Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula

Propaganda
CHAVES AMS; GUISCEM JM; FIGUEIREDO RT; AGUIAR JUNIOR RA; SILVA AGP; PAIVA JBP, SANTOS FN.
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
Avaliação de alguns parâmetros de crescimento em rúcula. 2010. Horticultura Brasileira 28: S898-S904.
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
Afonso Manoel S Chaves1; Josiane M Guiscem1; Ricardo T de Figueiredo1; Rozalino
Antônio A Júnior1; Athyla Gabrielle P da Silva1; João Bruno P de Paiva1; Francisco N
dos Santos1.
1
UEMA -Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, São Luís-MA,
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O presente trabalho teve como objetivo
avaliar o crescimento da rúcula, por meio de
características fisiológicas: biomassa fresca
e seca, área foliar e número de folha. A
semeadura foi realizada com a cultivar Folha
Larga diretamente em canteiros onde foram
realizadas cinco coletas durante o decorrer
do ciclo da cultura (7, 14, 21, 28 e 35 dias
após a semeadura – DAS). Foram
amostradas quarenta plantas por coleta para
analisar as características propostas, sendo
que no final foram analisadas apenas os
dados médios das plantas por coleta. Onde
a determinação da biomassa seca e fresca
da folha e o número de folhas foi realizada
com as mesmas plantas colhidas para a
leitura da área foliar. Pelos resultados obtidos
observou-se que o maior incremento da área
foliar foi mais rápido que o da biomassa seca
e fresca e que a razão de área foliar, razão
do peso seco das folhas, taxa de crescimento
relativo decresceram com o desenvolvimento
da cultura e a taxa de assimilação aparente
aumentou.
Evolution of some characteristics of
grown in roquette.
This study aimed to evaluate the roquet
growth by means of physiological
characteristics: fresh and dry biomass, leaf
area and leaf number. The seeds were sown
with the cultivar Large Leaf directly in plots
where they were five collections during the
crop cycle course (7, 14, 21, 28 and 35 days
after sowing - DAS). Forty plants were
collected per collection to analyze the
proposed characteristic, and in the end we
will consider only the average data for plant
collecting. Dry biomass, fresh leaf and leaf
number determination were performed with
the same plants collected for the reading of
leaf area. The results indicated that the
greatest increase in leaf area was faster than
the fresh and dry biomass and the leaf area
ratio, the leaves dry weight ratio, relative
growth rate decreased with the development
of culture and the rate assimilation increased
apparent.
Palavras-chave: Eruca sativa L.,
desenvolvimento, cultivar Folha Larga.
Keywords: Eruca sativa L., development,
cultivar Large Leaf
A rúcula (Eruca sativa L.) é uma hortaliça pertencente à família Brassicaceae, cujas
folhas são consumidas, principalmente, cruas em saladas, conservando todas as suas
propriedades nutritivas, rica em vitamina C, potássio, enxofre e ferro e tendo efeitos
antinflamatório e desintoxicante para o organismo humano de acordo com Trani & Passos
Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010
S 898
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
(1998). Do ponto de vista agronômico, a análise de crescimento pode ser útil no estudo do
comportamento vegetal sob diferentes condições ambientais, incluindo condições de cultivo,
de forma a selecionar híbridos ou espécies que apresentem características mais apropriadas
(diferenças funcionais e estruturais) aos objetivos do experimentador, Benincasa (1988).
Além de poder ser usada para a avaliação da produtividade de culturas, e de permitir que se
investigue os efeitos dos manejos e tratos culturais entre outros, Kvet et al. (1971). O
conhecimento sobre o crescimento das espécies cultivadas permite planejar métodos racionais
de cultivo, contribuindo na expressão do potencial de espécies vegetais, além de fornecer
dados para construção de modelos matemáticos descritores do crescimento. Os princípios
e práticas de análise de crescimento têm como objetivo descrever e interpretar a performance
das espécies produzidas em ambiente natural ou controlado, Hunt (1990). Esta técnica
fundamenta-se na medida seqüencial do acúmulo de matéria orgânica pela planta,
determinada normalmente pela mensuração da massa seca da planta e, ou, de suas partes.
