CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO ÁREA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS Curso de Mestrado em Nanociências RAFAELI OLEQUES PIRES MODELAGEM MATEMÁTICA DE PERFIS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS A PARTIR DE NANOCARREADORES Santa Maria, RS 2011 1 RAFAELI OLEQUES PIRES MODELAGEM MATEMÁTICA DE PERFIS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS A PARTIR DE NANOCARREADORES Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Nanociências do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Nanociências. Orientador(a): Prof(a)Dr(a) Renata Platcheck Raffin Co-Orientador(a): Prof(a)Dr(a) Solange Binotto Fagan Santa Maria, RS 2011 2 P667m Pires, Rafaeli Oleques Modelagem matemática de perfis de liberação de fármacos a partir de nanocarreadores / Rafaeli Oleques Pires ; orientação Renata Platcheck Raffin ; co-orientação Solange Binotto Fagan – Santa Maria : Centro Universitário Franciscano, 2011. 97 f. : il. Dissertação (Mestrado em Nanociências) – Centro Universitário Franciscano, 2011 1. Nanociência 2. Modelagem Matemática 3. Nanocarreador I. Raffin, Renata Platcheck II.Fagan, Solange Binotto III. Título CDU 615:62-181.4 Elaborada pela Bibliotecária Eunice de Olivera CRB10/1491 3 4 Dedico este trabalho a quatro pessoas: Raphael, Maria do Carmo, Márian e minha companheira de todos os momentos Thaís. 5 AGRADECIMENTOS Bom, agradeço primeiramente a Deus pela ajuda que vem me oferecendo e a minha família durante toda esta caminhada; já que sem Ele não estaria dando o segundo de tantos passos importantes que terei que trilhar durante esta vida terrena. Aos meus pais e irmã, agradeço todo o amor, carinho, dedicação, compreensão e sacrifício que me mostraram e superaram durante esta jornada. Se não fosse todo o apoio nos momentos difíceis, provavelmente, não estaria finalizando neste momento o tão sonhado mestrado. Agora, vou fazer um agradecimento especial a todos aqueles em que cruzaram e me ajudaram durante estes dois anos de curso. Iniciarei primeiramente com os professores e depois aos meus colegas. Obrigada, a professora Solange B. Fagan por ter me escolhido como sua orientanda, confiado e sempre que possível estava presente e respondia todas as minhas questões com calma e tranqüilidade. Um abraço e muito obrigada pela orientação e ajuda. A coordenadora do curso Ivana Zanella pelas questões de física resolvidas e compreendidas. A professora Marta Palma Alves, sabes que não fosse a sua instigação e a minha curiosidade este trabalho não teria iniciado. Ao professor Leandro Loss pelo ensinamento de modelagem e aulas de programação. A professora Ana Maria Beltrame, eterna mestra de cálculo, que sempre quando eu estava com dúvidas respondeu-as e ainda questionou-as. Um agradecimento especial a minha querida orientadora e professora Renata P. Raffin, que sempre esteve ao meu lado para responder minhas dúvidas; estar disposta a discutir e explicar questões em que eu não estava familiarizada, ensinado caminhos diferentes a serem trilhados com sua simplicidade. Não esqueça Rafaeli: “Tente, o não você já tem!!”. 6 A todos os doutores que me ensinaram alguma coisa durante estes dois anos, Solange Hoezel, Cristiano Bohr, Cristiane Luchese, Diego Alves, Juliana Vizzotto, Tiago Volkmer e Sérgio Mortari, obrigada. Aos meus colegas. A minha eterna amiga e companheira Thaís Urban Barros, obrigada. Pela companhia nos momentos de solidão; o apoio, as discussões, as brincadeiras, as palavras certas na hora certa, tudo foi importante para a construção desta dissertação. Te adoro. As meninas bonitas do laboratório 015, um agradecimento especial para a “chefa” do laboratório Isabel Roggia. Isabel, muito obrigado pela ajuda, compreensão e pelas tarde de brincadeiras e muito trabalho. Não posso esquecer o futebol nas quartas. As queridas colegas Márcia Brushi, Kelly Cristine e Gabriela Faria que sempre responderam as questões com muita paciência e humor. Saibam meninas que aprendi muito com a presença de vocês. Adoro todas. Aos meninos bonitos, Gabriel, Igor, Henrique e Ricardo, saibam que uma peça neste quebra-cabeça vocês que me ajudaram a encaixar. Ao Gabriel pelo companheirismo e amizade; ao Igor pelas discussões de polímeros e os debates no Café; ao Henrique pelos filmes e os ensaios no fim de semana; ao Ricardo, saiba que foi contigo que aprendi como pegar em um ratinho hehehehe. Valeu pessoal. Às colegas Cláudia e Amanda, obrigada pela ajuda. À Cláudia pelas questões de integral e não esqueçam que as festas são na casa da Cláudia. À Amanda por saber ouvir e ter muita paciência. Não posso esquecer dos funcionários do mestrado e principalmente das secretárias Ana Paula e Franciele, obrigada. A Capes por financiar a pesquisa e a UNIFRA por proporcionar que esta pesquisa se concretizasse. A todos, Obrigada. 7 RESUMO A partir da década de 60, iniciou-se o debate sobre uma das mais novas e promissoras tecnologias mundiais, a nanotecnologia. Juntamente com o crescimento mundial, vários campos de pesquisa começaram a utilizá-la em seus estudos, como por exemplo, as inovações na área farmacêutica. Entre estas inovações destacam-se a descoberta de novos compostos, produtos biodegradáveis e o desenvolvimento de carreadores em escala nanométrica: os nanocarreadores. Estes, os mais utilizados são as nanoesferas e nanocápulas, por apresentarem uma liberação sustentada e controlada de fármaco comparada a formulações convencionais. À medida que os anos foram passando, o processo de liberação de fármaco foi sendo explicado e representado por equações matemáticas distintas, cada uma com suas aplicações e peculiaridades. Mas, atualmente, não existe nenhuma equação matemática que represente o comportamento dos nanocarreadores, dando ênfase aos fatores relevantes na nanoescala. Assim, o presente trabalho analisou um carreador específico – nanocápsula – para modelar uma equação matemática que represente o comportamento da liberação de fármacos a partir do mesmo. Para a construção do modelo matemático, foi utilizada a modelagem matemática como metodologia. Foi comprovado que não ocorre modificação no tamanho de partícula durante o processo de liberação, quando utilizado o polímero poli(ε-caprolactona). Depois disso, percebeu-se que o parâmetro que influencia no processo de liberação é a solubilidade do fármaco no núcleo oleoso da nanocápsula e a taxa de associação às naopartículas. Baseado nestas duas variáveis, foi construído o modelo matemático, que quando validado, mostrou-se ser um excelente modelo para descrever os perfis de liberação de fármacos através das nanocápsulas. Palavras-chave: Nanociência; Modelagem Matemática; Nanocarreador. 8 ABSTRACT From the 60s, a debate about a new and promising world-wide technologies started, and it was called nanotechnology. Together with the global growth, many fields of research had started to use in their studies, for example, in the pharmaceutical area. Among these innovations, we can include the discovery of new composites, biodegradable products and the development of carries in nanoscale. Among the most used nanocarries there are nanosphere and nanocapsules, showing controlled release compared to conventional drug delivery systems. The release process was studied by some authors that described this process using mathematical equations, one for each use. However, actually, there is no mathematical equation that represents the behavior of the nanocarries, emphasizing the factors relevant at nanoscale. Then, the present study analyzed a specific carrier nanocapsule - to develop a mathematical equation that represents the behavior of the drug release from polymeric nanocapsules. For the construction of the mathematical model, we used mathematical modeling as methodology. We proved there isn’t change in particle size during the release process, when used poly (ε-caprolactone). After that, we noticed that the parameters that interfere in the release process were drug solubility in the oil core of nanocapsule and the encapsulation efficiency. Based in these two parameters, the mathematical model was constructed and then validated, showing to be an good model to describe the drug release profiles from nanocapsules. Keywords: Nanoscience; Mathematical Modelling; Nanocarrier. 9 SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................................... 8 ABSTRACT .............................................................................................................................. 9 LISTA DE EQUAÇÕES ........................................................................................................ 12 1. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 15 1.1 NANOCIÊNCIAS E NANOTECNOLOGIA.................................................................... 15 1.1.1. DEFINIÇÕES .................................................................................................................. 16 1.1.2. DA ORIGEM AOS TEMPOS ATUAIS ........................................................................ 18 1.2.NANOPARTÍCULAS ...................................................................................................... 22 1.2.1. NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS........................................................................ 23 1.2.2. SISTEMAS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA DE FÁRMACO ............................. 26 1.2.3. ESTUDOS SOBRE LIBERAÇÃO CONTROLADA DE FÁRMACOS .................... 29 1.3.MODELAGEM................................................................................................................. 32 1.3.1. MODELO......................................................................................................................... 34 1.3.2. MODELOS MATEMÁTICOS ...................................................................................... 35 1.3.3. MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS NA ÁREA FARMACÊUTICA......... 37 2. METODOLOGIA............................................................................................................... 46 2.1. PREPARAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS E ANÁLISE DO TAMANHO DE PARTÍCULA ............................................................................................................................. 46 2.2. MODELAGEM MATEMÁTICA ..................................................................................... 48 2.3. DESCRIÇÃO DA MODELAGEM MATEMÁTICA ..................................................... 51 3.RESULTADOS .................................................................................................................... 53 3.1 PREPARAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS E ANÁLISE DO TAMANHO DE PARTÍCULA ............................................................................................................................. 