Abertura Boas Vindas Tema do Congresso Comissões Sessões Programação Áreas II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores Títulos Trabalho Completo FORMAÇÃO DE PROFESSORES: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO MUSICAL PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Thelma Da Silva Nunes, Maria Judith Sucupira Da Costa Lins Eixo 1 - Formação inicial de professores para a educação básica - Relato de Experiência - Apresentação Oral Essa comunicação aqui apresentada tem o objetivo de descrever o relato de experiência referente às atividades de Educação Musical que foram desenvolvidas numa escola municipal da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma ação formadora voltada principalmente para atender a meta da melhoria da educação pública no que concerne à Educação Integral. Participaram dessa experiência os professores de uma turma de cada um dos três primeiros anos do Ensino Fundamental da referida escola. Durante um ano letivo inteiro, as professoras responsáveis de cada uma das turmas tiveram oportunidade sob nossa orientação de aprender, se aperfeiçoar e vivenciar o processo de Educação Musical para melhor trabalharem com seus alunos, em média 35. Os professores se mostraram muito interessados nessa participação e valorizaram o fato de poderem progredir quanto à formação que já tinham, acrescentando elementos pertinentes da Educação Musical, os quais não são amplamente apresentados nos cursos regulares de formação de professores. Duas vezes por semana as professoras promoviam exercícios musicais conforme sugeríamos, e estávamos presentes acompanhando, realizando assim a integração das expressões verbal, musical e corporal. Variados temas do contexto social, tais como o meio ambiente, a paz e a ética foram trazidos para as aulas e tinham a função de serem geradores das atividades musicais. Concluímos que essa experiência em muito contribuiu para a formação das professoras e que pode ser ampliada em maior escala. Palavras chaves: formação de professores, educação musical e ensino fundamental. 0591 Ficha Catalográfica FORMAÇÃO DE PROFESSORES: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO MUSICAL PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Thelma da Silva Nunes; Maria Judith Sucupira da Costa Lins. Faculdade de Educação / UFRJ Introdução Esse artigo aborda o problema da formação de professores generalistas e a relação com o professor especialista. É importante entender o significado da interação por meio da arte e a relação entre os papéis exercidos pelos professores generalistas e o professor de educação musical. O objetivo é relatar a experiência que mostra a possibilidade desenvolvida com metodologia participativa, na qual se procurou preservar a identidade social e cultural dos integrantes. Para isso foram desenvolvidas atividades em conjunto, professor de turma e professor de educação musical, integrando e compartilhando os conteúdos trabalhados. No final do ano letivo foi elaborado um material didático voltado para a construção da cidadania por meio da educação Musical. O conteúdo deste material foi validado pelos professores integrantes quanto a sua adequação à aula de Educação Musical e sua utilização nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Essa experiência foi realizada em uma escola municipal da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, com alunos de sete a nove anos, pertencentes às turmas de 1º ano, 2º ano e 3º ano. Havia em média 35 alunos em cada turma. É complexo discutir a Formação deste Professor-Educador relativa à Educação Musical. Quem é este Professor ao qual estamos nos referindo? Lins (2003) diz que o Professor é responsável não só pelo ensino do programa proposto para uma determinada disciplina da vida escolar, o que leva a se pensar na formação integral do professor, na qual deverá estar inserida a formação de conteúdos mínimos e essenciais para trabalhar com a educação musical também. Mello (2000) destaca que as diretrizes curriculares dão maior ênfase a competências do que a disciplinas abrindo com isso amplas possibilidades de organização interdisciplinar, de definição de conteúdos transversais que não correspondem a disciplinas tradicionais e de realização de projetos de ensino. 