Portanto, os estudos sobre análise de crescimento de espécies vegetais possibilitam
acompanhar o desenvolvimento das plantas como um todo e a contribuição dos diferentes
órgãos no crescimento total, permitido conhecer o seu funcionamento e suas estruturas,
segundo Benincasa (1988) e Liedgens (1993). Também, é um instrumento que tem sido
usado com o objetivo primordial de gerar descrição clara do padrão de crescimento da planta
ou de partes dela, permitindo comparações entre situações distintas às mais diversas
modalidades de estudos, conforme Beadle (1993) e Liedgens (1993). Diante do exposto, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento da cultura da rúcula por meio do número de
folhas, área foliar, biomassa fresca e seca acumulada da parte aérea.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Pós-colheita e Fitotecnia e em campo
na Fazenda Escola de São Luís/UEMA. A cultivar utilizada foi a Folha Larga onde se procedeu
2
a semeadura diretamente no canteiro de 1,2 x 2 m , no dia 21/01/2010. A adubação de
semeadura foi realizada com calcário, cloreto de potássio e superfosfato triplo nas dosagens
2
2
de 100, 50 e 50 g/m respectivamente, mais 10 L/m de esterco bovino. Depois foi realizada
adubação em cobertura com uréia aos 10 dias após a semeadura (DAS). O espaçamento
utilizado foi de 15 centímetros entre linhas e 7 centímetros entre plantas (15 x 7 cm), somandose um total de sete fileiras/canteiro, onde foram semeadas três sementes por cova. Foi
realizada a irrigação duas vezes ao dia por micro-aspersão. Aos 10 dias após a semeadura
(DAS), foi realizado desbaste deixando-se uma planta por cova, aproximadamente 200 plantas
por parcela/canteiro. Para a mensuração da área foliar, número de folhas, biomassa fresca
e seca das folhas. As coletas foram realizadas aos 7, 14, 21, 28 e 35 dias após a semeadura
(DAS), num total de 40 plantas por coleta, sendo que estas plantas foram coletadas de um
experimento com delineamento de blocos casualizados, já instalado no campo, o objetivo
deste era estudar o efeito de adubação nitrogenada, sendo que após todas as coletas foi
tirada a média de todas as plantas coletas, num total de 40, para se fazer o estudo da analise
de crescimento da rúcula. A determinação da biomassa seca e fresca da folha e o número
de folhas foram realizadas com as mesmas plantas colhidas para a leitura de área foliar.
Após a determinação do número de folhas e da biomassa fresca, as folhas foram separadas
para ser realizada a leitura da área foliar onde foi medida utilizando um digitalizador de
Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010
S 899
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
imagens, com resolução máxima de 9600 dpi, acoplado a um microcomputador. Depois da
digitalização das imagens, utilizou-se o programa Image Tool v. 2.0, para determinar a área
foliar. Após a leitura da área foliar as folhas e os caules foram submetidos à secagem em
o
estufa de circulação de ar forçado a 60 C /72 h até peso constante para se obter a biomassa
seca (BS) em gramas por planta. Após a obtenção dos dados foi feita à análise de crescimento
de área, número de folha e biomassa fresca e seca em relação ao tempo, também foi calculado
a razão da área foliar e do peso das folhas, Taxa de Crescimento Relativo (TCR) e Taxa de
Assimilação Aparente (TAA) em relação aos dias após a semeadura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 estão apresentadas a evolução da biomassa fresca (A) e seca (B),
área foliar (C) e número de folha (D) durante o período observado (de 7 a 35 dias após
a semeadura - DAS). Como pode ser observado, verifica-se que até os 14 DAS a rúcula
apresentou pouco aumento da área foliar, baixo acúmulo biomassa fresca e seca e após
este período os valores destas características mensuradas apresentaram um maior e
mais rápido aumento, sendo que entre estas a área foliar apresentou um incremento
superior em relação à biomassa fresca e seca pois como pode ser observado por meio
das curvas ajustadas para a biomassa fresca e seca, que o angulo destas no período de
14 a 28 DAS apresentaram um grau menor: menor em relação a curva ajustada para
área foliar. Estes dados indicam que a rúcula tem um elevado incremento no seu
crescimento depois dos 21 DAS. Pela curva ajustada do acumulo de massa seca em
relação DAS, observa;se que no período de 0 a 28 dias o aumento de biomassa por dia
foi menor que no período de 28 a 35 dias. Quanto ao número de folhas os valores foram
crescentes, porém quanto ao aparecimento de folhas observa que foi inversamente
proporcional com o crescimento da planta, isto é, o aparecimento de folha por dia foi
maior durante os períodos iniciais e foi diminuindo com o decorrer do período, ou seja,
houve uma queda no aparecimento de folhas em relação aos dias após a semeadura,
como pode ser observado por meio da equação estimada para o aparecimento do número
2
de folha por dia y = -0,008x + 0,653x - 2,2 com um R² = 0,99.