53 3.2 SOLUBILIDADE ................................................................................................................ 55 3.3 DEFINIÇÃO DO MODELO .............................................................................................. 58 3.4 VALIDAÇÃO DO MODELO ............................................................................................ 66 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 72 ANEXO I ................................................................................................................................. 73 ANEXO II................................................................................................................................ 85 ANEXO III .............................................................................................................................. 86 ANEXO IV .............................................................................................................................. 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 88 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Vitral de catedral da Idade Média .................................................................. 18 Figura 2 - Taça de Lycurgo. ........................................................................................... 17 Figura 3 - Nanocápsula e Nanoesfera. ............................................................................ 21 Figura 4 - Representação dos métodos de síntese mais utilizados na literatura ............. 23 Figura 5 - Sistema de liberação controlada de fármaco.................................................. 24 Figura 6 - Publicações em "Drug Delivery" – Pesquisa retirada do Science Direct no período entre 1991 e 2011 .............................................................................................. 25 Figura 7 - Gráfico de Liberação do Adapaleno .............................................................. 53 Figura 8 –Condição de sink ............................................................................................ 61 Figura 9 - Gráfico do modelo Pires aplicado aos dados de Barrios (2010) .................... 65 Figura 10 - Gráfico do modelo Pires aplicado aos dados de Contri (2010) ................... 66 Figura 11 - Gráfico do modelo Pires aplicado aos dados da Desonida .......................... 68 Figura 12 - Gráfico demostrativo da exponencial .......................................................... 71 Figura 13 - Gráfico da função exponencial com coeficiente angulas m......................... 72 Figura 14 - Gráfico da função exponencial .................................................................... 74 Figura 15 - Gráfico com variação do parâmetro A ......................................................... 75 Figura 16 - Gráfico com variação do parâmetro A ........................................................ 76 Figura 17 – Consideração do parâmetro A ..................................................................... 76 Figura 18 - Análise da incógnita B ................................................................................. 77 Figura 19 – Gráfico da variação de B ............................................................................. 78 Figura 20 - Gráfico comparativo .................................................................................... 79 Figura 21 - Gráfico da variação de B ............................................................................. 72 Figura 22 - Análise do parâmetro C ............................................................................... 80 11 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 - 1º Lei de Fick...............................................................................................29 Equação 2 - 2º Lei de Fick...............................................................................................29 Equação 3 – Representação das equações .......................................................................33 Equação 4 – Equação de Guy e Hadgraft (controle pelo dispositivo) .............................37 Equação 5 - Equação de Guy e Hadgraft (controle pela pele).........................................37 Equação 6 – Modificação de Bunge ................................................................................37 Equação 7 - Lei de Fick ...................................................................................................38 Equação 8 - Equação Monoexponencial .........................................................................38 Equação 9 - Equação Biexponencial ..............................................................................39 Equação 10 - Equação de Siepmann e Göpferich............................................................42 Equação 11 - Equação de NOYES - WHITNEY ...........................................................56 Equação 12 - Equação de BRUNNER ...........................................................................57 Equação 13 - Relação entre Noyes- Whitney e a Lei de Fick ........................................57 Equação 14 - Equação de Hixson e Crowell ..................................................................57 Equação 15 - Equação de Primeira Ordem Cinética ......................................................58 Equação 16 - Equação base para o modelo ....................................................................60 Equação 17 - Modelo a ser estudado ..............................................................................62 Equação 18 - Modelo PIRES ..........................................................................................62 12 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, ocorreu um crescimento considerável no estudo sobre a nanotecnologia, tornando-se uma das mais promissoras tecnologias mundiais. Esta teve seu começo na década de sessenta com o físico Richard P. Feynman que, muito audacioso, proferiu em sua palestra que seria possível escrever o almanaque britânico na cabeça de um alfinete [There's Plenty of Room at the Bottom an Invitation to Enter a New Field of Physics by Richard P. Feynman, disponível em http://www.zyvex.com/nanotech/feynman.html.]. Devido a esta afirmação, iniciou-se o desenvolvimento de uma nova tecnologia, mais tarde denominada Nanotecnologia por Norio Taniguchi [TANIGUCHI, 1974]. Anos mais tarde, ocorreram inúmeras evoluções em diversas áreas, por exemplo, o desenvolvimento de microscopia eletrônica para nanoescalas, a miniaturização de processadores, a descoberta de novas nanoestruturas ( nanotubos, grafeno,entre outras) e o desenvolvimento de carreadores de fármacos, com intuito de vetorizá-los ao sítio de ação. Devido a este crescimento, a nanotecnologia desafia pesquisadores com as inovações na área farmacológica, que está revolucionando na descoberta de novos compostos biologicamente ativos e biodegradáveis [COUVREUR e VAUTHIER, 2006]. Dentre os estudos, os que mais vêm crescendo são os estudos relacionados à entrega de fármacos em sítios específicos. O primeiro pesquisador a estudar esta ideia foi o imunologista Paul Ehrlich, que desenvolveu o conceito da “Bala Mágica” – seria um robô que entraria na corrente circulatória para destruir determinadas doenças infecciosas e câncer – sendo o pioneiro nas pesquisas na área de desenvolvimento e veiculação de fármacos [COUVREUR e VAUTHIER, 2006]. As pesquisas sobre vetorização de fármaco cresceram e a nanotecnologia englobou esta ideia através do desenvolvimento de carreadores ainda menores, isto é, em escala nanométrica. Dentre os carreadores mais utilizados, estão as nanocápsulas e as nanoesferas. Pensando no comportamento destas nanoestruturas, juntamente com o fato destes carreadores apresentarem liberação controlada de fármacos, surgiram estudos sobre modelos matemáticos que conseguem analisar o comportamento da cedência dos 13 fármacos. Com estes estudos apareceram inúmeras equações, cada uma com suas peculiaridades e aplicações. Mas, atualmente, depois de todo o desenvolvimento da nanotecnologia, ainda não existe nenhuma equação que represente o comportamento dos carreadores de fármaco em escala nanométrica. Com intuito de integrar algumas das diversas áreas associadas com a Nanotecnologia – Farmácia e Matemática, juntamente, com a ferramenta da modelagem – o presente trabalho busca analisar perfis de liberação de fármacos com a finalidade de desenvolver uma equação matemática que os represente em escala nanométrica. A finalidade desta integração é propor um modelo matemático que possa auxiliar na compreensão do processo de liberação de fármacos, através da análise da curva de liberação. Para isto, será necessário o estudo de modelagem matemática, derivadas e integrais; aliados a pesquisas de liberação de fármacos e análise de sistemas farmacêuticos como nanoesferas e nanocápsulas contendo fármacos encapsulados. 14 1. REFERENCIAL TEÓRICO Nas próximas seções serão apresentados conceitos, discussões e opiniões de autores relacionados aos temas: (i) Nanociências e Nanotecnologia, iniciando desde seu primeiro conceito até as tecnologias empregadas atualmente; (ii) Nanopartículas, com a descrição de nanopartículas poliméricas, método de síntese e benefícios; (iii) Sistema de Liberação de fármaco demonstrando como funciona o processo de liberação e quais os parâmetros que influênciam nele e finalizando, (iv) Modelagem, mais específico, Modelagem Matemática abordando a metodologia proposta para a construção de um Modelo Matemático. 1.1 NANOCIÊNCIAS E NANOTECNOLOGIA “Por que não podemos escrever todos os 24 volumes da Enciclopédia Britânica na cabeça de um alfinete?”. Essa questão foi lança em 1959 por um físico do Instituto de Tecnologia da Califórnia em um Encontro da American Physical Society nos EUA. Este professor chamava-se Richard Feynman, famoso por seu famoso pelo conhecimento em física de partículas e senso de humor. A pergunta acima foi lançada na conferência: “Há muito espaço lá embaixo” e foi interpretada, por muitos, como uma provocação ou por mais uma de suas brincadeiras [There's Plenty of Room at the Bottom an Invitation to Enter a New Field of Physics by Richard P. Feynman, disponível em http://www.zyvex.com/nanotech/feynman.html.]