não for completa, devido à rapidez de resfriamento ou outras razões, os cristais precoces de ambas as reações podem persistir como componentes da rocha final. É por isto que se observam feldspatos zonados e cristais de um mineral ferromagnesiano envolvidos por camadas de outro. Figura 2.1: Diagrama de Bowen. 2.1 Condições de formação das rochas ígneas Quanto às condições de formação das rochas ígneas, elas podem ser subdivididas em intrusivas e extrusivas (ou efusivas, ou vulcânicas). As intrusivas, por sua vez, são subdivididas em dois grupos: as intrusivas de grandes tamanhos e profundidade, denominadas de plutônicas, e as intrusões menores, situadas mais próximas da superfície, chamadas de hipoabissais. Rochas plutônicas: São aquelas consolidadas em regiões profundas na crosta (vários quilômetros abaixo da superfície terrestre), sob condições de altas P e T. O resfriamento do magma é relativamente lento, as reações entre fase sólida e líquida são favorecidas, com tendência a desenvolvimento de cristais maiores e diferenciação acentuada dentro da câmara magmática. Portanto, as rochas ígneas originadas em Mineração – Petrologia 5 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional regiões profundas da crosta, possuem textura grossa e seus constituintes minerais podem ser reconhecidos e diferenciados, usualmente, a olho nu. Rochas hipoabissais: São as rochas formadas em profundidades menores da crosta, ou seja, mais próximas da superfície, resultando da consolidação de magma que penetra em fraturas e cavidades das rochas encaixantes. Apresentam características intermediárias entre as rochas plutônicas e as extrusivas. Rochas extrusivas (ou vulcânicas ou efusivas): Formam-se pelo resfriamento e solidificação de material magmático (lava) que extravasou à superfície da Terra, resfriando-se e solidificando-se rapidamente, sob condições relativamente baixas de P e T. Sob essas condições, as partículas minerais ainda não solidificadas têm oportunidade reduzida para crescer, resultando numa rocha de granulação fina. Em algumas situações o resfriamento é tão rápido que se torna impossível a separação de qualquer mineral, originando vidro vulcânico. A) Stock B) Batólito C) Lacólito D) Batólito (magma) E) Dique F) Soleira (sill) G) Conduto vulcânico H) Edifício vulcânico I) Lava vulcânica J) Cone de cinzas K) Neck Fig. 2.2- Bloco diagrama mostrando as relações estruturais de vários corpos ígneos intrusivos e extrusivos, e as rochas encaixantes. Fig. 2.3 – Representação de um Stock. Mineração – Petrologia 6 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.2. Forma de ocorrência das rochas ígneas As rochas ígneas apresentam determinadas formas de ocorrência, merecendo destaque: Formas extrusivas: a) Derrame: quando o magma é pouco viscoso, grandes volumes de lava altamente fluida, subsilicosa e escura, extravasam à superfície da Terra através de longas e profundas fissuras, originando corpos tabulares extensos (derrames) que acompanham a superfície do terreno (p.e. derrames basálticos da Bacia do Paraná). O vulcanismo que origina estes derrames é denominado vulcanismo do tipo fissural (Fig. 2.4A); b) Vulcanismo do tipo central (erupção central): volumes menores de lava extravasadas de um conduto central constroem cones (edifícios) vulcânicos de dois tipos: • Vulcões em escudo: edifícios com flanco suave, resultantes de extrusão periódica de lavas fluidas, subsilicosas (vulcões havaianos - Fig. 2.4B); • Estrato-vulcões: cones com flancos mais abruptos, resultantes da sucessão de extrusões de lavas mais viscosas (ricas em sílica) e extrusões explosivas de materiais piroclásticos (cinzas, lapili). Constituem evidências de vulcanismo desse tipo os riolitos de Castro, no Paraná, e de Campo Alegre, em Santa Catarina, com idade de 450 Ma (Fig. 2.4C). • Estromboliano: o cone vulcânico é formado essencialmente por material piroclástico, em conseqüência de emissões explosivas devidas à maior viscosidade das lavas. O declive das encostas atinge cerca de 40o e a altura oscila em torno de 300 metros (Fig. 2.4D). Mineração – Petrologia 7 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 2.4 – Principais tipos de vulcões: (A) fissural, (B) havaiano, (C) estrato vulcão, (D) estromboliano. Formas intrusivas: Quando o magma consolida-se no interior da crosta são originadas rochas ígneas denominadas intrusivas, cuja forma dependerá da estrutura geológica e da natureza das rochas encaixantes. Se o magma, ao penetrar na crosta, acompanhar as orientações das rochas encaixantes (foliação e xistosidade das rochas metamórficas, acamamento das rochas sedimentares), a forma originada será concordante. Em caso contrário, quando o magma rompe as orientações das encaixantes, obedecendo principalmente as estruturas rúpteis como falhas e fraturas, originam-se as formas discordantes. Estas são mais freqüentes nas porções superiores da crosta, onde os materiais têm comportamento mais rígido (rúptil): a) Formas concordantes • Soleira (ou sill): corpos extensos e pouco espessos, de forma tabular (magma subsilicoso pouco viscoso) (Fig. 2.3, 2.5 e 2.6); • Lacólito: corpos intrusivos lenticulares plano-convexos, formando-se cúpula na capa (magma enriquecido em sílica, mais viscoso) (Fig. 2.2 e 2.6); • Lopólito: corpos lenticulares de grandes dimensões, côncavo-convexos, deprimidos na parte central (encaixados em sinclinais) (Fig. 2.6); • Facólito: corpos lenticulares convexo-côncavos, alçados na parte central (encaixados em anticlinais). b) Formas discordantes • Dique: corpos tabulares extensos de possança variável (cm até km) preenchendo fraturas formadas por esforços distensivos; existem grupos de diques radiais (disposição radial em relação a um centro), anelares (concêntricos) e em enxames (paralelos) (Fig. 2.2, 2.6 e 2.7); • Chaminé (neck): formas cilíndricas verticais (diâmetro de metros a pouco mais de 1 km), correspondendo à exumação, pela erosão, de antigos condutos vulcânicos (Fig. 2.2 e 2.8); • Apófise: formas ramificadas irregulares derivadas de corpos maiores (lacólitos, batólitos); Mineração – Petrologia 8 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional • Batólito: grande massa contínua de rocha magmática muito antiga, cortando discordantemente as rochas encaixantes, apresentando mais de 100 km2 de superfície (Fig. 2.2 e 2.3); • Stock: menor que o batólito (menos de 100 km2 de superfície) (Fig 2.3). Fig. 2.5 – Foto mostrando soleiras e diques alimentadores das mesmas. Mineração – Petrologia 9 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig. 2.5 A – Representação esquemática tridimensional de corpos ígneos concordantes e discordantes. Fig.2.6 - Corpos ígneos intrusivos: Soleira, Lacólito e Dique. Fig. 2.7 – Dique aflorado por denudação. Mineração – Petrologia Fig. 2.8- Neck vulcânico. 10 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.3. Estrutura das rochas ígneas O arranjo geométrico dos componentes maiores constitui a estrutura das rochas. As principais estruturas presentes nas rochas ígneas são: a) Vesículas: são vazios provocados pela expansão e aprisionamento de gases. Apresentam formas esféricas, elípticas, cilíndricas ou irregulares, e ocorrem em rochas vulcânicas; b) Amídalas: vesículas preenchidas com minerais secundários (calcita, zeólitas, quartzo, opala, calcedônia); c) Estrutura fluidal: arranjo paralelo linear ou planar dos minerais precoces devido ao escorrimento da lava em solidificação; d) Zoneamento (ou variações de granulação e composição): nos contatos ou bordas dos corpos magmáticos, onde o resfriamento é mais rápido, podem desenvolver-se zonas de granulação mais fina; próximo ao teto do plúton (corpo intrusivo) concentram-se gases e fluidos finais mais leves, pouco viscosos, que dão origem a texturas grossas, pegmatóides, e tipos rochosos enriquecidos em minerais contendo elementos voláteis (turmalina, topázio, fluorita); e) Diáclases: fraturas originadas pela diminuição de volume em consequência do resfriamento, solidificação e alívio de carga. Fig. 2.9– Basalto vesicular. Mineração – Petrologia Fig. 2.10– Basalto amidaloidal. 11 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Fig. 2.11 – Riolito com estrutura fluidal. Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig. 2.12 – Basalto diaclasado. 