UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA PAULA FRASSINETTI COELHO NASCIMENTO AVALIAÇÃO in vitro DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Hyptis pectinata (L.) Poit. E DE COLUTÓRIOS SOBRE OS Streptococcus mutans Aracaju/SE 2005 PAULA FRASSINETTI COELHO NASCIMENTO AVALIAÇÃO in vitro DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Hyptis pectinata (L.) Poit. E DE COLUTÓRIOS SOBRE OS Streptococcus mutans Dissertação apresentada ao Núcleo de Pósgraduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe, para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Saúde. Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Trindade Aracaju/SE 2005 PAULA FRASSINETTI COELHO NASCIMENTO AVALIAÇÃO in vitro DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Hyptis pectinata (L.) Poit. E DE COLUTÓRIOS SOBRE OS Streptococcus mutans Dissertação apresentada ao Núcleo de Pósgraduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe, para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Saúde. Data da aprovação: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA ________________________________________________________ Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Trindade ________________________________________________________ 1ª Examinadora: Profª. Drª. Celuta Sales Alviano ________________________________________________________ 2° Examinador: Prof. Dr. Ângelo Roberto Antoniolli À irreverência sempre viva de Newman Sucupira Agradeço... Ao tempo... tempo... tempo.... Ao tempo que não pára e, no entanto, nunca envelhece. Àquela infância simples, dos sonhos simples. Às dificuldades de cada dia. Aos amigos que apostaram em mim, ou não! Aos muitos outros que adquiri durante toda essa minha trajetória. Aos companheiros, aos cúmplices, inclusive àqueles que além de amigos ou amigas, são irmãos, irmãs, tios, tias, cunhados, cunhadas e agregados. Aos que contribuíram sem até se aperceber disso positiva ou “negativamente” (lições de aprendizado). Aos mestres. Estes sim! Culpados por tudo isso (rsrs). Catedráticos ou não! Obrigada a todos! Aos nomináveis: Pereira, Aguiar, Cruz, Moraes, Maciel, Tirado, Azevedo, Silveira, Hermínia, Souza, Santos, Resende, Novais, Barbosa, Lemos, Piva, Almeida, Moura, Melo, Garcia, de Jesus, Oliveira Obrigada! manda um alô pra mim aê! Às Marias, aos Josés, Joões, inclusive aos ninguém. Especialmente à Maria Mãe. Obrigada Heroína! E ao Paulo Pai. Obrigada por tudo! Aos que ficaram e aos que se foram, aos achados, aos perdidos, conquistados e construídos. ao meu maior achado, Santana Krupka,... com “K”. Saudades! Aos meus queridos e lindos! Thiago, Carol, Felipe, Alinne e Marcela pelas alegrias e magia. Ao meu irmão e amigo maior: DEUS Obrigada! Obrigada! Obrigada! Hoje, sou um pouco de todos vocês. Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, aprendi que não é preciso dominar a ansiedade ou o tempo, mas a perseverança. Aqueles que chegam e colaboram com o tempo podem vangloriar-se de uma longa série de sucessos. Josenilton Santos Bonfim RESUMO A odontologia moderna enfatiza a importância do controle do biofilme dental para melhorar a saúde oral. O uso na terapêutica odontológica de colutórios tem um papel crucial na redução do biofilme. A eficácia destas substâncias foi extensivamente avaliada em vários estudos. A pesquisa farmacológica de plantas medicinais é necessária diante de sua capacidade terapêutica e da sua larga utilização. Óleos essenciais e extratos de plantas há muito tempo têm sido base para diversas aplicações na medicina popular, entre elas como antimicrobianos e anti-sépticos tópicos. Existem vários métodos descritos na literatura para mensurar a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais. Entretanto, a ausência de métodos padronizados, faz com que a comparação entre os estudos seja praticamente impossível, além de incapacitar sua reprodutibilidade. O presente trabalho pesquisou in vitro a eficácia do óleo essencial Hyptis pectinata frente ao Streptococcus mutans. Este apresenta atividade antimicrobiana equivalente à clorexidina, o que demonstra o uso deste óleo como alternativa promissora nos regimentos de saúde oral. Validando as propriedades antimicrobianas do óleo essencial de Hyptis pectinata, desenvolveu-se um experimento utilizando a técnica de difusão em disco, com algumas variações nos diluentes do óleo, dos quais, o Tween 20 e o Tween 80 são os mais indicados para a emulsificação do óleo de Hyptis pectinata. Os dados obtidos ressaltam um considerável interesse pelo desenvolvimento de métodos confiáveis para avaliação e comparação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais. Palavras-Chave: óleo essencial; atividade antimicrobiana; biofilme dental; bochecho; Streptococcus mutans. ABSTRACT The modern dentistry emphasizes the importance of the control of the dental biofilm to improve the oral health. The use in the odontologic therapeutics rinses has a crucial paper in the reduction of the biofilm. The effectiveness of these substances was appraised extensively in several studies. The pharmacologic research of medicinal plants is necessary due to its therapeutic capacity and use. Essential oils and extracts of plants have been used for several applications in the popular medicine, among them as antimicrobial and antiseptic topics. There are several methods described inside the literature for size the antimicrobial activity of the essential oils. However the measure of this activity is hindered by the absence of standardized methods, what dificults the comparison among the studies. Besides, disables its reproduction. The present work researched in vitro the susceptibility of Streptococcus mutans to the Hyptis pectinata essential oil. It presents antimicrobial activity equivalent to the chlorhexidine, what demonstrates the use of this oil as promising alternative in the regiments of oral health. Validating the antimicrobial properties of the Hyptis pectinata essential oil, an experiment was developed using the diffusion technique in disk with some variations in the diluents of the oil, among them Tween 20 and Tween 80 are the most suitable for the emulsification of the Hyptis pectinata oil. The obtained data emphasize a considerable interest for the development of reliable methods for evaluation and comparison of the activity antimicrobial of essential oils. Key Words: essential oil; antimicrobial activity; dental biofilm; mouthwash; Streptococcus mutans. LISTA DE ABREVIATURAS ADA – American Dental Association ATCC – American Type Collection Culture CBM – Concentração Bactericida Mínima CDT – Council on Dental Therapeutics CG/EM – Cromatografia Gasosa/Espectrômetro de Massa CIM – Concentração Inibitória Mínima DMSO – Dimetil sulfóxido FDA – Food and Drug Administration IRR – Índice de Retenção Relativa ISO – International Standard Organization MRS – Methicillin-Resistant Staphylococci MSS – Methicillin-Susceptible Staphylococci NCCLS – National Committee for Clinical Laboratory Standard OMS – Organização Mundial da Saúde S. mutans – Streptococcus mutans TR – Tempo de Retenção TTO – Tea Tree Oil UFC – Unidade Formadora de Colônia UFS – Universidade Federal de Sergipe UI – Unidade Internacional LISTA DE QUADROS QUADRO 1 (Capítulo II) – Critérios para participação de voluntários...............................82 QUADRO 2 (Capítulo II) – Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio.........86 QUADRO 1 (Capítulo III) - Critérios para participação de voluntários...............................96 QUADRO 2 (Capítulo III) - Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio........100 LISTA DE TABELAS TABELA 1 (Capítulo II) – Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis pectinata...................................................................................85 TABELA 2 (Capítulo II) - Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo hidrolato e o óleo essencial de Hyptis pectinata em variadas concentrações, utilizando-se o método de difusão em disco.........................................................................................88 TABELA 3 (Capítulo II) -– Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans produzidos em diferentes concentrações do óleo essencial de Hyptis pectinata e a clorexidina (controle positivo) pelo método de difusão em disco..................................................................89 TABELA 1 (Capítulo III) – Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis pectinata...................................................................................99 TABELA 2 (Capítulo III) - Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo óleo essencial de Hyptis pectinata suspenso em diluentes diversos (DMSO, Tween 20 e 80 e Propileno glicol) através do método de difusão em disco....................................................102 TABELA 3 (Capítulo III) - Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans produzidos pelo óleo essencial Hyptis pectinata suspenso em diversos diluentes (Tween 80, Tween 20, DMSO e Propileno glicol) através do método em disco.........................................103 SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................. 6 ABSTRACT ......................................................................................................................... 7 LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................. 8 LISTA DE QUADROS ........................................................................................................ 9 LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 10 SUMÁRIO.......................................................................................................................... 11 CAPÍTULO I ..................................................................................................................... 12 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 14 2. REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................... 18 2.1 CENÁRIO DA DOENÇA CÁRIE: DOMÍNIO MICROBIOLÓGICO. ................ 18 2.2 COLUTÓRIOS DE USO ODONTOLÓGICO........................................................ 25 2.2.1 Clorexidina ........................................................................................................ 26 2.2.2 Listerine ............................................................................................................. 30 2.3 ASPECTO SÓCIO–ECONÔMICO DOS FITOTERÁPICOS............................... 34 2.3.1-Hyptis pectinata (L.) POIT.: Matéria Prima Vegetal. ...................................... 40 2.4 ÓLEOS ESSENCIAIS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA................................. 42 2.5 ÓLEOS ESSENCIAIS NOS REGIMENTOS DE SAÚDE ORAL......................... 56 3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 64 4. REFERÊNCIAS............................................................................................................. 66 CAPÍTULO II .................................................................................................................... 77 CAPÍTULO III .................................................................................................................. 92 CAPÍTULO IV................................................................................................................. 106 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 121 APÊNDICE 1 ................................................................................................................... 124 APÊNDICE 2 ................................................................................................................... 125 ANEXO ............................................................................................................................ 129 CAPÍTULO I Alternativa Terapêutica no Processo Saúde Doença. INTRODUÇÃO 14 1. INTRODUÇÃO A saúde é direito humano básico, sendo a saúde bucal essencial para a conservação da saúde geral do indivíduo, e, não podem ser compreendidas dissociadas, bem como de outros problemas sócio-econômico-culturais que o acometem, definindo sua relação com o meio ambiente. As patologias bucais, geralmente, não se apresentando como ameaças à vida, constituem um grande problema de saúde pública por sua alta prevalência, e, também, por sua importância em termos de dor, desconforto e limitações funcionais e/ou sociais que afetam a qualidade de vida. Dentro deste aspecto, é válido lembrar que o papel da odontologia preventiva é essencial como instrumento para proporcionar melhores níveis de saúde bucal à população, não apenas levando assistência para resolvermos problemas já instalados, mas para prevenir o aparecimento de alterações patológicas nas estruturas bucais. A promoção de saúde envolve atividades gerais do profissional e do paciente, bem como ações específicas de cada um, tanto em nível de manutenção da saúde, como de diagnóstico precoce de qualquer desvio para seu controle em fase de maior facilidade e segurança. O controle do biofilme dental, que consiste na colonização e no crescimento de microrganismos nas superfícies dos dentes e nos tecidos orais, é assunto de bastante interesse para a odontologia preventiva, por ser este, o agente etiológico preponderante no surgimento da cárie dentária e da doença periodontal. Portanto, a saúde bucal depende em grande parte do controle da formação e desenvolvimento do biofilme bacteriano através da higienização e utilização de um arsenal de produtos, tais como: dentifrícios, anti-sépticos orais, fio dental, uma boa escova, que nem sempre são disponíveis à grande parte da população. A cárie dentária é uma doença de índices elevados na população, constituindo, portanto, uma pandemia. Sendo de natureza multifatorial, está na dependência da interação de 15 Introdução vários fatores: microrganismo, hospedeiro, substrato e o tempo. Segundo Newbrun (1988), o principal microrganismo envolvido no processo é o Streptococcus mutans pela sua capacidade de metabolizar carboidratos, produzindo ácidos que formam a cavitação dentária da doença. Associado ao papel precípuo da odontologia, a tecnologia farmacêutica é uma forte e poderosa aliada no combate às patologias bucais, com todo um aparato de insumos e medicamentos tais como: creme dental e colutórios bucais. O desenvolvimento de pesquisas científicas tem contemplado a utilização de plantas medicinais de forma racional, aliando menores custos, maior eficácia terapêutica e menores efeitos colaterais. O estudo das espécies, utilizadas há muito pelas comunidades, se dá por meio de equipes multidisciplinares propiciando um modelo de medicina a ser seguido que permita assegurar o uso dessas plantas nos serviços de saúde. Necessário se faz, no entanto, garantir a qualidade dos fitoterápicos, iniciando-se com a caracterização da matéria-prima vegetal, que inclui identificação botânica e farmacognóstica, determinação das propriedades físico-químicas e biológicas, quantificação da(s) substância(s) marcadora(s) e toxicidade. Assim, a padronização torna-se imprescindível para a produção racional de medicamentos oriundos de plantas medicinais, visando reprodutibilidade dos métodos utilizados, garantindo desta forma, a qualidade do produto final. Neste sentido, dois fatores favorecem as pesquisas voltadas para a área etnofarmacológica no Brasil: a enorme biodiversidade da flora medicinal e a diversidade etnocultural. As práticas de cura foram incorporadas e assimiladas através dos conhecimentos transmitidos pelos inúmeros povos que habitaram o Brasil. Isso contribuiu para a formação de uma medicina popular bastante rica e original. Dessa forma, a utilização de plantas como medicinais faz parte da cultura do povo, interage com o conhecimento popular, e é passado de geração em geração sob diversas formas. Investimentos nessa área poderão contribuir com o 16 Introdução banco de dados genéticos, com a descoberta de novos princípios ativos e novos medicamentos à base de plantas medicinais. O material vegetal deste estudo é constituído pelas partes aéreas da Hyptis pectinata (L.) Poit. pertencente à família Lamiaceae, comumente encontrada na região da caatinga sendo popularmente conhecida por sambacaitá, de uso difundido por via oral e/ou uso como anti-séptico tópico, em bochechos, banhos aromáticos, contra febre, diaforético estomacal, infecções bacterianas, dor e até mesmo câncer; apresentando comprovadas atividades antimicrobianas, analgésicas e antiinflamatórias (PEREDA-MIRANDA et al., 1993; BISPO et al., 2001; FRAGOSO-SERRANO; GIBBONS; PEREDA-MIRANDA, 2005). Este trabalho avaliou a atividade antibacteriana do óleo essencial da Hyptis pectinata frente ao Streptococcus mutans. Trata-se de um estudo pioneiro e vem se somar a outros estudos microbiológicos e farmacológicos já realizados na Universidade Federal de Sergipe. Além disso, à luz da importância da ciência, poderá contribuir para enriquecer outras pesquisas. Espera-se que a partir dele haja um maior aprofundamento na compreensão e interpretação dos procedimentos da medicina popular, de forma a promover avanços na área da etnobotânica, antropologia, química, farmacologia, sociologia, microbiologia, fitoterapia, odontologia e medicina. No contexto operacional, os resultados desta pesquisa poderão ser de grande valor para melhoria da qualidade de saúde da população. A dissertação está estruturada por capítulos, sendo o primeiro representado pela parte introdutória, e, a seguir, cada objetivo específico gerou os capítulos seguintes. REVISÃO DA LITERATURA 18 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 CENÁRIO DA DOENÇA CÁRIE: DOMÍNIO MICROBIOLÓGICO. A preocupação do homem na busca de meios eficientes para prevenção e cura de suas enfermidades vem desde as remotas épocas em que curandeiros utilizavam ervas medicinais e rituais místicos para tratamento dos diversos males que acometiam sua cavidade bucal. Esse interesse pela prevenção evoluiu consideravelmente a partir da real percepção de que ao mastigar alimentos, resíduos ficavam em várias regiões da cavidade bucal, principalmente entre os dentes. Várias civilizações contribuíram para o desenvolvimento das técnicas de remoção desses resíduos alimentares, com a conseqüente redução da formação do biofilme bacteriano. Council on Dental Therapeutics (1986) conceituou biofilme bacteriano como uma entidade altamente variável que resulta da colonização e do crescimento de microrganismos nas superfícies dos dentes e nos tecidos orais moles, consistindo de um número de espécies e cepas microbianas embutidas em uma matriz extracelular. Clinicamente, o biofilme é encontrado como supragengival e subgengival, assim como nas superfícies orais que incluem as restaurações e dispositivos orais. Uma variedade de superfícies, incluindo o corpo humano, é colonizada por microrganismos que ocorrem na forma de película chamada biofilme. Esse biofilme é formado como uma resultante da interação interbacteriana e co-agregação de uma variedade de microrganismos. A placa dental é um filme bacteriano aderente. Na formação da placa são Revisão da Literatura 19 aderidos microrganismos pioneiros que proliferam e formam colônias. No estágio final envolve a agregação de organismos filamentosos e espiroquetas em um biofilme coesivo. A placa dental é, talvez, o biofilme melhor estudado e serve como