. Pode-se dizer que as questões foram lançadas com a finalidade de provocar e instigar os participantes a explorarem o espaço atômico e molecular. Além disso, em nenhum momento da palestra Feynman fez uso da palavra “nano”, que só mais tarde foi associada com uma nova ciência e tecnologia. Antes mesmo da palestra, por volta das décadas de 1950 e 1960, já existiam estudos e atividades experimentais com partículas pequenas de metais. Naquela época, a prática destes experimentos não era chamada de Nanotecnologia e não havia muitos estudos sobre ela [POOLE e OWENS, 2003]. O termo “Nanotecnologia” foi descrito pela primeira vez em 1974 por Norio Taniguchi, da Science University of Tokyo. A palavra foi exposta quando ele foi 15 descrever uma máquina, e propôs a seguinte definição: “Nanotecnologia consiste no processo de separação, consolidação e deformação de materiais por um átomo ou uma molécula” [TANIGUCHI, 1974]. Esse conceito foi um marco para a história, pois distinguiu engenharia em escala micrométrica e engenharia submicrométrica, um campo que começava a emergir [DURAN, MATTOSO e MORAIS, 2006]. Pode-se dizer que essa foi a primeira definição de Nanotecnologia proposta por um pesquisador. Depois disso, a Nanotecnologia já foi definida por diversos autores de diferentes áreas, que serão apresentadas a seguir. 1.1.1. DEFINIÇÕES A área de Nanociências, com suas promessas de Nanotecnologias surpreendentes é hoje um dos campos mais desafiadores, multidisciplinar, competitivo e com um alto investimento financeiro. Além disto, alguns pesquisadores argumentam que a Nanotecnologia é um campo que possui uma característica não existente em outras áreas: por possuir objetivos óbvios “metas claras” [OZIN e ARSENAULT, 2005]. Mas, o que são “Nanociências e Nanotecnologia”?. Nanociência é uma expressão que pode ser desfragmentada em outras duas expressões: “Nano” e “Ciência”. O prefixo “nano” é derivado da palavra grega νάνοϛ < nános > significando “anão”. Já em notação científica expressar um bilionésimo. Em outras palavras, “nano” é representado numericamente pelo prefixo 10-9, assim, um nanometro indica um bilionésimo de metro [BAOWAN, 2008]. Já “Ciência” pode ser definida como: conjunto metódico de conhecimentos obtidos mediante a observação e a experiência [FERREIRA, 2008]. Da forma análoga, Nanotecnologia pode ser dividida em “Nano” e “Tecnologia”. Derivada também do grego (τέχνηλόγοϛ <téchnēlógos>), tecnologia (tecno = arte, ofício + logia= estudo) [DURAN, MATTOSO e MORAIS, 2006] é definida como conjunto de conhecimento e princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade [FERREIRA, 2008], com objetivos práticos e comerciais [DURAN, MATTOSO e MORAIS, 2006]. Concordando com as descrições anteriores, Tanaka (2005) relata em seu artigo que Nanociências - “nano” vem do grego e significa anão - é um campo de pesquisa 16 inter e multidisciplinar, em que um nanometro representa um bilionésimo de um metro, mais especificamente, o diâmetro aproximado de dez átomos dispostos lado a lado. Whatmore et al.(2007), comenta em seu estudo, que na Europa, a Nanotecnologia é descrita como a ciência dos fenômenos em escala atômica; em contraposição, o termo “Nanociências” visa à compreensão básica de fenômenos e transformação atômicas. Já para Grupo ETC (2005), “Nanotecnologia é um conjunto de técnicas utilizadas para manipular a matéria na escala de átomos e moléculas” e complementa dizendo que a palavra “nano” é uma medida e não um objeto. Dos Santos (2007) descreve Nanotecnologia em sua monografia como: “Em sua essência, a Nanotecnologia consiste na habilidade de manipular a matéria na escala atômica para criar estruturas com uma organização molecular diferenciada”. Entretanto para o matemático Baowan (2008): “Nanotecnologia pode ser referida como o estudo daqueles objetos em pequena escala que podem ser montados para criar um novo dispositivo”. Em contrapartida, os físicos Poole e Owens (2003) escrevem que “Nanotecnologia trabalha com diversas estruturas da matéria com dimensões na ordem de um bilionésimo de metro”. Hardman (2006) em seu artigo descreve a Nanotecnologia como uma ciência aplicada de rápido crescimento, gerando assim, um leque de oportunidades na área industrial de materiais em nanoescala. Ao contrário de muitas definições, Tanaka (apud Frank, 1987) descreve que a Nanotecnologia representa muitas vezes a Nanociência no ponto de vista de pesquisa básica e não somente em tecnologia; e que só pode ser estritamente tecnologia quando relacionado com produção na escala entre 100 nm até a ordem atômica. Para Ozin (2005), em nano a ideia principal é fazer algo realmente grande e importante com objetos realmente pequenos (em escala nanométrica) e distintos em suas propriedades e comportamentos em comparação com os de grandes dimensões com que todos já estão familiarizados. Além disto, esta é uma área desafiadora que não pode ser de um único especialista, necessita-se de colaboração de outros campos. Complementando, Duran (2006) escreve em seu livro: “A Nanotecnologia diz respeito a materiais e sistemas cujas estruturas e componentes exibem propriedades e fenômenos físicos, químicos e/ou biológicos significativamente novos e modificados devido à sua escala nanométrica”. Descrição esta, mais recente comparada às demais apresentadas. Assim, “Nanociência” é o estudo de substâncias, objetos e estruturas em escala nano; e “Nanotecnologia” pode ser descrita como uma ciência aplicada – aplicação dos 17 estudos em Nanociências para solução de problemas – através da manipulação de estruturas em escala nanométrica. Certos significados, descritos anteriormente, motivaram Cohen (2001), a escrever que estudar Nanociências é uma forma de tentar compreender o comportamento de materiais quando estão na escala atômica oportunizando a utilização destas nanoestruturas na tecnologia. Devido a essas características juntamente com a miniaturização é que a Nanotecnologia tem recebido uma grande atenção. A seguir, será feito um breve relato sobre a origem da Nanociência e Nanotecnologia até os tempos atuais. 1.1.2. DA ORIGEM AOS TEMPOS ATUAIS A Nanociência e Nanotecnologia são ciências relativamente novas – estudos das estruturas em dimensões nanométricas e dispositivos – mas sua natureza como átomo e molécula não são tão novos. Estudos mostram que no século IV d.C. vidraceiros romanos já fabricavam óculos com metais em nanoescala [POOLE e OWENS, 2003]. Na Idade Média, século V, em Roma, sabe-se hoje que eles misturavam cloreto de ouro com vidro derretido para a fabricação dos vitrais das igrejas, observada na Figura 1. A mistura resultava uma solução coloidal de ouro em escala nanométricas [DOS SANTOS, 2007]. Um exemplo são os vitrais da Catedral de Milão [TOMA, 2004]. Figura 1 - Vitral de catedral da Idade Média. Adaptado de Catedrais Medievais. Disponível em http://4.bp.blogspot.com/_IyON5kV6M/SBTrYxwq B kI/AAA AAAAA BI8/GZUMNDHg1o/s400/Chartres,+vitral+do+bom+samaritano,+catedrais+ mediev ais.jpg. No museu Britânico está exposto um copo de vidro que contém nanopartículas de ouro chamado Copo de Lycurgo ou Taça de Lycurgo, que pode ser observada na 18 Figura 2. Esta taça, vista á luz do dia possui uma coloração verde e quando a luz é branca a taça fica vermelha [TOMA, 2004]. O copo relata a morte do Rei Lycurgo e é feito de “soda cal” e lascas de vidro contendo nanopartículas de ouro. A mesma técnica apresentada nesta taça esta presente nas janelas das catedrais medievais [POOLE, OWENS, 2003]. Figura 2 - Taça de Lycurgo. Adaptado Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Universidade Federal do Paraná. Jornal Comunicação. Disponível em http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/files/images/lyc urgus. materia.jpg Todos estes estudos não teriam nenhuma importância se o homem não tivesse a preocupação de entender como as coisas são e se comportam perante o universo. Antes de Cristo, já existiam especulações filosóficas sobre o comportamento da matéria e como os corpos eram constituídos, porém, muitas das ideias divergiam. O Filósofo grego Aristóteles pensava que a matéria podia ser dividida indefinidamente sem limites. Leucipo acreditava que a matéria era constituída de pequenas unidades indivisíveis, que mais tarde ficaram conhecidas como átomos [DURAN, MATTOSO E MORAIS, 2006], 2006]. Depois disso, muitos outros filósofos, cientistas, físicos e químicos estudaram aprofundadamente o átomo, sua estrutura, agrupamento, entre outras propriedades. Por exemplo, Dalton, em 1803, descobriu que os agrupamentos dos átomos geravam estruturas maiores chamadas de moléculas. Em 1911, Thomson demonstrou a existência de partículas subatômicas, carregadas negativamente (elétrons), carregadas positivamente (prótons) e sem carga elétrica (nêutrons) [DURAN, MATTOSO E MORAIS, 2006]. Os descobrimentos dessa época só foram possíveis devido ao aperfeiçoamento de técnicas e equipamentos. Com isso, foram surgindo novos métodos que auxiliavam a ciência. Não satisfeito em compreender, manipular e controlar o comportamento de estruturas em escala macroscópica - depois de séculos de estudos, análises e conhecimento adquiridos – a ciência deu mais um grande passo na sua história, a 19 possibilidade de manipulação de átomos e outras estruturas em escala nanométrica. Em 1959, esta ideia foi proposta por Richard Feynman. Inicialmente compreendida como uma brincadeira esta, levou muitos estudiosos a pensar melhor sobre a escala atomística. Evidentemente que estes pensamentos não foram tirados supostamente de sua cabeça e, sim, de um grande embasamento físico. Feynman imaginou linhas com feixes de elétrons de alguns átomos de largura. Basicamente ele antecipou a existência da litografia por feixe de elétrons, que nos dias atuais é utilizada para fazer chips de silicone. Além disso, propôs a manipulação de átomos para a fabricação de novas estruturas com diferentes propriedades [POOLE e OWENS, 2003]. Contudo, tais avanços não foram bem aceitos por cientistas na época, por muitos motivos: por possuir uma reputação de sarcástico, pela reação de muitos da audiência, entre outros. Entretanto, outros estudiosos desenvolviam investigações sobre estes pensamentos e trabalhavam para a compreensão dos mesmos. Por cerca de duas décadas, este assunto ficou esquecido, até que em 1974 o pesquisador da Science University of Tokyo, Norio Taniguchi, atribuiu Nanotecnologia como um novo campo para a engenharia submicrométrica, e conceituou, pela primeira vez, a palavra Nanotecnologia [TANIGUCHI, 1974], como já foi dito anteriormente. Anos mais tarde, em 1980, pesquisadores da IBM - que desde 1957 vinham pesquisando a nanoescala para eletrônicos e realizando importantes estudos nos efeitos da mecânica quântica para tais dispositivos [POOLE e OWENS, 2003] - desenvolveram o primeiro microscópio de varredura por tunelamento (STM) e o microscópio de força atômica (AFM), com os quais cientistas poderiam manipular e ver os átomos [MONTEMERLO et al., 1996]. Graças a estes avanços, começava a fazer sentido a visão de Feynman em relação à manipulação e criação de uma nova escala molecular. Logo, pode-se dizer que a Nanotecnologia nasceu com a criação de máquinas para visualização e manipulação controlada de átomos e moléculas - e adquiriu este nome - devido ao tamanho dos átomos e moléculas [FILHO e FONSECA, 2005]. Um ano após estes acontecimentos, K. Eric