reativação de feição erosiva na zona urbana de cidade

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
REATIVAÇÃO DE FEIÇÃO EROSIVA NA ZONA URBANA DE CIDADE
GAÚCHA – PARANÁ
FELIPE RODRIGUES MACEDO1
MARTA LUZIA DE SOUZA2
RESUMO
As erosões no noroeste do estado do Paraná sempre foram um problema desde a ocupação efetiva
da área nos anos de 1940. No início da década de 1990 o governo do estado desenvolveu um
convênio entre a Universidade Estadual de Maringá, o Departamento de Geografia (UEM/DGE) e a
Superintendência do Controle da Erosão e Saneamento Ambiental (SUCEAM), atualmente extinta.
Desse convênio foram elaboradas cinco cartas de zonas de risco à erosão, uma delas sendo
realizada no município de Cidade Gaúcha, no ano de 1994. Foi mapeado, no setor norte da zona
urbana do município, uma voçoroca ativa. Atualmente essa voçoroca permanece ativa. As obras
realizadas, no trecho inicial, não surtiram os efeitos desejados. Em outros trechos a voçoroca está
mais profunda do que há 20 anos.
Palavras-chave: Noroeste do Paraná, mapeamento geotécnico, geotecnologias
ABSTRACT
The erosions in the northwestern Paraná State have always been a problem since the effective
occupation of the area in the 1940s. In the early 1990s, the State Government developed an
agreement between the Maringá State University, Department of Geography (UEM/DGE) and the
Superintendent of Erosion Control and Environmental Sanitation (SUCEAM), now extinct. This
agreement was elaborate five maps of the areas of erosion risk, one of was produced in the
municipality of Cidade Gaúcha, in 1994. It was mapped in the northern sector of the urban area of the
municipality, an active gully. Currently this gully remains active. The works carried out in the initial
stretch, not yielded the expected results. Elsewhere the gully is deeper than 20 years ago.
Keywords: Paraná Northwest, geotechnical mapping, geotechnology
1
Geógrafo Programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade Estadual de Maringá
(PGE/UEM). [email protected]
2
Prof.ª Dr.ª Programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade Estadual de Maringá
(PGE/UEM). [email protected]
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DE 9 A 12 DE OUTUBRO
1 – Introdução
No início da década de 1990, o governo do Estado do Paraná firmou um
convênio entre a Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Geografia
(UEM/DGE) com a Superintendência do Controle da Erosão e Saneamento
Ambiental (SUCEAM), atualmente extinta, para a realização do mapeamento
geotécnico de cinco municípios da região noroeste do estado – Umuarama,
Cianorte, Paranavaí, Nova Esperança e Cidade Gaúcha - (NÓBREGA, et al., 2003).
O mapeamento geotécnico previa o levantamento das características do
meio físico desses municípios, visando um melhor planejamento da ocupação
devido ao surgimento de vários tipos de feições erosivas nas áreas rurais e urbanas
que estavam proporcionando, principalmente, a perda na produtividade agrícola e
das áreas destinadas para as expansões urbanas. Os desastres naturais
diagnosticados foram os relacionados com as ocorrências de erosões, movimentos
de massa em solos e assoreamento.
Assim, o mapeamento geotécnico executado culminou com a delimitação de
zonas de riscos à erosão em cinco classes, nas áreas urbanas e periurbanas do
convênio. Além, das cartas geotécnicas elaboradas foram feitas diretrizes para a
ocupação, que indicavam a tomada de medidas estruturais e não-estruturais.
As medidas estruturais correspondem às obras que podem ser implantadas
visando à correção e/ou prevenção de problemas decorrentes de desastres naturais.
Já as medidas não-estruturais são aquelas que procuram reduzir os danos ou as
consequências, não por meio de obras, mas pela introdução de normas,
regulamentos e programas educacionais (CANHOLI, 2005).
O objetivo do presente trabalho foi verificar em Cidade Gaúcha, um dos
municípios associados ao convênio, se uma das feições erosivas mapeadas em uma
Zona de Instabilidade Declarada, não recomendada à ocupação em 1994, estaria
controlada em 2014
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2 – Material e métodos
2.1 – Material
O município de Cidade Gaúcha está localizado nas coordenadas geográficas
de 23º 22’ 49″ de latitude S e 52º 56’ 11″ de longitude W, na região noroeste do
estado do Paraná, região sul do Brasil. A área de estudo localiza-se no setor norte
da zona urbana, como mostra a Figura 1.
A população do município em 2010 era de 11 062 habitantes, em uma área
de 403 Km2 (IPARDES, 2015).
