união educacional de brasília revista espaço aberto discente

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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
UNIÃO EDUCACIONAL
DE BRASÍLIA
REVISTA
ESPAÇO ABERTO DISCENTE
INICIAÇÃO À PESQUISA
ACADÊMICA
BRASÍLIA, DF.
2011
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
EXPEDIENTE
A Revista Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa - é um
periódico semestral destinado a veicular a produção de conhecimentos
acadêmicos de alunos da União Educacional de Brasília (UNEB). Eles
foram escritos a partir dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos
alunos dos cursos de Gestão Hospitalar, Gestão de Negócios
Internacionais e Ciências Contábeis.
Diretora Geral: Profa. Layse de Campos Moreira Gomes
Diretor Acadêmico: Prof. M.Sc. Carlos Antônio Ferreira Dias
Coordenação da Revista: Profª. Drª. Linda G. Reis
Conselho Executivo da Revista:
Profª. Drª. Linda G. Reis
Prof. Dr. Edmilson de Jesus Costa Filho
Editoração: Profª. Drª. Linda G. Reis
Produção e Edição da Revista: Núcleo de Iniciação à Pesquisa
(NIPq)
Capa: Profª. Drª. Linda G. Reis
Endereço para Correspondência
União Educacional de Brasília
SGAS Quadra 910 Conj. D – Tel.: (61) 2101 9900
Site: www.uneb.com.br
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ALUNOS COLABORADORES DESTE NÚMERO
Curso de Ciências Contábeis
Marcos José Santana
Ivanilda Camelo do
Nascimento
Fauwzi Wasef Raddad
Antonieta de Souza Cruz
Curso de Administração
Hospitalar
Luzimery de Menezes
Curso de Administração em
Comércio Exterior
Lucia Alves Muniz
Antônio Francisco dos Santos
Tais Pereira Alves
Thaise Pereira Braga
Rev. Espaço Aberto Discente – Ano 1* Nº 1
.jan./jul/2011
Periodicidade semestral
236 p. Semestral
1. Conhecimento. 2 União Educacional de
Brasília. Iniciação à Pesquisa.
ISSN xxxxx
CDU xxxx
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
APRESENTAÇÃO
A Revista Espaço Aberto Discente – Revista de Iniciação à
Pesquisa – é o resultado de um esforço da docência das
disciplinas de Metodologia da Pesquisa ministrada no Módulo de
Formação Geral e Humana e Estágio Supervisionado I, II, III e IV
nos cursos de Ciências Contábeis, Administração em Comércio
Exterior, Administração Hospitalar, oferecidos pela União
Educacional de Brasília (UNEB).
A Revista Espaço Aberto Discente representa um estímulo e
uma oportunidade para o aluno publicar, desde cedo, seus
trabalhos acadêmicos desenvolvidos como requisitos parciais
para a conclusão das diversas disciplinas cursadas durante o
seu curso superior, bem como para a conclusão do Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC). A qualidade desses trabalhos levou
o Conselho Executivo da Revista a classificá-los como trabalhos
de iniciação à pesquisa lato sensu.
A Revista Espaço Aberto Discente consolida o compromisso
de uma nova concepção de ensino, pesquisa e extensão como
parte do processo didático-pedagógico, que torna prioridade
absoluta o desenvolvimento de habilidades cognitivas de
compreensão, análise, síntese, competências e aplicação
necessárias à pesquisa construtiva de conhecimentos pelo aluno
no ensino superior. Além disso, assinala o engajamento do
corpo docente com o discente na nova abordagem pedagógica
da UNEB centrada na aprendizagem por competência
participativa.
Com a publicação desta Revista, a UNEB parte na frente das
outras IES do Distrito Federal na corrida pela qualidade do
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ensino superior que se consolida com a produção de
conhecimentos do seu corpo discente.
Profª. Dª. Linda G. Reis
Coordenadora de Iniciação à Pesquisa Acadêmica
União Educacional de Brasília (UNEB)
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SUMÁRIO
ARTIGOS DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
CIÊNCIAS CONTÁBEIS ........................... Erro! Indicador não definido.
A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA GESTÃO DA MICRO E
PEQUENA EMPRESA RURAL
Marcos José Santana ........................................................................ 9
A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL NO
DESENVOLVIMENTO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS... 25
Ivanilda Camelo do Nascimento ..................................................... 25
A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE NOS RESULTADOS
ORÇAMENTARIOS DO SETOR PÚBLICO ...................................... 44
Fauwzi Wasef Raddad ..................................................................... 44
CONTABILIDADE AMBIENTAL: uma ferramenta de gestão
ambiental da indústria química de cosmético ............................... 64
Antonieta de Souza Cruz ................................................................ 64
GESTÃO HOSPITALAR ........................... Erro! Indicador não definido.
A INFLUÊNCIA DO ACOMPANHANTE NA RECUPERAÇÃO DO
PACIENTE INTERNADO .................................................................. 86
Luzimary de Menezes ...................................................................... 86
COMÉRCIO EXTERIOR............................ Erro! Indicador não definido.
A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE ESTOQUE NA PEQUENA E
MÉDIA EMPRESA DE EXPORTAÇÃO .......................................... 126
Antônio Francisco dos Santos ..................................................... 126
A INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO NA EXPORTAÇÃO DO CAFÉ
ORGÂNICO..................................................................................... 151
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Lúcia Alves Muniz ......................................................................... 151
LOGÍSTICA REVERSA DA EMBALAGEM PET: um processo
mecânico de reciclagem ............................................................... 179
Thaise Pereira Braga ..................................................................... 179
A ADEQUAÇÃO DO PERFIL DO CANDIDATO A ESPECIFICIDADE
DO CARGO..................................................................................... 216
Tais Pereira Alves.......................................................................... 216
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A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA GESTÃO DA
MICRO E PEQUENA EMPRESA RURAL*
Marcos José Santana*
RESUMO
O objetivo deste artigo é mostrar como a Contabilidade Rural
pode contribuir para melhorar os resultados financeiros da micro
e pequena empresa rural. Diante disso, foi analisado o tema
Contabilidade Rural, dando atenção principalmente a sua
aplicação em micro e pequenas propriedades rurais. A pesquisa
bibliográfica foi realizada por meio de estudo exploratório sobre
os conceitos de Contabilidade, empresa rural, Contabilidade
Rural, micro e pequena empresa rural e agronegócio, que
possibilitou a revisão da literatura deste trabalho. A partir da
análise da literatura estudada fica evidenciada a importância da
Contabilidade para a micro e pequena empresa rural. A análise
da literatura mostrou também que a partir da contabilização
adequada das atividades agrícolas e pecuárias é possível
alcançar melhores resultados financeiros, aprimorar as
condições para permanência das empresas rurais no mercado e
ainda criar condições para inserção das mesmas no
agronegócio.
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis feito pela União Educacional de Brasília
(UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010.
*
Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília –
UNEB.
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Palavras-chave:
Agronegócio.
Contabilidade
Rural,
Empresa
Rural,
INTRODUÇÃO
A Contabilidade Rural no Brasil ainda é pouco utilizada
devido ao desconhecimento da importância das informações
geradas pela Contabilidade no processo de tomada de decisão e
também pela mentalidade conservadora do Empresário Rural
que continua a utilizar controles baseados em sua experiência
adquirida. (CREPALDI, 2009, p.44).
O produtor rural de hoje é um empresário rural, porém
ao contrário dos empresários de outros ramos eles, de acordo
com a maioria dos casos, não utilizam técnicas e controles
gerenciais em suas propriedades, contam apenas com
informações guardadas em sua memória. Ainda em
conformidade com as constantes mudanças no mercado o
empresário rural que não adotar sistemas rigorosos de controle
de custos, despesas e produtividade não conseguirá
permanecer no mercado cada vez mais competitivo. (SANDER,
2005).
A Contabilidade existe há muito tempo e se desenvolveu
com o decorrer dos anos, no entanto, muitos produtores rurais
ainda não utilizam essa ferramenta que é de grande importância
no processo de tomada de decisão, mesmo nas economias mais
simples a Contabilidade é fundamental. (BARBOZA, 2005).
A Contabilidade surgiu na antiguidade, no início da
civilização, devido à necessidade do homem em controlar e
gerenciar seu patrimônio. No início da civilização, antes do
surgimento da escrita, o homem se viu diante da necessidade de
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controlar seu patrimônio e para isso utilizava inscrições artísticas
nas paredes de cavernas e tábuas de pedra, por meio das quais
controlava quantitativamente e qualitativamente seus bens. O
homem daquele tempo ao controlar seus bens conheceu a
Contabilidade, mesmo sem ter nenhuma noção de que ali estava
nascendo uma ciência que seria de grande importância para as
gerações futuras. Na verdade, foi a partir destes registros
primitivos que a Contabilidade se desenvolveu, tendo como
objetivo principal o controle patrimonial. (MARQUES, 2009).
A Contabilidade sempre foi conhecida por ter a
capacidade de medir e informar com objetividade os resultados
decorrentes do planejamento e sua execução. Na empresa rural
por menor que ela seja é necessário um controle eficiente para
que as decisões administrativas permitam uma boa gestão. No
entanto, atualmente a maioria das propriedades rurais não utiliza
serviços contábeis, o empresário rural ainda guarda em sua
memória as informações e com o passar do tempo as esquece.
Na maioria das empresas rurais além de faltar organização
financeira, não apuram adequadamente o lucro e
consequentemente não conseguem analisar os resultados de
suas atividades, através dos quais seria possível definir qual
atividade é mais rentável e onde podem ser reduzidos os custos
de produção. (CREPALDI, 2009, p.45).
Na década de 1990, a agricultura nacional foi atingida
por uma crise. Esse fato fez com que muitos agricultores
ficassem pelo caminho e apenas os produtores que adotaram
uma gestão profissional no campo sobreviveram. (MIRANDA,
2009).
De acordo com Marion (2009, p.170) poderá ser
considerada Microempresa “a pessoa jurídica que explora
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
atividade rural que obtiver Receita Bruta igual ou inferior a R$
240.000,00”.
Ainda em conformidade com Marion (2009, p.170) “a
pessoa jurídica que explora atividade rural que obtiver Receita
Bruta igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 poderá ser considerada
empresa de Pequeno Porte”.
1. As influências da Contabilidade Rural nos resultados
financeiros das MPER
Em tempos de globalização da economia mundial e
concorrência cada vez mais acirrada, é preciso que as MPER
sejam administradas de forma profissional. Para tanto, a
Contabilidade Rural é uma das ferramentas imprescindível para
garantir uma gestão eficaz e permitir resultados financeiros
satisfatórios para as mesmas.
A Contabilidade é a radiografia da empresa rural, ela
transforma em números o desempenho do negócio e apresenta
o nível de eficiência da administração. É através da
Contabilidade que será possível saber se a empresa rural está
alcançando seus objetivos, ou seja, o lucro. No balanço e nos
livros de registros o empresário rural encontra o caminho para o
sucesso em seu negócio, bem como as correções de rumo
necessárias no processo evolutivo de qualquer empreendimento.
(CREPALDI, 2009, p.87).
Callado e Callado (2004) enfatizam que
[...] a gestão financeira se constitui numa das mais
importantes dentro do processo administrativo de
qualquer organização, possuindo estes objetivos
que focalizem lucros financeiros ou não. Desta feita,
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é importante que nós reconheçamos a relevância da
Contabilidade.
Analisando
detalhadamente
a
utilização
da
Contabilidade no processo de tomada de decisão em empresas
rurais será demonstrada sua importância para o sucesso das
mesmas. É indispensável que as empresas rurais possuam uma
organização contábil clara, de maneira a permitir o
acompanhamento permanente de suas alterações patrimoniais e
para que isso ocorra é preciso que os gestores rurais
compreendam a relevância da Contabilidade para o
desenvolvimento de seu negócio. (CALLADO; CALLADO, 2004).
Crepaldi (2009, p. 47) afirma que a Contabilidade
aplicada na atividade rural atividade pode demonstrar toda a vida
da empresa. Por isso é imprescindível que também na
agropecuária se faça a contabilização dos fatos e que seja
estruturado com base no conhecimento, não apenas técnico e
operacional, respeitando as peculiaridades da atividade.
A Contabilidade garante ao empresário rural uma
adequada apropriação dos custos dos produtos existentes em
sua propriedade, em especial dos gastos gerais que devem ser
rateados corretamente com os demais produtos de forma a
garantir o equilíbrio financeiro das contas da empresa, sem
comprometer seus preços de mercado. O administrador rural
deve estar focado no planejamento, controle, processo decisório
e avaliação dos resultados, objetivando a maximização de seu
negócio, nesse contexto, a Contabilidade Rural é uma das
ferramentas indispensáveis para uma gestão bem-sucedida.
(CALLADO; CALLADO, 2004).
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
2. As contribuições da Contabilidade
permanência da MPER no mercado
Rural
para
a
As transformações tecnológicas, políticas, econômicas,
culturais e sociais estão ocorrendo em grande velocidade e isso
tem levado a um ambiente de turbulências que ao mesmo tempo
gera novas demandas, riscos, incertezas e oportunidades para
as organizações em geral e para o setor rural em especial. Para
que as organizações rurais consigam se manter competitivas
fazem-se necessárias reformulações amplas em suas estruturas
e a adoção de novas posturas, por parte do administrador rural,
frente aos novos desafios que tem levado todos a repensarem
seu estilo de vida, seus valores e principalmente sua maneira de
administrar. (SOUKI; SALGADO, 2000).
Ferreira (2009, p. 3) esclarece que a Contabilidade tem
duas funções, a primeira é a função administrativa, ou seja, o
controle do patrimônio e a segunda é a função econômica, que
consiste na apuração dos lucros ou prejuízos das empresas,
apura o resultado econômico.
Ainda em conformidade com Ferreira (2009, p. 4) o
patrimônio
[...] de uma determinada empresa, a partir do
momento em que passe a ser administrado, com o
objetivo de lucro, ele irá sofrer modificações
significativas. Surge, então, a Contabilidade como
instrumento necessário ao controle e a informação
dos efeitos provocados pelos fatos decorrentes da
gestão patrimonial.
O empresário rural, diferentemente de outras atividades
onde a comercialização é distribuída ao longo dos doze meses
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do ano, tem suas receitas concentradas em um determinado
período, que pode ser durante a colheita de cereais, o período
de desmame dos bezerros, da safra de frutas, enfim, dependerá
das atividades desenvolvidas na propriedade. Diante disso, para
que os resultados sejam satisfatórios se faz necessário um
controle eficaz, que será garantido por uma Contabilidade
adequada de suas atividades produtivas, de maneira a permitir
que o empresário rural conheça o resultado de suas operações e
tenha condições de decidir com segurança os investimentos
para o próximo período produtivo. (MARION, 2009).
Para Sander (2005) o empresário rural deve
[...] deixar de lado as técnicas primitivas de controle,
nas quais as informações são guardadas em sua
memória e partir para um controle mais rigoroso
através de sistemas informatizados que irão
proporcionar dados exatos dos seus custos,
despesas, produtividade, entre outros, e que
facilitarão a sua permanência no mercado.
Tomando como exemplo a atividade agrícola, pode-se
considerar como custo de cultura todos os gastos que puderem
ser identificados, diretamente ou indiretamente, com a cultura,
tais como: sementes, adubos, mão de obra (direta ou indireta),
combustível, depreciação das máquinas e equipamentos
empregados na cultura e também serviços de agronomia,
topografia e etc. Já as despesas de um período são todos os
gastos que não são identificáveis com a cultura, ou seja, são os
gastos com as vendas, administrativos e financeiros. (MARION,
2009, p. 15).
A crescente concorrência e busca por qualidade na
atividade rural exige uma Contabilidade diferenciada, que
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ofereça informações precisas e sólidas possibilitando o
conhecimento do real desempenho do negócio. Sendo assim, a
Contabilidade desenvolvida e aplicada às empresas rurais é uma
ferramenta indispensável, inclusive para aqueles que não
possuem uma estrutura muito desenvolvida. A união entre a
experiência prática do produtor rural com uma Contabilidade
bem elaborada proporcionará um excelente desempenho às
empresas rurais garantindo que os resultados financeiros destas
correspondam às expectativas de seus gestores e
consequentemente sua permanência no mercado. (CREPALDI,
2009, p. 47).
3. Contribuições da Contabilidade Rural para inserção da
MPER no Agronegócio
O agronegócio brasileiro é um terreno fértil, produtivo,
muito competitivo, e demanda investimentos em tecnologias de
produção e de gestão. Para que a MPER possa se inserir nesse
mercado precisa da Contabilidade Rural, pois, esta fornecerá
todas as ferramentas de gestão necessárias para que a empresa
seja bem-sucedida nesse campo de oportunidades.
O agronegócio brasileiro é responsável por “33% do
Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37%
dos empregos brasileiros”. O agronegócio no Brasil responde
também por um em cada três reais gerados no país e possui
uma das melhores taxas de crescimento no comércio
internacional, se mostra moderno, competitivo e eficiente, ou
seja, é a principal locomotiva da economia nacional. (PORTAL
DO AGRONEGÓCIO).
De acordo com Crepaldi (2009, p.48) a atividade
agropecuária tem grande importância na economia de países
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
com grandes extensões territoriais e condições climáticas
favoráveis como o Brasil, levando a geração de empregos e
transformando algumas regiões do país em polos econômicos.
Gonçalves e Brandt (2006, p. 15) esclarecem que nem
todas
[...] as pessoas têm uma compreensão exata de
como a Contabilidade se insere no mundo do
agronegócio. Entretanto, é uma necessidade
imperiosa para quem exerce alguma atividade, seja
comercial, industrial, bancária, de serviços, agrícola
ou qualquer outra. Ao contrário do que muitos
empresários pensam, Contabilidade não é luxo nem
é burocracia: é uma necessidade para qualquer
empreendimento. No agronegócio, inclusive, a
Contabilidade é um imperativo para bem controlar
as atividades e os resultados, seja uma grande
propriedade, um minifúndio ou até mesmo um fundo
de quintal.
O uso de tecnologia esta deixando de ser privilégio de
grandes propriedades rurais, graças a soluções tecnológicas
disponibilizadas por institutos de pesquisas como a EMBRAPA,
cada vez mais, pequenos produtores rurais têm buscado novas
tecnologias que possibilitem às mesmas melhorias produtivas,
sustentabilidade e lucro. (REVISTA BRADESCO RURAL, 2008,
p. 9).
Gonçalves e Brandt (2006) afirmam que o
[...] agronegócio há muito tempo deixou de ser uma
atividade para amadores, onde estes ainda
persistem as probabilidades de fracasso são muito
grandes, porém, onde há preocupação de gestão o
cenário muda e entra em cena a Contabilidade
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
como ferramenta de auxílio no processo decisório e
de gestão.
Crepaldi (2009, p. 50) enfatiza que “os resultados dos
empreendimentos devem satisfazer ao empresário rural e
permitir a ele lutar por seu espaço, em um mundo cada vez mais
competitivo”. O empresário rural precisa perceber que a união
entre atividade rural e Contabilidade vem dando certo e que
planejamento e controle corretos proporcionam excelentes
resultados financeiros. (CIPALDI, 2009).
No agronegócio como em qualquer outro negócio as
mudanças ocorrem com grande velocidade e podem gerar
incertezas, graças às variáveis econômicas e à concorrência
voraz, que juntas podem influenciar significativamente os
resultados dos negócios de maneira geral. Nesse contexto, o
empresário rural deve estar atento às variações no mercado, às
novidades tecnológicas e estar sempre buscando melhorar suas
técnicas produtivas e financeiras. A Contabilidade pode garantir
ao empresário rural as condições para competir no agronegócio
e sobreviver no mercado, através do direcionamento na tomada
de decisões e um controle de custos eficaz e a consequência
disso são melhores resultados econômicos. (CREPALDI, 2009,
p. 49).
4. O papel da Contabilidade Rural no desenvolvimento do
Agronegócio
Rodrigues (2004, p. 22) afirma que “o agronegócio está
por trás do processo de desenvolvimento dos países mais
avançados do mundo”. Ainda em conformidade com Rodrigues
(2004, p. 22) a “[...] riqueza de um país vem da agricultura e da
pecuária, já que nenhuma nação nasceu industrial. Todas
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
começaram com a agropecuária, desenvolveram os serviços e
depois suas indústrias”.
De acordo com Massilon (2003, p. 26 apud MIRANDA,
2004) o agronegócio brasileiro tem grande importância na
balança comercial do país, possui histórico de resultados
superavitários, ou seja, contribui significativamente para a
diminuição dos déficits comerciais do Brasil. O agronegócio é um
dos maiores geradores de emprego no país e possui expressiva
participação no mercado consumidor interno.
Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) “aproximadamente 45% do
consumo das famílias brasileiras é em produtos oriundos do
agronegócio”.
A Contabilidade aplicada ao agronegócio irá
proporcionar ao empresário rural maior grau de segurança na
hora de tomar suas decisões e irá garantir resultados melhores e
mais consistentes em um menor tempo. (GONÇALVES;
BRANDT, 2006).
Em conformidade com Crepaldi (2009, p. 48) “o
agronegócio gira a roda de toda a nossa economia” e que
estudos da UNETAD, órgão da Organização das Nações Unidas
(ONU) responsável pelo desenvolvimento do comércio
internacional, projetam o Brasil como líder mundial na produção
de alimentos em poucos anos.
Diante desse cenário promissor e desafiador o
empresário rural necessita de uma contabilização correta de
suas atividades, que proporcione ao mesmo segurança no
processo decisório, conhecimento dos resultados de suas
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
atividades e condições para enfrentar a concorrência acirrada
presente no mercado. A Contabilidade ainda permite o
desenvolvimento de planejamentos operacionais e estratégicos
que irão manter o empresário rural competitivo no agronegócio,
mesmo diante das frequentes mudanças desencadeadas sejam
por incertezas de mercado sejam por variáveis econômicas
decorrentes de um mercado globalizado. (CREPALDI, 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo como base a revisão de literatura realizada, fica
explícita a importância da utilização da Contabilidade na gestão
da Micro e Pequena Empresa Rural (MPER), assim como em
qualquer outro segmento econômico. Quando as empresas
rurais ou propriedades rurais adotam uma Contabilidade
adequada de suas atividades seus resultados financeiros podem
ser aumentados significativamente, através de um melhor
controle de seus custos e por meio de tomadas de decisões
mais precisas, seguras e em conformidade com as
necessidades e exigências do mercado.
Com relação à permanência da MPER no mercado, a
Contabilidade Rural contribui de forma decisiva, pois, ao
melhorar os resultados financeiros das mesmas cria-se um
ambiente mais favorável à permanência daqueles produtores em
suas atividades. Oferece também condições para que possam
competir em igualdade de condições no mercado,
consequentemente, assegura que enfrentem com maior
tranquilidade as constantes mudanças de rumo da economia
moderna.
O agronegócio brasileiro possui grande importância para
a economia nacional, possui histórico de crescimento e está em
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
desenvolvimento contínuo, associado a esses fatores ainda
temos a globalização econômica, além de outros fenômenos que
devem ser considerados, para que a MPER possa se inserir no
agronegócio. Diante disso é indispensável que utilizem todas as
informações e ferramentas que a Contabilidade Rural possui e
disponibiliza ao empresário rural, para que esse tenha condições
de gerir seus negócios de forma eficaz e lucrativa.
Devido à concorrência acirrada e o grande
desenvolvimento tecnológico presente no agronegócio, a
Contabilidade possui papel de gerar informações precisas e
fornecer ferramentas necessárias para que o empresário rural
possa ter segurança no processo decisório, tenha condições de
aproveitar as oportunidades e se mantenha competitivo no
mercado.
Atualmente, mesmo com a maioria das propriedades
rurais utilizando métodos ultrapassados na gestão de suas
atividades, o setor rural possui grande importância para
economia brasileira. Porém, é possível perceber que com a
competição acirrada imposta pelo agronegócio foi dado início a
um movimento rumo à modernização da gestão rural no país.
Diante de tudo isso, pode-se afirmar que quando a maioria da
Micro e Pequena Empresa Rural passarem a utilizar
adequadamente a Contabilidade, os bons resultados de hoje
serão multiplicados e alcançarão níveis de excelência
administrativa e produtiva.
REFERÊNCIAS
BARBOZA, Márcia Brandão de Oliveira. Um estudo sobre as
contribuições da contabilidade para o desenvolvimento da
agricultura: enfoque no equilíbrio entre meio ambiente e
21
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BATALHA, Mário Otávio. Recursos humanos para o agronegócio
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CALLADO, Antônio André Cunha; CALLADO, Aldo Leonardo Cunha.
Custos: um desafio para a gestão do agronegócio. Disponível em:
<http://www.biblioteca.sebrae.com.br>. Acesso em: 10 fev. 2010.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem
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<http://www.fea.usp.br/conteudo>. Acesso em: 08 dez. 2009.
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GONÇALVES, Rosmarina Feiten; BRANDT, Valnir Alberto. A
contabilidade e sua inserção no agronegócio. Revista do CRCPR,
Curitiba, n. 145, 2. quadrimestre 2006.
MARION, José Carlos. Contabilidade rural. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2009.
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abordagem histórica. Disponível em: <http://www.netlegis.com.br>.
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MF Rural. A força do agronegócio x contribuição do MF Rural.
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em: 07 dez. 2009.
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MIRANDA, Patrícia. Contabilidade: fator de desenvolvimento do
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<http://www.paginarural.com.br/artigo/938/Contabilidade-fator-dedesenvolvimento-do-agronegocio>. Acesso em: 01 dez. 2009.
PADILHA JUNIOR, João Batista. Agronegócios. Disponível em:
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE
GERENCIAL NO DESENVOLVIMENTO DAS
PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS*
Ivanilda Camelo do Nascimento†
RESUMO
Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar a
importância da Contabilidade Gerencial para as empresas de
pequeno porte, mostrando a necessidade de se ter acesso a
informações úteis que possibilitem ao gestor administrar seu
negócio de maneira eficiente. A Contabilidade Gerencial está
voltada exclusivamente para a administração de empresa,
procurando suprir informações que se encaixem de maneiras
válidas e efetivas no modelo decisório do administrador. A
Contabilidade Gerencial é caracterizada como um enfoque no
fornecimento de informações para os administradores, no caso,
uma ferramenta para a administração. Sendo uma ferramenta
necessária
dentro
dos
procedimentos
contábeis
na
Contabilidade financeira, Contabilidade de custos, na análise
financeira, etc. de modo a auxiliar os gerentes na tomada de
decisões. O foco atual está centrado em criar valores
consideráveis pelo fornecimento de informações necessárias
para o sucesso das organizações, de um modo geral a
Contabilidade Gerencial se vale de outros campos de
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis feito pela União Educacional de Brasília
(UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010.
†
Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília –
UNEB.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
conhecimentos, entre eles o conceito da administração da
produção, da estrutura organizacional e da administração
financeira, campo mais amplo de toda a Contabilidade
empresarial.
Palavras-chaves: Contabilidade Gerencial, Informação, Tomada
de Decisão, PMEs.
INTRODUÇÃO
A necessidade de gerenciar de maneira eficaz para
obter rápido feedback propicia o aprendizado contínuo e a
melhoria das atividades, além de minimizar perdas e
potencializar os resultados. Essa preocupação existe desde o
início das civilizações e foi nesse contexto que surgiu a
Contabilidade. Conceituada como sendo um sistema de
informações e avaliação, capaz de prover seus usuários com
demonstrações de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade, devidamente estruturadas, tem se constituído, ao
longo dos tempos, ferramenta indispensável à gestão eficaz e
efetiva das organizações.
De acordo com Marques (2009), no início das
civilizações, mesmo antes do surgimento da escrita, o homem se
viu diante da necessidade de controlar seu patrimônio. Para
tanto, utilizava inscrições artísticas nas paredes de cavernas e
tábuas de pedra, por meio das quais podia controlar qualitativa e
quantitativamente seus bens.
Marques (2009) enfatiza ainda que
o homem daquele tempo ao controlar seus bens
conheceu a Contabilidade, mesmo sem ter
nenhuma noção de que ali estava nascendo uma
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
ciência que seria de grande importância para
humanidade e a partir destes registros primitivos foi
se desenvolvendo sempre com o objetivo de
maximizar o aproveitamento do patrimônio.
Todavia é difícil afirmar com precisão quando surgiu a
Contabilidade. Para Parma (2009), a civilização suméria foi uma
das primeiras a utilizar a Contabilidade rudimentar. Assim, a
origem seria o ano 6.000 a.C, também chamado de período
empírico da Contabilidade, quando o que existiam eram
“anotações” mentais referentes às entradas, o consumo ou a
cessão de cereais ou animais. À medida em que as civilizações
foram evoluindo, a Contabilidade acompanhou, passando pela
pictografia, na qual era representada pelos desenhos toscos
feitos nas cavernas com figuras de bois, peixes, aves, espigas
de cevada, dentre outros. Posteriormente, os registros eram
feitos em escrita cuneiforme na Mesopotâmia, hieróglifos no
Egito e mais tarde com a escrita alfabética dos fenícios até
chegar ao período romano onde foi muito utilizada para taxação
de impostos.
Na medida em que o homem começava a possuir uma
quantidade maior de posse a preocupação aumentava, pois ele
precisava saber o quanto as suas posses poderiam render e
quais as formas de aumentá-las, tais informações não eram de
fácil memorização, o que requeria registros. Contabilidade,
desde sua origem, esteve a serviço do homem fornecendo
informações para que o mesmo pudesse melhor gerir seus bens.
Ainda para Parma (2009), a
Contabilidade
continua
sua
evolução
acompanhando as necessidades das civilizações
em controlar seus bens, passando pelo período da
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
sistematização, depois pelo período moderno até
chegar ao período científico ou contemporâneo, que
iniciou em 1840 e segue até os dias atuais.
No final do século XIX, com o advento das grandes
companhias de produção industrial, tornaram-se necessárias
novas técnicas de controle e custeio dos produtos. Para Schmidt
(2000), foi nesse momento que uma das primeiras contribuições
à Contabilidade Gerencial foi realizada, com a apresentação de
algumas formas utilizadas para calcular o custo de produção
real.
Apesar de a Contabilidade Gerencial enfocar a demanda
por informações, ela fornece tratamento abrangente e
habilidades contábeis consideradas importantes no controle e na
avaliação de desempenho, o que leva a ser apontada como a
razão mais frequente para o fracasso de tantas PMEs.
A Contabilidade Gerencial produz informações
financeiras e operacionais para as organizações. Tal processo
deve ser dirigido pelas necessidades de informações e deve
guiar as decisões operacionais e de investimentos.
Para Resnik (1991), o empresário da pequena empresa
parece não estar convencido da importância da administração
contábil como instrumento administrativo e menos ainda como
parte do processo decisório. O autor justifica a não apreciação
pelos proprietários-gerentes das funções e do processo de um
sistema eficaz de Contabilidade e não pelo desdém. Mas atribui
a uma simples insensibilidade ao que eles não conhecem ou não
se sentem à vontade.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
A pergunta surge espontaneamente. Como a
Contabilidade Gerencial pode contribuir na tomada de decisão
das PMEs?
A importância da Contabilidade Gerencial para a tomada
de decisões acelera a evolução do ambiente econômico e
tecnológico, gerando mudanças de maneira natural e estabelece
normas para enfrentá-las. As PMEs precisam estar preparadas
para esse novo desafio e procurar entender que é necessário
uma mudança de mentalidade na forma de tratar as informações
geradas no dia a dia da empresa. E aí surge o auxílio da
Contabilidade Gerencial que se encaixa de maneira válida e
efetiva na geração de informações para suporte na tomada de
decisão. Com base no conhecimento das situações passadas ou
presentes, a Contabilidade Gerencial passa a constituir-se em
estimativa válida daquilo que poderá acontecer no futuro.
Kaplan (1997) argumenta que a Contabilidade Gerencial
tem se preocupado muito com informações para decisões de
curto prazo voltadas para o ambiente interno das empresas, não
contribuindo para o seu futuro de longo prazo, ou seja, no
aspecto estratégico. Dada a importância atribuída à estratégia
no atual contexto de competitividade global crescente, este
comportamento estaria colocando a Contabilidade numa posição
de pouca relevância para o processo de gestão.
Portanto, a visão holística que a Contabilidade Gerencial
procura expressar em seus relatórios as orientações para o
futuro, a preocupação com impacto e a tempestividade das
informações, permitindo a utilização de técnicas e teorias pela
administração das empresas.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
1. Conceitos de Contabilidade Gerencial
A Contabilidade Gerencial pode receber diversas
definições. Para Ludícibus (1998) a Contabilidade Gerencial é
[...] um enfoque especial conferido às várias
técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e
tratados
na
Contabilidade
financeira,
na
Contabilidade de custos, na análise de balanços,
etc., colocados numa perspectiva diferente, num
grau de detalhes mais analítico ou numa forma de
apresentação e classificação diferenciada, de
maneira a auxiliar os gerentes das entidades em
seu processo decisório.
A definição de Anthony (1972) é mais sintética, porém
não menos significativa, caracterizando a Contabilidade
Gerencial como sendo aquela destinada a prover informações
úteis para a administração.
Anthony e Govindarajan (2001) destacam que a
Contabilidade gerencial tem três divisões: Contabilidade de
custo total, responsável pelo custeio de produtos e serviços para
fins de avaliação de estoques, da precificação e da lucratividade
dos produtos; Contabilidade diferencial, responsável por estimar
os custos existentes em condições alternativas; e controle
gerencial, responsável pelo controle e mEd. das variáveis
estratégicas, bem como de unidades de negócios, dentre outros.
A Contabilidade, em sua origem, era gerencial, haja vista
que era realizada para que os gestores pudessem ter controle
sobre seus bens e orientar suas ações em vista do futuro. Além
de estar composta em conformidade com o modelo de gestão
adotado. A Contabilidade Gerencial é voltada para a
administração de empresa e objetiva gerar informações úteis ao
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processo de gestão empresarial. Não se condiciona às
imposições legais; tem o objetivo único de fornecer subsídios
para o processo de tomada de decisões.
