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DESPENSEIROS
I Coríntios 1 : 5
INTRODUÇÃO
Nós vimos grandes assuntos tratados e ensinados na carta de Paulo aos cristãos de
Coríntios, creio que Deus está ensinando grandes coisas da palavra de Deus, quero recordar
algumas delas:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
O excesso de graça é tão prejudicial quanto o legalismo.
As divisões da igreja.
A Cruz de Cristo, nosso maior símbolo.
Os dons funcionam em homens carnais.
O nanismo espiritual que alguns vivem em suas atitudes carnais.
A arrogância do conhecimento humano.
A responsabilidade dos que ensinam.
Nesse trecho da carta, Paulo está apresentando-nos a posição dos ministros de Cristo.
Todos nós, em dimensões diferentes, somos ministros de Cristo, somos servos do Senhor
Jesus. Muitas vezes ainda temos uma imagem em nossas mentes quando falamos a frase
“Esse homem é um ministro de Cristo”: um homem, num paletó preto gritando e gemendo
versículos para uma multidão de pessoas impacientes, esperando a hora do culto acabar.
Com certeza isso não existia nos tempos do apóstolo, essa foi uma invenção mais próxima
de nós do que dele. Esse texto lembra a todos os servos de Cristo que estão envolvidos
especificamente com a pregação e o ensino da palavra de Deus. Estes que marcam as
nossas vidas com seus estudos, ensinos, pregações. São os professores, pregadores,
evangelistas, profetas, que fazem uso da palavra de Deus para nos orientar e ensinar. Paulo
diz assim para toda a igreja que vive em comunhão com esses servos de Deus:
Versículo 1 “Assim pois importa que os homens nos considerem como ministros de
Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.”
“ASSIM POIS IMPORTA QUE OS HOMENS NOS CONSIDEREM COMO MINISTROS DE
CRISTO”
Há uma coisa mais importante em nós e que as pessoas precisam reconhecer: é que somos
ministros de Cristo. A palavra usada aqui é diferente da palavra diakonos que já estudamos.
Essa palavra traduzida por ministro para nós perde muito do seu significado original. Para
nós, hoje, a palavra ministro é associada aos assessores do presidente da república com
seus carros oficiais. Essa palavra se tornou sinal de orgulho e de status para o brasileiro,
mas ela não significa nada disso. Paulo está usando uma palavra forte, símbolo de
humilhação que é essa palavra significava o remador inferior de uma galera romana. Você já
deve ter visto em algum filme aqueles homens enfileirados com os remos nas mãos no porão
do navio, remando de acordo com as ordens do capitão, quando o capitão diz que devemos
remar mais forte, ou para esquerda ou para direita, quem deve parar de remar, ou para que
lado vamos virar o navio. Ali não há melhor ou pior, são todos escravos, todos cumpridores
das ordens do capitão. Paulo estava dizendo aos nossos irmãos de Corinto que todos nós
somos escravos da galera de Cristo, estamos remando para que esse navio, que é a sua
igreja, possa crescer e caminhar para glória de Deus. Essa é a posição dos que servem ao
Senhor, não temos orgulho em nós mesmos mas somos apenas remadores.
“E DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DE DEUS”
A segunda forma como devemos ser vistos na igreja é uma palavra muito importante para
mim como pastor. Paulo lembra de um outro tipo de escravo, muito comum para os gregos,
os mordomos, que são os escravos domésticos e tinham por função cuidar da casa do seu
Senhor, zelando como um todo das necessidades de seu lar, os suprimentos da dispensa e
as tarefas dos demais servos.
Um grande teólogo do nosso tempo, Jonh Stot, diz que o despenseiro é aquele que é
responsável pela dispensa de uma casa, lugar onde se guarda o mantimento. É dele a
responsabilidade de saber que tipo de comida está sendo servida à mesa, qual a sua
variedade nutricional. Nós, os professores, pregadores, profetas e evangelistas, estamos
constantemente servindo à igreja da boa comida dos mistérios de Deus, e é nosso dever
confirmar a variedade e a qualidade do que está sendo servido, para que não exista um
enfraquecimento dos demais servos do nosso Senhor. Muitos são os mistérios que estamos
envolvidos no processo de servir à igreja, mas, dentre todos, o principal é o bom e verdadeiro
ensino da palavra de Deus. Certamente, a bíblia é o alimento principal, seu estudo é o que
nos torna firmes e fortes. O louvor e adoração verdadeira também não podem faltar na
dispensa da casa de Deus, assim como o cuidado com os irmãos, o amor e o pastoreio são
coisas que não podemos deixar faltar na dispensa dessa igreja.
