Questão 1: Leia o texto abaixo e responda a questão ao final Valor Econômico, 07/05/2013 http://www.valor.com.br//opiniao/3113270/o-pib-dos-paises-pobres O PIB DOS PAÍSES POBRES Por Bill Gates Mesmo em bons momentos financeiros, os programas de auxílio ao desenvolvimento estão longe de ter recursos de sobra no orçamento. Líderes governamentais e doadores precisam tomar decisões difíceis sobre os destinos para onde devem canalizar seus recursos limitados. Como se decide que país deve receber créditos a baixos juros ou vacinas a preços mais baratos ou que país pode arcar com seus próprios programas de desenvolvimento? A resposta depende, em parte, de como você mede o crescimento e a melhoria na vida das pessoas. Tradicionalmente, um dos fatores que servem de guia é o Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Ainda assim, o PIB pode ser um indicador impreciso em países mais pobres, o que é motivo de preocupação não apenas para autoridades ou pessoas como eu, que leem montes de relatórios do Banco Mundial, mas também para qualquer um que queira usar as estatísticas para argumentar a favor da ajuda às pessoas mais pobres do mundo. Sou um grande defensor do investimento em desenvolvimento e saúde pelo mundo. Quanto melhores as ferramentas disponíveis para mensurar o progresso, mais poderemos assegurar que os recursos cheguem às pessoas que mais os precisam Há muito acredito que o PIB não diz tanto sobre o crescimento, mesmo nos países mais ricos - onde é um indicador bastante refinado - porque é muito complicado comparar o valor de cestas de produtos em diferentes períodos de tempo. Os desafios de calcular o PIB são particularmente graves na África Subsaariana, em consequência das carências enfrentadas pelas agências de estatísticas e de distorções que obscurecem medições cruciais. Incomodado pelos problemas que achava ver nas estatísticas da Zâmbia, Morten Jerven, professor assistente na Simon Fraser University, passou quatro anos examinando como os países africanos obtinham seus dados e quais problemas enfrentavam ao tentar integrá-los no cálculo do PIB. Seu novo livro, "Poor Numbers: How We Are Misled by African Development Statistics and What to Do about It" (números insatisfatórios: como as estatísticas de desenvolvimento da África nos desorientam e o que fazer a respeito, em inglês) 1, apresenta argumentos convincentes sobre como muitas medições do PIB que pensávamos ser precisas estão longe disso. Jerven destaca que muitos países africanos têm dificuldade em avaliar o tamanho de suas economias de subsistência, relativamente grandes, e em mensurar as atividades econômicas não registradas. Como se contabiliza a produção de um agricultor que cultiva e come seus próprios alimentos? Quando a agricultura de subsistência é subestimada sistematicamente, parte do que parece ser crescimento à medida que a economia sai da subsistência pode meramente refletir uma mudança para algo que é mais fácil de contabilizar estatisticamente. Há outros problemas com os dados do PIB de países pobres. Por exemplo, muitos países da África Subsaariana não atualizam seus registros com a frequência necessária, portanto, os números de seus PIBs podem deixar de refletir setores econômicos grandes e de alto crescimento, como o de telefonia celular. Quando Gana atualizou os registros há alguns anos, seu PIB saltou 60%. Muitos, no entanto, não entenderam que isso era apenas uma anomalia estatística e não uma mudança genuína no padrão de vida dos ganenses. Além disso, há várias formas de calcular o PIB e elas podem produzir resultados totalmente diferentes. Jerven cita três: os Indicadores de Desenvolvimento Mundial 2, divulgados pelo Banco Mundial (de longe o conjunto de dados mais usado); a Tabela Penn World3, divulgada pela University of Pennsylvania; e o Projeto Maddison4, da University of Groningen, que é baseado no trabalho do falecido economista Angus Maddison. Essas fontes recorrem aos mesmos dados básicos, mas os modificam por meio de diferentes formas de contabilizar a inflação e outros fatores. Como resultado, sua classificação das economias de diferentes países pode variar amplamente. Entre os países da África Subsaariana, a Libéria pode ser a 2ª, a 7ª ou a 22ª economia mais pobre, em termos de PIB, dependendo da fonte consultada. Não é a apenas a classificação relativa que difere. Algumas vezes, uma fonte mostra um país crescendo vários pontos percentuais e outra, encolhendo no mesmo período. Jerven cita essas discrepâncias para argumentar que não podemos estar certos se o PIB de um país é maior do que o de outros e que não deveríamos usar apenas o PIB para fazer avaliações sobre quais políticas econômicas levam ao crescimento. Isso, então, significa que não sabemos nada sobre o que funciona no desenvolvimento? De forma alguma. Pesquisadores há muito se valem de outras técnicas, como pesquisas periódicas em casas para recolher dados. Por exemplo, a Pesquisa Demográfica e de Saúde5 é realizada regularmente para determinar índices de mortalidade materna e infantil. Além disso, economistas usam novas técnicas, como o mapeamento por satélite de fontes de iluminação, para alimentar suas estimativas sobre crescimento da economia. Embora esses métodos não sejam perfeitos, não são suscetíveis aos mesmos problemas do PIB. Outras formas de mensurar o padrão de vida geral em um país são, da mesma forma, imperfeitos; mas, ainda assim, representam maneiras adicionais de compreender a pobreza. Uma delas, o Índice de Desenvolvimento Humano7, vale-se de estatísticas sobre a saúde e educação, além dos dados do PIB. Outra forma, o Índice de Pobreza Multidimensional8, usa dez indicadores, de aspectos como nutrição, saneamento e acesso a água e combustível para cozinhar. E, por meio da paridade do poder de compra, que mede o custo da mesma cesta de bens e serviços em diferentes países, economistas podem ajustar o PIB para conhecer melhor os padrões de vida. Governos e organizações internacionais doadores, como o Banco Mundial, precisam fazer mais para ajudar as autoridades africanas a traçar um quadro mais claro da situação de suas economias. E as autoridades africanas precisam ser mais consistentes em exigir estatísticas melhores, assim como usá-las para orientar decisões. Sou um grande defensor do investimento em saúde e desenvolvimento pelo mundo. Quanto melhores as ferramentas disponíveis para mensurar o progresso, mais poderemos assegurar que os investimentos cheguem às pessoas que mais os precisam. (Tradução de Rachel Warszawski). QUESTÃO: Com base no texto acima, nas leituras e discussões em sala, analise: como os indicadores podem ser usados em políticas públicas e quais os cuidados que se deve tomar em seu uso. Questão 2: Veja o programa abaixo extraído do PPA da Prefeitura de SP 2010-2013. Observe o programa e seus indicadores. 1) Avalie as propriedades destes indicadores (caso faltem informações para avaliar a propriedade, indique quais são as informações faltantes) 2) Categorize os indicadores apresentados segundo as dimensões de monitoramento e avaliação (eficiência, eficácia, etc) 3) Estes indicadores são suficientes para avaliar o programa em questão? Se não, em linhas gerais, o que faltaria contemplar? (Caso esteja difícil de visualizar, programa disponível na página 37 do documento com link na página)