Regime de Descarga no alto curso do rio Tibagi

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Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2014. ISSN 2317-9759
REGIME DE DESCARGA NO ALTO CURSO DO RIO TIBAGI
GRIZIO-ORITA, Edinéia Vilanova1
SOUZA FILHO, Edvard Elias
MENEGUZZO, Isonel Sandino
PETSCH, Carina
SANTOS, Janaína Santana dos
Introdução
O rio Tibagi nasce no sul do estado do Paraná na região Sul do Brasil, a 1060 m de
altitude, tendo sua foz no rio Paranapanema, (MEDRI et al., 2002). A área de estudo refere-se
ao Alto Curso da Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi, esta bacia atualmente vem sendo objeto
de estudo de projetos científicos, pois trata-se de uma importante Bacia Hidrográfica do
Estado do Paraná abrangendo significativos municípios desse Estado.
A importância ambiental do sistema, as modificações que a bacia vem sofrendo e a
escassez de informações a respeito das características hidrológicas do rio justifica-se a
necessidade da realização de estudos que permitam um adequado conhecimento da área e da
região, subsidiando planejamentos para um desenvolvimento sustentado.
Os objetivos desse trabalho foram definidos para realizar o reconhecimento da área
por meio de observação in loco e leituras bibliográficas, caracterizar a geomorfologia e o
regime de precipitação da bacia de drenagem e caracterizar a composição do regime de
débitos. E para contemplar esses objetivos foi necessário realizar um levantamento
bibliográfico da área, além de buscar dados nas séries históricas das estações pluviométricas e
fluviométricas existentes na bacia fornecidos pela Agência Nacional de Águas (ANA).
A análise preliminar do regime de débitos indicou que os valores de descarga média
anual são mais elevados na estação Tibagi e os menores valores ocorreram na estação Chácara
Cachoeira. A estação Engenheiro Rosaldo Leitão ficou com valores intermediários. Porém,
em ambas as estações os picos de máxima, ocorreram nos anos de 1983 e 1998.
Em relação a pluviometria média anual das estações foi possível observar que os
valores de precipitação máxima na estação Tibagi ficaram entre 30 e 55mm, enquanto na
estação Engenheiro Rosaldo Leitão teve pico de 57mm em 2005 e 11mm em 1999.
Outros estudos são necessários para uma melhor compreensão das causas de oscilação
dos valores de vazão e precipitação apresentados em todas as estações até o momento.
Objetivos
Os objetivos deste trabalho compõem em caracterizar a geomorfologia, o regime de
precipitação da bacia de drenagem e a composição do regime de débitos.
Metodologia
Os procedimentos metodológicos para realização dessa pesquisa envolveram num
primeiro momento o levantamento bibliográfico da área de estudo e da região para melhor
compreensão dos processos ocorridos na mesma. As características geomorfológicas da bacia
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Orientador
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foram obtidas por meio de dados bibliográficos. E as características climáticas e o regime de
débitos foram analisados a partir das séries históricas das estações pluviométricas e
fluviométricas existentes na bacia obtidos a partir da Agência Nacional de Águas. Os dados
das estações pluviométricas e fluviométricas foram analisados e plotados em gráficos, que
serão demonstrados ao longo do trabalho.
Resultados e Discussão
O rio Tibagi percorre duas diferentes zonas do relevo paranaense, passando pelo
Segundo e Terceiro Planalto (MAACK, 1981), sua maior parte esta inserida no Segundo
Planalto Paranaense. Segundo esse mesmo autor, o Segundo Planalto exibe uma paisagem
suavemente ondulada formada por sedimentos paleozóicos do Devoniano, Carbonífero e do
Permiano, limitado a leste pela escarpa devoniana e a noroeste pela Serra da Esperança, que
expõe mesetas, diques, sills e capas de rochas eruptivas básicas do vulcanismo gondwanico.
Já a bacia hidrográfica do alto curso do rio Tibagi é constituída por relevos tabulares, que
formam cuestas e plataformas estruturais mais dissecadas, apresenta suave inclinação subhorizontal, com inclinação para oeste (STIPP, 2000).
Segundo Maack (1981), o alto curso do rio Tibagi acompanha uma fenda estrutural
vertical retilínea do arenito furnas, que acompanha 42 km até chegar na embocadura do arroio
da Invernada na Fazenda das Almas, após abandonar a fenda e receber o rio do Salto, ocorrem
as primeiras corredeiras e ao longo do seu percurso o rio exibe meandros sinuosos ativos e
abandonados e várzeas na região dos folhelhos de Ponta Grossa.
A partir do distrito de Uvaia em Ponta Grossa até a junção com o Rio Pitangui o curso
se apresenta estável, sem corredeiras e com margens íngremes de arenito Furnas. Em relação
ao gradiente de interflúvios a bacia do Tibagi em seu alto curso apresenta os maiores
desníveis chegando à média de 5m/km, apresentando em sua área total 49% de relevo
ondulado suave, 38% de relevo ondulado, 12% de relevo fortemente ondulado e 1% de relevo
montanhoso e escarpado (PAROLIN, 2010).