Figura 1 – Área urbana e zona de expansão urbana na Carta de Zonas de Risco à Erosão
de Cidade Gaúcha. Adaptação: Felipe R. Macedo
Na área de estudo o substrato rochoso é composto por rochas areníticas
pertencentes à Formação Caiuá, que dão origem a solos de textura arenosa a
média. A cobertura pedológica é constituída por Latossolos Vermelhos que ocupam,
em geral, as posições de topo, de alta e média vertente, onde transicionam para os
Argissolos Vermelhos. Em alguns setores de baixa vertente ocorrem Neossolos
Litólicos e/ou Cambissolos. Em áreas de cabeceiras de drenagem, próximo aos
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nichos de nascentes, é frequente a ocorrência dos Neossolos Quartzarênicos, que
também podem aparecer em áreas de baixa vertente, geralmente associados a
rupturas côncavas. Junto às margens dos ribeirões e córregos podem ocorrer
manchas esparsas de Gleissolos, associadas à presença de umidade (SOARES, et
al., 1980; NÓBREGA, et al., 2003;).
O relevo é composto por colinas amplas e médias, de topos planos a
ligeiramente convexizados. Nos topos dos interflúvios predominam declividades
entre a classe 0 a 5%; na média vertente entre 5 e 12% e no terço inferior das
vertentes
a
declividade
raramente
ultrapassa
os
30%
(CUNHA,
2002;
GASPARETTO, et al., 1994).
O clima, segundo a classificação de Köppen (1948), é do tipo Cfa subtropical
úmido mesotérmico, caracterizado por apresentar verões quentes e geadas poucos
frequentes com tendência a concentração das chuvas nos meses de primavera.
2.2 - Métodos
A metodologia adotada para a elaboração da Carta de Zonas de Riscos à
Erosão de Cidade Gaúcha - PR, escala 1:50.000 foi adaptada da Cartografia
ZERMOS (Zonas Expostas aos Riscos de Movimentação do Solo), empregada na
França na década de 1970, que tinha por objetivo fornecer subsídios para o
planejamento da ocupação dos solos, principalmente quanto à existência de riscos
naturais que poderiam comprometer as construções e outros modos de ocupação.
Na metodologia ZERMOS a representação cartográfica delimita as zonas de riscos,
utilizando-se nomes e cores da seguinte maneira: Risco Nulo ou Baixo (verde);
Risco Potencial, Incerto ou Desconhecido (laranja); Risco Declarado, Certo ou
Conhecido (vermelho), como descrito por Humbert (1977).
Na metodologia ZERMOS que foi adaptada por (NÓBREGA, et al., 2003), a
terminologia e cores utilizadas foram: Zona de Instabilidade Declarada (vermelho);
Zona de Instabilidade Potencial (rosa); Zona de Instabilidade Potencial (cabeceiras
de drenagem) (roxo); Zona de Estabilidade Precária (amarelo) e Zona Estável
(verde).
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Na presente pesquisa, de posse da carta de riscos à erosão em formato
digital, de 1994, foi realizada a superposição com o mapa digital da área urbana que
consta na lei de zoneamento, uso e ocupação do solo de 2005. Esse mapa
apresenta a Zona de Expansão, que consiste em uma faixa de 300 metros de
largura, localizada entre a área urbana do município e a área rural (CIDADE
GAÚCHA, 2005).
Assim a análise cartográfica e de campo foi realizada em uma área
mapeada como zona de riscos de instabilidade declarada, onde foram analisados
quatro locais (pontos 1 a 4). Foram utilizadas imagens de satélite do software
Google Earth. A escolha pelo Google Earth ocorreu devido à indisponibilidade de
imagens do satélite CBERS-2B na área de estudo a partir de 2010 e pela facilidade
de acompanhamento e reprodução de mapas da evolução das feições erosivas por
órgãos públicos e pela população.
3 – Resultados e discussões
Segundo Nóbrega et al. (2003) a carta geotécnica de Cidade Gaúcha,
elaborada em 1994, apresentava cinco zonas de risco à erosão, sendo:
a) Zona de instabilidade declarada (vermelho) - áreas afetadas por
ravinas e voçorocas; deslizamentos ativos; solifluxão evidente; áreas
com afloramento do lençol freático; desbarrancamento de margens de
ribeirões e córregos; várzeas e fundos de vales sujeitos a
assoreamento.
b) Zona de instabilidade potencial (rosa) - áreas com indícios de
deslizamentos e abatimentos; áreas periféricas das voçorocas (que
serão
afetadas
pelo
processo
de
erosão
remontante
e
de
alargamento); vertentes de declividades fortes; zonas de ruptura
côncava com lençol hidromórfico próximo da superfície.
c) Zona de instabilidade potencial (cabeceiras de drenagem) (roxo) áreas
sujeitas
à
concentração
de
água
em
superfície,
a
coluvionamento, a abatimentos de parte do solo por efeitos de piping e
erosão remontante das nascentes.