um modelo para estudo de outro biofilme (BERNIMOULIN, 2003). Foi descrito no processo de colonização do biofilme que os primeiros microrganismos a se agregarem são os cocos Gram-positivos, especialmente os Streptococcus mutans e sanguis, fusobactérias, espirilos e espiroquetas. A colonização ocorre nas primeiras oito horas de forma rápida e seletiva à película adquirida (NEWBRUM, 1988). A composição do biofilme varia de acordo com a idade e a dieta, mas geralmente é composta por cerca de 80% de água e 20% de sólidos, dentre estas, bactérias e polímeros extracelulares secretados pelos organismos e aqueles derivados do meio ambiente (GENCO, 1996; SREENIVASAN; GAFFAR, 2002). As doenças cárie e periodontal são as afecções bucais de maior prevalência e incidência na população mundial, constituindo os dois maiores problemas de saúde pública na odontologia. Na verdade não constitui uma afecção apenas, mas um grupo de problemas ou doenças que ganham importância cada vez maior. Sendo assim, responsáveis pela maioria das dores e perdas dentais, que têm por principal causa o biofilme bacteriano devido às más condições de higienização (MOREIRA; HAHN, 1994; QUELUZ, 1995; BERNIMOULIN, 2003). Thylstrup e Fejerskov (2001) afirmaram que as superfícies da cavidade oral são constantemente colonizadas por microrganismos, os quais constituem uma microbiota muito complexa que, por si só, não resulta em doença, pois eles existem em equilíbrio com o Revisão da Literatura 20 hospedeiro. Em seguida a uma limpeza completa dos dentes, o biofilme supragengival se acumula ao longo da margem gengival dos dentes em dois dias e nesse ponto ele começa a aumentar em espessura até um máximo de sete dias. Levantamentos epidemiológicos, associados ao papel etiológico estabelecido a partir de investigação clínica, resultaram na suposição de que o controle mecânico do biofilme poderia prevenir a cárie, a gengivite e, portanto, a doença periodontal. A associação de Streptococcus mutans com lesões de cárie dental foi primeiramente reportada por Clarke (1924 apud GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973) que isolou o microrganismo, geralmente de culturas puras, do fundo de lesões cariosas. Este microrganismo tem sido foco de vários estudos desde que foi descoberto o seu potencial de indução de cárie, demonstrada em modelos animais. Sabe-se que a cárie é uma doença dentária infecciosa crônica, dependente da virulência e do tempo de permanência do biofilme, bem como da resistência, dos hábitos alimentares e de higiene do hospedeiro. O principal microrganismo envolvido no processo é o Streptococcus mutans pela sua capacidade de metabolizar carboidratos e produzir ácidos, além de polímeros intracelulares (que são utilizados como reserva de carboidratos) e extracelulares (fazendo com que as bactérias fiquem aderidas umas às outras e ao dente). A dieta alimentar rica em carboidratos (oligossacarídeos, em especial a sacarose) é fator fundamental para a manutenção do Streptococcus mutans em grandes proporções na boca, sendo importante também, a freqüência com que estes carboidratos são ingeridos. No entanto, a capacidade tampão da saliva do indivíduo reduz o risco à cárie, promovendo a neutralização dos ácidos e inibindo a formação e cavitação dentária da doença (NEWBRUN, 1988). Revisão da Literatura 21 Maltz (1996) e Hofling et al. (1999) estabeleceram que os Streptococcus mutans constituem um grupo heterogêneo de bactérias altamente cariogênicas pelas seguintes características: capacidade de colonizar o dente, produzir polissacarídeo extracelular a partir da sacarose, ser altamente acidogênico e acidúrico e metabolizar glicoproteínas salivares. O efeito local do alimento na cavidade bucal é o fator mais importante na etiologia e patogenicidade da doença cárie. Takahashi; Yamada (1999) relataram que a dieta influencia o tipo e a quantidade de biofilme bacteriano, a composição de microrganismos, a qualidade e quantidade de secreção salivar e a produção de ácidos. A cárie se inicia pela desmineralização da superfície dentária devido à produção de ácido pelas bactérias do biofilme dental. Muitos estudos têm sido efetuados com a intenção de descobrir a maneira mais eficiente para controlar o biofilme bacteriano, fator primordial na prevenção, e deve ser considerada a base da promoção da saúde bucal. No entanto, apesar dos esforços dos pesquisadores nessa busca, a limpeza mecânica através da escovação dentária, continua sendo o método mais eficiente e universalmente aceito (LINDHE, 1983). Weyne (1996) descreveu a cárie como uma doença infecto-contagiosa, multifatorial, sacarose dependente de fundo comportamental que exige tratamento específico sobre fatores etiológicos para sua prevenção e cura. Métodos convencionais de combate à cárie baseados apenas nos procedimentos curativos mostram-se ao mesmo tempo ineficientes e clinicamente irrealistas. Vários fatores podem interferir na acidogenicidade e cariogenicidade do biofilme, como a dieta, capacidade de higienização do paciente, o uso da água, dentifrícios e outros produtos que possuem flúor. A cárie trata-se de condição patológica na qual o hospedeiro Revisão da Literatura 22 susceptível, em um ambiente de desequilíbrio da microbiota, é agredido pela ação de ácidos orgânicos, particularmente o ácido lático, produzido principalmente por Streptococcus mutans, segundo Jardim P. e Jardim Junior (1998). Barbosa; Medeiros (1999) e Pilloni; Paoletti; Perdona (1999) concluíram que o índice de cárie aumenta paralelamente com a concentração, na saliva, de microrganismos cariogênicos e que, a sua contagem é importante para o diagnóstico de risco desta doença. O teste de saliva, para diagnóstico do risco de cárie, tem como objetivo identificar os indivíduos que precisam de medidas específicas para reduzir a velocidade de progressão da cárie, bem como verificar se o ambiente bucal é propício à formação de lesões de cárie, determinando o real risco da doença de um paciente. Complementando, para Toi; Cleaton-Jones; Daya, (1999) enquanto os Streptococcus mutans estiverem associados fortemente com cárie dental, seus níveis salivares são uma ótima indicação do risco de cárie. Bratthall (1980) definiu pacientes de risco à cárie como sendo os expostos a uma maior oportunidade e/ou possibilidade de injúrias. Representados pelos que tenham alta freqüência de ingestão de sacarose, que apresentam um reduzido fluxo salivar e também baixa capacidade tampão da saliva e/ou aqueles com altas contagens de Streptoccocus mutans. A presença de altos números de Streptococcus mutans no biofilme e na saliva (> 106 UFC/mL) é um índice confiável para apontar pessoas de alto risco de cárie. A possibilidade de aparecimento de lesões cariosas aumenta em proporção direta com o grau de presença dessas bactérias no ambiente bucal, constatado por métodos de contagem (LORENZO J.; LORENZO A., 2002; YANO et al., 2002). Revisão da Literatura 23 Nos pacientes de alto risco, a escovação com dentifrícios fluoretados deve estar associada à utilização de substâncias antimicrobianas capazes de atuar no meio bucal, no processo de desmineralização – remineralização, como um meio preventivo seguro e de baixo custo. A eficácia da escovação depende do risco à cárie do paciente e não age isoladamente como um método eficaz na prevenção de cáries, e doenças periodontais (TINOCO E., TINOCO N., 2000). A colonização da cavidade bucal pelos Streptococcus mutans geralmente ocorre durante a infância, sendo transmitida de acordo com o nível de infecção da mãe, detectados na cavidade bucal a partir da erupção dos dentes decíduos, fato relatado por Torres et al. (1999); Castro et al. (2000). Mattos-Granner et al. (1998) relacionaram em sua pesquisa a presença de cárie dental e o quantitativo de Streptococcus mutans na saliva, encontrando uma alta prevalência de Streptococcus mutans em crianças de 12 a 31 meses de idade na amostra estudada. Sugeriram que os níveis salivares desses microrganismos são dependentes do número de dentes irrompidos na cavidade bucal, além de estarem positivamente associados à freqüência e severidade da cárie dental. Entretanto, estudos sobre a etiologia dos Streptococcus mutans em cáries dentais são difíceis de serem realizados devido à falta de técnicas convincentes e confiáveis para o reconhecimento e contagem dos microrganismos do biofilme dental humano. Um método largamente utilizado envolve a cultura de amostras de biofilme dental em ágar Mitissalivarius que é seletivo para o gênero Streptococcus. Neste meio é possível diferenciar o Streptococcus mutans de outras espécies baseado na sua morfologia colonial, este Revisão da Literatura 24 procedimento, no entanto, pode ser tedioso quando um grande número de amostras está envolvido. Com objetivo de desenvolver um meio seletivo para isolamento de Streptococcus mutans do biofilme de humanos, foi utilizado o ágar Mitis-salivarius modificado pela adição de 0.2 unidades/mL de bacitracina e 20% de sacarose. Nestas concentrações, os agentes seletivos permitem o crescimento do Streptococcus mutans com inibição máxima da flora estreptocócica normal encontrada neste meio (GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973). Whiley e Beighton (1998) desenvolveram uma classificação atualizada para estreptococos orais. As mudanças que surgiram na classificação, identificação e nomenclatura dos membros das espécies foram revisadas frente a um plano histórico de gradual melhora das técnicas, levando a uma classificação natural baseada na evidência genotípica. O esquema de identificação corrente, empregando testes bioquímicos foi também revisado, juntamente com alternativa aproximação molecular. Dentro do gênero Streptococcus, os estreptococos orais são as espécies que predominam na cavidade oral e nas vias respiratórias superiores de humanos, podendo causar infecções oportunistas em pacientes imunocomprometidos. Os Streptococcus do grupo mutans são cocos Gram-positivos, imóveis, catalase-negativos, que formam cadeias curtas ou médias. Em ágar Mitis-salivarius crescem como colônias convexas, opacas, com aparência de vidro esmerilhado. No ágar-sangue produzem hemólise tipo alfa (viridante) ou ausência de hemólise. Quando cultivados em presença de sacarose, apresentam cápsula de glicano e levano e produzem polissacarídeos extracelulares insolúveis. Fermentam o manitol e o sorbitol e não são exigentes para seu crescimento como os demais Streptococcus. Desenvolvem bem em pH ácido, em torno de 4,3. Os Streptococcus do grupo mutans são pandêmicos, sendo isolados de populações de diversas origens étnicas e sócio-econômicas. São encontrados em grande número no Revisão da Literatura 25 biofilme isolado de populações cárie-ativas e mais freqüentemente de biofilme de lesões cariosas do que de biofilme que recobrem superfícies dentárias sadias. Existe uma relação entre o nível de infecção por Streptococcus do grupo mutans e o risco de cárie em fissuras e nas superfícies interdentais. Na cavidade bucal humana, predominam as espécies Streptococcus mutans (presentes em 90% das bocas) e Streptococcus. sobrinus (7 a 35% das bocas). A concentração do grupo Streptococcus mutans na saliva humana tem uma variação que vai desde não detectável até 107 UFC/mL, com concentração média de 105 UFC/mL de saliva (BERNIMOULIN, 2003). 2.2 COLUTÓRIOS DE USO ODONTOLÓGICO. Os colutórios bucais são definidos como produtos para uso tópico na cavidade bucal, destinados a funcionar como cosméticos e terapêuticos. Eles podem ser classificados em dois grandes grupos: com fluoretos e com antimicrobianos. Os antimicrobianos à base de clorexidina, óleos essenciais e cloreto de cetilpiridínio são facilmente encontrados no mercado nacional e internacional, sendo considerados coadjuvantes importantes no tratamento dentário (WU; SAVITT, 2002). Os bochechos antimicrobianos reduzem o biofilme visível na superfície dos dentes. A aplicação clínica dos bochechos pode ser dividida em duas categorias: preventiva e terapêutica (FISCHMAN, 1994). A relevância da eficácia dos produtos antibiofilme para a manutenção da saúde bucal justifica a necessidade de realização de novos experimentos. Pitten e Kramer (1999) Revisão da Literatura 26 avaliaram diversas soluções de bochechos contra as bactérias da cavidade oral de dez indivíduos através de um modelo uniforme que permitiu uma comparação direta de diferentes produtos. Os resultados obtidos classificaram as soluções de acordo com suas propriedades: eficácia contra os patógenos do biofilme; substantividade, ou seja, que possua um efeito residual; ação preventiva ou curativa de doenças; forma de uso segura; não provocar efeitos colaterais locais ou sistêmicos importantes e sabor agradável. Segundo Bernimoulin (2003), muitos produtos do biofilme bacteriano reagem com o tecido subepitelial, causando a inflamação responsável por um aumento da vascularidade e diapedese dos leucócitos. Um anti-séptico oral efetivo deve atuar contra uma larga variedade de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, incluindo Streptococci e Fusobacteria. Um agente efetivo ideal deveria também penetrar no biofilme. Dados mostram que bochechos com óleos essenciais e clorexidina têm o mais amplo efeito antimicrobiano contra as bactérias da cavidade oral. 2.2.1 Clorexidina Dentre os antimicrobianos mais utilizados, destaca-se um detergente catiônico, do tipo bisguanidina, disponível na forma de sais de gluconato ou acetato de clorexidina. Devido a seu grande potencial antibiofilme, a clorexidina é a substância de eleição em procedimentos de descontaminação bucal, sendo muito utilizada sob a forma de gel ou solução, principalmente para pacientes que necessitam de uma forma adicional de controle de biofilme microbiano, tais como pacientes de alto risco à cárie, com deficiências físicas e/ou mentais Revisão da Literatura 27 impossibilitados de realização da escovação eficiente, com cárie rampante, com fluxo salivar reduzido, nas doenças periodontais e após cirurgias orais (NAVARRO; CÔRTES, 1995). O potencial da clorexidina como um agente útil em influir na atividade cariogênica foi mencionado há quase 20 anos atrás por Emilson (1977 apud BOWDEN, 1996). Usada ao longo da história por ser segura, possui utilidade em diversas áreas e uma variada aplicação. A clorexidina também pode ser usada como irrigante subgengival, como enxaguatório para controle de aerossóis, como anti-séptico e desinfetante de hospitais, em saúde pública na purificação de água, como produtos de tratamento - incluindo formulações de tratamento, funcionando como chave no controle e prevenção de infecções (SREENIVASAN; GAFFAR, 2002). O advento das soluções para bochechos à base de clorexidina, que é considerado o “padrão ouro” dos agentes antibiofilme, proporcionou um novo impulso nas pesquisas sobre a prevenção de doenças. Além disso, um produto com clorexidina a 0,12%, Peridex – Procter and Gamble Co., Cincinnati, OH., recebeu o Selo de Aceitação do Council on Dental Therapeutics (CDT), sendo aceito como controle positivo, usando as Diretrizes American Dental Association – ADA (ADAMS; ADDY, 1994). De acordo com Reis e Novaes Júnior (1984), duas aplicações diárias de clorexidina tópica a 2% ou sob a forma de bochecho a 0,2% são eficientes para controlar o biofilme supragengival. A superfície dental condicionada com clorexidina rejeita a retenção e crescimento bacteriano. Devido às suas propriedades catiônicas, a clorexidina liga-se a hidroxiapatita do esmalte dentário, à película orgânica e às proteínas salivares, podendo ser liberada quando a sua concentração no meio bucal diminui. Revisão da Literatura 28 Quagliato (1991) concluiu que a clorexidina é uma das substâncias mais estudadas na odontologia há três décadas e, por isso, uma das mais utilizadas entre os antimicrobianos. Na cavidade oral ela age inibindo a formação e na retenção do biofilme com subseqüente lenta liberação, atuando de forma bactericida e bacteriostática. Seu uso mais comum é na forma de bochechos diários. Silva (1994), afirmou que os efeitos colaterais, relativos ao manchamento dos dentes e alterações da mucosa, não foram observados. Entretanto, perda do paladar, e gosto metálico, foram observados por alguns minutos após a realização do bochecho com clorexidina. Bowden (1996) relacionou o Streptococcus mutans com a cárie, o valor dos testes de quantificação para S. mutans no diagnóstico da atividade de cárie e o uso da clorexidina na redução ou eliminação destes microrganismos. Uma avaliação do número de S. mutans no biofilme e na saliva pode ajudar no diagnóstico da atividade de cárie. Em conjunto com este conceito, o controle e prevenção de cárie têm sido buscados com intuito de reduzir o número de colonização bacteriana no indivíduo. É possível conduzir análises clínicas e laboratoriais de amostra de saliva e do biofilme para determinar a presença e número de S. mutans, possibilitando um meio de controle e prevenção da doença. Testes para diagnóstico de cárie que são baseados apenas na microbiologia são confundidos pela natureza multifatorial da cárie. A contagem de microrganismos pode ser útil para estabelecer o padrão microbiológico para dado paciente e ela é essencial para a monitoração no tratamento preventivo com uso de antimicrobianos. Assim, também pode ser usada para estabelecer um padrão normal de colonização para um paciente, e uma divergência desse padrão indicará mudança no status oral, que pode ser incluído como um parâmetro no diagnóstico. A decisão de usar testes Revisão da Literatura 29 microbiológicos para auxiliar o diagnóstico e o uso de clorexidina para reduzir ou eliminar Sreptococcus mutans repousa sobre o profissional. Jones (1997), revisando o uso da clorexidina na prática odontológica, a considerou um dos agentes mais conhecidos e estudados. Sendo do grupo das bisguanidas, com amplo espectro antibacteriano, atinge bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, fungos e alguns vírus. É muito bem aceita pelos odontólogos e freqüentemente usada como controle positivo em estudos que testam produtos alternativos para o controle do biofilme supragengival. Uma das principais indicações da clorexidina é o controle químico do biofilme dental, sendo utilizada nos pós-operatórios nos pacientes com dificuldades motoras e mentais, com problemas sistêmicos que predisponham a infecções orais, pacientes com alto risco à cárie, em uso de terapia ortodôntica, implantodontia e pacientes hospitalizados por um longo período (ADDY; RENTON-HARPER, 1997). Villalpando e Toledo (1997) observaram que a capacidade antibiofilme bacteriano da clorexidina está relacionada com sua substantividade na cavidade bucal, formando complexos reversíveis com macromoléculas presentes no epitélio da mucosa oral e nos dentes. É ratificada por Vasconcelos (2001), que relatou acentuada capacidade de adsorção da clorexidina aos dentes e às superfícies da mucosa oral, com posterior liberação na cavidade oral em níveis terapêuticos no período de 24 horas. Pesquisas epidemiológicas indicam um aumento no isolamento de linhagens clínicas de bactérias resistentes aos antibióticos. Monitoramentos microbiológicos examinaram a flora oral com relação à resistência segundo o uso prolongado de biocidas em Revisão da Literatura 30 adição a susceptibilidade antibiótica de um grande número de linhagens clínicas de bactérias orais comuns obtidas de indivíduos acompanhando o uso de formulações de clorexidina. Demonstraram fornecer benefícios adicionais na redução da gengivite e do biofilme, sem resultar em resistência microbiana ou alterar a flora oral levando a colonização por microrganismos patogênicos ou oportunistas (SREENIVASAN; GAFFAR, 2002). 