2.4 Texturas das rochas ígneas A textura refere-se ao grau de cristalização, ao tamanho dos grânulos (ou granulação) e às relações geométricas entre os constituintes de uma rocha. Tais aspectos são controlados pela velocidade e ordem de cristalização, o que depende da temperatura inicial, velocidade de resfriamento, composição, conteúdo em gás, viscosidade, pressão, lançando muita luz sobre as condições de formação das rochas ígneas. Quanto ao grau de cristalização as rochas ígneas podem ser classificadas em: a) Holocristalinas: compostas inteiramente de cristais (p.e. granito); b) Holohialinas: compostas inteiramente de vidro (p.e. obsidiana); c) Hipocristalinas ou mesocristalinas: contêm tanto vidro como cristais (p.e. basalto). Quanto à granulação, as rochas ígneas podem ser classificadas em: a) Afaníticas: quando a maior parte dos constituintes é tão pequena que não pode ser visíveis e caracterizados a olho nu; b) Faneríticas: quando é possível individualizar a maior parte dos constituintes a olho nu. São subdivididas em: b.1) fina: diâmetro da maior parte dos cristais menor que 1 mm; Mineração – Petrologia 12 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional b.2) média: diâmetros entre 1 e 5 mm; b.3) grossa: diâmetros entre 5 mm e 3 cm; b.4) muito grossa: diâmetros acima de 3 cm; Quanto às relações geométricas entre os constituintes das rochas ígneas, os cristais podem ser: a) Euédricos (ou idiomórficos ou automórficos): quando os cristais apresentam formas características, completamente limitadas por faces; b) Subédricos (ou hipidiomóficos): cristais apenas parcialmente limitados por faces; c) Anédricos (ou alotriomórficos ou xenomórficos): cristais desprovidos de faces. Quanto ao tamanho relativo dos cristais constituintes de uma rocha ígnea, a textura pode ser: a) Equigranular: quando os minerais da rocha ígnea possuem aproximadamente o mesmo tamanho; b) Inequigranular: quando ocorrem diferenças pronunciadas no tamanho dos minerais que formam a rocha. Neste caso, grandes cristais (pórfiros ou fenocristais) acham-se envolvidos por uma matriz de granulação fina, refletindo, em alguns casos, mudanças abruptas de temperatura durante a cristalização. Quando a rocha é inequigranular a mesma apresenta textura porfirítica. c) Textura gráfica ou micrografia: intercrescimentos de quartzo e feldspato alcalino, por cristalização simultânea ou substituição; o quartzo é comumente cuneiforme, assemelhandose a inscrições rúnicas; d) Textura ofítica: ripas de plagioclásio são parcial ou totalmente envolvidas por cristais maiores (normalmente de piroxênio); comum em gabros, diabásios e basaltos; d.1) Textura subofítica: as ripas de plagioclásio são maiores que os cristais de piroxênio, e são só parcialmente envolvidas por estes; d.2) Textura hialofítica: o vidro substitui o piroxênio na textura ofítica; As relações geométricas permitem interpretar a ordem de cristalização: a) Quando um mineral está envolvido por outro, o mineral envolvente é o mais jovem; Mineração – Petrologia 13 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional b) Os cristais precoces tendem a ser mais euédricos que o tardios; c) Quando cristais grandes e pequenos coexistem, os grandes começaram a desenvolver-se primeiro. 2.5 Classificação das rochas ígneas As características principais que permitem classificar as rochas ígneas são: a) Composição química (e minerais constituintes), que reflete a composição do magma original e suas transformações, em determinados ambientes tectônicos; b) Textura ou granulação, que reflete principalmente as condições de formação das rochas, mas também os estádios de consolidação do magma. Outras formas de classificação referem-se ao teor em sílica, índice de cor das rochas ígneas. O teor de sílica reflete a quantidade total de sílica (SiO2) presente na rocha ígnea, tanto na forma de quartzo (sílica livre), quanto combinado com outros elementos químicos, formando silicatos diversos. De uma forma geral, a quantidade total de sílica nas rochas ígneas varia de 30 a 80%. Quanto ao teor em sílica as rochas ígneas podem ser: a) Ácidas: mais de 65% de SiO2; apresentam quartzo (mais de 10%) e feldspatos, os feldspatóides estão ausentes (granitos); b) Intermediárias: 52% < SiO2 < 65%; apresentam feldspatos (plagioclásio andesina), podem apresentar feldspatóides, quartzo em pequena quantidade (dioritos, sienitos); c) Básicas: 45% < SiO2 < 52%; Plagioclásio (labradorita e bitownita) e piroxênio (hiperstênio e augita), quartzo ausente (gabros, basaltos); d) Ultrabásicas: menos de 45% de SiO2; apresentam olivina e piroxênio. Os feldspatos e o quartzo estão ausentes ou são raros (dunitos e piroxenitos). A cor é também um critério de classificação, visto que os minerais ferromagnesianos (biotita, piroxênios, anfibólios, olivinas), denominados máficos, são usualmente escuros e mais densos, e caracterizam as rochas básicas e ultrabásicas. Já os minerais geralmente desprovidos de ferro e magnésio, denominados félsicos (quartzo, feldspatos, feldspatóides, moscovita) são claros e leves, e caracterizam as rochas ácidas. Na classificação de Shand, calcada no volume de minerais escuros, distinguem-se as seguintes classes: Mineração – Petrologia 14 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional a) Rochas leucocráticas: menos de 30% de máficos; b) Rochas mesocráticas: 30% a 60% de máficos; c) Rochas melanocráticas: 60% a 90% de máficos; d) Rochas hipermelanocráticas: mais de 90% de máficos. Classificações mineralógicas O conteúdo mineralógico reflete a composição e história evolutiva do magma, e é uma base fundamental de classificação. Entre os minerais dominantes da rocha, identificam-se: a) Minerais essenciais: sua presença é indispensável para se atribuir o nome de uma rocha (p.e. quartzo no granito, nefelina ou outro feldspatóide no fonólito); b) Minerais acessórios: aparecem em menor quantidade, e são eventuais (não são indispensáveis); podem ser classificados em acessórios característicos (mais de 5% da rocha) ou acessórios secundários (menos de 5%). Como já foi visto anteriormente, a presença ou ausência de quartzo, feldspatos e feldspatóides refletem a quantidade de sílica, e pode ser utilizada como critério de classificação em rocha ácida, intermediária, básica e ultrabásica. A proporção entre feldspatos alcalinos (ortoclásio, microclínio, albita) e cálcicos (anortita) é outro importante critério de classificação. Um procedimento comum é o ensaio de coloração seletiva dos feldspatos, no qual a amostra de rocha polida é inicialmente tratada com ácido fluorídrico (que reage com os feldspatos e o quartzo) e posteriormente com solução de cobalto-nitrito de sódio (os feldspatos cálcico produzem película branca, os alcalinos amarela e o quartzo incolor). 2.6 Principais rochas ígneas a) Granito O granito é uma rocha de coloração clara, composta essencialmente de quartzo e feldspato, com pequenas quantidades de outros minerais, principalmente mica (moscovita e/ou biotita) e anfibólio (em geral hornblenda). Podem ser encontrados ainda, disseminados na rocha, minerais acessórios como magnetita, ilmenita, apatita, zircão, esfênio, topázio, Mineração – Petrologia 15 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional fluorita, granada, etc. A coloração clara dos granitos (acinzentada, rósea, avermelhada, esverdeada ou amarelada) é determinada pela cor do feldspato. Os granitos são classificados em quatro tipos, de acordo com o teor relativo de feldspatos: a) granito alcalino; b) granito normal; c) adamelito; d) granodiorito. A cada um desses tipos plutônicos correspondem rochas hipoabissais e efusivas de composição mineral similar, porém de textura diferente. No granito normal, mais de 66% do conteúdo dos feldspatos é formado de feldspato alcalino, e menos de 34%, de plagioclásio, geralmente oligoclásio. Com o aumento do teor de plagioclásio, o granito normal passa a adamelito e a granodiorito. Quando o teor de feldspato alcalino predomina e o plagioclásio desaparece, o granito normal passa a granito alcalino. Neste caso, os minerais máficos também mudam, sendo substituídos por variedades alcalinas. b) Riolito O riolito corresponde à forma efusiva do granito, porém ocorre igualmente na forma de diques e plugs vulcânicos. O magma que dá origem ao riolito é altamente viscoso, originando depósitos de lavas muito espessos em relação à extensão do derrame. Sua ocorrência restringe-se, freqüentemente, à chaminé vulcânica. Contêm os mesmos minerais do granito disseminados numa matriz vítrea ou criptocristalina, onde podem ocorrer fenocristais de quartzo, feldspato, hornblenda ou mica. De maneira geral, os riolitos possuem granulação que varia de fina a muito fina. Sua coloração é clara, esbranquiçada, cinzenta, esverdeada, avermelhada ou castanha. A cor pode ser uniforme ou apresentar-se com faixas de tonalidades diversas, devido a diferenças texturais entre as várias camadas. Geralmente apresentam vesículas ou amídalas. O púmice ou pedra-pomes constitui uma variedade de riolito altamente vesicular. A textura fluidal é comum nos riolitos, sendo algumas vezes muito evidente devido a diferenças de granulação e coloração. c) Granodiorito O granodiorito forma intrusões plutônicas similares às do granito, diferenciando-se deste na composição dos feldspatos. Nos granodioritos, os plagioclásios (oligoclásio até andesina) predominam sobre os feldspatos alcalinos. O teor destes últimos não deve ultrapassar um terço do total dos minerais feldspáticos. Quando o teor de plagioclásio é máximo no Mineração – Petrologia 16 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional granodiorito, este recebe o nome de tonalito. Os equivalentes hipabissal e efusivo do granodiorito são representados pelo microgranodiorito e pelo dacito, respectivamente. d) Pegmatitos Os pegmatitos são rochas de granulação muito grossa, consideradas, pela maioria dos geólogos, como produtos finais de uma seqüência de eventos que ocorrem durante o resfriamento e diferenciação de um magma ácido a subácido. Com o progresso da cristalização de um magma granítico ou sienitico, os elementos mais raros concentram-se no líquido residual, formado pela água e produtos voláteis. Neste liquido residual concentram-se elementos mais leves (boro, lítio e berilo, entre outros), como também elementos mais pesados (wolfrâmio, estanho, nióbio, tântalo etc.), cujos átomos são, respectivamente, muito pequenos ou muito grandes para serem incorporados na estrutura cristalina dos principais minerais formadores de rocha, Os pegmatitos formam depósitos de grande interesse econômico e constituem a fonte de numerosos minerais raros, como turmalina, berilo e topázio, entre muitos outros. e) Aplito Os aplitos são rochas eqüigranulares de granulação fina, que ocorrem como veios e diques no interior dos corpos plutônicos e encaixantes. Embora possam derivar de diversos magmas, ocorrem