MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected] PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO DE MULHERES PORTADORAS DO CÂNCER DE MAMA EM TERESINA PIAUÍ Maria Danielly Lemos de Sousa (bolsista do PIBIC-AF/CNPq), Inez Sampaio Nery (Orientadora, Departamento de Enfermagem – UFPI) ___________________________________________________________________ Introdução: O câncer mamário constitui um importante problema de saúde pública, correspondendo a principal causa de óbitos em mulheres por esse tipo câncer neste grupo populacional. Na população brasileira, a maioria dos diagnósticos do câncer de mama é realizada em estágios tumorais avançados, onde se faz necessário instituir tratamentos radicais, com aumento significativo de morbimortalidade e piora na qualidade de vida. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer da mama é o tipo que mais acomete as mulheres no Brasil, excluindo o câncer de pele não melanoma. A estimativa de incidência de câncer no Brasil, válida para os anos de 2014 e 2015, prevê 57.120 casos novos de câncer da mama, com risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres, a cada ano (INCA, 2015). A estimativa para o Nordeste em 2014 foi de 10.490 casos novos, enquanto que para o Piauí, estimou-se uma taxa de incidência de 31,12% para cada 100.000 habitantes, com 520 novos casos. Em Teresina, estipulouse para esse mesmo ano, 210 casos novos com taxa de incidência de 46,50%.Objetivo: Analisar o perfil sociodemográfico e clínico das mulheres com câncer de no hospital de referência em TeresinaPiauí e uma revisão integrativa acerca da temática. Metodologia: Trata-se de um estudo na abordagem qualiquantitativa e descritiva, sendo a pesquisa realizada em um hospital referência no atendimento oncológico na cidade de Teresina. Além da pesquisa de campo, foi realizada uma revisão integrativa sobre o tema proposto. A revisão integrativa permite garantir um aprofundamento da compreensão do tema em estudo, baseando-se em estudos anteriores. Nesse sentido, torna-se necessário seguir os padrões de rigor metodológico, a clareza na apresentação dos resultados para que o leitor reconheça as verdadeiras características das pesquisas incluídas na revisão (MENDES; SILVEIRA, 2008). A primeira etapa da pesquisa integrativa consistiu na elaboração de uma questão norteadora: Qual o perfil sociodemográfico e clínico de mulheres com câncer de mama de acordo com a literatura existente? A partir daí, buscaram-se artigos nas bases de dados Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) e na Base de Dados em Enfermagem (BDENF), por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram incluídos artigos publicados em português, inglês e espanhol, publicados no período de 2011 a 2016, disponíveis online em texto completo e que respondessem à questão da pesquisa. Os critérios de exclusão foram: artigos com apenas resumos disponíveis, artigos duplicados, teses, dissertações, estudos de casos, além daqueles que não que se adequassem à questão do estudo. Foram utilizados os descritores: "Neoplasias da Mama" AND "Perfil Epidemiológico" OR "Perfil de Saúde". Após a utilização dos descritores na área destinada a busca na BVS, foram encontrados inicialmente 198 artigos, em seguida após aplicação dos filtros: textos disponíveis, nas bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF, nos idiomas inglês, português e espanhol, que estivessem publicados no período de 2011 a 2016 e apenas artigos completos. Após aplicação dos filtros encontraram-se 70 artigos. A partir daí, foi realizada uma leitura dos resumos desses artigos, em que foram selecionados nove para fazer parte da pesquisa, tendo em vista a adequação a pergunta de pesquisa inicial. Resultados e Discussão: Foram encontrados 9(nove) artigos no total, sendo 07 (71,4%) no idioma português e 2 (28,6%) em inglês. Quanto ao tema os autores abordaram o perfil sociodemográfico de mulheres com câncer de mama e aspectos acerca do perfil clínico. Com relação a localização geográfica em que os estudos foram realizados, a maioria, 6 artigos (67%) foram realizados com dados da região sudeste do Brasil, já nas regiões norte e sul, cada uma teve um artigo publicado (11%) e, em outros países, também foi obtido apenas um artigo (11%), que tratava de estudo realizado nos Estados Unidos da América. Demonstrar a localização em que tais estudos foram desenvolvidos evidencia que não foram encontradas pesquisas com essa temática nas regiões norte e centro oeste do Brasil, reiterando a escassez de produção científica sobre o tema nessas regiões. Quanto à composição das amostras, seis (67%) estudos foram realizados por meio da análise de prontuários, dois (22%) por meio de entrevista e formulários e um (11%) aplicando instrumentos. Na pesquisa de campo a maioria das mulheres com o referido câncer na cidade de Teresina encontra-se na faixa etária com mais de 60 anos, o que corresponde a 41,2% dos casos. A idade mínima observada foi de 33 anos e a máxima de 68 anos, com média de idade de 54,1 anos, resultado este, que condiz com o encontrado na literatura em que a idade média fica em torno dos 50 anos (PINHEIRO et al., 2013; SOUZA et al., 2015;). Em relação à escolaridade das participantes, a maioria possuía apenas o ensino fundamental (64,7%), sendo a grande parte procedente de outras cidades (70,6%) e o mesmo quantitativo residia na zona urbana (70,6 %). A menarca em idade inferior a 12 anos foi relatada por apenas duas entrevistadas. Em relação a menopausa, 12 participantes encontravam-se nessa fase e destas 9 (52,9%) foram com idade igual ou inferior a 50 anos. A menarca precoce e a menopausa tardia não foram evidenciadas em grande parte das entrevistadas. Segundo o INCA (2011), o atraso da menarca reduz em torno de 15% por ano o risco de câncer de mama, enquanto o atraso da menopausa eleva esse risco cerca de 3% por ano. Com relação ao uso de Terapia de Reposição Hormanal e sua associação com o câncer de mama, em uma pesquisa realizada com mulheres inglesas com idade entre 50 e 64 anos, evidenciou que o uso desta terapia aumentou em 66% o risco de ser acometida por este câncer. As mulheres ao serem questionadas acerca do uso de Terapia de reposição hormonal, cinco (29,4%) relataram que fizeram uso, porém nenhuma utilizou por mais de cinco anos. Das participantes cinco (29,4%) relataram ter histórico familiar do citado câncer. Segundo o INCA (2011), a história familiar aumenta em duas a três vezes o risco de desenvolver o câncer de mama. Conclusão: O cuidado à mulher com câncer de mama trata-se de uma situação complexa, cuja abordagem demanda conhecimento e estratégias que possam aproximar a teoria da prática. Neste sentido, conhecer o perfil sociodemográfico e clínico das mulheres, permite a equipe multiprofissional um melhor direcionamento no atendimento e prestação de assistência. Vale ressaltar que foi evidenciada, também, a escassez de estudos dessa natureza proposta, o que intensifica a justificativa de originalidade e importância do estudo. Palavras-chave: Neoplasias da mama. Perfil sociodemográfico. Saúde da mulher. Referências: INCA. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Inca; 2011. 118p _____.Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil– Rio de Janeiro: INCA, 2015. MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. de C. P.; GALVAO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, Dez. 2008. PINHEIRO, A. B. et al. Câncer de Mama em Mulheres Jovens: Análise de 12.689 Casos. Rev Brasileira de Cancerologia, v. 59, n. 3, p. 351-359, 2013. SOUZA, C.B. et al. Estudo do tempo entre o diagnóstico e início do tratamento do câncer de mama em idosas de um hospital de referência em São Paulo, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva; v. 20, n. 12, p. 3805-3816, 2015.