Como já mencionado a área estudada situa-se na região conhecida originalmente como
Campos Gerais, no Segundo Planalto Paranaense, no reverso da Escarpa Devoniana. Esta
região é compreendida como uma região fitogeográfica, principalmente pela presença de
vegetação campestre. Desta forma grande parte dos municípios que são abrangidos pela bacia
hidrográfica do alto curso do rio Tibagi estão inseridos nesta região fitogeográfica, como os
municípios de Ponta Grossa, Palmeira, Imbituva, Telêmaco Borba, Porto Amazonas, Ipiranga,
Tibagi, Castro e Piraí do Sul.
Melo (2007), ao estudar o patrimônio geológico da região dos Campos Gerais,
disponibiliza informações relevantes acerca da Geomorfologia da região inferindo que
existem inúmeras feições geomorfológicas como cânions, escarpamentos, cachoeiras, furnas,
relevo ruiniforme, feições geomorfológicas antigas como a exemplo das estrias glaciais de
Witmarsum, no município de Palmeira, escarpas, morros testemunhos, pináculos e torres,
cavernas, dolinas, poços de dissolução, sumidouros, vales secos, fendas, corredores,
labirintos, depressões, lapas, entalhes em paredes rochosas, caneluras, bacias de dissolução,
alvéolos, túneis, dentre outras feições derivadas de processos erosivos em arenitos das
formações Furnas e Itararé ressaltando-se a importância dessas feições geomorfológicas para
a região.
Desta forma, o autor citado acima destaca que as origens das formas de relevos da
região advém de processos endógenos concomitantemente à fatores exógenos que controlam a
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evolução dos processos. Essas formas de relevo são esculpidas por diversos fatores,
morfogenéticos, climáticos, entre outros fatores.
O relevo desta região apresenta amplitudes grandes, com encostas abruptas e
verticalizadas, com cânions, e trechos de rios encaixados, com inúmeras cachoeiras e
corredeiras sobre o leito rochoso (MELO, 2007).
Em relação a descarga e pluviometria da área, as figuras 01 e 02 apresentam os valores
de cada estação analisada entre os anos de 1977 a 2010.
A análise preliminar do regime de débitos indicou que os valores de descarga média
anual são mais elevados na estação Tibagi e os menores valores ocorreram na estação Chácara
Cachoeira. A estação Engenheiro Rosaldo Leitão ficou com valores intermediários. Porém,
em ambas as estações os picos de máxima, ocorreram nos anos de 1983 e 1998.
Em relação a pluviometria média anual das estações foi possível observar que os
valores de precipitação máxima na estação Tibagi ficaram entre 30 e 55mm, enquanto na
estação Engenheiro Rosaldo Leitão teve pico de 57mm em 2005 e 11mm em 1999.
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Figura 01 – Vazão média anual das estações: Engenheiro Rosaldo Leitão, Tibagi e Chácara
Cachoeira.
Fonte: Agência Nacional de Águas (2013)
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Figura 02 - Precipitação média anual das estações: Engenheiro Rosaldo Leitão, Tibagi e
Chácara Cachoeira.
Fonte: Agência Nacional de Águas (2013)
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Considerações Finais
A abordagem realizada nesse trabalho procurou identificar, caracterizar e realizar um
levantamento das estações pluviométricas, bem como seus dados de vazão, visando promover
um maior conhecimento e compreensão do local pesquisado.
Essa área possui uma distinta potencialidade paisagística que preserva um grande
quadro com características específicas no que tange o relevo, hidrografia e clima, que
influenciam diretamente na precipitação e vazão do rio principal e tributários existentes nesta
bacia hidrográfica.
Para as futuras pesquisas é importante que se faça um mapa detalhado de uso e
ocupação do solo, para uma melhor compreensão dos processos ocorridos neste espaço
geográfico. Espera-se que esse trabalho demonstre ter uma contribuição para análise
ambiental desta bacia hidrográfica, cooperando com as demais pesquisas a serem realizadas a
cerca desta região.
Referências Bibliográficas
MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. 2ºed. Rio de Janeiro: J. Olympio,
1981.
MEDRI, M. E.; BIANCHINI, E.; SHIBATTA, O. A.; PIMENTA, J. A. A Bacia do Rio
Tibagi. Londrina, PR : M.E. Medri, 2002.
MELO, M. S.; MORO, R. S.; GUIMARÃES, G. B. Patrimônio natural dos Campos Gerais
do Paraná. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2007.
PAROLIN, M.; RIBEIRO, C.V.; LEANDRINI, J.A.(organizadores). Abordagem Ambiental
Interdisciplinar em Bacias Hidrográficas no Estado do Paraná. Campo Mourão: Editora
da FECILCAM, 2010.
STIPP, N. A. F. Macrozoneamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi (PR).
Londrina: EDUEL, 2000.
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