ANÁLISE ESTÉTICO-FORMAL DE FORTES E FORTIFICAÇÕES

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Universidade Federal do Paraná
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
18º EVINCI – Outubro 2010
ANÁLISE ESTÉTICO-FORMAL DE FORTES
E FORTIFICAÇÕES BRASILEIRAS
Pillar Muzillo
Iniciação Científica – Voluntária
Orientador
Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto
Departamento de Arquitetura e Urbanismo – UFPR
Título do projeto
Arquitetura e sustentabilidade: bases para o projeto ecológico
BANPESQ/THALES: 2007021212
 A construção de
fortificações no Brasil
teve seu início a partir da
primeira metade do
século XVI.
 Tais obras objetivavam
defender o território contra
possíveis invasões por
outros povos europeus
(holandeses, espanhóis,
franceses e ingleses) e eram
de responsabilidade de
engenheiros militares
vindos da Europa.
Tratados Coloniais do Brasil
 Todos os fortes coloniais
realizados no Brasil faziam
uso da alvenaria de pedras –
extraídas do próprio local
(recifes, costões, fundo de
rios ou soltas ao pé de
morros)– e de formas
medievo-renascentistas,
baseadas no conceito de
“Cidade Ideal”, surgido
entre os séculos XV e XVI
na Europa.
Planta da Cidade Ideal de
Sforzinda (ROSENAU, 1988).
 Quase todas as cidades
ideais possuíam forma
simétrica e radial em
resposta à configuração
caótica e insalubre das
cidades medievais.
 Este formato orientava-se
tanto como modelo para o
equilíbrio social quanto
por questões estratégicas,
tendo em vista o
surgimento da artilharia.
Cidade Ideal por Perret de
Chambery (VITRUVIUS, 2010)
o
Adoção do formato pentagonal dos baluartes, abandonando a forma
medieval, o que permitia seu uso para a artilharia e melhorava sua
defesa, eliminando os pontos cegos;
o Em comparação à fortificação medieval, diminuição da altura das
cortinas – ou seja, das muralhas entre um baluarte e outro – somada ao
aumento de sua espessura, o que lhe conferia maior resistência aos
impactos de balas de canhões;
o Enterramento de parte da estrutura em um fosso escavado, de modo a
utilizar a terra removida como matéria para preenchimento dos
baluartes, que eram revestidos externamente de pedras;
o Presença de elementos como ameias, caminhos cobertos, canhoeiras,
guaritas, parapeitos, praças de armas e terraplenos;
o
Simetria radial similar às propostas da “Cidade Ideal”, o que acontecia
em nível de projeto, já que na sua execução seria dificultada por
condicionantes locais (topografia e posição geográfica).
 GERAL:
o Valorizar o patrimônio histórico e cultural do Brasil, enfatizando a
preservação da memória e identidade como requisitos para o
desenvolvimento sustentável e a conscientização socioambiental
(Conservação tanto da paisagem cultural como do meio ambiente).
 ESPECÍFICOS:
o Selecionar, descrever e comparar diferentes obras de fortificação no
país, caracterizando-as formal e esteticamente.
o Analisar seus respectivos determinantes e sua importância para a
administração e segurança da então Colônia portuguesa e/ou
manutenção da soberania quando Império.
o Montar um quadro comparativo de 05 (cinco) exemplares de regiões
distintas do país, com dados históricos e arquitetônicos.
 Esta pesquisa voluntária de Iniciação Científica teve caráter
exploratório, sendo baseada em revisão bibliográfica e webgráfica,
assim como no estudo comparativo de casos.
Realizou-se por meio da investigação, seleção e coleta de fontes
impressas, ou publicadas on line, que tratavam direta ou
indiretamente da construção das fortificações no Brasil.
Selecionou-se 05 (cinco) exemplares de fortificações nacionais que
pudessem ser avaliados quanto ás suas características arquitetônicas
e construtivas, utilizando-se as das instalações físicas do DAUUFPR (Biblioteca, LAURB, Sala de Pesquisa e Gabinete PE-04).
 A partir da pesquisa e revisão
bibliográfica, foram
selecionados os seguintes
casos:
Forte dos Reis Magos
(Natal RN)
II. Forte de São Mateus
(Cabo Frio RJ)
III. Forte de São José do Macapá
(Macapá AP)
IV. Forte de Nossa Senhora dos
Prazeres (Ilha do Mel,
Paranaguá PR)‫‏‬
V. Real Forte Príncipe da Beira
(Guajará-Mirim RO)
I.
Localização geográfica dos
exemplares selecionados
(AUTORA, 2010)‫‏‬
 Barra do Rio Potengi, em orla
marítima (Praia do Forte)
 Construção do fim do séc. XVI ao
início do séc. XVII, durante a
conquista do litoral nordestino
 Erguido por Jerônimo de
Albuquerque Maranhão (1598) e
posteriormente modificada por
Francisco Frias de Mesquita (1614)
 Proteção contra invasões,
efetivação do domínio territorial,
garantia da defesa da cidade
emergente e de seus habitantes
(GOOGLE EARTH, 2010)
 Taipa de mão e pau-a-pique,
substituída por alvenaria de pedra
e cal entaipada: Planta poligonal
estrelada de cinco pontas.
(ARACTINET, 2010)
Forte dos Reis Magos (AUTORA, 2010)‫‏‬
 Localizado sobre morro em orla
marítima
 Construção em 1617, por
Francisco Frias de Mesquita
 Defesa do território, rico em
pau-brasil, quanto a investidas
por parte de ingleses e franceses
 Construção em alvenaria de
pedra e cal entaipada: Planta
poligonal irregular.
(GOOGLE EARTH, 2010)
(MEMORIALBRAVOBRASIL, 2010)
Forte de São Mateus (AUTORA, 2010)‫‏‬
 Localização às margens do Rio
Amazonas
 Construção entre 1764 e 1782,
por Henrique Antônio Galucci