2.2.2 Listerine O Listerine, anti-séptico bucal que segundo o fabricante Warner Lambert , ajuda a combater os germes que causam o mau hálito e previne a formação do biofilme dental, deve ser usado como bochecho duas vezes ao dia, com 20 mL cada, após escovação ou quando desejado. O Listerine é composto por timol (0.064%), eucaliptol (0.092%), salicilato de metila (0.060%) e mentol (0.042%) em veículo de solução hidroalcoólica a 26.9%. Análises clínicas de curto prazo, com durações entre sete e sessenta dias, demonstraram que Listerine retarda a acumulação do biofilme dentário e reduz a gravidade da gengivite quando usado como suplemento ou na ausência dos procedimentos normais de higiene oral (KENNEDY; KRAVETS, 1970; GOMER et al., 1972; LUSK et al., 1974; FORNELL; SUNDIN; LINDHE, 1975; MENAKER et al., 1979). Estudos realizados sobre os efeitos do enxágüe bucal com Listerine contra mau hálito (halitose) e sua ação anti-séptica frente às bactérias produtoras de compostos responsáveis por esse odor, provaram sua eficácia na redução do nível desses microrganismos Revisão da Literatura 31 e, conseqüentemente, no mau hálito (PITTS et al., 1983). Testes feitos por Lamster et al. (1983) verificaram o efeito de Listerine na redução da extensão e gravidade do biofilme supragengival e gengivite, quando usado como um adjunto a práticas orais usuais. Gordon, Lamster e Seiger (1985) notaram também, que o uso do Listerine como complemento aos procedimentos de higiene bucal ocasionava uma redução global na atividade tóxica do biofilme, bem como, redução na massa do mesmo sem que houvesse a ocorrência de efeitos adversos no tecido mole ou coloração extrínseca do dente. Através de ensaios comparativos desenvolvidos por Axelsson e Lindhe (1987), a respeito de bochechos realizados com os antisépticos Listerine e clorexidina, verificaram a eficiência dos mesmos na redução do biofilme dental e gengivite, no entanto, somente os pacientes que fizeram uso da clorexidina apresentaram ulcerações. O uso de enxaguatórios com Listerine duas vezes ao dia por nove meses induziu uma inibição de biofilme em 13,8%, quando comparado ao veículo controle, e de 19,5% quando comparados com o controle água. O grupo que fez bochechos com Listerine, não desenvolveu mais pigmentação dentária do que o grupo que fez bochechos com água. Por último, o veículo contendo 26,9% de álcool não mostrou uma diferença significativa com a água, confirmando que o álcool não é ativo na inibição de biofilme. A efetividade de Listerine não é devida somente ao teor de álcool, e sim, aos seus ingredientes ativos (GORDON; LAMSTER; SEIGER, 1985). Alguns bochechos podem ter seus efeitos anti-sépticos reduzidos quando em contato com proteínas, e sendo a saliva uma fonte rica em proteínas, acredita-se que esta pode interferir na atividade dos colutórios. Nesse sentido, Ross, Charles e Dills (1989) estudaram a ação das proteínas sobre o Listerine e determinaram a capacidade do mesmo em matar uma Revisão da Literatura 32 ampla faixa de bactérias e a não inibição dele pela presença de proteínas. Nenhum microrganismo resistente, oportunista ou patógenos orais prováveis emergem como resultado do uso diário de longa duração de Listerine, sendo o primeiro enxaguatório sem prescrição a receber o Selo de Aceitação do “Council on Dental Therapeutics” como seguro e efetivo no auxílio da prevenção e redução de acúmulo de biofilme supragengival e gengivite quando usado em um programa de higiene oral e tratamento profissional regular aplicado de forma consciente. A prevenção e/ou a redução do biofilme, determinada pelo Listerine, se deve a uma potente atividade antimicrobiana que essa substância possui, uma vez que a mesma promove alterações na superfície celular da bactéria e, assim, interfere na colonização inicial da microbiota inativando o crescimento do biofilme (OVERHOLSER et al, 1990; KUBERT et al, 1993; OLIVEIRA et al, 1998). Sperança e Barbosa (1993) afirmaram que o Listerine é capaz de exercer atividade inibitória sobre o Streptococcus mutans, sendo bacteriostático nos períodos de trinta segundos a três minutos e bactericida após esse período. Whitaker et al. (2000) sugeriram que há uma associação entre doença periodontal avançada e condições sistêmicas, tais como doença da coronária. Investigaram se a exposição dos patógenos orais ao Listerine afeta a agregação de plaquetas do indivíduo. Demonstraram que o uso de colutórios contendo óleos essenciais tem uma variedade de efeitos, além e acima de eliminação direta da bactéria, que podem ter relevância clínica. Revisão da Literatura 33 O Listerine é o mais antigo produto de higiene oral do mercado. Seus ingredientes ativos consistem numa combinação de óleos essenciais de plantas. Evidências clínicas da segurança desse produto foram baseadas em mais de cem anos de uso e na baixa incidência de queixas. Todos os óleos foram estudados individualmente e considerados seguros para o uso tópico em mucosas da boca e garganta na forma de bochechos, gargarejos e sprays nas concentrações de: 0.04 a 2.0% de mentol, 0.025 a 0.1% de eucalipitol, e acima de 0.4% de metil salicilato. Estudos toxicológicos mostraram que quando os componentes que formam o Listerine são combinados, produzem um composto seguro e sem efeito adverso de nenhum componente em particular. Apesar de alguns relatos sobre uma sensação inicial de queimor e gosto amargo, esses efeitos cessaram após alguns minutos do uso. Não houve lesão de mucosa oral com o uso do produto. Não se detectou surgimento de microrganismos oportunistas ou patógenos potenciais na flora de usuários de Listerine (WU; SAVITT, 2002). Revisão da Literatura 34 2.3 ASPECTO SÓCIO–ECONÔMICO DOS FITOTERÁPICOS. A Organização Mundial de Saúde – OMS estima que 80% das pessoas nos países em desenvolvimento confiam na medicina tradicional para os cuidados primários de saúde e que 85% desta medicina tradicional envolve o uso de extratos de plantas (FARNSWORTH; SOEJARTO, 1985). Definição sobre a fitoterapia, dada por Ferreira (1998), significa a expressão genérica ao tratamento de doenças por meio de medicamentos originados exclusivamente de material botânico integral ou de extratos. A Organização Mundial da Saúde define fitoterápico como “qualquer produto medicinal acabado e rotulado que contenha como ingredientes ativos, partes aéreas ou subterrâneas de plantas, ou outro material derivado de plantas, ou combinações destes, quer em estado natural, quer como preparado de plantas” (OMS, 1991 apud ELDIM; DUNFORD, 2001). Desde o início da civilização, o homem faz uso das plantas pela necessidade de sobrevivência, levando-o à descoberta de possíveis aplicações terapêuticas de determinadas espécies (MATOS, 1999). Entende-se por planta medicinal qualquer vegetal produtor de drogas ou de substâncias bio-ativas utilizadas, direta ou indiretamente, como medicamento (BRAGANÇA, 1996). Segundo Matos (1999), uma planta é considerada medicinal quando, através da experimentação científica, tiver validado suas ações farmacológicas e, portanto, possa ser usada na terapêutica ou como matéria-prima para a fabricação de medicamento fitoterápico. Revisão da Literatura 35 O Brasil possui a maior biodiversidade vegetal do mundo, em torno de 55.000 espécies de um total mundial estimado de 350.000 a 550.000, estando o nordeste entre as regiões que apresentam uma grande diversidade de plantas, característica que quando somada às particularidades sócio-econômicas da região se constituem em fatores responsáveis pela tradição do uso de plantas medicinais. Apesar da riqueza da flora brasileira, com cerca de 55 mil espécies vegetais catalogadas, dentre as espécies, 10 mil podem ser medicinais, aromáticas ou úteis (FERREIRA, 1998). Tem crescido gradualmente e de forma significativa no Brasil nos últimos anos, o uso das plantas no meio urbano como alternativa e complemento aos medicamentos no tratamento de algumas doenças, isso se deve, principalmente, às terapias naturais, através do uso de compostos de plantas com finalidades farmacêuticas. Além disso, a crise econômica, o alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil acesso da população à assistência médica e farmacêutica e os efeitos colaterais causados pelos fármacos sintéticos, são alguns dos fatores que têm contribuído para a utilização de tal recurso através da medicina popular, mesmo em camadas sociais que até então não a empregavam (SIMÕES, 2000). Estima-se que 60% dos brasileiros recorrem às plantas medicinais, principalmente por falta de recursos. O Brasil está em sétimo lugar no mercado mundial de produtos farmacêuticos, entretanto, 60% dos remédios são consumidos por apenas 23% da população (VAITSMAN, 1995). Nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, onde persistem os grandes bolsões de pobreza, os fitoterápicos representam uma opção terapêutica ou complementar ao tratamento convencional. Além disso, ampliam o número de benefícios de programas de saúde, bem como diminuem os custos operacionais dos medicamentos alopáticos. As análises experimentais são fundamentais, principalmente, porque muitas plantas, embora venham sendo utilizadas comumente, podem provocar reações tóxicas ao Revisão da Literatura 36 organismo, seja pelo seu uso incorreto quanto à denominação da planta ou pela dosagem inadequada (BONFIM, 2001). A relevância social das plantas medicinais foi abordada pela Organização Mundial de Saúde – OMS, quando publicou uma resolução determinando a criação de um programa mundial para avaliar as espécies vegetais utilizadas na medicina popular com a finalidade de estimular sua utilização, conforme Bragança em 1996. À luz da importância cultural e sócio-econômica das plantas utilizadas como medicinais pelo povo e diante da necessidade do reconhecimento destas plantas pela ciência ortodoxa, através da caracterização farmacológica e toxicológica, Bomfim em 2001, elucidou o exposto através de pesquisa etnofarmacológica realizada na Universidade Federal de Sergipe. A interação entre o conhecimento popular e o saber científico é altamente vantajosa, pois contribui, preliminarmente, para: o resgate das informações populares a respeito do uso das plantas; o cultivo das espécies estudadas e validadas cientificamente, implementação de hortas comunitárias e de farmácias vivas locais colaborando para a preservação das espécies nativas. Numa esfera maior, a descoberta de plantas medicinais e o saber a elas associado incluem diversos benefícios sociais, tais como: atividades econômicas ligadas ao plantio (processamento e comercialização), melhores condições de assistência à saúde, benefícios ambientais com a preservação dos ecossistemas, possibilidade da substituição de fármacos importados, surgimento de novos modelos para a síntese de fármacos e de ferramentas farmacológicas, conservação dos recursos genéticos como fonte potencial de fármacos para Revisão da Literatura 37 doenças ainda desconhecidas e possibilidade de descoberta de novos compostos ativos contra microrganismos resistentes (ELISABETSKY, 1997). Serrano (1985) afirmou que vários medicamentos da medicina oficial tiveram suas bases nas plantas popularmente conhecidas, corroborando com Farnsworth e Soejarto (1985) relataram que 74% das 119 drogas desenvolvidas a partir de plantas tiveram como guia o uso destas pela medicina popular. A coleta dos espécimes vegetais deve levar em conta qual órgão ou parte da planta adequada: raiz, caule, folha, casca, entrecasca ou a planta inteira. Deve-se considerar o estágio de desenvolvimento, a época do ano e até mesmo a hora do dia ideal para a coleta. Alguns cuidados devem ser tomados no sentido de se evitar coletar em plantações situadas próximas de estradas, rodovias, lavouras que utilizam agrotóxicos e à margem de cursos d’água contaminados com produtos químicos (MARTINS, 1998). As propriedades farmacológicas que as ervas medicinais podem oferecer variam de acordo com a natureza dos compostos químicos – princípios ativos – que as mesmas apresentam, sendo assim, alguns aspectos devem ser respeitados durante a avaliação das potencialidades terapêuticas das plantas consideradas como medicinais, partindo, por exemplo, da seleção adequada do método de extração dos constituintes químicos (CRUZ, 2002). Esses compostos são classificados nos seguintes grupos: óleos essenciais, ácidos orgânicos, alcalóides, flavonóides, glicosídeos cardioativos, glicosídeos cianogênicos, taninos, mucilagens e pectinas, compostos fenólicos, antraquinonas, cumarinas, “bitters” ou medicamentos amargos e saponinas (MARTINS, 1998; ELDIM; DUNFORD, 2001). Revisão da Literatura 38 A combinação entre as informações populares sobre o uso das plantas medicinais e os estudos farmacológicos e químicos, permitiu a descoberta de inúmeros fármacos usados atualmente na clínica odontológica (BARREIRO, 1990). A eficiência de ervas medicinais, tanto nos cremes como nos colutórios bucais para o tratamento do biofilme dentário, foi investigada por Willershausen (1994), cujos resultados sugeriram que os ingredientes herbáceos podem ser empregados como apoio à terapia das doenças periodontais e como profilaxia de rotina. Desse modo, várias plantas de uso medicinal tiveram suas propriedades antimicrobianas testadas e atualmente são empregadas como preventivo a algumas infecções, a exemplo da amina, da camomila, da hortelã, da sálvia, do cravo-da-índia e do juá que se constituem em alguns fitoterápicos de grande interesse no uso odontológico. Silva (2001) relatou que na odontologia o uso de plantas medicinais não é tão restrito e que plantas como romã, pitanga e girassol são utilizadas no serviço público e na clínica privada há mais de dez anos. Esclareceu que a fitoterapia não é uma terapia especificamente conduzida para as populações pobres, não sendo uma alternativa, mas uma conduta clínica criteriosa pela qual o profissional opta por ser eficaz, por provocar efeitos colaterais mínimos e por estar ao alcance de todos. Swerts et al. (2002) expõem a atividade da própolis contra patógenos bucais, principalmente sua ação antibacteriana in vitro contra as bactérias cariogênicas entre elas os Streptococcus mutans. O potencial terapêutico da própolis varia de acordo com a ecoflora da coleta, com gênero da abelha coletora e com a forma de preparo. A própolis nos estudos in vitro foi eficaz na inibição de bactérias cariogênicas e patógenos periodontais. Revisão da Literatura 39 Sato et al. (1998) e Takahashi et al. (2003) afirmaram que o uso da mastigação lenta de goma de mascar com extrato de eucalipto mostrou reduzir o número de bactérias da saliva, índice de biofilme e índice gengival. Sugeriram que a eficiência dos métodos de higiene oral tradicional pode ser devida, em parte, aos componentes antimicrobianos extraídos de plantas presentes nos produtos. Carvalho (1999) e Cruz (2002) num levantamento etnofarmacológico no semiárido de Sergipe, citaram uma variedade de plantas utilizadas para diversos fins. Dentre as quais, Cruz (2002) mencionou o potencial antimicrobiano de algumas delas, a exemplo da cabaceira (Lagenaria vulgaris Ser.); da sacatinga (Croton argirophyloides Mull.), do juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.), da quixabeira (Bumelia sartorum Mart.), do jatobá (Hymneaea courbaril L.), da catingueira (Caesalpínia pyramidalis Tull.) e do sambacaitá (Hyptis pectinata (L.) Poit.). O estudo conduzido por Carvalho (1999), no povoado de Curituba (SE), a respeito das plantas medicinais da caatinga, correlaciona aspectos sociais, culturais e farmacológicos sobre a fitoterapia na região. Identificou 44 espécies como fitoterápicos classificados de acordo com os critérios de atividade biológica. Uma das mais freqüentes utilizações encontrada na comunidade foi o uso dermatológico como anti-séptico e cicatrizante, que justifica pela própria característica da flora da caatinga, que apresenta adaptações, entre as quais, a presença de espinhos. Quanto às formas de preparo, registraram-se dez técnicas: infusão, decocção, alcoolaturas, xarope ou lambedor, garrafadas, compressas, banhos, cataplasmas, tintura e ungüento, além do uso na dieta e bochechos. O sambacaitá foi uma das plantas mais conhecidas e utilizadas, tendo indicação popular para os diversos tipos de inflamação, sob a forma de chás e bochechos. Revisão da Literatura 40 2.3.1-Hyptis pectinata (L.) POIT.: Matéria Prima Vegetal. O gênero Hyptis pertencente à família Lamiaceae, possui mais de quarenta espécies espalhadas pela América, oeste africano, oeste indiano, ilhas Fiji (Oceania) e nordeste brasileiro (PIETSCHMANN et al., 1998). Hyptis pectinata (L). Poit. (Lamiaceae) é uma espécie aromática, em Sergipe e Alagoas essa planta ocorre naturalmente de forma selvagem em campos, matas e estradas e em volta de residências, conhecida popularmente como sambacaitá ou canudinho sendo vastamente utilizada para problemas gastrintestinais. É um arbusto perene com galhos eretos, e baixa densidade foliar (BISPO et al., 2001). A utilização dessa planta limita-se ao uso popular, sendo comum sua presença em hortas e jardins, porém o extrativismo é a forma usual de obtenção, o que na maioria das vezes, tem acarretado em perdas mesmo antes de serem estudadas. O seu uso mais freqüente é a ingestão na forma de chás (decocções ou infusões) e bochechos, sendo considerada um antiinflamatório natural (CARVALHO, 1999). A medicina popular usa a parte aérea da Hyptis pectinata para tratamento de infecções no aparelho respiratório, congestão nasal e algumas manchas de pele. As principais aplicações são como: bactericida, antimicótico e antiviral (MALAN et al., 1988). O extrato aquoso da planta mostrou efeito antinociceptivo e antiedematogênico, com redução dos sintomas em até 54% quando aplicado na dosagem de 400mg/kg, validando o uso popular da espécie (BISPO et al., 2001). Pereda-Miranda et al. (1993) mensuraram a atividade antimicrobiana da Hyptis pectinata, a partir do extrato bruto e de seus componentes, através do teste de difusão em Revisão da Literatura 41 ágar. Observaram que o pectinolide A, um componente encontrado em grande quantidade na Hyptis pectinata, tinha a maior atividade antimicrobiana entre todos os outros componentes, além de mostrar uma significante atividade contra bactérias Gram-positivas e uma grande sensibilidade contra Staphylococcus aureus e Bacillus subtilis. Melo Júnior et al. (2000) selecionaram plantas, a partir de um estudo etnobotânico e quimiossistemático, visando encontrar espécies com ação antimicrobiana sobre microrganismo presente na alveolite. Verificaram que a Hyptis pectinata foi eficaz contra o Enterococcus Grupo D e o Streptococcus viridans. Bispo et al. (2001) realizaram o isolamento e identificação dos constituintes fixos e voláteis da Hyptis pectinata, além da avaliação da atividade dos extratos aquosos e metanólicos. A espécie estudada foi coletada na farmácia viva do Parque da Sementeira, em Aracaju-SE, sendo transformada em extrato e óleo essencial. A partir do óleo essencial foi possível identificar os componentes, num número de 33, tendo como principais o βcariofileno, o ∆-cadineno e o β-selineno. Demonstraram que o extrato aquoso da Hyptis pectinata teve efeito antinociceptivo e antiedematogênico, com dose de até 5mg/kg não apresentando ser letal, fato que sugere baixa toxidade do extrato. A Universidade Federal de Sergipe através do Departamento de Engenharia Agronômica vem aprofundando estudos na tentativa da domesticação dessa espécie, uma vez que muito pouco se conhece de suas características agronômicas. O cultivo de plantas medicinais é considerado uma das etapas que mais pode interferir na produção de um fitoterápico, tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo. Estudos sobre os constituintes químicos e atividades farmacológicas do óleo essencial são necessários para a Revisão da Literatura 42 seleção de genótipos, que agronomicamente demonstrem potencialidades que serão aliadas aos conhecimentos fitoterápicos. Experimentos realizados por Silva-Mann et al. (2003), avaliando o teor de óleo essencial, não demonstraram diferença significativa entre os vários genótipos testados. Verificaram os constituintes químicos do óleo essencial extraído em diferentes épocas de corte, visando à identificação de princípios ativos que possam sofrer variações diante das diferentes épocas de colheita. Tais informações contribuíram para avaliação diante das mudanças sazonais e para definição da melhor época de colheita. Fragoso-Serrano, Gibbons e Pereda-Miranda (2005) avaliaram a atividade antibacteriana da Hyptis pectinata contra Staphylococcus aureus comparando essa atividade com medicamentos clínicos padrões. Correlacionaram poderosa propriedade contra cepas de linhagens resistentes aos medicamentos tradicionalmente potentes. 