Na Figura 2a onde estão representados os valores da razão de área foliar RAF, observase que com o desenvolvimento da cultura houve uma diminuição da quantidade de área
foliar usada para produzir um grama de biomassa seca, como pode ser verificado pela curva
polinomial ajustada, onde a quantidade de área foliar necessária para produzir um grama de
biomassa seca da semeadura até aproximadamente 14 DAS foi maior em relação aos outros
períodos observados.
Quanto à razão de peso das folhas (RPF) no início do desenvolvimento os valores
foram mais elevados, decrescendo com o tempo, isto é, devido ao fato de que à medida que
a planta se desenvolve, irá surgir outras partes que irão crescer às custas do material
importado das folhas. Sabe-se que esta característica fisiológica expressa a fração da
biomassa seca não exportada das folhas para o resto da planta, assim a maior ou menor
exportação de material da folha, pode ser uma característica genética a qual está sob a
influencia de variáveis ambientais. Pelos dados da Figura 2b verifica-se que a partir de 21
DAS os valores de razão de peso das folhas foi mais ou menos constante.
Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010
S 900
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
Na Figura 2c onde está representada a taxa de crescimento da rúcula no período
observado, onde pode verificar que o período da semeadura até 21 dias em relação ao
período de 28 à 35 dias o incremento da TCR foi maior, e dentro destes período até 21 DAS
e de 28 a 35 DAS a variação, isto é, o incremento foi quase similar. Assim pelos resultados
desta característica vêm confirmar novamente os resultados já analisados que a velocidade
média de crescimento foi maior da semeadura até 21 DAS entre os períodos observados.
Segundo Oliveira & Gomide (1986) citados por Guimarães (1994) a taxa de crescimento
relativo (TCR) é sem dúvida a medida mais apropriada para a avaliação do crescimento
vegetal. Representa a quantidade de material vegetal produzido por determinada quantidade
de material existente (g), durante um intervalo de tempo (dias) prefixado, e que a taxa de
crescimento relativo (TCR) de uma planta depende simultaneamente da eficiência assimilatória
de suas folhas (TAA) e da folhagem (número de folhas/planta e tamanho da folha) da própria
planta (RAF).
Pelos valores da taxa de assimilação aparente (TAA) representados na Figura 2d,
verifica-se que até 21 DAS não houve quase incremento da TAA e a partir deste período
estes valores aumentaram crescentemente. A TAA representa, aproximadamente, o balanço
entre o material produzido pela fotossíntese e as perdas devido à respiração. Assim, a taxa
de assimilação aparente expressa a taxa de fotossíntese líquida (diferença entre a fotossíntese
bruta; tudo o que é literalmente produzido pela fotossíntese no interior dos cloroplastos e o
que é consumido na respiração), em termos de biomassa seca produzida (em gramas), por
decímetro quadrado de área foliar, por unidade de tempo Machado et al. (1982). E segundo
Magalhães, 1979 este índice expressa a taxa de fotossíntese líquida, em termos de massa
seca produzida (em gramas), por decímetro quadrado de área foliar, por unidade de tempo.