mais intimamente ligados aos magmas graníticos. Originam-se no estágio final da evolução magmática de uma rocha plutônica. A composição mineralógica é ligeiramente mais ácida do que a da rocha magmática, a que estão associadas. Os aplitogranitos são formados essencialmente de feldspatos alcalinos, quartzo e, eventualmente, pequenas quantidades de moscovita, turmalina, fluorita, topázio etc. f) Sienitos Os sienitos são rochas ígneas intermediárias, de composição semelhante à do granito, porém sem ou com muito pouco quartzo. São rochas leucocráticas de coloração branca, cinza, rosa ou vermelha, e de granulação variando de média a grosseira e textura holocristalina. A forma hipabissal é representada por diques e sills de microssienito de granulação média e Mineração – Petrologia 17 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional textura holocristalina, ocasionalmente porfirítica. O equivalente efusivo, denominado traquito, é finamente granulado e de textura hialocristalina. Esta rocha é constituída principalmente de feldspato alcalino e/ou plagioclásio sódico (albita ou oligoclásio), associados com minerais escuros, freqüentemente biotita, hornblenda e piroxênio. O monzonito é um sienito em que o teor de feldspato alcalino é aproximadamente igual ao conteúdo de plagioclásio. g) Dioritos Os dioritos constituem rochas intermediárias formadas essencialmente por plagioclásio (oligoclásio ou andesina) com um ou mais minerais máficos, como biotita, hornblenda, augita ou hiperstênio. Juntamente com plagioclásio pode ocorrer feldspato alcalino até um terço do conteúdo feldspático. O quartzo pode atingir até 10% no quartzodiorito. Entre os minerais acessórios mais comuns ocorrem pequenos cristais de esfênio, magnetita, ilmenita e apatita. A forma plutônica, conhecida pela designação de diorito, possui textura holocristalina, eqüigranular e granulação grossa, embora às vezes exiba textura porfirítica, com fenocristais de feldspatos ou hornblenda. Os minerais máficos são responsáveis pela coloração escura e pelo caráter mesocrático da rocha. A forma hipabissal, também mesocrática, possui textura holocristalina e granulação média, sendo frequentemente porfirítica, com fenocristais de feldspato (hornblenda ou augita). É conhecida pela designação de microdiorito, diferindo do diorito pela sua granulação mais fina. A forma efusiva correspondente ao diorito é denominada andesito. Trata-se de uma rocha de textura hialocristalina, de granulação fina, em parte vítrea, muitas vezes porfirítica, contendo fenocristais de plagioclásio (oligoclásio/andesina), hornblenda, augita ou placas de biotita. h) Gabro É uma rocha ígnea cujo teor de sílica varia entre 45 e 55%. Compõe-se principalmente de: plagioclásio (geralmente labradorita), piroxênio (augita e/ou hiperstênio) e freqüentemente olivina. O quartzo pode estar ausente ou presente em pequenas quantidades como mineral Mineração – Petrologia 18 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional acessório, ao lado de hornblenda, biotita, magnetita e ilmenita. A família dos gabros é representada por formas intrusivas (plutônicas ou hipoabissais) e formas efusivas. A forma plutônica holocristalina, eqüigranular de granulação grossa, recebe ó nome de gabro. Além de formar stocks, o gabro ocorre em diques, sills e, mais raramente, em lopólito. A textura ofítica é comum, enquanto que a porfirítica é rara. Apresenta coloração acinzentada, variando do cinza-claro ao cinza-escuro, ou preta, com eventual tonalidade azulada ou esverdeada (melanocrática). Com a diminuição ou o aumento de minerais escuros, o gabro passa, aos poucos, a anortosito ou peridotito, respectivamente. Quando o gabro contém sílica livre na forma de quartzo (no máximo até 10%), a rocha recebe o nome de quartzo-gabro. Quando a composição mineralógica é formada por mais de 90% de plagioclásios (oligoclásio, andesina até bitownita), a rocha é referida como anortosito. Esta é leucocrática de coloração variando do cinza ao branco. Entre os minerais acessórios citam-se piroxênio, olivina e óxidos de ferro. O anortosito possui textura granular. Ás vezes apresenta acamamento similar ao apresentado pelo gabro. i) Diabásio O diabásio é uma rocha escura (melanocrática), podendo apresentar, porém, coloração cinzenta ou esverdeada e às vezes mosqueada de preto e branco. Mineralogicamente apresenta composição similar à do gabro, isto é, constituído de plagioclásio (labradorita), augita e óxidos de ferro. Alguns diabásios podem conter quartzo (quartzo-diabásio), hornblenda ou biotita. O quartzo-diabásio é o equivalente hipabissal do quartzogabro. Os diabásios apresentam granulação média com textura ofítica e eventualmente porfirítica. Os ocasionais fenocristais podem ser de olivina (olivina-diabásio) e/ou piroxênio ou plagioclásio. Em alguns diabásios são encontradas vesículas e amídalas geralmente preenchidas com minerais secundários. j) Basalto Os basaltos representam os equivalentes efusivos dos gabros e diabásios. Constituem as rochas efusivas mais freqüentemente encontradas na parte superior da crosta terrestre: formam Mineração – Petrologia 19 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional o fundo dos oceanos e ocorrem nos continentes, originando extensos planaltos basálticos. No Brasil, ocorrem extensivamente nas bacias do Paraná e do Parnaíba. A quantidade de lavas basálticas supera em muito o conjunto de todos os outros tipos de lavas. O basalto, normalmente, constitui uma rocha melanocrática, densa, finamente granulada, holocristalina ou hialocristalina. Ás vezes se apresenta porfirítica, com fenocristais tabulares branco-cinzentos de plagioclásio, lustrosos de piroxênio ou esverdeados e com brilho vítreo, de olivina. A massa fundamental consiste em plagioclásio (geralmente labradorita), piroxênio, olivina e magnetita, além de diversos minerais acessórios. k) Peridotito O peridotito é uma rocha ígnea ultramáfica composta de olivina, piroxênio e/ou hornblenda, sem ou com pouco feldspato, onde o mineral essencial é a olivina, ocorrendo, às vezes como acessórios a cromita e a granada. A designação dunito refere-se à rocha formada exclusivamente de olivina. A coloração do peridotito varia de verde fosco a preto, e a do dunito de verde-clara até escura, com manchas amareladas a castanhas. O peridotito possui textura granular (média a grosseira). A textura poiquilítica ocorre freqüentemente, enquanto que a porfirítica é muito rara. Ocorre em diques, sills e pequenos stocks. l) Piroxenito O piroxenito é constituído predominantemente por clinopiroxênios ou ortopiroxênios. Entre os minerais associados podem ocorrer: olivina, hornblenda, óxidos de ferro, cromita ou biotita. Os feldspatos podem aparecer em pequenas quantidades ou estão ausentes. É uma rocha de coloração verde, verde-escura até preta. A textura é granular (média a grosseira). Ocorre na forma de pequenas intrusões (stocks ou diques) e como camadas individuais dentro de seqüências diferenciadas do gabro. As rochas ultramáficas (peridotitos, piroxenitos), via de regra, são de origem plutônica profunda. Aquelas que se formaram na superfície foram extrudidas juntamente com magmas basálticos. Mineração – Petrologia 20 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig. 2.13 – Diagrama para comparação visual de percentagem. CAPITULO 3: PETROLOGIA SEDIMENTAR 3.1 Rochas sedimentares Rochas sedimentares são aquelas originadas a partir da remoção, acumulação e consolidação dos produtos resultantes da decomposição ou fragmentação de quaisquer rochas preexistente, através dos agentes intempéricos, bem como da deposição de qualquer material proveniente da atividade orgânica (animal ou vegetal) ou precipitação de soluções químicas. Elas representam a ação dos processos geológicos naturais através dos tempos, e seu estudo permite reconstituir os eventos da história geológica da Terra como, por exemplo, determinar quais foram as condições paleoambientais, paleoclimáticas ou paleogeográficas em que se deu a deposição das diversas seqüências de sedimentos. Mineração – Petrologia 21 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Gênese Para a formação das rochas sedimentares, geralmente são necessárias quatro etapas: destruição das rochas preexistentes; transporte dos produtos resultantes dessa destruição; deposição desses produtos numa bacia de sedimentação; transformação dos sedimentos soltos em rocha compacta (diagênese). a) Destruição das rochas preexistentes: essa destruição será efetuada através da ação conjunta do intemperismo e da erosão; b) Transporte dos produtos originados pelo intemperismo: os produtos originados pela fragmentação e decomposição intempérica das rochas (fragmentos de rochas ou minerais e compostos solúveis), bem como fragmentos de organismos mortos ou produtos de origem orgânica, serão transportados pelos agentes externos como a água, o vento, as geleiras e a gravidade; c) Sedimentação: as partículas que foram transportadas mecanicamente sofrerão decantação e serão acumuladas quando a velocidade do agente transportador diminuir, originando, inicialmente, os depósitos sedimentares inconsolidados. Os compostos solúveis, transportados em solução, sofrerão precipitação química, como conseqüência direta de alterações físicoquímicas do meio, ou indiretamente, através da atividade de organismos; d) Diagênese: conjunto de processos que atuam após a deposição das partículas, transformando-as em agregados naturais, denominados rochas sedimentares. Durante a diagênese os principais processos que atual são a compactação e a cimentação. d.1) Compactação: é a consolidação provocada pela pressão das camadas superiores, ocasionando uma diminuição dos espaços vazios nos sedimentos. d.2) Cimentação: é a percolação de soluções nos interstícios dos fragmentos e deposição da substância que estava dissolvida, aglutinando (cimentando) as partículas. Nem sempre o material cimentante provém da própria rocha. Os principais materiais cimentantes são: carbonatos, sílica, óxido de ferro (limonita) e argila. O material clástico procede diretamente do transporte dos produtos sólidos do intemperismo das rochas preexistentes. Nas bacias de sedimentação, os depósitos químicos formam-se pela evaporação ou precipitação dos sais solúveis provenientes da alteração química das rochas da área-fonte. Os sedimentos orgânicos, por sua vez, derivam direta ou indiretamente das atividades vitais dos animais ou plantas. Geneticamente, as rochas sedimentares podem ser: residuais, detríticas, químicas ou orgânicas. Os sedimentos Mineração – Petrologia 22 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional apresentam-se, inicialmente, como rochas incoerentes que se consolidam com o tempo, pela ação de material cimentante. 