2.4 ÓLEOS ESSENCIAIS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA. Os óleos essenciais são metabólitos orgânicos de origem vegetal, com características voláteis, refringentes, lipossolúveis, geralmente aromáticos, de odor característico, composição heterogênea, extraídos de vegetais ou de parte deles por arrastamento com vapor d’água. Podem estar presentes em um só órgão vegetal ou em toda a planta, onde atuam atraindo insetos polinizadores, regulando a transpiração e intervindo como hormônio na polinização (MARTINS, 1998). Tais produtos naturais são responsáveis por grande movimentação econômica, sendo utilizados em diversos setores industriais: alimentos, cosméticos e farmacêuticos (MANCINI; HANAI, 1991). Revisão da Literatura 43 A ISO (International Standard Organization) definiu óleos voláteis como os produtos obtidos de plantas através de destilação por arraste com vapor d’água, bem como os obtidos por prensagem - método empregado para extração de óleos vegetais de frutos cítricos (SIMÕES, 2000). Óleos e extratos de plantas têm sido usados de uma diversidade de formas e propósitos há milhões de anos. Esses propósitos variam desde o uso em perfumaria à essência de bebidas, incluindo a preservação de comida crua e processada, na farmacêutica e terapias alternativas médicas e naturais (MISHRA; DUBEY, 1994; JONES, 1996; LIS-BALCHIN; DEANS, 1997). Historicamente, óleos e extratos de plantas têm sido citados por suas atividades antimicrobianas e uso como anti-sépticos tópicos. É de grande importância investigar cientificamente as plantas utilizadas na medicina tradicional como fontes de novos componentes antimicrobianos (MITSCHER et al., 1987). Martins (1998) relatou algumas propriedades a cerca dos óleos essenciais, destacando as seguintes: antiviral, antiespasmódica, analgésica, bactericida, cicatrizante, expectorante, relaxante, anti-séptica das vias respiratórias, vermífuga e antiinflamatória. No entanto, Simões (2000) advertiu que altas doses ocasionam efeito abortivo e irritante no trato gastrintestinal. O que pode desencadear náuseas, vômitos, diarréias e intoxicações graves levando ao colapso respiratório. Mudança na composição de um óleo essencial pode influenciar na sua atividade antimicrobiana, para isso, os seguintes fatores devem ser considerados: a fonte botânica Revisão da Literatura 44 (alguns óleos comerciais são procedentes de diferentes espécies), a proveniência do material da planta, o tempo de colheita, se o material é fresco ou seco e a técnica de extração (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987). Os óleos essenciais têm uma composição química complexa, apresentando algumas centenas de constituintes, especialmente, hidrocarbonetos e substâncias terpênicas oxigenadas (álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos, fenóis, óxidos, lactonas, éteres e ésteres). Assim, é muito importante que a proporção natural das substâncias seja mantida durante a extração dos óleos essenciais das plantas por algum procedimento. Os métodos mais comuns para a extração de óleos essenciais são hidrodestilação, arraste a vapor, extração por solvente e a extração por fluído supercrítico. É importante que o método de extração mantenha as características naturais do óleo preservando-o da degradação térmica, hidrólise e contaminação por solvente (LACERDA, 1999). De acordo com Carson, Hammer e Riley (1995), a eficácia antimicrobiana de um óleo essencial ou de seus componentes é, geralmente, descrita como concentração inibitória mínima (CIM), que é a concentração mais baixa capaz de inibir o crescimento de um microrganismo. Janssen, Scheffer e Baerheim Svendsen (1987) realizaram uma revisão literária sobre a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais durante a década de 1976 a 1986, com enfoque nos métodos utilizados para testar os óleos. Classificaram as técnicas de acordo com a necessidade ou não de dispersão homogênea em água. Uma técnica que não requer a dispersão homogênea em água é a técnica em ágar, que utiliza: discos, furos ou cilindros como reservatório, ou ainda, discos como fonte de vapor. As técnicas que requerem uma Revisão da Literatura 45 dispersão homogênea em água são chamadas de técnicas de diluição e são usadas para determinar: CIM ou CBM (concentração bactericida mínima), curvas de crescimento, propriedades inibitórias de crescimento, o período anterior ao crescimento fúngico e atividade anti-séptica. Em estudos recentes sobre a técnica em ágar, a influência do teor de ágar na solubilidade de alguns constituintes do óleo foi estabelecida. O alto teor de ágar e a baixa solubilidade geraram uma das menores zonas de inibição. Os valores de CIM podem ser determinados tanto em meio líquido quanto em meio sólido e a turbidez do meio é tida como a indicação de densidade bacteriana. O direto envolvimento de um organismo teste é um importante fator na determinação da atividade antimicrobiana da substância. Os constituintes do meio podem reagir com os componentes do óleo, ativando ou inativando-os. Todos os óleos essenciais têm uma solubilidade limitada em meio aquoso. O Tween 20 ou 80 (0.5 - 20%) ou outros detergentes convenientes foram usados para promover a distribuição do óleo em meio aquoso sem destruir os efeitos antimicrobianos (CARSON; RILEY, 1993). Dada a natureza volátil dos óleos essenciais e solventes, o possível efeito de transferência da fase de vapor entre os poços nas placas de micro-titulação seladas, deve ser considerado. Além do mais, é necessário estabelecer se a adição direta do solvente não exerce nenhum efeito antibacteriano (SHAPIRO; MEIER; GUGGENHEIM, 1994). Para Carson, Hammer e Riley (1995), os testes de difusão, nos quais o agente é aplicado a um poço ou no centro de um disco de papel em uma placa com ágar semeada com os microrganismos testes, são inadequados para testar óleos essenciais, uma vez que seus componentes não são miscíveis em água. Afirmaram ainda que, quando antimicrobianos não Revisão da Literatura 46 solúveis em água são testados, assim como os óleos essenciais, se faz necessária a aplicação de um emulsificante ou solvente no meio testado para garantir contato entre o microrganismo teste e o agente durante o experimento. Os agentes mais utilizados são o Tween 80, Tween 20, etanol e DMSO (dimetil sulfóxido). Alguns agentes, entretanto, podem causar mudanças nas propriedades físico-químicas do sistema testado, resultando em aumento ou redução da atividade antimicrobiana. O agente emulsificante (Tween 80) é usado em experimentos porque não interfere com as propriedades antimicrobianas do óleo essencial. Hammer, Carson e Riley (1996) determinaram a susceptibilidade de uma variedade de microrganismos transientes e comensais da pele ao óleo essencial de Melaleuca alternifolia. O método de micro-diluição em caldo foi utilizado para determinar o CIM e a Concentração Bactericida Mínima (CBM) do óleo essencial, e o Tween 80 (na concentração de 0.001%) foi adicionado ao meio para possibilitar a solubilidade do óleo. Concluíram, com relação aos microrganismos Gram-negativos, que o valor da CIM geralmente corresponde ao valor da CBM, e isto pode ser um indicativo de efeito bactericida. Em contra partida, microrganismos Gram-positivos possuem uma larga diferença entre os valores do CIM e CBM sugerindo que o óleo essencial de Melaleuca alternifolia pode exercer um efeito bacteriostático sobre estes microrganismos. Smith e Navilliat (1997) descreveram um novo protocolo para os testes de antimicrobianos tópicos de óleos essenciais não comercializados oficialmente, através de modificações nas regras propostas pela Food and Drug Administration (FDA), para drogas antimicrobianas tópicas. A FDA propõe que as formulações finais de anti-sépticos solúveis e/ou miscíveis em água sejam bactericidas e/ou bacteriostáticas. Este novo método, para teste de óleos essenciais insolúveis em água usando um solvente não tóxico, promoveu um Revisão da Literatura 47 mecanismo com capacidade de reconhecimento geral da eficácia das drogas anti-sépticas com base em óleos essenciais, estando em acordo com a FDA. Existe um considerável interesse pelo desenvolvimento de métodos confiáveis para avaliação e comparação de propriedades antimicrobianas de várias misturas com óleos, bem como, criação e reprodução de uma formulação que otimize sua reprodutibilidade, sendo assim exigido, dos métodos atuais, uma maior confiança no uso do Tween na determinação do CIM dos óleos essenciais (MANN; MARKHAM, 1998). Souza et al. (1998) investigaram o óleo essencial da flor de Egletes viscosa L. com relação aos seus efeitos antinociceptivos e anticonvulsivantes em camundongos e a sua eficácia antibacteriana contra Staphylacoccus aureus, in vitro. Observaram que o óleo mostrou boa atividade antibactariana contra cepas resistentes de Staphylococcus aureus a um CIM entre 0,625 e 2,5 mL/mL. Mann e Markham (1998) desenvolveraram um método de micro-diluição em caldo conveniente para determinar a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais usando um estabilizador químico e microbiologicamente inerte (corante resazurina), que é um indicador capaz de demonstrar com segurança o CIM, tanto visualmente como instrumentalmente. Verificaram numa leitura visual e fotométrica que as placas de micro-titulação apresentavam resultados que poderiam ser avaliados sem instrumentação. A precisão do método da resazurina foi confirmada pelos valores da CIM em placas de micro-poços e comparados com os resultados obtidos pelo método de diluição em ágar. Concluíram que os valores para os CIM obtidos pelo método da resazurina foram levemente menores que os valores obtidos pelo método de diluição em ágar, indicando que o primeiro método é mais sensível. Revisão da Literatura 48 As folhas de Hyptis suaveolens são usadas na medicina tradicional como agente anticancerígeno, como contraceptivo (em mulheres), para o tratamento de cólicas, dores estomacais e febre. Asekun, Ekundayo e Adeniyi (1999) estudaram as atividades antibacteriana e antifúngica do óleo essencial das folhas de Hypis suaveolens diluído em DMSO através do método disco difusão. Os resultados mostraram significante atividade inibitória contra duas bactérias Gram-positivas, quatro Gram-negativas e também grande atividade contra Candida albicans. Hammer, Carson e Riley (1999) testararam um largo número de óleos essenciais e extratos de plantas contra diversos tipos de microrganismos abrangendo Gram-positivos, Gram-negativos e um fungo. Utilizaram o método de diluição (v/v) tanto em ágar, como o de micro-diluição em caldo, para obtenção da CIM. Os resultados foram comparados às CIMs obtidas em ágar e em caldo onde as diferenças mostraram-se demasiadas, sendo a maior diferença para a Candida albicans, com óleo essencial de Santalum álbum. Concluíram que muitos óleos essenciais e extratos de plantas possuem atividade antibacteriana e antifúngica in vitro, porém, o seu uso na preservação de comidas e em propósitos medicinais requerem mais estudos. As substâncias naturais têm atraído a atenção dos consumidores pela sua segurança, por isso estudos científicos sobre óleos foram realizados com a finalidade de se conhecer ainda mais sobre as suas utilidades. Uma das teorias sobre os mecanismos de ação dos óleos é a de que a ação dos terpenos lipofolícos, presentes nos óleos, sobre os fosfolípidios da membrana celular das bactérias poderia destruir sua estrutura e função (COX; MANN; MARKHAM, 2000). Revisão da Literatura 49 Em 2000, Christoph, Kaulfers e Stahl-Biskup compararam a atividade antimicrobiana e antifúngica dos óleos de tea tree, óleo cajuput, óleo niaouli, óleo kanuka e óleo manuka in vitro. As CIMs encontradas para dezesseis diferentes microrganismos foram determinadas aplicando o método macro-diluição em caldo. A atividade antimicrobiana e antifúngica do óleo australiano de tea tree (TTO) avaliada, mostrou-se melhor entre todos os óleos testados. O melhor efeito inibitório sobre bactérias Gram-positivas e dermatotipos foi atribuído ao óleo de manuka, devido ao componente β-triketones presente na sua composição química. A atividade antibacteriana do óleo essencial de Chrysanthemum viscidehirtum foi estudada por Khallouki et al. (2000) através do método de diluição em ágar, sendo testada contra uma linhagem de 21 micróbios, onde o óleo exibiu atividade antimicrobiana contra todas as cepas, sendo a Salmonella typhi e Proteus mirabilis as bactérias mais sensíveis. Takaisi-Kikuni, Tshilanda e Babady (2000) através do método de macro-diluição com caldo de Mueller-Hinton, analisaram a atividade antimicrobiana do óleo essencial de Cymbopogon densiflorus. Verificaram que o óleo exibia atividade contra a maioria das bactérias testadas, sendo as Gram-positivas mais sensíveis que as Gram-negativas. A CIM (concentração inibitória mínima) encontrada ficou entre 250 e 500 ppm para Gram-positivas e entre 500 e 1000 ppm para bactérias Gram-negativas. Estes resultados podem justificar o uso da Cymbopogon densiflorus na medicina tradicional, onde são utilizadas no tratamento da asma, febre, frieira, epilepsia, cãibras abdominais e dor em geral. Azevedo et al. (2001) estudaram a variabilidade química no óleo essencial de Hyptis suaveolens. Os óleos essenciais de Hyptis suaveolens coletados de onze localidades do Revisão da Literatura 50 cerrado brasileiro foram investigados pelo método GC-MS. Observaram que os padrões de variação geográfica, na composição do óleo essencial, indicaram que os componentes foram produzidos principalmente em amostras que cresceram em baixas latitudes. Num estudo sobre atividade antibacteriana, através do método de difusão em disco Haznedaroglu, Karabay e Zeybek (2001) observaram que o óleo essencial de Salvia tomentosa inibia notavelmente o crescimento de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas com exceção da Pseudomonas aeruginosa. Ressaltaram o uso dos óleos essenciais na medicina tradicional no tratamento de laringite, faringite, estomatite, gengivite e glossite. Canillac e Mourey (2001) investigararam o comportamento de várias bactérias patogênicas isoladas de produtos alimentícios na presença do óleo essencial de Picea excelsa. A atividade antibacteriana deste óleo foi testada através do método de diluição contra as seguintes bactérias: Listeria, Staphylococcus aureus e bactérias coliformes. Concluíram que uma técnica simplificada pode fornecer bons resultados na determinação da atividade bactericida contra a Listeria. Lambert et al. (2001) determinaram a CIM do óleo essencial de orégano e de dois de seus componentes principais, timol e carvacrol, contra Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus usando uma técnica inovadora. Esta consistia numa análise matemática específica de observação do perfil de inibição de todos os componentes, sugerindo que misturas de carvacrol e timol fornecem um efeito aditivo e que toda inibição do óleo essencial de orégano foi atribuída principalmente a uma ação antimicrobiana desses dois componentes. Este conhecimento ajudou a entender a eficácia desses óleos com respeito à variação de composição de cada tipo de planta, localização geográfica e tempo do ano. Revisão da Literatura 51 A composição química do constituinte volátil da flor de Thymus revolutus Celak, uma planta endêmica da Turquia, foi analisada por Karaman et al. (2001). Vinte e dois componentes foram identificados, e o carvacrol foi encontrado como o componente predominante no óleo. Além disso, o óleo essencial foi testado contra onze bactérias e quatro fungos em diferentes concentrações. Os resultados mostraram que o óleo exibe atividade antifúngica e antibacteriana significantes. A investigação da atividade antibacteriana do óleo essencial de folhas de Cinnamomum osmophloeum e de seus constituintes químicos, utilizou nove linhagens de bactérias. Os resultados demonstraram que os óleos da folha do Cinnamomum osmophloeum indígena tinham um excelente efeito inibitório. Estes dados sugerem que o óleo da folha da Cinnamomum osmophloeum é benéfico à saúde humana, com grande potencial em finalidades médicas (CHANG, S. -T; CHEN; CHANG, S. -C, 2001). Em 2002, Rasooli e Mirmostafa testaram a atividade antibacteriana dos óleos essenciais de Thymus pubescens e Thymus serpyllum através do método de difusão em disco. Os óleos mostraram-se fortemente bactericidas mesmo em altas diluições contra as bactérias Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis e Klebsiella pneumoniae com exceção da bactéria Pseudomonas aeroginosa, que mostrou uma reação estática ao óleo de Thymus pubescens e uma resistência ao óleo de Thymus serpyllum. Ressaltaram ainda que, estes óleos possuem propriedades espasmódicas, anti-sépticas e expectorantes. As espécies de plantas, os quimiotipos e as condições climáticas podem interferir na composição dos óleos essenciais, concluindo que os óleos essenciais testados podem ser usados no combate a certos tipos de patógenos. Revisão da Literatura 52 Shafi et al. (2002a) testaram a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de Syzygium cumini e Syzygium travancoricum pelo método de difusão em disco, onde perceberam que os óleos mostraram uma considerável atividade antimicrobiana, especialmente contra Salmonella typhimurium. Relataram que o Syzygium cumini tem sido usado com sucesso no tratamento da disenteria, inflamação e do diabetes mellitus. Utilizando o método de difusão em disco, Shafi et al. (2002b) analisaram o óleo essencial de Aristolochia indica, onde observaram uma atividade antimicrobiana moderada deste óleo contra os seis microrganismos. Relataram o uso tradicional do óleo essencial de