2. Conceito de Pequenas e Médias Empresas
As pequenas empresas têm características de empresas
familiares. Muitos empresários adotam técnicas administrativas
com base em experiências empíricas. Por outro lado, é difícil
para o microempresário por si só conscientizar-se das vantagens
da utilização da Contabilidade para tomada de decisão.
Para Resnik (1990), não existe nenhuma boa definição
de “pequena” empresa. Talvez a melhor definição prática seja
um critério funcional: pequenas empresas são aquelas que o
proprietário-gerente controla pessoalmente, enquanto o tamanho
ainda não ditou uma estrutura administrativa substancialmente
descentralizada. Para Gonçalves (1994),
as pequenas empresas, de um modo geral, são
definidas como aquelas que, não ocupando uma
posição de domínio ou monopólio no mercado, são
dirigidas por seus próprios donos, que assumem o
risco do negócio e não estão vinculados a outras
grandes empresas ou grupos financeiros.
3. Conceito de Tomada de Decisão
Na antiguidade o homem sempre procurou algo que o
auxiliasse no processo decisório. As diversas culturas antigas
buscavam em pessoas com “poderes místicos” o auxíilio para as
suas decisões. Quando a decisão tomada não proporcionava o
resultado esperado, atribuía-se os erros às divindades que não
estavam felizes com a pessoa ou com a civilização.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
A evolução da decisão no começo do século era
centrada no executivo principal, em geral o proprietário, que
detinha as prerrogativas de escolher o que julgasse melhor para
a empresa e para os trabalhadores.
Também foi nesta década que se passou a identificar a
organização como um sistema aberto, em estreita relação com o
meio ambiente. Ficou provado que os sentimentos, as atitudes e
os valores do homem afetam, positiva ou negativamente, o
processo de decisão. Assim, as decisões passaram a ser
centralizadas no cumprimento de metas.
Para Shimizu (2006) a palavra decisão é formada pelo
prefixo de (prefixo latino aqui com o significado de parar, extrair,
interromper) que se antepõe à palavra decisão significa “parar
de cortar” ou “deixar fluir”.
Tomada de decisão, segundo Oliveira (2004), nada mais
é do que a conversão das informações tomada com base na
apreciação de informações. Decidir é recomendar entre vários
caminhos alternativos que levam a determinado resultado.
Chiavenato (1997) elucida ao definir decisão como “o
processo de análise e escolha entre várias alternativas
disponíveis do curso de ação que a pessoa deverá seguir”.
4. A contribuição da Contabilidade para as PMEs
A Contabilidade nos dias de hoje está relacionada à
capacidade de antever cenários adversos ou favoráveis a
realizar mudanças. Por isso é fundamental para orientar o gestor
nas decisões que precisam ser tomadas, e é uma ferramenta
imprescindível para os resultados financeiros e sociais das
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Pequenas e Médias Empresas. Isso porque propicia um trabalho
profissional que pode agregar valor e, acima de tudo, expressar
sua responsabilidade na área. Tendo um potencial enorme de
informação, a Contabilidade reúne fatos que são passíveis de
expressão monetária, objetivando as PMEs uma visão sistêmica
da situação contribuindo positivamente para o seu sucesso.
(RESNIK, 1991).
Para Bortoli (2007) todo trabalho embasado numa
pesquisa que tenha como conhecer a realidade das pequenas e
médias empresas, justifica-se por si só, pois a carência de
informação nesta área é inversamente proporcional à sua
importância na economia nacional e regional.
Segundo Marion (1993) a função do Contador é produzir
informações úteis aos usuários para a tomada de decisão. A
empresa, para ter sucesso, precisa possuir conhecimento do
mercado, ter um bom administrador e fazer uso de fatores
importantes como informações contábeis para ter sucesso na
empresa. (GONÇALVES, 1994).
Ainda para Warren (2001) na medida em que a
administração usa esses demonstrativos contábeis para dirigir
operações atuais e planejar operações futuras auxilia os
gerentes em seu processo decisório. Segundo Beuren (2000) o
desafio maior da informação é o de habilitar os gestores a
alcançar os objetivos propostos para a organização, por meio
dos recursos disponíveis.
Para Padoveze (1997) a Contabilidade Gerencial
[...] pode ser caracterizada, superficialmente, como
um enfoque especial conferido a várias técnicas e
procedimentos contábeis já conhecidos e tratados
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de
Custos, na Análise Financeira e de Balanços, etc.,
colocados numa perspectiva diferente, num grau de
detalhe mais analítico ou numa forma de
apresentação e classificação diferenciada, de
maneira a auxiliar os gerentes das entidades em
seu processo decisório.
Sendo assim, a Contabilidade apresenta-se como um
importante instrumento de gestão, por ser considerada uma
ferramenta que tem o papel de gerar informações para o
empresário. Com isso, ele pode tomar decisões mais acertadas
e em tempo hábil, e é um sinalizador apontando variações,
desempenhando uma função relevante na identificação de
alternativos para a escolha mais adequada para a organização.
(RESNIK, 1991).
5. O papel das subdivisões da Contabilidade Gerencial nas
PMEs
O ambiente econômico exige excelência dos sistemas
corporativos da Contabilidade Gerencial, precisando fornecer
informações oportunas e precisas para facilitar os esforços para
controlar os custos. Com esse papel vital no planejamento, na
comunicação, motivação e avaliação é um componente
necessário na estratégia da empresa.
O empresário tem que equipar-se de todos os recursos
tecnológicos e humanos disponíveis da melhor forma, melhor
qualidade, menos custo, máximo aproveitamento e sem
desperdícios.
(PADOZEVE,
1997).
A
habilidade
da
Contabilidade Gerencial para avaliar decisões passadas, reagir à
situação presentes e predizer eventos futuros é um fator crítico
de sucesso.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
O Balanço Patrimonial, Demonstrativo Financeiro, um
Fluxo de Caixa, Custos têm como objetivo único fornecer
subsídios para o processo de tomada de decisão. (RICARDINO,
2005). Para Frezatti (1982) a necessidade de desenvolver
demonstrativos
financeiros
decorre
do
aumento
da
complexidade das atividades operacionais que são as principais
atividades geradoras da receita da empresa.
Para Santi Filho (2004) é possível que uma empresa
apresente lucro líquido e um bom retorno sobre investimentos e
ainda assim vá a falência. O péssimo fluxo de caixa é o que
acaba com a maioria das empresas que fracassam.
Conforme Campos Filho (1999) os
(...) administradores, contadores, gestores precisam
ter informações que estejam disponíveis em tempo
hábil, podendo elaborar orçamentos de caixa em
menor tempo e trazendo bons resultados permitindo
visualizar com antecedência as necessidades
financeiras.
De acordo com Marion (2008) todo mundo tem seu fluxo
de caixa, por mais simples que uma pessoa seja, ela tem de
memória quanto entrou de dinheiro no mês e quanto saiu,
quanto foi gasto.
As subdivisões da Contabilidade Gerencial são uma
ferramenta que auxilia a empresa a controlar a situação
financeira; são essenciais para que as mesmas tenham sucesso,
de ter uma administração de sucesso e sadia. (OLIVEIRA,
2004).
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
6. Influência da Contabilidade Gerencial nos resultados
financeiros das PMEs
A Contabilidade Gerencial passou a ter um papel
especial perante as PMEs, quanto da necessidade de tratar os
custos para a tomada de diferentes decisões, pois as empresas
buscam redução de custos com aumento da lucratividade,
caracterizado como um enfoque especial a várias técnicas e
procedimentos contábeis. É fundamental que o empresário de
PMEs tenha um conhecimento de técnicas administrativas e
contábeis para garantir uma boa gestão, dada a simplicidade de
funcionamento da empresa. (WARREN, 2001).
Atkinson (2000) reconhece que com as devidas
adaptações e com o reconhecimento de sua utilidade por parte
do empresário, a Contabilidade, em seu foco gerencial, poderá
transformar-se na principal ferramenta estratégica para o
desenvolvimento e até mesmo para sobrevivência da pequena
empresa.
Para Ricardino (2005) o ponto fundamental da
Contabilidade Gerencial é o uso da informação contábil para a
Administração, pois os dados contidos em seus relatórios
propiciam fortes influências no planejamento estratégico das
empresas.
A Contabilidade Gerencial definirá todo o fluxo de
informações da empresa, garantindo que as informações
corretas cheguem aos interessados dentro de prazos
adequados. (WARREN, 2001).
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Segundo Padoveze (1997) a Contabilidade Gerencial
está relacionada com o fornecimento de informações para os
administradores.
Ainda para Ludícibus (1998), a Contabilidade Gerencial,
para ser utilizada como processo de decisão necessita de
integração com a Contabilidade de custos, e por sua vez com os
procedimentos contábeis, financeiros e orçamento empresarial.
Para Sá (1999) o desenvolvimento da função gerencial
depende fundamentalmente do desempenho do contador em
interagir-se com os diversos níveis da empresa, para
estabelecer metas e objetivos a serem alcançados, podendo
assim provocar o crescimento e um aumento na lucratividade da
empresa.
Dessa forma, a Contabilidade Gerencial para as PMEs é
um instrumento de apoio na gestão dos negócios, uma vez que
são utilizadas em diferentes atividades empresariais e processos
decisórios. (SÁ, 1999).
7. A contribuição da Contabilidade Gerencial na tomada de
decisão
A competição está cada vez mais acirrada, exigindo que
as empresas se adaptem rapidamente. As informações estão
sendo providenciadas de uma forma que possam ajudar a
administração a identificar, priorizar e resolver problemas para a
tomada de decisão.
A Contabilidade Gerencial tem como objetivo enxergar e
corrigir problemas, ajudar a empresa a crescer e gerar lucros e
diminuir custos (citação).
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
O objetivo da Contabilidade Gerencial é de fazer a
conexão entre as ações locais e a lucratividade da empresa para
que eles possam saber quais ações levam a empresa em
direção a metas. (SHIMIZU, 2006).
Conforme Ludícibus (1998), um contador gerencial deve
(...) saber tratar, refinar e apresentar de maneira
clara, resumidas e operacionais dados esparsos,
contidos nos registros da Contabilidade financeira,
de custos etc., bem como juntar tais uniformes com
outros conhecidos não especificamente ligados à
área contábil, para suprir a administração em seu
processo decisório. Deve estar ciente de certos
conceitos de microeconomia e observar as reações
dos administradores quanto à forma e conteúdo dos
relatórios. Deve ser elemento com formação
bastante ampla, inclusive de conhecimento, senão
das técnicas, pelo menos dos objetivos ou
resultados que podem ser alcançados com métodos
quantitativos.
Para Ludícibus (1998) dados são números ou descrição
de objetivos ou eventos que, isoladamente, não provocam
nenhuma reação no leitor. Informação representa, para quem as
recebe, uma comunicação que pode produzir reação ou decisão,
frequentemente acompanhada de um efeito surpresa.
Para Peres Júnior (1995) a
Contabilidade gerencial é altamente qualificada,
pois definirá e controlará as informações da
empresa, fazendo com que as informações corretas
cheguem aos interessados dentro do prazo
adequado e que a administração superior receba
informações úteis à tomada de decisão.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Segundo Padozeve (1997) a Contabilidade Gerencial é
relacionada com o fornecimento de informações para que os
gerentes possam decidir qual o melhor caminho para a empresa.
O processo de tomada de decisão termina com a
escolha da melhor ação a ser implementada. Para alcançar esse
ponto é necessário que passe pelas fases de definição do
problema, obtenção dos fatos, formulação das alternativas,
ponderação e decisão. Em todas essas etapas a informação
contábil é de suma importância. Alguns problemas existem
somente quando os relatórios contábeis são analisados
regulamente e, com o orçamento elaborado com base nas
informações contábeis. Auxiliando bastante no fornecimento de
informações para decisões, cujo conhecimento e tratamento
auxiliam a empresa a chegar às metas desejadas. (KAPLAN,
1997).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Contabilidade é um instrumento de apoio aos micros e
pequenos empresários na gestão dos negócios. No contexto
globalizado, onde os concorrentes são altamente competitivos,
torna-se imprescindível ao pequeno empresário conhecer sua
empresa e administrá-la de maneira eficiente e eficaz, usando
todas as ferramentas disponíveis.
A Contabilidade, como ciência que estuda a riqueza das
entidades, mais do que nunca se torna vital para a sobrevivência
destas, pois é através da Contabilidade que se identifica a
situação financeira e econômica da empresa.
Nesse sentido, faz-se necessário que o pequeno
empresário tenha conhecimento da importância da realização de
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
uma Contabilidade completa e eficiente que reflita a realidade da
empresa, possibilitando elaborar demonstrações contábeis que
sirvam de base para gerar informações úteis para a gestão dos
negócios.
O desenvolvimento que a Contabilidade Gerencial pode
ter com o uso inteligente de métodos quantitativos e com a
difusão de sistema de informações gerenciais em
processamento eletrônico é difícil de dimensionar, mas
certamente parece enorme. Conquanto que a Contabilidade
auxilie bastante no fornecimento de informações para decisões.
O objetivo da Contabilidade Gerencial é fazer a conexão
entre as ações locais dos gerentes e a lucratividade da empresa,
para que eles possam saber quais ações suas levam a empresa
em direção à sua meta.
A Contabilidade Gerencial é a ferramenta fundamental e
indispensável para permanência de uma entidade no mercado.
Sendo assim um instrumento que gera conhecimento sobre uma
organização, nada mais justo que afirmar que a empresa que
não detiver o conhecimento, ou seja, a Contabilidade como
instrumento de elaboração de informação não sobreviverá.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE NOS RESULTADOS
ORÇAMENTÁRIOS DO SETOR PÚBLICO*
Fauwzi Wasef Raddad‡
RESUMO
O objetivo deste artigo de revisão bibliográfica é mostrar como a
Contabilidade pode contribuir para melhorar o resultado
orçamentário no setor público. Em primeiro lugar a pesquisa
evidencia a comparação entre Contabilidade Pública e a
Empresarial, conceituando-as, descrevendo sobre seus
objetivos, campo de aplicação e as leis vigentes. Apresenta
também as dificuldades que o governo tinha para consolidar as
informações sobre a Administração dos recursos públicos,
surgindo a partir daí a necessidade de um sistema que fosse
informatizado e que trouxesse informações padronizadas e em
tempo hábil. Descreve ainda a criação do Siafi com seu projeto
lógico, objetivos e características e seus principais documentos
de entrada de dados, que veio integrar e padronizar as
informações com seus registros contábeis, orçamentários,
financeiros e patrimoniais. Nesse contexto enfatiza as vantagens
que esse Sistema trouxe para a Administração Pública com a
criação da conta única e também com a transparência nas
informações dos gastos das despesas do Governo Federal.
Outra vantagem da informatização do controle dos recursos
*Artigo de Revisão de Literatura que publica o Trabalho de Conclusão Curso
apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Ciências
Contábeis da União Educacional de Brasília (UNEB), sob a orientação da
Profª. Drª. Linda G. Reis, Brasília- DF, 2010.
‡
Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília –
UNEB.
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públicos é poder emitir relatórios gerenciais confiáveis, a partir
do Siafi Gerencial, para serem utilizados como auxiliadores na
tomada de decisões, dos quais os gestores podem administrar
com eficiência, eficácia e transparência os recursos do governo.
Palavras-chave: Recursos Públicos, Contabilidade Pública,
Siafi.
INTRODUÇÃO
A história do orçamento quase se confunde com a
própria historia do homem. Mas só com a organização do Estado
é que se tornou necessário ditar regras, que objetivaram dar
consistência ao cumprimento de sua principal finalidade. Essas
regras tiveram importância na história financeira, que beneficiou
as instituições públicas. (MORSELI, 1965). O orçamento é um
dos mais antigos e tradicionais instrumentos utilizados na gestão
dos negócios públicos. Foi concebido inicialmente como um
mecanismo eficaz de controle político e sofreu ao longo do
tempo mudanças no plano conceitual e técnico para
acompanhar a própria evolução. (GIACOMONI, 2000).
Desde seus primórdios a instituição orçamentária foi
cercada de uma série de regras com a finalidade de aumentar a
consistência no cumprimento de sua finalidade: a Lei. Essas
condições, denominadas princípios orçamentários, foram
definidas, implantadas e consolidadas, no intuito de tornar o
processo orçamentário mais racional e eficiente.
Os primeiros orçamentos que se tem notícia eram
orçamentos tradicionais, que concebiam apenas ênfase ao gasto
do setor público, eram simples documentos de previsão de
receita e autorização de despesas sem nenhuma ligação com
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um sistema de planejamento governamental. (CASA GRANDE,
2004).
Criou-se o princípio da legalidade, que foi o primeiro a
ser definido e dispõe que o orçamento tem que ser
necessariamente objeto de uma lei nº resultante de um processo
legislativo completo. Essa lei orçamentária já teria sido instituída
na primeira constituição brasileira de 25 de março de 1824.
(DEBUS, 2004).
Esse princípio também fala das limitações ao poder de
tributação do estado, atende o que determina o art.5 inciso II que
menciona que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa em virtude de Lei. Esse princípio visa a combater
as arbitrariedades emanadas do poder público.
Somente por meio de normas legais podem ser criadas
obrigações aos indivíduos. (CARVALHO, 2000). O princípio da
racionalidade nos fala que sendo os recursos orçamentários
escassos e as necessidades humanas cada vez maiores
tornam-se mais eficientes o número de alternativas
apresentadas ao orçamento, com o objetivo de torná-lo cada vez
mais eficaz. (CARVALHO, 2005).
O princípio da previsão procura estabelecer a
necessidade de diagnosticar e antever as ações num certo lapso
de tempo, em função dos objetivos a serem atingidos, ou
almejados com recursos disponíveis e o efetivo controle dos
gastos. (CARVALHO, 2005).
O início da não afetação das receitas define que
nenhuma parcela da receita geral poderá ser reservada ou
comprometida para atender a certos e determinados gastos.
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Dentro da gestão orçamentária todo gasto tem que ser definido
conforme as Leis de Diretrizes Orçamentárias determinam.
(GIACOMONI, 2001).
Na elaboração do orçamento há que se obedecer a
determinadas
classificações
orçamentárias
previamente
existentes. Faz-se necessário identificar e obedecer a função
que a instituição governamental é pertencente para que seja
feita a distribuição orçamentária, no entanto nem sempre os
valores distribuídos são aplicados de forma correta. (CASA
GRANDE, 2004).
1. Conceito de Orçamento Público
Para Carvalho (2000) foi a Constituição Federal da
República, de 1988, que apresentou um dos maiores avanços a
respeito do orçamento público, foi através dela que se
sedimentou a ideia de que é inconcebível a elaboração de um
orçamento desvinculado de um sistema de planejamento e
orçamento que devem estar em estrita consonância.
A Constituição Federal trata de estabelecer o orçamento
público como ato administrativo revestido de força legal que
estabelece um conjunto de ações a serem realizadas (BRASIL,
1988).
Para Debus e Vaz (2004), as vantagens do orçamentoprograma sobre a sistemática anterior são inúmeras, mas a
principal delas é a possibilidade de se conjugar a formulação e a
execução dos orçamentos ao planejamento governamental e a
avaliação das ações do governo nas diversas funções e
programas de sua responsabilidade.
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Em decorrência de trabalhos desenvolvidos por
consultores patrocinados pela Organização das Nações Unidas
(ONU), o sistema orçamentário adotou a ideia e as concepções
do orçamento consistem na vinculação do gasto do recurso
orçamentário do planejamento governamental.
De acordo com Giacomoni (2000), um orçamento é
aquele que apresenta os propósitos e os objetivos para os quais
os créditos se fazem necessários bem como os custos do
programa proposto [...]. Portanto, faz-se necessário explicitar de
forma mais precisa possível os objetivos básicos de cada
programa, já que ele objetiva avaliar a honestidade dos agentes
governamentais e a legalidade no cumprimento do orçamento.
2. Conceito de Contabilidade
Para Carvalho (2005), o objeto da Contabilidade é o
patrimônio, entretanto, pelas suas peculiaridades, a
Contabilidade Pública não está interessada somente no
patrimônio e suas variações, mas também no orçamento e
execução, previsão e arrecadação da receita e a fixação e a
execução da despesa. A Contabilidade Pública,além de registrar
todos os fatos contábeis, modificativos, permutativos e mistos
registra também os atos potenciais praticados pelo gestor que
poderão alterar qualitativa e quantitativamente o patrimônio.
Segundo Marion (2006) a Contabilidade é o
fornecimento de informação de caráter relevante sobre o
patrimônio da empresa de ordem e econômica e financeira,
facilita na tomada de decisão, tanto por parte dos
administradores ou proprietários, como por parte dos usuários
externos e também para atender a exigência do governo.
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De acordo com Carvalho (2000) o objetivo da
Contabilidade Pública é de fornecer à administração e à
sociedade informações atualizadas e exatas para subsidiar a
tomada de decisão, principalmente aos órgãos de controle
interno e externo para o cumprimento da sua missão
institucional.
3. O auxílio do processo de Lei Orçamentária no resultado
do orçamento público
O processo de lei do orçamento público é tão importante
quanto as questões conceituais e de estruturas, são os aspectos
ligados ao seu processo, à sua dinâmica.
O documento orçamentário, apresentado na forma de
lei, caracteriza apenas um momento de um processo complexo,
marcado por etapas que foram cumpridas antes e por etapas
que ainda deverão ser vencidas. É o desenrolar integral desse
processo que possibilita ao orçamento cumprir seus múltiplos
papéis e funções. GIACOMONI (2009).
Assim
como
acontece
nas
demais
funções
administrativas, a função orçamentária compreende um sistema
orçamentário e um processo orçamentário que se completam e
que devem ser estudados concomitantemente, já que a
compreensão de um é indispensável para o entendimento do
outro. GIACOMONI (2009).
O orçamento público nem sempre foi como é hoje. Aliás,
o documento formal intitulado orçamento público é recente, tem
cerca de cento e oitenta anos. Entretanto o processo dos
governos arrecadarem recursos para serem revertidos em
benefício da população é bastante antigo e o direito dos
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governantes de recolherem recursos visando ações públicas
remonta à razão de ser dos governos uma parcela do povo,
escolhido para atuar em seu benefício e que tem como fonte os
recursos do próprio povo. (UNICEF).
Para alcançar o estágio em que se encontra atualmente
o orçamento público, precisou de muito derramamento de
sangue muita disputa política nos parlamentos. Embora cada
país tenha sua própria história, a evolução do orçamento tem
uma história própria, que vem evoluindo com as mudanças
ocorridas nas principais nações ocidentais ao longo da história
moderna. (UNICEF, 2006).
A lei do orçamento com seus anexos é a expressão mais
clara que se pode denominar de sistema orçamentário. Ao
contrario do que acontecia no passado, hoje o orçamento deve
ser visto como parte de um sistema maior, integrado por planos
e programas de onde saem as definições e os elementos que
vão
possibilitar
a
própria
elaboração
orçamentária.
(GIACOMONI, 2009).
4. A evidenciação do acompanhamento e avaliação da
execução orçamentária pela gestão contábil
A partir da lei nº. 4320/1964 e com o advento da lei
complementar nº. 101/2000, o orçamento ganhou mais status
com a implementação do orçamento integrado aos sistemas de
Contabilidade Pública. O orçamento público é um ato
administrativo através do qual o poder legislativo autoriza o
poder executivo a executar determinadas despesas públicas,
destinadas a cobrir o custeio do estado ou a seguir a política
econômica do país. (WIKIPEDIA, 2009).
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De acordo com a Lei nº 4.320/64, os projetos e
atividades devem ser classificados de acordo com a função, o
programa e o subprograma em que se enquadram. Com essa
classificação, é possível obter um panorama global da
distribuição dos recursos orçamentários conforme os setores
sociais. (NIIMI, 1999).
Também segundo a Lei nº 4.320/64 a Lei Orçamentária
deve apresentar classificação dos gastos de acordo com o
elemento de despesa, que estabelece a destinação dos
recursos. Nesse caso, cada projeto deve estar acompanhado do
tipo de gasto e do valor correspondente necessário à sua
viabilização. (NIIMI, 1998).
5. Os processos básicos para elaboração orçamentária
O orçamento é elaborado pelos três poderes da
república e consolidado pelo poder executivo. Ele precisa ser
equilibrado. Ou seja, não pode fixar despesas em valores
superiores aos recursos disponíveis. Essa limitação obriga o
governo a definir prioridades na aplicação dos recursos
estimados. As metas para elaboração orçamentária são
definidas pelo plano plurianual (PPA), e priorizadas pela Lei nº.
de diretrizes orçamentária (LDO) (MINISTÉRIO DA FAZENDA,
2002).
O orçamento público precisa ser elaborado pelo governo
e encaminhado ao congresso, para ser discutido e votado até o
dia 31 de agosto do primeiro ano do mandato de cada
presidente, como determina a constituição.
Depois de aprovado o plano plurianual é válido para os
quatro anos seguintes. O plano plurianual estabelece as
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diretrizes, objetivos e metas de capital e outras despesas de
capital e para as relativas aos programas de duração
continuada, da administração pública federal.
A finalidade do plano plurianual em termos
orçamentários é a de estabelecer objetivos e metas que
comprometam o poder executivo e o poder legislativo a dar
continuidade aos programas na distribuição dos recursos.
(Execução orçamentária financeira e contábil, MINISTÉRIO DA
FAZENDA, 2002).
A credibilidade do orçamento depende do critério com
que se elabora a estimativa de receita para o ano seguinte. Esse
processo é relativamente complicado, porque envolve variáveis
como desempenho da economia, que possibilita mudanças na
legislação tributária e a atuação direta do poder público tanto na
fiscalização como na negociação de recursos, que estão sujeitos
a diversos tipos de influência.
De acordo com Niimi (1998) a
(...) alta de critérios mais rigorosos pode levar a se
montar um orçamento excessivamente otimista ou
com moedas podres isto é recursos possíveis, mas
que certamente não se confirmarão em virtude de
dificuldade políticas ou administrativas para sua
obtenção. Nesse caso, há grande chance de, no
momento de execução orçamentária ocorrer déficit,
pois a autorização para o gasto se mantém, apesar
de, na pratica, não corresponder a uma receita
realista.
6. A contribuição da Contabilidade na execução do projeto
de Lei Orçamentária
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O orçamento público percorre diversas etapas, que se
iniciam com a apresentação de uma proposta que se transforma
em projeto de lei a ser apreciado, emendado aprovado,
sancionado e publicado, passando pela sua execução, quando
se observa a arrecadação da receita e a realização da despesa
dentro do ano civil, até o acompanhamento e avaliação da
execução caracterizada pelo exercício dos controles interno e
externo. (JUND, 2007).
Nesse contexto, é possível agrupar as etapas que
compõem o ciclo orçamentário da seguinte forma:
•
elaboração do projeto de lei orçamentária;
•
apreciação, estudo e proposição de emendas;
•
votação, sanção e publicação da lei orçamentária;
•
execução da lei orçamentária; e acompanhamento e
avaliação da lei orçamentária.
Assim, torna-se necessário o estabelecimento de uma
programação para utilização das dotações autorizadas na lei,
visando ao acompanhamento das receitas que estão sendo
arrecadadas com o intuito de que seja mantido o equilíbrio
orçamentário, evitando-se a ocorrência de déficit na execução.
(FEIJO, 2007).
Para que o orçamento seja a expressão fiel de um
governo, como também um elemento para a solução dos
problemas na instituição pública ou na comunidade, ele vai
contribuir eficazmente na ação que busca o desenvolvimento
econômico e social. Isso para que seja um instrumento de
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administração do governo que reflete nas aspirações da
sociedade. Isso na medida em que dá condições imperantes;
disponibilizando recursos indispensáveis para determinados
princípios.
Portanto, faz-se necessário que cada orçamento se
ajuste ao princípio da unidade em seu conteúdo, metodologia e
expressão, e com isto contribuirá para evitar a duplicação de
funções ou superposição de entidade na realização de
atividades correlatas, colaborando de maneira valiosa para
racionalização na utilização dos recursos. (KOHAMA, 1996).
7. A contribuição dos mecanismos de Contabilidade na
melhoria dos resultados alcançados pelo Orçamento
Público
A Contabilidade Pública representa o principal
instrumento de controle dos atos e fatos dos recursos públicos,
onde estuda, registra, controla e demonstra: o orçamento
aprovado e acompanhado da sua execução, os atos
administrativos da fazenda pública, o patrimônio público e suas
variações.
A Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a
administração a tomar decisões, pois por meio da coleta de
dados econômicos mensurados, registrados e sumarizados em
forma de relatórios ou de comunicados, contribui para a tomada
de decisões.
De acordo com Marion (2004) o
objetivo da Contabilidade pode ser estabelecido
como sendo o de fornecer informação estruturada
de
natureza
econômica,
financeira
e,
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subsidiariamente física de produtividade social aos
usuários internos e externos à entidade objeto da
Contabilidade.
A Contabilidade Pública é o ramo da ciência contábil que
aplica na administração pública as técnicas de registro dos atos
e fatos administrativos, apurando os resultados e elaborando os
relatórios periódicos, considerando as normas de direitos
financeiros (Lei nº. 4320/64), os princípios gerais de finanças
públicas e os princípios de Contabilidade. (MOTA, 2006).
Pode-se definir a Contabilidade Pública como sendo o
ramo da Contabilidade que coleta, registra e controla os atos e
fatos da administração pública, mostra o valor do patrimônio
público e suas variações, bem como acompanha, controla e
demonstra a execução do orçamento. (PIRES, (2005).
Entende-se, nos tempos atuais, a Contabilidade como
uma técnica capaz de produzir, com oportunidade e
fidedignidade, relatórios que sirvam à administração no processo
de tomada de decisões e de controle de seus atos,
demonstrando, por fim os efeitos produzidos por esses atos de
gestão no patrimônio da entidade. (KOHAMA, 2000).
A Contabilidade Pública possui normas e características
próprias de contabilização que regem apresentando certas
peculiaridades que a diferencia da Contabilidade empresarial,
começando pela sua legislação.
A Contabilidade Pública é conceituada por Mota (2006)
como ”o ramo da ciência contábil que aplica na administração as
técnicas de registros dos atos e fatos administrativos apurando
os resultados e elaborando os relatórios”.
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O objetivo maior da Contabilidade Pública é produzir as
informações exigidas por lei para auxiliar os gestores dos
recursos públicos e também com a preocupação de como foram
gastos os recursos públicos sempre com a visão voltada para a
obtenção de resultados, isto quer dizer que a Contabilidade
Pública deve abastecer de informações todo o processo de
planejamento e orçamento e, em especial, as etapas que
compõem o ciclo orçamentário como sejam: a elaboração, o
estudo e a aprovação, a execução e a avaliação dos resultados,
assim como o controle e o processo de divulgação da gestão
realizada.
Conforme as orientações de execução orçamentária e
financeira do Ministério da Fazenda (2005) o
(...) regulamento de Contabilidade Pública, em seu
art. nº. 227, estabelece que os estágios da despesa
sejam: empenho, liquidação e pagamento. Isso é
válido quando estamos nos referindo aos estágios
da execução da despesa orçamentária. Mas
considerando que a despesa também deve ser
prevista, isto é fixada, então podemos ainda incluir
naquele rol o estágio da fixação. Nesse estágio,
ocorre a dotação de despesas, que é o momento
em que se estabelece o limite de gastos a serem
efetuados pelos órgãos e entidades públicos,
materializado na elaboração e aprovação da lei
orçamentária.
A Contabilidade Pública é reconhecida cada vez mais no
sentido absoluto da palavra, como um instrumento a serviço da
administração e, como tal, deverá ser desenvolvida para
satisfazer não somente os requisitos da contabilização, mas
proporcionar os vários tipos de dados financeiros de grande
importância para a planificação, análise e seleção de programas,
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elaboração de orçamento, administração eficaz nos diversos
níveis de governo e controle de custos e atividades em relação
aos planos aprovados. KOHAMA (1996).
De acordo com Lyra (1980),
a fiel companheira dos negócios registra o
patrimônio social; ausculta-lhe o movimento;
descreve-lhe o giro; grava-lhe a transformação e
evidencia-lhe os resultados: previne riscos: acautela
prejuízos: revela confidências, pune o ilícito: exalta
a lisura: denuncia a ganância: aconselha no
presente e orienta para o futuro.
A Contabilidade Governamental está intimamente ligada
com o regime democrático adotado nos Estados Modernos, pois
quando o poder se exerce em nome do povo, todos os aspectos
da Contabilidade encontram ambiente propício para suas
elaborações teóricas e para suas aplicações práticas. Assim
todo avanço da autocracia e do despotismo implica um
retrocesso da Contabilidade como integrante do sistema de
informação do governo.
A Contabilidade é um dos meios fundamentais de
controle e deve ser o canal para a introdução da sistemática do
controle, pois sem ela as mudanças estão condenadas ao
fracasso, principalmente os dirigentes não acreditam nas novas
técnicas ou não as compreendem. A ideia advém de que a
Contabilidade Pública através de informação necessária pode
contribuir em ordenar, programar e controlar. (SILVA, 1988).
8. Comparação entre a
Contabilidade Empresarial
Contabilidade
Pública
e
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A Contabilidade Pública possui normas e características
próprias que a regem, apresentando certas peculiaridades que a
diferenciam da Contabilidade empresarial, começando pela sua
legislação.
Na opinião de Castro; Garcia (2004), os registros dos
atos administrativos são peculiares da Contabilidade Pública
[...] atribuição peculiar da Contabilidade Pública de
verificação da autorização dos atos administradores,
que são limitados pelo autorizado em lei. Essa
situação é essencialmente diferente da empresa
privada, onde esse tipo de preocupação
praticamente não existe e as ações estão limitadas
pelo que é proibido e não que é autorizado.
A grande diferença na Contabilidade Pública para a
Empresarial é o registro de todos os atos praticados pelo
administrador, que poderão afetar qualitativa e quantitativamente
o patrimônio, haja vista que na Contabilidade empresarial não se
registra o controle do orçamento e nem contabiliza atos
administrativos, pois geralmente são feitos através de notas
explicativas.