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d) Zona de estabilidade precária (amarelo) - áreas de colos e vales em
berço com solos de textura mais arenosa que os circundantes; zonas
de declividades médias e fracas. São áreas que podem concentrar
águas em superfície e desencadear processos de ravinamentos.
e) Zona estável (verde) - correspondente as áreas de topo dos interflúvios
e setores de alta vertente com declividades fracas.
Após a análise da carta de Zonas de Risco à Erosão (1994), três áreas
foram identificadas, na época, problemáticas dentro da zona urbana. O Plano Diretor
Municipal de 2005 instituiu uma zona de expansão urbana que compreende uma
faixa de 300 metros em todas as direções da zona urbana atual, nesta pesquisa
apenas uma dessas três áreas foi verificada e analisada.
Os pontos 1 a 4 são originários de uma mesma feição erosiva na zona
urbana. Nóbrega et al. (2003) recomendaram que para a zona de instabilidade
declarada, os processos erosivos ativos devem ser corrigidos e contidos através de
obras específicas, quando necessário, e do controle da drenagem superficial e
subterrânea e do reflorestamento das áreas marginais para evitar a evolução
remontante dos mesmos. Porém, aparentemente, o único local que recebeu
cuidados foi o ponto 1, o qual, por visualização em imagens de satélite de maio de
2009 (figura 2), constatou-se que a feição erosiva no local era maior.
Na imagem de janeiro de 2012 (figura 3) já haviam sido feitas obras de
controle. Nesta imagem foi possível verificar a presença de solo mais claro (setas
laranjas), correspondente aos horizontes superficiais que foram carreados e se
acumularam ao longo das curvas de nível e na área mais baixa de deposição, onde
já havia retomado uma pequena feição erosiva (seta amarela)
Na imagem de satélite de março de 2014, figura 4, o solo mais claro estava
reduzido há apenas duas áreas (setas laranjas), ao longo de uma mesma curva de
nível, restando apenas um solo de coloração mais escura, correspondente aos
horizontes subsuperficiais do solo, o que pode ter relação com a migração da argila
encontrada por Cunha (2002).
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Figuras 2 e 3 – Imagens de satélite de Cidade Gaúcha em maio de 2009 e janeiro de 2012
Fonte – Google Earth (2015)
Figura 4 – Imagem de satélite de Cidade Gaúcha em março de 2014
Fonte – Google Earth (2015)
Cunha (2002) apontou que nos Argissolos de Cidade Gaúcha, ocorrem um
acréscimo de argila, em profundidade superior a 50 centímetros, e ao mesmo tempo
uma diminuição dos espaços vazios do solo, devido à mudança granulométrica
nessa profundidade, ocupados pela argila.
A consequência dessa característica se dá por uma rápida infiltração das
águas nos horizontes superficiais, porém quando a água atinge esse horizonte, de
ganho de argila, ela tende a infiltrar mais devagar o que causa o escoamento
superficial. Em solos desprotegidos de vegetação, essa característica tende a
provocar a erosão laminar, em casos mais graves pode transportar todo o horizonte
como apontado nas figuras 3 e 4.
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Tendo esse processo ocorrido na área, os horizontes superiores acabaram
sendo transportados durante as chuvas, expondo os horizontes, de ganho de argila,
que são mais resistentes à infiltração da água, e a cada nova chuva sofrem com o
impacto das gotas que provocam o fechamento dos poros, impedindo assim a
infiltração da água e favorecendo o escoamento superficial o que potencializa o
processo erosivo. Parte das águas pluviais que chegam a esse ponto são oriundas
da Avenida Souza Naves, localizada cerca de 100 metros acima da feição erosiva.
O ponto 1 (figura 5) localiza-se no setor norte da área urbana, onde está
ocorrendo o desenvolvimento de uma feição erosiva. Nesse ponto o rompimento das
curvas de nível, devido ao acúmulo de água, formou uma ravina. A profundidade
total pode atingir 7 metros, maior do que apresentado na imagem. Na parte inferior,
ocorre o depósito do material erodido. No local também existem dutos de águas
pluviais.