Drexler, engenheiro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) publicou o primeiro artigo científico sobre Nanotecnologia [DURAN, MATTOSO e MORAIS, 2006]. Nessa pesquisa, Drexler apresenta sua visão de uma nova tecnologia baseada em uma máquina construtora de tamanho de moléculas [TOMA, 2004]. A publicação de Drexler junto com a invenção da microscopia de varredura de sonda em 1982 tornaram realidade as ideias de 20 Feynman, tornando-os marcos importante no surgimento da Nanotecnologia. Mais tarde, em 1986, ele publicou o livro “The engines of creation” com ideias que continuaram revolucionando a Nanotecnologia [DURAN, MATTOSO e MORAIS, 2006]. Em 1985, Richard Smalley e colaboradores descobriram uma nova estrutura, o fulereno. Possuindo uma estrutura esférica contendo sessenta átomos de carbono, o C60 ou “BuckyBall” possui forma geométrica icosahedral com sessenta átomos de carbono juntos em pentágonos e hexágonos similares a uma bola de futebol [O‟CONNELL, 2006]. Tal descoberta conduziu à descoberta dos nanotubos – estrutura constituída teoricamente como uma folha de carbono enrolada de modo a conectar com as suas extremidades - em 1991 por Sumio Iijima [IIJIMA,1991]. Primeiramente, Iijima observou através de microscopia eletrônica de transmissão nanotubos de paredes múltiplas. Dois anos depois disto, Iijima e, separadamente, Bethune e colaboradores, observaram nanotubos de paredes simples [IIJIMA e ICHIHASHI, 1993]. Contudo, alguns especialistas afirmam que Iijima não foi o primeiro a descobrir os nanotubos de carbono; afirmam que Roger Bacon produziu e caracterizou microrolos de grafite em 1960 e, em 1979, Peter Willes e John Abrahanmson apresentaram resultados da obtenção de fibras de carbono por descarga elétrica entre dois eletrodos de grafite [GREEN, 2009]. Com todos estes avanços, antes mesmo da descoberta dos nanotubos, um pesquisador da IBM escreveu a sigla dessa empresa com 35 átomos de xenônio utilizando o microscópio de tunelamento com sonda de varredura. Com isso, a Nanotecnologia assumiu realmente seu papel na história da ciência. Anos mais tarde, em 2000, as sondas dos microscópios de tunelamento foram usadas como “canetastinteiros”, com a finalidade de desenhar e escrever em escala nanométrica usando moléculas [TOMA, 2005]. Em 2001, estudiosos, também da IBM, desenvolveram um método de crescimento de nanotubos [DURAN, MATTOSO e MORAIS, 2006]; e três anos mais tarde, a IBM anunciou a criação do Milliped (sistema com milhares de sondas), projetado para gravar e ler informações em escala nanométrica [TOMA, 2005]. Nos últimos anos, as pesquisas nesta área vêm crescendo, assim como, as discussões sobre seus impactos na sociedade, agricultura, meio ambiente e indústrias. O caráter interdisciplinar poderá ajudar a trazer descobertas e inovações em diversas áreas como química, física, biologia, medicina, entre outros. O grande desafio será a análise 21 dos impactos e benefícios em meio à sociedade, que representa um grande papel para o desenvolvimento desta tecnologia. A divulgação dos princípios e conceitos da nanociência pode ajudar na compreensão pública dessa ciência que vem evoluindo cientificamente com algumas barreiras éticas e legislativas. Barreiras estas, devido à falta de leis de trabalhistas, com ênfase nos impactos aos trabalhadores, leis de impactos no meio ambiente e também dos efeitos cosméticos em seres humanos [MARTINS, DULLEY, DE AZEVEDO et al., 2007]. Contudo, a Nanotecnologia tem crescido e desenvolvido suas raízes em meio a uma sociedade em desenvolvimento de conhecimento e em meio a pesquisadores com sede de novas descobertas. 1.2.NANOPARTÍCULAS Nas últimas décadas, aumentou consideravelmente o interesse de pesquisadores no estudo de materiais nanoestruturados e, principalmente, biodegradáveis para a construção de nanomateriais, como por exemplo, biossensores, carreadores de fármacos, biomarcadores, entre outros, devido a sua aplicabilidade em diversas áreas. Atualmente, existem fármacos com grande potencial terapêutico, porém que apresentam problemas de graves efeitos colaterais, pequenos intervalos de doses e baixa estabilidade [CONTRI, KAISER, POLETTO et al., 2010]. Devido a estes problemas e os estudos sobre estruturas nanométricas, foi proposto nanoencapsulamento de diversos fármacos com a finalidade de reduzir de tais problemas. Raffin e colaboradores (2003) citaram em seu trabalho que a indometacina – anti-inflamatório não esterioidal - nanoencapsulada reduzia seus efeitos adversos gástricos. Prego et al. (2006) descreve que as nanocápsulas de quitosana são capazes de aumentar a absorção intestinal e nasal de peptídeos. Bernardi et al. (2010) mostrou que indometacina nanoencapsulada é um futuro neuroprotetor de isquemias cerebrais. Frente a isso, ressalta-se que o uso de nanopartículas como carreadores de fármacos tem, muitas vezes, como objetivo a otimização do tempo de liberação deste fármaco. Isto ocorre, pois as nanopartículas apresentam maior estabilidade em certos fluídos biológicos e no armazenamento [DOMINGUES, 2006] e maior potencialidade terapêutica. Dentre os estudos citados 22 acima, serão descritos alguns sistemas de carreadores de fármacos mais conhecidos e sintetizados, juntamente, com a tecnologia de liberação controlada. 1.2.1. NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS Nanopartículas poliméricas são sistemas carreadores de fármaco que possuem seu diâmetro inferior a 1000nm [SCHAFFAZICK et al, 2003]. O termo nanopartícula está relacionado a sistema de entrega de fármaco e subdividido em outras duas nanoestruturas: nanoesferas e nanocápsulas. Ambas as estruturas diferem-se na sua composição e organização estrutural [SCHAFFAZICK et al, 2003]. As nanoesferas são sistemas matriciais poliméricos, nas quais, o fármaco encontra-se homogeneamente adsorvido ou retido na matriz polimérica. Azevedo (2002) descreve este sistema como monolítico, isto é, não é possível observar um núcleo específico. Em contrapartida, nanocápsulas também são invólucros poliméricos com a presença de um núcleo oleoso, em que o fármaco pode estar dissolvido no núcleo e/ou adsorvido à parede polimérica [SCHAFFAZICK et al., 2003; ROGGIA, 2009]. A presença da parede polimérica serve como uma membrana de proteção, isolando o núcleo do meio externo [AZEVEDO, 2002]. Alguns autores descrevem as nanocápsulas como um sistema reservatório, nas quais é possível identificar seu núcleo, que pode ser sólido ou líquido. A representação das estruturas pode ser vista na Figura 3. Figura 3 - Nanocápsula e Nanoesfera. 23 A grande maioria dos estudos relacionados com nanopartículas referem-se a sistemas baseados em polímeros biodegradáveis, por serem materiais biocompatíveis e degradáveis, não tóxicos, não criar resposta inflamatória e excretados pelo corpo [AZEVEDO, 2002]. Pensando nestas vantagens, foi proposta a utilização destas mesmas estruturas ligadas a um sistema de liberação controlada de fármaco [MANO e MENDES, 1999]. Dentre os polímeros – biodegradáveis – estão os poliésteres alifáticos sintéticos, como a: Poli-ε-(caprolactona) (PCL), Poli(ácido glicólico) (PGA), poli(ácido láctico) (PLA), Poli(ácido láctico-co-ácido glicólico) (PLGA) e Poli(3-hidroxibutirato) P(3HB). A PCL é utilizada como substrato para biodegradação e como matriz de liberação. [ROSA; CHUI; FILHO et al., 2002]. Barbanti (2006) analisou a degradação da PCL e também do PLGA por serem biodegradáveis e possuírem aplicação na biomedicina. Já o PGA é um polímero de cadeia linear, altamente cristalino que é degradado no organismo através de esterases e carboxil peptidases [SIQUEIRA;CABRAL; JAHNO et al, 2009]. Outro trabalho relacionado a polímeros é de Rezende (2003), o qual, avaliou PLA e PLGA na forma de placas para futuros implante degradáveis, que substituiriam os implantes metálicos atuais. O P(3HB) é obtido através da fermentação de bactérias. Para a sua formação, utilizam-se fontes de carbono renováveis como a sacarose. Concordando com todos os estudos acima, Jr e Wada (2007) desenvolveram um estudo sobre polímero em cultura de células, no qual o objetivo principal era analisar biomateriais poliméricos para substituir tecidos danificados e/ou estimular a sua regeneração. Para finalizar, Guterres, Alves e Pohlmann (2007) descrevem que um dos principais motivos da utilização dos polímeros para encapsulamento de fármaco é para melhorar as características físico-químicas e propriedades farmacológicas, facilitando sua penetração na pele. Tais trabalhos justificam a importância dos estudos em polímeros, tanto na área de engenharia genética, quanto em farmácia como matriz de liberação. As pesquisas sobre materiais poliméricos são de grande importância para a área acadêmica – principalmente no âmbito farmacêutico - que não se deve somente analisar os biomateriais de maneira isolada, e, sim, como ocorre a estruturação do polímero, fármaco e óleo, neste caso, especialmente o método de preparação. Como o presente trabalho estuda dois tipos de nanoestruturas poliméricas (nanocápsula e nanoesfera), os 24 métodos de síntese serão direcionados a elas. A preparação das nanopartículas pode ser feita de diversas formas, mas existem dois métodos que são mais utilizados: a deposição interfacial de polímeros pré-formados e a polimerização in situ [SCHAFFAZICK,GUTERRES, FREITAS et al, 2003]. A Figura 4 apresenta cada um dos métodos descrito anteriormente juntamente com a representação de algumas subdivisões de cada método. Tais sínteses podem ser encontradas no trabalho de [MORA-HUERTA, FESSI E ELAISSARI, 2010]. Figura 4 - Representação dos métodos de síntese mais utilizados na literatura Depois de descrever sobre alguns polímeros e os métodos de preparação de nanoestruturas poliméricas mais conhecidos na literatura, será descrito como ocorre o processo de liberação de fármaco de dentro das nanoestruturas para o meio de maneira controlada. Para responder a esta questão, tem-se que estudar sobre os sistemas de liberação controlada de fármacos. 