1 0592 Atualmente a Lei 11.769/08 determina no artigo 1º, § 6º que a música deve ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do currículo e estabelece, também, no artigo 3º que os sistemas de ensino teriam três anos letivos para se adaptarem às exigências legais, a contar da data da publicação da referida Lei, no Diário da União, em 18 de agosto de 2008. Dessa forma, a Lei 11.769/08 passou a vigorar em 18 de agosto de 2011. Observa-se que a Lei 11.769/08 não defende a exclusividade do educador musical para ministrar o ensino da música, o que não sugere a exclusão desse profissional, mas impõe aos profissionais dessa área a necessidade de formação referente a esse aspecto. Há urgência em repensar os processos pedagógicos em música e suas implicações políticas, sociais e culturais que mudem a concepção da música como atividade periférica. Porém, essa urgência esbarra em dificuldades, tais como a ausência de profissionais habilitados para esse exercício, bem como de espaço físico apropriado para as aulas de música. A inclusão da educação musical na formação de professores é um desafio e uma necessidade premente, como podemos conferir na citação abaixo: (...) embora haja um considerável aumento de iniciativas e bons projetos, ainda não há uma política nacional firmemente sedimentada que ampare o retorno da música às escolas, e nem profissionais habilitados em número suficiente para levar adiante esse projeto (FONTERRADA, 2008, p.29). A Educação Musical é apresentada como responsabilidade de todos os professores, caracterizada como conteúdo obrigatório que deve perpassar todos os conteúdos de ensino em uma escola, em todos os níveis. Ensino e Aprendizagem Aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo as etapas de aquisição, construção, retenção e generalização (LINS, 2004). Como referencial de ensino e aprendizagem, destacamos que o ato de aprender depende da interação entre indivíduos. Tem-se, dessa forma, a interação entre o individuo e o meio social, o que, segundo Vygotsky (1989), é fundamental para que ocorra a aprendizagem. O indivíduo deve estar inserido no meio social para que aconteçam mudanças no seu desenvolvimento, pois todo conhecimento vem da prática social. O referido autor considera que a aprendizagem depende desse desenvolvimento social. Vygotsky (1989) dá valor à aprendizagem escolar, pois ela produz algo fundamentalmente novo 2 0593 no desenvolvimento da criança que é a interação nesse meio específico. O autor valoriza o que o aluno consegue realizar com a ajuda do professor e ou de colegas, visto que põem em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Nessa ação interativa destacamos a importância da atuação e ou mediação do professor para o desenvolvimento real do processo de aprendizagem. Por outro lado, observamos a teoria de Ausubel (2001) que se preocupa com a aprendizagem ocorrida na sala de aula por meio de exposição significativa e destaca que o fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe e a partir desse conhecimento se destacam os conteúdos específicos e a organização lógica do material a ser aprendido, ganhando assim significado. Segundo Ausubel (2001), a aprendizagem escolar se dá simultaneamente na organização sequencial e no controle desse processo por parte do professor e na execução, por parte do aluno. Cabe destacar a importância da organização sequencial que estrutura e possibilita a aprendizagem do conteúdo e funciona como âncora na ligação entre a informação nova e a existente na estrutura cognitiva do aluno. Small (1995) destaca que a música, a sociedade e a educação são elementos inseparáveis e interdependentes e que, encorajando a criatividade, poderemos propor uma nova realidade para os alunos a partir dessa vivência. Assim, podemos interpretar a criatividade musical como possível de ser incorporada também na construção de novas realidades dentro da sala de aula. Small (1995) diz que o acesso ao conhecimento é apoiado e integrado pelas vivências musicais, o que encontra ressonância na importância que Vygotsky (1989) dá à imersão do aluno em ambiente específico. Observa-se uma forte convergência de ideias entre Vygotsky (1989) e Small (1995). O ser humano é um ser social, que aprende na relação com o outro e que aprende aquilo que tem oportunidade de vivenciar. Os alunos tocam, ouvem, veem, cantam, movimentam-se, brincam realizando o ato de musicking (SMALL 1999), isto é de fazer música. Ausubel (2001), Vygotsky (1989) e Small (1995) destacam como pontos importantes para a aquisição da aprendizagem escolar a hierarquização e sistematização do aprendizado, a atuação e mediação do professor, a interação social e suas relações de valor e significado onde ocorre a prática musical. Destacamos a seguir, os suportes teóricos que embasam essa experiência de ensino e aprendizagem e por meio deles, pode-se avaliar a 3 0594 importância dos conhecimentos da área de educação musical na formação de professores. Vygotsky e a linguagem musical Lev Vygotsky (1896–1934) psicólogo e teórico do ensino como processo social, nasceu em Orsah, pequena cidade perto