Aristolochia indica contra verminoses intestinais, inflamações, cólera, diversos tipos de picadas venenosas e como sedativo suave. Juteau et al. (2002) estudaram a atividade antibacteriana e antifúngica do óleo essencial de Artemisia annua, através do método de difusão líquida, e observaram que o óleo inibia o crescimento de Enterococcus hirae e de fungos. Esta planta é conhecida por suas atividades antiinflamatórias e anticancerígenas. Azevedo et al. (2002) pesquisaram quimiotipos de óleos essenciais da Hyptis suaveolens provenientes do cerrado brasileiro. A composição de nove amostras de óleo essencial em plantas em estágio frutífero de Hyptis suaveolens foi analisada. Os padrões de variação geográfica na composição do óleo essencial indicaram que os componentes são produzidos principalmente em amostras que cresceram em baixas latitudes e longitudes. Cimanga et al. (2002) selecionaram quinze espécies de plantas aromáticas e investigaram a composição química dos óleos essenciais e suas supostas atividades Revisão da Literatura 53 antibacterianas in vitro contra onze bactérias, através do método de disco difusão. Justificaram o uso destas plantas medicinais como remédios tradicionais para o tratamento de algumas infecções. Opalchenova e Obreshkova (2003) investigaram a atividade do óleo essencial de Ocimum basilicum contra as linhagens de bactérias do gênero Staphylococcus, Enterococcus e Pseudomonas utilizando o método de macro-diluição em caldo para a determinação da CIM. Compararam os resultados obtidos de concentrações inibitórias com algumas modificações do método, assim como através da mudança do meio, do tempo de cultivo e do uso de outros diluentes no lugar do caldo. Os dados obtidos depois da aplicação de diferentes métodos de investigação e validados com membrana de filtração, mostraram um forte efeito inibitório do óleo de Ocimum basilicum contra as bactérias testadas. As bactérias tinham um alto nível de resistência e por isso os resultados foram considerados encorajadores. Em 2003, Basim E. e Basim H. utilizaram os métodos de disco difusão e efeito volátil para estudar a atividade antibacteriana do óleo essencial de Rosa damascena, já conhecida por suas propriedades: analgésica, antidepressiva, antiinflamatória, diurética e cosmética. O óleo essencial pode ser um potencial agente controle no tratamento da doença causada por Xanthomonas axonopodis vesicatoria em tomates, uma vez que este óleo inibiu notavelmente o crescimento desta bactéria. Malele et al. (2003) estudaram a composição química do óleo de Hyptis suaveolens oriunda da Tanzânia, bem como testaram sua potencial atividade antifúngica e concluíram que este óleo é um excelente antifúngico. Revisão da Literatura 54 De acordo com Hood, Wilkinson e Cavanagh (2003), o uso dos óleos essenciais como agentes terapêuticos tem se tornado comum popularmente. Entretanto, as pesquisas sobre a atividade antimicrobiana desses produtos têm sido dificultadas pela ausência de métodos padronizados, fazendo com que a comparação direta entre os estudos seja praticamente impossível. Foram avaliados os testes antimicrobianos dos óleos essenciais mais citados na literatura e estimados por sua confiabilidade e habilidade. Os métodos testados foram: difusão em discos e poços, diluição em ágar e caldo. Os quais se apresentaram inseguros e produziram resultados inconsistentes, em conseqüência da dificuldade de obtenção de uma solução estável dos óleos essenciais em meio aquoso, da difusão dos constituintes lipofílicos neste meio, e da variação de métodos para determinar o número de bactérias remanescentes viáveis após a adição do óleo. Um método de diluição em caldo otimizado, usando 0.02% de Tween 80 para emulsificar os óleos, foi desenvolvido e mostrou ser o método mais seguro para testar a atividade antimicrobiana de óleos essenciais viscosos e hidrofóbicos. A concentração de Tween 80 usada neste estudo foi a menor relatada na literatura. Bassole et al. (2003) estudaram a composição química dos óleos essenciais de Lippia chevalieri e Lippia multiflora obtidas por hidrodestilação de folhas secas que são tradicionalmente usados no tratamento da malária, hipertensão, diarréia e como anti-séptico oral. Os óleos solubilizados em Tween 80 foram testados contra nove linhagens usando o método de micro-diluição em caldo. Observaram que as bactérias Gram-negativas foram mais sensíveis e que o óleo de Lippia multiflora foi o mais ativo. Baydar et al., em 2004, utilizaram uma variedade de patógenos potenciais e outras bactérias na avaliação da atividade antibacteriana dos óleos extraídos de plantas pertencentes Revisão da Literatura 55 à espécie Lamiaceae, incluindo Origanum minutiflorum, Origanum onites, Thymbra spicata e Satureja cuneifólia através do teste de difusão em disco de papel e relacionaram com sua composição química. Confirmaram o uso desses óleos essenciais em alimentos para prevenir o crescimento de bactérias e aumentar o tempo de armazenamento dos alimentos processados. Em 2004, Setzer et al. descreveram o uso da folha da Artemisia douglasiana para o tratamento profilático de infecções crônicas de bexiga em um jovem paraplégico e apresentaram a análise química, além da atividade antimicrobiana do óleo essencial desta planta. O óleo essencial mostrou atividade antimicrobiana in vitro limitada, o que torna incerta a sua atividade in vivo. Nostro et al. (2004) avaliaram a susceptibilidade de Staphylococcus isolados e completamente caracterizados como susceptíveis a meticilina (MSS) ou Staphylococcusmeticilina-resistente (MRS), ao óleo de orégano, ao carvacrol e ao thymol. Como a resistência à meticilina é freqüentemente acompanhada pela resistência a outros agentes antimicrobianos, o perfil de susceptibilidade de Staphylococcus resistentes a meticilina frente a vários agentes quimioterápicos foi também avaliado. Indicaram que, em adição a outras propriedades, o óleo de orégano é um potencial agente antibacteriano tópico contra espécies Staphylococcus-meticilina-resistentes (MRS). Benkeblia (2004) estudou o efeito dos óleos essenciais, extraídos de vários tipos de cebolas e alhos, em dois patógenos bacterianos e três espécies de fungos através do teste de difusão em disco. Observou que os óleos essenciais de alho e cebola podem ser utilizados como um antimicrobiano natural pela sua incorporação em vários produtos alimentícios. Revisão da Literatura 56 Sokmen et al. (2004) investigaram a composição química bem como determinaram a atividade antioxidante e antimicrobiana do óleo essencial e do extrato hidrodestilado de Thymus spathulifolius. Sugeriram que o óleo essencial e o extrato de Thymus spathulifolius possuem propriedade antimicrobiana e antioxidante, e também, podem ser usados como um conservante natural nas indústrias alimentícia e farmacêutica. Bruni et al. (2004) determinaram a composição química do óleo essencial da flor Ocotea quixos e proveram o primeiro relato sobre suas propriedades antioxidante, antibacteriana e antifúngica, in vitro. Concluiram que a atividade do óleo contra o fitopatógeno testado pode também abrir a possibilidade do seu uso como um constituinte de fito-complexo para culturas agrobiológicas. Comercialmente, o principal inconveniente destas especiarias, reside em sua produção escassa e localizada. A sustentabilidade ecológica de sua colheita, entretanto, sugere sua exploração como um valioso produto de reserva proveniente do nordeste da Amazônia. 2.5 ÓLEOS ESSENCIAIS NOS REGIMENTOS DE SAÚDE ORAL. The Lancet, jornal Britânico (1929 apud FINE et al., 2000), publicou um relato independente a respeito de uma avaliação de bochechos contendo óleos essenciais, os quais demonstraram ter atividade bactericida significante contra uma variedade de microrganismos e concluiu que os óleos são tanto seguros quanto efetivos. Revisão da Literatura 57 Óleos essenciais, misturas complexas de componentes orgânicos representados pelos princípios odoríferos das plantas, são usados há milhares de anos no controle da dor e odor bucal, e desde o século XIX, na terapia de canais radiculares, restaurações temporárias e tratamento periodontal (MEEKER; LINKE, 1988). Apesar de seu largo uso em higiene oral e dentisteria, a quantidade de dados sobre a atividade dos óleos essenciais ou componentes desses óleos em microrganismos sub e supragengivais é pequena, e a maioria dos dados disponível é relativa a um microrganismo em particular, o Streptococcus mutans (SAEKI et al., 1989). A eficácia de um bochecho antimicrobiano, contendo óleo essencial, no controle do biofilme supragengival e gengivite foi demonstrada em estudos clínicos de curta e longa duração (ROSS; CHARLES; DILLS, 1989; OVERHOLSER et al., 1990). O mecanismo primário da atividade clínica dos bochechos é geralmente o fato dele ser bactericida. Algumas considerações do mecanismo de ação dos bochechos in vivo, devem ser conduzidas no contexto do atual entendimento da natureza do biofilme (PAN et al., 2000). Os efeitos do uso durante seis meses de um bochecho de óleo essencial, não mostraram alteração na composição bacteriana do biofilme supragengival ou emergência de patógenos oportunistas. As bactérias permaneceram susceptíveis a este óleo essencial (OVERHLSER et al., 1990). A capacidade dos enxaguatórios antimicrobianos em reduzir os níveis de microrganismos cariogênicos fornece uma razão adicional para seu uso no regimento diário de higiene oral (FINE et al., 2000). Revisão da Literatura 58 Botelho e Soares (1994) utilizaram o óleo essencial do alecrim-pimenta contra cepas bacterianas do Streptococcus mutans e lactobacilos isolados a partir da saliva e do biofilme bacteriano de crianças que apresentavam um alto risco à cárie. Concluiram que o óleo essencial desta planta é detentor de uma considerável atividade contra tais bactérias. Acrescentaram ainda, o prosseguimento de estudos para elucidar o mecanismo de ação do princípio ativo do óleo que promoveu a inibição do crescimento das bactérias com evidente papel acidogênico e acidúrico no biofilme bacteriano. Shapiro, Meier e Guggenheim (1994) avaliaram a atividade antimicrobiana de alguns óleos botânicos e sua reprodutibilidade. Determinaram a CIM e a CBM em relação a bactérias orais anaeróbias facultativas e fastidiosas. Examinaram as propriedades antimicrobianas do óleo essencial de tea tree, óleo de pimenta (perppermint) e óleo de salva (sage), usando o método de mensuração de densidade óptica em placas de micro-titulação. Os três óleos mostraram propriedades inibitórias contra todas as linhagens de anaeróbias obrigatórias testadas. Já entre os componentes dos óleos essenciais, os mais potentes foram o timol e o eugenol. Groppo et al. (2002) compararam a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de Melaleuca alternifolia, Allium sativum e clorexidina, contra microrganismos orais. Perceberam que os grupos que utilizaram clorexidina e o Allium sativum mostraram atividade antimicrobiana contra Streptococcus mutans, mas não contra outros microrganismos orais. Já o grupo da Melaleuca alternifolia mostrou atividade antimicrobiana contra o Streptococcus mutans e outros microrganismos orais. A manutenção dos níveis de redução de microrganismos foi observada somente com o óleo de Melaleuca alternifolia e de Allium sativum durante duas semanas consecutivas. Alguns efeitos adversos foram relatados, como: Revisão da Literatura 59 sabor desagradável, sensação de queimor, mau hálito e náusea. Concluíram que estes óleos essenciais podem ser uma boa alternativa na substituição da clorexidina. Segundo Shapiro, Meier e Guggenheim (1994) e Groppo et al. (2002), existem evidências científicas que sugerem que óleos essenciais podem ser usados na manutenção da higiene oral e na prevenção de doenças dentárias. Já, de acordo com Hammer et al. (2003), a atividade dos óleos essenciais in vitro contra os microrganismos encontrados na cavidade oral não foi testada extensivamente. Segundo Pan et al. (1999), apesar de estudos laboratoriais não serem necessariamente predictivos de atividade clínica, eles podem ajudar a elucidar o mecanismo da atividade clínica latente. Em estudo clínico, um bochecho de óleo essencial mostrou ser significantemente mais efetivo que o bochecho contendo fluoreto estanhoso na inibição do biofilme supragengival. As bactérias orais estão associadas a muitas doenças sistêmicas como a pneumonia e doenças cardiovasculares. Por esse motivo, enfatiza-se a necessidade de cuidado oral no controle sistêmico da saúde (TAKARADA et al., 2004). O óleo essencial de Melaleuca alternifolia mostrou-se efetivo como uma alternativa nos protocolos para pacientes aidéticos com candidíase orofarigeana refratária ao fluconasol (JANDOUREK; VAISHAMPAYAN; VAZQUEZ, 1998). Para Whitaker et al. (2000), usando tratamento in vitro de células planctônicas, não ficou claro se efeitos similares seriam vistos in vivo, visto que as bactérias estariam contidas no biofilme dentro de uma bolsa periodontal. No entanto, este estudo provê evidência adicional de que o enxaguatório de óleo essencial pode ter efeitos não letais em células microbianas e amplia as descobertas de um estudo anteriormente mencionado por Fine Revisão da Literatura 60 et al. (1996), que embora o mecanismo predominante da atividade antibiofilme/antigengivite deste enxaguatório seja microbicida, sua capacidade para afetar atividades associadas com a superfície da célula pode ter relevância clínica. Fine et al. (2000) realizaram um estudo com a saliva de adultos com pelos menos 105 CFU de Streptococcus mutans. Os participantes foram orientados a bochechar duas vezes ao dia com solução de óleo essencial ou água estéril concomitante à escovação com dentifrício contendo fluoreto. Perceberam que os bochechos com óleo essencial foram 37,1% mais ativos contra Streptococcus mutans do que contra Streptococci total. Todavia, o impacto dos bochechos de óleos essenciais no desenvolvimento e prevalência da cárie dentária não foi avaliado. Portanto, as implicações clínicas são desconhecidas. Concluíram que os bochechos com antimicrobianos são mais freqüentemente recomendados no controle do biofilme supragengival e gengivite para pacientes cujos procedimentos mecânicos de higiene oral são inadequados. Além disso, promoveram uma inclusão racional dos bochechos com óleos essenciais como um adjunto aos procedimentos de higiene oral. Pan et al. (2000) indicaram que bactérias do biolfime podem sofrer mudanças na susceptibilidade a agentes antimicrobianos quando comparadas com as suas formas planctônicas. Determinaram o efeito bactericida de um bochecho contendo óleo essencial nas bactérias do biofilme dental in situ, por meio de análise computadorizada. Suportaram a primazia de um mecanismo bactericida na produção do biofilme e redução da gengivite observada com bochechos contendo óleos essenciais. Em um estudo piloto sobre o efeito clínico e antibacteriano do óleo de tea tree (TTO), Arweiler et al. (2000) compararam o efeito deste óleo com o da água e da clorexidina Revisão da Literatura 61 na formação e vitalidade do biofilme supragengival. Os resultados obtidos não puderam ser comparados com outros estudos por não haver na literatura relatos sobre a eficácia antibacteriana do óleo de TTO no biofilme dental in vivo. Comparando os resultados com um controle positivo e negativo, entretanto, classificaram o efeito do óleo de TTO, que quando usado como uma simples solução de bochecho, não influencia efetivamente na quantidade e qualidade do biofilme supragengival. Estudos do tempo de morte demonstraram um decréscimo rápido de Streptococcus mutans e Lactobacillus rhamnosus depois de 30 segundos de tratamento com 0,5% de óleo de tea tree. Os autores concluíram que as bactérias encontradas na cavidade oral são susceptíveis e morrem rapidamente quando em contato com o óleo de Melaleuca alternifólia (HAMMER et al, 2003). Dessa forma, o uso deste óleo é adequado à cavidade oral funcionando como um eficiente anti-séptico que pode ser utilizado incorporado a produtos de higiene oral como bochechos, dentifrícios e géis dentais ou irrigatórios. Claffey (2003) esclareceu os benefícios dos bochechos com óleos essenciais como um componente seguro nos cuidados diários de higiene oral. Ressaltou que bochechos contento álcool desnaturado como veículo têm aumentado as suspeitas sobre a associação do álcool com o câncer oral. Segundo Seymour (2003), muitas evidências dão suporte ao uso dos bochechos com óleos essenciais em inúmeras áreas da saúde oral, incluindo atividade antimicrobiana, irrigação caseira, manutenção da saúde dos implantes, uso pós-cirúrgico, redução de bactérias do aerossol dental e redução de bacteremia. Revisão da Literatura 62 Saeed e Sabir (2004) testaram a atividade antimicrobiana do óleo essencial extraído do látex resinoso de Commiphora mukul através do método de difusão em disco por zona de inibição e determinaram a CIM. O óleo essencial exibiu uma potente e persistente atividade de inibição contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, enfatizando seu uso na medicina tradicional como bochechos, dentifrícios, em úlceras bucais e faringite. Takarada et al. (2004) investigaram o efeito antimicrobiano dos óleos essenciais contra as principais bactérias da cavidade oral. Determinaram as CIMs e CBMs dos óleos essenciais de manuka, tea tree, eucalyptus, lavandula e romarinus. Todos os óleos inibiram o crescimento das bactérias testadas e a adesão do Streptococcus mutans, sendo o óleo de manuka e o tea tree os que apresentaram maior atividade antimicrobiana contra bactérias periodontopáticas e cariogênicas. Do ponto de vista da segurança, examinaram o efeito desses óleos em células endoteliais do umbigo de humanos e observaram que na concentração de 0.2%, eles exerciam pequeno efeito sobre as células humanas cultivadas. As substâncias antimicrobianas ideais devem ser efetivas contra a maioria dos microrganismos, agir rapidamente, manter boa atividade em baixas concentrações, não possuir efeitos colaterais e não causarem desconforto. 63 OBJETIVOS 64 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL • Determinar a atividade antimicrobiana do óleo essencial de Hyptis pectinata L. Poit (Lamiaceae) frente aos isolados clínicos e cepas padrão de Streptococcus mutans. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Avaliar a atividade antibacteriana de um colutório comercializado contendo clorexidina comparando-o com o Listerine, a base de óleos essenciais, também industrializado e com o óleo essencial de Hyptis pectinata. • Verificar a eficiência de alguns solventes nos testes de difusão em discos na atividade antimicrobiana do óleo essencial de Hyptis pectinata. • Copilar os dados disponíveis na literatura acerca da atividade antibacteriana de óleos essenciais. 65 REFERÊNCIAS 66 4. REFERÊNCIAS ADAMS, D.; ADDY, M. Mouthrinses. Adv Dent Res, v. 8, n. 2, p. 291-301, July/ 1994. ADDY, M.; RENTON-HARPER, P. The role of antiseptics in secondary prevention. Proceedings of the 2nd European Workshop on Periodontology, p. 152-173, 1997. ARWEILER, N. B.; DONOS, N.; NETUSCHIL, L.; REICH, E.; SCULEAN, A. Clinical and antibacterial effect of tea tree oil - a pilot study. Clin. 