Página Web 1 de 2 Quando começa a vida humana? 2007/01/27 | 16:13Sandra Moutinho, Lusa Aborto: especialistas reconhecem dificuldade em dar uma resposta Especialistas em saúde e bioética reconhecem a dificuldade em definir quando começa a vida humana. Se na biologia a fertilização marca o início, do ponto de vista ético e jurídico o feto recebe um estatuto que se modifica à medida que evolui. ja_abortei Vários especialistas reconheceram que numa «democracia plural» como a portuguesa o início da vida humana dificilmente será definido, o que adia questões polémicas como a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). «Quando começa a vida humana?» é a pergunta para a qual os médicos vão dar um «contributo» nos próximos dias 02 e 03 de Fevereiro, num seminário que reunirá peritos de várias áreas e que têm respostas diferentes para a questão. A uma semana do referendo sobre a despenalização do aborto até às dez semanas de gestação, a Ordem dos Médicos convida a uma reflexão sobre o início da vida. Para o presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB), Rui Nunes, esta é uma pergunta que, do ponto de vista biológico, tem uma resposta «incontestável»: no momento da fertilização. Contudo, do ponto de vista ético e jurídico, as opções são «muito mais vastas, bem como as contradições». «Há quem defenda que a vida humana começa na fertilização, tal como biologicamente, e quem defenda que a sociedade deve atribuir um estatuto que evolui à medida que o feto vai evoluindo», explicou o especialista em bioética. O passo seguinte dá-se aquando do nascimento, altura em que o ser adquire o «pleno estatuto de vida humana e de pessoa», adiantou. Rui Nunes lembrou que esta diferença de posições tem dificultado a resolução de questões relacionadas, por exemplo, com a IVG ou o destino dos embriões excedentários criopreservados. «É impossível responder a essa pergunta» «É impossível responder a esta pergunta [«quando começa a vida humana?»] numa democracia plural como a nossa», disse. Por esta razão, «a população deve estar mandatada para responder a estas questões, através de instrumentos como o referendo», considerou. «Deve ser a sociedade a determinar qual o valor a proteger nesta fase da vida», frisou. Um exemplo da dificuldade em responder à pergunta que a Ordem dos Médicos conta ajudar a responder é a ausência de uma definição nos vários pareceres que o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) elaborou e que abordaram o tema do embrião. A presidente do CNECV, Paula Martinho da Silva, reconheceu à Lusa a dificuldade em responder à questão, mas sempre foi adiantando que «não há dúvidas de que a vida humana começa no momento da concepção». «O que é difícil é atribuir ao embrião um determinado estatuto», adiantou. Para Paula Martinho da Silva, a protecção do embrião é igualmente «inquestionável», e isso mesmo demonstram os consensos internacionais, estando por saber qual o tipo de protecção. http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=766935 11-03-2007 Página Web 2 de 2 Copyright © 2005 www.iol.pt Meios Media Capital | Agência Financeira | PortugalDiário | Rádio Clube Português | TVI Meios associados | Imprensa: AS | Cinco Días | El País | Rádio: Cadena SER | Los 40 | TV: Cuatro | Plus http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=766935 11-03-2007