Pelos dados obtidos nas condições em que foi conduzido o experimento conclui-se
que a área foliar inicia seu maior incremento aos 14 DAS, e que a razão de área foliar, razão
de peso seco das folhas, taxa de crescimento relativo decresceram com o desenvolvimento
da rúcula, já a taxa de assimilação aparente aumentou com o desenvolvimento principalmente
a partir dos 21 DAS.
REFERÊNCIAS
BEADLE, C.L. 1993. Growth analysis. In: HALL, D.O.; SCURLOCK, J.M.O.; BOLHÀRNORDENKAMPF, H.R.; LEEGOOD, R.C.; LONG, S.P. (Ed.). Photosynthesis and production
in a changing environment: a field and laboratory manual. London : Chapmam & Hall. p.
36-46.
BENINCASA, M.M.P. 1988. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. Jaboticabal:
FUNEP, 43p.
GUIMARÃES, R.J. 1994. Análise do crescimento e da quantificação de nutrientes em mudas
de cafeeiro, (Coffea arabica L.), durante seus estádios de desenvolvimento em substrato
padrão. Dissertação de Mestrado em Fitotecnia. ESAL, Lavras, MG. 113 p.
HUNT, R. 1990. Basic growth analysis: plant growth analysis for beginners. London: Unwin
Hyman, 112p.
Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010
S 901
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
KVET, J.: ONDOCK, J.P.; NECAS, J.; JARVIS, P.G. 1971. Methods of growth analysis. In:
SESTAK, Z.; CATSKY, J.; JARVIS, P.G., eds. Plant photosynthetic production; manual of
methods. The Hague, W. Junk. p.343-391.
LIEDGENS, M.M. 1993. Modelos numéricos para a descrição do crescimento da planta de
soja (Glycine max L. Merrill, cultivar IAC15) em condições sazonais diferenciadas. Campinas
: Unicamp, 101p. Dissertação de Mestrado.
MACHADO, E.C., PEREIRA, A.R., FAHL, J.I., ARRUDA, H.V., CIONE, J. 1982. Índices
biométricos de duas variedades de cana-de-açúcar. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 17, n.
9, p. 1323-1329.
MAGALHÃES, A.C.N. 1979. Análise quantitativa do crescimento. In: FERRI, M.G. Fisiologia
Vegetal. EPU/EDUSP, São Paulo. v. 1, p. 331-350.
MONTEITH, J.L. 1972. Solar radiation and productivity in tropical ecosystems. Journal of
Applied Ecology, v. 9, p. 747-766.
TRANI, P.E.; PASSOS, F.A. 1979. Rúcula (Pinchão). In: FAHL, J.I.; CAMARGO, M.B.P.;
PIZINATTO, M.A.; BETTI, J.A.; MELO, A.M.T.; DEMARIA, I.C.; FURLANI, A.M.C. (Ed.)
Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas. Campinas: IAC. p.241-242.
(Boletim, 200).
Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010
S 902
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
Figura 1. Representação gráfica A) biomassa fresca, B) biomassa seca, C) área foliar e D) número de
folha em relação aos dias após a semeadura de rúcula. (Graphic representation A) fresh biomass,, B) dry
biomass C) leaf área D) leaf number relation per days after planting of roquette). UEMA, São Luís, 2010.
Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010
S 903
Avaliação de algumas características de crescimento em rúcula.
Figura 2. Representação gráfica da razão de área foliar (a), razão do peso seco das folhas (b), taxa de
crescimento relativo (c) e taxa de assimilação aparente (d) (Graphic representation the reason of leaf area
(a), the reason of leaf dry weight (b), relative growth rate (c) and assimilation apparent rate (d)). UEMA, São
Luís, 2010.
Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010
S 904
Download