Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição de hoje do Jornal de Negócios "Gripe" espanhola contagiará banca lusa mais pela economia Maria João Gago - [email protected] A crise bancária espanhola, concentrada nas instituições resultantes da fusão de "cajas de ahorros", pode contaminar o sistema financeiro português, sobretudo, pelo efeito que possa ter na economia e na confiança dos investidores. A crise bancária espanhola, concentrada nas instituições resultantes da fusão de "cajas de ahorros", pode contaminar o sistema financeiro português, sobretudo, pelo efeito que possa ter na economia e na confiança dos investidores. Pela presença direta dos bancos portugueses naquele mercado, onde apenas a Caixa Geral de Depósitos e o BES têm operações autónomas, o contágio sistémico tenderá a ser reduzido, proporcional à dimensão dos investimentos de cada banco no país. As consequências do problema bancário espanhol no desempenho da economia do país afetarão a banca portuguesa na medida em que penalizarão o principal mercado das exportações portuguesas. Quanto mais empresas nacionais forem afetadas por esta conjuntura, mais a generalidade dos bancos lusos tenderá a sentir os efeitos da crise bancária espanhola, pelo aumento do incumprimento de crédito. Além disso, o ambiente recessivo em Espanha penalizará sempre as operações locais dos bancos portugueses, por muito reduzida que seja a sua dimensão. No primeiro trimestre deste ano, a necessidade de registar imparidades de crédito levou a Caixa Geral de Depósitos a perder cerca de 40 milhões de euros na operação espanhola. Diretamente, o grupo financeiro do Estado é o mais exposto a Espanha. O Banco Caixa Geral tem cerca de 200 balcões no país, que gerem ativos de mais de seis mil milhões de euros. No entanto, a operação tem um peso inferior a 5% no universo da CGD. Por seu turno, o BES tem uma pequena operação destinada ao segmento de clientes empresariais e de rendimentos mais elevados, que desde o ano passado concentrou esforços na captação de recursos. Os resultados do primeiro trimestre caíram 19%, mas mantiveram-se positivos. Menos significativa é a presença do BPI, que tem uma pequena sucursal em Espanha, e a participação minoritária do Banif num pequeno banco da Extremadura espanhola, o Banco Poyo. O efeito da crise bancária de Espanha na confiança dos investidores poderá ter consequências a nível do desempenho dos mercados, penalizando as instituições financeiras, tanto portuguesas como dos restantes países europeus. Já por via dos bancos espanhóis presentes no mercado português, não é expectável grande impacto. Isto tendo em conta que as instituições espanholas com maior peso no mercado Santander Torta, Popular e BBVA - não resultaram da integração de "cajás de ahorros", pelo que a sua exposição ao mercado imobiliário é menor. Por outro lado, além de Portugal, Santander e BBVA têm presenças importantes fora de Espanha, cujas operações continuam a gerar resultados que ajudarão fazer face ao aumento das exigências de provisões para crédito imobiliário impostas pelas autoridades espanholas na sequência dos problemas no Banida. 31-05-2012