A QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PRESTADA AS PUÉRPERAS PORTADORAS DE HIV/AIDS DO ALOJAMENTO CONJUNTO EM UM HOSPITAL DO RECIFE/PE. LETÍCYA PAULA DE LIMA, e-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A AIDS é uma doença que representa um dos maiores problemas de saúde da atualidade, em função do seu caráter pandêmico e sua gravidade (BRASIL, 2002). Sendo uma patologia emergente, a AIDS foi reconhecida pela primeira vez nos EUA, no início da década de 80 a eclosão de uma doença que inicialmente foi identificada como uma síndrome conhecida mundialmente pela sigla AIDS (Acquired Imunodefiency Syndrome), sendo posteriormente reconhecida como entidade clínica de etiologia viral e denominada AIDS. Os infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico, á medida que vão sendo destruídos os linfócitos T CD4+, umas das principais células alvo do vírus. A contagem de linfócitos T CD4+ é um importante marcador dessa imunodeficiência, sendo utilizado tanto para estimar o prognóstico e avaliar a indicação de início da terapia com os antiretrovirais, quanto para a definição de casos de AIDS. (BRASIL, 2008). No Brasil ela tem sido subdivida em três fases, a primeira no início dos anos 80, restringindo-se a certos grupos populacionais, como os homos, bissexuais e receptores de sangue e hemoderivados. A segunda fase nos primeiros anos da década de 90, caracterizando-se pelo aumento do número de casos entre usuários de drogas injetáveis, bem como pelo início do aumento dos casos por transmissão heterossexual. A terceira fase da epidemia caracteriza-se, principalmente, pelo expressivo número de casos por transmissão do HIV entre indivíduos heterossexuais, resultando num aumento acentuado da incidência entre as mulheres. Esse processo, denominado de heterossexualização, acelerou a disseminação geográfica da epidemia de AIDS em todo território nacional atingindo os de pequeno porte. (BRASIL, 2007). Atualmente as mulheres têm sido afetadas, acarretando por sua vez, o aumento dos casos de crianças infectadas por infecção materno-infantil, também denominada de transmissão vertical, uma vez que a transmissão materno-infantil pode ocorrer durante a gestação, o parto e a amamentação. (SOUZA, 2004). O governo brasileiro vem se empenhando para reduzir as taxas de transmissão vertical no país. Entre as medidas, tem-se o aconselhamento a realização de sorologia para o HIV no pré-natal, a administração da zidovudina combinada a outros antirretrovirais para as gestantes infectadas, a administração da zidovudina durante o trabalho de parto e no pós-parto para os recém-nascidos e a substituição do aleitamento materno. Esses procedimentos estão disponíveis a toda população de forma universal e gratuita. Uma vez que a atenção ao pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e, para sua humanização e qualificação faz-se necessário construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa em sua totalidade. (BRASIL, 2011). Contudo o acolhimento, aspecto essencial da política de humanização, implica recepção da gestante desde sua chegada ao hospital, responsabilizando-se por ela, ouvindo suas queixas, permitindo que ela expresse suas preocupações, angústias, garantindo atenção resolutiva e articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência de qualidade sempre que necessário, orientando a puérpera sob sua patologia e as limitações que ela traz consigo. Sendo assim, este trabalho tem como pretensão avaliar a qualidade da assistência de enfermagem a puérpera com HIV/AIDS no alojamento conjunto do Hospital Agamenon Magalhães (HAM). Como também possibilitar uma reflexão crítica sobre o tema, bem como o incentivo no desenvolvimento em novas pesquisas visando uma melhor qualidade na assistência de enfermagem prestada a estas pacientes. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1 Histórico No início da década de 80, a eclosão de uma nova doença que inicialmente foi identificada como uma síndrome, conhecida mundialmente pela sigla AIDS (Acquired Imunodeficiency Syndrome), sendo posteriormente reconhecida como entidade clínica, etiologia viral, e denominada AIDS. Porém os primeiros casos ocorreram nos anos de 77 e 78 nos EUA, Haiti e África Central sendo descobertos e definidos como AIDS, em 1982. (BRASIL, 2007). Desde que a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) foi reconhecida pela primeira vez a mais de vinte anos observou-se o progresso notável na melhoria da qualidade de vida e sobrevivência maior de pessoas com infecção por HIV. (BRASIL, 2006). Durante á primeira década esse progresso foi associado ao reconhecimento dos processos patológicos oportunistas, terapia mais efetiva das complicações e introdução da profilaxia contra infecções oportunistas comuns. Na segunda década testemunhou o progresso no desenvolvimento de terapias antiretrovirais altamente ativas (HAART), bem como o processo contínuo no tratamento das infecções oportunistas. Há terceira década focalizou questões de adesão a terapia, desenvolvimento de medicamentos de segunda geração para tratar a doença por HIV e a maior pressão para desenvolver uma vacina. O teste sorológico para o HIV, um imunoensaio enzimático (EIA; originalmente ensaio imunossorvente ligado a enzima ELISA), foi disponibilizado em 1984, permitindo o diagnóstico precoce da infecção antes do início dos sintomas. (SMELTZER, 2009). 1.2 Conceito HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, causador da AIDS, que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. (BRASIL, 2011). Os infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico, à medida que vai sendo destruídos os linfócitos T CD4+, uma das principais células alvo do vírus. A contagem de linfócitos T CD4+ é um importante marcador dessa imunodeficiência, sendo utilizada tanto para estimar o prognóstico e avaliar a indicação de início de terapia antirretroviral, quanto para definição de casos de AIDS, com fins epidemiológicos. (BRASIL, 2010). 1.3 Epidemiologia A AIDS foi reconhecida em 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número, elevado de pacientes adultos do sexo masculino com comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença. Posteriormente, alguns casos, ocorridos nos últimos anos da década 70, foram identificados como tendo sido AIDS (BRASIL, 2002). No Brasil, a AIDS foi identificada pela primeira vez em 1982, quando do diagnóstico em pacientes homo ou bissexuais. Um caso foi reconhecido retrospectivamente, no Estado de São Paulo, como tendo ocorrido em 1980. Desde o surgimento dos primeiros casos de AIDS no Brasil e em Pernambuco, já se passaram respectivamente, 32 e 29 anos, a AIDS ainda continua importante caso se saúde pública. A despeito dos avanços no diagnóstico e tratamento, a AIDS é hoje no estado a primeira causa de morte por doenças infecciosas e parasitárias entre os 15 e 64 anos, seguida da tuberculose, uma das principais causas de adoecimento e morte em portadores de HIV/AIDS (BRASIL, 2006). 1.4 Agente etiológico Vários estudos epidemiológicos e experimentais comprovam que o HIV é o causador da AIDS, um vírus pertencente á subfamília dos lentivírus dos retrovírus humanos. Á microscopia eletrônica apresenta-se com um formato aproximadamente esférico, com um core (nucleocapsídeoerial) cilíndrico, formado por uma capa de proteínas (p24 e p27) envolvendo o material genético: uma fita dupla de ácido ribonucléico (ARN/RNA) que compõe o genoma viral; e as enzimas associadas ao RNA, entre elas a transcriptase reversa, a integrase e a protease. Possui ainda um envelope lipoglicoproteico que envolve o nucleocapsídeo. O HIV sofreu algumas modificações genéticas, constituindo diferentes tipos de vírus. Em todo o mundo foram isolados dois tipos de HIV: o HIV-1, isolado em 1983, que se encontra atualmente disseminado em todos os continentes, e o HIV-2, isolado e 1985, mais restrito ao continente africano. No Brasil predomina o HIV-1, sendo pouco freqüentes os registros de infecção pelo HIV-2. O HIV-1 tem se mostrado mais virulento e com período médio de incubação menos prolongado do que o HIV-2. Apresentam semelhança genética de aproximadamente 40 a 45%, o que justifica a possível reação cruzada nos testes sorológicos (BRASIL, 2007). 1.5 Período de incubação Compreendido entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e sintomas da fase aguda, podendo variar de cinco a trinta dias. Período de latência é o período após a fase de infecção aguda, até o desenvolvimento da imunodeficiência. Esse período varia entre cinco e dez anos, média de seis anos. (BRASIL, 2011). 1.6 Manifestações clínicas Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da AIDS, o sistema imunológico começa a ser atacado. 