Versículo 2 “Ora, além disso o que se requer dos despenseiros é que cada um deles
seja encontrado fiel .”
ENCONTRADO FIEL
Há aqui uma lembrança importante: apesar de conhecermos a nossa responsabilidade, é
necessário viver a fidelidade para com essa responsabilidade. Há muitas formas de não
sermos fiéis à nossa função de servos e muitas já foram tratadas nessa carta.
A Arrogância - O despenseiro arrogante é aquele que ensina sua sabedoria e não a palavra
de Deus, misturando a comida com anabolizantes e gerando músculos esculturais no povo
de Deus mas vazios de força e poder.
O Ciúme - é aquele que não pode aceitar o fato de sua comida, seu serviço ser tão bom que
faz com que os outros cresçam até mais que eles mesmos.
A Divisão - são os partidários, dão a comida apenas para os que são do seu time,
esquecendo que todos estamos remando juntos e por isso todos precisamos ser fortes.
A Inveja - o despenseiro invejoso não quer que todos comam.
A porfia ou competição - estes fazem trapaça para vencer, negando informações,
conhecimentos, fontes e maneira de aprender
Estas coisas fazem com que o despenseiro, por mais útil que seja, perca sua autoridade e
sua necessidade no corpo de Cristo. Nesse caminho que às vezes escolhemos para nós,
ocasiona a perda de nossa utilidade na distribuição dos mistérios de Cristo.
OS MISTÉRIOS DE CRISTO
Já disse várias vezes que mistério na bíblia não tem nada a ver com coisas místicas, ou
escondidas, ou profundas demais para serem entendidas por um mero mortal. A palavra é
simples, e o mistério de Deus para o homem pode ser resumido em uma frase apenas: que
Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que
nele crê não morra mais tenha a vida eterna. Essa é a grande descoberta das nossas vidas e
todos podemos compreender isso.
Versículo 3, 4 “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por
tribunal humano; nem eu tão pouco julgo a mim mesmo. Porque de nada me argüi a
consciência; contudo nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o
Senhor.”
AGORA QUEM VAI DECIDIR SE O DESPENSEIRO FOI FIEL
Paulo colocou a fidelidade do despenseiro, avaliando os métodos que ele mesmo sofrerá
para julgar sua fidelidade. É claro que havia nessa igreja pessoas que não gostavam de
Paulo, não o achavam um bom orador, nem bom professor e tinham dúvida até se realmente
era apóstolo. Então Paulo passa a nos mostrar quem realmente prova a fidelidade dos
despenseiros.
O JULGAMENTO DO DESPENSEIROS
O julgamento do despenseiro é algo muito forte em sua vida, sempre estamos vivendo em
torno de circunstâncias de grande pressão tentando nos direcionar, com certeza o primeiro
lugar que elas acontecem em nossas vidas é a igreja e de três formas:
A primeira pressão do despenseiro é a aceitação que incha sua vida. Certamente, é de
nosso interesse que sejamos completamente aceitos por aquilo que dissermos. Muitas vezes
é uma pressão muito forte pregar algo na palavra de Deus que vai nos alimentar, mas que
terá, dependendo do público ou do auditório, quase nenhuma aceitação. A nossa expectativa
é que todos saiam felizes com aquilo que estamos ensinando e pregando, muitas vezes,
porém, as pessoas não querem a palavra de Deus e nem podem aceitá-la. Receamos e
sofremos com as críticas e vergonhas que isso pode trazer. Buscamos a aceitação total em
nossa vida, deixando às vezes de falar o que Deus quer para pregar o que os outros querem
ouvir.
Várias vezes sofri o trauma de não ser aceito, me lembro uma vez que disse a uma pessoa
amasiada que ela estava vivendo em adultério por ter tido vários maridos, e ela disse para
mim que não era verdade. Há pouco tempo atrás preguei uma mensagem sobre os bebês na
fé e muitos ficaram tristes com a comida que eu servi, mas sei que era a palavra de Deus e
que às vezes ela corta as nossas vidas.
