64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E MÓRFOLOGICAS DE GRAMÍNEA NATIVA À TOXIDEZ POR FERRO Camilla O. Rios 1 1,* 1 , Bruna C. de Souza , Eduardo G. Pereira 1 Universidade Federal de Viçosa campus Florestal. *[email protected] Introdução de clorofilas. Tais resultados podem estar relacionados o alto requerimento de ferro para a síntese de clorofila O impacto ambiental resultante da atividade de usinas de mineração e beneficiamento de minério de ferro (Fe) pode culminar na redução da biodiversidade local [1]. Para a recomposição destas áreas impactadas, é importante a escolha correta das espécies nativas e a inserção de plantas tolerantes. O experimento tem como principais objetivos, determinar a capacidade de acúmulo de ferro em gramínea tropical, o índice de tolerância da planta ao poluente por meio de aspectos fisiológicos e de crescimento. Metodologia O experimento foi montado em casa de vegetação em condições de hidroponia. Após a aclimatação de 30 plantas, sendo 5 plantas de cada concentração foram aplicados as concentrações de Fe-EDTA (FeSO4.7H2O + EDTA): 0,009 mM – controle; 1 mM; 2 mM; 4 mM; 7 mM e 9 mM. As gramíneas permaneceram expostas aos tratamentos por 6 dias. Foram feitas avaliações periódicas ao longo do experimento de trocas gasosas, conteúdo de pigmentos fotossintéticos e variáveis morfológicas. Ao final do experimento, quando as plantas já apresentavam sintomas significativos da toxidez por ferro nas maiores concentrações de Fe-EDTA, foram feitas as seguintes avaliações massa seca das raízes e da parte aérea, teor de ferro nos tecidos vegetais e teores de malonaldeído (MDA) nas folhas. Resultados e Discussão A espécie de gramínea estudada é capaz de acumular elevados níveis de Fe em seus tecidos. O acúmulo de ferro nas folhas das plantas expostas às maiores concentrações de Fe-EDTA foi expressivamente maior do que os valores requeridos para suprir as necessidades normais (Fig. 1). Nas plantas expostas à menor concentração de Fe-EDTA (1mM) o acúmulo de Fe foi cerca de 9 vezes maior do que as plantas controle, -1 atingindo valores superiores a 600 mg kgMS . Na maior concentração de Fe-EDTA (9 mM) foram observados teores de ferro 10 vezes superiores ao limite de toxidez de -1 500 mg kgMS , considerado fitotóxico para a maioria das plantas [2]. Entretanto, a absorção excessiva de Fe resultou em danos oxidativos aos tecidos foliares, evidenciado pelo aumento nos teores de MDA e redução na massa seca da raiz a partir da concentração de 4 mM. A partir do terceiro dia, as plantas já apresentavam sintoma visível de bronzeamento foliar, como manchas escuras se estendendo do ápice a base da folha. Mesmo a partir de concentrações moderadas de Fe-EDTA, houve redução gradativa na taxa fotossintética e condutância estomática com o aumento da concentração de Fe na solução nutritiva, porém sem evidência de limitação estomática. A redução na condutância estomática (gs) resultou na diminuição da transpiração foliar. O teor de pigmentos fotossintéticos apresentou menor sensibilidade a excessivas concentrações de Fe-EDTA, uma vez que não foi observada diminuição no conteúdo Figura 1. Teor de ferro foliar ao final do experimento em diferentes concentrações de Fe-EDTA em solução nutritiva. Os dados foram submetidos a análise de regressão apresentando o modelo quadrático. A linha tracejada indica o nível crítico de toxidez por ferro para a maioria das espécies vegetais [4]. Conclusões • • • • A espécie de gramínea estudada é capaz de acumular elevados níveis de Fe em seus tecidos, o que contribuiu para a alta sensibilidade da planta a toxidez do metal; Os sintomas de toxidez foram observados mesmo após exposição das plantas a doses moderadas de Fe-EDTA (1 a 2 mM), indicando o baixo nível de tolerância da espécie ao ferro em excesso; O ferro proporcionou bronzeamento foliar; reduções na taxa fotossintética, na condutância estomática e na transpiração; incremento na razão Ci/Ca e redução da matéria seca total; Os resultados indicam baixo potencial para utilização da espécie com propósito de revegetação de áreas impactadas por mineradoras. Agradecimentos A UFV. A FAPEMIG, VALE S.A. e ao CNPq pelo financiamento do projeto. Referências Bibliográficas [1] Kuki KN, Oliva MA, Pereira EG. 2008. Iron Ore Industry Emissions as a Potential Ecological Risk Factor for Tropical Coastal Vegetation. Environmental Management 42: 111– 121. [2] Marschner H. 1995. Mineral nutrition of higher plants. Academic Press 2: 889p. [3] Msilini, N.; Zaghdoudi, M.; Govindachary, S.; Lachaâl, M.; Ouerghi, Z.; Carpentier, R. 2011. Inhibition of photosynthetic oxygen evolution and electron transfer from the quinone acceptor QA to QB by iron deficiency, Photosynthesis Research 107: 247–256. [4] Marschner, H. 2012. Mineral nutrition of higher plants. Amsterdam: Elsevier; Academic Press. 684 p.