Também se pode relatar outra diferença em relação aos
resultados que cada uma procura obter: A Contabilidade Pública
por meio de apuração dos seus balanços orçamentários tem
como resultado, quando for positivo, denominado de superávit
(quando a receita arrecadada for maior que a despesa),
enquanto na Contabilidade empresarial o resultado obtido podese chamar de lucro (resultado que representa acréscimo ao
patrimônio) ou prejuízo (resultado que representa o decréscimo
patrimonial).(PIRES, 2002).
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A Contabilidade aplicada à administração pública, seja
na área Federal, estadual, municipal, seja no Distrito Federal
tem como carro chefe a Lei nº. 4.320 de 17 de março de 1964,
que estatui normas gerais de direitos financeiros para a
elaboração e o controle dos orçamentos e balanços da união,
dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. (PIRES,
2002).
A Contabilidade registra a previsão da receita e a fixação
da despesa estabelecida no orçamento público aprovado para o
exercício, escritura a execução orçamentária da receita e da
despesa, faz a comparação entre a previsão e a realização das
receitas e despesas, controla as operações de créditos, a dívida
ativa, os valores, os créditos e obrigações, revela as variações
patrimoniais e mostra o valor do patrimônio. Seguindo os
dispositivos da lei nº. 4320/64 podemos definir a Contabilidade
Pública e suas variações, bem como acompanha e demonstra a
execução do orçamento. (PIRES, 2002).
Diante de vários conceitos para a Contabilidade Pública,
conclui-se que ela é uma ferramenta muito importante dos
registros e controles dos atos e fatos do patrimônio público.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com dificuldades de gerar as informações financeiras,
contábeis e orçamentárias, com rapidez e segurança, a
Contabilidade Pública necessitava de uma reformulação para
modificar a imagem que havia sido deteriorada nos últimos anos.
Os anos de 1985 e 1986 foram marcados pelo início da
redemocratização. Nas finanças era preciso resolver uma série
de problemas, mas o principal, o mais viável e urgente, era a da
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falta de informações confiáveis. O governo não tinha noção dos
gastos da Administração Pública, pois o seu “caixa” era
controlado por meio de contas bancárias no Banco do Brasil. Era
necessário urgentemente corrigir a falta de informações sobre as
finanças do País.
Um dos motivos que levava à falta de informações ou
inconsistência dos dados financeiros era a inflação
extremamente elevada, o que fazia com que a moeda deixasse
de ser uma referência. A Contabilidade Pública e o orçamento
utilizavam a moeda como base e com isso perdiam a
capacidade de informação.
Além do regime inflacionário em que o país se
encontrava, outro ponto que impedia a Contabilidade de ser uma
referência para a informação na área pública era o fato de o
governo utilizar outra base de dados para gerar suas
informações. O Banco do Brasil informava a utilização dos
recursos diários e o Banco Central fazia a cobertura da diferença
para financiamento das ações do governo e manutenção da
máquina administrativa. Resumindo, o governo utilizava o
sistema bancário que era utilizado como forma de controle e
documento de prestação de contas.
Também, contribuía para a inconsistência das
informações, o fato de certos pagamentos não serem
considerados como despesas de orçamento como, por exemplo,
os convênios, empréstimos ao setor agrícola, etc., dessa forma
deixava-se de registrar parte dos fatos dessas informações no
sistema contábil. A falta dos registros feria o princípio
orçamentário de que nenhuma despesa poderia existir sem
constar do orçamento que, de acordo com a Lei nº. 4.320/64
deve ser único, anual e universal.
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Ainda existia a falta de envolvimento político, pois os
congressistas não podiam fazer alterações no orçamento. O
orçamento era enviado ao Congresso Nacional e ficava retido
nas comissões que tinham interesse em discuti-lo e acabava
sendo aprovado automaticamente por decurso de prazo.
Outro problema que o governo enfrentava era a
estrutura governamental, pois diversos órgãos cuidavam das
finanças que arrecadava, vários executavam e cada um com
seus critérios e conceitos diferentes, tornando difícil a
consolidação e padronização das informações.
A falta de consistência das informações era gerada,
também, do ponto de vista operacional, pois muitas vezes o ato
era praticado em um local e registrado em outro, por meio de
envio de documentos que nem sempre chegavam e cada um,
ainda tinha critérios diferentes, o que dificultava o fechamento
dos relatórios consolidados.
Diante de toda essa problemática foram criados grupos
de trabalho para preparar o Ministério da Fazenda para executar
em orçamento unificado, já em 1987. Nesse processo de
reorganização das contas públicas criou-se a Secretaria do
Tesouro Nacional-STN, do Ministério da Fazenda, por meio do
Decreto nº. 95.452/1986, com o objetivo de promover a
modernização e a integração dos sistemas orçamentários e de
Contabilidade dos órgãos e entidades públicas do Governo
Federal.
A credibilidade das informações geradas nessa
sistemática era deficiente por várias razões: primeiro podia haver
uma Contabilidade analítica correta, outra errada, sistemas
diferentes, técnicas diferentes, contas e conceitos diferentes.
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Fazer somatórios diferentes implicava fechar tudo dentro de um
conceito padrão, o que era impossível. Diante desse quadro
demonstrou-se que era necessário modificar a sistemática de
registro da despesa.
Portanto, o sistema surgiu da necessidade da
administrar e controlar os recursos públicos com informações
confiáveis e em tempo hábil, com integração dos sistemas
orçamentários, financeiros e contábeis do Governo Federal,
tendo como benefício o controle do seu caixa, em conta única e
ainda aumentando a transparência e auxiliando na tomada de
decisões.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
CONTABILIDADE AMBIENTAL: uma ferramenta de gestão
ambiental da indústria química de cosmético*
Antonieta de Souza Cruz§
RESUMO
Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar a
importância da Contabilidade na perspectiva da gestão
ambiental aplicada à indústria química de cosmético. A
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
das Nações Unidas (ONU) define desenvolvimento sustentável
como um fator importante na satisfação das necessidades do
presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras.
A educação, como eixo de um desenvolvimento sustentável, é
vista como uma tecnologia no sentido de minimizar custos e
garantir a preservação do meio ambiente. Nesse contexto,
analisou-se o tema Contabilidade Ambiental, dando especial
atenção às perspectivas da gestão ambiental em função da
produção de produtos na indústria de cosméticos. A pesquisa
bibliográfica foi realizada por meio de um estudo exploratório
sobre os conceitos de Contabilidade ambiental, gestão ambiental
exercida na indústria de cosmético, bem como os conceitos de
desenvolvimento sustentável e da educação ambiental, e
possibilitou a discussão teórica deste trabalho. A partir da
análise da literatura, conclui-se que a Contabilidade pode
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis feito pela União Educacional de Brasília
(UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010.
§
Graduada em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília
(UNEB).
64
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contribuir na gestão ambiental da indústria de cosméticos, como
também as ações da Legislação Ambiental são essenciais no
amparo ao meio ambiente em função do uso de matérias-primas
na produção de produtos de beleza.
Palavras-chave: Contabilidade, Contabilidade Ambiental,
Gestão Ambiental, Indústria de Cosméticos, Educação
Ambiental e Tecnologia.
INTRODUÇÃO
A Contabilidade surgiu e se desenvolveu no cenário
social, institucional e econômico com o desenvolvimento
embrionário das entidades comerciais e industriais, com uma
duração usualmente limitada dos empreendimentos, apesar de
alguns exemplos de empresas com longos anos de
existência.Tendo o proprietário como figura central da ação
empresarial, em vez da entidade e da gerência. Com relativa
estabilidade de preços em mercados perfeitamente delimitados
e, também de mudanças provocadas pelas ciências e
tecnologias, qualidade e nas características operacionais dos
produtos. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007).
Complementam Palhares e Castro (1990, p.17), a
Contabilidade surgiu da necessidade do homem de controlar seu
patrimônio, evoluindo lentamente até o surgimento da moeda.
Os negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens
perante terceiros, porém tratava-se de um elenco de inventário
físico, sem avaliação monetária. (IUDÍCIBUS, 1994, p. 30).
Com a evolução da industrialização vários problemas
ambientais foram aparecendo, como: alta concentração
populacional, devido à urbanização acelerada; consumo
65
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
excessivo de recursos naturais, sendo que alguns não
renováveis (petróleo e carvão mineral, por exemplo);
contaminação do ar, do solo, das águas; desflorestamento, entre
outros. (DIAS, 2006).
Portanto, as discussões sobre as questões ambientais
têm em geral dois temas: as consequências negativas do
crescimento e os fracassos na gestão do nosso ambiente. Como
marco principal, tem-se a Reunião de Estocolmo em 1972 – a
primeira grande Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente; o Relatório Brundtland, de 1987, resultado de uma
comissão de estudos que cunhou as bases e o conceito de
Desenvolvimento Sustentável; a “Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” – CNUMAD
(mais conhecida por “Rio-92” ou “Eco-92”, que propôs a Agenda
21) que buscou o consenso internacional para a
operacionalização do conceito do Desenvolvimento Sustentável.
(TAYRA, 2002).
Neste contexto a Contabilidade Ambiental pode
estimular as empresas a medir não só os gastos, mas também
os recursos para a produção de bens de consumo. Essa
concepção surge com a crise do petróleo, em 1974, mas a
alavancagem da conscientização surge quando o Clube de
Roma divulgou um relatório chamado “Limites de Crescimento”,
que mostrava uma preocupação com a natureza por parte da
sociedade e das empresas. Maior (2001, p. 1). Atuante nas
questões ambientais o enfoque de Tinoco e Kraemer (2006).
Baseia-se na concepção de que “essa Contabilidade é mais
ambiciosa que a Contabilidade tradicional, visto que busca as
extremidades negativas, além de registrar, avaliar e divulgar
todos os eventos ambientais”.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
1. O conceito de Contabilidade e Contabilidade Ambiental
A Contabilidade é uma ciência que permite, através de
suas técnicas, manter um controle permanentemente do
patrimônio da empresa. Portanto, sua finalidade é fornecer
informações sobre o patrimônio, informações essas de ordem
econômica e financeira, que facilitarão as tomadas de decisões,
tanto por parte dos administradores ou proprietários, quanto por
parte daqueles que pretendem investir na empresa. (RIBEIRO,
1996, p. 14).
A Contabilidade para Gouveia (2001, p. 1) trata-se de
um sistema muito bem idealizado que permite registrar as
transações de uma entidade que possam ser expressas em
termos monetários e informar os reflexos dessas transações na
situação econômico-financeira dessa entidade em uma
determinada data.
No tocante à concepção de Sá (1999, p. 41), a
Contabilidade deve ser uma ciência que estuda os fenômenos
patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e
comportamentos destes, em relação à eficácia funcional das
células sociais, permitindo, por meio de suas técnicas, manter
um controle permanente do patrimônio da empresa.
Hoje, a Contabilidade é considerada um sistema de
informações que tem como objetivo auxiliar o gerenciamento das
entidades para que estas possam garantir sua continuidade.
Para Marion e Iudícibus (2000, p. 53), “O objetivo da
Contabilidade pode ser estabelecido como sendo o de fornecer
informação estruturada de natureza econômica, financeira e,
subsidiariamente, física, de produtividade e social, aos usuários
internos e externos à entidade objeto da Contabilidade”.
67
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Devido à necessidade de se registrar e mensurar
economicamente as variáveis ambientais, Kraemer (2002, p. 72),
define a Contabilidade como um sistema de informação da
evolução patrimonial, econômica e financeira da empresa, deve
incluir, em seus relatórios, todos os danos relacionados ao meio
ambiente, facilitando o acesso a mais esta informação ao seu
grande número de usuários, auxiliando-os no processo de
tomada de decisão.
Nesta perspectiva a Contabilidade Ambiental estuda o
patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais)
das entidades. Onde seu objetivo se estabelece em fornecer
informações sobre os eventos ambientais que modificam a
situação patrimonial, e também realizar sua identificação,
mensuração e evidenciação**.
2. A definição de Gestão Ambiental
Em sua contextualização Braga (2007, p. 14) sinaliza
que praticar a gestão ambiental significa incorporar à Gestão
estratégica da organização princípios e valores que visem ao
alcance de um modelo de negócio focado no Desenvolvimento
Sustentável.
Já Seiffert (2009, p. 54) aborda a Gestão Ambiental de
uma forma holística. Para ele é uma área que “envolve
diretamente as questões estratégicas das organizações,
abrangendo itens que, apesar de demandarem uma carga
**
PAIVA, P.R. Contabilidade Ambiental: evidenciação dos gastos com transparência e
focada na preservação. São Paulo, Atlas, 2003.
68
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conceitual significativa, são efetivamente materializados através
de posturas e ações altamente objetivas”.
Já para Donaire (2007, p. 14) “a Gestão Ambiental
significa incorporar a temática Ambiental ao planejamento
estratégico e operacional da entidade”.
3. O conceito de Desenvolvimento Sustentável
Em 1987, quando o Relatório da Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominado Relatório
propagou
a
expressão
desenvolvimento
Brundland††,
ecologicamente
sustentado
definiu
o
desenvolvimento
sustentável como
o desenvolvimento que procura satisfazer as
necessidades da geração atual, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem
as suas próprias necessidades, significa possibilitar
que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível
satisfatório de desenvolvimento social e econômico
e de realização humana e cultural, fazendo, ao
mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da
terra e preservando as espécies e os habitats
‡‡
naturais.
††
Em 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da
Organização das Nações Unidas, na Noruega, elaborou um documento denominado
“Nosso Futuro Comum” conhecido como Relatório Brundtland, onde os governos
signatários se comprometiam a promover o desenvolvimento econômico e social em
conformidade com a preservação ambiental. (Nosso Futuro Comum, 1991).
‡‡
Relatório Brundtland. Usa pela 1ª vez, em 1987, a definição de Desenvolvimento
Sustentável.
69
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Assim, a expressão desenvolvimento sustentável
designa uma forma de desenvolvimento capaz de responder às
necessidades do presente sem prejuízo das gerações futuras.
Nesse sentido, o Desenvolvimento Sustentável tem como
objetivo a melhoria das condições de vida dos indivíduos, mas
preservando, simultaneamente, o meio envolvente a curto,
médio e, sobretudo longo prazo. Tal pode ser conseguido
através de um modelo de desenvolvimento economicamente
eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável.
(NUNES, 1998).
Descreve Donaire (1999, p. 40) que o conceito de
desenvolvimento sustentável tem três vertentes principais:
crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico e
mais, induz a responsabilidade comum como processo de
mudança no qual a exploração de recursos materiais, os
investimentos financeiros e as rotas do desenvolvimento
tecnológico deverão adquirir sentido harmonioso, no qual o
desenvolvimento tecnológico deverá ser orientado para metas
de equilíbrio com a natureza e de aumento da capacidade de
inovação dos países em desenvolvimento e maior benefício
social equitativo e equilíbrio ecológico.
4. A definição de Educação Ambiental
Após 1940 a expressão “estudos ambientais” começava
a ser difundida na Grã-Bretanha, e em seguida nos Estados
Unidos mediante artigos sobre a ética da terra de Aldo
Leopold§§, até 1950 praticamente não havia nenhuma
§§
Aldo Leopold nasceu em Burlington, Iowa/USA, em 11 de janeiro de 1887. Formouse em Engenharia Florestal, pela Universidade de Yale, terminou seu mestrado em
70
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preocupação com os efeitos ambientais provenientes da
industrialização. Depois de alguns incidentes catastróficos é que
começaram os debates ambientalistas acerca do meio ambiente,
segundo Dias (2004, p. 15).
Ocorre que na Conferência Rio-92, em relação à
Educação Ambiental, destacam-se dois documentos produzidos.
O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis que trata do "o compromisso da sociedade civil
para a construção de um modelo mais humano e harmônico de
desenvolvimento, onde se reconhecem os diretos humanos da
terceira geração, a perspectiva de gênero, o direito e a
importância das diferenças e o direito à vida, baseados em uma
ética biocêntrica e do amor". Na Agenda 21, se estabeleceu uma
proposta de ação para os próximos anos, procurando assegurar
"o acesso universal ao ensino básico, conforme recomendações
da Conferência de Educação Ambiental (Tbilisi, 1977) e da
Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: Satisfação das
Necessidades Básicas de Aprendizagem (JOMTIEN, 1990)"***.
A Educação Ambiental, de acordo com o Congresso de
Belgrado (1975), nada mais é que um processo que objetiva
formar uma população mundial consciente e preocupada com o
ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma
população que tenha os conhecimentos, as competências, o
estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e
1909, trabalhou no Serviço Florestal dos EEUU. Publicou mais de 350 artigos, a sua
obra mais conhecida foi o Sand County Almanac, onde lançou as bases para a Ética
Ecológica.
***
NEIMAN, Zysman (Org.) et al. Texto tirado do livro Meio Ambiente: educação e
ecoturismo. Tema “Um sonho e trabalho para construção de outro futuro” Barueri,
São Paulo; Manole, 2002, p. 109
71
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engajamento que lhe permitam trabalhar individual e
coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que
se repitam (UNESCO, 1975).
5. A participação da indústria química e de cosmético na
Gestão Ambiental
Na concepção de Salomão et al (2008, p.5), a indústria
tipicamente química no Brasil é aquela que trabalha com os
segmentos: químico inorgânicos; resinas e elastômeros; fibras,
fios, cabos e filamentos contínuos artificiais sintéticos;
defensivos agrícolas; produtos de limpeza em geral;
farmoquímicos e farmacêuticos; artigos de perfumaria e
cosméticos; tintas, vernizes, esmaltes e afins; e produtos de
preparação química diversos. Essa classificação de Indústria
Química é brasileira, mas baseado nos critérios estabelecidos
pela ONU. Logo, cosmético tem por definição os produtos de
higiene pessoal, perfumes e cosméticos (HPPC). (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) nº 211, de 14 de julho de 2005)†††.
6. O papel da Contabilidade na gestão sustentável da
indústria química de cosméticos
Ao longo do tempo evidenciou-se na evolução das
entidades uma preocupação centrada na eficácia e eficiência
dos sistemas produtivos. Mais recentemente, essa visão
mostrou evidente que a atuação das empresas torna-se mais
complexa e o processo decisório sofre restrições cada vez mais
severas. Um dos componentes mais importantes dessas
†††
ANVISA na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 211, de 14 de julho de 2005
72
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mudanças foi o crescimento da consciência ecológica, na
sociedade, nos governos e nas próprias empresas, salientam
TINOCO e ROBLES (2006). ‡‡‡.
Com isto, o papel da Contabilidade foi enfatizado devido
a necessidade humana de controlar suas riquezas,
principalmente com a revolução industrial quando surgem novos
métodos e técnicas científicas que deram suporte à produção de
máquinas, processos e produtos. (HOSS et a, 2008, p.4). Para
Paiva (2003, p. 47), coube à “Contabilidade, o papel de
desagregar os gastos e despesas relativas ao meio ambiente,
efetuando sua classificação e quantificação, com transparência e
de acordo com sua ocorrência, essência e finalidade”.
A Contabilidade, no século XX, foi atingida por
modificações de base. O consagrado objeto desta ciência, ou
seja, a riqueza das células sociais passou, instintivamente, por
uma ampliação negativa. Rompeu-se a barreira do ambiente
interno das empresas e instituições e passou-se a buscar
conexões com fatos de maior amplitude. Tal rompimento,
todavia, exigiu mudanças de métodos científicos e de óticas de
observação para que pudesse, inclusive, utilizar racionalmente
os progressos e atender com maior adequação às novas
necessidades das empresas e instituições. (SÁ, 2002, p. 48).
Efetivamente a sociedade passou a cobrar das
empresas informações sobre a questão ambiental. Assim, a
Contabilidade, além do registro de transações econômicas,
‡‡‡
TINOCO, João Eduardo Prudêncio e ROBLES, Léo Tadeu. A Contabilidade da gestão
ambiental e sua dimensão para a transparência empresarial: estudo de caso de
quatro empresas brasileiras com atuação global. Rev. Adm. Pública vol.40 nº 6 Rio de
Janeiro Nov./Dec. 2006.<http://www.scielo.br/scielo.php/>
73
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
passa a apresentar eventos ambientais, assumindo o papel de
divulgação das ações de gestão ambiental, tendo em vista
prevenir e corrigir danos, bem como salvaguardar os patrimônios
empresarial e nacional. Essa imposição independe da entidade
ser ou não ambientalmente íntegra§§§.
Em suma a Contabilidade Ambiental pode e vai oferecer,
ainda, muitos mecanismos, técnicas e tecnologias no tratamento
das relações econômicas e de riqueza ligada ao meio
ambiente.****
7. Atuação da ISO na Gestão Ambiental da Indústria Química
de cosmético
O surgimento das normas da série ISO 14.000†††† veio
como uma proposta concreta para a Gestão Ambiental durante a
ECO-92‡‡‡‡, como também, surgiram como uma resposta à
perspectiva neoliberal de que as dinâmicas do mercado podem
§§§
LIMA, D. V.; Viegas, W. Tratamento contábil e evidenciação das externalidades
ecológicas. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo: USP, n. 30, p. 46-53,
set./dez. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? Acesso em
21/4/2010.
****
KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. A Contabilidade como instrumento de gestão
ambiental<http://<www.gestaoambiental.com.br/.../ACONTABILIDADECOMOINSTRU
MENTO.pdf>
††††
O ISO 14.000 é um conjunto de normas que definem parâmetros e diretrizes para
a gestão ambiental para as empresas (privadas e públicas). Estas normas foram
definidas pela International Organization for Standardization - ISO (Organização
Internacional para Padronização).
‡‡‡‡
ECO-92 - Realizada de 3 a 14 de junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas
sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (também conhecida como Cúpula da Terra
ou Eco-92) reuniu 108 chefes de Estado para buscar mecanismos que rompessem o
abismo norte-sul preservando os recursos naturais da Terra.
74
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contribuir para aprimorar o processo de Gestão Ambiental, a
partir da implantação de normas de natureza voluntária.
(SEIFFERT, 2009, p. 192).
A atuação das normas da série ISO 14000 objetivou
levarem ao surgimento de diferentes focos em sua aplicação, os
quais se agregam a duas formas básicas: organização e produto
e processo. Consequentemente,
essas normas são fundamentais para o processo de
Gestão Ambiental organizacional, apresentando
funções complementares e não excludentes. Por isso,
as normas relacionadas à avaliação da organização
apresentam uma aplicação mais abrangente que as
focadas no produto e no processo mais abrangente
que as focadas no produto e no processo produtivo.
(SEIFFERT, 2009, p. 193).
Contextualizando, ainda a autora foca a importância das
normas da série ISO 14.000, e particularmente da ISO 14.001,
reside no fato de que estabelecem uma base comum para a
Gestão Ambiental.
Em suma, as empresas com visão de futuro e que fazem
da implementação do Desenvolvimento Sustentável um objetivo
estratégico são as mais beneficiadas com as normas da Série
14.000. (BRAGA, 2007, p. 20).
8. Interação da Indústria Química e o meio ambiente
A interação das indústrias químicas com o meio
ambiente está ligada diretamente à transformação da matériaprima e à eliminação de resíduos provenientes do processo
75
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produtivo, cabendo assim a implantação de um sistema de
Gestão Ambiental.§§§§
Do ponto de vista ambiental Tinoco e Kraemer (2004, p.
109) descrevem a definição da Gestão Ambiental como o
sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos,
processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir,
analisar criticamente e manter a política ambiental. É o que a
empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos negativos
provocados no ambiente por suas atividades.
8.1 Sistemas de Informações Contábeis e a Tecnologia
Ambiental
No que se refere a sistema pode ser definido como um
complexo de elementos em interação. Assim, conforme Bio
(1984, p. 180 apud PADPVEZE, 2007, p. 8) sistema é um
conjunto de elementos interdependentes ou um todo organizado,
ou ainda partes que interagem formando um todo unitário e
complexo. Como uma resultante do enfoque sistêmico, o todo
deve ser mais que a soma das partes*****.
Portanto, a Contabilidade, como sistema de
informações, gera o registro de todas as transações ocorridas
nas empresas, formando-se num grande “banco de dados”.
§§§§
Neiva, Edna e Marines. O registro contábil das ações ambientais nas Empresas do
setor de curtimento do estado de São Paulo.
<http://www.facef.br/novo/públicacoes/IIforum/Textos%20IC/Neiva,%20Edna%20e
%20Marines.pdf>
*****
PADOVEZE, Clóvis Luís. Sistemas de Informações Contábeis: fundamentos e
análise, Atlas, p.8
76
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Dados que são úteis à administração, além de representarem
um instrumento gerencial para o processo decisório.
(MATARAZZO, 1998, p.18).
Verifica-se que a tecnologia da informação é todo o
conjunto tecnológico à disposição das empresas para efetivar o
subsistema de informação e suas operações, pois esse arsenal
tecnológico está normalmente ligado à informática e à
telecomunicação, bem como a todo o desenvolvimento científico
do processo de transmissão espacial de dados. (PADOVEZE,
2007, p. 29).
9. Legislações: Ambiental e de Cosméticos
Em sua Resolução RDC nº. 332, de 01/12/2005, da
ANVISA, “determina que as empresas fabricantes e/ou
importadoras de produtos de higiene pessoal, cosméticos e
perfumes instaladas no território nacional devem implementar
um sistema de vigilância. Logo o Código de Defesa do
Consumidor, Lei nº. 8.078/90, objetiva “atender às necessidades
dos consumidores, respeitar a dignidade, saúde e segurança,
proteger seus interesses econômicos, melhorar sua qualidade
de vida, bem como manter a transparência e harmonia nas
relações de consumo. (MANUAL DE COSMETOVIGILÂNCIA,
2008, p. 6).
Legislação é o conjunto de normas jurídicas que se
destinam a disciplinar a atividade humana, para torná-la
compatível com a proteção do meio ambiente, tem exercido
papel fundamental para estimular a prática de procedimentos
operacionais, social e ambientalmente corretos. (RIBEIRO,
2005, p. 26).
77
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No que diz respeito à Legislação Ambiental brasileira
acha-se contemplada nos níveis federal, estadual e municipal,
para atingir seus objetivos de preservação determinar a criação
de direitos e deveres para o cidadão; a institucionalização de
instrumentos de conservação do meio ambiente; a criação de
normas de uso dos diversos ecossistemas para disciplinar as
atividades relacionadas à ecologia; e a criação de diversos tipos
de unidades de conservação†††††.
Consequentemente, a existência de uma legislação que
atua no combate às agressões ao meio ambiente, no qual se
observa é que estas são incalculáveis, pois a materialização
destes fatos parte dos conceitos científicos às ações de
preservação legal. (BRAGA, 2007, p. 7).
10.
Comprometimento
da
Desenvolvimento Sustentável
Indústria
Química
no
A crescente importância da atividade industrial,
verificada a partir da Revolução Industrial está associada ao
aumento do contingente populacional, gerou uma demanda
crescente sobre a produção de bens e serviços e um dos
acentuados impactos ambientais. (SEIFFERT, 2009, p.146)
Medir o desempenho econômico, ambiental e social de
uma empresa é um desafio para quem tem a incumbência de
fazê-lo. Trata-se de um processo em andamento, expressa-se
Almeida (2002, p.151). Várias empresas, instituições
acadêmicas e organizações não governamentais (ONG) de todo
o mundo estão refletindo e pesquisando o tema à procura da
†††††
Braga, 2007, p.7
78
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elaboração de uma matriz global para a avaliação da
responsabilidade social corporativa.
A perspectiva ambientalmente sustentável da indústria
química foca o desempenho na produção de serviço e produto
motivado pelo desenvolvimento sustentável sob as três pilastras
da responsabilidade social e ambiental: capital social, emprego e
renda para gerar cidadania mediante cadeia produtiva
agregativa e includente que permita o crescimento econômico
local; contando com o retorno econômico: que beneficie todos os
stakeholders, principalmente investimento em ciência e
tecnologia que permita produzir mais com menor quantidade de
matéria-prima e que reduza o volume de resíduos e mais,
respeito ao meio ambiente: gestão ambiental na entidade para
impedir impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente
como cita Braga (2007, p.4).
10.1 A Educação Ambiental: a base para o Desenvolvimento
Sustentável
A evolução do conhecimento humano proporcionou um
amplo desenvolvimento das ciências e da tecnologia, ocorrendo
com isto mudanças nos valores e modo de vida da sociedade,
que, com o surgimento do processo industrial e o crescimento
das necessidades, fez com que houvesse a utilização sem
nenhum controle ou planejamento dos recursos naturais e
também a produção de resíduos. Assim, todas essas
ocorrências geraram uma profunda mudança na cultura,
afetando principalmente a percepção do ambiente pelo homem,
que passou a vê-lo como um objeto de uso para atender suas
vontades, sem se preocupar em estabelecer limites e critérios
apropriados (site do Programa de Gestão Ambiental).
79
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A Educação no planeta sustentável deve primar pela
formação integral do ser humano, ou seja, contemplar seus
aspectos culturais, éticos, morais, sociais, profissionais e
espirituais, “intermediados pelo mundo” (PAULO FREIRE).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Contabilidade e a Gestão Ambiental em suas
perspectivas reconhecem os elementos fundamentais para o
enquadramento das questões ambientais nas indústrias
químicas de cosméticos. Essa nova dimensão da Contabilidade
se dá, tanto em função de exigências externas (legais e de
mercado) quanto internas, pela adoção de políticas explícitas do
enfrentamento da questão ambiental no prisma da
sustentabilidade.
Desta feita, a Contabilidade Ambiental, para o qual tem o
objetivo de preservar o meio ambiente tem a Educação
Ambiental como aliada. Isso no intuido de se conservar o meio
ambiente. Nesta convergência a pesquisa mostra que a indústria
química de cosméticos se enquadra nas perspectivas constantes
na Gestão Ambiental e na exploração de novos procedimentos e
indicadores que, a partir dos seus registros contábeis,
contribuam para a tomada de decisão.
Os conhecimentos sobre o risco ambiental decorrente da
degradação do meio ambiente vêm sendo demandados pela
sociedade, organização pública. Nessas atuações e ações
geradas por aplicações indevidas ao meio ambiente por
indústrias e pela própria sociedade causam prejuízos, e, assim
produzindo uma Contabilidade com um resultado imensurável.
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A Gestão Ambiental aliada a um Sistema de
Informações Contábeis sinergicamente unidos à tecnologia
ambiental tende a mensurar um resultado positivo para se
contabilizar e, assim, provocar alterações nos procedimentos do
uso da matéria-prima natural nas indústrias de cosméticos.
Portanto, o desenvolvimento sustentável atrelado à educação
ambiental fortalecido pela Legislação Ambiental, que coibira
ações predatórias do meio ambiente, tanto por parte das
indústrias como por parte da própria sociedade.
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A INFLUÊNCIA DO ACOMPANHANTE NA RECUPERAÇÃO
DO PACIENTE INTERNADO*
Luzimary de Menezes‡‡‡‡‡
RESUMO
Este artigo tem o objetivo mostrar como a presença do
acompanhante auxilia na recuperação do paciente internado. Foi
verificado que o acompanhante auxilia a recuperar e identificar
os conflitos nas relações entre a equipe de enfermagem e
paciente, com ênfase na humanização hospitalar, que deveria
existir em prol da recuperação da saúde do paciente e a sua
metodologia é uma pesquisa bibliográfica, de natureza
qualitativa e descritiva, elaborada por meio de coleta de
informações e dados secundários publicados em artigos de
revisão, artigos de pesquisa, relatórios de pesquisa
(dissertações e teses) e documentos extraídos de revistas
científicas, jornais, web-sites da internet, livros e outros. Ele foi
realizado em três etapas do Método Educar pela Pesquisa
(MEP): a primeira consistiu no estudo exploratório sobre os
conceitos de paciente, acompanhante, cuidador leigo e
enfermagem. Na segunda etapa foi desenvolvida a redação das
partes constitutivas do artigo, onde constam os elementos
estruturais que fundamentam o estudo proposto. A terceira e
última etapa na apresentação escrita. As instituições
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Administração Hospitalar feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a
orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010.
‡‡‡‡‡
Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília – UNEB.
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hospitalares, em geral, preocupam-se apenas em impor normas,
tantas vezes sem fundamento legal ou humano, onde deveriam
estar pautados e centrados, tendo como seu maior instrumento
de trabalho, o paciente. A insegurança, que é gerada no
paciente e acompanhante, devido à internação ou aos
procedimentos de enfermagem deve ser eliminada, para que
toda a equipe médica e de enfermagem desenvolva um trabalho
profissional, ético e humanizado. Para tanto, se faz necessária a
atenção do gestor hospitalar, a fim de dirimir conflitos existentes
entre estes, tornando a instituição um modelo de humanização
no atendimento aos serviços de saúde.
Palavras-chave:
Humanização.
Paciente,
Enfermagem,
Acompanhante,
INTRODUÇÃO
A atuação da enfermagem precisa ser ampla. Primeiro,
deve observar o paciente sob vários aspectos, e isso inclui o
acompanhante, o familiar, o cuidador leigo e todos que de
alguma forma estão envolvidos no processo de recuperação
desse paciente. Para uma melhor compreensão, o termo
acompanhante para Scottini (1999, p. 32) é definido como
“aquele que acompanha que vai junto”.
De acordo com Ferreira et al. (1986), acompanhante é a
“pessoa que acompanha, acompanhador, pessoa que faz
companhia ou dá assistência a indivíduo doente, idoso, inválido,
etc”.
A educação continuada proporciona à enfermagem
recursos mais do que suficientes para que as suas funções
sejam exercidas e que se possam ter alternativas de tratamento
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desse paciente. Enfermagem para Scottini (1999, p.179) são os
“cuidados com enfermos, trabalho com doentes”.
Segundo Nigthingale (1991), enfermagem é a
[..] atividade de cuidar e também uma ciência cuja
essência e especificidade é o cuidado ao ser
humano, individualmente, na família ou em
comunidade de modo integral e holístico,
desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe
atividades de promoção e proteção da saúde e
prevenção e recuperação de doenças.
A recuperação do paciente no seu período de internação
pode ser amenizada para todos os envolvidos, fazendo com que
sua recuperação possa tornar-se menos complexa. O paciente
não é um número de prontuário, um número de quarto ou leito.
Conforme Scottini (1999, p. 331), paciente é a “pessoa que
recebe atendimento médico”.