Efetivação do domínio lusitano
sobre terras conquistadas com
o Tratado de Madrid (1750),
ponto estratégico de defesa e
união do litoral com o interior
do território, defesa da vila de
São José do Macapá.
(GOOGLE EARTH, 2010)
 Construção em alvenaria de
pedra e cal, com tratamento
em cantaria. A planta segue a
forma do sistema proposto por
Vauban (Sistema de Praças).
(MOCHILEIRO, 2010)
Forte de São José do Macapá (AUTORA, 2010)
 Situação ao Pé do morro da
Baleia,na Ilha do Mel.

Construção entre 1764 e
1769, por José Custódio de Sá
e Faria.
 Domínio territorial
português sobre a Região
Sul e proteção do porto e da
Vila de Paranaguá contra
invasores estrangeiros
(GOOGLE EARTH, 2010)
 Construção em alvenaria de
pedra: Planta poligonal
irregular, adaptando-se à
topografia.
(VALERIAVAZ, 2010)
Forte de N. S. dos Prazeres (AUTORA, 2010)‫‏‬
 Localização no Município de
Guajará-Mirim RO, às margens
do Rio Guaporé, na fronteira
com a Bolívia
 Construção entre 1776 e 1783,
por Domingos Sambuceti
 Efetivação do domínio luso
sobre os territórios
conquistados com o Tratado de
Madrid (1750), elo de ligação do
interior com suas fronteiras e
defesa do território contra
incursões de espanhóis

(GOOGLE EARTH, 2010)
Técnica Construtiva em
alvenaria de pedra exposta e
tratamento em cantaria.
(OGLOBO, 2010)
Real Forte do Príncipe da Beira (AUTORA, 2010)‫‏‬
 Todos os exemplares analisados apresentam características
similares quanto à geometria em planta (simetria axial e/ou
radial), adaptação ao terreno e posição geográfica
estratégica.
 As técnicas de construção são similares, destacando-se
a cantaria (alvenaria de pedra), a existência de fossos,
baluartes, espaços funcionais e entrada única.
 Todos os 05 (cinco) fortes, embora construídos em épocas
distintas, foram motivados pelas mesmas necessidades
de proteção do território e defesa da posse lusitana,
seguindo praticamente o mesmo padrão estético-formal,
guiado pela técnica, funcionalidade e durabilidade.
 BARRETO, A. Fortificações no Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca
do Exército Editora, 1958.
 CASTELNOU, A. M. N. Arquitetura brasileira. Londrina PR:
Apostila didática, CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA – UniFil, 2004.
GARRIDO, C. M. Fortificações do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa
Naval, 1940.
REVISTA GALILEU. A arte da guerra no Renascimento. São Paulo:
Globo, set.2002. p. 70-73.
 ROSENAU, H. A cidade ideal: evolução arquitectónica na Europa.
Lisboa: Presença, 1988.
 SKYSCRAPERCITY. Disponível em:
<http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=564616&page=1
07>. Acesso em: 17.out.2010.
 VITRUVIUS. Disponível em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/582
>. Acesso em: 17.out.2010.
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