Alguns meses atrás falei em uma das empresas da missão, que quem não tem Cristo ia para
o inferno, e que estava embaixo do jugo do inimigo, e muitos não queriam mais voltar ao
culto. No entanto isso não é suficiente para julgar a nossa fidelidade como despenseiros, os
elogios são bons, mas não servem como julgamento do que os despenseiros são para a
igreja. Não é difícil vermos na igreja a aceitação de palha, feno e madeira, como estudamos
há poucos dias, em lugar de ouro ou pedras preciosas.
O segundo, a manipulação que amarra suas mãos, é um tipo de pressão forte que temos
muitas vezes em fazer coisas para que as pessoas façam o que queremos, isso é muito
comum na igreja, e também no ser humano, o bebê chora mais quando sabe que ao fazer
isso será mais rapidamente atendido. Às vezes percebo esse tipo de manipulação quando
por não suportar tal situação, faço careta, dou risada, vou embora, brigo com o irmão, para
fazer ele cumprir a minha vontade. Muitos pastores vivem embaixo dessa manipulação,
quando entram em uma igreja recebem a seguinte declaração, nós estávamos aqui antes de
você, por isso essa igreja é nossa e exigimos que você faça o que nós queremos, senão...
Hà vários níveis de manipulação, e nem sempre estamos fazendo isso propositadamente. Eu
aprendi com o meu irmão mais velho um meio de manipular que tentei corrigir no meu
ministério. Quando ele não gostava de alguma coisa que fazíamos, ele nos reunia, e com
olhar triste e desapontado dizia que estava ficando magoado, nem sempre ele estava
magoado mesmo, mas aquilo tinha uma força tão grande sobre mim que eu desistia de brigar
até pelos meus direitos em casa. Quando o despenseiro se rende às manipulações, às
caretas e aos insultos, ele tem suas mãos amarradas para servir. Minha avó uma vez me
ensinou o que fazer: deixar entrar por uma orelha e sair por outra.
O TERCEIRO TIPO É A HOSTILIDADE À SUA PESSOA, QUE QUEBRA O SEU
CORAÇÃO.
Eu acredito que você já tenha vivido isso. Lembro-me que, no meu chamado, a hostilidade
era tão forte que pensei por várias vezes que Deus não queria nada comigo. Havia homens
tão hostis e que, de forma franca e aberta, faziam críticas que poderiam ter lançado a minha
vida longe do ministério, tornando-me um homem de coração quebrado. Pessoas francas e
malignas diziam abertamente não gostar de mim, e quando perguntava o que tinha feito, eles
diziam que eu nada fizera, apenas não gostamos de você. É claro que esse texto está nos
mostrando a hostilidade que Paulo encontrou na igreja de Corinto quando reclamavam de
sua oratória, de sua maneira de ser. Por outro lado, isso pode nos tranquilizar, pois nem
sempre os elogios são de Deus, nem sempre as críticas também são.
O que quero dizer é que nem sempre os elogios são feitos pela ótica de Deus, às vezes são
envolvidos por carnalidade e nem sempre as críticas que o despenseiro leva, são realmente
conceitos de Deus, ou bíblicos, muitas vezes são preconceitos ou opiniões puramente
pessoais.
Não quero dizer que não temos o direito de julgar o erro e o pecado, de discernir os frutos
produzidos pelos servos de Deus, ou que devemos ficar quietos diante dos erros, para isso
Paulo escreveu o capítulo 5 dessa carta, cobrando e insistindo que a igreja julgasse o iníquo.
Mas nem sempre podemos, como líderes, nos guiar pelo que os outros pensam. Existe uma
história muito interessante sobre isso. Certo pregador, enquanto caminhava para o púlpito,
foi parado por uma senhora que o elogiou e disse como ele era um homem de Deus, então
ele continuo andando e rapidamente orou dizendo: Senhor, não me deixe inchado. Ainda
caminhava para o púlpito quando outro irmão disse para ele, dura e seriamente: e aí hoje
vamos ter aquela palha de todo o domingo, então ele abaixou sua cabeça e orou de novo:
Senhor, não me deixe abaixo da sua vontade. Essa é uma das grandes pressões dos
despenseiros, críticas e elogios que nem sempre expressam a real vontade de Deus.