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O presente trabalho analisou, in vitro, a eficácia do óleo essencial Hyptis pectinata, em comparação com as soluções comerciais, com relação à atividade antimicrobiana sobre os Streptococcus mutans presentes na saliva e cepas padrão, através dos métodos de difusão em disco. Realizou isolamento das bactérias para posterior teste antimicrobiano com as referidas soluções. Em concentração definida, o óleo essencial de Hyptis pectinata, apresenta atividade anti Streptococcus mutans bem semelhante à clorexidina, podendo ser considerada alternativa promissora no controle do biofilme. PALAVRAS-CHAVE: óleo essencial; atividade antimicrobiana; biofilme dental; bochecho. ABSTRACT The preventive dentistry has as main goal the control of the bacterial biofilm, aiming a better level of buccal health. With the purpose of aiding the conventional methods of control of the caries and periodontal diseases, chemical substances are being quite used in the therapeutics odontology. In spite of most absolute of those products to be industrialized, with the development of the fitoterapia a new source of possible medicines has been tested. The present work analyzed in vitro the effectiveness of the Hyptis pectinata essential oil in comparison with the commercial solutions regarding the antimicrobial activity on Streptococcus mutans present in the saliva and pure cultures of ATCC strains through the diffusion methods in disk. It accomplished isolation of the bacteria for subsequent antimicrobial tests with referred solutions. In defined concentration, Hyptis pectinata essential oil presents anti Streptococcus mutans activity very similar to the chlorhexidine, and can be considered a promising alternative in the control of the biofilm KEY WORDS: essential oil; antimicrobial activity; dental biofilm; mouthwash. Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 79 1. INTRODUÇÃO Os dois tipos mais comuns de doenças bucais, cárie dental e doença periodontal, são infecções relacionadas ao biofilme bacteriano. A cárie dental envolve desmineralização, cavitação e quebra do tecido dental mineralizado e é causada por microrganismos que fermentam carboidratos da dieta, especialmente sacarose, para produzirem ácidos que iniciam a dissolução do esmalte dental. Dentre os microrganismos envolvidos no processo de formação do biofilme, o Streptococcus mutans salivar tem sido apontado como agente principal de cariogenicidade, estando sua quantidade diretamente relacionada com o acréscimo do número de colônias totais, permitindo assim o avanço da doença periodontal e da cárie. Um declive no número desse microrganismo é considerado o equivalente ao decréscimo do biofilme, por isso a prevenção de doenças dentais está baseada na administração de produtos que reduzam ao máximo a incidência de Streptococcus mutans (AXELSSON; LINDHE, 1987; HARDIE, 1992). Dessa forma, os bochechos realizados, antes e depois da escovação, têm sido considerados, ao longo dos anos, um adjunto poderoso para os cuidados orais dos pacientes, através da utilização de uma variedade de agentes antimicrobianos como a clorexidina, triclosan, sais metálicos, óleos essenciais e extratos de plantas, os últimos, estão sendo formulados e estudados para examinar sua eficácia clínica na tentativa de inibir o biofilme dental (OWENS; ADDY; FAULKNER, 1997; SREENIVASAN; GAFFAR, 2002). Os colutórios utilizados durante os bochechos contêm surfactantes, álcool, flúor e agentes antimicrobianos. Estes últimos devem ter as seguintes propriedades: largo espectro antimicrobiano, ser eficaz em baixas concentrações, ação rápida, não ser tóxico, não ser irritante, ter sabor e odor neutro, boas propriedades de retenção oral, não interferir na flora oral microbiana, ter regulamentação globalmente aprovada, ser fisicamente estável quimicamente definido e invariável, e ter custo acessível (MORGAN et al., 2001). Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 80 Dentre os enxaguatórios frequentemente prescritos, ressaltam-se a clorexidina e o Listerine, sendo o primeiro considerado um dos mais seguros e eficientes agentes antimicrobianos, porém, possui efeitos adversos importantes como: manchamento dental, sabor desagradável, alteração de paladar, erosão de mucosa e outros (OWENS; ADDY; FAULKNER, 1997). Já o segundo anti-séptico, o Listerine, quando comparado ao primeiro, apresenta menos efeitos colaterais, comprovado em ensaios desenvolvidos por Axelsson e Lindhe (1987), nos quais verificaram a presença de ulcerações apenas em pacientes que fizeram uso da clorexidina. Evidências clínicas da segurança da utilização do Listerine têm sido baseadas em mais de 100 anos de uso e na baixa ocorrência de queixas por parte dos consumidores. Seus ingredientes ativos consistem numa combinação de óleos essenciais (timol, eucaliptol, salicilato de metila e mentol) extraídos de plantas (WU; SAVITT, 2002); um dos motivos pelos quais os produtos naturais têm sido apontados como alternativa na busca de novos fármacos com propriedades antimicrobianas. Além disso, os fitoquímicos têm demonstrado um grande potencial na substituição de produtos químicos sintéticos para prevenção da cárie (HAMMER; CARSON; RILEY, 1999). Estudos etnofarmacológicos realizados por Carvalho (1999) e Cruz (2002), no município de Curituba, Canidé do São Francisco-SE, demonstraram a utilização de plantas na medicina popular na forma de bochechos como indicação para infecções bucais, a exemplo da cabaceira (Lagenaria vulgaris Ser.); da sacatinga (Croton argirophyloides Mull.), do juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.), da quixabeira (Bumelia sartorum Mart.), do jatobá (Hymneaea courbaril L.), da catingueira (Caesalpínia pyramidalis Tull.) e do sambacaitá (Hyptis pectinata L. Poit.). Dentre as espécies supracitadas a Hyptis pectinata (L.) Poit. Lamiaceae é uma das que vem sendo estudada devido a sua ampla utilização na medicina popular, tendo seus Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 81 efeitos antiflamatório, antinociceptivo e antimicrobiano confirmados (PEREDA-MIRANDA et al., 1993; BISPO et al., 2001; FRAGOSO-SERRANO; GIBBONS; PEREDA-MIRANDA, 2005). No Nordeste brasileiro, principalmente em Sergipe e Alagoas, essa planta ocorre naturalmente de forma selvagem em campos, matas e estradas e em volta de residências, conhecida popularmente como sambacaitá ou canudinho. Destaca-se pela sua freqüente utilização, em chás, decocções, infusões e bochechos como antiinflamatório natural (BISPO et al., 2001). Devido ao exposto, o presente trabalho avaliou a atividade antimicrobiana do óleo essencial e do hidrolato puro de Hyptis pectinata (L.) Poit. Lamiaceae frente a amostras clínicas e amostra padrão de Streptococcus mutans. 2. CASUÍSTICA E MÉTODOS 2.1. PRODUÇÃO DA AMOSTRA. Foram selecionados, para coleta de saliva, 10 pacientes voluntários adultos de ambos os gêneros, atendidos no Ambulatório de Odontologia do Hospital Universitário/UFS, seguindo os critérios citados no Quadro 1. Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 82 Quadro 1 – Critérios para participação de voluntários • Indivíduos adultos (18 a 50 anos de idade); • Serem mutans-milionários (> 106 UFC/mL), após o processamento da saliva; • Sem evidências clínicas de gengivite e periodontite; • Presença de no mínimo 70% de dentes na arcada dentária, (20 dentes presentes); • Não serem portadores de rinite e sinusite; • Maior homogeneidade possível quanto à dieta; • Cooperação e habilidade durante a coleta da saliva; • Assinatura do termo de Consentimento Livre Esclarecido do Comitê de Ética; • Não serem fumantes, alcoólatras, imunodeprimidos e desnutridos; • Não serem portadores de dentaduras parciais e aparelhos removíveis; • Foram excluídas as gestantes e as mulheres que fazem uso de medicação contraceptiva; • Excluídos os indivíduos sob terapia com antibióticos, antiinflamatórios e antifúngicos locais (na cavidade bucal) ou sistêmicos. Fonte: (PITTEN; KRAMER, 1999; adaptado). As amostras de saliva foram coletadas no período entre sete e nove horas da manhã, em jejum e sem escovação. De cada voluntário, um volume de cerca de 2 mL de saliva foi depositado em tubos de ensaios estéreis e transportado em gelo até o Laboratório de Microbiologia Aplicada da Universidade Federal de Sergipe, onde foi imediatamente processado. Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 83 2.2 ISOLAMENTO DO Streptococcus mutans. As amostras foram homogeinizadas e diluídas em solução salina na escala de 10-1 a 10-3. Com auxílio de “swabs” estéreis, os inóculos foram semeados em placa de Petri contendo ágar Mitis salivarius, suplementado com 20% de sacarose e 0,2 UI/mL de bacitracina (GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973). Em seguida, foram incubados a 37°C, por 72 horas em condições de microaerofilia. Realizaram-se leituras de 24, 48 e 72 horas. As colônias que apresentaram as características morfológicas típicas das colônias de Streptococcus mutans (convexas, opacas, com aparência de vidro esmerilhado) foram repicadas para tubos contendo meio de cultura ágar triptona soja enriquecido com sangue, e estocadas em freezer a –80°C. Foram testadas sete cepas clínicas de Streptococcus mutans e duas cepas padrão ATCC N° 10449 e 25175. Todo o experimento foi realizado em duplicata e em capela de fluxo laminar. 2.3. ÓLEO ESSENCIAL - Hyptis pectinata (L.) Poit.Lamiaceae. Registro no Herbário da UFS: 7454 Data de colheita: Março/2004 Teor: Os teores foram estimados com base no peso da matéria seca (0,5mL/100 g1) e obtidos utilizando-se três amostras de 75g de folhas secas. 2.3.1. Colheita da planta. As plantas foram obtidas no Campus Rural da UFS localizado no município de São Cristóvão-SE. A colheita foi realizada três meses após o plantio, em março de 2004. As folhas foram secas em estufa a 40°C, até peso constante. Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 84 2.3.2. Extração, análise e identificação do óleo essencial: A extração do óleo essencial foi realizada no Laboratório de Fitotecnia do Departamento de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS), pela técnica de hidrodestilação em aparelho do tipo Clevenger onde foi obtido além do óleo o hidrolato (GUENTHER, 1972). Amostras dos óleos foram analisadas utilizando-se cromatografia gasosa em equipamento Shimadzu QP5050A interfaceada com espectrômetro de massa (CG/EM) dotada de: coluna capilar DB-5 (30m x 0,25mm x 0,25µm) conectado em um detector operando em impacto eletrônico a 70V; gás de arraste Hélio (fluxo 1 mL/min) e programação: 80oC (1 min), 3oC/min, 180oC (0 min), 10oC/min, 300oC (3 min), tipo de injeção split 1:100. Os cálculos dos índices de retenção foram feitos através da co-injeção de n-alcanos. A identificação dos constituintes do óleo essencial foi efetuada baseada nos índices de retenção (ADAMS, 1995) e pela comparação do espectro de massa com o banco de dados da biblioteca NIST21 e NIST107. A concentração dos constituintes foi calculada a partir da área de pico do CG e arranjado em ordem de eluição (Tabela 1). Durante e após as análises, o óleo foi estocado em frascos âmbar estéreis a -4°C. Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 85 Tabela 1 - Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis pectinata. Pico No TR Composto (%) IRR exp.* IRR lit.** (min) 1 4.050 -Pineno 1.39 937 939 2 4.700 1-Octen-3-ol 2.23 975 978 3 4.817 -Pineno 6.95 982 980 4 5.867 Limoneno 2.06 1030 1031 5 7.550 Linalol 1.54 1099 1098 6 16.375 -Copaeno 2.40 1381 1376 7 16.867 -Elemeno 2.15 1396 1391 8 17.800 Cariofileno 18.34 1425 1418 9 18.900 -Cariofileno 1.50 1459 1454 10 19.758 Germacreno-D 3.07 1486 1480 11 20.050 Guaieno 3.76 1495 1490 12 20.258 Biciclogermacreno 1.49 1502 1494 13 20.525 -Bisaboleno 1.17 1510 1509 14 20.758 -Cadineno 1.75 1518 1513 15 21.025 Trans-Calameno 2.40 1527 1532 16 21.958 Epi-Longipanol 1.07 1558 1561 17 22.708 Globulol 1.24 1583 1583 18 22.892 Òxido de Cariofileno 18.00 1589 1581 19 23.683 Não identificado 1.17 1618 20 23.833 Cubenol 1.66 1621 1614 21 25.767 Não identificado 24.68 1687 * IRR exp. = Indice de retenção relativo aplicando a equação de Van den Dool, H. e Kratz, P.D., J. Chrom., 1963, 11, 463. ** Adams, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatograpy/mass spectroscopy. Illinois USA: Allured Publishing Corporation, Carol Stream, 1995. 2.4. TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE in vitro. 2.4.1. Padronização do inóculo. Foram preparadas suspensões celulares, transferindo-se as células com 24h de cultivo do meio de ágar Mitis salivarius para tubos contendo salina estéril. Utilizando a escala de MacFarland ajustou-se a suspensão celular para a turvação padrão 0,5, que equivale 1,5 x 108 UFC/mL (BIER,1981). Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 86 2.4.2. Teste de difusão em disco. A atividade antimicrobiana foi verificada adaptando o método do NCCLS (M44-P, 2003) utilizando discos de papel de filtro estéreis. Os discos foram dispostos individualmente em fileiras sobre tela de nylon estéril, de forma que não houvesse contato entre eles, sendo adicionados em discos diferentes (ao centro de cada um) 20 µL de cada solução a ser testada (Quadro 2) esperando sua secagem para o uso (JÚNIOR; MARTINS, 2004). A suspensão celular foi inoculada por espalhamento em placa contendo meio ágar Mitis salivarius. Após a secagem da suspensão no meio, foram adicionados os discos (5mm) contendo as soluções conforme Quadro 2. As placas foram incubadas por 72h em microaerofilia, sendo realizadas leituras após 24, 48 e 72h. Quadro 2 – Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio. • Periogard-solução bucal de clorexidina a 0,12%, fabricada pela ColgatePalmolive (controle positivo). • Listerine-antisséptico bucal fabricado pela Warner Lambert • Solução de óleo de canola em Tween 80 a 1% (controle negativo). • Solução de óleo essencial de Hyptis pectinata nas concentrações de 200mg/mL, 300mg/mL, 400mg/mL, 500mg/mL e 600mg/mL em Tween 80 a 1% (soluçãoteste). • Óleo essencial de Hyptis pectinata (substância-teste). • Hidrolato da Hyptis pectinata (solução-teste). (controle positivo). Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 87 2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado montado em sete tratamentos (concentrações) com nove repetições para cada tratamento. Os dados foram expressos como médias. Foi aplicado o teste de Tukey para detecção de diferenças de médias entre os tratamentos, adotando-se o nível de 5% de probabilidade. Foi utilizado o programa ASSISTAT versão 7.2 beta 2004. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todas concentrações testadas de óleo essencial de Hyptis pectinata foi observada a formação do halo de inibição das cepas de Streptococcus mutans analisadas (Tabela 2), corroborando com o estudo realizado por Pereda-Miranda et al. (1993) e FragosoSerrano, Gibbons e Pereda-Miranda (2005) sobre a propriedade atimicrobiana da Hyptis pectinata frente a bactérias Gram-positivas. Na concentração de 200mg/mL foram observados os menores halos de inibição quando comparados aos produzidos pela clorexidina (controle positivo). Nas concentrações de 300 a 500mg/mL houve um aumento crescente nos halos de inibição, no entanto, esse resultado não foi observado nas cepas S-53.2, ATCC 25175 e ATCC 10449. Entre as cepas clínicas e padrão não foi notada diferença de sensibilidade. 88 Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans Tabela 2 – Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo hidrolato e o óleo essencial de Hyptis pectinata em variadas concentrações, utilizando-se o método de difusão em disco. Concentração de óleo essencial Cepas testadas Halo (mm)* S-50 S-53. 2 S-54 S-55 S-56 S-57 S-64 200mg/mL 9 6 7 5 13,5 10 11 300mg/mL 12 6 10 9 13 12 11 400mg/mL 13 12 12 10,5 14 14,5 11 500mg/mL 13,5 9 13 14 14 15 11,5 600mg/mL 14 14 14 12 15 15 10 Óleo puro 14,5 10 14,5 12,5 15 14 11,5 Hidrolato puro Controles Clorexidina 14,5 13 14 13 15,5 15,5 15 Listerine Óleo de canola *Os halos foram calculados a partir de uma média de duas placas. (-) não houve halo de inibição. 25175 ATCC 10449 ATCC 7 11 13,5 11 14 12 - 10 10 12 11 14 13 - 13 - 13,5 - Como mostra a Tabela 3, as zonas de inibição apresentadas pelo óleo puro e nas concentrações acima de 400mg/mL, foram estatísticamente iguais entre si e ao controle positivo (clorexidina) nas diferentes cepas. Uma vez que entre 200 e 400mg/mL, a diferença foi considerada significante, pode-se inferir que esse fato está relacionado ao aumento da concentração do princípio ativo responsável pela ação antimicrobiana presente no óleo essencial proporcionalmente ao aumento de sua concentração, o que foi mais observado a partir de 400mg/mL. A ação do Tween 80 como emulsificante, por sua vez, pode ter facilitado o envolvimento direto do microrganismo teste com a solução resultando numa melhor determinação da atividade antibacteriana do óleo. A concentração de 400mg/mL é proposta aqui como a ideal, pois, foi a menor concentração utilizada que apresentou desempenho estatísticamente igual ao da clorexidina. Tal proposta significa uma economia do óleo, e seu uso nessa concentração, economicamente mais viável. Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 89 O hidrolato de Hyptis pectinata, bem como, o Listerine não apresentaram ação antibacteriana diante das cepas testadas. Tabela 3 – Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans produzidos em diferentes concentrações do óleo essencial de Hyptis pectinata e a clorexidina (controle positivo) pelo método de difusão em disco. Concentração do óleo essencial de Hyptis Halo de inibição (mm) pectinata 200mg/mL 8.94 c 300mg/mL 10.61 b c 400mg/mL 13.27 a 500mg/mL 12.27 a b 600mg/mL 14.27 a Óleo essencial puro 12.94 a Controle positivo Clorexidina 14.11 a As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si no testes de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 4. CONCLUSÃO O óleo essencial de Hyptis pectinata apresenta atividade anti Streptococcus mutans. As concentrações de 400mg/mL, 500mg/mL, 600mg/mL bem como o óleo puro apresentam atividade anti Streptococcus mutans iguais à clorexidina. A concentração de 400mg/mL se apresenta economicamente mais viável. O hidrolato puro de Hyptis pectinata não apresenta ação antibacteriana diante das cepas analisadas. Nas condições deste estudo, o Listerine não apresentou atividade anti Streptococcus mutans. Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans 90 5. REFERÊNCIAS ADAMS, R. P. 