Para Playle et al. (1988, p. 151), paciente é “uma pessoa
dotada de inteligência, de motivação, de desejos e que também
tem necessidades”. Mesmo que o paciente venha a óbito, os
familiares, o acompanhante ou o cuidador leigo irão lembrar-se
dessa instituição de saúde de maneira saudável, ou seja, sem
ódio, rancor ou desprezo.
Conforme Watanabe (2005, p. 29), o cuidador leigo é “a
pessoa que presta o cuidado ao doente – tanto no âmbito
institucional quanto no familiar –, atuando sem remuneração
e/ou formação profissional especializada”.
Se as atitudes do administrador hospitalar, chefe de
setor, enfermagem, nutricionista e médico forem humanizadas e
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participantes do processo de dor desses pacientes os seus
familiares poderão reconhecer o valor da instituição e lhes dar
um retorno positivo no auxílio da recuperação do paciente
internado. O cuidador leigo, o familiar ou o acompanhante são
fundamentais no processo de recuperação do paciente
internado, mesmo a internação na emergência. Esse grande
colaborador e não reconhecido como tal, é normalmente alguém
da família e que não possui familiaridade com os processos de
cuidados feitos pela enfermagem, torna-se um alvo fácil, que
está sujeito ao sistema único de saúde e sua estrutura arcaica e
um sistema debilitado. O acompanhante do paciente internado
tem desgaste emocional, físico e psíquico, que são advindos do
cuidar. Ao enfermeiro e demais envolvidos da instituição cabe a
tarefa de identificar os futuros conflitos e resolver os que
surgem. (BACKES et al, 2006; LEPARGNEUR, 1987). “Luta
consciente e pessoal, entre indivíduos ou grupos, em que cada
um dos contendores almeja uma condição que exclui a desejada
pelo adversário” é a definição de conflito dada por Osborne
(2009).
Segundo Carvalho (2009, p. 1), o conflito “é a noção
central da teoria das neuroses, e suas modalidades clínicas são
relativamente fáceis de serem descritas”.
Não é mais cabível o profissional com postura autoritária
ou que se restringe às tarefas por trás da mesa da enfermagem.
O trabalho do administrador hospitalar é andar pelo hospital e
observar absolutamente tudo, colher dados, chamar os
envolvidos e buscar soluções. O acompanhante passa vários
dias no hospital, um lugar normalmente frio sob os dois aspectos
e encontra uma estrutura de acomodação muito aquém do que
necessita para acompanhar seu ente. Além de se deparar com
uma situação delicada, sentimentos de impotência em relação
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ao prognóstico do paciente e preocupação, ainda terá que lidar
com uma alimentação insuficiente ou inadequada para o
acompanhante e acomodações inexistentes e sem ergonomia
alguma. (HEINCKEMAIER et al, 2002). (SHIOTSU et al. 2004).
Como o acompanhante pode auxiliar na recuperação do
paciente internado? O acompanhante encontra diversos
obstáculos principalmente junto a enfermagem, que deveria se
basear no conceito de humanização, para que essa ajuda ao
paciente se efetivasse; e isso infelizmente ocorre na maioria das
instituições hospitalares. Conforme Henchkemaier et al, (2002)
“o profissional de saúde, por vezes, se esquece que o
acompanhante de paciente tem direitos e necessita, além de
informações, do apoio para suas dificuldades”.
De acordo com Oliveira (2005) e Gastaldo (1997), a
experiência profissional nos mostra que o cuidador é fonte
fundamental no tratamento e diagnóstico da doença do seu ente;
necessita de condições mais humanas de tratamento e
orientação nos cuidados feitos por este.
Reafirma-se que a educação em saúde ao cuidador
leigo seria uma das estratégias oportunas para que se possa
alcançar o paradigma holístico de atenção à saúde das pessoas.
(SOUZA et al., 2005). A enfermagem precisa buscar na
essência, na sua origem, o sentido para fazer o melhor possível,
tornando o seu ambiente de trabalho saudável, humanizado e
próspero tanto para o paciente, acompanhante, quanto para a
própria enfermagem, que deveria se relacionar entre eles de
forma mais humana e respeitosa.
Para Backes et al (2006) o
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(...) profissional da saúde, ao refletir sobre as
condições e relações de trabalho e o seu modo de
agir, pode inserir-se na realidade, de uma maneira
mais crítica e consciente. Problematizar e
concretizar a humanização do ambiente, mais
especificamente a partir do trabalhador, implica uma
reflexão crítica e dialógica acerca dos princípios e
valores que norteiam a prática dos profissionais, de
modo a assumirem sua condição de sujeitos e
agentes de transformação. Para obter resultados de
qualidade e relações humanas favoráveis entre os
trabalhadores, é preciso que haja qualidade nas
condições e no ambiente de trabalho, respeito ao
ser humano, atendimento às necessidades
humanas básicas, atenção às opiniões, honestidade
e clareza na definição de papéis. Sendo valorizado
como pessoa, o profissional reconhecerá a
importância do seu desempenho não apenas para a
instituição, mas também para o seu próprio
crescimento e sua autorealização.
Ainda conforme Backes et al (2006 apud CHIAVENATO,
1992) o
(...) hospital, por se tratar de um local onde os
funcionários permanecem e dedicam a cada dia
grande parte do seu tempo, passa a ser
considerado por muitos, como a sua segunda
casa/família. Logo, quanto mais aconchegantes e
acolhedores os múltiplos ambientes coletivos se
constituírem, tanto mais próximas poderão ser as
relações afetivas e humanas.
A qualidade no atendimento do paciente sofre influência
também pela forma como a estrutura hospitalar é montada e
gerida, fazendo com que o profissional de saúde não ofereça
seu melhor desempenho na assistência à saúde.
91
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Backes et al (2006) enfatiza que a
instituição hospitalar se constitui em um ambiente
onde o ser humano trabalhador libera suas
potencialidades e compartilha uma meta coletiva.
Nesta, as pessoas dão algo de si mesmas e
esperam algo em troca. A maneira pela qual esse
espaço é moldado e estruturado influencia
significativamente a qualidade de vida e a satisfação
dos
trabalhadores.
Influencia
o
próprio
comportamento e os objetivos pessoais de cada
profissional e esse modo de ser do profissional pode
afetar diretamente o modo de prestar assistência ao
paciente.
1. A humanização entre acompanhante e enfermagem: uma
questão de normas?
As decisões tomadas pela equipe de enfermagem
precisam ser compartilhadas com o paciente, que tem todo
direito de ser esclarecido sobre os procedimentos executados
nele, sendo respeitado como cidadão e ser humano – isso vai
além de qualquer norma institucional. Muitas vezes as normas
escritas são apenas palavras vazias, que acabam no fundo de
alguma gaveta do posto de enfermagem. O exercício dos
direitos do paciente é imprescindível e inadiável. (RIOS, 1993;
HENCKMAIER, 1999; TARABOLSI, 2004; BRASIL, 1988).
Para Rios (1993) os “problemas éticos na saúde e nas
ciências biológicas vêm se acentuando e demonstrando que não
mais estão restritos aos grupos de profissionais especializados,
mas como uma problemática que atinge toda a humanidade”.
Conforme o Conselho Regional de Enfermagem do R. G.
do Sul (1996) a “assistência prestada necessita ser humanizada,
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respeitosa, justa, favorecendo a comunicação e a interação
entre a equipe de enfermagem e os pacientes, de modo que o
respeito aos seus direitos como cidadão sejam assegurados”.
Mesmo que o paciente reclame do atendimento, o
tratamento da enfermagem tem de ser humanizado, profissional
e ético. Assim, nunca se deve diferenciar, por exemplo, o
atendimento em decorrência do plano de saúde e até mesmo, no
caso dos hospitais militares, por patente ou força armada. Afinal,
a enfermagem atende a pacientes e não importa se possui título
de mestrado, doutorado, se são civis, soldados ou generais.
(RIOS, 1993; CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM,
1996; BRASIL, Art.5º, 1988).
Desse modo, o acompanhante desempenha um papel
fundamental no cuidado com o paciente, mas é necessário
lembrar que ele não faz parte do quadro de funcionários das
instituições e isso é constantemente “esquecido pela
enfermagem”. (HENCKEMAIER, 1999; SANTOS et al, 2001).
Segundo Henckemaier (1999)
medidas de higiene e de conforto, comumente, são
realizadas nos pacientes pelos auxiliares de
enfermagem. Segundo as enfermeiras, os pacientes
são estimulados a realizarem seu próprio banho
sozinhos, quando já se encontram em condições de
fazê-lo. Porém, durante as observações realizadas
nas duas unidades, percebemos uma aparente
"transferência da execução de cuidados" aos
acompanhantes dos pacientes. Entretanto, as
enfermeiras referiram que o acompanhante e/ou o
familiar é para estar com o paciente e não para
executar cuidados de enfermagem (ES1). O
reconhecimento do familiar acompanhante como
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cliente da enfermagem e da instituição de saúde, e
não como extensão dos trabalhadores e/ou "mão de
obra" gratuita, vem sendo enfatizado por diferentes
autores.
Para Santos et al, (2001) à
(...) medida que a enfermeira assumir como
prioridade seu papel no esclarecimento do paciente
em relação ao seu processo saúde-doença, aos
seus direitos, incentivando-o a exercer e reconhecer
sua cidadania poderá, concomitantemente, provocar
mudanças em si, em sua prática profissional, na
assistência como um todo, uma vez que mudanças
podem se dar a partir de pequenas transformações,
de pequenas rupturas.
A humanização não depende de normas, mas de
pessoas comprometidas com a qualidade dos serviços
prestados e de maneira humanizada. Para Pilares (1989) a
“forma como alguns clientes são atendidos desde quando
chegam ao estabelecimento de saúde é de extrema
importância”.
De acordo com Lepargneur (1987), o “cliente de saúde é
o bem mais valioso que um hospital possa ter, é a razão da
existência do estabelecimento de saúde”. Segundo Tarabolsi
(2004), “humanizar é uma mudança que não causa pânico nem
medo; requer somente percepção e fé para transformar
comportamento e condutas”.
Para modificar o atual quadro de falta de humanização
nos serviços de saúde em geral, faz-se necessário o
comprometimento dos profissionais de saúde sob vários
aspectos, como ética, profissionalismo, aperfeiçoamento de suas
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técnicas de abordagem junto aos pacientes e acompanhantes a
fim de obter resultados satisfatórios nos tratamentos oferecidos
pela instituição, tornando sua estada menos sofrida, cansativa
ou irritante. (MEZZOMO, 2001; MELO; CAMARGO, 1998).
De acordo com Mezzomo (2001) é
preciso fortalecer as pessoas pela educação e pela
capacitação permanente. Só assim elas terão
segurança, serão criativas, terão senso crítico
responsável, avaliarão os processos, dando-lhes
mais eficácia, e garantirão os resultados previstos.
A comunicação é fator chave no processo de
recuperação do paciente internado e esse papel deve ser
desempenhado pelas instituições visando obter um clima de
confiança e respeito. (ZANON, 2001).
Melo e Camargo (1998) entendem
[...] que voltamos a pensar na importância de um
equilíbrio entre o conhecimento racional e intuitivo,
na importância da natureza subjetiva, no conceito
de saúde. Aceitamos os princípios atuais de física
de que a matéria é uma manifestação de energia e
de que cada porção contém o todo do qual fazemos
parte. Não somos peças isoladas e jamais seremos;
daí a importância de aprendermos a estar com
outras pessoas, já que o resultado do todo é sempre
maior do que o trabalho de qualquer uma das
partes, de qualquer um de nós.
De acordo com Zanon (2001), em
[...] relação ao público interno (empregados), a
comunicação visa ao estabelecimento de um clima
de confiança mútua, que estimula o bom
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
desempenho no trabalho. Em relação ao público
externo (clientes), a comunicação tem por objetivo
divulgar o papel da instituição em relação às
necessidades da comunidade para obter adesão a
seus propósitos.
A administração hospitalar precisa estar voltada para o
bem-estar do paciente, de maneira ampla. (GODOI, 2004).
Segundo Godoi (2004) é preciso repensar as formas de
tratamento de toda a equipe para com o paciente e seus
acompanhantes, lembrando sempre que humanização diz
respeito à defesa dos valores do paciente e atendimento de suas
necessidades como um todo.
Ainda para Godoi (2004) os
administradores se voltam para os grandes
problemas e não obtêm informações reais do que
está acontecendo nos escalões mais baixos e
menos importantes do hospital. A área de
atendimento que tem contato direto com o cliente
vivencia o momento da verdade, e costuma ser
negligenciada. Os que atuam no contato direto com
o cliente devem receber um suporte constante e um
canal de comunicação sempre aberto com a
diretoria.
2. As formas de relações entre acompanhante e enfermagem
em prol da humanização
As formas de tratamento de toda a equipe de
enfermagem para com o paciente e seus acompanhantes são,
no mínimo, questionáveis, deveriam lembrar sempre que a
assistência prestada ou a demora no atendimento, ou sua
omissão, a falta de informações para o acompanhante ou o
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paciente, tornam a recuperação mais complexa e onerosa para o
hospital, além de deixar o paciente em segundo plano.
Apesar de existirem problemas de falta de materiais para
procedimentos, limitação do quantitativo de funcionários,
burocracia excessiva e outros problemas, as soluções
encontradas devem ser simples e eficazes. Pode-se resgatar o
caráter público dos usuários dos serviços de saúde, de maneira
humanizada e atendendo às necessidades dos pacientes e
resgatando sua cidadania.
Embora esteja implícita a utilização de normas pelos
hospitais, pode-se observar que o que tem peso no atendimento
é a humanização e não as normas em si. As normas para os
acompanhantes são praticamente as mesmas em outros
hospitais.
O acompanhante é tratado com descaso, desrespeito,
principalmente no seu direito constitucional de ir, vir e
permanecer e com risco de ser contido, caso não fique sentado
junto ao paciente.
O paciente sofre com a adaptação à rotina do hospital e
tem necessidade da presença do acompanhante, que o auxilia
na diminuição de suas ansiedades e em sua recuperação mais
rápida e menos estressante. (HUERTA, 1985).
Huerta (1985) relatou que
[...] na pesquisa sobre as mães que acompanham
seus filhos hospitalizados, relatou que elas não se
sentem bem como acompanhantes apesar de
considerarem importante a sua presença para
ajudar na recuperação da criança. Esta experiência
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foi percebida por elas como uma prova difícil, por
envolver
expectativas,
ansiedades,
medos,
preocupações, incertezas e receios, além de
depararem com uma falta de recursos necessários à
sua permanência, diurna e noturna, na unidade de
internação.
O paciente internado sofre com o stress gerado em
decorrência da própria internação, podendo surgir outras
patologias ou agravar as já existentes. (FRANCO, 1988).
Franco (1988) observou em seu estudo que
[...] o paciente adulto, quando internado, vivencia
situações de estresse e pode vir a apresentar um
quadro de regressão na sua idade cronológica,
apresentando comportamentos infantis. Segundo o
autor, estas manifestações precisam ser atendidas
por pessoas da família e de sua confiança para que
possa se sentir seguro e protegido, pois o
relacionamento com os profissionais da saúde é
muito técnico e distante sem um envolvimento
afetivo. Ainda, segundo o autor, o acompanhante ao
permanecer com o paciente também manifesta
sentimentos e emoções como expectativas,
ansiedades, medos, preocupações e receios, que
vão de encontro ao que Huerta (1985) encontrou
nas mães que permaneceram com seus filhos. Ele
considera que os acompanhantes necessitam da
atenção da equipe para que sejam minimizados
esses sentimentos.
A presença da família é fundamental para sua
recuperação, minimizando a insegurança gerada pela
hospitalização. (REGEANNI, 1973). De acordo com Regeanni
(1973)
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[...] doença por si constitui um trauma psíquico para
o paciente, que é acentuado pelo medo da morte,
da incapacitação física, do abandono de suas
atividades e de seu lar no caso de hospitalização e
a presença da família junto ao paciente ajuda a
minimizar os temores e inseguranças ocasionados
pela ruptura brusca de sua rotina, possibilitando um
suporte emocional necessário para que se recupere
o mais rapidamente possível.
A importância da presença da família foi referida
também por Takito (1985), que encontrou junto aos pacientes
respostas como "não gosto daqui porque não posso ver minha
família". Frente a isso, ela considera importante analisar a
questão, rever normas e rotinas para proporcionar um ambiente
confortável, que favoreça a sua recuperação.
Na busca para contornar os conflitos, a enfermagem,
familiar e paciente devem procurar o entendimento, com ética,
moral e respeito aos diversos aspectos que envolvem o
tratamento médico e a internação.
Para Bub (2005, p.1)
[...] cliente, familiares e profissional expõem suas
perspectivas acerca de uma situação, concordam,
discordam, enfrentam conflitos e aliviam tensões,
num esforço para a fusão de horizontes, a
compreensão mútua e a decisão compartilhada. No
entanto, entre o real e o ideal o caminho é no
mínimo longo, senão infinito.
A enfermagem precisa refletir sobre suas condutas e
tentar responder às perguntas:
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[...] como devem ser os enfermeiros e enfermeiras
na sua prática profissional? Como devem agir em
relação aos outros e a si mesmos? Porque é na
prática profissional cotidiana que se integram os
elementos próprios da conduta moral profissional.
[...] é no dia a dia da prática em saúde que
exercemos nossa moralidade e nos deparamos com
a finalidade e o sentido da vida humana, obrigações
e deveres, e nos posicionamos acerca do bem e do
mal.
De acordo com Popper (1989, p. 0181)
[...] deve começar a nossa reforma ético-prática.
Pois que a antiga atitude ético-profissional leva a
que se dissimulem, a que se encubram os erros e
as esquecê-los tão rapidamente quanto possível.
Isto implica em assumir uma atitude de abertura e
de aprendizado em relação aos nossos próprios
erros e aos erros dos outros, pois, frequentemente,
a intolerância com os outros esconde uma
tolerância demasiada para consigo mesmo. Assim
que nossa intolerância com os outros pode ser um
alerta para refletirmos sobre nossos agir e ser como
pessoa e profissional de saúde.
3. Fatores que geram conflitos na relação acompanhante e
enfermagem
Os fatores que geram conflito entre o acompanhante e a
equipe de enfermagem são de toda ordem. O grande problema
são as implicações no cuidado prestado ao paciente e essa
forma inadequada de tratamento mútuo gera mais conflitos, não
há, portanto, porque brigar com acompanhante para demarcar
espaços e posições ocupados pela enfermagem. (COLLET,
2004).
100
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Para Squassante (2009),
[...] ter uma "boa relação" com o acompanhante
significa, por vezes,"não atrapalhar o serviço", "não
reclamar", "auxiliar ou realizar o cuidado junto ao
cliente". Do ponto de vista do familiar, a mesma
afirmativa traduz-se sempre como "tratar bem" e
"ser atencioso" com ele (o familiar) e com o cliente
internado. Atenção aqui é entendida na sua
dimensão tanto expressiva, como a presença de
zelo, preocupação e carinho; quanto, também,
técnico-instrumental:
estar
medicado,
bem
alimentado e higienizado.
O sofrimento psíquico demonstrado pelas famílias e
pacientes principalmente as crianças mostra como estão
expostas às pressões do ambiente hospitalar, gerando
momentos
de
tensão
entre
enfermagem,
paciente,
acompanhantes e familiares.
De acordo com Milanesi (2006, p.1) a
mãe está exposta a pressões geradoras de
sofrimento psíquico, expressando-o em atitudes
agressivas, sentimentos de culpa, preocupações,
medo. O sofrimento é desencadeado tanto pela
estrutura física quanto pela organização do trabalho.
As estratégias defensivas são evitar falar da
hospitalização, chorar, desabafar, afastar-se do
local gerador do sofrimento. Percebe-se a
necessidade de implantar novas condutas na
organização do trabalho para construir uma prática
assistencial que atenda às necessidades da criança
e família.
Segundo Collet (2004)
101
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Ocorre que, o hospital não foi devidamente
planejado, do ponto de vista físico nem preparado
no que tange à compreensão da dinâmica das
relações sociais que ali acontecem. A inserção do
familiar acompanhante nesse contexto causa
alterações ou transtornos tanto na caracterização
física da instituição, quanto nas atitudes dos
profissionais de saúde no que se refere a
estabelecer formas de envolvimento desse familiar
no cuidado e na própria qualidade da assistência.
Esses aspectos resultam em demarcação de
espaços e posições ocupados por cada qual no
contexto hospitalar, profundamente marcados por
suas características historicamente situadas.
O acompanhante auxilia muito na recuperação do
paciente internado, contudo, muitas vezes é impedido de ajudar,
pela enfermagem, que se acha dona do paciente, que decide
quem deve ou não participar dos processos de cuidado. Collet
(2004) enfatiza que nem
sempre há por parte da equipe de enfermagem, por
diferentes razões e circunstâncias, tolerância e
atenção requeridas por este familiar e ela acaba
exercendo posição autoritária impondo ao familiar
que ele não poderá exercer nenhuma resistência
quanto às determinações ou decisões, inclusive no
cuidado ao familiar internado. Outras vezes, no
entanto, em uma demonstração de preocupação e
zelo para com o cliente cuidado, a equipe impede
inclusive a ação do familiar, sempre quando esta, de
alguma forma, significa risco ou prejuízo para o
cliente: "Aquela família que, às vezes, abandona,
que está ali por obrigação, tem algumas que é por
obrigação! Aí, eu não deixo nem botar a mão,
entendeu?"
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
O estresse é outro fator de peso na relação da equipe de
enfermagem com o acompanhante ou o paciente. Os conflitos
gerados pela comunicação inadequada colocam em risco o
restabelecimento do paciente, e essa não é a finalidade da
enfermagem. (GRAZZIANO, 2004).
Para Grazziano (2004) o
ambiente externo possui fatores estressantes
quando exige do indivíduo uma adaptação. O
ambiente hospitalar, com suas regras estabelecidas,
obriga a sua comunidade (funcionários, clientes,
médicos, familiares) a adaptar-se às situações
geradoras de ansiedade. O convívio com a doença,
sofrimento e morte leva à constante adaptação dos
profissionais e dos familiares que dividem esses
ambientes.
De acordo com Camacho (1998) “há necessidade de um
trabalho recíproco e de participação em prol de um objetivo
comum – a plena recuperação do cliente”.
Segundo Takito (1985) a “doença traz transtornos para
toda a família, principalmente para aquele que está como
acompanhante, ocasionando mudanças no ritmo de trabalho,
nas atividades domésticas, no sono e no repouso”. Para Milanesi
et al., (2006),
partindo do pressuposto de que o ambiente
hospitalar é desencadeador de sofrimento psíquico
decorrente de variados aspectos, acreditamos que
com a identificação de tais aspectos estaremos
contribuindo para a melhoria da assistência
prestada à criança hospitalizada, ampliando-a no
sentido da integralidade, incluindo a família nessa
assistência, tentando amenizar seu sofrimento
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
frente à hospitalização de um filho e contribuindo
para uma melhor aceitação da doença e seu
envolvimento no processo terapêutico.
4. O acompanhante: um auxiliar da recuperação do paciente
internado
A família é um fator fundamental no processo de
recuperação e controle das doenças, quer sejam as doenças
simples ou complexas, a presença da família facilita a aceitação
das dietas, medicações administradas e procedimentos no
paciente, além de envolver o paciente em uma esfera de
otimismo, cooperação, alegria e distração das questões
hospitalares estressantes. (GRAZZIANO, 2004; URIZZI, 2005).
Para Urizzi (2005) a
rede social que envolve o hipertenso tem a função
de incentivar atitudes pessoais que se associam
positivamente no monitoramento da saúde, com o
compartilhamento de informações, auxílio em
momentos de crise e cuidados com a saúde em
geral, incluindo cuidados com a dieta, exercícios
físicos, sono e adesão ao regime medicamentoso. A
presença da família junto ao doente é capaz de lhe
transmitir tranquilidade, força e coragem, o que o
faz sentir-se seguro e amparado no convívio com a
doença.
Segundo Oliveira (2002), a “família representa, para a
maioria das pessoas, uma importante fonte de apoio e
segurança, permitindo troca de amor, afeto, respeito e valor”.
De acordo com Silva et al. (2002) a dificuldade na
adesão e o desinteresse pelo tratamento aumentam quando não
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há envolvimento da família no cuidado diário com o doente e o
relacionamento entre seus membros é conflituoso.
A família e o cuidador desse paciente são a base para
que seu tratamento e recuperação dêem certo, apesar de a
doença sendo considerada simples ou incurável. A equipe de
enfermagem e a família do paciente devem realizar um esforço
conjunto para melhorar sua interação e estabelecer estratégias
para controle e cuidados da doença. (COSTA, 2008;
CERIBELLI, 1997).
Para Jardim (2005)
[...] a influência sociopsicológica na adesão ao
tratamento
do
cliente
hipertenso,
e,
consequentemente, no controle da doença em
relação tanto a fatores emocionais quanto físicos e
defendem a premissa de que o indivíduo é uma
unidade
mente-corpo,
suas
emoções
são
fenômenos físicos e as alterações fisiológicas
possuem o comprometimento emocional. Isto
demonstra que a alteração emocional é hoje um
aspecto que deve ser valorizado na prática clínica
pela sua influência direta na saúde e,
consequentemente, na qualidade de vida.
O aspecto emocional do paciente internado é de suma
importância ser observado pela enfermagem; esses sentimentos
sofrem influência em sua recuperação como um todo, em
qualquer doença, mesmo a mais simples. JARDIM, (2005).
Para Costa (2008)
[...] o envolvimento da família, voltado para a
colaboração no controle da pressão arterial do
hipertenso, apesar de essencial, ainda se constitui
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
um desafio, pois a sua ausência é capaz de
desestruturar todo o plano de tratamento elaborado
para este paciente. Dessa forma, o presente estudo
pretende trazer subsídios à reflexão dos
profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro,
sobre a interação da família com os cuidados
necessários ao controle da hipertensão e no
estabelecimento de estratégias junto aos familiares
dos hipertensos, de forma que seja possível
melhorar a adesão ao tratamento desses doentes.
A doença traz insegurança, medos, quebra de rotinas na
vida do paciente e dos familiares e causa mais preocupações a
todos os envolvidos, gerando, assim, uma atmosfera de
incerteza e estresse no ambiente hospitalar. A comunicação,
portanto, entre enfermagem, paciente e acompanhante, se faz
fundamental para que os procedimentos de enfermagem e
nutrição possam obter resultados satisfatórios na recuperação
do paciente. (CERIBELLI, 1997; COSPER, 1997 et al; 1997;
LITTE, 198); ROGERS, 1982). Nesse sentido, Ceribelli (1997)
afirma que
[...] ao ser hospitalizado, o paciente deixa sua
família, trabalho e meio ambiente para adentrar em
um mundo diferente, sendo obrigado, inclusive, a ter
seus hábitos modificados para se ajustar às rotinas
do hospital. [...] que este indivíduo traz conceitos
advindos de suas relações com vizinhos,
conhecidos, leituras de jornais ou revistas, ou
mesmo
por
experiências
anteriores
de
hospitalizações que favorecem a fuga da realidade
ou a sua distorção.
Estudiosos como Cosper (1997) e Skipper et al. (1964)
ressaltam que
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[...] a importância da comunicação entre o
profissional e a pessoa hospitalizada tanto no que
se refere à compreensão do jargão local quanto da
segurança necessária ao paciente nessas
condições. Diante dessas possibilidades, a equipe
de enfermagem procura amenizar as sensações de
desequilíbrio
bio-psico-sócio-espirituais
apresentadas pelo paciente, aumentando sua
confiança e auto-estima. A relação interpessoal que
se dá entre o enfermeiro e a pessoa hospitalizada
está calçada na comunicação entre ambos.
Segundo Little (1982) “[...] a comunicação interpessoal
se dá através da troca de mensagens codificáveis (verbal e não
verbalmente) entre os envolvidos, marcadas pela informalidade
e flexibilidade”. De acordo com Rogers (1982) “[...] a relação de
ajuda é uma relação na qual pelo menos uma das partes procura
promover na outra o crescimento, o desenvolvimento, a
maturidade, o melhor funcionamento e maior capacidade de
enfrentar a vida”.
A comunicação entre a equipe, paciente
acompanhante precisa ser simples, objetiva, clara e que
enfermeiro assuma a sua função de maneira humanitária
eficaz. (RODRIGUES, 1993; RODRIGUES, 1996; PAULA et
2000).
e
o
e
al
Para Rodrigues (1993; 1996)
[...] a ajuda prestada pelo enfermeiro ao paciente se
dá de duas formas: no desempenho das tarefas de
enfermagem e no seguimento de pacientes ou
grupos, dentro ou fora do contexto hospitalar.
Assim, em todas as situações de contato com o
paciente está presente a comunicação. Esta
comunicação poderá ser impessoal (robótica) ou
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pessoal (compreensiva) e, portanto, terapêutica ou
não. Terapêutica será toda interação na qual o
enfermeiro esteja voltado para atender às reais
necessidades de quem precisa de ajuda. Essa
ajuda pode se dar junto a uma pessoa e aos seus
familiares ou a grupos específicos da população”.
De acordo com Paula (1995) “o enfermeiro possui
formação pedagógica que facilita sua interação com o paciente”.
Segundo Paula et al. (2000)
[...] os enfermeiros são estimulados a avaliar sua
conduta profissional diante das mais variadas
situações do cotidiano. Esta avaliação promove
profundas reflexões sobre o exercício de sua
prática, sobre o suporte no qual é baseada, sobre
as possibilidades terapêuticas do desempenho
humanista e sobre a responsabilidade que recai
sobre sua conduta profissional em respeito ao ser
humano sob seus cuidados.
A criança hospitalizada sofre um desgaste psíquico
ainda maior que o adulto, necessitando de cuidados mais
individualizados onde a enfermagem pode lançar mão de
diversos artifícios para realizar seus cuidados, sem tornar o
atendimento uma tortura. Milanesi et al (2006) enfatizam que
[...] no ambiente hospitalar, para amenizar
significativamente o sofrimento psíquico de um
acompanhante cujo filho está hospitalizado, é
necessário o preparo desse acompanhante para
compreender o porquê seu filho encontra-se
internado, qual é a sua doença e de que maneira
ele pode participar dos cuidados prestados a
criança contribuindo para seu tratamento. Para isso,
a equipe de saúde deve centrar o foco de sua
assistência na humanização.
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As relações interpessoais estabelecidas no ambiente
hospitalar apresentam consequências positivas e negativas para
seus sujeitos. São sentimentos que podem desencadear
sofrimento como também bem-estar.
A enfermagem pode adotar outros métodos que tornem
o impacto da hospitalização menos estressante. Conforme
Milanesi et al. (2006), cabe
[...] à equipe de saúde adotar uma terapêutica que
proporcione
mudanças
significativas
na
hospitalização infantil adotando uma modalidade de
assistência que possibilite o envolvimento da família
no processo terapêutico. Assim, faz-se necessário
garantir o seu direito de ser informada e orientada
atendendo a suas necessidades, valorizando a
confiança
estabelecida
e
identificando
os
sentimentos de insegurança, condutas que
demonstram cansaço físico e mental, irritação e que
podem prejudicar o relacionamento da família com a
equipe.
Ainda para Rodrigues (1996), “na relação de ajuda, o
enfermeiro utiliza-se tanto de seus conhecimentos gerais de
enfermagem e os específicos da situação em questão como dos
procedimentos técnicos e principalmente de si próprio, como
instrumento terapêutico”.
A ação do enfermeiro na abordagem aos usuários dos
serviços de saúde deve ir além de suas habilidades técnicas,
pois o cuidado com o paciente é mais importante, devendo haver
outra maneira em suas abordagens. Para Machado et al.(2005
apud CESTARI , s.d) muitas
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
vezes o enfermeiro possui uma visão mecanicista,
compreendendo o indivíduo a partir de uma
abordagem biológica, sem atentar para as
dimensões psicológicas, históricas e culturais.
Nesse sentido, torna-se necessário uma abordagem
em que a comunicação entre enfermeiro e usuários
dos serviços de saúde possa ser realizada de forma
mais compreensiva e participativa. Esse estudo tem
como objetivo apresentar os conceitos sobre a
linguagem e comunicação na consulta de
enfermagem, utilizando, como marco teórico
conceitual, a teoria da pragmática universal de
Jürgen Habermas. Na prática cotidiana do
enfermeiro, torna-se importante a mediação e
adequação do conhecimento e habilidades técnicas
para uma atuação eficaz no cuidado humanizado do
indivíduo e coletividade. A prática dialógica, por
meio da ação comunicativa reflexiva e participativa
do enfermeiro, é necessária para uma atenção mais
humanizada.
De acordo com Cestari et al. (2002), uma
[...] das características da Enfermagem é lidar com
diferentes questões emocionais não só do cliente
como do próprio profissional. Para isso, deve lançar
mão de instrumentos básicos da relação de ajuda
tais como: o diálogo e os procedimentos técnicos
capazes de permitir ao cliente desfrutar bem-estar,
compreensão de seus problemas e ter razões para
atingir a cura.
O enfermeiro pode diminuir o sofrimento do paciente
utilizando-se de técnicas terapêuticas. (STEFANELLI, 1993;
ANTÔNIO et al., 1995; PEREIRA, 1992; NOVELLI, 1992).
Como medidas terapêuticas, o oferecimento de
apoio e o estabelecimento de limites consistem em
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
conjunto de procedimentos com o objetivo de
diminuir os níveis de ansiedade da criança a níveis
suportáveis e oferecer-lhe um ambiente seguro no
qual se sente livre para brincar e experimentar
situações favoráveis ao seu crescimento. [...]. Ao
desenvolver as medidas de apoio e estabelecimento
de limites, serão usadas estratégias que
favorecerão a comunicação terapêutica, ao ajudar a
criança a descrever a sua experiência, os seus
sentimentos e pensamentos, assim como a clarificar
e a validar a compreensão das suas mensagens.
(STEFANELLI, 1993).
Conforme Pereira (1992), a “[...] utilização do brinquedo
como forma de comunicar-se com uma criança hospitalizada de
dois anos. A enfermagem lança mão de outro artifício para que o
processo difícil no qual o paciente é submetido se torne mais
ameno”.