25 1.2.2. SISTEMAS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA DE FÁRMACO Os sistemas de liberação controlada de fármacos tem como objetivo manter a concentração de fármaco liberado na faixa terapêutica evitando que ultrapasse a faixa tóxica e decaindo para a sub-terapêutica. Esta descrição pode ser visualizada na Figura 5. Ao contrário das formas farmacêuticas convencionais, as formas farmacêuticas de liberação modificada possuem uma cinética de liberação modulada - mesmo que ocorra dissolução do fármaco, este permanece retido no interior da forma farmacêutica sendo liberado gradativamente [MANADA, PINA, VEIGA, 2002]. Figura 5 - Sistema de liberação controlada de fármaco A grande importância na aplicação terapêutica destes sistemas é a permanência do fármaco por mais tempo na circulação sanguínea - aumentando a sua eficácia diminuição da toxicidade sistêmica, administração mais segura e vetorização aos sítios desejados [DE AZEVEDO, 2002]. Complementando, segundo Cabral (2004), o 26 desenvolvimento de novos sistemas coloidais de liberação controlada de fármaco preocupa-se em estudar a distribuição da substância ativa, o aumento da permanência de fármaco na corrente sanguínea, e assim, ocasionando uma maior eficácia terapêutica com doses menores do ativo e a menor toxicidade ao usuário. Seu primeiro conceito foi definido por Baker (1987), no qual ele descreve-o como um sistema em que a substância (fármaco) é liberada com cinética bem instituída e independentemente os fatores externos. Desde então, as pesquisas relacionadas com a liberação controlada de fármacos têm aumentado constantemente. Um grande exemplo deste aumento é o gráfico (Figura 6) que mostra este crescimento exponencial nos últimos anos. Figura 6 - Publicações em "Drug Delivery" – Pesquisa retirada no Science Direct no período entre 1992 e 2010 A entrega de fármaco a um sítio específico (vetorização) adquiriu características de ser liberação lenta, prolongada e sustentada devido a sua liberação gradual de fármaco, mantendo a concentração plasmática em níveis terapêuticos, por períodos longos de tempo. Assim, as formas farmacêuticas diferenciadas vão requer menos freqüências de administração comparada às formas farmacêuticas convencionais [PEZZINI, SILVA, FERRAZ, 2007]. Mas, além destas definições, alguns autores como Lyra, Soares - Sobrinho, Brasileiro et al. (2007) descrevem que, algumas vezes, os sistemas de liberação de fármaco são conceituados como liberação retardada, repetida, 27 controlada e sustentada. Ainda comenta que o número de definições diferentes é devido à ligação das áreas farmacológicas aos processos tecnológicos. O processo de liberação do ativo de dentro da matriz polimérica ocorre de três formas: difusão, erosão e estes dois processos concomitantes. Alguns autores [COSTA e LOBO, 1999; ZULEGER, LIPPOLD, 2001; MANADAS, PINA e VEIGA, 2002] descrevem que ocorrem três categorias de processos: difusão, liberação por processo de ativação e desagregação/erosão polimérica. Pode-se definir o processo de difusão como o transporte de matéria de um compartimento para outro compartimento situado no interior do mesmo ou transporte líquido em virtude de um movimento aleatório. Tal transporte resulta em movimentos moleculares aleatórios que ocorrem a pequenas distâncias [COSTA, LOBO, 1999; MANADAS, PINA E VEIGA, 2002]. Em contrapartida, Azevedo (2002) descreve: “Os sistemas de liberação controlada do tipo polimérico são classificados de acordo com vários mecanismos, já conhecidos há algum tempo. Os sistemas controlados por difusão são os mais comuns e dois tipos são descritos. No primeiro, o agente bioativo (fármaco) forma uma partícula interna (caroço) envolvida por uma barreira de difusão inerte. Estes sistemas incluem membranas, cápsulas, nanocápsulas, lipossomas e fibras ocas. O segundo tipo é um sólido monolítico no qual o agente ativo é disperso ou dissolvido em um polímero inerte e a difusão do fármaco é a etapa limitante, sendo a taxa de liberação dependente da escolha do polímero”. Já Vargnaud (1993) concorda com ou autores Costa e Lobo (1999), Manadas, Pina e Veiga (2002) e complementa dizendo que difusão é um processo de transferência de matéria que resulta no movimento aleatório de moléculas. Assim, difusão pode ser definida como um processo de transferência de matéria de um local de alta concentração para um de baixa concentração, ocasionando movimento aleatório de moléculas. Complementando, o primeiro a se preocupar em quantificar o processo de difusão e descrevê-lo a partir de uma equação matemática baseado no fenômeno de transferência de calor proposta por Fourier, foi Aldof Fick, em 1855. 28 Já o processo de erosão é praticamente a conversão de um material insolúvel em água em um material solúvel [AZEVEDO, 2002]. Cabral (2004) descreve que o fármaco pode estar ligado ao polímero covalentemente e ser liberado por cisão, devido a ação da água ou de enzimas. Para Pezzini, Silva e Ferraz (2007), o processo de liberação vai depender da matriz polimérica que será utilizada. Por exemplo, em seu artigo eles descrevem que para sistemas matriciais ocorre intumescimento do polímero, difusão e erosão da matriz; no caso de matrizes hidrofóbicas (ceras, polímeros insolúveis em água), o fármaco é liberado essencialmente por difusão e, para matrizes hidrofílicas, a liberação ocorre pelo mesmo método dos sistemas matriciais (intumescimento, difusão e erosão). Atualmente, existem diversas pesquisas voltadas à liberação controlada de fármacos, como já foi mostrando acima, em diferentes vias de administração e, principalmente, envolvendo partículas em escala nanométrica. A seguir serão apresentados trabalhos desenvolvidos analisando a liberação controlada de fármaco. 1.2.3. ESTUDOS SOBRE LIBERAÇÃO CONTROLADA DE FÁRMACOS Devido aos diversos estudos sobre liberação controlada de fármaco, verificou-se a necessidade de utilizar modelos matemáticos que representem as curvas de liberação, os quais estão descritos no Capítulo 1.3.2. Para a construção destes modelos, os artigos comentam sobre a modelagem matemática, ou seja, ferramenta utilizada para descrever as características das curvas. Existem diversos trabalhos relacionados com modelagem matemática e a liberação de fármaco. Um dos principais autores nesta área é o farmacêutico J. Siepman, que trabalha com análise e construção de modelos matemáticos - utilizando as simulações de Monte Carlo - que representam a liberação para as diversas formas farmacêuticas. Por exemplo, Siepmann e Peppas (2001) estudaram a liberação de fármacos a partir de matrizes de hidroxipropil metilcelulose (HPMC), utilizando modelos empíricos (Higuchi, 1961; Peppas, 1985) e semi-empíricos (Peppas e Sahlin, 1989). Neste trabalho, eles concluíram que os modelos descreveram a liberação, mas 29 que a escolha do tipo de modelo é decisiva para uma melhor descrição das curvas. No mesmo ano, Siepmann e Göpferich (2001) analisaram o processo de difusão e erosão, e a erosão separadamente, além dos parâmetros importantes para que aconteçam os processos de degradação, tais como: pH, características físico-químicas e tamanho de partícula. O modelo empírico utilizado é o de Hopfenberg (1976), válido para esferas, cilindros e estruturas planas, que os autores descrevem como modelos matemáticos mecânicos por se basearem em processos físicos. Já para reações de transferência e reações químicas utilizam os modelos de Monte Carlo. Um ano mais tarde, desenvolveram um modelo matemático que quantifica a liberação para micropartículas baseado nas teorias de Monte Carlo [SIEPMANN, FAISANT e BENOIT, 2002]. Outros modelos relacionados com a liberação de fármaco são os modelos de primeira ordem chamados: Monoexponencial e Biexponencial. O nome propriamente já os define, Monoexponencial – equação apresentando uma exponencial – e o Biexponencial – que apresenta uma adição de duas exponenciais. Uma pesquisa que relaciona estes modelos matemáticos com liberação de fármaco, neste caso por processo de difusão, é dos pesquisadores Cruz e colaboradores (2006), no qual, tentaram estabelecer modelos de liberação para diferentes tipos de nanocarreadores (nanocápsulas, nanoesferas e nanoemulsões) através de seu comportamento durante o processo de difusão. As formulações foram preparadas com poli(ε-caprolactona) e a substância escolhida o éster etílico de indometacina. Neste caso, o modelo que melhor representou as curvas foi o monoexponencial e pôde também ser visto que a presença do polímero – nanocápsula e nanoesferas – prolonga a liberação do éster; e a presença do óleo, nas nanocápsulas, demonstra uma liberação sustentada do éster. Pode-se verificar que os autores aplicaram tais modelos e analisaram as curvas de liberação, não ocorrendo modelagem e sim parametrização. A grande maioria dos modelos e dos estudos baseia-se na Lei de Fick. A equação de Fick é uma expressão que estuda a transferência de uma substância em difusão através da relação entre área e o gradiente de concentração [VARGNAUD, 2003]. Um exemplo de trabalho é dos pesquisadores Arifin, Lee e Wang (2006), no qual, um dos modelos aplicados é o de Fick, tanto a primeira Lei, quanto a segunda Lei. 30 . (1) onde é a taxa de transferência por unidade de área, o coeficiente de difusão e variação de concentração de fármaco durante o tempo t. No qual, a (2) é a variação da concentração por tempo, o coeficiente de difusão e é a variação da concentração por pela área superficial. Note que a única diferença entre os dois modelos acima é que a primeira Lei de Fick analisa somente o processo de difusão; já a segunda Lei de Fick estuda a difusão em relação a área superficial de liberação. Da mesma forma que existem diversos trabalhos sobre a liberação controlada e sustentada de ativos utilizando da ferramenta de modelagem, a grande maioria dos artigos apresentam a liberação relacionada com a estatística. Teixeira, Alonso, Pinto et al. (2005), realizaram um trabalho de desenvolvimento e caracterização com o objetivo de analisar a liberação de fármaco a partir de nanocarreadores – nanocápsulas, nanoesferas e nanoemulsão - em compostos solúveis em água. Cada nanoestrutura continha Xentona (XAN) e 3-Metoxixentona (3MeOXAN). Eles verificaram que a liberação do 3-MeOXAN a partir das nanocápsulas foi semelhante com aquela a partir da nanoemulsão. Por outro lado, a liberação de XAN a partir das nanocápsulas, foi mais lenta que a partir das nanoemulsões. Além disto, foi verificado que a liberação de 3-MeOXAN a partir das nanocápsulas ocorreu por erosão, já que ocorreu uma divisão entre núcleo oleoso e meio externo e que as formulações mais estáveis foram as NC – XAN. Outro trabalho é o dos pesquisadores do grupo MaxPlanck, que desenvolveram e estudaram as propriedades das cápsulas de PEM – multicamadas de eletrólitos - juntamente com o processo de liberação controlada das mesmas [WHELAN, 2001]. Whelan (2001) descreveu que, para o estudo de liberação 31 foram desenvolvidas cápsulas com ibuprofeno – anti-inflamatório não esteróide – devido a sua baixa solubilidade em água. Os resultados mostraram que ocorreu difusão do fármaco e que a cápsula permaneceu intacta. Além disto, apresentou um rápido “efeito burst”, ou seja, uma fase inicial de liberação rápida de fármacos, normalmente atribuída ao fármaco não encapsulado. O autor comentou que os resultados obtidos, o rápido “efeito burst”, são devido aos carreadores. Em outro estudo, pesquisadores prepararam e caracterizaram a espironolactona carreada por nanocápsulas para uso pediátrico. Ela é um diurético com comportamento de esteróide apresentando baixa solubilidade e uma taxa de dissolução lenta. Os ensaios de liberação in vitro mostraram que liberação da espironolactona das nanocápsulas foi rápida e completa no fluído gástrico. Tal resultado demonstra que a nanoencapsulação da espironolactona aumenta sua biodisponibilidade e por consequência sua eficácia [BLOUZA, CHARCOSSET SFAR et al, 2006]. A modelagem utilizada na descrição dos perfis de liberação de fármaco não se encaixa nos padrões de modelagem descritos na matemática, física e computação. Já que não é criado um novo modelo - com exceção de um dos trabalhos citados [SIEPMANN, FAISANT, BENOIT, 2002] – e sim os modelos são sempre os mesmos, com algumas modificações de parâmetro, ou seja, parametrização. Pode-se notar também, que existem poucos trabalhos envolvendo nanoestruturas, já que o único trabalho em que é desenvolvido um modelo é para micropartículas e não nanopartículas. A grande maioria analisa a liberação relacionando fármacos livres com os nanoencapsulados e aplica os modelos para comprovar a sua eficiência. Para explicar tais afirmações, a seguir será apresentada uma nova seção correspondente a modelagem e modelos matemáticos. 