O segundo julgamento do despenseiro pode ser tão fraco como o primeiro, é o mundo,
o tribunal dos homens, a forma do mundo olhar para nós não tem nada a ver com o que
Deus propôs para você. O mundo julga por resultado, quantidade de membros, saldo
bancário da igreja, mas isso não tem nada a ver com a qualidade do despenseiro,
O terceiro e também perigoso é a nossa própria consciência, porque se em alguns
momentos não reconhecemos nem o quanto somos pecadores, outras vezes somos tão
falhos e nos culpamos e discordamos até dos planos de Deus. Nós encobrimos nossas
falhas e fracassos e muitas vezes nos desapontamos com o projeto de Deus.
Nenhum desses três pontos estão querendo dizer que a igreja, ou o mundo, ou eu mesmo
não possa olhar para mim e avaliar o que estou fazendo. É só olhar a grande bronca que
essa igreja recebe no capítulo 5, como já falei, por não repreender um irmão que vive na
prática de incesto. No entanto, as nossas interpretações do que é bom e o que é melhor não
são completas, não são plenas, nem tão pouco se comparam com os planos de Deus. Eu
aprendi isso no nosso acampamento, algumas pessoas estavam me perguntando se eu
estava desapontado com alguma coisa lá, na verdade eu fiquei um pouco desapontado
comigo, querendo que Deus fizesse mais através da minha vida do que Ele estava fazendo,
então fui orar e perguntar para Deus o que ele achava, foi então que ele me respondeu a
grande bênção que estava fazendo e eu não conseguia ver naquela hora, mas estava tudo
de acordo com sua vontade. A minha consciência estava julgando de forma errada a vontade
de Deus. Muitas vezes ela nos ajuda a reconhecer o nossos erros, mas em outras vezes tem
nos apoiado para vivermos pecaminosamente.
QUEM JULGA É O SENHOR
Quem está preparado para julgar é o Senhor, tudo o que podemos ver no outro é seu
comportamento externo, quando esse é mal é fácil de arbitrar mediante a palavra de Deus,
porém Deus pode nos ver completamente por dentro e por fora, nossas intenções e reais
motivações. Deus tem um julgamento eterno e não prematuro, por isso não devemos julgar,
porque uma consciência tem grande valor, mas apesar da experiência de Paulo ele não
podia se fiar apenas nela. Pela terceira vez quero dizer que essa palavra não contradiz que
pelos frutos podemos conhecer a árvore, mas ela está falando sobre opiniões pessoais e
preferenciais, limitando estilos e talentos diferentes que Deus distribui em seu corpo.
Só Deus pode julgar o despenseiro fiel, que faz a sua obra habilmente, porque ele é o dono
dessa igreja.
Versículo 5 “Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual
não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará
os desígnios dos corações; e então cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.”
Talvez tenhamos muitas surpresas no céu, gente que amávamos como pregadores e
professores mas que quando provados pelo fogo, vamos saber que suas obras eram fracas e
vazias. Outros, simples e desprezados, que mantiam em seus corações as motivações e
intenções corretas. Outros muito trabalhadores e dedicados, que nunca percebemos o
quanto eram invejosos e faziam suas obras para que os outros o notassem, tudo isso só
Deus pode julgar, só Ele tem a visão completa das coisas. Não se esqueça, porém, que um
dia todo o seu trabalho pode ser queimado, e as pessoas que diziam de você, coitadinho
como ele trabalhava para Jesus, vão ver as intenções do seu coração. Muitas pessoas que
são reconhecidas como servem a Deus poderão se decepcionar com suas próprias
motivações, como elas não tem nada a ver. Quando eu estava no seminário havia alguns
jovens lá que se eu pudesse julgar suas vidas diria que o púlpito de sua igreja era seus 5
minutos de glória, onde eles encontrarem 100 ou 150 pessoas dispostas a ouvi-los por 20 ou
30 minutos, mas suas motivações eram apenas isso, mostrar como poderiam falar ou pregar.
A nossa motivação deve ser remar e ouvir a voz do comandante ordenando quando parar e
quando aumentar a freqüência do remo.
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