Para Antônio et al (1995) a criança hospitalizada
[...]
vivencia
experiências
dolorosas
e
desagradáveis, em ambiente estranho e muitas
vezes agressivo, o que geralmente repercute no seu
desenvolvimento
psicossocial
e
intelectual,
caracterizando uma situação de crise. Na situação
de crise vemos a ajuda como o oferecimento de
oportunidade à criança para que expresse os seus
sentimentos a respeito das experiências traumáticas
assim como a ansiedade, a raiva, a hostilidade. Ao
fazê-lo poderá reelaborar a forma de viver essas
situações, voltando ao seu nível anterior do
desenvolvimento psicossocial e intelectual.
Esta ajuda poderá ser proporcionada dentro de um
relacionamento seguro e construtivo, dadas as características de
dependência que a criança apresenta com relação ao outro.
111
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Durante a hospitalização, "o outro" são os profissionais que a
rodeiam e, neste trabalho, nos referimos especificamente à
enfermeira, que poderá ajudá-la a reconquistar as capacidades
próprias da sua fase de desenvolvimento e a vivenciar
experiências que estimulem o seu crescimento.
De acordo com Novelli (1992)
[...] analisando relacionamento com paciente
pediátrico, mostra o uso do brinquedo e das
técnicas e medidas terapêuticas como modos
eficientes de compreender o mundo da criança e
estimular a expressão verbal e não-verbal dos seus
sentimentos de ansiedade.
Possibilitando uma reflexão sobre o cuidado à família de
criança hospitalizada, cuja tarefa é difícil, mas importante, pois a
criança se desgasta física e emocionalmente com a internação,
dificultando a sua alta e a família não pode adoecer junto com o
seu ente. (LACAZ & TYRREL, 2003, p. 33, apud FERNANDES
et al, 2006, p. 108).
Segundo Fernandes et al., (2006)
[...] para que a assistência de enfermagem às
crianças e adolescentes bem como de suas famílias
tenha qualidade, é necessário que os profissionais
façam uma revisão de conceitos e atitudes perante
si e àqueles que recebem seus cuidados.
Para Lacaz et al. (2003) o
cuidado de enfermagem não deve ser desvinculado
da família e de suas necessidades, o que implica no
domínio de informações teóricas específicas e ao
desenvolvimento de uma sensibilidade especial
112
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para lidar com esta clientela. (LACAZ & TYRREL,
2003).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cabe ao administrador hospitalar a coordenação dos
serviços executados, através de seus colaboradores, chefes de
setores, médicos, enfermeiros e sua equipe de enfermagem,
respeitando-se cada categoria profissional. Caso não haja
parceria entre esses, surgirão conflitos de toda ordem, incluindo
os mais graves que são os judiciais. A interação das equipes, o
atendimento humanitário ao paciente, seus familiares e
acompanhantes, depende muito mais de bom senso, ética e
profissionalismo do que de normas.
O paciente internado sofre com a hospitalização, tem
insegurança sobre vários aspectos como tipo de tratamento
adequado, prognóstico da doença e outros. Não há lógica em
fazê-lo sofrer mais ainda com um atendimento sem
humanização, incoerente, desorganizado ou omisso; o processo
de internação envolve todo círculo de pessoas: o administrador
hospitalar, o atendente, o familiar, o acompanhante, a equipe de
enfermagem, enfermeiros, chefia de setor e médicos.
O acompanhante é uma fonte rica de dados para a
equipe médica e de enfermagem, é colaborador e não
funcionário da instituição, seus deveres para com o paciente são
de trazer alegria, otimismo, fé, aconselhamento, companhia do
paciente internado nas diversas horas de agonia. É ele que,
juntamente com o tratamento adequado, fará com que a
recuperação da doença seja mais rápida e seu sofrimento
amenizado; mesmo nos casos de prognóstico fatal, a sua
conduta de auxílio ao paciente é impecável, pois é ele quem
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está à beira da cama, com o paciente, em suas horas finais ou
aguardando o passar de dias para o seu restabelecimento e alta.
Rever os processos de atendimento ao paciente, seus
acompanhantes, familiares, se mostra hoje, para a enfermagem
e demais, ser vital para a recuperação do verdadeiro sentido do
cuidar.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE ESTOQUE NA
PEQUENA E MÉDIA EMPRESA DE EXPORTAÇÃO*
Antônio Francisco dos Santos**
RESUMO
Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar a
importância do controle de estoque na tomada de decisão do
gestor da pequena e média empresa de exportação. O controle
de estoque quando é analisado de forma qualitativa busca
agregar valor ao produto e prover um serviço de melhor
qualidade ao cliente. Porém no Brasil o controle de estoque é
uma estratégia pouco utilizada por pequenos e médios
empresários para obter vantagem competitiva, limitado a
companhias de maior porte. A pesquisa bibliográfica foi realizada
por meio de um estudo exploratório dos conceitos de controle de
estoque, tomada de decisão, eficácia, e processo que possibilita
a discussão teórica deste trabalho. A partir da análise da
literatura conclui-se que a armazenagem de mercadorias
prevendo seu uso futuro exige investimento por parte da
organização. O ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e
demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques
desnecessária. Entretanto, como é impossível conhecer
exatamente a demanda futura e como nem sempre os
suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Administração em Comércio Exterior feito pela União
Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G.
Reis, dezembro 2010.
**
Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.
126
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
acumular estoque para assegurar a disponibilidade de
mercadorias e minimizar os custos totais de produção e
distribuição.
Palavras-chave: Controle de Estoque, Estratégia, Pequena e
Média Empresa.
INTRODUÇÃO
O estoque é um item que deve ser bem administrado
dentro de uma organização e quando não administrado
adequadamente pode trazer sérios danos às finanças da
empresa, pondo em risco a saúde financeira da mesma. Há
empresários que não conseguem responder algumas perguntas
ou, quando respondem, não têm certeza do que dizem. Você
controla o seu estoque? Qual o tipo de controle permanente ou
periódico? Alguns empresários administram o estoque no
¨olhômetro¨ ficando difícil responder àquelas perguntas. Outras
questões surgem: como vocês sabem qual o valor do seu
estoque hoje? Vocês sabem quantas unidades de cada produto
existem hoje em seu estoque? Vocês sabem qual é o seu
estoque mínimo e máximo? Todos estes questionamentos são
pertinentes e a má administração dos estoques pode levar uma
empresa a enfrentar sérios problemas financeiros, como a falta
de Capital de Giro em dinheiro que afeta diretamente o Fluxo de
Caixa, obrigando o empresário a tomar capital de terceiros para
honrar compromissos. Ou seja, transformou disponibilidade em
estoque sem saber de quanto em quanto tempo é o Giro do
Estoque, sem saber qual o Estoque Mínimo que deveria ter
daquela mercadoria ou qual o Estoque Máximo tolerável daquele
produto sem comprometer as disponibilidades da empresa.
Conhecendo-se os Estoques Mínimos e Máximos de cada
127
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
produto, além do Giro, tornar-se-á mais fácil administrar uma
parte das finanças de uma empresa.
O estoque de uma empresa pode ser monitorado
através do Controle Permanente ou do Controle Periódico. O
Controle Permanente, como o próprio nome diz, monitora o
estoque permanentemente. Isso quer dizer que a qualquer
momento que se desejar saber o saldo existente de uma
determinada mercadoria em estoque é só acessar o sistema e
identificar a quantidade existente, pois ele faz um controle
individual das quantidades existentes de cada item do estoque
através da Ficha Controle de Estoque. É como se você estivesse
em sua empresa em um dado momento e desejasse saber qual
a quantidade do item tal que tem no estoque; você acessaria o
sistema e o mesmo lhe diria a quantidade existente no momento.
A partir desse momento, é só fazer a contagem e ver se
está batendo com a informação obtida no sistema. O controle
permanente utiliza uma ficha para cada produto, onde está
identificada a data da movimentação, o histórico (compra, venda
ou devolução), entradas, saídas e saldo existente. Este sistema
necessita de um controlador de estoque para atualizá-lo
constantemente, dando entrada das mercadorias que foram
adquiridas e entraram para o estoque, bem como fazendo as
baixas das mercadorias que foram vendidas e ou devolvidas.
Caso o sistema não seja abastecido com as informações de
entrada e saída de mercadoria, de nada adianta o sistema.
Na década de 1960, um grupo de cientistas sociais nos
Estados Unidos desenvolveu certos trabalhos que dão ênfase ao
desenvolvimento planejado das organizações. Desde então
muita coisa foi escrita sobre o assunto, principalmente por
profissionais ligados às ciências do comportamento e que
128
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
exercem funções de consultores de organização. O assunto tem
sido entendido de modos bastante diferentes pelos numerosos
autores, não havendo um consenso geral definido sobre o que é
o Desenvolvimento Organizacional. (CHIAVENATO 1989, p.
274).
O movimento de desenvolvimento organizacional surgiu
a partir de 1962, não com um único autor, mas com um
complexo conjunto de ideias a respeito do homem, da
organização e do ambiente, no sentido de propiciar o
crescimento e o desenvolvimento organizacional, segundo as
suas potencialidades. Em consideração a isso, Chiavenato
(1989, p. 275) classifica o desenvolvimento organizacional como
um desenvolvimento prático e operacional da teoria
Comportamental a caminho da abordagem sistêmica.
Neste sentido é necessário que as organizações
busquem cada vez mais mão de obra qualificada. Em função
disso, Drucker (1984, p. 565) orienta que o que precisamos
conhecer não são todas as operações que a gente imagina que
a estrutura organizacional deve conter. O que precisamos
conhecer são as partes que sustentam as estruturas, as
atividades básicas.
De acordo com Silva (2006, p. 17) a logística é “uma das
ferramentas de gestão moderna que no contexto atual de
globalização pode assegurar a competitividade das corporações
frente ao processo de abertura de mercado e formação de
blocos econômicos”.
Segundo Leard e Roy (1995 apud SANTOS;
RODRIGUES 2006, p. 223) o controle de estoque é “[...]
estudado desde 1913 com Harris ao introduzir a fórmula do lote
129
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
econômico de compra. Para uma organização, a otimização do
fluxo de materiais é de vital importância, pois os estoques
representam grande parte dos seus custos logísticos”.
Ainda conforme Santos e Rodrigues (2006, p. 223) “a
produção tem um ritmo que não deve ser interrompido e o custo
de manutenção dos estoques representa capital parado que
poderia estar sendo utilizado para outros fins”. Já Krever,
Wunderiink, Dekker, Schorr (2003, apud SANTOS; RODRIGUES
2006, p 224) ”mostraram que um gerenciamento eficiente de
estoques balanceia a disponibilidade de produto, o nível de
serviço e os custos de manutenção”.
Segundo Partovi e Anandarajan (2002 apud SANTOS;
RODRIGUES 2006, p.224) em
ambientes com centenas de itens de estoque para
controle, o gerenciamento se torna mais complexo
devido à diversidade. Uma alternativa é a separação
dos itens em subgrupos, permitindo a escolha e
adoção da política mais adequada para cada um
deles.
De acordo com Buzzacott e Shanthikumar (1994, apud
SANTOS; RODRIGUES 2006, p. 224)
uma alternativa para reduzir estas incertezas é o
tempo de segurança que é aplicável quando se tem
uma previsão bem acurada, variando apenas o lead
time. Entretanto flutuações da demanda durante o
lead time diminuem sua atratividade por considerar
a demanda constante.
130
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Lenard e Roy (1995 apud SANTOS; RODRIGUES 2006,
p. 225.) apresenta algumas críticas referentes aos modelos
clássicos de estoque:
•
os custos de pedido, de manutenção e de falta são difíceis
de serem mensurados;
•
a complexidade para serem compreendidos requer um
relaxamento na implementação, o que enfraquece o realismo
dos modelos; e
•
são inflexíveis e fazem uma confusão entre variáveis de
ação (níveis de ressuprimento e lotes de compra) e de
monitoramento ( níveis de estoque, nível de serviço ao cliente e
carga de trabalho) no controle de estoques. Portanto, para os
autores, existe uma grande lacuna entre teoria e prática.
Para Zomerdijk e Vries (2003, apud SANTOS E
RODRIGUES 2006, p. 225) esses modelos e técnicas
normalmente são baseados em modelagem matemática e são
bons na determinação de parâmetros de estoques e
planejamento de recursos, porém, quando os modelos são
confrontados com o mundo real, apresentam grandes limitações.
Atualmente, é reconhecido pelas empresas que o
desempenho dos sistemas de estoque não planejados ou
controlados, mas também da arquitetura organizacional. Por
isso, muitas delas, com o intuito de melhorá-lo, implementam
simultaneamente, avançados sistemas com o uso de medidas
organizacionais (Vries, 2004).
131
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
1. Conceitos de decisão
Segundo Chiavenato (1993, p. 217) é “o processo de
análise e escolha, entre várias alternativas disponíveis, do curso
de ação que a pessoa deverá seguir”. Para James (1985, p.184)
”decisão são programadas soluções para problemas rotineiros,
determinadas por regras, procedimentos ou hábitos”.
Ainda James (1985, p. 184) ”decisões não programadas
soluções específicas criadas através de um processo não
estruturado para resolver problemas não rotineiros. Como afirma
Kortland (1996, p. 675) tomada de decisão pode ser
compreendida como a maneira racional de escolha entre meios
alternativos de ação (relativas a questões pessoais ou públicas),
os quais requerem um julgamento em termos de seus valores.
[...] se trata de decidir, numa situação sempre
particular, o que é justo, o educador não pode
propor ou impor ao aluno um modelo definitivo, que
este poderia se contentar em seguir. Não pode
designar-lhe, a fortiori, o indivíduo, grupo ou partido
que detém a verdade política. Pode indicar
precisamente quais são as decisões irracionais ou
contrárias ao direito. Mas não pode substituir o
“juízo comum” dos cidadãos, que se elabora no
debate coletivo, por um modelo teórico da ação,
cientificamente fundado. Porque tal modelo não
existe. Disso resulta que a educação do juízo
político é, fundamentalmente, uma educação para a
discussão.
De certa forma, os modelos apresentados parecem
reproduzir os modelos tecnocráticos e decisionistas, no qual a
decisão é tomada de forma racional, guiada objetivamente por
aspectos técnicos que indicam o caminho da opção a seguir. Em
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
uma perspectiva do modelo pragmático-político, a abordagem
curricular para o desenvolvimento da capacidade de tomada de
decisão não poderia ser reduzida a seguir tais passos, uma vez
que a decisão vai passar também pela discussão de aspectos
valorativos, culturais e éticos.
Para Canivel (1991) a tomada de decisão em uma
sociedade democrática
[...] pressupõe o debate público e a busca de uma
solução que atenda ao interesse da maior parte da
coletividade. Para isso o cidadão precisa
desenvolver a capacidade de julgar a fim de poder
participar do debate público.
A faculdade de julgar relaciona-se a dois tipos de juízos,
o crítico e o político: Conforme (CARNIVEZ, 1991) o
primeiro refere-se ao julgamento daquilo que é
universal, como o julgamento das leis e dos
princípios universais dos direitos humanos. O
segundo refere-se ao julgamento para a tomada de
decisão frente a uma situação particular. (...) No
julgamento
crítico,
os
critérios
já
estão
estabelecidos e, portanto, para a sua realização só
é necessário o conhecimento das leis e dos
princípios éticos universais.
No julgamento político, os critérios não se limitam aos
estabelecidos universalmente. Trata-se de tomar decisões que
se destinam a resolver problemas, adotando-se outros critérios
além dos jurídicos e morais, pois tais critérios visam a ajustar os
interesses particulares aos gerais. Nesse caso, a solução é dada
pela discussão da pluralidade de ideias a respeito do
encaminhamento da possível solução do problema.
133
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Conforme discutem Santos e Schnetzler (1997) a
[...] educação para a cidadania não seria aquela que
apresentaria já de pronto as soluções para os
estudantes. Não se trata de fornecer a fórmula
determinada da justiça, mas de apontar os critérios
negativos do juízo, permitindo ao indivíduo que ele
determine o que é inaceitável. A decisão, no
entanto, é do indivíduo inserido no grupo.
2. Definição e importância econômica de Média e Pequena
Empresa
Kuglianskas (1996 citado por CEZARINO; CAMPOMAR,
2006, p. 3) classifica como pequenas empresas as que possuem
menos de 100 funcionários, incluindo as microempresas. Nas
médias empresas, o número de funcionários é de 100 a 500.
Para facilitar a comparação entre empresas de países com
características intrínsecas mais intensas, algumas organizações
internacionais como a OCDE e o BIT delimitaram um total de até
100 funcionários por negócio (GONÇALVES, 1994 apud
CEZARINO; CAMPOMAR 2006, p. 3). Para o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), a
classificação é ilustrada no Quadro abaixo:
Classificação
brasileiras:
SEBRAE
sobre
porte
Número de funcionários
Tamanho relativo
De 1-19
Microempresa
De 20-99
Pequena empresa
De 100-199
Média empresa
Mais de 500
Grande empresa
de
empresas
Fonte: SEBRAE, 2004
134
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
3. A importância do controle de estoque na tomada de
decisão da PME
O conceito do planejamento organizacional tem suas
raízes na ideia de que uma organização é um sistema social. O
desenvolvimento da organização é um processo planejado
visando a institucionalizar uma série de tecnologias sociais, de
tal forma que a organização fique habituada a diagnosticar,
planejar e implementar essas modificações com ou sem
assistência externa.
De acordo com Souza et al (1978, p. 16 apud
BERNARDES, 1988, p. 256) desenvolvimento organizacional é
a mudança planejada da cultura e das subculturas
da organização com a meta de que ela melhor
atenda as finalidades para as quais foi criada e,
também, as necessidades de seus participantes,
levadas a efeito pelos seus próprios integrantes com
auxílio da intervenção externa de consultores
habilitados.
Para que esses processos venham a tornar-se rotinas
dentro da organização é necessário que os colaboradores
conheçam a arquitetura organizacional que de acordo com
Araújo (2001, p. 169) “é uma abordagem radicalmente diferente,
que entende que os sistemas e processos básicos que guiam o
universo dos negócios estão obsoletos e que propõe métodos
inovadores”.
4. Os critérios adotados pelos gestores no controle de
estoque da pequena e média empresa
135
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Na Administração, a palavra controle segundo
Bernardes (1988, p.174) é diferente do empregado na linguagem
do dia a dia. Assim, frases como “a situação esta sob controle”,
ou então, “eu sou uma pessoa controlada” não serão utilizadas
neste trabalho. Para o mesmo, o controle consiste na:
verificação da ocorrência de desvios da meta prevista; e
medidas corretivas que se fizerem necessárias.
De acordo com SEBRAE (MANUAL 2006, p. 133)
“estoque é a parte da logística responsável pela guarda de
produtos e uma das atividades da armazenagem”.
Para Ballou (1993, p. 204) “Deve-se sempre ter o
produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pegos
com algum estoque” é uma frase que descreve bem o dilema da
administração de estoques.
Ainda Ballou (1993, p. 204) comenta que o
controle de estoques é parte vital do composto
logístico, pois estes podem absorver de 25 a 40%
dos custos totais, representando uma porção
substancial do capital da empresa. Portanto, é
importante a correta compreensão do seu papel na
logística e de como devem ser gerenciados.
5. Razões para manter estoques
A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso
futuro exige investimento por parte da organização. O ideal seria
a perfeita sincronização entre oferta e demanda, de maneira a
tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto,
como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e
como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer
136
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
momento, deve-se, portanto acumular estoque para assegurar a
disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de
produção e distribuição. (BALLOU 1993, p. 204).
O papel desempenhado pela função controle e avaliação
para o analista de sistema, organização e métodos é
basicamente acompanhar o desempenho dos sistemas de
informações gerenciais, da estrutura organizacional e das rotinas
e procedimentos administrativos, através da comparação entre
as situações alcançadas e as previstas; neste sentido, a função
controle e avaliação é destinada a assegurar que o desempenho
real possibilite o alcance dos padrões que foram anteriormente
estabelecidos. (OLIVEIRA 1992, p. 430).
Segundo Oliveira (1992, p. 431) controle
é uma função do processo administrativo que,
mediante a comparação com padrões previamente
estabelecidos, procura medir e avaliar o
desempenho e o resultado das ações, com a
finalidade de realimentar os tomadores de decisões,
de forma que possam corrigir ou reforçar esse
desempenho ou interferir em funções do processo
administrativo, para assegurar que os resultados
satisfaçam aos desafios e aos objetivos
estabelecidos.
Para cada organização a criação de estoque depende
da destinação que para Azevedo (2007, p. 37) o estoque inicial
de um mini mercado depende da clientela a que se destina.
Existem vários níveis de sofisticação tanto na variedade quanto
na qualidade dos produtos que serão postos à venda, depende
do poder aquisitivo médio do consumidor.
137
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
6. Por que o controle é necessário?
Para que o controle de estoque de produção seja
viabilizado com menor custo e maior produtividade é preciso ser
projetado com base no que foi projetado e no que está sendo
realmente executado. O controle de produção deve acusar as
falhas e distorções e estabelecer as medidas corretivas visando
à normalidade do processo produtivo (SILVA, 1982, p. 99).
Para Stoner e Freeman (1985, p. 441) uma
razão, obviamente, é poder monitorar o processo e
corrigir erros. Mas o controle também ajuda os
administradores a monitorar mudanças ambientais e
seus efeitos sobre o progresso da organização.
Dado o ritmo das mudanças ambientais nos últimos
anos, este aspecto do controle tem se tornado cada
vez mais importante. Algumas das mudanças
ambientais mais prementes são a natureza mutável
da competição, a necessidade de acelerar o ciclo de
pedido à entrega, a importância de “adicionar valor”
aos produtos e serviços como um meio de criar a
demanda por parte do cliente, as mudanças nas
culturas dos trabalhadores e das organizações, e a
necessidade crescente de delegação e de trabalho
em equipe nas organizações.
De acordo com Stoner e Freeman (1985, p. 440)
controle “é o processo de garantir que as atividades realizadas
se igualem às atividades planejadas”. Na definição de Ferreira
(1986 apud GARCIA et al., p. 4), o termo Logística provém do
francês Logistique e significa a
[...] parte da arte da guerra que trata do
planejamento e da realização de atividades de
projeto
e
desenvolvimento,
obtenção,
138
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
armazenamento, transporte, distribuição, reparação,
manutenção e evacuação de material, tanto para
fins operativos como administrativos.
“Neste sentido, a logística é utilizada em vários setores e
um deles é o estoque que, para Ferreira (1986 apud GARCIA et
al., p. 4)” entende-se todo e qualquer depósito de mercadoria ou
matéria-prima para produção ou venda em data futura ".
Conforme Corrêa et al. (2000, p. 45, apud GARCIA et
al., p. 5), “estoques são acúmulos de recursos materiais entre
fases específicas de processos de transformação”.
Por que os estoques existem? Segundo Corrêa et al.,
(2000, apud GARCIA et al., p. 5),
os estoques são a impossibilidade ou inviabilidade
de coordenar suprimento e demanda, quer por
incapacidade, pelo alto custo de obtenção ou por
restrições tecnológicas; com fins especulativos, pela
escassez ou pela oportunidade; com a finalidade de
gerenciar incertezas de previsões de suprimento
e/ou demanda, na formação de estoque de
segurança.
Tendo em vista as razões para existência de estoque, há
que se preocupar com o controle da produção o que conforme
Kwasnicka (1981, p. 95) “consiste em um conjunto de
procedimentos bem definidos que tem por objetivo a
coordenação de todos os elementos de produção a fim de obter
o melhor resultado de produção, por um baixo custo”.
Para conseguir baixar o custo é necessário que o
administrador esteja atento não só ao controle, o que de acordo
com Newman (1973, p. 376), o controle depende de outras fases
139
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
da administração. Um administrador não pode pretender
controlar eficazmente sua empresa ou departamento sem
adotar, em suas outras atividades, sólidos princípios
administrativos.
Contudo, o controle de outras atividades deverá ser
tratado de tal importância quanto o de um estoque, o que
segundo Bernardes (1991, p. 174) o controle consiste na
verificação de ocorrência de desvios da meta prevista; e
medidas corretivas que se fizerem necessárias.
Ainda Bernardes (1991, p. 270) orienta que uma solução
para baixar o custo seria reduzir os estoques fazendo pedidos
aos fornecedores de pequenos lotes, mas aí surge o risco de
faltar mercadoria e com isso afugentar clientes, além de
aumentar os custos pelos pedidos constantes de quantidades
diminutas.
7. Os princípios estratégicos adotados pelos gestores de
Logística
De acordo com Ballou (1993, p. 308) um dos princípios
estratégicos é
fazer com que bens ou serviços corretos cheguem
no instante e lugar exatos e na condição desejada é
o objetivo da logística.O profissional da área traduz
esse objetivo numa série de decisões, algumas
delas tomadas de modo pouco freqüente
(estratégicas) e outras que podem ocorrer várias
vezes por dia ( operacional).
Com a globalização, o mercado se mostra mais
competitivo e isso leva a empresa a buscar nova alternativa de
140
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
sobrevivência o que segundo Lalkaka (1998, p. 11) a fusão de
processos modernos com os meios tradicionais de produção
agrícola em pequena escala pode ajudar a melhorar os níveis de
agregação de valor por unidade de capital aplicado.
As organizações vivem um momento muito delicado,
tendo em vista o grande número de concorrentes que leva as
mesmas a continuar criando estratégia que segundo o professor
Eduardo (2007, p. 53) conclui-se que incorporações, fusões e
cisões continuarão sendo cada vez mais utilizadas em ações
estratégicas válidas e necessárias para o fortalecimento de
empresas, quaisquer que sejam seus portes, setores e
localizações geográficas.
Para Fortes (1999, p. 65) a administração estratégica
[...] analisa, desenvolve e modifica os processos,
orientando a instituição sobre o futuro, “não no
sentido de que cada condição deva ser antecipada,
mas no sentido de que a empresa possa dirigir-se
consciente e sistematicamente para seus objetivos”.
Para que a empresa possa dirigir-se consciente e
sistematicamente para seus objetivos, as estratégias lidam
segundo Fortes (1999, p. 67) fundamentalmente, com uma série
de premissas e de ações relacionadas são estabelecidas para
colher os resultados pretendidos pelos centros decisórios da
organização.
Segundo Newnam (1973, p. 90), a estratégia foi
reconhecida, durante séculos, como um aspecto vital da
administração dos negócios, do governo e das operações
militares, recebeu muito pouca atenção sistemática, a não ser
em conexão com as operações militares.
141
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Para que uma empresa torne-se competitiva, o mercado
exige uma série de estratégias, e são inúmeros os pontos de
vista sobre a magnitude das vantagens e o que representa a
aglomeração territorial de empresas do mesmo setor para
diferentes autores. Segundo Porter (1990, apud CEZARINO;
CAMPOMAR 2006, p. 8), algumas facilidades podem ajudar o
desenvolvimento das empresas, como fluxo de informação
intensa, a presença das instituições de apoio, a infraestrutura e a
formação de competências. Regiões ou determinadas
localidades podem oferecer essas condições às empresas em
maior ou menor intensidade. As regiões onde existem esses
fatores oferecem vantagem competitiva às empresas ali
localizadas.
A Figura 1 mostra que as vantagens podem ser divididas
em duas: as que geram benefícios em termos de força e poder
da rede com seu ambiente, aqui chamadas de vantagens de
poder de aglomeração, e as que contribuem para a
competitividade interna através de compartilhamento de
atividades e processos.
Figura 1 - Arquétipo das vantagens competitivas de MPME
participantes de clusters e APLs.
8. A influência do controle de estoque no processo
decisório da pequena e média empresa de exportação
Fluxo de
informaçõe
s
sobre o
segmento
Formação
de
massa
de
trabalhado
res
qualificado
s
Fornecedo
res
Especializa
dos
Fornecedo
res de
Bens
Substituto
s
Renda de
reinvestim
ento na
atividade
Compartilh
amento
de ônus e
riscos
de P&D
Troca de
experiênci
as
em novas
oportunida
des
142
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Linhas de
produtos
Com
qualidade
superior
Pressão no
mercado
Compartilh
amento de
recursos
Fortalecim
ento do
poder de
compra
Força para
atuação
em
mercados
internacion
ais
Especializa
ção
da
Produção
Formação
de massa
De
trabalhado
res
qualificado
s
O controle de estoque é necessário para toda e qualquer
organização, pois o mesmo influencia diretamente no processo
decisório o que segundo Pozo (2004, p. 153), essa ligação direta
com a logística, produção e vendas proporciona rapidez na
tomada de decisões, fluxos contínuos, custos reduzidos e,
principalmente, satisfação do cliente. Logicamente, a operação
eficiente e eficaz depende da habilidade e da capacidade de
organizar e de relacionar-se do pessoal envolvido. A
organização do setor de compras ou suprimento visa não só a
seu desempenho como um sistema, mas também,
principalmente, a sua interação com os demais setores da
empresa e com o mercado; fornecedores, entidades
governamentais, públicas, privadas e classes sociais.
O processo decisório no setor privado torna-se a cada
dia mais complexo, pois as decisões precisam ser tomadas
rapidamente, mas sem expor a organização a riscos financeiros
e perdas de mercado, de qualidade ou de imagem frente a seus
clientes. Para Motta (1999 apud MORITZ; PEREIRA, 2006, p.
127), os tomadores de decisão decidem pelas interações
diversas, quase sempre envoltas em grandes incertezas, em
ambientes turbulentos, sob grande pressão e sem tempo para
levantar informações, pois a maioria das decisões demanda
soluções quase imediatas.
Conforme Oliveira (1992, p. 42) o
[...] executivo em suas tarefas diárias, tem de
ajustar os dados, pois, em geral, os dados nunca
143
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
são insuficientes ou abundantes de forma absoluta;
o que ocorre é a escassez de alguns dados
relevantes e o excesso de outros dispensáveis.
A administração e a tecnologia têm sido, de fato, fatores
determinantes para o atendimento das necessidades sociais. As
empresas por sua vez necessitam promover inovações
tecnológicas e administrativas para melhorar a qualidade de
seus produtos e serviços e manterem-se competitivas em seus
segmentos de mercado. Destaca-se então a importância do
processo decisório nas empresas para implementar os
processos administrativos e a inovação tecnológica. Drucker
(1999 apud MORITZ; PEREIRA, 2006, p.125) ressaltam a
importância do poder como necessário para uma organização,
pois ela precisa dele para tomar decisões a respeito de pessoas,
para estabelecer as regras e a disciplina necessária à produção
de resultados ou para decidir que produto irá desenvolver, entre
outros desafios empresariais.
Segundo Oliveira (1992, p. 45) “Decisão pode ser
conceituado como escolha entre vários caminhos alternativos
que levam a determinado resultado”. Para Stoner e Freeman
(1985, p. 185), o modelo racional de tomada de decisão “é um
processo de quatro etapas que ajudam os administradores a
pesar alternativas e escolher a que tiver melhor chance de
sucesso”. Ainda que o administrador verifique e analise as
quatro etapas do processo.
De acordo com Stoner e Freman (1985, p. 186)
nenhuma abordagem do processo decisório pode garantir que o
administrador tome sempre a decisão certa, mas os
administradores que usam uma abordagem racional, inteligente
e sistemática têm mais probabilidade de chegar a soluções de
144
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
alta qualidade. O processo genérico de tomada de decisão
racional envolve o diagnóstico, a definição e a determinação das
origens do problema, a coleta e a análise dos fatos relevantes ao
problema, o desenvolvimento e a avaliação de alternativa e
soluções mais satisfatórias e a conversão dessa alternativa em
ação. Tomada de decisão é um processo que visa a
identificação de um problema específico com o objetivo de criar
uma linha de ação para resolvê-lo.
Para o gestor da pequena e média empresa, tomar a
decisão de exportar é um grande desafio o que de acordo com
Lalkaka (1998, p. 18) as pequenas empresas são mais
vulneráveis a flutuações de câmbio e ao protecionismo nos
mercados de exportação.
O que é o Registro de Exportadores e Importadores
(REI)? Segundo SEBRAE (MANUAL 2006, p. 29), o REI é um
cadastro de empresa que desejam realizar operações de
comércio exterior.
A pequena e a média empresas podem contribuir e
muito na balança comercial brasileira o que conforme Oliveira
(1990, p. 50) é necessário a suspensão da moratória e o
restabelecimento do diálogo com os círculos financeiros
mundiais, inclusive o FMI. Para o Brasil, efetivamente, meios
para manter o ótimo índice de crescimento das exportações
registrado em 1987 basta seguir a receita básica dos
competidores internacionais: taxa de câmbio atualizada,
financiamentos adequados e isenção de impostos. (OLIVEIRA,
1990).
Conforme Maximiano (2000 apud MORITZ; PEREIRA,
2006, p. 90), a outra forma de classificar as decisões refere-se
145
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
ao grau de participação de pessoas. Certas decisões são
individuais, outras são por grupos ou por meio de consultas a
grupos.
É importante lembrar que o processo de tomada de
decisão passou por duas fases características de evolução.
Inicialmente dominava uma visão tradicional, onde as decisões
estavam centralizadas num único tomador de decisão, que não
era exercida como uma ação global.
Numa segunda fase, a decisão começou a ser realizada
em etapas, envolvendo diversos aspectos de cunho qualitativo.
Atualmente, torna-se cada vez mais uma ação descentralizada e
coletiva, destacando-se, no contexto mundial, a importância de
decisões tomadas em grupo.
9. Fases da tomada de decisão
Conforme Newman (1973, p. 108) A tomada de decisão
implica em quatro fases básicas. Cada fase possui sua própria
necessidade que deve ser satisfeita se aquela parte do processo
de planejamento é bem feita. Ainda Newman (1973, p. 108) para
que um administrador possa fazer uma decisão sábia e racional,
ele deve:
•
Diagnosticar propriamente o problema.
•
Conceber uma ou mais soluções boas.
