Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP 23/06/2008 - 07:00 Petrobras poderá trabalhar com xisto na Jordânia e Marrocos A empresa leva adiante estudos de viabilidade de projetos com rochas betuminosas nos dois países árabes. Ao lado do Brasil, Marrocos e Jordânia estão entre os maiores detentores de rochas oleíferas. Isaura Daniel São Paulo – A Petrobras está avaliando oportunidades na área de xisto na Jordânia e no Marrocos. De acordo com o executivo da área internacional da companhia, Demarco Epifanio, a Petrobras está realizando estudos de viabilidade para executar projetos no segmento nos dois países árabes. As pesquisas devem levar 24 meses até a conclusão. O xisto é uma rocha sedimentar a partir da qual é possível produzir óleo e gás. Euricles Macedo/Petrobras “Estamos avaliando oportunidades no exterior, utilizando a tecnologia Petrosix”, diz Epifanio. Atualmente a Petrobras produz óleo de rocha betuminosa somente no Brasil e tem uma das tecnologias mais modernas do mundo para o processo. A empresa produz 3,8 mil barris por dia de óleo de xisto no país. A companhia assinou, recentemente, também acordo para estudar a viabilidade técnica na área nos Estados Unidos. Unidade de industrialização de xisto no Paraná De acordo com Epifanio, a Petrobras não tem intenção de aumentar a sua produção de óleo de rocha betuminosa no Brasil. Na verdade, o grande interesse da empresa nem é produzir mais óleo de xisto, mas sim levar a sua tecnologia na área para o exterior. “A Petrobras quer seguir sendo reconhecida pelo desenvolvimento tecnológico e uso de tecnologia desenvolvida no Brasil”, afirma o executivo. O interesse da Petrobras pelo Marrocos e a Jordânia se justifica pelo fato dos dois países, assim como o Brasil, estarem entre os maiores detentores de reservas de rochas oleíferas. O Brasil ocupa a segunda posição, após os Estados Unidos, a Jordânia ocupa a quarta e o Marrocos a quinta. O terceiro país que tem maior volume de reservas da rocha no mundo é o Congo, segundo dados da petrolífera brasileira. Agência Petrobras A Petrobras possui uma unidade, chamada Unidade de Negócios de Industrialização, cuja sede é em São Mateus do Sul, no Paraná, que cuida das atividades da empresa na área de xisto. A empresa processa 7,8 mil toneladas de xisto por dia. Do xisto, a empresa retira óleo combustível, nafta, gás combustível, gás liquefeito e enxofre, e ainda subprodutos que podem ser usados na indústria de asfalto, cimento, agrícola e de cerâmica. Xisto: rocha para extrair óleo As reservas da Petrobras, na área, estão localizadas em uma região chamada pela empresa de Formação Irati, que abrange os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás. A reserva representa 700 milhões de barris de óleo, nove milhões de toneladas de gás liquefeito, 25 bilhões de metros cúbicos de gás de xisto e 18 milhões de toneladas de enxofre. Os acordos com o Marrocos e a Jordânia foram assinados no ano passado. Com a Jordânia, a Petrobras assinou um memorando de entendimento, com o Ministério de Energia e Recursos Minerais local, para estudar o possível uso da tecnologia Petrosix em um bloco situado no campo de Attarat. Com a Agência Nacional de Hidrocarbonetos e Minas do Marrocos, a Petrobras assinou acordo para estudo de viabilidade de desenvolvimento comercial de jazidas de xisto. Tecnologia Petrosix De acordo com informações da Petrobras, o Petrosix é o único processo contínuo para retirada de óleo de xisto e com baixo consumo de água. O xisto contém querogênio, um complexo orgânico que se decompõe termicamente para produção de óleo e gás. O processo é mais ou menos o seguinte: o xisto é retirado, transportado para um britador, no qual é fragmentado. Os pedaços vão para um reator cilíndrico vertical para serem aquecidos a alta temperatura. É aí que o xisto libera a matéria orgânica que forma óleo e gás. Ele é também resfriado, o que faz com que os vapores de óleo sejam condensados. Sob a forma de gotículas, então, eles são transportados para fora do cilíndrico. Os gases passam então por outro processo de limpeza para produção de óleo leve. O demais vão para uma unidade de tratamento, onde são feitos gás combustível e liquefeito e recuperado o enxofre. A tecnologia foi desenvolvida há mais de 30 anos pela Petrobras. http://www.anba.com.br/ www.inovsi.com.br