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Em virtude de suas características, os óleos têm apresentado potencial para a elaboração de fármacos com propriedade antibacteriana, por isso, levando-se em consideração a atividade antimicrobiana e conhecendo a flora microbiana sensível a ele é possível prever sua utilização. Para a avaliação desse potencial alguns métodos têm sido propostos, embora não haja nenhuma padronização, o que dificulta a reprodutibilidade dos experimentos. Essa dificuldade está relacionada às características que os óleos essenciais apresentam, tais como, volatilidade, complexidade e hidrofobicidade. Nesse sentido, visando à otimização da técnica de difusão em disco, este estudo comparou a eficiência de emulsificação dos agentes Tween 20, Tween 80, DMSO (dimetil sulfóxido) e Propileno glicol no óleo essencial de Hyptis pectinata frente ao Streptococcus mutans. Os dados obtidos confirmam o efeito inibitório do óleo. Dos diluentes testados, o Tween 20 e o Tween 80 são os mais indicados para a emulsificação do óleo essencial de Hyptis pectinata. PALAVRAS-CHAVE: óleo essencial; atividade antimicrobiana; métodos. ABSTRACT The use of natural origin products, as the essential oils and rude extracts of plants with specific therapeutic activity, it has been growing in the area of cosmetics and pharmaceutical products. Because of their characteristics the oils have been presenting potential for the pharmaceutical products elaboration with antibacterial property for that, being taken into account the activity antimicrobial and knowing the sensitive microbial flora to him is possible to foresee his/her use. For the evaluation of that potential some methods have been proposed, although there is not any standardization, what hinders the reproduction of the experiments. That difficulty is related to the characteristics that the essential oils present such as, volatility complexity and water insolubility. In that sense seeking to the optimization of the diffusion technique in disk, this study compared the efficiency of the agents' emulsify Tween 20, Tween 80, DMSO (dimethylsulphoxide) and Propylene glycol in the Hyptis pectinata essential oil front to the Streptococcus mutans. The obtained data confirm the inhibitory effect of the oil. Of the tested diluents, Tween 20 and Tween 80 are the most suitable for the emulsification of the Hyptis pectinata essential oil. KEY WORDS: essential oil; antimicrobial activity, methods. Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 94 1. INTRODUÇÃO Relatos a respeito da utilização de plantas com aplicações terapêuticas datam desde o início da civilização. No entanto, somente nos últimos anos, o consumo de ervas medicinais como alternativa no tratamento de algumas doenças tem crescido gradualmente e de forma considerável, isso decorre, principalmente, das terapias naturais, através do uso de compostos de plantas com finalidades farmacêuticas (RIBEIRO, 1996; PEREIRA, 2004). Vários estudos têm sido propostos para investigar as propriedades farmacológicas dos diversos produtos de origem vegetal, a exemplo dos extratos e dos óleos essenciais. Em particular, os óleos têm se apresentado como base de muitas aplicações farmacêuticas e terapias alternativas médicas (MISHRA; DUBEY, 1994; JONES, 1996; LIS-BALCHIN; DEANS, 1997). Os óleos essenciais são metabólitos orgânicos, de origem vegetal, com características voláteis, refringentes, lipossolúveis, geralmente aromáticos de odor característico e de composição heterogênea. Algumas de suas propriedades têm sido descritas, destacando as seguintes: antiviral, antiespasmódica, analgésica, antimicrobiana, cicatrizante, expectorante, relaxante, anti-séptica das vias respiratórias, vermífuga e antiinflamatória (MARTINS, 1998). Existe um considerável interesse pelo desenvolvimento de métodos confiáveis para avaliação e comparação das diversas propriedades dos óleos essenciais, dentre elas destaca-se a ação antimicrobiana (MANN; MARKHAM, 1998). As técnicas mais utilizadas para a determinação da atividade bactericida ou fungicida dos óleos essenciais se fundamentam de acordo com a necessidade ou não de dispersão homogênea em água. Uma técnica que não requer a dispersão homogênea em água é a técnica em ágar, que utiliza discos, furos ou cilindros como reservatório, ou ainda, discos como fonte de vapor. As técnicas que requerem uma dispersão homogênea em água são Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 95 chamadas de técnicas de diluição e são usadas para determinar a CIM (concentração inibitória mínima) ou a CBM (concentração bactericida mínima). Os estudos sobre a técnica em ágar, a baixa solubilidade dos óleos essenciais geraram uma das menores zonas de inibição, o que aumenta, significativamente, as chances de resultados falso-negativos (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987). Os testes de difusão, nos quais o agente é aplicado em furos feitos no ágar ou no centro de um disco de papel em uma placa com ágar semeada com os microrganismos testes, são inadequados para testar óleos essenciais, uma vez que seus componentes não são miscíveis em água. Quando antimicrobianos não solúveis em água são testados, se faz necessária adição ao meio testado de um emulsificante ou solvente, que garanta o contato entre o microrganismo teste e o agente durante o experimento. O mesmo princípio deve ser obedecido quando da utilização de óleos essenciais, uma vez que, o direto envolvimento de um organismo teste é um importante fator na determinação da atividade antibacteriana e antifúngica da substância. Para a realização de testes antimicrobianos, os agentes emulsificantes mais utilizados são o Tween 80, Tween 20 e DMSO (dimetil sulfóxido). Alguns agentes, entretanto, podem causar mudanças nas propriedades físico-químicas do sistema testado, resultando em aumento ou redução da atividade antimicrobiana (CARSON; HAMMER; RILEY, 1995). Com vista na otimização dos resultados experimentais durante a avaliação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais, o objetivo deste estudo foi comparar a eficiência de emulsificação dos agentes Tween 20, Tween 80, DMSO (dimetil sulfóxido) e Propileno glicol no óleo essencial de Hyptis pectinata em teste de difusão em disco frente ao Streptococcus mutans. Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 96 2. CASUÍSTICA E MÉTODOS 2.1 PRODUÇÃO DA AMOSTRA. Foram selecionados, para coleta de saliva, 10 pacientes voluntários adultos de ambos os gêneros, atendidos no Ambulatório de Odontologia do Hospital Universitário/UFS, seguindo os critérios citados no Quadro 1. Quadro 1 – Critérios para participação de voluntários • Indivíduos adultos (18 a 50 anos de idade); • Serem mutans-milionários (> 106 UFC/mL), após o processamento da saliva; • Sem evidências clínicas de gengivite e periodontite; • Presença de no mínimo 70% de dentes na arcada dentária, (20 dentes presentes); • Não serem portadores de rinite e sinusite; • Maior homogeneidade possível quanto à dieta; • Cooperação e habilidade durante a coleta da saliva; • Assinatura do termo de Consentimento Livre Esclarecido do Comitê de Ética; • Não serem fumantes, alcoólatras, imunodeprimidos e desnutridos; • Não serem portadores de dentaduras parciais e aparelhos removíveis; • Foram excluídas as gestantes e as mulheres que fazem uso de medicação contraceptiva; • Excluídos os indivíduos sob terapia com antibióticos, antiinflamatórios e antifúngicos locais (na cavidade bucal) ou sistêmicos. Fonte: (PITTEN; KRAMER, 1999; adaptado). As amostras de saliva foram coletadas no período entre sete e nove horas da manhã, em jejum e sem escovação. De cada voluntário, um volume de cerca de 2 mL de saliva foi depositado em tubos de ensaios estéreis e transportado em gelo até o Laboratório de Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 97 Microbiologia Aplicada da Universidade Federal de Sergipe, onde foi imediatamente processado. 2.2. ISOLAMENTO DO Streptococcus mutans. As amostras foram homogeinizadas e diluídas em solução salina na escala de 10-1 a 10-3. Com auxílio de “swabs” estéreis, os inóculos foram semeados em placa de Petri contendo ágar Mitis salivarius, suplementado com 20% de sacarose e 0,2 UI/mL de bacitracina (GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973). Em seguida, foram incubados a 37°C, por 72 horas em condições de microaerofilia. Realizaram-se leituras de 24, 48 e 72 horas. As colônias que apresentaram as características morfológicas típicas das colônias de Streptococcus mutans (convexas, opacas, com aparência de vidro esmerilhado) foram repicadas para tubos contendo meio de cultura ágar triptona soja enriquecido com sangue, e estocadas em freezer a –80°C. Foram testadas nove cepas clínicas de Streptococcus mutans e duas cepas padrão ATCC N° 10449 e 25175. Todo o experimento foi realizado em duplicata e em capela de fluxo laminar. 2.3. ÓLEO ESSENCIAL - Hyptis pectinata (L.) Poit.Lamiaceae. Registro no Herbário da UFS: 7454 Data de colheita: Março/2004 Teor: Os teores foram estimados com base no peso da matéria seca (0,5mL/100g1) e obtidos utilizando-se três amostras de 75g de folhas secas. Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 98 2.3.1. Colheita da planta. As plantas foram obtidas no Campus Rural da UFS localizado no município de São Cristóvão-SE. A colheita foi realizada três meses após o plantio, em março de 2004. As folhas foram secas em estufa a 40°C, até peso constante. 2.3.2. Extração, análise e identificação do óleo essencial: A extração do óleo essencial foi realizada no Laboratório de Fitotecnia do Departamento de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS) pela técnica de hidrodestilação em aparelho do tipo Clevenger onde foi obtido além do óleo o hidrolato (GUENTHER, 1972). Amostras dos óleos foram analisadas utilizando-se cromatografia gasosa em equipamento Shimadzu QP5050A interfaceada com espectrômetro de massa (CG/EM) dotada de: coluna capilar DB-5 (30m x 0,25mm x 0,25µm) conectado em um detector operando em impacto eletrônico a 70V; gás de arraste Hélio (fluxo 1 mL/min) e programação: 80oC (1 min), 3oC/min, 180oC (0 min), 10oC/min, 300oC (3 min), tipo de injeção split 1:100. Os cálculos dos índices de retenção foram feitos através da co-injeção de n-alcanos. A identificação dos constituintes do óleo essencial foi efetuada baseada nos índices de retenção (ADAMS, 1995) e pela comparação do espectro de massa com o banco de dados da biblioteca NIST21 e NIST107. A concentração dos constituintes foi calculada a partir da área de pico do CG e arranjado em ordem de eluição (Tabela 1). Durante e após as análises o óleo foi estocado em frascos âmbar estéreis a temperatura de -4°C. Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 99 Tabela 1 - Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis pectinata Pico No TR Composto (%) IRR exp.* IRR lit.** (min) 1 4.050 -Pineno 1.39 937 939 2 4.700 1-Octen-3-ol 2.23 975 978 3 4.817 -Pineno 6.95 982 980 4 5.867 Limoneno 2.06 1030 1031 5 7.550 Linalol 1.54 1099 1098 6 16.375 -Copaeno 2.40 1381 1376 7 16.867 -Elemeno 2.15 1396 1391 8 17.800 Cariofileno 18.34 1425 1418 9 18.900 -Cariofileno 1.50 1459 1454 10 19.758 Germacreno-D 3.07 1486 1480 11 20.050 Guaieno 3.76 1495 1490 12 20.258 Biciclogermacreno 1.49 1502 1494 13 20.525 -Bisaboleno 1.17 1510 1509 14 20.758 -Cadineno 1.75 1518 1513 15 21.025 Trans-Calameno 2.40 1527 1532 16 21.958 Epi-Longipanol 1.07 1558 1561 17 22.708 Globulol 1.24 1583 1583 18 22.892 Òxido de Cariofileno 18.00 1589 1581 19 23.683 Não identificado 1.17 1618 20 23.833 Cubenol 1.66 1621 1614 21 25.767 Não identificado 24.68 1687 * IRR exp. = Indice de retenção relativo aplicando a equação de Van den Dool, H. e Kratz, P.D., J. Chrom., 1963, 11, 463. ** Adams, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatograpy/mass spectroscopy. Illinois USA: Allured Publishing Corporation, Carol Stream, 1995. 2.4 TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE in vitro. 2.4.1 Padronização do inóculo. Foram preparadas suspensões celulares, transferindo-se as células com 24h de cultivo do meio de ágar Mitis salivarius para tubos contendo salina estéril. Utilizando a escala de MacFarland ajustou-se a suspensão celular para a turvação padrão 0,5, que equivale 1,5 x 108 UFC/mL (BIER,1981). Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 100 2.4.2. Teste de difusão em disco. A atividade antimicrobiana foi verificada adaptando o método do NCCLS (M44-P, 2003) utilizando discos de papel de filtro estéreis. Os discos foram dispostos individualmente em fileiras sobre tela de nylon estéril, de forma que não houvesse contato entre eles, sendo adicionados em discos diferentes (ao centro de cada um) 20 µL de cada solução a ser testada (Quadro 2) esperando sua secagem para o uso (JÚNIOR; MARTINS, 2004). A suspensão celular foi inoculada por espalhamento em placa contendo meio ágar Mitis salivarius. Após a secagem da suspensão no meio, foram adicionados os discos (5mm) contendo as soluções conforme Quadro 2. As placas foram incubadas por 72h em microaerofilia, sendo realizadas leituras após 24, 48 e 72h. Quadro 2 – Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio. • Periogard-solução bucal de clorexidina a 0,12%, fabricada pela ColgatePalmolive (controle positivo). • Listerine-antisséptico bucal fabricado pela Warner Lambert positivo). • Óleo de canola solução em Tween 80 a 1%, Tween 20 a 1%, DMSO a 1% e Propileno glicol a 1% (controle negativo). • Óleo essencial de Hyptis pectinata nas concentrações de 400mg/mL e 600mg/mL de solução em Tween 80 a 1%, Tween 20 a 1%, DMSO a 1% e Propileno glicol a 1%(solução-teste). (controle Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 101 2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado montado em esquema fatorial cinco (diluentes) x dois (concentrações), com duas repetições para cada tratamento. Os dados foram expressos como médias. Foi aplicado o teste t para detecção de diferenças de médias entre os tratamentos, adotando-se o nível de 5% de probabilidade. Foi utilizado o programa ASSISTAT versão 7.2 beta 2004. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a verificação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais através do método de difusão em disco tem sido sugerida a utilização de diluentes que possibilitem uma melhor interação entre o óleo e o microrganismo teste, podendo essa interação ser avaliada pelo tamanho do halo de inibição. Dentro dessa proposta, os diluentes Tween 80, Tween 20 e o DMSO são os mais utilizados (REMMAL et al., 1993; CARSON; RILEY, 1993; HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003). No teste antimicrobiano de difusão em disco, realizado com óleo essencial de Hyptis pectinata nas concentrações de 400mg/mL e 600mg/mL em solução de Tween 80 a 1%, Tween 20 a 1%, DMSO a 1% e Propileno glicol a 1% (solução-teste), foi verificada a presença de halos de tamanho semelhantes entre si e ao controle positivo em todas as soluções-teste analisadas frente ao S. mutans (Tabela 2). Quando os mesmos diluentes foram testados em associação com o óleo de canola (selecionado por apresentar propriedades físicas similares à maioria dos óleos), reconhecidamente inerte microbiologicamente, (HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003). As culturas de S. mutans cresceram sem qualquer inibição, indicando que nenhum dos diluentes aqui testados apresentou atividade antimicrobina per si, não potencializando, portanto, a ação antimicrobiana do óleo. A possibilidade da ação sinérgica entre o óleo essencial e o diluente utilizado foi relatada por Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 102 vários autores (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987; CARSON; HAMMER; RILEY, 1995; MANN; MARKHAM, 1998; HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003). Tabela 2 – Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo óleo essencial de Hyptis pectinata suspenso em diluentes diversos (DMSO, Tween 20 e 80 e Propileno glicol) através do método de difusão em disco. Diluente Concentração de Óleo DMSO Tween 20 Tween 80 Propileno glicol Controles Clorexidi na Listerine Óleo de canola** 400mg/mL 600mg/mL 400mg/mL 600mg/mL 400mg/mL 600mg/mL 400mg/mL 600mg/mL CEPAS TESTADAS - HALO (mm)* S-53.2 S-60 S-57 S-54 S-55 S-56 S-58 10449A 25175 TCC ATCC 15 17,5 11,5 15,5 15,5 16 16 15 14 13 16 14 12 13 12 14 9 11 11 12 11,5 12 13 13,5 15,5 14,5 14 14,5 16 17 12 10,5 11 14,5 15,5 16 14,5 16 12,5 11 13,5 15 17 17 12 14 13 14 14 14 14 14 10,5 12 15 14 13,5 15,5 14,5 15,5 18 18 18,5 18,5 11,5 12,5 12,5 11,5 17 18,5 10,5 11 13,5 15 13,6 14 13 15,5 16 13,5 - - - - - - - - S-64 S-54.2 12,5 14,5 11,5 16,5 11 10 11,5 12,5 13,5 15 14,5 15,5 15 20 12 11,5 15 15 16,5 - - - *Os halos foram calculados a partir de uma média de duas placas. ** Óleo de canola suspenso nos diluentes supracitados. (-) não houve halo de inibição. Com o tratamento estatístico (Tabela 3), observou-se que as médias dos halos de inibição obtidos a partir das soluções-teste utilizando os diluentes Tween 80 e Tween 20, não diferem estatisticamente entre si e ao controle positivo. Com efeito, estes diluentes se apresentaram como os melhores emulsificantes para o óleo essencial de Hyptis pectinata. O DMSO mostrou diferença estatisticamente significante, embora os halos produzidos sejam insignificantes quando comparados ao Tween 20, ao Tween 80 e à clorexidina (controle positivo). Já o propileno glicol, foi estatisticamente considerado, o diluente de menor qualidade. A variação nas concentrações (400mg/mL e 600mg/mL) do óleo não apresentou diferença estatística, demonstrando que a capacidade de emulsificação do diluente não foi Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 103 reduzida com o aumento da concentração do óleo. Concomitantemente, a atividade antimicrobiana do óleo essencial não foi potencializada com a diminuição da concentração do óleo, o que seria uma possibilidade, uma vez que, com a diminuição da concentração (400mg/mL) do óleo o diluente poderia emulsificá-lo de forma mais eficiente. Tabela 3 – Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans produzidos pelo óleo essencial Hyptis pectinata suspenso em diversos diluentes (Tween 80, Tween 20, DMSO e Propileno glicol) através do método em disco. Diluentes Halo de inibição (mm) Tween 80 14.55 a Tween 20 14.50 a DMSO (dimetil sufóxido) 13.64 a b Propileno glicol 12.98 b Controle positivo Clorexidina 14.60 a As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si no teste de t ao nível de 5% de probabilidade. 4. CONCLUSÃO O óleo essencial de Hyptis pectinata apresenta atividade anti Streptococcus mutans semelhante à clorexidina. Dos diluentes testados, o Tween 20 e o Tween 80 são os mais indicados para a emulsificação do óleo essencial de Hyptis pectinata. Dentre os diluentes testados, o propileno glicol apresenta capacidade de solubilização inferior. Nas condições teste, nenhum dos diluentes testados pontencializa a ação antimicrobiana do óleo essencial de Hyptis pectinata. Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco 104 5. REFERÊNCIAS ADAMS, R. P. Identification of essential oil components by gas chromatograpy/mass spectroscopy. Illinois USA: Allured Publishing Corporation, Carol Stream, 1995. 469 p. BIER, O. Bacteriologia e Imunologia. 20. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1981. 1062 p. CARSON, C. F.; HAMMER, K. A.; RILEY, T. V. Broth microdilution method for determining the susceptibility of Escherichia coli and Staphylococcus aureus to the essencial oil of Melaleuca alternifolia (tea tree oil). Micróbios, v. 82, p. 181-185, 1995. CARSON, C. F.; RILEY, T. V. 