1.6.1 Infecção Aguda Chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV - tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de três a seis semanas. E o organismo leva de trinta a sessenta dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebidos (BRASIL, 2010). 1.6.2 Fase Assintomática É marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas que não enfraquece o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é chamado de assintomático (BRASIL, 2010). 1.6.3 Fase Sintomática Inicial Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4 - glóbulos brancos do sistema imunológico - que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns são: febre, diarréia, suores noturnos e emagrecimento (BRASIL, 2010). 1.7 Janela imunológica Janela imunológica é o intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus da AIDS e a produção de anticorpos anti-HIV no sangue. Esses anticorpos são produzidos pelo sistema de defesa do organismo em resposta ao HIV e os exames irão detectar a presença dos anticorpos, o que confirmará a infecção pelo vírus. O período de identificação do contágio pelo vírus depende do tipo de exame (quanto à sensibilidade e especificidade) e da reação do organismo do indivíduo. Na maioria dos casos, a sorologia positiva é constatada de trinta a sessenta dias após a exposição ao HIV. Porém, existem casos em que esse tempo é maior: o teste realizado cento e vinte dias após a relação de risco serve apenas para detectar os casos de mudança no resultado. Se um teste de HIV é feito durante o período da janela imunológica, há a possibilidade de apresentar um falso resultado negativo. Portanto, é recomendado esperar mais trinta dias e fazer o teste novamente (BRASIL, 2008). 1.8 Transmissão Desde o momento de aquisição da infecção, o portador do HIV é transmissor, entretanto, os indivíduos com infecção muito recente ou imunossupressão avançada têm maior concentração de carga viral e nas secreções sexuais, transmitindo com maior facilidade o vírus. Os processos infecciosos e inflamatórios favorecem a transmissão do HIV. Em primeiro lugar, a presença de DST. As que cursam com úlcera – como a sífilis, o herpes genital e o cancro mole estão associados com o aumento no risco de infecção pelo HIV cerca de 8 a 18 vezes mais. As DST´S não ulcerativas, tais como gonorréia, infecção por clamídia e tricomoníase, bem como outras infecções freqüentes do trato genital inferior, como, por exemplo, a vaginose bacteriana e candidíase, e processos inflamatórios, como vaginites químicas causadas por espermicidas e outras substâncias, também aumentam o risco de adquirir e/ou transmitir o HIV. As cervicites, além do processo inflamatório adjacente, cursam quase que invariavelmente com a presença de ectopias, o que lhes confere solução de continuidade entre o ambiente vaginal e a circulação sangüínea, favorecendo a aquisição e/ou transmissão do HIV. Igualmente, as verrugas genitais causam friabilidade da mucosa ou pele infectada, levando à formação de microfissuras e, portanto, o maior risco de aquisição e/ou transmissão do HIV. Durante a gestação há maior concentração do HIV no fluido cérvico vaginal, o que potencialmente aumenta o risco de transmissão sexual desse vírus. (BRASIL, 2010). 1.8.1 Contato Sexual A principal forma de exposição em todo o mundo é a sexual, sendo que a transmissão heterossexual, nas relações sem o uso de preservativo, é considerada, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como a mais freqüente deforma global. Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV através de uma relação sexual são alta viremia; imunodeficiência em fase avançada; relação anal; relação sexual durante o período menstrual; imaturidade do aparelho genital; e presença de outras DST (BRASIL, 2006). 1.8.2 Uso compartilhado de agulhas e seringas Representa um meio muito eficaz de transmissão do HIV. No Brasil, essa forma de transmissão tem importância crescente nas aeras da rota do tráfico de drogas, sendo observada principalmente na região do Sul, Sudeste e Centro Oeste (BRASIL, 2006). 1.8.3 Acidentes Ocupacionais com Materiais Biológicos A exposição a materiais biológicos que contêm o HIV pode ocorrer na pratica diária dos profissionais de saúde de uma forma geral e na de outros profissionais que podem, eventualmente, entrar em contato com esses materiais. A transmissão ocupacional pode ocorrer quando profissionais sofrem ferimentos com instrumentos perfuro cortantes com presença de sangue ou outros fluidos contaminados e/ou quando ocorre exposição das mucosas a esses fluidos (BRASIL, 2009). 