1.3.MODELAGEM Modelagem é uma metodologia de desenvolvimento de modelos, sejam eles, matemáticos, computacionais, moleculares ou mesmo uma maquete, que represente – de forma simples – um problema ou a realidade. Booch et al. (2006) comenta que “A 32 modelagem é uma técnica de engenharia aprovada e bem-aceita”, isto é, uma técnica de construção de modelos. Ele ainda enfatiza que antes da construção de um avião, automóvel, dispositivo eletrônico, entre outros, seria inconcebível a distribuição dos mesmos sem antes adquirir seus modelos (modelos computacionais, protótipos, modelos físicos). Para Araujo (2003) a modelagem é utilizada no sentido de processo de representação, ou seja, um artifício de representação de objetos. Portando, modelagem é a construção de modelos, independente da área de atuação. Biembengut (2003) descreve que: “Na verdade o ser humano sempre recorreu aos modelos, tanto para comunicar-se com seus semelhantes como para preparar uma ação. Nesse sentido, a modelagem, arte de modelar, é um processo que emerge da própria razão e participa da nossa vida como forma de constituição e de expressão do conhecimento”. Dentre as várias áreas de pesquisa, existem algumas descrições diferenciadas de Modelagem: na computação, estuda-se a Modelagem, denominada Modelagem Computacional, que consiste em um método de análise de sistemas que busca especificar, a partir dos fatos, a perspectiva dos dados, permitindo organizá-los em estruturas bem definidas, estabelecendo regras de dependência entre eles, produzindo um modelo expresso por uma representação [POMPILHO, 2002]. Na matemática, uma das metodologias utilizadas é a Modelagem Matemática que é a arte de expressar, através de linguagem matemática, situações-problemas. Para áreas de desenvolvimento de medicamentos, como: química, medicina e farmácia têm-se o emprego da Modelagem Molecular, que é a aplicação de modelos teóricos para representar e manipular a estrutura de molécula, estudar reações químicas e estabelecer relações entre estrutura e propriedade da matéria [DOS SANTOS, 2001]. 33 1.3.1. MODELO Modelo é algo que representa o que se quer reproduzir, ou seja, simplificação da realidade. Para Dos Santos (2001), “[...] modelos tem por objetivo descrever aspectos específicos de certas propriedades do sistema”. Booch et al. (2006) escreve que o modelo fornece informações que podem ser de maneira detalhada ou gerais, mas que possa compreender o sistema considerado. Complementando, ele ainda cita que: “Construímos modelos para compreender melhor o sistema que estamos desenvolvendo”, ou seja, precisa-se do desenvolvimento de modelos para entender o que está acontecendo e solucionar questionamentos existentes. Já Bendera (1978) cita que um modelo é algo que transcreve características relevantes do problema em questão, por exemplo, mapas e coleção de plantas são modelos de uma pequena porção da Terra. A construção do modelo ocorre através da modelagem, isto é, modelagem é a ferramenta de desenvolvimento de modelos, seja ele, matemático, computacional ou molecular. Concordando com esta definição Booch et al (2006) mencionam em seu livro que com a modelagem alcança-se alguns objetivos como: visualizar o sistema, especificar a estrutura e o comportamento do sistema. Bendera (1978) descreve que não basta somente saber modelar, o modelador tem que seguir algumas regras para obter uma modelo: “Construção do modelo envolve a imaginação e habilidade. Dando regras para fazê-lo como lista de regras para ser um artista. Na melhor das hipóteses este fornece um quadro em torno dos quais a construção de competências e desenvolver a imaginação”. Desta forma na próxima seção, serão abordados os presentes questionamentos sobre modelos matemáticos: conceito, descrição e os modelos liberação já existentes na literatura. 34 1.3.2. MODELOS MATEMÁTICOS Um modelo matemático é definido como uma descrição de leis em uma linguagem matemática. Estas linguagens podem ser expressas na forma de gráficos, tabelas, equações e variar da mais simples expressão até o mais complexo sistema [ANTON, 2000]. Para Bassanezi (2004): “Modelo Matemático é um conjunto de símbolos e relações matemáticas que representam de alguma forma o objeto estudado”. Os modelos matemáticos são representados por equações do tipo (3) no qual, x e y são relacionados e obtidos de duas maneiras: indutivas e dedutivas. Dize- se que o modelo foi obtido de forma indutiva, quando a função foi baseada em dados experimentais existentes; já dedutivamente quando o modelo é produzido baseado em teorias geradas por pesquisadores [ANTON, 2000]. Araujo (2003) descreve que modelo matemático é uma forma de representação, que utiliza objetos matemáticos como modelo (funções, vetores, figuras geométricas). Para o desenvolvimento de uma teoria física, por exemplo, um físico analisa e seleciona as características do experimento – variáveis – e utiliza-as como ferramenta para representar um objeto físico. O objeto físico em questão não corresponde a um “objeto físico” propriamente dito e, sim, algo que pode ser observado em um determinado tempo e local. Filtrando os dados, o pesquisador cria um modelo físico – simplificação da realidade - que teoricamente obedece a leis da matemática, sendo elas leis ou equações - objetos matemáticos, que são modelos matemáticos [DAVIS e HERSH, 1995]. Na criação de um modelo matemático, tem-se que levar em conta seus fatores, assim, quanto mais fatores são computados maior a complexidade do modelo. Logo, existe a necessidade de encontrar um equilíbrio, no qual, o modelo seja simples e que possua todos os dados e fatores necessários para sua descrição. Caso contrário, a relação entre as variáveis podem ser afetadas. Davis e Hersh (1995) descrevem que: 35 “Muitas vezes o primeiro modelo matemático que se elabora é demasiado complicado para fornecer informação útil e, assim, introduzem-se certas simplificações, <<desprezando termos pequenos nas equações>>, obtendo um modelo matemático simplificado, que se espera (às vezes até pode demonstrar-se!) seja em certo sentido próximo do modelo matemático original”. Assim, um modelo matemático para ser bom, deve produzir resultados que sejam compatíveis com a realidade. Se em determinado momento o modelo não corresponder com o mundo real, ele deve ser trocado por outro que o faça. Por isso, ocorrem constantes substituições por novos modelos [ANTON, 2000]. Já Davis e Hersh (1995) comentam que para o modelo matemático seja compatível com o modelo físico (realidade), cada situação tem que ser estudada, com uma realidade distinta e analisando cada uma de suas propriedades. No entanto, os modelos matemáticos não estão presentes somente nos campos da matemática e física, mas em diversas outras áreas de pesquisa. Por exemplo, na metereologia, Beckett (1990), utiliza modelos matemáticos na forma de equações diferenciais e parciais, para a previsão de concentração de pólen na atmosfera. Anos antes, Staffanson (1971), já havia usado um modelo matemático para descrever um “Rocketsound” - uma espécie de foguete que é lançado à atmosfera para medições metereológicas. No campo biológico, o estudo de métodos matemáticos aplicados a saúde é conhecido como biomatemática. Schwartz (2006) utilizou do artifício da modelagem matemática como metodologia e aplicou técnicas para o desenvolvimento de um modelo para melhor avaliar o controle de doenças transmissíveis. Já Weidlich (2003), aplica a Modelagem Matemática para descrever processos econômicos em sistemas sociais. Os modelos em que menciona são do tipo: modelos de migração (relacionados à dinâmica populacional), modelos de formação de opinião política, (pertencentes à sociologia), modelos de concorrência (pertencente à área de economia) e modelos de liquidação e dinâmica urbana (pertencentes às ciências regionais). Somente neste artigo o autor citou quatro áreas de conhecimento, entre elas, a sociologia que é uma ciência não exata. 36 Em Nanotecnologia os Modelos Matemáticos também estão presentes. Baowan (2008) desenvolveu alguns modelos matemáticos para analisar algumas espécies de nanoestruturas, tais com: nanotubos, fulerenos, nanopeapods, nanoonions. Ele empregou a ferramenta de Modelagem Matemática, em especial a modelagem continuum, como técnica para diminuir gastos, tempo e tentativas de erro. Em outro estudo, Siepmann et al. (2002) desenvolveram um novo Modelo Matemático para descrever todas as fases de liberação a partir biodegradação de micropartículas utilizando a simulação de Monte Carlo para comprovar seu modelo. Na área farmacêutica, a Modelagem Matemática é utilizada para ajustes de curva, ou seja, encontrar uma melhor curva que represente a liberação de um fármaco ou sua permeação cutânea. Pohlmann (2008) utilizou a modelagem para descrever o comportamento de seus dados experimentais e Cruz (2008) usa o mesmo método para analisar os perfis de liberação de fármaco a partir de diferentes nanoestruturas. Ainda nesta área, existem vários modelos matemáticos que representam diferentes tipos de curva para diferentes tipos de formas farmacêuticas, que serão apresentados na próxima seção. 