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Uma maior atenção deve ser dada a quatro fatores quando se trabalha com óleos essenciais: a técnica usada, o meio de crescimento, o microrganismo teste e o óleo essencial testado. Os resultados obtidos na literatura com relação aos testes de óleos essenciais para atividade antimicrobiana são difíceis de se comparar. Os métodos usados diferem largamente e fatores importantes que influenciam os resultados são freqüentemente negligenciados. Assim, diante deste levantamento, concluiu-se a irreprodutibilidade dos experimentos. PALAVRAS-CHAVE: óleo essencial; atividade antimicrobiana. ABSTRACT The given data of the literature on the antimicrobial activity of the essentials oils are treated of an experimental point of view and they consider a possible clinical application of the oils. With intention of verifying the variation among the experiments on antimicrobial effectiveness of the essential oils, a bibliographical rising was made. The tests and evaluations of the antimicrobial activity of the essentials oils are hindered by the volatility of the oil, its insolubility in water and its complexity. A larger attention should be given to four factors when we work with essential oils: the technique used, the growth medium, the tested microorganism and the essential oil tested. The results obtained in the literature regarding the tests of essential oils for activity antimicrobial are difficult to compare. The used methods differ broadly and important factors that influence the results are frequently neglectful. Like this, before this rising, the irreproductibility of the experiments was ended. KEY WORDS: essential oil; antimicrobial activity. Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 108 INTRODUÇÃO Óleos e extratos de plantas há muito tempo têm sido base para diversas aplicações na medicina popular, entre elas, como antimicrobianos e anti-sépticos tópicos. A luz desta importância levou a diversas investigações científicas, com intuito de se confirmar a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais (JANDOUREK; VAISHAMPAYAN; VAZQUEZ, 1998; ARWEILER et al., 2000; FINE et al., 2000; PAN et al., 2000; CLAFFEY, 2003; SEYMOUR, 2003; BENKEBLIA, 2004; REHDER et al., 2004). Para tanto, têm-se buscado métodos in vitro confiáveis capazes de serem reproduzidos e validados. Contudo, isso tem sido dificultado devido às peculiaridades que os óleos apresentam, tais como: volatilidade, insolubilidade em água e complexidade, características que interferem significativamente nos resultados, por isso, em testes de susceptibilidade antimicrobiana, deve-se levar em consideração a técnica usada, o meio de crescimento, o microrganismo teste e o óleo essencial testado. Nesse contexto, o presente estudo realizou um levantamento bibliográfico a respeito dos métodos utilizados para testes de avaliação antimicrobiana de óleos essenciais. Testes de susceptibilidade in vitro. O ressurgimento do interesse nas terapias naturais e o crescimento da demanda de consumo por produtos naturais efetivos e seguros requerem mais dados sobre os óleos e extratos de plantas (MANCINI; HANAI, 1991; MISHRA; DUBEY, 1994; JONES, 1996; LIS-BALCHIN; DEANS, 1997). Vários estudos têm apontado algumas propriedades dos óleos, destacando as seguintes: antiviral, antiespasmódica, analgésica, antimicrobiana, cicatrizante, expectorante, relaxante, anti-séptica das vias respiratórias, vermífuga e antiinflamatória. (MARTINS, 1998). Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 109 Nos ensaios sobre a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais in vitro é possível verificar uma variedade de metodologias propostas, o que torna a comparação entre esses estudos problemática (MITSCHER et al., 1987; HAMMER; CARSON; RILEY, 1999). Os métodos comumente usados são o de difusão em disco, difusão utilizando pocinhos feitos no ágar, diluição em ágar e diluição em caldo para determinação da concentração inibitória mínima - CIM (MANN; MARKHAM, 1998; SOUZA et al., 1998; ASEKUN; EKUNDAYO; ADENIYI, 1999; TAKAISI-KIKUNI; TSHILANDA; BABADY, 2000; CANILLAC; MOUREY, 2001; HAZNEDAROGLU; KARABAY; ZEYBEK, 2001; CIMANGA et al., 2002; JUTEAU et al., 2002; SHAFI et al., 2002; NOSTRO et al., 2004). Os resultados obtidos por cada um desses métodos podem diferir devido a fatores como as variações entre os testes, a exemplo do crescimento microbiano, exposição de microrganismos ao óleo, a solubilidade do óleo ou de seus componentes e o uso e quantidade de emulsificante (HAMMER; CARSON; RILEY, 1999; LAMBERT et al., 2001; OPALCHENOVA; OBRESHKOVA, 2003; HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003). Os testes de avaliação antimicrobiana são padronizados pela NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standards) e desenvolvidos para analisar agentes antimicrobianos convencionais como os antibióticos. Nos testes de atividade antimicrobiana de óleos essenciais a metodologia proposta pelo NCCLS não pode ser seguida à risca, devido às propriedades químicas que estes apresentam. Dessa forma, feitas modificações esses métodos podem ser usados em algumas situações. Na maioria dos estudos, as zonas de inibição formadas pelos óleos são comparadas com aquelas obtidas pelos antibióticos, no entanto, é importante destacar que esses resultados não devem ser simplesmente comparados, pois as particularidades apresentadas pelos óleos, bem como, outras variáveis (técnica usada, o meio de crescimento, o microrganismo teste) devem ser levadas em consideração Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 110 (CARSON; HAMMER; RILEY, 1995; CHRISTOPH; KAULFERS; STAHL-BISKUP, 2000; JÚNIOR; MARTINS, 2004; NOSTRO et al., 2004; SAEED; SABIR, 2004). As substâncias normalmente testadas pelos métodos propostos pelo NCCLS têm natureza hidrofílica e os testes são otimizados para esta condição. Nos ensaios com óleos essenciais essa característica é inadequada para verificar a atividade antimicrobiana, uma vez que os óleos são voláteis, insolúveis em água, viscosos e complexos, além disso, formam uma suspensão túrbida que impede a determinação visual da eficácia antimicrobiana do óleo, devido à interferência da dissolução insuficiente dos componentes testados, sendo assim, a falta de padronização dos testes de susceptibilidade antimicrobiana tem sido um dos empecilhos encontrados para a realização desse tipo de estudo (HAMMER; CARSON; RILEY, 1996; SMITH; NAVILLIAT, 1997; HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003). Outro problema observado é a difusão dos componentes lipofilícos dos óleos, quando se utiliza a técnica de difusão em ágar, pois resulta em concentrações desiguais do óleo no ágar causando a formação de regiões variáveis de atividade antibacteriana e, finalmente, a determinação de um número de bactérias viáveis remanescentes após a adição do óleo. Desta forma, acredita-se que os métodos não permitem a reprodução de resultados que expressem a realidade e, por isso, são incapazes de comparar diretamente a verdadeira atividade dos óleos (HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003; SETZER et al., 2004; SOKMEN et al., 2004). Visando a otimização dos procedimentos com óleos essenciais, tornou-se comum à dispersão dos mesmos através do meio de crescimento, usando um solvente, detergente, ou agente emulsificante, os mais utilizados são: Tween 20, Tween 80, DMSO (dimetil sulfóxido) e etanol (GROPPO et al., 2002; BAYDAR et al., 2004; BRUNI et al., 2004). As propriedades físicas e químicas das dispersões usadas são importantes para observar a atividade antimicrobiana dos óleos, no entanto, deve-se levar em consideração que ao se introduzir um Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 111 agente emulsificante, este está sujeito a possíveis interações com a substância em teste, bem como, possuir atividade antimicrobiana. Esses efeitos podem ser acentuados ou minimizados a depender do modo de preparo da solução óleo-agente emulsificante. Por isso, preconiza-se uma relação adequada entre óleo e dispersante. (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987; REMMAL et al., 1993; SHAPIRO; MEIER; GUGGENHEIM, 1994; HAMMER; CARSON; RILEY, 1999). A interferência do agente dispersante na susceptibilidade da bactéria ao óleo essencial pode ser explicada devido a possível influência que este exerce sobre o crescimento bacteriano e/ou a alteração da permeabilidade da membrana celular. Os emulsificantes podem agir antagonicamente ou sinergeticamente aos componentes ativos do óleo. Altas concentrações de Tween, por exemplo, podem aumentar a atividade antibacteriana determinando resultados falso-positivos ou reduzindo a bio-atividade do óleo, esse último efeito é, possivelmente, causado pela formação de micelas que dificultaria o contato direto do óleo com os microrganismos (REMMAL et al., 1993; COX; MANN; MARKHAM, 2000; TAKARADA et al., 2004). Para minimizar esses efeitos, alguns autores propuseram que os dispersantes Tween 20, 80 e outros detergentes sejam utilizados em concentrações que variem entre 0.5 a 20% em solução com óleo. Ou ainda, para o Tween 80, preconiza-se uma concentração de 0.02% a fim de se otimizar o método de diluição em caldo na determinação da concentração inibitória mínima - CIM, estando os valores desta relacionados ao agente dispersante usado (REMMAL et al., 1993; CARSON; RILEY, 1993; HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003). Outros elementos podem interferir nos valores apresentados pelo CIM obtido em métodos de difusão e diluição, como: no tempo de incubação, nas formulações de ágar, nos volumes das substâncias testadas e na interferência da emulsão óleo-água (CARSON; Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 112 HAMMER; RILEY, 1995; CARSON et al., 1995; MANN; MARKHAM,1998; HAMMER; CARSON; RILEY, 1999). Existe um crescimento da demanda para aumentar o conhecimento sobre os CIMs dos óleos essenciais gerando um equilíbrio sensível entre aceitabilidade e a eficácia antimicrobiana. Isto pode ser testado com estudos in vitro e in vivo. Os métodos podem ser divididos em grupos como difusão, diluição, impedância e densidade ótica (TASSOU; KOUTSOUMANIS; NYCHAS, 2000). Entre esses, a diluição provou ser o método de maiores resultados quantitativos, enquanto dados obtidos a partir da difusão em placa de petri, constitui em um método qualitativo, por isso, esses métodos (diluição e difusão) não são necessariamente comparáveis. Os resultados obtidos por cada um desses métodos podem diferir devido a fatores como as variações entre os testes. Na técnica de difusão em disco e em ágar a vantagem é limitada na geração de dados preliminares, somente dados qualitativos, como a natureza hidrofóbica da maioria dos óleos essenciais e extrato de plantas, impedem a difusão uniforme destas substâncias através do meio contendo ágar. Algumas das condições propostas neste modelo foram checadas para sua validação, concluindo que os testes são muitas vezes impraticáveis (SKANDAMIS; TSIGARIDA; NYCHAS, 2000). Variação dos microrganismos e óleos essenciais testados. Estudos da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais, em sua maioria, não fornecem detalhes sobre a quantidade, o tipo de microrganismo utilizado e o espectro desta atividade, dificultando sua reprodutibilidade e a comparação dos dados. Dessa forma, sugerem que a avaliação do efeito antibacteriano e antifúngico dos óleos essenciais seja realizada com isolados múltiplos para cada espécie testada (HAMMER; CARSON; RILEY, 1999; KHALLOUKI et al., 2000; CHANG, S. -T; CHEN; CHANG, S. -C, 2001; KARAMAN et al., 2001; HAMMER et al., 2003). Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 113 Outro fator importante a ser considerado para validar o efeito antimicrobiano do óleo é o conhecimento das particularidades de cada microrganismo, bem como do óleo a ser analisado. Em experimentos com fungos, por exemplo, deve-se levar em conta o tempo de incubação, uma vez que este acontece em torno de dois a quinze dias, podendo interferir no diâmetro de inibição para alguns óleos, esse fato pode ser atribuído à decomposição ou evaporação pela volatilidade dos óleos durante o período de teste (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987; BASIM E.; BASIM H., 2003; MALELE et al., 2003). Em relação às particularidades do óleo, algumas pesquisas a respeito de sua composição mostram que mesmo variações genéticas dentro de uma espécie podem alterar o teor do princípio ativo. Ademais, outros fatores, como clima, solo, época e forma de plantio, adubação, uso de agrotóxicos, irrigação, tempo e condições ambientais, proveniência do material da planta (fresco ou seco), técnica de extração, fonte botânica, tratos culturais e colheita e padrões de variação geográfica (latitudes e longitudes) afetam na variabilidade química dos óleos, levando, por exemplo, a alterações na atividade bacteriana (LACERDA, 1999; LAMBERT et al., 2001; AZEVEDO et al., 2002; RASOOLI; MIRMOSTAFA, 2002; BASSOLE et al. 2003; OPALCHENOVA; OBRESHKOVA, 2003). A atividade antimicrobiana de um mesmo óleo pode ser às vezes bem diferente. Para uma espécie em particular, por exemplo, os valores de CIM determinados para óleos essenciais de quimiotipos de Thymus vulgaris diferem quando se usam outras linhagens de um mesmo microrganismo (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987). O volume e a concentração dos óleos são parâmetros que também devem ser observados na avaliação do efeito antimicrobiano, pois podem afetar os resultados do sistemateste. Nos experimentos com óleos essenciais utilizando-se pocinhos, um certo volume mínimo de óleo é necessário para se observar alguma inibição. Existe ainda um volume ótimo, além do qual nenhum crescimento maior dentro do diâmetro de inibição pode ocorrer. Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 114 Entretanto, a significância destes volumes na descrição da atividade antimicrobiana de um óleo essencial não é conhecida. Quando cilindros e discos de diâmetros similares são usados para o mesmo óleo, diâmetros de inibição iguais são encontrados. Isto é imprescindível porque a aplicação de volumes difere largamente (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987). CONCLUSÃO Existem vários métodos descritos na literatura para mensurar a atividade bactericida e bacteriostática dos óleos essenciais. Entretanto, as pesquisas sobre a atividade antimicrobiana desses produtos têm sido dificultadas pela ausência de métodos padronizados, fazendo com que a comparação entre os estudos seja praticamente impossível, além de incapacitar sua reprodutibilidade. Os métodos usados diferem largamente e fatores importantes que influenciam os resultados são freqüentemente negligenciados. Em estudos futuros, deve-se, por exemplo, mencionar o número da linhagem do microrganismo testado, o tempo de exposição do microrganismo ao óleo essencial, uso e quantidade de emulsificante, revelar a composição do óleo essencial ou descrever precisamente as condições em que ele foi obtido. Sem um método padrão confiável é praticamente impossível elucidar a verdadeira bioatividade, o potencial terapêutico e a utilidade clínica dos óleos essenciais, bem como fazer uma comparação direta entre eles. Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais 115 REFERÊNCIAS ARWEILER, N. 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Maior ênfase é dada à prevenção da forma precoce dessas doenças, e na prevenção da progressão destas para formas mais destrutivas de periodontite. As abordagens sobre a prevenção foram centradas na conscientização crescente das pessoas sobre a necessidade da manutenção dos níveis adequados de higiene oral e na pesquisa dirigida para a avaliação de métodos químicos de redução e inibição do biofilme. A utilização de agentes seguros, efetivos e antimicrobianos, oferece uma abordagem para redução da incidência mundial das doenças bucais. A pesquisa farmacológica de plantas medicinais é necessária diante das suas capacidades terapêuticas e da sua larga utilização. Dessa maneira, é primordial o estudo científico das plantas para distinguir e selecionar aquelas que apresentam propriedades ativas e dotadas de razoável grau de segurança, aumentando o arsenal terapêutico disponível no atendimento médico/farmacêutico em saúde pública. A relevância da eficácia dos produtos antibiofilme para a manutenção da saúde bucal juntamente com o potencial terapêutico das plantas justifica a necessidade de realização de experimentos. Dentro do contexto, esta Dissertação de mestrado conseguiu alcançar o objetivo proposto ao demonstrar, in vitro, que o tratamento com óleo essencial de Hyptis pectinata frente a odontopatógenos é viável. Contribuiu, ainda, com um levantamento consistente acerca das técnicas utilizadas, buscando definir as mais confiáveis para avaliação e comparação das propriedades antimicrobianas dos óleos essenciais. Proveu evidências Considerações Finais 122 adicionais de que a definição adequada do diluente pode favorecer a emulsificação do óleo contribuindo para uma melhora na atividade antimicrobiana. Considerando que as plantas medicinais levam em seu bojo a possibilidade de aproveitamento da planta “in natura” e/ou preparados simples obtidos a partir dela, tais abordagens surgem como um caminho viável para a produção de medicamentos a baixo custo e acessíveis à maior parte da população mundial. A Hyptis pectinata, pode representar uma opção para a manutenção da higiene oral como uma alternativa promissora no controle do biofilme, além e acima de eliminação direta da bactéria, que pode ter relevância clínica. Esse é um dos aspectos que merece atenção especial, principalmente no contexto da implementação de Programas de Plantas Medicinais com a finalidade de viabilizar não só as pesquisas e divulgação, mas também, a produção de medicamentos. É clara a necessidade do estudo de plantas que são utilizadas pela medicina popular, e podem ser empregadas no arsenal terapêutico, isso somado ao fato de que o uso de plantas medicinais é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como forma de ampliar: os programas de saúde pública, o número de beneficiários, a capacidade de atendimento farmacêutico e a formação de multiplicadores. Estamos no início de um novo século e já é chegado o momento de refletir sobre o caminho da odontologia em relação ao seu importante papel na promoção saúde bucal da população, permitindo uma mudança no paradigma da profissão odontológica. A odontologia moderna está praticamente voltada para a prevenção, pois, sem dúvida, esse é o único caminho para a saúde em latu sensu. 123 APÊNDICES 124 APÊNDICE 1 CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, _____________________________________________________, portador(a) da Carteira de Identidade de número: ____________________, autorizo a odontológa Paula Frassinetti Coelho Nascimento, a examinar minha cavidade bucal , bem como a coleta da saliva e execução de exames microbiológicos. Além disso, autorizo a realização de fotografias e utilização dos dados coletados para a elaboração de trabalhos científicos, apresentações em seminários, reuniões científicas, jornadas, congressos e a publicação em revistas e periódicos odontológicos. Aracaju, ____/____/______ ____________________________________________ Paciente 125 APÊNDICE 2 ! $ $ $ * + . / / / / 2 2 2 2 2 "# % ) " & ' ( " $ ," &/ ' 0 12 3 2 3 2 3 2 3 % . / ' / ' 5 7 5 ' 6 5 / 2 3 3# ! 7 3 3 3 ' 3 5 5 / % 1 5 6 1 12 3 2 3 % 6 5 )% 1 2 3 1. 1 5 8. ' 2 3+/ % 2 3+ / 2 3 2 3 ! 4 0 2 3 % 1 ' 2 3 + :; = 2 3 ' ! 2 3 ' " 2 3# 6< 2 3 0 ' / 9 126 > + ," 4AB ?@ C ! $D / / & ! )% 2 3 4 B ! 72 3*! 7 2 3> ! 7 ! " +5 7 )% ? 2 3 6 2 3 2 3 ! E 2 3 5 )% 2 3 ! @ $ 2 3 ! / 2 3 9 . 1 @ 7 5 $0 1. 1 FC $ ' 5 / 95 2 3 2 3 G 2 3 0 5 2 3 E 2 3 G H ! D / )% 2 3 2 3 5 2 3I 2 3 ' 2 3 2 3 &D4 J .@ I" / 6" $ )% * @ : K6 " $ 5 % 6? ? ( $E 6 )0 & ( M & 6. : 5 N : K 6 > ;: K 6 L : K 127 O - + P ? HQ " #@& " & 5 2>PSJP3 P * *P >P R H > JP * O HE : $ ' 2 PS S*PS> 3 #" H $ ! $ " )= / F@S 8 *Q / )% 128 ANEXO 129 ANEXO