3.2 Texturas sedimentares A textura depende do tamanho, forma e arranjo das partículas que compõem um sedimento. O exame da textura permite indicar se um sedimento é de granulação fina ou grosseira e se os grãos são angulares, arredondados, polidos ou foscos. Através da análise da textura podem-se obter informações a respeito das várias etapas da sedimentação. O tamanho do grão relaciona-se com a energia ambiental e com o meio de transporte. Nas rochas sedimentares são consideradas as texturas clásticas e as não clásticas, sendo aquelas características dos sedimentos detríticos e as últimas, dos depósitos químicos. Texturas clásticas Nestas texturas destacam-se os grânulos e a matriz. O tamanho da partícula é fundamental para a classificação dos depósitos clásticos. Por exemplo, um arenito é constituído predominantemente por fragmentos do tamanho dos grãos de areia (0,062 até 2 mm), ao passo que um conglomerado é formado por partículas maiores. A análise da distribuição da granulação de uma rocha sedimentar constitui um critério de avaliação da capacidade e efetividade do transporte. A seleção dos tamanhos reflete as condições de transporte, bem como certas particularidades ambientais. Fluidos hidrodinamicamente normais (água corrente, ondas ou ventos) originam depósitos bem selecionados. Fluidos mais densos ou viscosos (corridas de lama ou correntes de turbidez) formam depósitos de maior irregularidade textural no que diz respeito à distribuição do tamanho dos grãos. A dimensão das partículas constitui igualmente um critério para avaliar a distância do transporte ou a energia ambiental. As rochas mais grosseiras indicam geralmente maior proximidade da área-fonte, enquanto que as mais finas sugerem maior distância. Dependendo da quantidade de abrasão, os fragmentos de rochas e as partículas minerais podem ser arredondados, subarredondados, subangulares ou angulares. Os sedimentos derivados da ação Mineração – Petrologia 23 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional glacial ou da ação direta da gravidade são, via de regra, angulares, enquanto que as partículas movidas pela água ou ventos se apresentam mais arredondadas. A morfoscopia (arredondamento, esfericidade e textura superficial) é empregada juntamente com outros caracteres de textura na descrição das rochas sedimentares, bem como no estudo dos agentes geológicos e dos processos operantes no ambiente de sedimentação. Os dados morfoscópicos constituem informações complementares que, isoladamente, não resolvem os problemas genéticos das rochas sedimentares. Entretanto, quando utilizados em conjunto com outros elementos texturais, estruturais e estratigráficos, permitem melhor compreensão do ambiente de sedimentação e dos processos operantes na área-fonte. O grau arredondamento é função da agudeza das arestas e cantos da partícula, independendo de sua forma. Indica a maior ou menor distância de transporte, e o rigor do transporte. A forma mais simples e rápida de se determinar o grau de arredondamento de uma partícula é através de comparação visual (Fig.3.1). Fig. 3.1 – Grau de arredondamento de partículas Mineração – Petrologia 24 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O grau de esfericidade indica quanto a forma de uma partícula aproxima-se de uma esfera. A comparação visual é a forma mais simples e rápida para a determinação desta grandeza (Fig. 3.2). O grau de esfericidade pode ser expresso pela seguinte fórmula: Fig. 3.2 - Classes de arredondamento: a) muito angulosa; b) angulosa; c) sub-angulosa; d) sub-arredondada; e) arredondada; f) bem arredondada. Adaptado de Powers (1953) e Shepard (1973). O grau de seleção de um sedimento refere-se a maior ou menor concentração de vários tamanhos de partículas. A seleção constitui uma importante característica textural, pois pode fornecer informações a respeito do transporte e do ambiente de sedimentação. Um sedimento bem selecionado é formado predominantemente por um tamanho de grão e indica um transporte considerável. Um sedimento pobremente selecionado compreende Mineração – Petrologia 25 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional vários tamanhos de partículas e indica um transporte rápido e de pequena duração por fluidos densos (corrida de lama). A ação glacial é igualmente incapaz de selecionar os diferentes materiais, depositando simultaneamente partículas grosseiras e finas. Tabela 3.1 - Escala granulométrica de Wentworth Texturas não clásticas Mineração – Petrologia 26 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional As texturas não clásticas são características dos sedimentos químicos e diferem notavelmente daquelas das rochas sedimentares clásticas. Assemelham-se, até certo ponto, às texturas das rochas ígneas e metamórficas. As texturas cristalinas são referidas de acordo com o tamanho dos cristais: a) Macrocristalinas (acima de 0,75 mm); b) Mesocristalinas (de 0,2 a 0,75 mm); c) Microcristalinas (de 0,01 a 0,2 mm); d) Criptocristalinas (abaixo de 0,01 mm). Uma rocha sedimentar possui textura oolítica quando é constituída, em grande parte, por oólitos. Estes são formas esféricas ou subesféricas, com diâmetro variando de 0,25 a 2 mm, de natureza acrescionária. Quando estas formas esféricas ou subesféricas possuem diâmetro superior a 2 mm, são denominadas pisólitos e a textura é pisolítica. 3.3 Estruturas sedimentares As estruturas sedimentares constituem os aspectos principais da organização interna da rocha sedimentar. Dizem respeito às relações mútuas das suas partículas constituintes, sendo melhor visualizadas em afloramentos do que em amostras de mão. As estruturas auxiliam, de certo modo, a interpretação do ambiente de sedimentação. Muitas delas permitem determinar o sentido das paleocorrentes, enquanto que outras possibilitam sugerir quais teriam sido as condições paleoclimáticas da época de deposição. As estruturas podem ser classificadas segundo vários critérios. Podemos tomar como critério seu tamanho ou o tempo de sua formação, relacionando-as com as rochas que as contêm ou, ainda, segundo sua origem. De acordo com o tamanho podemos considerá-las como grandes, se são só visíveis no campo, ou pequenas, se visíveis em uma amostra. As menores estruturas, que requerem a utilização de instrumentos ópticos para seu estudo, são chamadas de microestruturas. Quanto ao tempo em que foram formadas, elas podem ser singenéticas ou primárias e epigenéticas ou secundárias. As primeiras são formadas durante a deposição ou pouco tempo após a deposição do sedimento. As epigenéticas são formadas muito depois da sedimentação. Chama-se interface a superfície sobre a qual está se processando a sedimentação. Uma rocha sedimentar possui, portanto, muitas interfaces que correspondem ás diversas fases em Mineração – Petrologia 27 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional que esteve exposta antes de ser recoberta por camadas sucessivas de sedimentos. Muitas das estruturas singenéticas formam-se sobre as interfaces de deposição. A situação de tais estruturas em relação aos corpos litológicos pode ser interna ou externa, segundo se localizem dentro da unidade litológica ou entre as unidades litológicas. Finalmente, quanto á origem, elas podem ser classificadas em físicas, químicas ou orgânicas. 