•
Projetar
alternativas.
e
comparar
as
consequências
de
tais
146
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
•
Pesar esses diferentes conjuntos de consequências e
selecionar um curso de ação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil o controle de estoque pelo pequeno e médio
empresário é pouco utilizado. Isso faz com que a pequena e
média empresa se torne menos competitiva, uma vez que a
armazenagem exige investimento por parte da organização. O
que em muitos casos é um fator que a impede de se inserir no
mercado e se tornar mais competitiva.
Sendo assim, o gestor terá que buscar dados e
informações que possam auxiliar na tomada de decisão e na
criação nas empresas de um processo que busque novas
abordagens de produção e consequentemente a um novo
caminho que o leve ao seu desenvolvimento e sustentabilidade
no mercado interno.
Para isso, o pequeno e o médio empresário podem
contar com o auxílio e orientação do SEBRAE, em várias etapas
do processo de criação, implantação e desenvolvimento de
projeto de empreendedorismo comercial, cultural, ambiental.
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150
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
A INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO NA EXPORTAÇÃO DO
CAFÉ ORGÂNICO*
Lúcia Alves Muniz**
RESUMO
Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar
como o uso do agrotóxico pode influenciar na exportação do
café orgânico, em detrimento do desenvolvimento sustentável do
agronegócio. O café orgânico é analisado sob dois ângulos de
aplicação: primeiro, busca oferecer alimentos com isenção de
agrotóxicos à qualidade e à preservação do meio ambiente e à
saúde humana. O segundo mostra que a informação sobre o
café orgânico à população pode acelerar o seu consumo. Nesse
contexto, analisou-se o tema alimentos orgânicos, dando
especial atenção ao café orgânico. A pesquisa bibliográfica foi
realizada por meio de um estudo sobre conceitos de agricultura
orgânica,
café
orgânico,
exportação,
desenvolvimento
sustentável e de agronegócio, que possibilitou a discussão
teórica deste trabalho considerando que as características do
café orgânico são as mesmas do café convencional. As
contradições da ideia do café orgânico quando adotado pela
agricultura familiar, desde a década de 70. E que atualmente
para dar sustentabilidade econômica está com grande incentivo
de diversas transformações econômicas sociais, e de
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Administração em Comércio Exterior feito pela União
Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G.
Reis, dezembro 2010.
**
Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.
151
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conscientização do homem do campo. Esta ideia quebrou
paradigmas na área degradada que, após três anos de manejo,
já está pronta para começar a plantação de café sem agrotóxico.
A preocupação com os impactos causados ao meio ambiente se
contradiz com o modelo de produção agrícola moderno, que
utiliza alto grau de mecanização como insumos químicos no
processo produtivo dos alimentos orgânicos, que vai da
produção à comercialização. Um dos pontos cruciais é informar
os consumidores sobre os alimentos orgânicos que estão
substituindo o café convencional.
Palavras-chave:
Sustentabilidade.
Café
Orgânico,
Meio
Ambiente
e
INTRODUÇÃO
O café foi introduzido no Brasil no começo do século
XVIII e foi cultivado para fins de consumo local. A partir de
então, o café assume importância comercial no fim desse
século, quando ocorre a alta de preços causada pela
desorganização do grande produtor que era a colônia francesa
do Haiti. No primeiro decênio da independência o café já
contribuía com 18 por cento do valor das exportações do Brasil,
colocando-se em terceiro lugar depois do açúcar e do algodão.
Nos “dois decênios seguintes já passa para primeiro lugar,
representando mais de quarenta por cento do valor das
exportações”. (FURTADO, p. 121).
Fische (1993, p.19) afirma que
as aplicações cada vez mais de agrotóxicos e de
outros produtos químicos na agricultura resultam na
contaminação do solo, da água e do meio ambiente
de forma generalizada além de apresentar um dos
152
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
problemas atuais para a saúde dos trabalhadores,
principalmente daqueles que lidam diretamente com
tais substâncias, quer seja na formulação industrial,
transporte, e /ou na aplicação nas lavouras, entre
outras atividades.
A exposição a agrotóxicos pode ocasionar à saúde
problemas agudos (respiratório, gastrintestinais, musculares,
dermatológicos, e outros) e crônicos, sendo que nestes casos a
reversibilidade do quadro clínico, em geral, é bastante difícil uma
vez que os sintomas costumam aparecer somente após anos de
exposição. (SOARES et al., 2003).
Para Spadotto et al. (2004), depende da sua
ecotoxicidade a organismos terrestres e aquáticos e das
concentrações atingidas nos diferentes compartimentos
ambientais (solo, água, planta e atmosfera), que por sua vez
dependem do modo e das condições de aplicação, da
quantidade ou dose usada e do comportamento e destino do
agrotóxico no meio ambiente.
Por outro lado, se o agrotóxico tem uma alta afinidade
pela matéria orgânica ou pela matéria sólida e baixa afinidade
com a solução aquosa do solo, então o composto pode ser
transportado por carregamento superficial ou absorvido nas
partículas do solo, para os corpos de água superficiais e dessa
forma contaminá-los. (PARAIBA et al., 2005).
Outro aspecto negativo com relação aos equipamentos é
a maneira como ele vem sendo introduzido no setor agrícola, do
mesmo modo que os pesticidas foram, ou seja, sem
esclarecimentos aos agricultores das formas corretas ou seguras
de utilizá-los, incluindo como determinar sua necessidade e
ocasião de emprego (GARCIA, 2001, p. 73).
153
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Agricultura orgânica é um conjunto de processos de
produção agrícola que parte do pressuposto básico de que a
fertilidade é função direta da matéria orgânica contida no solo. A
ação de microorganismos presentes nos compostos
biodegradáveis existentes ou colocados no solo possibilita o
suprimento de elementos minerais e químicos necessários ao
desenvolvimento dos vegetais cultivados. Complementarmente,
a existência de uma abundante fauna microbiana diminui os
desequilíbrios resultantes da intervenção humana na natureza.
Alimentação adequada e ambiente saudável resultam em
plantas mais vigorosas e mais resistentes a pragas e doenças.
(ORMOND et al., 2002, p. 5).
Conforme Caixeta (2000) a
[...] procura por alimentos saudáveis, isentos de
resíduos e demais contaminantes químicos capazes
de colocar em risco a saúde humana e a
conservação do meio ambiente é uma realidade em
todo o mundo. Por isso, a agricultura orgânica
tornou-se um mercado em expansão, com grandes
perspectivas para o produtor. O café orgânico é um
produto diferenciado, de maior valor agregado, cujo
mercado tem crescido e se fortalecido ao longo dos
anos.
Para Theodoro et al. (2002), o café orgânico é produzido
no Brasil desde a década de 70 e é comercializado para Japão,
Estados Unidos e Europa.
De acordo com SEBRAE & Pensa (2001) o
[...] setor de beneficiamento, torrefação e moagem,
responsável pelo processamento dos grãos para
consumo, notadamente relacionado ao mercado
154
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
interno, identifica vantagens significativas na
comercialização dos cafés especiais, com
destaques ao diferencial maior de preço praticado
sobre a agregação de valor ao produto. No entanto,
a restrição de mercado decorrente da dificuldade do
consumidor identificar os atributos superiores do
café diferenciado, aliado a escassez de encontrar
matéria-prima adequada disponível no mercado
nacional, são agentes desestimuladores para
investir no segmento.
Segundo Caixeta (2000) “o café orgânico é um produto
diferenciado, de maior valor agregado, cujo mercado tem
crescido e se fortalecido ao longo dos anos”.
Conforme Theodoro (2003) uma “das mais importantes é
que os produtores de café orgânico restringem o uso de
fertilizantes químicos e proíbe o uso de agrotóxicos, já os
produtores de café tradicional utilizam intensamente os produtos
citados”.
De acordo com Batalha (1997) o agronegócio opera
[...] em sistema de cadeias produtivas complexas,
que envolvem processos que estão em constante
modernização e otimização. Esta cadeia tem
passado por mudanças visando à competitividade e
à expansão no mercado nacional e internacional.
Entre os indutores dessa modernização estão as
pesquisas
realizadas
por
universidades
e
instituições públicas, iniciativas do setor privado e
ações articuladas com o governo.
Pedini (2000 apud XLIV CONGRESSO DO SOBER,
2006) o
155
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
[...] consumo dos cafés especiais como orgânicos tem
aumentado na medida em que a sociedade vem
questionando a sustentabilidade do modelo agrícola
atual. Utilizando-se de grandes quantidades de
insumos, a agricultura comum é responsável por uma
série de intoxicações a seres humanos (diretas ou
indiretas), aos animais e ao meio ambiente.
Segundo Pedini (2000),
[...] mesmo com o aumento no consumo interno dos
produtos orgânicos, a comercialização de café
orgânico é direcionada principalmente para a
exportação, uma vez que a população brasileira ainda
precisa ser mais conscientizada sobre o produto, pois
é mais caro e há pouca divulgação e promoção do
segmento.
Como o uso do agrotóxico pode influenciar na
exportação do café orgânico em detrimento do desenvolvimento
sustentável do agronegócio? Segundo Carmo (2004) as
[...] pessoas estão procurando ter uma vida mais
saudável, buscando alternativas para uma boa
alimentação e saúde. A qualidade de vida repercute
em todos os setores da sociedade, com a busca
constante de informações sobre atividades físicas,
prevenindo doenças e buscando uma alimentação
saudável. Alimentar-se corretamente fornece ao
organismo os nutrientes necessários para uma
manutenção da saúde.
Ehlers (1999) enfatiza que além
[...] de proteger a qualidade da água, a fertilidade do
solo e a vida silvestre. O sistema de cultivo orgânico
observa as leis da natureza, respeita as diferentes
156
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
épocas de safra e todo o manejo agrícola está
baseado na preservação dos recursos naturais.
Conforme Vieira (2008) a
[...] diversidade e qualidade dos alimentos estão
atreladas à questão da melhoria da qualidade de vida
e está sendo colocada em pauta na mesa de cada
consumidor. Cada vez mais estudos comprovam que
a alimentação saudável é pré-requisito fundamental
para vida longa. Na visão atual do consumidor, o
conceito de qualidade do alimento engloba não só as
características do sabor, aroma, aparência e
padronização de alimento, mas também a
preocupação em adquirir alimentos que não causem
dano à saúde.
Os agricultores estão tendo uma visão sobre o manejo
do solo, em conservar os recursos naturais, para receber os
alimentos orgânicos sem agrotóxico, e preocupando-se cada vez
mais com o impacto ambiental destes elementos entre si e nos
seres humanos. No qual evitam problemas de saúde causada
pela ingestão de substâncias química tóxicas.
De acordo com Darolt (2002) e Paschal (1994) um
dos pioneiros do movimento orgânico no Brasil, o
Prof. Adilson Paschal, na apresentação do seu livro
“Produção Orgânica de Alimentos: agricultura
sustentável para os séculos XX e XXI” comenta que,
apesar dos esforços de muitos idealistas, a
agricultura orgânica ainda se consolida no Brasil.
Conforme Darolt (2002) é
que apesar da maioria da produção brasileira ser
destinada ao mercado externo, está vendo um
157
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
aumento rápido da demanda interna,impulsionando
pelo crescente número de consumidores que tem
procurado alimentos mais saudáveis,de melhor sabor
e que preservem o meio ambiente.
A Lei nº 10.831/2003 Brasil (2003)
[...] estabelece que o processo possa ser efetivado
através de certificações por auditoria (inspeções de
um técnico capacitado que verifica se a unidade de
produção pode ou não ser considerada orgânica), ou
através da certificação participativa, em que essa
avaliação é feita pelos atores da cadeia. Na
certificação do café, não só as lavouras são
inspecionadas, mas também todo o processo de
beneficiamento (torrefadoras, embaladoras, etc.).
Segundo Moreira (2005) "surgiram cafés com
certificados orgânicos, que respeitam direta e indiretamente os
indivíduos e o meio ambiente, cafés com certificados sociais do
faire tarde”. Conforme Pedini (2000) mesmo
[...] com o aumento no consumo interno dos produtos
orgânicos, a comercialização de café orgânico é
direcionada principalmente para a exportação, uma
vez que a população brasileira ainda precisa ser mais
conscientizada sobre o produto, que é mais caro e há
pouca divulgação do segmento.
De acordo com a Gazeta Mercantil (2005), a “[...]
comercialização se unem em Cooperativas e Associações para
formar grandes ofertas e deixando toda parte de comercialização
nessas organizações que já tem contatos com os compradores”.
De acordo com Pegurier (2005) o
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
[...] consumo e o mercado de cafés especiais, como
os orgânicos, gourmets e socialmente justos, cresce
no mundo todo oferecendo preços atraentes para o
produtor, ao contrário do mercado de café commodity,
desse modo, esta pode ser uma oportunidade de
mercado para o café orgânico.
1. A inferência da exportação na produção do café orgânico
no desenvolvimento sustentável do agronegócio
O cafeeiro é uma planta originária do continente
Africano, das regiões altas da Etiópia (Cafa e Enária) podendo
ser a região de Cafa, que é responsável pela origem do nome
café. Essa é uma planta de sub-bosque, de nome café, a qual
produz o fruto, a semente, a bebida e alguns estabelecimentos
que a comercializam. (GRANER; GODOY JUNIOR, 1967).
Não se tem nenhum documento ou indício histórico
sobre o conhecimento do café antes do século XV, nem sequer
se conhece o local de origem do cafeeiro. A bebida existia ainda
de forma oculta usada pelo povo nativo no interior daquele país
(DRENPKPOL, 1927 ROMERO; ROMERO, 1997).
De acordo com Oliveira (2006) afirma que em 2004
[...] o Brasil produziu cerca de 200.000 sacas de café
de 60kg de café orgânico, sendo grande parte
destinada à exportação. No mesmo ano a produção
mundial de orgânico esteve em torno de um milhão
de sacas, o que representa apenas 1% do total de
café produzido.
O consumidor brasileiro está se conscientizando e
dando importância aos alimentos orgânicos, o que está
valorizando o café orgânico no mercado brasileiro. Apesar de
159
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
representar apenas 7% do mercado total de alimentos
principalmente em supermercados, o café orgânico é
responsável por um crescimento anual de 20% em vendas em
70% em giro de produtos. (MAZZO, 2004).
O mercado de alimentos orgânicos é um mercado em
expansão em todos os elos de sua cadeia de valor,
representada pelo: processamento, armazenamento, distribuição
e comercialização (BRASIL, 2003).
Conforme Raghuramulu e Naidu (1994), a
qualidade do café representa o fator chave para
obtenção de altos preços no mercado livre, e o
sistema de produção de café orgânico é propício para
atender às preferências deste tipo de mercado e dos
consumidores conscientes de questões ligadas à
saúde em todo o mundo.
Segundo Theodoro e Guimarães (2003), observam que
a
agricultura orgânica requer maior utilização de adubo
um dos insumos da cafeicultura, e isto faz com que
utilize uma quantidade maior de mão de obra, e
também utilizam em ate 95% dos casos insumos
nacionais, o que permite que o capital de giro e os
investimentos fiquem no próprio país.
Para Lombard, Morri e Sato (2004) à medida que os
produtores passaram a ter interesse no mercado exportador
surgiu também a necessidade de certificação dos produtos por
instituições de reconhecimento internacional. Análise da
competitividade dos custos do café orgânico sombreado irrigado.
160
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Fonte: Nicoleli, M.; Moller, H. D.
Segundo Porter (1989) há “também a preocupação do
produto sair orgânico da propriedade rural e contaminar-se no
processo de beneficiamento ou comercialização, o que requer
forte controle das transações verticais”.
A partir do momento em que os produtores aprimoram a
qualidade do seu café orgânico eles sentiram a necessidade de
um selo para exportar o seu produto e garantir a qualidade no
mercado Internacional. “À medida que os produtores passaram a
ter interesse no mercado exportador, surgiu também a
necessidade de certificação dos produtos por instituições de
reconhecimento internacional”. (LOMBARDI; MORRI; SATO,
2004).
2. A influência do uso do agrotóxico na produção de café na
degradação ambiental
Com o uso do agrotóxico no solo, na produção de grãos
pode afetar a saúde humana e a degradação ambiental.
Segundo a Embrapa Agro biologia (2005)
161
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
cafezal equilibrado nutricionalmente apresenta defesa
própria contra o ataque de pragas e doenças,
reforçando a ideia de que o princípio básico é a
prevenção. Outro ponto importante é a alimentação
do solo e o fortalecimento da fertilidade do sistema
com matéria orgânica, com o solo sempre coberto,
para reduzir a necessidade de controles. Após a
colheita os grãos são levados para campo e expostos
ao sol para a secagem do grão, e o terreiro de
secagem deve ser revestido para conseguir maior
facilidade na operação de limpeza.
A prática da roçada e a cobertura morta sob o pé de café
contribuem para a melhoria da fertilidade do solo e da retenção
de água. (LIMA et.al.2002). De acordo com a EMBRAPA (2002)
“na agricultura orgânica e banido o uso de fertilizante químico
industrializado tem alta concentração e solubilidade, tais como
ureia, salitres, superfostatos, cloreto de potássio e outros”.
Conforme Pesticidas (2002) para “cada novo
medicamento ou agrotóxico desenvolvido pelo homem, bactérias
e pragas respondem com um rápido processo de evolução
seletiva que os tornam mais resistentes”.
Conforme Omoto (2002), a “resistência é o
desenvolvimento de habilidade, em uma linhagem de um
organismo em tolerar doses de agrotóxicos, que seriam letais
para a maioria da população normal susceptível da mesma
espécie”.
De alguma forma o uso do agrotóxico tanto em
quantidade pequena prejudica totalmente a produção de
orgânicos. Mesmo que suas quantidades sejam mínimas em
comparação às dos minerais do solo seu impacto no meio
ambiente pode ser considerável. (ZAKRZEWSKI, 1991).
162
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Segundo Pegurier (2005) observa que a importância do
cultivo do café orgânico se dá pela preservação do solo e do
lençol freático atingidos pela adubação química é agrotóxicos.
Conforme Guedes (2002) “são poucos os relatos de
inimigos naturais resistentes a inseticidas, e nenhum deles
proveniente do Brasil”.
Conforme Kiehl (1999) “a parte da decomposição dessa
massa vegetal repleta de microorganismos vivos, vermes,
insetos e outros pequenos animais, há formação de húmus e
liberação de sais minerais contendo os indispensáveis nutrientes
das plantas”.
De acordo com Guedes (2002), há duas hipóteses
relacionadas a explicar a evolução da resistência a inseticida em
inimigos naturais. Ele apresenta duas hipóteses:
Hipótese da alimentação complementar: enfatiza
que a baixa ocorrência de resistência a inseticidas
inimigos naturais de insetos pragas se deve ao fato
de que populações residuais desses organismos
que sobreviveram a aplicações de inseticidas se
deparam com pequena disponibilidade de presas e
passam fome, não se reproduzem, ou migram para
fora da área tratada onde se acasalam com
indivíduos
susceptíveis.
[...]
Hipótese
de
susceptibilidade diferencial e refere-se ao fato de
que as pragas estariam potencialmente melhor préadaptadas a sobreviver à aplicação de inseticidas
convencionais, ao contrário de seu inimigo natural,
devido à inerente capacidade das primeiras em lidar
com estresse bioquímico associado as suas fontes
naturais de alimentos, desenvolvidos durante a
evolução da relação planta-hospedeira x insetospraga.
163
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Para Deuber (1992) na realidade,
o que se pretende é viabilizar a manutenção de uma
forma de convivência da cultura com as plantas
daninhas pela utilização do sistema de manejo
integrado, consistindo da combinação de diferentes
práticas, com aproveitamento melhor dos recursos
disponíveis, visando à maior eficácia, redução de
custos maior segurança para o homem e mínima
contaminação ambiental.
Segundo o SENAI (2004) vale destacar que se
considera requisito importante, para que deseja ingressar no
mercado internacional, a comprovação da isenção de
contaminação do produto por períodos químicos, como resíduos
de defensivo agrícolas.
Essa comprovação leva o mercado orgânico no Brasil a
crescer favoravelmente. Segundo os dados da Agrianual (2000),
“no Brasil calcula-se que a área ocupada com o cultivo orgânico
esteja em torno de 100 mil hectares registrando-se altas taxas
anuais de conversões”.
3. O agronegócio pode influenciar no resultado final da
produção de café orgânico?
O café surgiu no mundo nos monastérios islâmicos do
Iêmen, no Oriente Médio. A cultura do café chegou no continente
europeu a partir de 1615 trazido por viajantes em suas
frequentes viagens ao Oriente. Até o século XVII, somente os
árabes produziam o café. Em partida os alemães, franceses e
italianos procuravam desesperadamente uma maneira de
desenvolver plantio de café em suas colônias. No Brasil a
primeira muda de café entrou pelo estado Belém-PA, pelas
164
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
mãos do Sargento Mor Francisco de Mello Palheta. (NAVES,
s.i).
O diferencial do café convencional do café orgânico é
que este último passa pelo processo de revitalização da lavoura
pelo menos por três anos para que o solo esteja preparado sem
o uso de defensivos químicos. O café orgânico é o único tipo de
café certificado que tem alguma relevância no mercado
doméstico. (PEREIRA et al., 2006).
Segundo Darolt (2005) um
cafezal equilibrado nutricionalmente apresenta
defesa própria contra o ataque de pragas e
doenças, reforçando a ideia de que o princípio
básico é a prevenção. Outro ponto importante é a
alimentação do solo e o fortalecimento da fertilidade
do sistema com matéria orgânica, com o solo
sempre coberto, para reduzir a necessidade de
controles.
Com o processo de canalização de água na agricultura
cafeeira, Mendonça (2000) “relata que ela exige nível
tecnológico e planejamento consistente, para que a atividade
seja rentável, interferindo-se que os cafeicultores estudados
necessitam aprimorar a aplicação das técnicas de irrigação,
repercutindo em uma maior racionalidade no uso da energia e
da água”.
Após a colheita os grãos são levados para campo e
expostos ao sol para a secagem do grão. Segundo a Embrapa
Agro biologia (2005) o terreiro de secagem deve ser revestido
para conseguir maior facilidade na operação de limpeza.
165
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Segundo SENAI (2004), no processo de secagem, e
armazenagem do café há preocupação de controlar o índice de
umidade adequada. Entretanto, é preciso que se introduza o
protocolo de análise de risco pós-colheita, principalmente quanto
à ameaça de fungos que produzem metabolitos tóxicos ou micotoxinas, considerados perigos químicos críticos de produção.
De acordo com Suplicy (2007) o
processo de separação do café é feito através de
uma máquina chamada de separador eletrônico,
que elimina tudo o que não é visualmente
homogêneo. Afirmo que não existe fazenda que
produza um café tão ruim quanto o que o brasileiro
bebe; acontece que o importador quer uma matériaprima homogênea, bonita e sem defeitos, e ,quando
o café passa no separador eletrônico,o que sobra
tem que ter algum destino.
No processo de lavagem ou separação hidráulica do
café a parte que não flutua proporciona o melhor café. A parte
que submerge é composta de frutos maduros e de meia
maturação
com
maior
valor
agregado.
EMBRAPA
AGROBIOLOGIA (2005). De acordo com Pegurier (2005) o
“cultivo sem uso de agrotóxicos preserva o solo, a
biodiversidade da lavoura e polpa a saúde dos trabalhadores”.
Conforme Ormond (1999), o “preço pago pelo café
orgânico chega a ser duas vezes o praticado no mercado
tradicional em virtude do crescimento da demanda e da pouca
oferta, o café orgânico está bastante valorizado”.
De acordo com Darolt (2000) aproximadamente 70% da
produção encontram-se nos estados do Paraná, São Paulo, Rio
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. Conforma a Lei nº
10.831/2003 no Brasil estabelece que
[...] o processo pode ser efetivado através de
certificações por auditoria (inspeções de técnico
capacitado) ou por meio de certificação participativa
(avaliação realizada pelos integrantes da cadeia
produtiva específica). Com esse objetivo, lavouras e
processo
de
beneficiamento
(torrefadoras,
embaladoras etc.) são avaliados.
Os consumidores estão procurando alimentos saudáveis
sem agrotóxicos, no qual se preocupam com a saúde e a
segurança alimentar; o crescimento do consumo de produtos
com valor agregado e o desejo de participar das tendências do
consumo. (GIOVANUCCI et al, 2007).
A crescente demanda, particularmente em países
desenvolvidos, por produtos saudáveis e corretos sob o aspecto
social, possibilita a incorporação de novos atributos de
qualidade. (SAES et al, 2001).
Os cafés especiais têm o diferencial, pois possuem
todas as informações desde a pé até a chegada às prateleiras.
Segundo o site terra verde (2006 p. 1) as
árvores das atuais variedades brasileiras de café de
boa qualidade, como a mundo novo e acaiá, têm
porte médio de 4 metros de altura. As árvores do
tipo catuaí atingem 2 metros de altura. As do tipo
bourbon - muito usado para os cafés especiais e
presente em 5% das lavouras do país - chegam a 3
metros de altura. As variedades citadas estão
presentes em mais de 80% das lavouras brasileiras
plantadas com grãos arábicas, de um total estimado
de 4,5 bilhões de pés.
167
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Conforme Darolt (2003) “a busca da qualidade alimentar
está se tornando uma das principais preocupações dos
consumidores conscientes”. Os cafeicultores valorizam a prática
da poda do café. Segundo (Toledo et al., 2001)
isto é importante para lavoura cafeeira tanto na fase
produtiva, ocorrendo eliminação de ramos ladrões e
determinação de crescimento das plantas, quanto
na fase de depauperação, que possibilita o
revigoramento de cafeeiros improdutivos e
renovação de cafezais.
Conforme Suplicy (2007),
o Brasil segue como o mundo todo, uma
classificação universal do produto, que utiliza uma
amostra de 300g de café cru representativa do lote
que será vendido. São feitas duas análises: uma é
inquestionável, e a contagem visual dos defeitos.
Para quem não conhece conta os defeitos contidos
naqueles 300g de café, sendo que, para ilustrar: o
tipo 2, ou melhor, tem até 5 defeitos por 300g e o
pior, o tipo 8 tem ate 360 defeitos por 300g. Os
brasileiros bebem café que lá fora é chamado de
“desligado grade”, ou seja, fora da escala, pois tem
de 600 a 800 defeitos por 300g.
4. O agronegócio do café orgânico
sustentabilidade do meio ambiente.
auxiliando
a
O conceito de agro ecologia e agricultura sustentável
lançadas em 1972 na Conferência de Estocolmo na Suécia
consolidou-se na conferência da Eco 92 realizada no Rio de
Janeiro, quando foram reafirmadas as bases para um
desenvolvimento sustentável no planeta. Nos dias de hoje, o
termo é entendido como um conjunto de princípios e técnicas
168
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
que visam reduzir a dependência de energia externa e o impacto
ambiental da atividade agrícola e industrial, produzindo
alimentos mais saudáveis e valorizando o homem do campo,
sua família, seu trabalho e sua cultura.
Conforme relata Carmo (2004), a agro ecologia originouse como a disciplina que procurava as bases científicas para a
agricultura alternativa e firmou-se em 1980 com a preocupação
de integrar as técnicas com o homem, procurando estabelecer
estreita ligação social para a produção agropecuária.
Conforme relatório Brasil do Ministério do Meio Ambiente
(2000), a ideia de uma ‘agricultura sustentável’ revela, antes de
tudo, a crescente insatisfação com o status quo da agricultura
moderna. Indica o desejo social de sistemas produtivos que,
simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam
produtos mais saudáveis, sem comprometer os níveis
tecnológicos já alcançados de segurança alimentar.
Segundo Canuto (2004), a noção de agricultura
sustentável busca abarcar todos os sistemas nos quais haja uma
clara inversão no sentido ecológico da agricultura convencional,
com construção de sistemas de mínima entropia.
Por outro lado, há várias maneiras de se obter uma
produção limpa, em direção a uma agricultura sustentável, que
segundo Carmo (2004), “o importante é manter os princípios
básicos que norteiam uma produção ecologicamente equilibrada,
entre eles a abolição de insumos químicos solúveis e a presença
da biodiversidade dos agros ecossistemas”.
De acordo com Sanchs (1993), “há cinco dimensões de
sustentabilidade que devem ser observadas para planejar o
169
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
desenvolvimento sustentável: social, econômica, ecológica,
espacial e cultural”.
Pesquisa do Hartman Group (citado por KEVIN, 2004)
conduzido para identificar os fatores motivadores do consumo de
orgânicos, verificou que entre as primeiras citações estão as
questões relacionadas à saúde e nutrição, paladar e segurança.
As outras razões mais citadas foram: alimento sem pesticidas e
resíduos químicos e também questões relacionadas ao meio
ambiente. Há uma percepção geral que questões relacionadas
ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável são fatoreschave para os consumidores orgânicos.
Segundo Savitz (2007),
defende que a sustentabilidade traz benefícios
financeiros para a empresa, afirmando que a forma
como uma empresa administra as questões sociais,
ambientais e econômicas está relacionado à própria
qualidade
gerencial
necessária
à
sua
competitividade no mercado.
Conforme Theodoro (2003) a
principal diferença entre o café produzido de forma
tradicional e o café produzido organicamente, está
no fato de que os produtores de café orgânico
restringem o uso de fertilizantes químicos e não
utilizam agrotóxicos, enquanto os produtores de
café da forma tradicional utilizam intensamente
estes insumos de produção.
De acordo com o Ministério da Agricultura e do
Abastecimento, em dezembro de 2000 foi aprovado o projeto de
Lei nº 659/99, que dispõe sobre procedimentos relativos à
170
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
produção, processamento, certificação, comercialização e
diversos outros aspectos, necessários à regulamentação e ao
desenvolvimento da agricultura orgânica no Brasil.
Segundo Pegurier (2005), “o cultivo sem o uso de
agrotóxicos preserva o solo, a biodiversidade da lavoura e poupa
a saúde dos trabalhadores”. Conforme a Embrapa (2002) o
“processo de certificação do café não só as lavouras são
inspecionadas, assim como também todo restante do processo
do beneficiamento de café (torrefadoras, etc.)”.
Para Thedoro et al. (2001, p. 14), dificilmente uma
propriedade de grande porte será convertida totalmente em
cultura orgânica no curto período de tempo, devido
principalmente por questões econômicas. A recomendação é
feita, principalmente, em intervalos de 1,5 a 3 anos até que o
solo possa ser recuperado dos maus tratos produzidos pelas
técnicas convencionais.
Ainda Thedoro et al., (2001), afirma que a “utilização da
arborização da cafeicultura pode ser um componente importante
no equilíbrio ecológico e está sendo apontada como a saída
para manutenção da sustentabilidade da lavoura”.
De acordo com Souza (1989), a
matéria orgânica atua como a reserva de nutrientes
e melhora das condições físicas, químicas e
biológicas do solo. Os adubos minerais (químicos)
podem suprir o solo em termos de nutrientes;
entretanto como melhores condições do solo não há
adubo químico que substitua a adubação orgânica.
171
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
De acordo com o relatório do Ministério do Meio
Ambiente (2000), a
ideia de uma ‘agricultura sustentável’ revela, antes
de tudo, a crescente insatisfação com o status quo
da agricultura moderna. Indica o desejo social de
sistemas
produtivos
que,
simultaneamente,
conservem os recursos naturais e forneçam
produtos mais saudáveis, sem comprometer os
níveis tecnológicos já alcançados de segurança
alimentar.
Darolt (2000, p. 2) afirma que
[...] as várias correntes citadas (biodinâmica,
biológica,
natural,
permacultura
ecológica,
agroecológica, regenerativa e em alguns casos, a
agricultura sustentável) são consideradas como
uma forma de agricultura orgânica, desde que
estejam de acordo com as normas técnicas para
produção e comercialização, apesar das pequenas
particularidades existentes. Em síntese, podemos
destacar que o ponto comum entre as diferentes
correntes que formam a base da agricultura
orgânica é a busca de um sistema de produção
sustentável no tempo e no espaço, mediante o
manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a
utilização de produtos químicos agressivos à saúde
humana e ao meio ambiente, mantendo o
incremento da fertilidade e a vida dos solos, a
diversidade biológica e respeitando a integridade
cultural dos agricultores.
A expansão da área cultivada de orgânicos cresce
mundialmente, pelos dados da IFOAM (figura 3), pode se
comparar o desempenho nos anos 2000 com o ano de 2006
nota-se que a área plantada duplicou em todo continente.
172
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Fonte: IFOAM, 2 Fonte: DAROLT, (2000).
173
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
O quadro acima mostra as correntes biodinâmica,
biológica, natural e a orgânica da agricultura alternativa e
apresenta a definição e os princípios básicos das suas
particularidades nos anos 70, conforme Darolt (2000).
Esta afirmação de Darolt (2000) coloca em segundo
plano a discussão dos modelos de produção e suas
peculiaridades, abrindo espaço para a discussão sobre o
potencial que esses modelos apresentam na geração de
alimentos confiáveis.
Embora haja um crescimento da área cultivada, a
agricultura orgânica, quando comparada com a agricultura
convencional representa apenas 1% de toda a agricultura
mundial, fator que revela o espaço que existe para o
desenvolvimento deste tipo de agricultura. (DAROLT, 2002, p.
45).
No Brasil, pode-se dizer que os produtos orgânicos
estão em fase de introdução no mercado, pelo fato de que
apenas 15% do que é produzido organicamente ser destinado
para este mercado, o restante vai para o mercado externo. Com
isso, a oferta tem sido bem pequena o que vem gerando além da
falta do produto desconhecimento dos consumidores sobre os
benefícios destes produtos. (DAROLT, 2002).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A agricultura orgânica também contribui para segurança
alimentar na medida em que passa a disponibilizar alimentos
mais saudáveis à população. O café orgânico tem crescido em
todo mundo e o Brasil tem sido destacado como um dos grandes
produtores em área plantada. O resultado mostrou que as
174
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
maiorias dos consumidores estão mais conscientes que o
alimento orgânico vai da produção à comercialização.
Um dos aspectos mais importantes no composto do
produto orgânico é o selo de certificação, cuja função é atestar a
origem e a qualidade do produto. Essa é uma maneira de
respeitar o consumidor e obter dele a credibilidade para o
consumo. No Brasil os produtos orgânicos são credenciados por
órgãos internacionais como International Federation of Organic
Agriculture Moviments (IFOAM) criada em 1972.