Figura 5 – Feição erosiva no setor norte da área urbana de Cidade Gaúcha - PR
Fotografia - Felipe R. Macedo (15/01/2015)
A figura 6 mostra o ponto 2 que se localiza cerca de 300 metros do ponto 5,
na divisa da zona de expansão urbana com a zona rural. A feição erosiva
apresentada é uma sequência da feição mostrada na figura 5. Neste ponto a erosão
atingiu 29 metros de largura e apresentou um agravante, o pisoteio do gado.
As Figuras 7, 8 e 9, mostram os pontos 3 e 4 em 2009, 2012 e 2014,
respectivamente. As setas pretas apontam alguns locais onde é mais nítido o
aprofundamento do leito da feição erosiva, principalmente entre 2012 e 2014.
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Figura 6 – Feição erosiva na zona de expansão urbana de Cidade Gaúcha – PR
Fotografia - Felipe R. Macedo. (25/06/2014)
Figuras 7 e 8 – Imagens de satélite de Cidade Gaúcha em maio de 2009 e janeiro de 2012
Fonte – Google Earth (2015)
Figura 9 – Imagem de satélite de Cidade Gaúcha em março de 2014
Fonte – Google Earth (2015)
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No ponto 3 (Figura 10) houve um aumento na profundidade da feição
erosiva. Esse aprofundamento visto em campo é da ordem de 1,5 m a 2 m de
profundidade, sendo que em alguns locais é menor que 1,5 m. Nóbrega et al. (2003)
apontaram que em 1994 essa voçoroca estava mais ativa na cabeceira do que a
jusante, pelo fato de ter havido uma obra para o controle, a erosão estava mais
assoreada ocorrendo o alargamento dos canais.
Figura 10 – Aprofundamento da feição erosiva de Cidade Gaúcha – PR
Fotografia – Felipe R. Macedo (25/06/2014)
Enquanto que em 1994, essa voçoroca possuía dois setores distintos, sendo
a montante um processo mais ativo, de escavação, a jusante havia um processo de
assoreamento e alargamento. Neste trabalho, verificamos que ao longo da voçoroca
só existe o processo de escavação tanto na cabeceira, que recebeu uma obra de
controle há poucos anos, (ponto 1) quanto a jusante (ponto 4).
O ponto 4 (figura 11) mostra o trecho onde o processo erosivo atinge a maior
largura, ultrapassando os 30 metros de largura. A presença de fragmentos de uma
construção pode indicar que a obra para o controle da erosão que existia na área foi
destruída. Esse trecho localizado a 630 metros da área urbana atual.
Não foi possível determinar com clareza o que causou esse aprofundamento
do leito da feição erosiva. Uma das hipóteses levantadas é que a obra realizada na
cabeceira da feição erosiva teria aumentado a infiltração de água naquele setor.
Essa mesma água ressurgindo a jusante, mantendo um fluxo contínuo com
capacidade para transportar materiais inconsolidados, que haviam assoreado a
feição erosiva no passado.
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Figura 11 – Trecho com mais de 30 metros da feição erosiva de Cidade Gaúcha - PR
Fotografia - Felipe R. Macedo. Data: (25/06/2014)
4 – Considerações finais
O presente trabalho buscou analisar a situação em 2014 de uma mesma
feição erosiva mapeada em 1994 numa zona de instabilidade declarada. Essa
análise dividiu a feição erosiva em quatro pontos.
No ponto 1 está ocorrendo a reativação de uma feição erosiva. As obras
realizadas para o controle não surtiram os efeitos desejados. A vegetação, que
auxiliaria na infiltração da água, é inexistente. Os horizontes superficiais foram
carreados e os horizontes subsuperficiais, com maior presença de argila, possuem
baixa capacidade de infiltração, provocando o escoamento superficial e por
consequência a feição erosiva.
O ponto 2 se localiza na divisa da zona de expansão urbana com a zona
rural, a feição erosiva apresenta-se com aproximadamente 29 metros de largura.
Nos pontos 3 e 4 a feição erosiva, originada no ponto 1, está com a
tendência atual de aprofundamento do leito. A presença de gado dentro da feição
erosiva pode tornar mais grave o problema.
A utilização do software Google Earth, auxiliou o entendimento da forma
evolutiva da feição erosiva, a obra realizada entre os anos de 2009 e 2012 e a
reativação da mesma entre 2012 e 2014, comprovada com os trabalhos de campo.
Essa técnica poderia auxiliar o Poder Público no controle e na prevenção de novas
feições erosivas.
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