3.3 1 Classificação das estruturas sedimentares Estruturas sedimentares primárias (singenéticas) a.1) Estratificação - um dos aspectos mais característicos das rochas sedimentares é sua deposição em estratos ou camadas, umas sobre as outras. A estratificação é salientada pelas diferenças de composição, textura, dureza, coesão ou cor, dispostas em faixas aproximadamente paralelas. Algumas camadas não apresentam estratificação nítida. Ela pode estar oculta e vir a ser realçada pelo intemperismo ou percebida pelo exame com raios X. Outras vezes a estratificação está completamente ausente (estrutura maciça). a.2) Estratificação cruzada - Consiste na disposição de estratos em ângulos diversos em relação a um plano horizontal ou à inclinação original da rocha. É uma estrutura comum nas rochas sedimentares, principalmente nas de granulação arenosa. Permite determinar, com grande precisão, o sentido das paleocorrentes, isto é, a direção de transporte nos mares, rios e desertos. A estratificação cruzada caracteriza muitas formações depositadas em ambiente subaquático (por exemplo, Arenito Furnas) ou eólico (por exemplo, Arenito Botucatu) (Fig. 3.4). Mineração – Petrologia 28 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig.3.3 – Estratificação plano paralela em arenito. Fig. 3.4 - Estratificação cruzada com indicação da direção da corrente. a.3) Estrutura gradacional - Na estrutura gradacional verifica-se, numa mesma camada, uma mudança progressiva da granulação do sedimento, de sorte que o tamanho do grão diminui de baixo para cima até aumentar abruptamente na camada seguinte. Esta, por sua vez, apresenta a mesma característica em relação à que se segue (Fig.3.5 e 3.6). a.4) Imbricação - Nos depósitos rudáceos, com freqüência os seixos apresentarem imbricação, isto é, orientarem-se com o eixo longo inclinando no sentido de onde vem a Mineração – Petrologia 29 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional corrente. O estudo estatístico da imbricação permite determinar o sentido do transporte (Fig. 3.7). a.5) Marcas ondulares - As marcas ondulares são produzidas por correntes (fluxos) de água ou ar. Encontram-se principalmente em sedimentos arenosos e menos freqüentemente em siltitos. Existem diversas formas de marcas ondulares, que estão condicionadas a vários fatores, como velocidade das correntes, movimentos das ondas, suprimento e granulação dos sedimentos e profundidade da água. Prestam-se para determinação da direção da corrente. Podem ser simétricas (geralmente causadas por oscilação), ou assimétricas (correntes). Fig. 3.5 - Estrutura gradacional. Fig. 3.6 - Estrutura gradacional. Fig. 3.7 - Estrutura imbricada com indicação da direção da corrente. Mineração – Petrologia 30 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig. 3.8 – Fotografia e desenhos esquemáticos de marcas de onda. a.6) Gretas de contração - As gretas de contração são abundantes em algumas seqüências geológicas, como, por exemplo, nos siltitos da Formação Teresina. São freqüentes nos depósitos síltico-argilosos e nos calcários e praticamente ausentes nos sedimentos arenosos. A origem das gretas está ligada à perda de água pelo sedimento, o que ocasiona sua contração. Elas são limitadas por polígonos irregulares (Fig. 3.9). Fig. 3.9 – Fotografia e desenho esquemático de gretas de contração. Estruturas secundárias (epigenéticas) b.1) Estruturas Deformacionais - Entre as estruturas deformacionais encontram-se as de recalque, de carga ou aquelas desenvolvidas nos escorregamentos (camadas dobradas, contorcidas, convolutas, falhadas e brechas). As camadas com estratificação contorcida ou convoluta são, portanto, formadas por compressão durante os escorregamentos, ou pela ação de sobrecarga ou recalque no sedimento. Outras estruturas desenvolvem-se por tensão, como, por exemplo, a fragmentação, o estiramento e o falhamento dos estratos. Mineração – Petrologia 31 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional b.2) Diques clásticos - são corpos tabulares de material clástico, que cortam discordantemente as camadas. Geralmente são constituídos de arenito. Como exemplo podese citar os diques de arenito (Arenito Botucatu) cortando os basaltos do Grupo São Bento. A areia, neste caso, veio de baixo para cima, tendo sido empurrada (injetada) através de diáclases do basalto. Esses arenitos normalmente estão silicificados. c) Estruturas Químicas - As estruturas deste tipo são freqüentes praticamente em toda seqüência paleozóica do Brasil, onde ocorrem sob os mais diversos aspectos. De modo geral, são consideradas epigenéticas ou secundárias, desenvolvidas, portanto, após a sedimentação. Entre elas podem ser citados os nódulos e as concreções. c.1) Nódulos - Os nódulos ocorrem em grandes quantidades em vários horizontes dos folhelhos carbonosos e pirobetuminosos da Formação lrati. São irregulares e de tamanho variado, sendo os mais comuns de 2 a 10 mm. Geralmente ocorrem paralelos à estratificação. Os nódulos da Formação lrati são constituídos de sílex (Fig. 3.10). c.2) Concreções - Diferem dos nódulos pelo seu tamanho (dimensões maiores) e pela presença de estrutura interna. Suas formas são variadas, sendo mais comuns as esferoidais, embora ocorram com relativa freqüência formas discóides. Os tamanhos também variam, tendo sido observadas concreções na Formação lrati com até 50 a 60 cm de diâmetro. A maioria das concreções possui estrutura interna concêntrica (Fig. 3.11). Fig. 3.10 – Nódulo silicoso. Fig. 3,11 – Concreção de calcita com estrutura concêntrica d) Estruturas de origem orgânica Entre as estruturas de origem orgânica citam-se: perfurações por animais, pegadas, pistas, coprólitos, várias modalidades de fósseis, bioturbações (estratificação irregular). Mineração – Petrologia 32 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.4 Classificações das rochas sedimentares As rochas sedimentares são classificadas em três grupos fundamentais: clásticas ou detríticas, químicas e orgânicas ou organógenas. Rochas sedimentares detríticas As rochas sedimentares detríticas ou clásticas são formadas por fragmentos de minerais e/ou rochas, provenientes da fragmentação e decomposição de rochas preexistentes. De acordo com os intervalos granulométricos, são divididas em três grupos: rudáceas (grosseiras), arenosas e síltico/argilosas. a.1) Rochas sedimentares rudáceas - As rochas sedimentares constituídas por fragmentos grosseiros, de tamanho maior do que areia (>2mm), isto é, compostos de seixos ou blocos, são referidas como rochas rudáceas. Nela os constituintes grosseiros são denominados fenoclastos. De acordo com o grau de arredondamento destes, os depósitos rudáceos subdividem-se em: a.1.1) Brechas - rocha sedimentar rudácea com predomínio de fragmentos angulosos. Nas brechas, o transporte foi pequeno ou praticamente inexistente. As acumulações de cascalho residual nas vertentes ou os depósitos de talus no sopé dos terrenos íngremes, quando litificados, constituem as brechas sedimentares, caracterizadas pela angulosidade dos fragmentos constituintes. Os depósitos de cascalho residual ou de talus são característicos de clima semi-árido, das regiões desérticas ou polares. As brechas também podem ser formadas nos movimentos de massa causados pelos desmoronamentos subaéreos ou escorregamentos subaquáticos em ambiente lacustre ou fluvial. a.1.2) Conglomerados - rocha sedimentar rudácea com predominância de fenoclastos subarredondados a arredondados. No conglomerado, os fenoclastos sofreram um transporte subaquático apreciável. Consequentemente, os fragmentos encontram-se mais ou menos desgastados e arredondados. Os conglomerados, via de regra, compõem-se de seixos mais resistentes, capazes de se oporem aos impactos do transporte torrencial, ao longo dos rios, ou à ação das ondas junto às costas. A ação das geleiras também origina depósitos rudáceos contendo desde os fragmentos clásticos finos até matacões com mais de 1 m de diâmetro. São Mineração – Petrologia 33 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional os depósitos característicos do avanço (morena basal, frontal ou lateral) e do recuo (diamictitos) das geleiras. a.2) Rochas sedimentares arenáceas - As rochas arenáceas são constituídas principalmente por material clástico de tamanho "areia", entre 0,062 e 2 mm. Sua composição é variada, indo desde os arenitos limpos (compostos de areia quartzosa) até os impuros (wacke), nos quais a areia se encontra misturada com silte e argila. Os arenitos limpos são, em geral, bem selecionados, podendo conter pequena quantidade de argila. Por outro lado, os arenitos impuros, via de regra, são menos selecionados e constituem misturas de material detrítico, muitas vezes de natureza heterogênea, envolvidos numa matriz de silte e argila. Os arenitos são formados em numerosos ambientes de sedimentação: marinho, lacustre, praial,vestuarino, fluvial, eólico e periglacial. Quando, durante o transporte, as areias são bem lavadas evselecionadas pelas correntes, formam-se arenitos limpos. a.2.1) Arenitos - possuem coloração variada: geralmente são amarelados, avermelhados, cinzentos,vcastanhos ou brancos. A granulação média constitui textura comum. Via de regra, são bemvselecionados e apresentam-se bem estratificados, muitas vezes com estratificação cruzada, marcasvde ondulação, concreções ou fósseis. O quartzo constitui o mineral principal, podendo ocorrer,vigualmente, feldspato, mica ou outros minerais. Os grãos podem estar cimentados por uma matriz argilosa ou por sílica, calcita ou óxido de ferro. a.2.2) Arcósios - possuem granulação que varia de média a grosseira. São de coloração branca, cinzenta,vrosada ou avermelhada. Sua textura mostra abundantes grãos angulares a subangulares. Alguns sevapresentam estratificados. Contêm quartzo com 25 a 50% de feldspato, além de biotita ou moscovita,ventre outros minerais. Os arcósios originaram-se da desintegração dos granitos e gnaisse-granitos evforam depositados durante períodos de clima semi-árido. a.2.3) Grauvaca - Constitui uma rocha de coloração cinza até cinza-escura, formada por grãos angulares. Apresenta com freqüência estrutura gradacional. Os grãos grosseiros consistem em quartzo, feldspato e fragmentos de rocha. A matriz é muito fina. a.3) Rochas sedimentares lutáceas (síltico/argilosas) - Entre as rochas sedimentares, os depósitos lutáceos são os mais abundantes. Do ponto de vista granulométrico, constituem as rochas clásticas mais finas, compostas de partículas de tamanho "silte" e Mineração – Petrologia 34 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional "argila". Entre os produtos de alteração do intemperismo que ocorrem nos sedimentos finos encontram-se o caulim, a montmorillonita, bem como bauxita e limonita. Entre os resíduos inalterados do intemperismo aparecem grãos de quartzo, feldspato e mica. No ambiente são formados minerais autigênicos, como calcita, calcedônia e pirita, entre outros. Alguns depósitos são relativamente ricos em remanescentes orgânicos, os quais podem apresentar-se na forma de: lama carbonosa, carapaças calcificas ou aragoníticas de foraminíferos e estruturas silicosas (opala) das diatomáceas, dos radiolários e nas espículas das esponjas. a.3.1) Siltitos - os siltitos são rochas clásticas finas, com pelo menos 50% de partículas de silte (0,004 a 0,062 mm). Apresentam-se, em geral, finamente estratificados, porém os fenômenos de bioturbação podem obscurecer ou destruir a estratificação. Sua coloração pode ser cinza, negra, castanha ou amarela. Devido à sua granulação fina, os minerais são dificilmente percebidos. A mica pode estar presente em alguns estratos. É comum, nos siltitos, a presença de nódulos, concreções ou fósseis. 