de Minsk, capital da BieloRússia, região então dominada pela Rússia. Dois anos depois de sua morte suas obras foram proibidas durante vinte anos pela ditadura de Stálin. Em 1980 tornaram-se públicas e ainda estão em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. Destacam-se, nas obras de Vygotsky (1989) diretrizes que nortearam este estudo em vários aspectos importantes. Para Vygotsky (1989; 2003) as principais estruturas cerebrais responsáveis pelas funções psicológicas superiores se formam a partir da imersão do indivíduo no meio social, com mediações/intervenções de outras pessoas. Desse modo, dependendo do meio social no qual se desenvolve, o indivíduo forma estruturas e desenvolve capacidades específicas como as habilidades musicais que dependem de um processo de aprendizagem. Esse é um exemplo da aprendizagem como elemento que provoca desenvolvimento no indivíduo. Infere-se daí que não existe um desenvolvimento psicológico único, ou apenas a partir do tipo biológico do indivíduo, mas que todo desenvolvimento psicológico está sempre determinado pelo contexto social. A aprendizagem é considerada por Vygotsky (1989) a grande ativadora do desenvolvimento de uma pessoa, como principal modo de transmissão de significados e, consequentemente, de apropriação da cultura e qualquer tipo de capacidade musical depende integralmente de um processo de aprendizagem. Vygotsky (1989) estabelece conceitos importantes e evidencia a relevância da mediação do outro no desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido, a imitação é considerada fundamental nesse processo. Uma vez que o aluno esteja imerso num ambiente musical, a percepção sonora é vinculada a partir desse universo e a iniciação musical se estabelece dentro dessa prática sócio-interativa. Ausubel e o significado musical David Paul Ausubel (1918-2008), psicólogo educacional, nasceu nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, no ano de 1918 e sua Teoria da 4 0595 Aprendizagem foi divulgada a partir da década de 60 do século XX. A teoria da aprendizagem significativa de Ausubel é uma teoria cognitivista e procura explicar os mecanismos internos que ocorrem na mente humana com relação ao aprendizado e à estruturação do conhecimento, apoiando-se na linguagem e na exposição significativa feita pelo professor. Destacam-se na Teoria de Ausubel (2001) aspectos importantes que foram observados nas aulas de educação musical, que reuniram em sala de aula alunos e professor, originários de diferentes contextos sócio-culturais, com níveis diversificados de conhecimento. Em particular, a busca do sentido do ensinar e aprender remeteu às questões de significação da simbologia musical, que foi ensinada e aprendida no contexto escolar por meio da integração das expressões verbal, musical e corporal, a partir do conhecimento que o aluno já sabia. Desta forma, ensinar Flauta Doce,desenvolver jogos de ritmos, brinquedos cantados e relacionar o fazer implicam uma maneira de pensar e aferir atribuição de significado ao que vai ser ensinado e na forma como vai ser ensinado. O que leva o aluno à sala de aula é um dado muito importante a ser considerado na elaboração do planejamento da aula. Portanto, o aluno que vem para a aula de Educação Musical deve encontrar um material motivador, que corresponda à sua expectativa, adequado ao conhecimento que ele traz consigo para a aula. A exposição desse material deve ser organizada e hierarquizada, de forma que possa manter o vínculo entre a pré-disposição em aprender e a motivação, elementos fundamentais para traduzir a significação da aprendizagem. Sabe-se que a pré-disposição representa o potencial para o aprendizado e a motivação alimenta a rotina do aprendizado. A Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel se concentra no cotidiano da sala de aula, valorizando a formação do professora, que foi o grande foco da sua pesquisa, bem como das atividades que foram realizadas nessa pesquisa. A aula expositiva ao contrário do que se pensa, não é necessariamente mecânica implicando na passividade do aluno. Ausubel (2001) explica que a exposição significativa produz motivação e participação do aluno. Para Ausubel, o material de aprendizagem não é inteiramente responsável pelo agir do aluno, pois é apenas é “potencialmente significativo” (AUSUBEL, 2001, p. 1), porque o mecanismo de aprendizagem é que dá sentido ao que vai ser aprendido. Para que esse material seja potencialmente significativo, deve-se observar que o material utilizado, além de apresentar 5 0596 um determinado conteúdo, corresponda às expectativas do aluno. Muitos temas geradores foram trazidos pelos alunos, que compartilharam em sala de