1.3.3. MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS NA ÁREA FARMACÊUTICA Existe uma infinidade de Modelos Matemáticos que representam dissolução e/ou liberação de fármacos em diversos aspectos e com diferentes características. Alguns dos modelos mais conhecidos são descritos na Tabela 1. Para a construção e análise dos dados alguns autores (CMC, 1995; Shah e Polli, 1996; Ju e Liaw, 1997; Polli et al., 1997; Fassihi e Pillay,1998), classificam métodos por algumas categorias: • Métodos Estatísticos: avaliam a diferença entre as médias de dois conjuntos de doados de liberação de fármacos em um único momento, no caso do método ANOVA e t-student e para múltiplos pontos de tempo o método MANOVA; 37 • Método de Modelo Independente: são conhecidos como teste de razão e de procedimento pares. O teste de razão por ser dividido em mais três outros estudos – parâmetros de ensaios de liberação x teste de liberação do produto; razão de dissolução por cento; relação de tempo médio de dissolução. O autor ainda complementa que para o procedimento de pares é necessário incluir uma fator de diferença e semelhança de Moore e Flanner (1996), além do índice de Rescigno (RESCIGNO, 1992); • Método de Modelo Dependente: método baseado em modelos quadráticos, lógicos e o modelo de Gompertz. Em contraposição, O´ Hara, Dunne, Butler et al (1998) descrevem que existem três tipo de modelos de perfis de liberação: (i) método de análise exploratória de dados (gráficos, tabelas), (ii) método matemático e método estatístico e (iii) modelagem. Dentre os métodos anteriores, os modelos matemáticos que descrevem são os de Moore e Flanner (1996) e Rescigno (1992), ambos aprovados pelo FDA. Já Poletto (2006) descreve que: “Métodos de Modelagem Matemática avaliam a aproximação de pontos experimentais a um modelo descrito pela comparação estatística de parâmetros calculados”. Ela ainda complementa descrevendo que os modelos existentes já estão bem estabelecidos, em relação a sistemas macroscópicos e microscópicos. No mesmo trabalho, Poletto (2006) divide os modelos matemáticos em três métodos: (i) métodos ab initio (método que analisa o comportamento da liberação de um sistema por considerações fundamentais, normalmente segue os princípios da difusão de Fick), (ii) técnicas de simulação numérica (técnica que divide a partícula em várias camadas concêntricas assumindo que a difusão ocorre de camada em camada) e (iii) correlações empíricas (método empírico que observa a liberação de forma experimental). Perceba que a afirmação feita por Poletto (2006) mostra que os modelos existentes podem não se encaixar para sistemas nanoestruturados, já que os sistemas em que ele representa melhor as curvas são os macroscópicos e microscópicos. Tal afirmação enfatiza a necessidade de se ter um modelo que representa a liberação na escala nanométrica. 38 Além de modelos aplicados à liberação de fármacos na forma de administração oral existem alguns estudos sobre modelos aplicados à liberação transdérmica. Um exemplo é o artigo de Kalia e Guy (2001). Neste estudo, os autores analisam alguns parâmetros importantes para a liberação através da pele. O primeiro modelo desenvolvido, pelos autores, compara a razão da quantidade de fármaco liberado por tempo, com a quantidade total de fármaco nas formas ativas. No caso desta razão ser igual a 1, o sistema é chamado de controlado, ou seja, ocorre uma liberação controlada: (4) em que é a taxa fracional de controle do dispositivo, !"#$" valor de fármaco liberado durante um período de tempo, em um sistema sozinho, e !%&' quando o fármaco entra em contado com o a pele. Já se a razão for menor que 1, o sistema é controlado, mas com interferência da pele: ( )1 + 1 1 (5) o que significa o controle da taxa fracional pela pele. Neste artigo, os autores também comentam sobre a equação de Higuchi e algumas alterações nesta equação – comparando seu modelo com a equação de Paul e McSpadden, juntamente com outros modelos em escala macrométrica (esferas, comprimidos) relacionando a interferência da pela no processo de liberação: , -. / 39 1 .01- 0 (6) onde é a fração de massa absorvida durante o tempo t, D é o coeficiente de difusão, R é a razão entre 23 (solubilidade do fármaco em um veículo) e 24 (concentração original do fármaco em um veículo) e L a espessura do veículo. Em outro estudo, Lyra, Soares-Sobrinho, Brasileiro et al. (2007) descrevem a existência de três equações matemáticas principais para descreverem a liberação de fármaco. Estas equações são conhecidas como: Lei de Fick, monoexponencial e biexponencial. Além disso, enfatiza que um dos modelos de bastante eficácia foi desenvolvido por Siepmann et al. (2001). O que justifica, pois o autor tem vários modelos publicados, com objetivo de determinar a taxa de liberação considerando tamanho de partícula e da forma das matrizes hidrofílicas, não encontrados em outros modelos [SIEPMANN e GÖPFERICH, 2001; SIEPMANN e PEPPAS, 2001; SIEPMANN, FAISANT e BENOIT, 2002]. 5 onde 5 (∆ " (7) é a velocidade do fármaco ao atravessar a membrana, D o coeficiente de difusão, S a superfície de contando entre a membrana e a solução, ∆2 é a variação de concentração entre os dois lados da membrana e 7 é a espessura da membrana. ∞ 89 : Já o modelo monoexponencial, acima, pode ser descrito como a razão entre ! quantidade de fármaco em função do tempo e a !∞ quantidade total de fármaco; K a constante cinética de liberação em função do tempo e ; é o expoente para a cinética de liberação. 40 (8) ∞ Analogamente, ∞ 8< 9 = > 8< 9 -= é a razão entre a quantidade de fármaco pelo tempo t e a quantidade total de fármaco; 8< e 8- são constantes cinéticas de liberação e ? expoente da cinética de liberação. Concordando, Cruz (2005) também relata em seu estudo que os modelos matemáticos utilizados foram o de Monoexponencial e Biexponencial e que os modelos mais utilizados são o de Higuchi e Korsmeyer-Peppas (apresentados na Tabela 1). 41 (9) Tabela 1 - Representação dos Modelos de Liberação presentes na literatura Modelo Ordem Zero Cinética Primeira Ordem Cinética Weibull Higuchi HixsonCrowell Autor - NoyesWhitney Weibull (1951) Higuchi (1961) HixsonCrowell (1931) Equação Descrição Vantagens Limitações @ @4 > 84 9 Modelo linear de dissolução em que analisa formas farmacêuticas que não desintegram e liberam lentamente Considera que a área não se altera e apresenta condições de contorno Modelo analisa somente uma velocidade de liberação @ @4 7 1AB Modelo exponencial que analisa a liberação relacionando quantidade de fármaco liberado em relação ao tempo e em relação à concentração inicial À medida que o tempo passa a quantidade de fármaco liberado diminui Só estuda a liberação em relação com o que foi liberado por tempo Modelo empírico adaptado para processo de liberação e dissolução Pode ser aplicado a qualquer tipo de curva Não possui parâmetros relacionados à taxa de dissolução e nem propriedades cinéticas de dissolução do fármaco Modelo que representa a liberação do fármaco baseado na Lei de Fick Descreve vários tipos de dissolução modificando suas formas de dosagem Considera que o fármaco sempre é liberado através de difusão ?17 11 C D & < 8E 9 - < 1 F 1 8G 9 42 Considerando redução de superfície da partícula - Desconsidera a difusão na matriz polimérica Tabela 1 - Representação dos Modelos de Liberação presentes na literatura Modelo Korsmeye r-Peppas BakerLonsdale Autor Korsmeyer (1983) Peppas (1985) BakerLonsdale (1974) Hopfenberg Hopfenberg (1976) MakoidBanakar MakoidBanakar Equação ! I9 : > J !H K1 L1 F ! ! M N !H !H ! P4 9 1 O1 Q !H 24 I4 : Descrição Vantagens Limitações Modelo semiempírico que relaciona a exponencialmen te a liberação do fármaco com o tempo decorrido Utilizado para formas farmacêuticas no qual os mecanismos de liberação são desconhecidos; Analisa quando ocorre mais de um tipo de liberação As características atribuídas à variável n, algumas vezes, são contraditórias com o que foi descrito por Peppas. Descrever a liberação controlada de matrizes esféricas, matrizes não homogêneas e matrizes porosas A equação é utilizada para linearização dos dados de liberação Para cada tipo de matriz existe um modelo diferente A liberação é analisada considerando a erosão da superfície Parte do pressuposto que o limite da liberação é a erosão da matriz polimérica Diminuição de custo Nem sempre os dados da simulação serão semelhantes com o da formulação Modelo descreve liberação fármaco esferas cilindros infinitos que a do para e Modelo empírico desenvolvido para simular a dissolução antes da produção real da formulação ! R9 : 7 1S !H [COSTA, 2002]; [COSTA e LOBO, 2001]; [ LYRA, SOARES-SOBRINHO, BRASILEIRO et al., 2007)]; [SIEPMANN e GÖPFERICH, 2001]; [SIEPMANN e PEPPAS, 2001]. Em 2001, Siepmann e Peppas desenvolveram um estudo relacionando os modelos com o processo de liberação e nele descreveram que os modelos que descrevem perfeitamente a liberação por difusão são: Higuchi e Peppas. No mesmo ano, 43 Siepmann e Göpferich (2001) desenvolveram um modelo matemático (equação 10) através do auxílio da ferramenta de Monte Carlo – via gerador de números aleatórios – a linguagem de programação C++, juntamente com a equação de Hopfenberg (1976). Tal modelo foi complementado em 2008 por Siepmann e Siepmann (SIEPMANN e SIEPMANN, 2008) em que, U V < T T T > W T W > T V X Y indica a variação da concentração pelo tempo t, r é a representação das coordenadas radiais, D é o coeficiente de difusão, Z[ variação das coordenadas do eixo z e \ é o ângulo perpendicular ao plano r – z. No mesmo trabalho, os autores comentam que uma das vantagens de se conhecer os parâmetros que influenciam na liberação, e por consequência, parâmetros utilizados em seu modelo, além da escolha do modelo a ser explorado é a redução dos estudos laboratoriais. E com isso, diminuir custos para uma futura fabricação de uma nova formulação. Assim, existem diversos modelos matemáticos que representam as curvas de liberação, como já foi dito, mas nenhum modelo que represente as curvas em uma escala nanométrica. Todos os modelos utilizados, atualmente, são para macroestruturas e microestruturas aplicados para nanoestruturas, isto é, pesquisadores utilizam equações (Tabela 1) para suas formulações em escala nanométrica. Isto pode acarretar em uma análise incompleta ou pouco descritiva dos dados. Portanto, ocorre a necessidade de uma construção de um modelo em escala nanométrica que descreva corretamente as curvas de liberação, com os parâmetros realmente importantes para o mesmo. Já que de todos os modelos apresentados, alguns não apresentam tamanho de partícula, solubilidade, taxa de associação fármaco-óleo ou fármaco-polímero entre outros parâmetros físico-químicos. 44 (10) Dentre os modelos, o que apresenta ser o mais completo é o de Siepmann e Göpferich (2001), que apresenta tamanho de partícula, variação da dissolução e, além disso, avalia a liberação de forma aleatória (Monte Carlo) utilizando uma programação em linguagem específica. 45 2. METODOLOGIA A Metodologia deste trabalho foi dividida em duas partes: prática (assistida) e teórica (Modelagem Matemática). Na prática será descrita a análise do tamanho de partícula através do processo de liberação, que foi refeito de Barrios (2010). Já na parte teórica, é feita a descrição da Modelagem Matemática utilizada para a construção do modelo matemático para as nanoestruturas. 