3a.3.2) Argilitos e folhelhos - são rochas clásticas de granulação muito fina, formadas de partículas menores do que 0,004 mm de diâmetro. Os folhelhos apresentam-se finamente laminados, enquanto ue os argilitos mostram um aspecto maciço. Essas rochas consistem numa mistura de minerais argilosos com grãos de quartzo, feldspato e mica. A coloração é variável, branca, cinzenta, amarelada, avermelhada ou preta. Os folhelhos pretos são ricos em material carbonoso ou betuminoso, e neles também é comum a ocorrência de pirita e gipso. No Brasil, os folhelhos pirobetuminosos da Formação lrati representam uma reserva considerável de combustíveis minerais. Rochas sedimentares químicas As rochas sedimentares de origem química representam os produtos solúveis do intemperismo, que foram transportados em solução e depositados diretamente nas bacias de sedimentação, por processos físico-químicos tais como evaporação, precipitação, alterações de pH, etc. A precipitação de soluções origina rochas de granulação muito fina. A evaporação e a precipitação, via de regra, ocorrem em condições desfavoráveis ao bom desenvolvimento de cristais. As rochas sedimentares químicas classificam-se em: silicosas, carbonatadas, ferruginosas e evaporíticas (cloretos, sulfatos, carbonatos, boratos). Mineração – Petrologia 35 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional a.1) Rochas silicosas - O sílex constitui um depósito de sílica finamente cristalizada ou criptocristalina. Ocorre freqüentemente em nódulos ou concreções em rochas calcárias ou dentro de outras formações. A origem da maioria das ocorrências de sílex é, sem dúvida, a substituição de carbonato de cálcio por sílica. a.2) Rochas carbonatadas - A precipitação química direta do calcário e do dolomito é relativamente restrita. Parece que a maior parte dessas rochas esteve durante algum tempo relacionada com atividades orgânicas. Em bacias fechadas e de alta salinidade depositam-se os carbonatos, como, por exemplo, o calcário oolítico ou pisolítico. O enriquecimento ulterior dos calcários em magnésio deve-se a reações de substituição posteriores à deposição. a.3) Rochas ferruginosas - O ferro é o quarto elemento mais abundante na crosta terrestre e muitas rochas sedimentares terrígenas contêm substancial quantidade de óxidos e silicatos de ferro. Os sedimentos ferruginosos podem apresentar-se sob a forma de quatro tipos principais de minerais: óxidos ou hidróxidos (goethita, hematita e magnetita), carbonatos (siderita), silicatos (chamosita, greenalita, glauconita, estilpnomelano) e sulfetos (pirita e marcassita). Mais de uma variedade de minerais podem ocorrer dentro de um único depósito, podendo estar repetidas na sequência estratigráfica ou mostrar mudanças laterais de um tipo para outro. a.4) Depósitos evaporíticos - os evaporitos são depósitos salinos formados principalmente a partir da evaporação da água do mar em salinas marinhas, lagunas e mares reliquiares. As condições mais propícias para sua formação são encontradas em locais com limitada circulação de água e clima seco, onde a evaporação é maior que a precipitação. Os depósitos sedimentares assim formados, denominados evaporitos, constituem cerca de 3% do total das rochas sedimentares. A água do mar contém aproximadamente 34,5 gramas por litro de sais dissolvidos. Esses compostos dissolvidos vão ser precipitados na ordem aproximadamente inversa da solubilidade dos sais a serem formados. Quando a água normal do mar é concentrada por evaporação a aproximadamente 3,35 vezes a salinidade original (a 30°C), a gipsita (CaSO4.2 H2O) começa a se precipitar. A halita (NaCl), que é um sal muito mais solúvel, inicia sua precipitação quando a água atinge cerca de 1/10 do volume original. Os minerais menos solúveis são os primeiros a ser precipitados, formando-se então os vários tipos de evaporitos. São formados principalmente depósitos de carbonato, sulfatos, cloretos, boratos e fluoretos. Mineração – Petrologia 36 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Rochas sedimentares orgânicas As rochas sedimentares orgânicas originam-se direta ou indiretamente das atividades dos organismos animais ou vegetais. Eles acumulam-se principalmente nos ambientes marinhos, podendo, contudo, ocorrer igualmente em bacias terrestres de água doce. Classificam-se em: calcárias, silicosas, fosfáticas e carbonosas. a.1) Calcários - os calcários são rochas sedimentares que contêm mais de 50% de carbonato de cálcio. As impurezas incluem quartzo, argila, óxido de ferro e fragmentos de rochas, entre outros materiais. Os vários tipos de calcários são classificados tendo por base a textura ou qualquer outra propriedade significativa; por exemplo: calcário cristalino, calcário microcristalino, calcário oolítico, calcário fossilífero, coquina etc. A coloração é variável: branca, cinzenta, creme, amarelada, avermelhada, castanha ou preta. A textura pode variar de granulação muito fina até grosseira, de aspecto sacaróide. Freqüentemente há estratificação, bem como numerosos fósseis. O calcário é formado essencialmente por calcita. A sílica está presente em forma de sílex finamente cristalizado, formando estratos ou massas nodulares. O quartzo, silte ou argila ocorrem em quantidades variáveis. a.2) Silicosas - são rochas sedimentares formadas por restos ou fragmentos de organismos que apresentam esqueleto ou carapaça silicosa. Como exemplos citam-se os diatomitos, formados por carapaças de diatomáceas; espongólitos ou espongiolitos, formados pelo acúmulo de espículas silicosas de esponjas; a.3) Fosfáticas - os fosfatos sedimentares ocorrem em muitos folhelhos marinhos e em depósitos continentais. A forma mais comum de fosfato sedimentar é o colofânio, que é uma substância fosfatada criptocristalina. O cimento fosfático (quase todo criptocristalino) ocorre em outras rochas fosfáticas ou rochas compostas de outros tipos de partículas. As partículas fosfáticas apresentam-se como oólitos, pelotas (não fecais), pelotas fecais, materiais bioclásticos e clásticos fosfáticos. Mineração – Petrologia 37 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional a.4) Rochas sedimentares carbonosas - são rochas ricas em carvão, divididas em dois grupos principais: 1) grupo húmico (série do carvão) e 2) grupo sapropelítico (rochas oleígenas). O carvão é uma rocha sedimentar formada integralmente por processos bioquímicos. Ele é originado por acumulação de detritos vegetais, sob condições anaeróbicas, em regiões pantanosas. Os principais tipos de rochas carbonosas da série do carvão são: turfa, linhito, hulha e antracito. a.4.1) Turfa - é um sedimento de origem vegetal que se encontra nas formações sedimentares de idade recente e continua em formação nos dias atuais. As turfas são sempre formadas de plantas herbáceas (principalmente musgos e ciperáceas), mas também, às vezes, são constituídas predominantemente de plantas lenhosas arborescentes, como acontece nos pântanos da costa oriental dos Estados Unidos. As propriedades físicas e químicas das turfas são muito variáveis. A densidade em geral é muito baixa (em torno de 1 g/cm3), e o teor em carbono total varia entre 55% e 65% do peso seco. O teor de umidade varia de 65% a 90%. O poder calorífico é baixo, sendo de 3.000 a 5.000 calorias/grama em estado seco. a.4.2) Linhito - o linhito é um “carvão” acastanhado, encontrado em formações cenozóicas ou mesozóicas. É formado de restos vegetais variados em que os fragmentos lenhosos representam um papel importante. Distinguem-se das turfas pelo teor de celulose muito maior nas turfas. A densidade do linhito situa-se entre 1,1 e 1,3 g/cm3. O teor de carbono total varia entre 65% e 75% e o de água, entre 10% a 30%. O poder calorífico do linhito situa-se entre 4.000 a 6.000 calorias/grama. a.4.3) Hulha - A hulha constitui o carvão negro encontrado em sedimentos do Paleozóico e do Mesozóico Inferior. Ela é formada também por restos vegetais, cujas estruturas são observáveis ao microscópio em pequenas partes em meio a um fundo desprovido de estruturas reconhecíveis. A densidade da hulha é da ordem de 1,2 a 1,5 g/cm3. Seu teor em carbono total varia de 75% a 90% com teores variáveis de matéria mineral. O conteúdo de água é da ordem de 2% a 7%. No Brasil, a hulha é encontrada nos Estados sulinos, abrangendo principalmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina, embora pequenas quantidades ocorram também no Paraná e em São Paulo. O poder calorífico dos carvões brasileiros é da ordem de soco a 6800 calorias/grama. Mineração – Petrologia 38 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional a.4.4) Antracito - Normalmente, a hulha e o antracito formam, em conjunto, o que é conhecido sob o nome de carvão mineral. O antracito é um carvão com densidade entre 1,4 a1,7 g/cm3, com aspecto vítreo, de fratura brilhante e conchoidal, e com 90% a 93% de carbono. Este carvão é pobre em voláteis e de poder calorífico superior a 8.000 calorias/grama. São raras as ocorrências de antracito no Brasil e provem em geral da destilação da hulha do sul do país, devido a intrusões de diques e sills de diabásio. Tabela 3.1 - Classificação das rochas sedimentares Mineração – Petrologia 39 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPITULO 4. ROCHAS METAMÓRFICAS As rochas estudadas nos tópicos anteriores originaram-se, por diferentes processos, em equilíbrio com as condições de pressão e temperatura reinantes durante sua formação. Estas rochas, independente de sua origem e composição, podem ser submetidas a novas condições ambientais (P, T), diferentes daquelas em que foram originadas. Em consequência dessas novas condições de P e T e da ação de soluções químicas, ocorre uma série de reações entre os minerais dessa rocha, além de recristalização, etc., que culminam com a formação de um novo agregado mineral (nova rocha), em equilíbrio com as novas condições ambientais. Este processo de transformação de uma rocha em outra é chamado de metamorfismo, e a rocha resultante é denominada rochas metamórficas. Portanto, rocha metamórfica é aquela que sofreu mudanças na sua constituição mineral e na textura, em consequência de importantes transformações nos ambientes físico e químico do interior da crosta, devido a altas temperaturas, grandes pressões e reações provocadas por soluções quimicamente ativas. Na maioria dos casos, o metamorfismo consiste numa recristalização parcial ou completa da rocha, com formação de novas estruturas. Noutros casos, as mudanças são mais profundas, formando-se novas estruturas, texturas e novos minerais. Em condições extremas, a rocha metamórfica pode ser praticamente idêntica a uma rocha ígnea. 4.1 Ambiente metamórfico Os processos metamórficos têm lugar no interior da crosta terrestre, onde as rochas sólidas podem sofrer importantes transformações mineralógicas, devido a altas temperaturas, a elevadas pressões e à ação de fluidos quimicamente ativos. 4.2 Agentes do metamorfismo Temperatura Os principais agentes do metamorfismo são as altas temperaturas, grandes pressões e ambiente químico reinante em grandes profundidades da crosta terrestre. Quando uma rocha é submetida a mudanças por um ou mais de um desses fatores, sobrevêm perturbações no Mineração – Petrologia 40 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional equilíbrio físico e químico de sua associação mineral. O estabelecimento de novo equilíbrio resulta no metamorfismo da rocha. Através deste, os constituintes minerais são transformados em outros mais estáveis sob as novas condições. A temperatura constitui, provavelmente, um dos fatores mais importantes nos processos metamórficos. Abaixo de 200° C, as reações são muito lentas; acima de 800 a 1.000° C, a rocha funde. Desse modo, o metamorfismo tem lugar entre as temperaturas de 200 e 1.000° C. O calor pode ser fornecido pelo aumento natural de temperatura com a profundidade (grau geotérmico) ou por câmaras magmáticas adjacentes às áreas de metamorfismo. Pressão Quanto à pressão, dois tipos devem ser considerados. O primeiro deve-se ao próprio peso do material sobrejacente, o qual, naturalmente, aumenta com a profundidade. A maioria das rochas metamórficas forma-se a menos de 20 km de profundidade, isto é, a menos de 6.000 atmosferas de pressão. A ação do peso do material sobrejacente constitui a pressão uniforme ou litostática. O segundo tipo de pressão, denominado pressão dirigida (stress), deve-se aos esforços tectônicos relacionados aos movimentos da crosta terrestre. Fluidos quimicamente ativos Os fluidos desempenham papel importante no metamorfismo. As reações químicas só podem ocorrer mediante solubilização parcial ou completa do mineral original, com formação de nova espécie adaptada às novas condições físicas e químicas reinantes no ambiente de metamorfismo. O veículo das transformações químicas é a matéria liquida ou volátil que ocupa as fissuras e todas as porosidades e interstícios das rochas. A água é, sem dúvida, o constituinte mais importante, juntamente com outros produtos derivados das câmaras magmáticas. A presença de fluidos nos poros das rochas determina a velocidade e a natureza do processo metamórfico. Em grandes profundidades as ações da temperatura e da pressão acentuam a atividade das soluções, produzindo metamorfismo por recristalização ou adição de material, com desenvolvimento de novas estruturas. Mineração – Petrologia 41 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4.3 Texturas e estruturas metamórficas As texturas das rochas metamórficas dependem da forma, do modo de crescimento e arranjo mútuo dos seus minerais, enquanto as estruturas dependem das interrelações das várias texturas dentro da rocha. Para a designação de texturas metamórficas utiliza-se o termo blasto, como prefixo ou como sufixo, para distingui-las das rochas ígneas. Textura cristaloblástica - relaciona-se principalmente com a recristalização da rocha. Assim, ela pode ser idioblástica, quando os cristais apresentam faces bem desenvolvidas, ou xenoblástica, quando não possuem faces definidas. Textura granoblástica – quando na rocha metamórfica predominam minerais granulares eqüidimensionais. É a textura típica de quartzitos, mármores, granulitos, etc. Textura porfiroblástica - é definida pela existência de cristais de grande tamanho (porfiroblastos) disseminados numa matriz de granulação sensivelmente mais fina. Textura lepidoblástica - quando na rocha metamórfica predominam minerais lamelares (filossilicatos) intercrescidos e homogeneamente orientados. Ocorre em filitos, xistos, etc. Textura nematoblástica - predomínio de minerais aciculares (geralmente anfibólios) homogeneamente orientados, como nos anfibolitos. Textura gnáissica ou granolepidoblástica - ocorre em rochas metamórficas com bandas claras e escuras alternadas, como no gnaisse. As bandas claras, constituídas principalmente de quartzo e feldspato, possuem textura granoblástica. Já as bandas escuras, constituídas principalmente por biotita e hornblenda, possuem textura lepidoblástica. A combinação desses dois tipos de textura é chamada gnáissica ou granolepidoblástica, como no gnaisse. Estrutura xistosa - quando a rocha metamórfica apresenta camadas ou leitos em faixas orientadas, formadas por minerais lamelares, prismáticos e aciculares (micas, talco, clorita, anfibólio), facilmente cliváveis. Estes minerais, sob ação da pressão Mineração – Petrologia 42 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional dirigida, dispõem-se em camadas de aspecto folheado, como nos xistos, filitos e ardósia. Estrutura granulosa - deve-se à predominância de minerais eqüidimensionais (quartzo, feldspato, calcita, etc.), sem orientação preferencial (mármores, quartzitos). Estrutura gnáissica ou granuloxistosa - é uma estrutura mista devido à alternância de bandas xistosas e granulosas, às quais são diferentes tanto na composição mineral quanto na textura (p.e. gnaisses). 4.4 Tipos de metamorfismo De acordo com o ambiente e a predominância dos diferentes agentes de metamorfismo, podem-se ter os seguintes tipos principais de metamorfismo: metamorfismo de contato, metamorfismo dinâmico (cataclástico) e metamorfismo regional. a) Metamorfismo de contato - Ocorre no contato entre grandes massas ígneas intrusivas e rochas encaixantes, geralmente sedimentares. Há uma acentuada ação do calor sobre a rocha encaixante (sedimentar) que, em consequência, recristaliza-se, exibindo novos minerais. O amplo gradiente de temperatura, decrescente do contato intrusivo em direção à encaixante não afetada pelo calor, origina uma auréola de rochas metamórficas ao redor do corpo intrusivo, ou seja, o metamorfismo é mais intenso na zona de contato entre o magma e a rocha encaixante, diminuindo com a distância do corpo ígneo. Os derrames de lavas produzem ação de cozimento na parte superficial das rochas subjacentes. Por exemplo, o Arenito Botucatu encontra-se cozido no contato com o derrame de lavas basálticas da Bacia do Paraná. b) Metamorfismo dinâmico - Ocorre ao longo de planos de falhas, em ambiente de profundidade moderada, sob condições de alta pressão e baixa temperatura, onde as rochas sofrem deslocamentos devidos aos poderosos movimentos da crosta. As tensões devidas às pressões direcionais constituem os principais fatores que causam o fraturamento e a fragmentação mecânica das rochas (cataclase), reduzindo-as, frequentemente, a pó (milonito). Geralmente, no metamorfismo dinâmico ou cataclástico, não se formam novos minerais, exceto ao longo dos planos de intenso cisalhamento, onde o atrito gera calor suficiente para produzir transformações minerais de maior ou menor intensidade. Mineração – Petrologia 43 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional c) Metamorfismo regional - É o metamorfismo que se processa em grandes profundidades da crosta abrangendo grandes extensões, ao contrário dos metamorfismos de contato e dinâmico que se restringem a áreas relativamente pequenas. Formam grande parte dos escudos cristalinos. O processo desenvolve-se numa faixa de temperatura de 200oC a 1.000o C e pressões de até 10.000 Bars. Relaciona-se aos movimentos da crosta terrestre. Parte da pressão envolvida no processo resulta de esforços direcionais (pressão dirigida). A ação conjugada da temperatura e da pressão resultantes dos movimentos tectônicos dá origem ao metamorfismo dinamotermal, característico das regiões dobradas dos grandes cinturões orogênicos, onde se formam os xistos e gnaisses. 