aula, promovendo um leque de oportunidades para o trabalho interativo entre os próprios alunos e entre a professora de turma e a professora de Educação Musical. No processo de Educação Musical, o professor precisa considerar o processo de ligação entre a informação nova e a informação existente, que se traduziu nas vivências de inscrição corporal, nas ações de escutar-sentir e realizar. Esse processo possibilita explicitar a relação entre os novos conhecimentos e aqueles que o aluno já tem, de modo que ele perceba que são relacionáveis entre si. Essa melhoria de desempenho, aqui explanada, correspondeu aos pressupostos da Teoria de Ausubel: conceitos bem aprendidos e assimilados ajudam o aluno a estabelecer conexões e a formar outros conceitos; aprender significativamente é então compreender a organização lógica do material a ser aprendido (AUSUBEL, 2001). Deste modo, o novo conhecimento será incorporado e vai se relacionar àqueles já existentes na estrutura cognitiva do aluno. Christopher Small Christopher Small (1927-2011), musicólogo, professor e compositor de trilhas sonoras de filmes, nasceu em Palmerston North, na Nova Zelândia, onde estudou e viveu até 1961. A partir dessa data transferiu suas atividades profissionais para Londres, e em 1986 para Espanha, em Sitges, próximo à Barcelona. Os fundamentos destacados por Small (1995) são: (a) a natureza da música cuja essência primeira é a ação de fazer música, que ele intitula musicking e (b) a função que a música exerce na vida humana por meio das relações daqueles que estão envolvidos nas ações que constituem o fazer musical. São princípios de relevância que vêm fortalecer o valor da música na sala de aula. A prática musical que nos referimos tem foco na aprendizagem colaborativa e integra a criação de uma realidade musical, a apreciação e execução musical. Segundo Small (1995), o fazer musical é construído desde que o aluno adentra a sala de aula, em todas as situações e atividades que 6 0597 envolvem e propiciam o ensino e a aprendizagem, num constante vai e vem do conteúdo, dos relacionamentos e do significado entre eles. As atividades foram vivenciadas pela escuta, com o auxílio de movimento corporal, da percepção e execução de ritmos e sons, de cantos expressivos, em pequenos conjuntos vocais e instrumentais. Houve a utilização da Flauta Doce para a musicalização, com pequenas performances que permitiram a iniciação ao ensino e aprendizagem da grafia e leitura musical. Dessa forma destacamos a Educação Musical como uma ferramenta da nossa prática pedagógica que cria uma nova realidade para os nossos alunos tal como Small (1995) argumenta, para se pensar que na interação social se constrói o sentido de como aquele universo sonoro se organiza e se incorpora na realidade do cotidiano dos nossos alunos. Em concordância com essas ideias Vygotsky (1989) afirma que a aprendizagem se realiza, primeiro no social, e, só depois que é internalizada pelo aluno. Assim, tudo converge para a importância de utilização de recursos trazidos pela Educação Musical, num processo sócio-afetivo-interativo e que podem ampliar as possibilidades daquela realidade social na qual se realiza a pratica educacional. Acreditando que o anseio dos alunos e professores devem ser trabalhados de forma adequada e contextualizada na perspectiva sócioafetiva e cultural adotarmos o uso de temas integradores, onde destacamos como exemplos: a paz, o meio ambiente e a ética. Esses temas, entre outros, foram selecionados em atividades visando à construção da cidadania por meio do currículo de Educação Musical. Para o conhecimento e vivência dos instrumentos musicais utilizamos recursos áudio-visuais que despertaram o interesse dos participantes para as diferenças de sonoridade, formato e produção dos sons. A reprodução gráfica também esteve presente no nosso dia a dia em prol da percepção visual dos instrumentos. Com esses recursos identificamos outras possibilidades para a performance dos nossos alunos, como o acesso a um repertório rico e variado que atendeu um trabalho realizado coletivamente e ao mesmo tempo evidenciou os vários ritmos de conhecimento, que se estabeleceram na evolução das aprendizagens. Foi preciso, portanto, internalizar o todo primeiramente. Vygotsky (1989) afirma que a apreensão do todo precede a das partes, o que pudemos constatar com a realização dessa experiência .. 