1.8.4 Transmissão Vertical A probabilidade de transmissão vertical da infecção pelo HIV foi largamente mostrada por vários estudos. A maioria dos casos de transmissão, cerca de 65%, ocorre durante o trabalho de parto e no parto propriamente dito e que os 35% restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas semanas de gestação. Além disso, o aleitamento materno representa risco adicional de transmissão de 7% a 22%. Pesquisas mostraram que são vários os fatores associados ao aumento do risco de transmissão do HIV da mãe para o filho. Dentre esses, reconhece-se como principais: o tempo entre a ruptura das membranas amnióticas e o parto, e a quantidade de vírus nas secreções cérvico vaginais e no leite materno. No Brasil, cerca de 84% dos casos de AIDS pediátrica, ou seja, em crianças com até 13 anos de idade, é decorrente de transmissão vertical ( BRITO, 2006). 1.9 Diagnóstico Uma história detalhada permite ao profissional informações indicativas do comportamento de risco para as DST e para a infecção pelo HIV. Com base nas informações adquiridas, o profissional poderá, em conjunto com o paciente, construir processos que minimizem ou eliminem os riscos de uma reinfecção e/ou transmissão para outras pessoas. (BRASIL, 2004). 1.9.1 Testes Diagnósticos Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos, basicamente, em quatro grupos: 1- Testes de detecção de anticorpos; 2- Testes de detecção de antígenos; 3- Testes de amplificação do genoma do vírus; 4- Técnicas de cultura viral. Segundo Brasil (2006), as técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção pelo HIV são as baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus, os chamados testes anti-HIV. 1.10 Tratamento Na primeira consulta, o paciente precisa informar a história clínica inicial, tempo de diagnóstico, se já apresentou alguma doença grave e quais são as condições e os hábitos de vida. É bem provável que, na primeira consulta o médico peça exames, como: hemograma completo, urina, fezes, glicose, colesterol e triglicerídeos, raio-x de tórax, hepatite B e C, tuberculose e os testes de contagem dos linfócitos T CD4+ e o de carga viral. Dependendo do resultado dos exames clínicos e laboratoriais, pode ser necessário que o soropositivo comece a terapia antirretroviral, que é o tratamento com medicamentos. O médico fará o acompanhamento do paciente, que deve voltar regularmente ao consultório no tempo determinado pelos profissionais. O acompanhamento médico da infecção pelo HIV é essencial, tanto para quem não apresenta sintomas e não toma remédios (fase assintomática), quanto para quem já exibe algum sinal da doença e segue tratamento com os medicamentos antirretrovirais, a fase da AIDS. O uso irregular dos antirretrovirais acelera o processo de resistência do vírus aos medicamentos, por isso, toda e qualquer decisão sobre interrupção ou troca de medicamento deve ser tomada com o consentimento do médico que faz o acompanhamento do soropositivo (BRASIL, 2011). 1.10.1 Antirretrovirais Os medicamentos antirretrovirais surgiram na década de 1980, para impedir a multiplicação do vírus no organismo. Eles não eliminam o vírus HIV, mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, seu uso é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida de quem tem AIDS. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente o coquetel antiaids para todos que necessitam do tratamento. Cerca de 200 mil pessoas recebem regularmente os remédios para tratar a doença. Atualmente existem 21 medicamentos divididos em cinco tipos. (BRASIL, 2010). 1.10.2 Efeitos Colaterais O tratamento com os medicamentos antirretrovirais traz muitos benefícios aos pacientes, aumentando a sobrevida e melhorando a qualidade de vida de quem segue corretamente as recomendações médicas. Porém, como os medicamentos precisam ser muito fortes para impedir a multiplicação do vírus no organismo, podem causar alguns efeitos colaterais desagradáveis. Entre os mais frequentes, encontram-se: diarreia, vômitos, náuseas, rash cutâneo, agitação, insônia e sonhos vividos. Há pessoas que não sentem mal-estar. Isso pode estar relacionado com características pessoais, estilo e hábitos de vida, mas não significa que o tratamento não está dando certo (BRASIL, 2007). 