4.5 Principais rochas metamórficas Ardósia - originada pela atuação de metamorfismo regional incipiente ou de baixo grau, sobre rochas sedimentares síltico/argilosas. Possuem granulação fina e colorações acinzentadas, esverdeada, azulada ou castanha. A ardósia apresenta pequeno grau de recristalização e uma clivagem marcante, característica numa direção. Os planos de clivagem, frequentemente, não coincidem com a estratificação original da rocha. Os fósseis, quando presentes, encontram-se deformados. Geralmente são encontradas nas ardósias pequenas palhetas de mica e lascas de clorita, juntamente com quartzo, e quantidades menores de outros minerais. Porfiroblastos de pirita são comuns. Filito - os filitos formam-se sob condições de baixo grau de metamorfismo, porém mais intensas do que aquelas que dão origem às ardósias. Possuem granulação fina ou média e coloração geralmente acinzentada ou esverdeada, com brilho prateado (acetinado). São compostos essencialmente de clorita e/ou moscovita. Com o aparecimento de finas camadas quartzo-feldspáticas, os filitos passam gradualmente a xistos (micaxistos). A xistosidade encontra-se bem desenvolvida devido à orientação paralela das pequenas placas minerais. Frequentemente ocorrem pequenas dobras ou corrugações. Mineração – Petrologia 44 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Quartzito - os arenitos transformam-se em quartzitos tanto pelo metamorfismo de contato como pelo regional. São encontrados em associações com outras rochas sedimentares e metamórficas, como filitos, xistos e mármores. Os quartzitos possuem, geralmente, coloração branca ou acinzentada, sendo a textura granoblástica comum. A granulação varia de fina a grosseira. De um modo geral, apresentamse maciços. Durante o metamorfismo, certas estruturas sedimentares primárias, como estratificação ou camadas gradacionais, podem ser preservadas. Compõem-se essencialmente de grãos de quartzo intercrescidos. Pequenas quantidades de feldspato ou mica são evidentes. O Itabirito é uma variedade de quartzito com grande quantidade de hematita. Apresenta-se lamelar, com camadas alternadas de quartzo e hematita. No Pré-Cambriano brasileiro são numerosas as ocorrências de quartzitos em muitas linhas de serra (Espinhaço, MG; Jacobina, BA; Bocaina, PR, entre outras). Mármores - os mármores derivam dos metamorfismos regional e de contato em rochas calcárias. Encontram-se associados a quartzitos, filitos e muitos tipos de xisto. A granulação varia de média a grosseira, tendendo a equigranular, muitas vezes de aspecto sacaróide. As estruturas sedimentares originais podem ser preservadas. Contudo, geralmente se apresentam maciços, embora, muitas vezes, mostrem acamamento ou faixas que comumente correspondem às antigas estruturas primárias. Nos terrenos que sofreram baixo grau de metamorfismo, os fósseis podem ser abundantes; porém, com o incremento da recristalização, eles são destruídos. A xistosidade ou clivagem é rara nos mármores puros. Os mármores possuem cor branca, amarelada, vermelha, rosa, preta e esverdeada, entre outras. A coloração pode ser uniforme ou distribuída em faixas de diferentes tonalidades. São compostos essencialmente de calcita e/ou dolomita. Se a rocha original continha areia, silte ou argila, o mármore resultante pode conter flogopita, diopsídio, tremolita, grossulária, olivina e serpentina, entre muitos outros minerais. Estes conferem ao mármore o aspecto atrativo e decorativo devido às inúmeras variações de coloração e tonalidade. Xistos - resultam de um grau pouco mais elevado de metamorfismo do que o dos filitos. São formados a maiores temperaturas, a partir de diversos tipos de rochas originais, sedimentares ou ígneas. Caracterizam-se pelo arranjo paralelo dos constituintes minerais e pela esfoliação Mineração – Petrologia 45 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional pronunciada. Diferenciam-se dos filitos pela textura mais grosseira e pela tendência a apresentar clivagem ondulada. As placas dos minerais micáceos mostram nítido alinhamento ao longo da superfície de xistosidade. Os xistos das regiões intensamente deformadas apresentam várias direções de xistosidade, sendo que a mais nítida delas se relaciona ao último episódio de metamorfismo regional. A clorita-xisto possui, geralmente, coloração esverdeada, às vezes acinzentada. Tratase de uma rocha de granulação fina a média, com xistosidade bem desenvolvida. A clorita constitui o mineral essencial. Ocasionalmente, ocorrem porfiroblastos de albita. O sericita-xisto e o moscovita-xisto constituem tipos de rochas de coloração cinzenta ou esbranquiçada, de granulação fina, média ou grosseira. Ambos apresentam xistosidade bem desenvolvida. O mineral dominante é a mica branca. Quando ela se apresenta finamente granulada, denomina-se sericita, e a rocha, sericita-xisto. Quando a mica é mais grosseira, a rocha é conhecida como moscovita-xisto. A biotita-xisto é uma rocha de granulação fina, média e grosseira, geralmente de coloração castanha ou preta. A xistosidade, bem desenvolvida, é o resultante da orientação paralela ou subparalela das palhetas de mica. A biotita constitui o mineral predominante, sendo facilmente reconhecida pelo seu aspecto característico. A clorita, a moscovita, o quartzo e o feldspato podem ocorrer em proporções variáveis. O biotita-xisto origina-se de sedimentos argilosos (pelíticos) metamorfisados, constituindo rochas comuns na maioria dos terrenos cristalinos. Gnaisses - formam-se sob condições de temperaturas e pressões bastante elevadas. Originamse nas regiões mais quentes do metamorfismo regional. Trata-se de rochas de granulação variando de média a grosseira, de aspecto bandado, com os componentes minerais segregados em bandas escuras e claras. As bandas consistem em alternâncias de minerais xistosos (moscovita, biotita, hornblenda e, ocasionalmente, piroxênio) e minerais granulosos (quartzo e feldspato). Além dos minerais mencionados, podem ocorrer quaisquer minerais de metamorfismo elevado. Em graus mais elevados de metamorfismo, a rocha encontra-se próxima ao ponto de fusão. Nessas condições, podem recristalizar-se livremente e produzir as texturas características dos gnaisses. Os gnaisses ocorrem associados com migmatitos e granitos nas regiões centrais dos cinturões metamórficos. Muitos corpos gnáissicos são atravessados por veios graníticos ou Mineração – Petrologia 46 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional pegmatíticos. O augengnaisse contém grandes porfiroblastos lenticulares de feldspato ou de agregados de feldspato e quartzo. Migmatitos - são rochas mistas constituídas por um componente antigo (hospedeiro), geralmente xisto ou gnaisse, e um componente granítico. Este forma camadas, bolsões ou veios, ou então se encontra distribuído uniformemente nas rochas como porfiroblastos de feldspato ou agrupamentos de feldspato e quartzo (granitização). Se a granitização é muito intensa, a rocha pode assemelhar-se a um granito em sua composição, porém as estruturas originais, como camadas, dobras etc., podem ainda ser percebidas (estruturasfantasma). Os quartzitos, anfibolitos e rochas calcárias resistem à granitização e formam massas isoladas no interior do migmatito. Os veios ptigmáticos constituem prova de que a rocha, durante o processo metamórfico, possuía certa plasticidade. O componente xistoso ou gnáissico dos migmatitos possui coloração escura, enquanto que a parte granítica é de cor esbranquiçada, rosada ou cinzenta. Os migmatitos apresentam granulação média a grosseira, possuem xistosidade e textura gnáissica. A porção escura dos migmatitos é formada por minerais próprios dos xistos e gnaisses. A parte clara é composta essencialmente por feldspatos alcalinos e quartzo. Granulitos - constituem rochas de composição variável. São considerados como derivados de metamorfismo de rochas quartzo-feldspáticas. Possuem coloração clara, com xenoblastos de feldspatos e grãos de quartzo. Contêm, não raro, abundantes cristais de piroxênio e granada. Apresentam textura típica de gnaisse granuloso, com estrutura em faixas devido ao alongamento dos grãos de quartzo e à alternância de minerais de composição diferente (leptinito). A composição química dos granulitos é semelhante à dos granitos ou dos arenitos feldspáticos. Originam-se do metamorfismo de alto grau em rochas sedimentares (arcósios, arenitos feldspáticos e folhelhos) ou rochas ígneas (granitos e gabros com intercalações sedimentares). Mineração – Petrologia 47 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional REFERNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LEINZ, V. e AMARAL, S. E., 1982. Geologia Geral. Cia Editora Nacional, São Paulo,. 397p. KLEIN, C. and HURLBURT, C. S. 1993. Manual of Mineralogy. John Wiley and Sons, Inc., New York, 21st edition, 681p. FONTES, M. P. F., 1984. Introdução ao estudo de minerais e rochas. Imprensa Universitária, UFV, Viçosa, 23p. POPP, J. H., 1979. Geologia Geral. Livros Técnicos e Científicos Editora, São Paulo, 220p. SUGUIO, K. Rochas sedimentares. Ed. Edgard Blucher Ltda, São Paulo, 1980. 500p. TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M.; FAIRCHILD, T. R. & TAIOLI, F. 2000. Decifrando a Terra. 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Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!