CEARÁ: SITUAÇÃO DA DENGUE ÀS MARGENS DAS

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CEARÁ: SITUAÇÃO DA DENGUE ÀS MARGENS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Christian Lyon Leite dos Santos1 2, Renata Flavia da Costa Leite1
IFCE – Brasil – Juazeiro do Norte – [email protected]
1
RESUMO
O objetivo desse trabalho é obter relações entre a proliferação, expansão e divisão geográfica do
Aedes aegypti (mosquito transmissor do vírus da dengue) e os aspectos climatológicos e ecológicos
que regem o meio, estabelecendo o impacto que as mudanças climáticas vão causar no
desenvolvimento da doença. Para tanto, foram analisados gráficos estatísticos de distribuição
mensal de casos da doença no estado do Ceará em diversos períodos de tempo. A partir da análise
desses dados, pôde-se evidenciar que a expansão e divisão geográfica, bem como o aumento ou
diminuição de casos de dengue em determinado período do ano, está diretamente relacionada com
os níveis de pluviosidade, umidade relativa do ar e temperatura que se estabelecem nesses períodos.
Diante disso, a dengue apresenta um quadro de desenvolvimento futuro preocupante. Com a
elevação da temperatura na ordem de 2°C a 6°C para o próximo século, o número de casos de
dengue principalmente em áreas urbanas tendem a aumentar cada vez mais, fazendo com que a
saúde pública seja cada vez mais ameaçada não só no Brasil, mas também no mundo.
Palavras-chave: Dengue. Fatores climáticos. Zonas urbanas.
ABSTRACT
The goal of this work is to show the relation between proliferation, expansion and geographical
division of Aedes aegypti (mosquito that transmits dengue virus) and the climatological and
ecological aspects of the environment, establishing the impact that climate change will have on the
development of the disease. To do so, there were analyzed statistics showing the monthly
occurrence of the disease in the state of Ceara in several moments. From the analysis of these data,
it was evident that the geographical expansion and division, as well as the increase or decrease in
dengue fever cases in a certain period is directly related to rainfall, relative humidity and
temperature. Therefore, dengue fever presents a concerning case now and in the future. With a rise
of 2°C to 6°C on the global temperature for the next century, the number of dengue fever cases,
especially in urban areas, tend to increase, so that public health is increasingly threatened not only
in Brazil but also worldwide.
Keywords: Dengue. Climatic fators. Urban areas.
INTRODUÇÃO
A dengue, hoje, é considerada a doença de vetor biológico que mais se expande geograficamente
do Brasil. Diante dessa essa realidade, sociólogos e cientistas precisam discutir sobre os aspectos
que levam à ocorrência desse fato.
Para se entender a dinâmica de crescimento populacional do principal mosquito transmissor da
doença (Aedes aegypti), e poder relacioná-la às tendências do aquecimento global, é necessário que
se conheçam principalmente os aspectos climatológicos e ecológicos que influenciam na sua
movimentação geográfica. As mudanças climáticas acarretam conseqüências preocupantes no que
diz respeito ao desenvolvimento da doença. A expansão geográfica e aumento populacional do
mosquito, o tempo de incubação do vírus da doença e o número de epidemias graves são apenas
alguns fatores promovidos pelo aquecimento global, e que já são presenciados atualmente.
Tais fatos fazem com que as zonas urbanas se tornam cada vez mais vulneráveis a ocorrência da
doença. Hoje, mais do que nunca, é preciso ser entendido a conexão existente entre os aspectos
climatológicos e o desenvolvimento da doença, para que se entenda cada vez mais como preveni-la
de forma satisfatória segundo as tendências da saúde pública.
O trabalho objetiva principalmente concluir uma estimativa plausível sobre a situação da dengue
nas zonas urbanas em meio às mudanças climáticas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para atender às demandas desse trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas, cujas origens
serão apresentadas no final do mesmo. Além desses trabalhos, foram analisados também gráficos
da secretaria de saúde do estado do Ceará, cujo conteúdo apresenta o número de casos confirmados
e incidência de dengue no estado, com distribuição mensal em um determinado período de tempo.
A partir da comparação dos dados demonstrados graficamente e considerando também as análises
dos livros e artigos publicados, pôde-se observar as influências que os fatores climatológicos
exercem no desenvolvimento da dengue em áreas urbanas no estado do Ceará.
RESULTADOS
Segundo Barcellos (2009), o aumento da temperatura está diretamente relacionado com o
crescimento de casos de dengue. Dados estatísticos históricos elaborados desde as primeiras
epidemias mostram maior virulência no período do verão e concentração de epidemias em estações
mais chuvosas. De que forma pode-se entender do que depende a expansão geográfica do mosquito
vetor para se chegar a uma estimativa plausível sobre o caso, levando em consideração as
tendências do aquecimento global? Questões como essa podem ser entendidas ao estudar as
relações entre o clima o a ecologia do mosquito vetor.
O principal fator climatológico que culmina com o crescimento populacional do Aedes aegypti é a
chuva. Segundo Mendonça (2003), o aumento pluviométrico provoca a expansão de zonas úmidas,
habitat perfeito para a proliferação das larvas do mosquito, causando seu o aumento populacional.
Além disso, os índices pluviométricos, por estimularem a migração do mosquito, influenciam na
sua expansão geográfica, possibilitando o aumento da área de contágio. O gráfico abaixo mostra a
variação mensal de casos e incidência de dengue desde 2008 até junho de 2011, no estado do
Ceará, segundo dados da Secretaria de saúde do estado do Ceará (2011).
Fonte: Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (2011) apud SESA/COPROM/NUVEP.
Ao analisarmos o gráfico, pode-se constatar que nos períodos onde a temperatura se encontra mais
elevada houve maior número de casos da doença. No verão, o aumento da temperatura na
superfície do mar estimula a formação de nuvens. Essas nuvens alteram a umidade relativa do ar,
acelerando o processo de saturação atmosférica que, por fim, resulta no aumento dos níveis de
precipitação anual. Além disso, segundo Mendonça (2003) as altas temperaturas presentes nessa
estação diminuem o tempo de incubação do vírus da doença, aumentando os riscos de sua
ocorrência.
A elevação da temperatura produz impactos diretos sobre os ecossistemas e os ciclos
biogeoquímicos. Segundo Mesquita (2005), fatores como distribuição geográfica do vetor, tal qual
o espalhamento das doenças, estão diretamente relacionados com as variações de temperatura,
precipitação, umidade relativa do ar e movimentação dos ventos.
Levando em consideração a ecologia do mosquito, as mudanças dos fatores climatológicos
decorrentes da elevação da temperatura favorecem, através da alteração da biodiversidade da
região, o crescimento e expansão geográfica populacional do mesmo. A alteração do ambiente
físico promove a migração do mosquito, o que justifica também a maior incidência da doença nesse
período do ano, no estado do Ceará.
CONCLUSÕES
Os fatos supracitados revelam um quadro futuro preocupante no que diz respeito à organização
geográfica do Aedes aegypti, principal mosquito vetor da dengue. A elevação da temperatura na
ordem de 2°C a 6°C para o próximo século traz resultados desastrosos à saúde pública. A expansão
de zonas úmidas provocada pelos altos índices pluviométricos promoverá o aumento populacional
do mosquito e, consequentemente, o número de casos confirmados da doença principalmente nas
zonas urbanas do estado. Diante disso, concluímos que os índices de ocorrência da doença tendem
a alcançar números altamente preocupantes em áreas urbanas, tornando cada vez mais vulnerável a
saúde pública.
AGRADECIMENTOS: IFCE – Juazeiro do Norte
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