Por outro lado, para a Associação de Agricultura
Orgânica (AAO), Associação de Agricultores Biológicos (ABIO) e
Ecocert Brasil, para que os produtores orgânicos possam se
posicionar no mercado e adquirirem novos consumidores deve
promover um conjunto de ações internas e externas para
conhecer melhor o comportamento dos consumidores. O
esperado é que os orgânicos tenham um grau de qualidade na
comercialização e posicionamento no mercado próximo ao dos
seus compradores (consumidores).
A pesquisa demonstra o perfil dos consumidores
orgânicos, identificando o público feminino como o principal
consumidor de
alimentos
orgânicos,
adquiridos
nos
supermercados e feiras. Isso porque na maioria das vezes é da
mulher a responsabilidade de fazer as compras da casa. Foi
também mostrado que as pessoas na faixa etária de 20 a 45
anos são mais interessadas em saber sobre das propriedades
dos produtos orgânicos, na medida em que estes consumidores
procuram os selos de certificação nos alimentos orgânicos.
175
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
LOGÍSTICA REVERSA DA EMBALAGEM PET: um processo
mecânico de reciclagem*
Thaise Pereira Braga**
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo mostrar como a Logística
Reversa pode contribuir para revalorização da reciclagem das
embalagens PET. A Logística Reversa é analisada sob dois
ângulos de aplicação. O enfoque qualitativo busca mostrar a
importância da Logística Reversa para o processo de
revalorização das garrafas PET (Polietileno Terefalato), que
busca amenizar o impacto ambiental provocado pelo descarte
inadequado. Por outro lado, foi analisada a importância da
reciclagem das garrafas PET. Bem como a cadeia reversa do
retorno de materiais ao ciclo produtivo, o que se transforma em
uma nova matéria-prima secundária, que traz não só benefícios
econômicos, sociais sustentáveis não só para as empresas que
a recicla como também para os catadores, e consequentemente
para o meio ambiente. A pesquisa bibliográfica foi realizada por
meio do estudo exploratório sobre os conceitos de Logística
Reversa, reciclagem, impacto ambiental e marketing verde, cuja
função foi possibilitar a discussão teórica deste trabalho. A partir
da análise da literatura conclui-se que as características da
Logística Reversa são as mesmas da logística empresarial e que
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Administração em Comércio Exterior feito pela União
Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G.
Reis, dezembro 2010.
**
Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.
179
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
a Logística Reversa não supre totalmente o impacto do meio
ambiente, pois é preciso o apoio e ação tanto do governo, como
da população e das empresas.
Palavras-Chave: Logística
Ambiente, Marketing Verde.
Reversa,
Reciclagem,
Meio
INTRODUÇÃO
A embalagem é o produto da ação de uma cadeia
produtiva que começa na matéria-prima com os fabricantes de
vidro, papel, resinas plásticas, folha de flandres, alumínio,
madeira, tecidos industriais, entre outros. Representa para a
indústria embaladora um componente importante no custo de
produção e na composição do custo final dos produtos, assim
como é um fator crítico na proteção e na logística de distribuição
de seus produtos. (MESTRINER, 2002).
O PET (Polietileno tereftalato) chegou ao Brasil em 1988
sendo utilizado primeiramente na indústria têxtil. Apenas a partir
de 1993 passou a ter forte expressão no mercado de
embalagens, notadamente para os refrigerantes. Atualmente o
Pet está presente em vários produtos como frascos de
refrigerantes, produtos farmacêuticos e de limpeza, mantas de
impermeabilização, fibras têxteis, entre outras. Em termos
econômicos,
oferece
ao
consumidor
um
produto
substancialmente mais barato, seguro e moderno. As
embalagens PET são 100% recicláveis e o processo pode ser
mecânico, energético ou químico. Dentre os três, o mais
utilizado é o mecânico por se tratar de um processo mais barato
(ABIPET).
180
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Segundo dados da ABIPET (2006), as embalagens Pets
passam por três etapas de reciclagem:
•
Recuperação: Nesta fase, as embalagens que seriam
atiradas no lixo comum ganham o status de matéria-prima. As
embalagens recuperadas serão separadas por cor e prensadas.
A separação por cor é necessária para que os produtos que
resultarão do processo tenham uniformidade de cor, facilitando,
assim, sua aplicação no mercado. A prensagem, por outro lado,
é importante para viabilizar o transporte das embalagens.
•
Revalorização: As garrafas são moídas, ganhando valor
no mercado. O produto que resulta desta fase é o floco da
garrafa. Pode ser produzido de maneiras diferentes e, os flocos
mais refinados, podem ser utilizados diretamente como matériaprima para a fabricação dos diversos produtos que o PET
reciclado dá origem na etapa de transformação. No entanto, há
possibilidade de valorizar ainda mais o produto, produzindo os
grãos de PET reciclado. Desta forma o produto fica muito mais
condensado otimizando o transporte e o desempenho na
transformação.
•
Transformação: Fase em que os flocos, ou o granulado,
será transformado num novo produto, fechando o ciclo. Os
transformadores utilizam PET reciclado para fabricação de
diversos produtos, inclusive novas garrafas para produtos não
alimentícios.
O PET tem sido considerado um vilão ambiental por
demorar séculos para se degradar e ocupar grande parte do
volume dos aterros sanitários, interferindo de forma negativa nos
processos de compostagem e de estabilização biológica
(FORLIN; FARIA, 2002; SANTOS et al., 2004).
181
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Depois que as embalagens Pets passam por todos estes
processos surge um novo produto matéria-prima secundária que
é vendida no mercado e tem como objetivo amenizar a
degradação
ambiental,
contribuindo
assim
para
a
sustentabilidade econômica por meio da geração de renda e
emprego.
Conforme Brito e Dekker (2003) como canais reversos
ou fluxos reversos têm sido usados desde os anos 1970. Estes
termos, em princípio, têm sido mais usados em operações
ligadas a reciclagem de materiais e gerenciamento ambiental,
sendo menos associados aos objetivos de redução de custo e
aumento de valor econômico.
De acordo com a primeira definição conhecida de
Logística Reversa foi publicada pelo então denominado
Conselho de Gerenciamento Logístico (Council of Logistics
Management, CLM), precursor do atual Conselho de
Profissionais de Gerenciamento de Cadeias de Suprimentos
(Council of Supply Chain Management Professionals, CSCMP),
no início dos anos 1990 (STOCK, 1992 apud BRITO; DEKKER,
2003, p. 2).
[...] Logística Reversa é o termo geralmente usado
para referir o papel da logística na reciclagem,
disposição de resíduos e gerenciamento de
materiais perigosos; uma perspectiva mais ampla se
relaciona com atividades logísticas de redução de
fontes de abastecimento, reciclagem, substituição,
reuso de materiais e disposição. (LOGITICS
MANAGEMENT COUNCIL).
A Logística Reversa era vista somente pelas empresas
como uma forma de conservação do meio ambiente; a partir de
182
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
1992, verificou-se que fluxo reverso também estava relacionado
a toda cadeia produtiva.
Lacerda (2003, p. 477) afirma que “muitos produtos se
tornam obsoletos, danificados, ou não funcionam e devem
retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente
descartados, reparados ou reaproveitados”. Nota-se que se
esses produtos fossem descartados sem qualquer cuidado,
poderiam poluir o meio ambiente e causar muitos transtornos.
Para Lacerda (2004) os
[...] processos de Logística Reversa têm trazido
consideráveis retornos para as empresa. O
reaproveitamento de materiais e a economia com
embalagens retornáveis têm trazido ganhos que
estimulam cada vez mais novas iniciativas e
esforços em desenvolvimento e melhoria nos
processos de Logística Reversa.
De acordo com Leite (2003)
[...] afirma que o objetivo econômico de implantação
da Logística Reversa de pós-consumo se deve às
economias relacionadas com o aproveitamento das
matérias-primas secundárias ou provenientes de
reciclagem, bem como da revalorização dos bens
pela reutilização e reprocesso.
Atualmente as empresas estão preocupadas com o ciclo
de vida do seu produto pós-consumo, e para amenizar o
problema que seus produtos provocam no meio ambiente,
transforma o seu em material em produto reciclável.
Segundo Leite e Pawlowsky (2005), a preocupação
ambiental é cada vez maior em todos os setores da sociedade, o
183
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
respeito que uma empresa tem pelo meio ambiente está
diretamente relacionado à sua aceitação pública.
Os autores Gaither e Frazier (2002) "[...] apresentam
exemplos de empresas que mudaram estratégias de manufatura
e logística e obtiveram benefícios econômicos e ambientais”.
Segundo o autor Leite (2003) a Logística Reversa traz
alguns benefícios;
•
Consolidação da imagem corporativa;
•
Responsabilidade social: geração de novas atividades
econômicas, empregos e renda; incentivo à pesquisa de
desenvolvimento de tecnologias de materiais, de reuso e
reciclagem;
•
Responsabilidade ambiental: diminuição do volume de
deposição final de produtos que possam ser revalorizados;
redução do consumo de matérias-primas virgens;
•
Retornos financeiros apreciáveis;
•
Melhoria da competitividade devido ao nível de serviço
diferenciado.
1. Conceito da Logística Reversa
Para Leite (2003, p. 16), Logística Reversa é
[...] a área da logística empresarial que planeja,
opera e controla o fluxo e as informações logísticas
correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda
e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo
184
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
produtivo, por meio dos canais de distribuição
reversos, agregando-lhes valor de diversas
naturezas: econômico, legal, logístico, de imagem
corporativa, entre outros.
Conforme Pardo et al., (2008) a Logística Reversa é
o estudo dos canais de distribuição reverso,se
destacam como uma nova área de estudo da
logística empresarial que planeja, opera e controla o
fluxo e as informações logísticas correspondentes,
do retorno dos bens de pós-venda e de pósconsumo ao ciclo de negócios ou ciclo produtivo,
por meio de canais de distribuição reversos,
agregando-lhes valor de diversas naturezas:
econômico, ecológico, legal, logístico de imagem
corporativa, entre outros.
Rogers e Tibben e Lembke (2001) descreveram a
Logística Reversa como
[...] o processo de planejamento, implementação e
controle de fluxos de matérias-primas, inventário em
processo, bens acabados e informações, desde o
ponto de consumo até o ponto de origem, com o
objetivo de recuperar valor ou fazer uma apropriada
disposição ambiental.
Talvez por ser uma visão inicial, esta definição ainda
estava mais ligada à gestão ambiental. Pohlen e Farris (1992)
introduzem a direcional idade de fluxo e define Logística
Reversa como o movimento de bens que partem do consumidor
e seguem em direção ao produtor, em um canal de distribuição
que opera na direção oposta à original.
Leite e Brito (2003) apontam a Logística Reversa como
“[...] a oportunidade de gerar valor a clientes, seja pela coleta e
185
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
processamento de resíduos potencialmente perigosos, seja
dando nova destinação a bens já utilizados, mas que ainda
possuem algum tipo de valor”.
Uma das primeiras conceituações da Logística Reversa
foi dada por Kroon e Vrijens (1995) é definido como “a operação
que faz referência aos talentos da gestão da logística e as
atividades requeridas para reduzir, gerir e dispor os desperdícios
perigosos e não perigosos que provêm do material de
embalagem e os produtos”.
2. Conceito de reciclagem
A reciclagem é o canal reverso de revalorização em que
os materiais constituintes dos produtos descartáveis são
extraídos industrialmente e transformado-se em matérias-primas
secundárias ou recicladas, que serão reincorporadas à
fabricação de novos produtos. (LEITE, 2003, p.71).
De acordo com Lacerda (2007) o
[...] escopo e a escala das atividades de reciclagem
e o reaproveitamento de produtos e embalagens,
tem aumentado consideravelmente nos últimos
anos por causa das questões ambientais,
principalmente pela clara tendência de que a
legislação ambiental caminha no sentido de tornar
as empresas mais responsáveis pela concorrência e
na diferenciação por serviços, os varejistas
acreditam que os clientes valorizam as empresas
que possuem políticas mais liberais de retorno de
produtos e redução de custos, onde são notórias as
economias com a utilização de embalagens
retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais
para a produção, que tem trazido ganhos que
estimulam cada vez mais novas iniciativas.
186
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
3. O Conceito de impacto ambiental
A Legislação Ambiental, ao responsabilizar a empresa
pelo controle do ciclo de vida do produto, responsabiliza
legalmente a empresa pelos impactos ambientais causados por
seus produtos. (TRIGUEIRO, 2003).
A avaliação de impacto ambiental tem por fim identificar,
prever, interpretar e transmitir informações, acerca das
consequências de qualquer ação antrópica (embora se possa
adaptar a processos naturais) sobre a saúde e o bem-estar do
homem,
numa
perspectiva
espaço-temporal
definida.
(OLIVEIRA, 2005).
4. O conceito de marketing verde
Marketing Verde ou Ambiental consiste em todas as
atividades desenvolvidas para gerar e facilitar quaisquer trocas
com a intenção de satisfazer os desejos e necessidades dos
consumidores, desde que a satisfação de tais desejos e
necessidades ocorra com o mínimo de impacto negativo sobre o
meio ambiente. (POLONSKY, 1994).
Marketing ambiental pode ser conceituado como uma
modalidade que visa enfocar as necessidades de consumidores
ecologicamente conscientes e contribuir para a criação de uma
sociedade sustentável. (VALÉRIO, 2005).
Destaca que o marketing ambiental contribui para o
desenvolvimento de “produtos e serviços direcionados a um
segmento específico, que valoriza e consome produtos
ecologicamente corretos”. (LAVORATO, 2006).
187
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
5. O estímulo da Logística Reversa no processo de
revalorização das garrafas PET
Devido ao grande crescimento populacional, o Brasil
possui uma grande demanda de resíduos sólidos que são
descartados de forma inadequada, normalmente a população
lança estes produtos nos rios e lagos ou em sacos plásticos.
Outro grande problema é que estes resíduos são
lançados em aterros sanitários prejudicando o solo e
consequentemente vão trazer doenças para a população. E
quando são incinerados pelas empresas e feito de maneira
incorreta, para solucionar este problema e revalorizar as
embalagens e reciclar estes produtos tornando-se um novo
material secundário que tanto beneficiaria ao meio ambiente e a
sustentabilidade econômica.
Para Weschsler e Morillas (2006) “as oportunidades de
novos negócios podem surgir da reciclagem, como por exemplo,
o desenvolvimento de novos produtos utilizando material
reciclado o que pode em alguns casos reduzir custos e resultar
em preços mais atrativos”.
Leite afirma que (2003, p.71) a
reciclagem é o canal reverso de revalorização em
que os materiais constituintes dos produtos
descartáveis são extraídos indústria, transformandoos em matérias-primas secundárias ou reciclados,
que serão reincorporados à fabricação de novos
produtos. Estes produtos se transformam em outro
bem como tecidos, tintas, bandejas, malas,
mochilas entre outros e consequentemente ameniza
o impacto ambiental destes produtos no meio
ambiente.
188
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
A compra de materiais reciclados ou produtos que se
fabricam com estes pode ter vantagens financeiras e ambientais.
(KOPOCKI, 1993). A preservação da natureza tem na
reciclagem uma forma de conter o desperdício de materiais e
fontes de energia contida nos resíduos dispostos no meio
ambiente, sendo uma mercadoria que tanto e fator de
degradação ambiental no lugar que está acumulada, como é
fator de economia com a reciclagem. (RODRIGUES, 1998
p.139).
Segundo Leite (2003, p.42) o
produto pós-consumo é classificado em função de
sua vida útil, podendo ser: durável, de vida média
variando de alguns anos algumas décadas,
apresentando a possibilidade de reutilização;
semidurável, com vida útil variando de poucas anos,
ainda com possibilidade de reutilização; e
descartável, com vida útil de horas ou semanas e
sem a possibilidade de reutilização.
Conforme Spinacé, Paoli (2005) no caso das
embalagens Pet, as motivações econômicas aumentam o ciclo
de vida útil dos aterros, gerando empregos, reinserção social
dos catadores, economia de energia, matéria-prima, redução
dos custos de coleta, transporte e disposição final do lixo, além
da reutilização adequada dos resíduos e proteção do meio
ambiente.
A transparência, resistência a impactos, maior leveza em
relação às embalagens tradicionais, brilho intenso e
impermeabilidade ao gás carbônico são vantagens, que levaram
a substituição dessa resina ao vidro em embalagens para
refrigerantes (LEITE, 2003).
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Existem três processos de reaproveitamento da resina
PET: reciclagem química; reciclagem energética, e a reciclagem
mecânica. O polietileno reciclado é um dos materiais mais
usados em toda a indústria de transformação, chega a ser, em
média, 30% mais barato que o material virgem, e em muitos dos
casos, com qualidade similar e satisfatória. (ABIPLAST, 2005).
Segundo Cortez, Milfionte e Belo (2001), nos
últimos percebem-se uma tendência mundial em
reaproveitar cada vez mais os produtos descartados
pela sociedade para fabricação de novos objetos,
através do processo de reciclagem, que deve
basear em dois objetivos bem definidos: diminuição
do volume de resíduos depositados nos lixões e
aterros e obtenção de um novo valor para os
resíduos sólidos, através da economia de matériaprima e energia.
Conforme os dados da Plastivida (2006)
Mesmo sem incentivos governamentais ou leis
ambientais mais específicas, o Brasil possui índice
de reciclagem mecânica de 16,5%, mas possui uma
estrutura para coleta seletiva com ociosidade de
cerca de 26,4%. Para se ter dimensão destes
índices, caso o país ocupe nos próximos anos essa
ociosidade, provavelmente irá superar países como
Alemanha, Áustria, hoje com 31,1% e 19,1%,
respectivamente. A região Sudeste se destaca no
cenário nacional em relação à reciclagem de
plásticos pós-consumo, apresentando um índice de
58%, seguida pela região Sul com 24,9% e pela
Nordeste com 14,5%%.
Segundo a Revista Tecnologística (2002a), no
190
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Brasil o potencial para a atuação da Logística
Reversa em indústrias de material reciclável é
espantoso: por exemplo, entre os anos de 1994 e
2000 a produção de garrafas do tipo PET foi
incrementada em mais de 300%; no mesmo período
a reciclagem anual passou de 290 mil para 1,5
milhões, este último representando apenas 26% do
total colocado no mercado.
Conforme Rodrigues (1999, p. 139) a
preservação da natureza tem na reciclagem uma
forma de conter os desperdícios de materiais e
fontes de energia contidas nos resíduos dispostos
no meio ambiente sendo uma mercadoria que tanto
é fator de degradação ambiental no lugar em que
está acumulada, como é fator de economia a
reciclagem.
“As tecnologias estão produzindo muitos produtos
inovadores, controlando a energia renovável, materiais
orgânicos ou de base biológica, ingredientes menos tóxicos,
componentes mais recicláveis ou feitos apenas com menos
materiais.” (MAKOMWER, 2009).
Para Rodrigues (1998), o que mais chama a atenção,
para os que realizam a separação dos materiais recicláveis para
a reciclagem, é o próprio resíduo sólido, pois o “lixo” foi
introduzido no cotidiano. Os indivíduos passam a viver e se
relacionar diariamente com os resíduos, tomando uma nova
postura.
Há uma grande movimentação urbana acelerada nas
cidades e consequentemente teve um grande aumento do lixo
nas grandes metrópoles. “Calcula-se que o País perca quatro
191
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
bilhões de dólares anuais com materiais que deixam de ser
reaproveitados.” (COZETTI, 2001).
No qual demonstra que a população não tem a
preocupação em separar o lixo, pois coloca em sacos plásticos
os resíduos domésticos que depois são transportados pelo
serviço de coleta seletiva. O morador fica satisfeito por ter se
desvencilhado dos resíduos gerados no domicilio e a
responsabilidade ante os resíduos acaba na porta de sua casa.
(BERRÍOS, 2002, p.9).
O sistema da coleta seletiva no Brasil é feito de porta a
porta, tem sido um processo mais utilizado tanto na coleta do
lixo domiciliar como na coleta seletiva. Os garis correm em
média oito horas por dia atrás dos caminhões, carregando sacos
de lixo, que podem chegar a pesar até 20kg. Da quantidade de
resíduos coletados em nosso país, apenas 1,7% recebe algum
tipo de tratamento antes de ser conduzido para a destinação
final. (RIBEIRO; LIMA, 2000, p.60).
Para Leite (2003) cerca de 76% dos municípios
brasileiros utilizam lixões, enquanto que 24% ora utilizam aterros
sanitários adequados, ora utilizam aterros semiadequados, ou
seja, locais não totalmente preparados para escoamento de lixo.
Conforme Mandelli (1997) a
frequência com que é comentado que a população é
incapaz de participar, pela falta de educação, ou até
mesmo pela falta de vontade de participar, revela
que a administração pública age como se esses
problemas fossem de responsabilidade da
população e, se ocorrem falhas no sistema, a
população é o principal alvo de críticas.
192
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No Brasil diferentemente, existem alguns programas de
coleta seletivas domiciliares experimentais em algumas cidades,
porém processando em quantidades baixas, que não interferem,
até o momento, na quantidade total do lixo urbano descartado.
(LEITE, 2003 p.46).
Ainda afirma Leite (2003), que os produtos pósconsumo, de uma maneira geral, devem ser coletados nos
mesmos locais em que foram entregues pela distribuição direta,
nos domicílios urbanos, no comércio em geral, nos escritórios e
nas indústrias de certas regiões.
Segundo Cortez (2002), a coleta seletiva é o modelo
mais empregado nos programas de reciclagem, consiste na
separação de materiais que podem ser recuperados, na própria
fonte geradora, mediante um acondicionamento distinto do
componente.
Para que essa reintegração se realize, são necessárias
as etapas de coleta, seleção, preparação, reciclagem industrial e
a reintegração ao ciclo produtivo. CLM (1993, p. 3 apud LEITE,
2003 p. 7).
Para Silva (2005, p.34) “devem participar do projeto da
coleta seletiva: o governo, a população e os empresários, pois é
interesse de todos”. De acordo com Ribeiro e Lima (2000, p. 51)
os projetos de coleta seletiva justificam-se sobre o aspecto atual
de nossa economia, que é o desemprego, podendo ser utilizada
na geração de postos de trabalho, absorvendo os catadores de
materiais recicláveis dentro de uma atividade mais rentável e
com condições de salubridade controlada.
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Segundo Spinacé et al. 2005), no caso das embalagens
PET, as motivações econômicas são: aumento de vida útil dos
aterros, geração de empregos, reinserção social dos catadores,
economia de energia e matéria prima, redução dos custos de
coleta, transporte e disposição final do lixo, reutilização
adequada dos resíduos e proteção do meio ambiente.
O catador de materiais recicláveis faz parte do cenário
das cidades brasileiras há mais de 50 anos, mas foi só na
década de 90 que este trabalhador saiu das sombras das
‘cidades de papelão’ para ocupar seu lugar na história, se
colocando, hoje, como agente ambiental nato, e mola propulsora
da indústria da reciclagem (CALDERONI, 1998).
6. Revitalização das garrafas pet na micro e média empresa
A Logística Reversa adotada por algumas empresas
trouxe benefícios como revitalização do processo através da
reciclagem e também fortalecimento de sua imagem no
mercado. Para Stock (1998), um bom programa de Logística
Reversa pode ser um diferenciador entre empresas por fornecer
meios de se alcançar vantagem competitivas no mercado.
Segundo Lacerda (2003, p. 476), “os processos de
gerenciamento dos fluxos reversos tem trazido consideráveis
retornos para as empresas”.
De acordo com o CEMPRE (2005),
registra no Brasil, negócios de reciclagem
promovidos por associações empresariais ou
empresas isoladas que vêm nessa alternativa uma
maneira de reduzir custos de matéria-prima ou de
seus processos, preservar os recursos naturais,
194
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
promover a inclusão social e, conforme o material
reciclado, evitar ou reduzir emissões gasosas e
fluentes líquidos.
Leite (2003) enfatiza que “as estratégias de gestão do
meio ambiente passaram a ser parte integrante da reflexão
empresarial, pelo menos nas empresas líderes e ditas
excelentes em seus setores”.
No entanto, além das oportunidades econômicas de
retornar produtos ao ciclo de negócios, a questão de
preservação ambiental dirige esforços das empresas para
defesa de sua imagem corporativa e seus negócios. (LEITE,
2003 p.21).
Lambert et al., (1998, p. 28) “apontam a logística
desempenhando importante papel no Planejamento Estratégico,
e como arma de Marketing nas organizações”.
Leite (2003, p. 88) afirma que
as empresas da cadeia direta organizam,elas
próprias ou em parceria,as diversas etapas de suas
cadeias reversas e nelas atuam fortemente,
incentivando a coleta de produtos ,ativando
programas de reciclagem e melhorando as
condições técnicas de reciclagem dos produtos,
entre outras atitudes.
Conforme Almeida (2002, p. 57),
as empresas mais pressionadas pela opinião
pública buscam tomar “banho verde” recorriam às
pressas a ajuda de especialistas em marketing, na
tentativa de mudar a imagem comprometida por
décadas, às vezes séculos,de descaso ambiental.
195
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Faltavam as empresas formular o seu papel no
mundo da sustentabilidade.
A empresa Coca-Cola lançou projetos junto com
comunidades e com cooperativas de catadores de materiais
recicláveis, e fez parcerias com outras empresas para solucionar
os problemas em que seus produtos pós-consumo possam fazer
com meio ambiente. Um dos projetos é Reciclou Ganhou, no
qual tem como objetivo de dar todo o suporte técnico para os
catadores reciclarem as embalagens pet, e com isto
proporcionando a sustentabilidade econômica. Com o passar
dos anos, aprendemos que a forma mais eficiente de fomentar a
reciclagem de materiais é ajudar as cooperativas de catadores,
especialmente em seu início. (INSTITUTO).
Já a Nike utilizou outra estratégia como incentivar o
consumidor a devolver os sapatos sem condições de uso para a
loja em que foi comprado, depois de coletados e enviados para a
empresa Nike, são rasgados e transformados em basquete e
pista de corrida.
Leite (2003) afirma que a empresa McDonalds assinou
um contrato formal com uma organização de defesa do meio
ambiente para a solução dos problemas relativos à embalagem
dos seus produtos.
Conforme Tachizawa (2006, p. 21) “o consumidor do
futuro, inclusive do Brasil, passará a privilegiar não apenas o
preço e qualidade dos produtos, mas principalmente o
comportamento social e ambiental das empresas fabricantes
destes produtos”.
196
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Lacerda (2003) argumenta que alguns dos motivos para
que a Logística Reversa atue nas empresas, são:
•
as questões ambientais, com uma nova legislação
ambiental que responsabiliza a empresa por todo ciclo de vida
de seus produtos, principalmente no que diz respeito ao destino
dos produtos após a entrega aos clientes e ao impacto que estes
produzem no meio ambiente; além disso, com o aumento da
consciência ecológica dos consumidores que procuram produtos
de empresas que estejam preocupadas em reduzir os impactos
negativos de sua atividade ao meio ambiente, com uma visão
ecologicamente correta;
•
a concorrência cada vez mais acirrada, fazendo com que
as empresas busquem formas de diferenciação por serviço. Uma
boa política de Logística Reversa mostra aos clientes o quão
mais liberal a empresa pode ser quando se trata de questões de
retorno de produtos, já que existem possibilidades de obtenção
de produtos danificados e as leis de defesa dos consumidores
garantem o direito de devolução ou troca de produtos com
problemas; e
•
a redução de custos pela adoção da Logística Reversa,
podendo trazer consideráveis retornos para as empresas.
Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com
o reaproveitamento de materiais para produção têm trazido
ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. Além
disto, os esforços em desenvolvimento e melhorias nos
processos de Logística Reversa podem produzir também
retornos consideráveis, que justificam os investimentos
realizados.
Segundo Borger (2006 p. 32), as
197
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
empresas investiram e têm investido em
procedimentos e processos para a gestão
socioambiental, especialmente em práticas de
planejamento, controle e em sistemas de gestão
ambiental. Atualmente existem inúmeros modelos,
instrumentos e ferramentas de gestão ambiental e
social; há uma concordância de que não existe um
modelo ou padrão único que sirva a todas as
empresas porque seu comportamento social difere
de organização para organização.
De acordo com Kotlhe (2004) muitas empresas
desenvolvem projetos ambientais que envolvem pensar desde o
início do projeto e criar produtos fáceis de recuperar, reutilizar e
reciclar.
Voltolini (2009) “também reforça que as empresas mais
inteligentes já compreenderam que não devem desconsiderar a
sustentabilidade em suas estratégias de gestão e
relacionamento com os consumidores”.
6.1 O nível impacto ambiental
revalorização da garrafa Pet
causado
pela
não
Com a tecnologia cada vez mais avançada há um
grande
surgimento
acelerado
de
novos
produtos,
consequentemente os ciclos de vida destes produtos estão cada
vez mais curtos. Por isso algumas empresas preocupadas com
sua imagem e o fim dos seus produtos pós-consumo possam
prejudicar o meio ambiente, utilizam estratégias para amenizar a
degradação ambiental.
Para Leite (2003), a revalorização ecológica dos
produtos de pós-consumo é entendida como uma maneira de a
198
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
empresa recapturar valor, por meio da Logística Reversa,
reduzindo o impacto de seus produtos no meio ambiente.
Segundo Leite (2003) com
os constantes avanços tecnológicos,melhoria de
níveis de produção, barateamento de insumos,
lançamentos de milhares de novos produtos,
obsolescência precoce e o alto custo do reparo ao
preço de um bem novo, tem aumentado a
quantidade de bens descartáveis, isso faz com que
o volume de produtos sem finalidade a sociedade
aumenta significativamente e, por consequência,
acarrete em um aumento na preocupação como os
danos que possam causar ao meio ambiente.
A poluição ambiental pode ser definida como toda ação
ou omissão do homem que através da descarga de material ou
energia atuando sobre as águas, solo e o ar causem
desequilíbrio nocivo, ou seja, de curto ou longo prazo no meio
ambiente. (VALLE, 1995, p. 6).
Para Faria et al (2007) a questão ambiental não é mais
um assunto somente dos ambientalistas e se converteu em um
sistema de gestão ambiental, uma estratégia de negócio.
Segundo Farias et al (2007) a preocupação ambiental
por parte da empresa pode significar boas oportunidades
competitivas,levando a organização a adotar políticas
estruturadas visando a diminuir o impacto ambiental,
contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
Segundo Silva et al. (2002), a preocupação dos
consumidores com a degradação do meio ambiente trouxe um
novo segmento de consumidores: os consumidores verdes ou
199
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
ecológicos, que manifestam na hora de sua compra a
preocupação com o meio ambiente e buscam produtos que
causam menor impacto sobre o meio ambiente.
Segundo Leite (2003, p.124) o destino do produto em
seu fim de vida, que na maior parte dos casos causa impactos
ambientais e sofre pressões e criticas dos ambientalistas ao
consumo sem responsabilidade empresarial, induzem cada vez
mais as empresas a incluírem em sua Contabilidade os custos
ecológicos.
Segundo Braga et al (2006), de forma contraria ocorre
com os meios aquáticos e atmosférico ,o Brasil ainda não possui
uma Política Nacional que trate a questão dos resíduos sólidos
de maneira integrada.
Leite (2003) afirma que a legislação é apresentada como
um fator de restrição a maiores níveis de reciclagem, em função
da falta de uma política tributaria condizente com o setor.
Conforme Reichert (2006) a série de normas ISO 14000
foi desenvolvida pela comissão técnica 207 da ISO (TC 207),
para atender a uma necessidade mundial de uma gestão
ambiental mais confiável e padronizada, introduzindo o meio
ambiente com um item de grande importância nas estratégias
empresariais.
De acordo com Leite (2003) afirma que as
legislações regulamentam a produção de selos
verdes para identificar produtos amigáveis ao meio
ambiente, os produtos pós-consumo que podem ou
não ser depositados em aterros sanitários, a
200
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
restrição ao uso de produtos com conteúdos de
matérias-primas secundárias, entre outros aspectos.
Segundo Leite (2003), como reação aos impactos dos
produtos sobre o meio ambiente, a sociedade vem criando leis e
novos conceitos sobre como progredir sem comprometer as
gerações futuras, minimizando os impactos ambientais.
Segundo Lacerda (2003, p. 476) um aspecto diz respeito
ao aumento da consciência ecológica dos consumidores, que
esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de
sua atividade ao meio ambiente. Isso tem gerado ações por
parte de algumas empresas que visam comunicar ao público a
sua imagem institucional ecologicamente correta.
De acordo com Miles e Munilla (1995 p. 29 apud LEITE,
2003, p. 140) alguns
(...) indicadores caracterizam empresas com
orientação ecológica: embalagens em recipientes
recicláveis; embalagens fabricadas com materiais
recicláveis; a empresa ter um ativo programa de
reciclagem e está comprometida a adquirir artigos
que tenham certo conteúdo de materiais recicláveis.
Variáveis ambientais nas reflexões estratégicas da
empresa; o abandono da obsolescência planejada;
a procura de modificações ambientais por meio de
inovações.
De acordo com Medeiros (1995 apud BAENAS;
CASTRO, 2007, p.6), a
avaliação do impacto ambiental deve ser concebida
antes de tudo como instrumento preventivo de
política pública e só se toma eficiência quando pode
se constituir num elemento de auxílio de decisão,
201
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
uma ferramenta de planejamento e concepção de
projetos para que se efetive um desenvolvimento
sustentável como forma de sobrepor ao viés
econômico do processo de desenvolvimento,
aparecendo como sinônimo de crescimento
econômico, que ignora os aspectos ambientais,
culturais, políticos e sociais.
7. Marketing “Verde” estratégia ecológica sustentável
Segundo Ferrel (2001, p. 66), marketing verde se refere,
especificamente, ao desenvolvimento, apreçamento, promoção e
distribuição de produtos que não agridem o ambiente natural.
“A logística verde permite que o papel essencial da
produção seja o de transformar os recursos limitados do meio
ambiente em algo útil para o estilo de vida e a cultura das
pessoas”. (MOURA, 2000).