7 0598 Dessa forma, ao reconhecer auditivamente os instrumentos musicais, os alunos estão agindo conscientemente na organização e seleção do conhecimento. Com este agir, estão tomando decisões sobre o que são capazes de realizar e produzir, estão envolvidos no exercício musical e na ação de fazer música (SMALL, 1995). O desempenho musical foi construído a partir dos e nos encontros com os alunos, na mediação do professor e nas relações que se estabeleceram afetivamente e cognitivamente entre os conhecimentos e todas as pessoas envolvidas. Como em toda realização, o espaço físico e social deve ser levado em conta e a partir dos significados construídos em uma performance, segundo Small (1995), advém uma nova construção e noção de valores pessoais e sociais, configurando-se uma identidade social para aquela ação. Considerações Finais O desenvolvimento deste trabalho com os grupos de alunos e seus respectivos professores de turma, permitiu constatar que a real natureza do ato de fazer musica, presente nas aulas de Educação Musical, não está no objeto que é chamado de música, está no significado que ela produz na vida humana por meio dos relacionamentos como afirma Small (1995). Por meio de música, as pessoas podem celebrar essas relações. É importante acreditar que a qualidade das relações entre os participantes os mantêm juntos no mesmo universo e lhes confere um senso de identidade social e de pertencimento. A cada aula, a cada novo encontro, um conjunto complexo de interações e relações humanas se estabelece criando e recriando o significado para a ação de fazer música. Os professores participantes foram surpreendidos pelos conhecimentos adquiridos e pelo interesse dos alunos em todas as atividades desenvolvidas, contribuindo para um resultado em prol da melhoria de qualidade da educação. As aulas expositivas com temática eleita pelos professores e alunos foram fundamentais e possibilitaram constatar ainda, que o material produzido deve estar associado a um processo educativo em que é importante a presença de um educador musical como facilitador do processo de aprendizagem. O material didático não substitui o educador, é apenas um recurso adicional. Há que se considerar também, que a Educação Musical para sala de aula da Educação Básica deve vincular-se a um amplo processo de formação 8 0599 de atitudes, em prol da construção da cidadania, da formação integral do ser humano. Fazer Música traduz a importância do desempenho musical para as relações humanas e ao mesmo tempo, a importância das relações humanas para construção do desempenho musical, num processo de ligação e interdependência. Para a educação e, principalmente, para o ensino e aprendizagem na sala de aula da Educação Básica, um novo significado pode ser evidenciado para a prática da construção Educação Musical A essência da música não está em obras musicais, mas em participar da ação de fazer música, na ação social que se constrói em torno da realidade de seus participantes e nos significados estabelecidos e revelados pelas relações entre as pessoas que nela estão envolvidas (SMALL, 1995). À guisa de conclusão reitera-se que a presente iniciativa foi uma experiência construtiva de formação de professores, gratificante e viável para o cotidiano da sala de aula de Educação Básica, muito embora se reconheça que há muito a ser conhecido e realizado na área de Formação de Professor e da Educação Musical. O conhecimento adquirido nesta experiência nos impulsiona a prosseguir e a enfrentar novos desafios, em prol da qualidade da educação. Referências AUSUBEL, David Paul. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva.Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2001. BRASIL. Lei n. 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Diário Oficial da União, Brasília, 19 de agosto de 2008. FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. 2. ed. São Paulo: UNESP, 2008. LINS, Maria Judith Sucupira da Costa. Formação do educador e a questão ética. Revista FAEEBA, Universidade do Estado da Bahia, v. 12, n.20, p. 353362, 2003. ______Avaliando o processo de aprendizagem. ENSAIO-CESGRANRIO, RJ. n. 42, v. 12, p. 623-636, jan./mar. 2004. 9 0600 MELLO, Guiomar Namo. Formação inicial de professores para a educação básica:uma (re)visão radical. São Paulo. Mar.2000.Disponível em:http://www.namodemello.com.br/oficio.html.Acesso em: 28jan.2014. SMALL, Christopher. Musicking: a ritual in social space. Cielo, Texas, Apr. 1995. Disponível em: <http://www.musikids.org/musicking.html>. Acesso em: 2 jan. 2012. _____ Música. Sociedad. Educacion. 3. Ed. 2010. Versão em espanhol: Marta Guastavino. Madrid: Alianza Editorial, S.A. VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A formação social da mente. Tradução coordenada pelo Grupo de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos. Departamento de Ciências Biomédicas da USP. São Paulo: Martins Fontes, 1989. _____ Psicologia pedagógica. 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