A teoria da substância em Descartes Parece haver uma oscilação

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A teoria da substância em Descartes
Parece haver uma oscilação no conceito de substância no pensamento cartesiano.
Na Terceira Meditação, ao longo do percurso argumentativo que pretende demonstrar a
existência de Deus, bem como no apêndice às Segundas Respostas, Descartes parece
defender a tese de que a substância opera como último sujeito de predicação. Porém, o
que já pode ser interpretado como implicitamente necessário para a prova da distinção
real na Sexta Meditação, e que fica explícito através da tese do atributo único nos
Princípios de Filosofia, parece comprometê-lo com uma concepção de substância
diversa. Ainda que essa concepção favoreça o dualismo, como pretendem alguns
comentadores, ela parece rejeitar a ideia de que haja um substrato ulterior às
propriedades mentais e corpóreas que discriminamos nos objetos: os nossos
pensamentos e as formas que observamos apresentam a natureza da substância na qual
eles inerem. Nessa concepção, é ao menos problemático conceber que haja algo de
comum entre a substância pensante e a substância extensa e que, de algum modo, não há
algo como a substância nela mesma operando como um substrato dos tipos de
substância. Meu objetivo é discutir os modelos de substância em Descartes e como eles
repercutem na concepção de que a metafísica é o estudo do ser enquanto ser. No
primeiro modelo não parece ser problemático associar a teoria cartesiana a essa
concepção de metafísica. Contudo, o segundo modelo já torna tal associação menos
imediata. Assim, se Descartes recusa a concepção de que o objeto da metafísica é o
estudo do ser enquanto ser, como devemos compreender a sua metafísica e o seu projeto
filosófico? Que relação ela possui com a metafísica aristotélico-escolástica? Teria a
revolução científica provocado mudanças mais profundas, onde somos levados a
discutir a própria natureza do objeto de estudo da metafísica?
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