Nesta nova era de marketing, os produtos passam a ser
avaliados não apenas com base em desempenho ou preço, mas
na responsabilidade social dos fabricantes (OTTMAN, 1994, p.
8).
Está cada vez mais comum encontrarmos consumidores
que escolhem produtos que prejudicam menos o meio ambiente,
pois eles preferem aqueles que estão classificados na chamada
linha verde. Diante dessa consciência ecológica, surge
marketing verde que é uma forma encontrada pelas empresas
para convencer os consumidores “verdes”, ou seja, que estão
preocupados em consumir, a maior quantidade possível de
produtos que não causem danos ao meio ambiente.
202
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
“O marketing verde é, em essência, um ajuste das
estratégias mercadológicas de empresas às exigências de um
novo tempo no qual consumidores desejam, mais do que
produtos, compromissos firmes”. (VOLTOLINI, 2006, p. 368).
Para Kotler (2002, p. 94), no marketing verde os
consumidores desejam encontrar a qualidade ambiental nos
produtos e serviços que adquirem. Percebe-se assim, que
nenhum esforço por parte das empresas tem sentido, se os
consumidores insistirem em continuar consumindo determinados
bens que agridam a natureza.
De acordo com Kotler (2000), o marketing verde ou
ecológico consiste, portanto, na prática de todas aquelas
atividades inerentes ao marketing, porém, incorporando a
conscientização ecológica que está centrada na preocupação
ambiental que contribui para o mercado consumidor.
Segundo Tachizawa (2002, p. 26), “o novo contexto
econômico caracteriza-se por uma rígida postura dos clientes,
voltada para a expectativa de interagir com organizações, que
sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que
atuem de forma ecologicamente responsável”.
Segundo Teixeira (2006), o
objetivo principal da comunicação verde é mostrar
ao consumidor que um artigo ecologicamente
correto é também mais saudável para o consumo, a
partir do momento em que reduzindo o dano
ambiental, a qualidade de vida das pessoas,
indiretamente, sofre melhorias. Ou seja, o Marketing
Verde, divulga o que tem feito em prol do meio
ambiente e, desse modo, procura sensibilizar o
consumidor para que ele também participe deste
203
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
processo, já que a responsabilidade de preservar os
recursos escassos é de todos.
Conforme Pereira (2004, p. 6 apud SMITH, 2009) afirma
“que o consumidor ecologicamente consciente seria aquele que
tem consciência do impacto dos seus hábitos de consumo no
meio ambiente e que se empenharia em comprar produtos que
não agredissem o meio ambiente.
De acordo com Chamorro (2001), “os consumidores
verdes ou ecológicos são aqueles que manifestam sua
preocupação pelo meio ambiente em seu comportamento na
hora da compra, buscando produtos que são percebidos como
de menor impacto sobre o meio ambiente”.
De acordo com Dinato (1998), os consumidores ainda
têm dificuldade de perceber os benefícios que podem ser
gerados por uma gestão mais eficiente dos recursos existentes e
que esse comportamento pode tornar-se uma fonte poderosa de
incentivos para processos de inovação e de desenvolvimento.
Para Kotler (1999), o marketing verde é “um movimento
das empresas para criarem e colocarem no mercado produtos
ambientalmente responsáveis em relação ao meio ambiente”.
Conforme Starke (1991, p. 98), a mudança de
comportamento dos consumidores tem atraído a atenção de um
número crescente de empresas, que estão descobrindo as
vantagens estratégicas de marketing ecológico.
Conforme Heap; Kent (2000)
consumo sustentável representa o consumo de
bens e serviços com respeito aos recursos
204
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
ambientais, de forma que garanta o atendimento
das necessidades das presentes gerações sem
comprometer o atendimento das gerações futuras.
Cooper (2000) explica o significado de consumo
sustentável, que traduz como os “padrões de consumo através
da compra e uso dos bens e serviços que atendam às
necessidades básicas das pessoas em conjunto com a
minimização da degradação ambiental”. Para atender estas
premissas o consumo sustentável.
Em relação aos consumidores verdes e o consumo
sustentável tem aspectos diferentes no qual alguns autores
explicar de forma clara e concisa sobre estes conceitos.
Abordagens do consumo “verde” e do consumo sustentável
“CONSUMO VERDE”
“CONSUMO SUSTENTÁVEL”
Consumir produtos diferentes
Consumir menos
Essencialmente positivo em relação ao
consumidor.
Consumo além das necessidades básicas é
negativo
Mudança no padrão tecnológico
Mudança no estilo de vida e no padrão do
consumo
Foco no lado da oferta: produção
Foco na demanda “usuário final”
Consumidores
respondem
informações adequadas
as
Mudança gradual
Crescimento ”verde” no
crescimento econômico.
Consumidores
aquisição
querem
alternativas
de
Mudança radical: urgente e essencial
local
do
Alta qualidade
Ambiental
de
vida sem
degradação
Fonte: a partir de Cooper (2002).
205
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Para que se obtenha uma estratégia de marketing
sustentável é necessário a participação das empresas e também
regulamentações governamentais. De acordo com Sheth e
Parvatiya (1995 p.10 apud LEITE, 2003 p.140) propõem um
modelo para uma estratégica de marketing sustentado dividido
em dois aspectos: a estratégia corporativa, analisando os
aspectos internos a organização, e a ação governamental, na
forma de intervenção do governo. Conforme o autor esta
estratégica de marketing corporativo ou empresarial se resume
em quatro “R” reconsumo, redirecionamento das necessidades
dos consumidores, reorientação do mix de produtos e
reorganização.
Estratégias para o marketing sustentado
Reforma
Reconsumo
Estratégias
corporativas
Redirecionamento
Intervenção
governamental
Reorientação
Reorganização
Promoção
Marketing
sustentado
Participação
Regulamenta
Fonte: Polonsky e Mintu-Wimsatt (1995:10)
•
Reconsumo. Implica considerar a possibilidade de
reutilização do produto, em parte ou totalmente, por vários ciclos
de vida ou gerações, fazendo com que a fabricação, o uso e o
206
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
modo de desembaraço e sua reutilização sejam mais
compatíveis com as ideias de desenvolvimento sustentável.
•
Redirecionamento das necessidades dos consumidores.
Envolve pesquisar novos hábitos de consumo e comportamento,
para satisfazer essas novas necessidades ou promovê-las
quando necessário.
•
Reorientação do mix de produtos. Visa identificar
oportunidades de redução dos impactos das diversas fases.
•
Reorganização. Significa a aplicação de técnicas de
conscientização requeridas nas mudanças de paradigmas nas
organizações.
Segundo Cairncross (1992 apud LEITE, 2003), afirma
que para obter condições de sustentabilidade à estratégia de
marketing é necessário a participação do governo, no qual está
divido em quatro aspectos que são intervenção: regulação,
reforma, promoção e participação.
•
Regulação. Por meio de normalizações e do
estabelecimento de padrões de performance em tecnologia e
produtos.
•
Reforma. No sentido de legislar sobre as atitudes
industriais e investir em educação ambiental, gerando mudanças
e hábitos.
•
Promoção. No sentido de incentivar tecnologia, sistema
tributário, créditos, imposição de taxas ou retirada delas para
produtos considerados ‘limpos’ pelos padrões estabelecidos
anteriormente.
207
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
•
Participação. No sentido de dar preferência, em suas
aquisições, a materiais ou produtos de acordo com o
desenvolvimento sustentável, de apoiar a pesquisa de empresas
com estratégias ‘limpas’ e negócios empresariais internacionais.
Segundo Manzini e Velozzolli (2002), o melhor caminho
para a sustentabilidade é aquele em que cada indivíduo passe a
consumir de uma maneira mais consciente e sustentável,
fazendo com que suas escolhas sejam compatíveis com as
necessidades ambientais existentes.
A teoria do desenvolvimento sustentável prega a
necessidade de se encontrar maneiras de alcançar o
desenvolvimento econômico, preservando as condições
ambientais corretas a novas gerações (LEITE, 2003, p. 142).
“A sustentabilidade é uma questão de sobrevivência no
mundo coorporativo, pois há cada vez menos espaço no
mercado para empresas que não respeitam o meio ambiente.”
(GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, 2009).
Conforme Savitz (2006, p. 2) “empresa sustentável é
aquela que gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em
que protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com
que mantém informação”.
O segundo desafio para implantar com êxito uma
estratégia de marketing verde é conseguir fazer com que as
políticas ambientais organizacionais sejam valorizadas por todos
os níveis hierárquicos (GONZAGA, 1995).
Conforme Barbieri (2006, p. 77), a
208
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
[...] meta da educação ambiental é desenvolver uma
população consciente e preocupada com o meio
ambiente para atuar individual e coletivamente na
busca de soluções para os problemas atuais e para
a prevenção de novos problemas.
De acordo com Connolly e Prothero et al., (2003) em
relação ao marketing verde no Brasil tem um
problema em que os consumidores não percebem
totalmente a importância da conservação do meio
ambiente, é necessário que se tenha uma Educação
Ambiental para conscientizar e informar as pessoas
sobre como os produtos pós-consumo possam
prejudicar o meio ambiente. Os consumidores
acreditam que a escolha de produtos “verdes” e o
aumento da reciclagem sejam sua contribuição,
sendo que o atual nível de consumo não é
identificado como um problema.
Conforme Abreu (2001, p. 57) afirma que para receber
contribuição das pessoas em iniciativas voltadas para
preservação ambiental, é preciso fazê-las entender que isso
beneficiara também a qualidade de vida delas mesmos e de
seus familiares.
De acordo com Barbieri (2006), a educação ambiental
deve estimular as pessoas a serem portadoras de soluções,
deve produzir mudanças nas suas próprias condutas,
modificando, por exemplo, seus hábitos de consumo.
Nalini (2001) afirma que o grande desafio da
humanidade em preservação do Meio Ambiente ainda é
responsabilidade do homem, que deve tomar uma postura
consciente para deixar um legado às gerações futuras e apagar
209
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
as marcas de uma história na qual a dominação foi mais
importante que a própria miscigenação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devido aos produtos pós-consumo agredirem o meio
ambiente, houve a necessidade de pesquisas de como este
produto retornarem a cadeia de distribuição reversão
amenizando o impacto ambiental. As empresas tiveram a
necessidade em adotar a Logística Reversa, pois pressionadas
por organizações governamentais e consumidores mais
exigentes, regulamentações ambientais, tiveram que modificar
as suas ações referentes à preservação do meio ambiente e os
recursos naturais no qual realizando o tratamento adequado dos
resíduos sólidos.
Em relação à revisão de literatura na qual foi realizada
verificou-se que as empresas preocupadas com a sua imagem e
a competitividade no mercado utilizam-se estratégia como o
Marketing Verde, também fez parcerias com outras empresas
para reciclar os produtos pós-consumo, dando todo o suporte
técnico.
A literatura nos mostra que a revalorização das
embalagens pets traz economia para as empresas, também
responsabilidade social é, favorece os catadores de matérias
recicláveis dando sustentabilidade.
Por outro lado, o estudo indicou a necessidade em obter
uma Educação Ambiental da população, pois não tem
conscientização e pouca informação a respeito da separação
dos Resíduos Sólidos domésticos.
210
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
É necessário que o governo participe junto com a
população com folhetos informativos, propagandas, sobre a
maneira correta da separação do lixo que normalmente joga nos
rios e lagos e com isto provoca a degradação ambiental, pois as
embalagens demoram anos para se decompor. Pergunta-se: de
que serve a preocupação com o meio ambiente se muitos não
fazem ações para resolver os problemas dos danos ao mesmo.
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A ADEQUAÇÃO DO PERFIL DO CANDIDATO À
ESPECIFICIDADE DO CARGO*
Tais Pereira Alves**
RESUMO
Este artigo de revisão bibliográfica tem por objetivo mostrar as
implicações das adequações do perfil dos candidatos às
especificidades do cargo. Busca analisar os processos seletivos
de pessoas e como são realizados nas organizações. Na
primeira mostra a grande importância de pessoas competentes
realizando e envolvidas nesse processo. Nesta parte pode-se
entender como é feito um diagnóstico da empresa e quais são
suas necessidades. A segunda parte mostra as técnicas para se
organizar um processo seletivo de pessoas. Por fim, a pesquisa
trata da integração normativa que é a busca da adaptação do
candidato ao seu cargo dentro da organização, para que ambos
atinjam seus objetivos. Essa ferramenta é utilizada pelas
grandes organizações para analisar o perfil de cada candidato. A
partir da análise da literatura conclui-se que todos mostram
aquilo que querem e desejam, muitas vezes sem precisar falar.
E é isso que todo entrevistador deve perceber, adequar da
melhor forma possível o candidato com o cargo que é
compatível com suas qualidades e ambições.
*
Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Comércio Exterior feito pela União Educacional de Brasília
(UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010.
**
Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.
216
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Palavras-chave: Processo
Normativa, Organização.
Seletivo,
Cargo,
Integração
INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea registra um alto índice de
desemprego. Todos os anúncios e processos seletivos
apresentam filas enormes de pessoas procurando se colocar no
mercado de trabalho. Quantas vezes achamos currículos
extraordinários, candidatos com especialização, mestrado,
doutorado, competindo uma vaga de atendente ou vendedor. E
qual é o parâmetro de uma empresa para contratação. Será que
a melhor escolha é o candidato que tem mais títulos
acadêmicos?
De acordo com Silveira (2009) existe
(...) uma homogeneização das orientações
oferecidas aos candidatos, bem como do
comportamento destes durante a entrevista de
seleção. Tal homogeneização resulta de modos de
subjetivação ou modos de produção de estilo de
vida que, diante do medo da exclusão fomentada
pelos altos índices de desemprego, constroem
sujeitos camaleônicos, que se apresentam ao saber
das exigências do mercado.
Em contrapartida encontramos as empresas querendo
sempre gerar lucro e isso dentro de um contexto organizacional.
Isso mostra que na maioria das vezes o candidato perfeito é
aquele que mais produz.
Para Miguel (2001) a
217
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
crescente exigência do mercado de trabalho impõe
a busca de candidatos que melhor possam cumprir
as tarefas dos cargos a serem ocupados, bem como
contribuir para que a organização atinja seu
objetivo. Na maioria dos casos, o principal objetivo
das empresas do setor privado é a geração de
lucro, já que tais empresas só sobrevivem se geram
lucro.
Gatewood e Field (1998) afirmam que “neste contexto, o
objetivo do processo de seleção de pessoal é escolher o
candidato com melhores conhecimentos e habilidades para
desempenhar determinada tarefa”.
Para Nunes (2010) cada
tarefa que faz parte de uma descrição de cargo
precisa ser considerada em termos das
qualificações e das competências que requer. É
nessa etapa que o perfil do indivíduo a ser
contratado deve ser desenvolvido. Assim como a
definição do cargo, o perfil deve ser compatível, e
real em relação às expectativas específicas da
empresa.
O procedimento a ser avaliado é o tipo de oferta com o
tipo de demanda. O papel mais importante dos contratantes
nesse processo de adequação do candidato à vaga ofertada é o
fato de detalhar e descrever o tipo de pessoa capaz de
preencher as exigências do cargo.
Nunes (2010) afirma que candidatos “que indicam forte
desejo de crescerem dentro de uma empresa não irão adaptarse bem a um cargo em que existe pouca mobilidade ou
possibilidade de ascensão. Se esse é o caso, isso deve ser
discutido com o candidato”.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Miguel (2001) pondera que o fato de ser realista sobre
as oportunidades que se tem para oferecer. A honestidade é a
maior aliada para evitar contratar um funcionário frustrado, que
deixa a empresa depois de um ano.
Nesse contexto, podemos analisar que tanto a empresa
quanto o candidato deve estar de comum acordo na hora da
contratação. Os dois devem ser honestos e estarem cientes de
que a escolha de ambos é um fator determinante para o sucesso
de todos.
Gibson (1981) afirma que as
pessoas são os recursos essenciais para a
elaboração e implementação das estratégias,
viabilizando a transposição deste processo para o
contexto organizacional. Estas pessoas precisam
desempenhar
diferentes
papéis,
ou
seja,
responsabilidades e tarefas lhe são atribuídas
conforme o cargo que ocupam, a fim de que a
organização funcione adequadamente. Assim, ao
fazer parte de uma determinada organização o
indivíduo está sob as exigências deste papel para
agir e se comportar de determinada forma, de
acordo com
as atividades prescritas ou
padronizadas. A partir do momento em que existe a
definição clara quanto ao desempenho de papéis
podem-se direcionar melhor as habilidades
individuais, estabelecendo uma relação de
integração com o sistema normativo, a fim de
diminuir as divergências entre o papel esperado e o
realizado.
Os procedimentos de um processo seletivo segundo
Pagés e Tavares (1993) permitem
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
objetivar as características de cada indivíduo e
avaliar não apenas suas competências técnicas,
mas, sobretudo, sua capacidade de trabalho, suas
motivações profundas, suas reações em face das
regras preconizadas pela empresa e sua
capacidade de integração.
Para Enriquez (1997), “o objetivo maior é adaptação ou
ajustamento entre as pessoas e o trabalho. Para isto, as
empresas buscam engajar os indivíduos cujos comportamentos
parecem mais adequados ao estilo da empresa”.
Segundo Santos (1985) “os escolhidos nem sempre são
os que revelam os melhores resultados em teste e sim os mais
adequados a uma situação predeterminada”. Para a busca da
adaptação do indivíduo aos papéis que lhe são atribuídos pela
organização, afim de que os objetivos organizacionais sejam
atingidos, também é grande. Isso pode ser chamado também de
integração normativa.
Segundo Maanen (1992), este processo pode ocorrer
formalmente, agindo na preparação do indivíduo para ocupar um
determinado status, e de maneira informal, preparando uma
pessoa para desempenhar um determinado papel na
organização.
É muito complexa a relação dos recursos humanos com
a contratação de pessoal. Assim, o artigo procurou mostrar
como adequar o perfil do candidato à especificidade do cargo.
1. A adequação das técnicas de administração em recursos
humanos para a execução do recrutamento de pessoas
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
O recrutamento de pessoas, realizado nas organizações,
tem como base os conceitos e técnicas da Administração de
Recursos Humanos (ARH). Chiavenato (2004) define
recrutamento como “um conjunto de técnicas e procedimentos
que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e
capazes de ocupar cargos dentro da organização”.
Segundo Carvalho e Nascimento (1997): “todo
procedimento de recrutar está baseado em informações
oriundas da análise, descrição, avaliação e classificação do
cargo a ser preenchido, aí incluído, obviamente, o aspecto
salarial”.
A Administração de Recursos Humanos utiliza três
técnicas, sendo assim o caminho mais rápido e eficaz. Mas
como todo processo a ser desenvolvido, precisa de um
planejamento. Esse planejamento tem como principal objetivo
diagnosticar as reais necessidades da organização, para que
assim, o objetivo seja alcançado.
Castellan (1987) afirma que o, “recrutamento requer um
cuidadoso planejamento, que constitui uma sequência de três
fases, a saber: o que a organização precisa em termos de
pessoas, o que o mercado de RH pode oferecer, e quais as
técnicas de recrutamento a aplicar”.
Pode-se afirmar que o recrutamento pode ser executado
de três formas: o recrutamento interno, recrutamento externo e o
recrutamento misto.
Segundo Carvalho e Nascimento (1997) o
recrutamento interno
acontece quando na
organização surge uma vaga e a mesma tende a
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
preenchê-la através do remanejamento de seus
empregados. Isso pode acontecer, quando seus
colaboradores são promovidos (movimentação
vertical), transferidos (movimentação horizontal) ou
transferidos
com
promoção
(movimentação
diagonal).
Chiavenato (2004) define o recrutamento interno em,
“um processamento ou movimentação de recursos humanos. E
para que possa funcionar bem, o recrutamento interno exige
interna coordenação do órgão de RH com os demais da
empresa”.
Quando o processo seleção de pessoas for administrado
incorretamente, pode levar à situação que Peter e Hull (apud
CHIAVENATO, 2004, p. 310) denominou o
princípio de Peter, as empresas ao promoverem
incessantemente seus empregados, leva-os sempre
à posição onde demonstram o máximo de sua
incompetência; à medida que um empregado
demonstra, em princípio, competência em algum
cargo, a organização, a fim de premiar seu
desempenho e aproveitar sua capacidade,
promove-o, sucessivamente, até o cargo em que o
empregado, por se mostrar incompetente,
estaciona, uma vez que a organização pode não ter
meios de retorná-lo à posição anterior.
Para Carvalho e Nascimento (1997), o recrutamento
externo é necessário quando surge
uma vaga e a organização decide preenchê-la com
pessoas vindo de fora, ou seja, com candidatos
externos atraídos pelas técnicas de recrutamento.
Esse recrutamento incide em candidatos reais ou
222
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potenciais, disponíveis ou aplicados em outras
organizações.
As técnicas são utilizadas conforme o tempo e o gasto
que cada organização terá disponível no seu planejamento. E se
o tempo de recrutamento for muito reduzido esse processo sairá
bem oneroso para a organização. Vale lembrar que na maioria
das vezes o uso delas se faz necessário conjugadamente com
outra, com o objetivo de um resultado eficaz.
Portanto, a finalidade de executar um recrutamento
externo é trazer “sangue novo” e experiências novas para a
organização. Com o recrutamento externo, a organização, como
um sistema, mantém-se atualizada.
Carvalho e Nascimento (1997) definem que
“recrutamento Misto veio com a finalidade de equilibrar essas
diversas situações e inseguranças que podem existir no
recrutamento de pessoal. E na prática é isso que acontece as
empresas nunca utilizam somente uma técnica”.
Por fim Chiavenato (2004) enfatiza que em
face das vantagens e desvantagens dos
recrutamentos interno e externo, uma solução
eclética tem sido preferida pela maioria das
empresas: o recrutamento misto, ou seja, aquele
que aborde tanto fontes internas como fontes
externas de recursos humanos. “Porque ambos se
complementam e se completam”.
2. As técnicas usadas no processo seletivo de pessoas na
organização: uma breve análise
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Após a escolha do tipo de recrutamento a ser executado
para atender as necessidades da organização, é hora de
planejar quais as técnicas de seleção de pessoas serão usadas
para a escolha do candidato mais preparado para o cargo a ser
ocupado.
Chiavenato (2004) enfatiza que, “a seleção busca entre os
candidatos recrutados aqueles mais adequados aos cargos já
existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e o
desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização”.
Segundo Carvalho e Nascimento (1997), o
processo de seleção de RH está apoiado em três
insumos interdependentes: A análise, avaliação e
classificação de cargos informam ao recrutador as
descrições de cargos da empresa, proporcionam
dados importantes sobre as exigências físicas e
psicológicas dos ocupantes desses cargos, bem
como transmitem seus padrões de desempenho.
Para Katz e Kahn (1973), a seleção de pessoas
acontece após
o levantamento de informações a respeito do
candidato e sobre os dados referentes ao cargo,
inicia-se a utilização das técnicas de seleção, que
são as entrevistas individuais e/ou grupais, provas
de conhecimento, testes psicrométricos, testes de
personalidade e técnicas de simulação ou “cases”.
A seleção de pessoas seria um processo composto
de várias etapas, na qual os candidatos que vão
obtendo êxito numa determinada etapa vão sendo
encaminhados para a seguinte, e quando não se
saem tão bem num determinado ponto não
eliminados. “Sendo que o processo seletivo como
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um todo se constitui de combinações das várias
técnicas utilizadas.
A principal mudança nas organizações em relação ao
treinamento desses entrevistadores é a participação dos
mesmos na equipe que irá receber esses novos candidatos. Ou
seja, o poder do recrutamento e seleção de pessoas é
descentralizado do setor de RH da empresa, e passa a ser uma
responsabilidade para os gerentes, coordenadores, diretores de
cada setor.
Para eles essa pequena mudança de organização nos
papéis faz com que se sintam ainda mais estimulados a realizar
um bom trabalho e realmente poder decidir o futuro da sua
equipe.
Santos (1985) afirma que como
todo processo de comunicação, a entrevista sofre
de todos os males – como ruído, omissão,
distorção, sobrecarga e barreiras – de uma
comunicação humana. Com isso descobriu-se que
duas coisas poderiam ser feitas para melhorar todo
esse quadro problemático: treinamento adequado
dos entrevistadores e uma melhor construção do
processo de entrevista.
Mas todas as instruções de como realizar uma boa
entrevista, como se desprender de seus preconceitos, aprender
a ouvir, tudo relacionado ao treinamento dessas pessoas ainda
faz parte do RH. Bertoni (2000) diz que existe
uma enorme variedade de procedimentos nas
etapas do recrutamento e seleção que podem ser
combinados de diversas maneiras, para tanto cada
organização precisa determinar quais são os
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
procedimentos mais adequados e que proporcionam
os melhores resultados. Sendo assim os processos
de recrutamento e seleção devem apresentar-se de
maneira eficiente e eficaz, tentando sempre
minimizar os custos e alavancar os benefícios,
sempre se mantendo adaptável, ágil e flexível.
Para toda seleção tem que haver pessoas preparadas
para selecioná-las, pessoas que saibam realmente o que estão
procurando candidatos que querem como novos colaboradores
da organização. Afinal, toda seleção tem um alto custo, um
planejamento a ser seguido, tempo e disponibilização de pessoal
etc., uma infinidade de coisas que serão decisivas para este
processo. E hoje vemos que para cargos simples tem que se
fazer várias provas e entrevistas, o que muitas vezes pode
atrapalhar. Como tudo, as técnicas de seleção de pessoas têm
que serem aplicadas com muita inteligência, conhecimento e
atitude por parte de quem irá executá-las.
3. O papel da integração normativa adotada
organização no processo seletivo de pessoas
pela
O recrutamento e o processo seletivo têm como objetivo
encontrar candidatos com qualidades e qualificações para
ocuparem vagas de trabalho. Uma pessoa que necessita de um
emprego, e que aceitaria qualquer vaga que lhe aparecer. Essa
pessoa vai sempre transmitir uma imagem que ela de fato não é.
É a imagem que o entrevistador quer ver. Isso muitas vezes
impossibilita que a organização possa adequar o candidato certo
para a vaga disponível.
Nickel (2001) afirma que nesse
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
período o novo ingressante, na organização ou no
cargo, quer adquirir comportamento apropriado,
ajustando-se aos valores do grupo e desenvolvendo
perícia e habilidade para o trabalho. Na socialização
os membros assimilam e incorporam as
normas/regras da organização mediante o processo
de aprendizagem.
Nesse momento o indivíduo se anula como pessoa e
passa a ser mais um dentro de uma organização, com o objetivo
de poder participar, ou seja, se integrar aquele grupo. Pagés e
Tavares (1993) afirmam que a
[...] integração normativa refere-se à busca da
adaptação do indivíduo as atividades que lhe são
atribuídas pela a organização, para que os objetivos
de ambas sejam realizados. Na integração
normativa temos aquilo que chamamos de “papel”,
“o papel que a pessoa representa”. Isso diz
exatamente aquilo que um indivíduo faz para
agradar, satisfazer, preencher uma reação social,
um agrado comum. Essa atitude não espontânea
nos mostra o quanto estamos “treinados”, para
determinadas situações.
Segundo Gatewood e Field (1989), o
[...] processo informal faz parte da realidade
organizacional, podendo ser classificado como a
interação emergente, ou seja, como as atividades,
normas de comportamento e formas de
funcionamento não formalmente prescritas. O
desempenho de papéis é presente desde o início da
vida do indivíduo, em diferentes situações, com
diferentes níveis de profundidade. A palavra papel
refere-se à “atividade não espontânea”, fixada
antecipadamente por determinação social, em um
conjunto de outras atividades sociais.
227
Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
Para Katz e Khan (1973), a
[...] pessoa, ao desempenhar um determinado papel
em uma organização, está sob exigência deste
papel para agir de determinada forma, de acordo
com as atividades prescritas ou padronizadas.
Entretanto, o indivíduo é capaz de desempenhar
uma infinidade de papéis (pluralidade de papéis),
ultrapassando
e
reinterpretando
o
papel
estabelecido e prescrito.
Para Castellan (1987), “o papel esperado tem relação
com o papel percebido, sendo que os papéis bem definidos e
percebidos claramente pelo individuo facilitam atingir os
objetivos organizacionais”.
Para Chiavenato (2004) existe
o papel objetivo que diz respeito àquilo que os
outros esperam, e o subjetivo, que se refere à forma
como cada indivíduo assume os seus papéis. E é
toda essa subjetividade que faz com que a
integração normativa seja elemento de grande ajuda
na avaliação dos candidatos em um processo
seletivo. É a leitura perfeita do que o indivíduo está
querendo dizer com o que ele diz. E para qualquer
organização essa decisão é crucial.
4. A importância da adequação do cargo ao perfil do
candidato para o exercício da função
Muitas organizações vivem um dos problemas que mais
afetam o crescimento e sua lucratividade. A questão da falta de
afinidade do funcionário com o serviço a ser executado. O que
realmente ajuda é a prevenção, essa prevenção é feita como
falamos anteriormente no recrutamento e seleção. Por isso, é de
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
suma importância a certeza da adequação do candidato à
especificidade do cargo.
Para Inácio (2008), a
adequação do cargo ao ocupante melhora o
relacionamento interpessoal dentro do trabalho e
visa novas oportunidades de mudanças para uma
melhor qualidade de vida no trabalho. O que se
espera é um aumento de produtividade e redução
das taxas de rotatividade e de absenteísmo do
pessoal, para isso precisará introduzir uma nova
estratégia que faça uma reeducação dos cargos de
gerente e chefia, descentralização das pessoas
dando empowerment e maiores oportunidades de
participação.
Para haver um “casamento perfeito” entre o candidato e
o cargo a ser ocupado, não basta haver um estímulo
organizacional, como foi falado anteriormente, participação nos
lucros, estímulo ao crescimento profissional dos funcionários e
etc. A análise é feita também no que diz respeito às relações, ao
dia a dia do funcionário, às relações. Todos esses requisitos são
avaliados para uma boa contratação, com a consciência de que
todos estão envolvidos, pensando sempre no sucesso dos
mesmos.
Nunes (2010) afirma que os
gerentes contratantes devem ir o mais longe
possível no sentido de detalhar e descrever o tipo
de pessoa capaz de preencher as exigências do
cargo. Porque, outros fatores pessoais relacionados
com a adequação de uma pessoa precisam ser
delineados para que possa ocorrer o melhor
"casamento" possível. Um grande número desses
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
fatores pode ser descrito como "química", que inclui
a relação entre a personalidade do gerente e do
candidato, a cultura da empresa e seu ambiente, os
pontos fortes e áreas de vulnerabilidade de uma
equipe já formada e como esse candidato se
encaixa nessa equipe, podendo exercer um papel
importante na determinação do sucesso ou do
fracasso.
É muito comum hoje vermos as maiores empresas do
país oferecer porcentagem de lucros aos seus colaboradores.
Para que todos se sintam motivados em fazer o melhor. É claro
que esse é só um dos benefícios que são oferecidos. Isso faz
com que todos vistam a camisa da empresa, se realizem como
profissionais e façam o melhor que podem.
Para Chiavenato (2004) de modo geral
o recrutamento e o processo de seleção devem ser
entendida como um instrumento de comparação e o
responsável pelo processo precisa trabalhar dentro
de certa precisão e de certa validade,tal como um
instrumento de medida confiável. Logicamente, sua
margem de erro é muito maior, dada sua condição
humana. Ele deve funcionar como o fiel da balança
que compara objetivamente as características
oferecidas pelo candidato com os requisitos
exigidos pelo cargo a ser preenchido.
Portanto, essa é a importância da adequação do cargo
ao perfil do candidato. Conseguir “diagnosticar” o candidato,
aquilo que ele tem de melhor para doar à empresa, e encaixá-lo
em uma função onde ele exercite essa aptidão e cresça junto
com a empresa.
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho foi possível identificar os principais
fatores na escolha do candidato adequado para a ocupação do
cargo na organização. Visto que as organizações hoje visam à
procura de novos candidatos com as qualificações necessárias
para obter êxito na organização. Adequar às expectativas
profissionais e seus desejos pessoais com as especificações do
cargo em questão são a melhor forma de executar um
recrutamento de pessoas.
A maioria das organizações ainda trabalha com o
conceito de que a quantidade de funcionários na mesma função
é a melhor saída para o aumento da produtividade. Para muitos
o importante é obter lucro, não se importando com o prejuízo
real que a empresa tem com a alta rotatividade de funcionários.
Para isso é preciso fazer uma identificação clara e concreta do
problema, e essa identificação pode ser feita com as
ferramentas essenciais da Administração de Recursos Humanos
apresentadas neste estudo.
O diagnóstico das reais necessidades da organização
deve ser o primeiro passo para o sucesso de todo o processo de
recrutamento. É essencial para a organização conhecer e
vislumbrar qual objetivo quer atingir. E também é o que norteia e
identifica pontos para efetivar-se uma melhora, que nem mesmo
os envolvidos no processo poderiam observar em sua
particularidade.
A escolha da melhor técnica a ser utilizada facilita e
planeja como todo o processo irá acontecer, e assim,
organizando todos os envolvidos, para que, todos possam
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Rev. Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa. Ano 1* N. 1. Jan./Jul.2011
participar ativamente e conseguir mudar para melhor dentro dos
padrões definidos.
E o preparo dos recrutadores que utilizam a integração
normativa para diagnosticar se aquele candidato realmente se
encaixa ao cargo disponível. Esse preparo é essencial para o
objetivo ser atingido. Não adianta a organização montar uma
estrutura de recrutamento, objetivando a adequação do cargo
aos perfis dos candidatos, se os próprios recrutadores não
conseguem observar o jeito camaleônico com que os candidatos
se mostram para conseguirem um emprego. Portanto, esse
processo é o mais demorado e o que requer maiores cuidados.
Por fim, é possível identificar como as organizações
atuais e melhor preparadas para o mercado de trabalho atual,
podem analisar e concretizar um excelente recrutamento de
pessoas, com todos esses indicadores explorados ao longo
deste trabalho. Portanto, o grande viéis da Administração de
Recursos Humanos no mercado de trabalho atual é a
adequação do cargo ao perfil do candidato as especificidades do
cargo como forma de sucesso da empresa e do empregado no
mundo organizacional.
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