1.11 Gestação Como conseqüência da união entre as células reprodutivas, principia o desenvolvimento de um novo ser em geral no útero materno fato que determina o início de mudanças físicas, psicológicas e social nos pais. O produto da gestação é o resultado da união dos gametas masculino e feminino ou células reprodutivas que, após forma o zigoto ou ovo, se dividem, dando origem às diferentes camadas germinativas ou blastócitos, formando um novo ser, a gestação compreende um tempo de 36 a 41 semanas (CARRERA, 2006). 1.12 Puerpério e HIV / AIDS Período puerperal é compreendido como o período que se inicia logo após o parto e termina quando as modificações locais e gerais determinadas pela gestação no organismo materno retornam as condições normais. Neste período ocorrem adaptações fisiológicas e comportamentais complexas nas mulheres caracterizadas como fenômenos involutivos, pelo estabelecimento da lactação, pela adaptação psicológica da mãe e pelo estabelecimento mãe, filho e familiares (SANTOS, 2002). Sendo dividido em três fases: imediato, tardio e remoto. A primeira fase corresponde ao período compreendido entre o 1º e o 10º dia pós-parto, durante qual se desenrolam todas as modificações necessárias ao retorno do funcionamento do organismo da mulher ao estado anterior da gravidez; o tardio que vai do 11º dia ao 25º, onde se desenrolam todas as manifestações involutivas de recuperação e regeneração da genitália materna, e seguida do remoto com término impreciso, na dependência da lactação, normalmente em torno de seis semanas, permeados por processos físicos, sociais e psicológicos inerentes á maternidade (REZENDE, 2011). 1.12.1 Assistência da enfermagem na puérpera portadora de HIV / AIDS No referente á prevenção e promoção da saúde da criança, segundo se orienta, para assegurar á proteção á vida da criança, devem-se diminuir as chances da transmissão vertical (TV), no puerpério a mulher deve ser orientada sobre o risco da transmissão do HIV por meio do aleitamento materno. Recomenda-se, á supressão do leite materno, e repassam-se informações sobre o preparo do leite em pó (fórmula infantil) e de outros alimentos, que substituirão a alimentação nos primeiros meses (BRASIL, 2001). Segundo recomendado pelo Ministério da Saúde, para redução da TV, o enfermeiro deve proceder á inibição mecânica, ou seja, faz-se um enfaixamento das mamas com atadura e administração de inibidor de lactação logo após o parto. A puerpéra também deve ser orientada sobre os seguintes aspectos: O preparo da fórmula infantil, a consulta de seguimento puerperal e a procura de um serviço especializado para portadores de HIV/AIDS e a criança exposta ao vírus, bem como sobre onde deverá receber as próximas latas de leite em pó até os seis meses de vida da criança. Também nessa oportunidade deverá ser reforçada a necessidade de proporcionar á criança o uso diário do AZT xarope, até completar quatro semanas de vida (BRASIL, 2007). 2 MÉTODOS A metodologia escolhida para a realização deste trabalho consiste em um estudo descritivo, exploratório e com uma abordagem quantitativa. 2.1 Procedimentos A análise de dados foi realizada mediante comparação com bibliografias previamente pesquisadas, e elaborados em planilha do Excel através de confecção de tabelas e gráficos utilizando frequências absolutas e relativas. 2.2 Amostras A população e amostra foram compostas por 04 puérperas portadoras de HIV/AIDS que estiveram internadas no alojamento conjunto do Hospital Agamenon Magalhães no período de agosto a outubro de 2013, porém foram encontradas grandes dificuldades, pois a instituição na qual foi realizada a pesquisa, não obteve pacientes com as características necessárias para serem incluídas no estudo, justificando assim a pequena amostra obtida. 2.3 Instrumentos de pesquisa O instrumento de pesquisa foi um questionário elaborado pelas próprias pesquisadoras, estes com perguntas pertinentes ao assunto abordado, e preenchidos pelas puérperas portadoras de HIV/AIDS do alojamento conjunto. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1 Caracterização da amostra das puérperas relacionada à faixa etária, escolaridade, no Alojamento Conjunto HAM-RECIFE/PE 2013. Fonte: Dados da Pesquisa, 2013 De acordo com os resultados obtidos pela pesquisa, 50% das puérperas com HIV/AIDS possuem idade entre 18 e 25 anos, 25% de 26 a 30 anos, e 25% de 31 a 35 anos de idade. Segundo Brasil (2002), a faixa etária que concentra os maiores percentuais de casos de AIDS em mulheres é a de 25 a 34 anos. Quanto aos dados referente à escolaridade foi possível observar que 25% são analfabetas, 50% possuem 1º grau incompleto e 25% 2º grau completo. Segundo Brasil (2002), o número de casos de AIDS continua mais elevado entre mulheres jovens, baixa renda e de nível de escolaridade baixo. Tabela 2 Caracterização da amostra das puérperas relacionada ao estado civil e raça, no Alojamento Conjunto HAM- Recife -PE/20013 Segundo os resultados obtidos através das puérperas portadoras de HIV/AIDS 75% são solteiras, 25% são casadas. Quanto à raça, 25% se consideram branca, 50% parda e 25% negra. Segundo Brasil (2002), a epidemia de AIDS continua seu processo de crescimento entre a população mais vulneráveis socioeconomicamente, expresso pelo aumento persistente da proporção de casos com raça/cor parda e redução da branca em ambos os sexos. Gráfico1. Porcentagem das mulheres, segundo a assistência de enfermagem no alojamento conjunto. Alojamento Conjunto HAM- RECIFE/PE. Segundo as puérperas com HIV/AIDS do alojamento conjunto, 50% consideraram que a assistência prestada pela enfermagem foi ótima, 25% bom e 25% considerou ruim. De acordo com Araújo (2012), foi evidenciada a necessidade da qualificação da equipe de enfermagem para atuar junto a esta clientela, desempenhando de forma satisfatória os cuidados de enfermagem. Gráfico2. Porcentagem mulheres, segundo orientações das o entendimento das passadas pelo enfermeiro (a). Alojamento Conjunto HAM- RECIFE/PE. De acordo com o gráfico 2, 75% das puérperas portadoras de HIV/AIDS, consideraram de fácil entendimento as orientações passadas pelo enfermeiro (a), e 25% acharam que deveria ser mais clara. Segundo Araújo (2012), a equipe de enfermagem tem grande importância no cuidado direto às puérperas. A enfermeira é a responsável por orientar a equipe de enfermagem para que esta desempenhe com êxito tais cuidados. Gráfico 3. Porcentagem das mulheres, segundo a clareza das instruções sobre as medicações usadas. Alojamento Conjunto HAM- RECIFE/PE Observa-se no gráfico 3., que 75% das puérperas com HIV/AIDS, considerou que o enfermeiro foi claro quanto as medicações retrovirais usadas , e que 25% achou que o enfermeiro poderia ter sido mais claro. De acordo com Ceccato (2004), os fatores que podem levar o indivíduo a não aderir ao tratamento é a de compreensão insuficiente sobre o uso dos medicamentos, bem como a falta de informação sobre os riscos advindos da não adesão. Segundo Brasil (2003), as pessoas não podem tomar os medicamentos corretamente se não sabem como fazê-lo, fornecer informação sobre os medicamentos constitui atividade fundamental para promover a adesão. Gráfico 4. Porcentagem das mulheres segundo informações sobre sua patologia e limitações. Alojamento Conjunto HAMRECIFE/PE 2013. Segundo dados obtidos pelas puérperas com HIV/AIDS, 25% responderam que não receberam informações sobre as limitações do HIV, enquanto que 50% responderam que o enfermeiro forneceu estas informações. De acordo com Brasil (2006), a puérpera deve ser orientada sobre os seguintes aspectos: o preparo da fórmula infantil, a consulta de seguimento puerperal e a procura de um serviço especializado para portadores de HIV e a criança exposta ao vírus, bem como sobre onde deverá receber as próximas latas de leite em pó até os seis meses de vida. Também nesta oportunidade deverá ser reforçada a necessidade de proporcionar à criança o uso diário do AZT xarope, até completar quatro semanas de vida. Gráfico 5. Porcentagem das mulheres segundo o preconceito ou constrangimento sofrido. Alojamento Conjunto HAM- RECIFE/PE 2013. Segundo identificado no gráfico 5., 25% das puérperas afirmam ter sofrido constrangimento ou preconceito por parte do enfermeiro (a), enquanto que 50% negam ter passado por algum tipo de constrangimento. De acordo com Nemes (2004), o principal sentido programático da assistência a pessoa vivendo com HIV/AIDS, é representar a defesa de princípios éticos o direito á cidadania e o acesso universal a assistência. Gráfico 6. Porcentagem das mulheres segundo discrição do enfermeiro (a) com relação à patologia. Alojamento Conjunto HAM – RECIFE/ PE 2013. Segundo dados obtidos através das puérperas com HIV/AIDS, 75% consideraram que houve discrição por parte do enfermeiro (a), com relação a sua patologia, enquanto que 25% afirmam que o enfermeiro (a), não foi discreto. De acordo com Barroso (2006), ante a grande responsabilidade ética exigida no cuidado de puérperas portadoras de HIV/AIDS, reforça-se a necessidade de conscientização e de integração do pensamento ético na prática profissional cotidiana. Gráfico 7. Porcentagem mulheres, segundo a enfermeiro quanto (a) das segurança à do patologia. Alojamento Conjunto HAM- RECIFE/PE 2013. Segundo dados obtidos pela pesquisa através das puérperas, 75% afirmaram que o enfermeiro (a), está seguro em relação a sua patologia, enquanto que 25% consideraram que há um despreparo do profissional em relação a sua patologia. De acordo com Araújo (2012), no alojamento conjunto, as puérperas possuem necessidades diferenciadas nem sempre compreendidas pela equipe de enfermagem, que por sua vez não está preparada para presta assistência de forma que essas mulheres possam se sentir acolhidas e tratadas de forma adequada. Gráfico 8. Porcentagem mulheres segundo o das atendimento humanizado do enfermeiro. Alojamento Conjunto HAM- RECIFE/PE 2013. Segundo as puérperas com HIV/AIDS, 75% consideram que o atendimento prestado pelo enfermeiro (a) tenha sido humanizado, e 25% acharam que o que houve humanização por parte do enfermeiro (a). De acordo com Araújo (2012), trabalhar com estas puérperas se torna difícil não somente por tudo que envolve esta condição, ou seja, viver com HIV/AIDS, mas principalmente por elas encontrarem dificuldades que englobam questões emocionais, sociais e éticas. Com isso, podemos perceber que cada mulher que se encontra nesta situação deve ser tratada de forma integral e individualizada para que suas expectativas e necessidades possam ser atendidas adequadamente. CONCLUSÃO No contexto assistencial a equipe de enfermagem tem grande importância no cuidado direto às puérperas. A enfermeira é a responsável por orientar a equipe de enfermagem para que esta desempenhe com êxito tais cuidados. No alojamento conjunto, as puérperas possuem necessidades diferenciadas nem sempre compreendidas pela equipe de enfermagem, que por sua vez não está preparada para prestar assistência de forma que essas mulheres possam se sentir acolhido e tratado de forma adequada. Trabalhar com estas puérperas se torna difícil não somente por tudo que envolve esta condição, ou seja, viver com HIV/AIDS, mas principalmente por elas encontrarem dificuldades que englobam questões emocionais, sociais e éticas. Com isso, podemos perceber que cada mulher que se encontra nesta situação deve ser tratada de forma integral e individualizada para que suas expectativas e necessidades possam ser atendidas adequadamente (ARAÚJO, 2012). Tendo em vista a construção deste estudo tornou possível avaliar a qualidade da assistência de enfermagem prestada as puérperas com HIV/AIDS do alojamento conjunto. Podendo verificar que a maioria das puérperas com HIV/AIDS participantes da pesquisa consideraram que a assistência de enfermagem no referido hospital tem sido satisfatória suprindo suas necessidades, esclarecendo suas dúvidas, orientando-as quanto à sua patologia, medicações e restrições, com base numa assistência humanizada e segura. Contudo cabe ao enfermeiro (a) prestar um atendimento de forma individualizada, oferecendo uma melhor assistência fundamentada no respeito à dignidade, mediante atitude neutra e de maneira confidencial, embasando seu atendimento em conhecimentos técnicos e científicos. Embora o presente estudo tenha oferecido reflexões sobre a qualidade da assistência de enfermagem prestada as puérperas com HIV/AIDS, apresenta algumas limitações, pois obteve uma amostra de apenas 04 pacientes. Sendo assim, sugere-se o desenvolvimento de investigações mais amplas para generalizar estas discussões. REFERÊNCIAS ARAÚJO, C.L.F., et.al, O Cuidado á puérpera com HIV/AIDS no Alojamento Conjunto: A Visão da Equipe de Enfermagem. Esc. Anna Nery. V. 16, p- 49-56, 2012. BARROSO, L.M.M, ET.al. Aspectos Éticos da interação enfermeiro – puerpéra com HIV/AIDS. DST – J Brás Doenças Sex Transm, V. 17(3), p. 197-200, 2005. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças Infecciosas e Parasitárias. Guia de Bolso. 8ª ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010. _____, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de DST e AIDS. 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