2.1. PREPARAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS E ANÁLISE DO TAMANHO DE PARTÍCULA O método utilizado para obtenção das suspensões coloidais de nanocápsulas de adapaleno foi o método de deposição interfacial do polímero pré-formado, desenvolvido e caracterizado por Barrios (2010). Foram desenvolvidas nanocápsulas contendo triglicerídeos de ácido cáprico e caprílico ou óleo de melaleuca como núcleo oleoso. A composição quantitativa pode ser visualizada na tabela abaixo. 46 Tabela 2 – Componentes utilizados na preparação das suspensões contendo Nanocápsulas de adapaleno. Constituintes* NC-BR- NC-AD- NC-BR- NC-AD- Miglyol® Miglyol® Melaleuca Melaleuca - 0,03g - 0,03g 1,0g 1,0g 1,0g 1,0g 0,766g 0,766g 0,766g 0,766g 3,102g 3,102g - - - - 3,102g 3,102g 267mL 267mL 267mL 267mL Polissorbato 80 0,766g 0,766g 0,766g 0,766g Água destilada 533mL 533mL 533mL 533mL Fase Orgânica Adapaleno Poli(ε-caprolactona) (PCL) Monoestearato de sorbitano Miglyol® 810 Óleo de Melaleuca Acetona Fase Aquosa * Volume final de 100mL; NC-BR-Miglyol®: Nanocápsulas brancas contendo o triglicerídeo Miglyol®; NC-AD-Miglyol®: Nanocápsulas contendo o fármaco adapaleno e o triglicerídeo Miglyol®; NC-BR-Melaleuca: Nanocápsulas brancas contendo o óleo de Melaleuca; NC-AD-Melaleuca: Nanocápsulas contendo o fármaco adapaleno e o óleo de Melaleuca. Para realização do experimento de liberação foram utilizadas membranas de acetato de celulose com poros de 0,45 µm (Millipore®). As membranas foram previamente hidratadas com água destilada durante 24 horas. Cada membrana foi colocada em contato com uma solução receptora constituída por tampão fosfato pH 6,4. Este meio foi mantido em banho-maria a 37 °C, circulando água pelo compartimento inferior, sendo este, constantemente agitado com uma barra magnética. Durante todo o experimento, foi garantida condição “sink”. A condição “sink” é uma condição necessária para que o ativo não sature o meio de dissolução e não interrompa o processo de difusão. Basicamente, devido a metodologias, a condição utilizada é de 10% da saturação máxima do ativo na solução receptora. As suspensões foram colocadas na parte superior da membrana e em intervalos pré determinados de 1 em 1 h foram coletados (3 ml de solução receptora). Este procedimento foi realizado por um período 47 de 10 h. A cada retirada da solução receptora, 3 ml da mesma solução foram recolocados no compartimento receptor. A alíquota coletada foi avaliada em relação ao diâmetro médio de partículas e índice de polidispersão, analisada através de espectroscopia de correlação de fótons no equipamento - Zetasizer®, Nano-ZS da Malvern. 2.2. MODELAGEM MATEMÁTICA A modelagem matemática é a arte de expressar através de linguagem matemática situações-problemas. Ela é mais antiga que a própria matemática e surgiu das aplicações dos povos antigo no seu cotidiano. Seu conceito moderno apareceu durante o Renascimento, quando foram construídas as primeiras ideias de Física apresentadas na forma de linguagem e tratamento matemático. Atualmente a Modelagem Matemática constitui um novo ramo da matemática que é designada a transcrever situações reais para uma linguagem matemática, de tal forma que, por meio dela ocorra uma melhor compreensão, prever, simular, mudar determinados acontecimentos, estratégias e antecipação de ações em diversas áreas do conhecimento. Bendera (1978) conceitua modelagem matemática: “O estudo teórico e científico de centros de situação em torno de um modelo, ou seja, algo que imita características relevantes da situação a ser estudada. Por exemplo, um mapa rodoviário, um mapa geológico, e uma coleção de plantas são todos os modelos que imitam os diferentes aspectos de uma porção da superfície da Terra”. Biembengut (2003) cita uma passagem em seu livro sobre a necessidade do ser humano na utilização da modelagem matemática: 48 “Na verdade o ser humano sempre recorreu aos modelos, tanto para comunicar-se com seus semelhantes como para preparar uma ação. Nesse sentido, a modelagem, arte de modelar, é um processo que emerge da própria razão e participa da nossa vida como forma de constituição e de expressão do conhecimento”. Completando este pensamento, Bassanezi (2004) descreve a matemática como ferramenta que induzir os usuários a pensar e refletir; desta forma, junto com a modelagem, teria função de extrair o essencial de cada situação-problema transformando-a para um contexto abstrato: “[..] a matemática pode ser vista como um instrumento intelectual capaz de sintetizar ideias concebidas em situações empíricas que estão quase sempre camufladas num emaranhamento de variáveis de menor importância”. Continuando suas descrições, Bassanezi (2004) define modelagem matemática como: “A modelagem matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real.” A modelagem matemática nada mais é que um processo de obtenção de um modelo matemático, uma transcrição da linguagem natural para uma linguagem matemática. Para Bassanezi (2004), “Modelo Matemático é um conjunto de símbolos e relações matemáticas que representam de alguma forma o objeto estudado.” Mas, para elaborar essa modelagem ou formulação não basta ter somente conhecimento matemático, o modelador deve ter uma dose de intuição, criatividade, saber qual o melhor conceito que vai se adaptar e senso lúdico para “brincar” com variáveis. Quanto maior forem os conhecimentos do modelar maior as chances de resolver certas questões que exijam uma matemática mais complexa. 49 Bendera (1978) concorda com o que foi dito anteriormente: “Construção do modelo envolve a imaginação e habilidade. Dando regras para fazê-lo como lista de regras para ser um artista. Na melhor das hipóteses este fornece um quadro em torno dos quais a construção de competências e desenvolver a imaginação. Pode ser impossível ensinar imaginação”. Para Bendera (1978), existem quatro procedimentos básicos para a formulação de Modelos Matemáticos: 1. Formulação do Problema - o modelador responde a seguinte questão: O que é que você deseja saber? Muitas vezes a natureza do modelo em que se deseja trabalhar depende do que se quer analisar; 2. Esboço do modelo: devem-se separar os universos (Endógenos e Exógenos) e inter relacionar as variáveis especificadas; 3. Em “O que é útil”: pensa-se na seguinte questão:” Você pode obter os dados necessários e em seguida utilizá-los em seu modelo?” Se a resposta for não, deve-se reformular os itens anterior e talvez até iniciar novamente. Nesta etapa é necessário se perguntar: “O modelo se adapta a situação? Sermos capazes de utilizá-lo?” 4. Teste do modelo: Nele será utilizado o modelo para fazer previsões que podem ser verificadas contra os dados ou senso comum. Não é muito aconselhado confiar no senso comum, pois ele pode estar errado. Já para Bassanezi (2004), existem cinco passos ou “atividades intelectuais” como ele descreve: 1. Experimentação: Nesta atividade se processa a obtenção de dados; 2. Abstração: Formulação dos Modelos Matemáticos; 3. Resolução: A resolução do Modelo é uma atividade própria do matemático; viabilizados através de métodos computacionais; 4. Validação: Processo de aceitação ou não do Modelo proposto; 50 5. Modificação: Verificação de fatores ligados ao Modelo proposto que podem provocar rejeição ou aceitação dos modelos. Os modelos matemáticos possuem grande importância por possuir uma linguagem precisa, que expressão as ideias de forma mais fácil e clara. Propicionam um enorme leque de resultado e teoremas que ajudam na aplicação de métodos computacionais para a resolução numéricas de problemas. Assim, Modelagem matemática é descrita como um processo de obtenção de modelos matemáticos que representem objetos ou eventos, com finalidade de prever acontecimentos antes que eles iniciem. Cabe lembrar que, os resultados da Modelagem – seja qual for o tipo de Modelagem - serão aproximações. Resumindo, “A modelagem matemática é, assim, uma arte, ao formular, resolver e elaborar expressões que valham não apenas para uma solução particular, mas que também sirvam, posteriormente, como suporte para outras aplicações e teorias” [BIEMBENGUT, 2003]. 2.3. DESCRIÇÃO DA MODELAGEM MATEMÁTICA Para o processo de formulação do modelo matemático é necessário seguir alguns procedimentos. Tais procedimentos são baseados nas metodologias de Bendera (1978) e Bassanezi (2004). Primeiramente é necessário responder a seguinte questão: “O que desejas saber ou o que se objetiva?”. Neste caso, o objetivo é encontrar um modelo de liberação de fármaco que descreve as curvas liberação. Esta etapa pode ser descrita como a formulação do problema, ou seja, definir o que se trata o modelo. A segunda etapa é reservada para a coleta de dados. Os dados coletados devem ser teóricos e experimentais. O presente trabalho analisou inúmeros artigos relacionados a modelos matemáticos aplicados a liberação de fármaco, juntamente, com dados de concentração por tempo obtido por Barrios (2010). Além de juntar dados, deve-se 51 relacioná-los com suas variáveis específicas (tamanho de partícula, concentração, tempo, solubilidade, entre outros parâmetros físico-químicos). Assim, pode-se encontrar uma relação entre os dados coletados. Depois da coleta dos dados, inicia-se o processo de construção do modelo matemático. Nesta etapa é importante refinar os dados coletados para que não ocorra nenhuma reformulação do modelo ocasionando começar todo o processo de definição do modelo. Os dados que não forem utilizados devem ser descartados e é importante analisar se o modelo se adapta à situação problema da primeira etapa. A finalização do modelo se dá pela etapa de validação ou teste do modelo. Este processo é feito a partir da aplicação dos dados no modelo desenvolvido. A verificação deve ser feita para analisar se os fatores ligados ao modelo são eficazes e descrevem as curvas de liberação de fármaco. Caso o modelo descrito não represente as curvas desejadas, o processo deve ser reiniciado. 52 3.RESULTADOS As nanocápsulas brancas e contendo adapaleno foram preparadas e analisadas quanto ao seu diâmetro. Durante o experimento de liberação, as alíquotas também foram analisadas quanto a seu diâmetro e os resultados estão expressos na Tabela 2. 3.1 PREPARAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS E ANÁLISE DO TAMANHO DE PARTÍCULA Para análise de cada formulação, foram necessárias dez células de difusão do tipo Franz, duas com a formulação branca, quatro contendo nanocápsulas com o óleo de Melaleuca e quatro contendo o triglicerídeo de cadeia média (Miglyol). Como já foi descrito anteriormente, foi coletado 3 ml da solução e esta alíquota coletada foi analisado o tamanho de partícula (Tabela 2). A Tabela 2 descreve os diâmetros de partícula analisados para as formulações sem fármaco (com ambos os núcleos oleosos), com fármaco e óleo de Melaleuca e fármaco e Miglyol. Tabela 3 – Análise do tamanho de partícula Tempo*/ Células 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média Branco 20 21 162 164 147 164 170 169 174 177 178 182 172 180 267 160 276 391 297 281 304 329 477 324 22 174 220 156 156 185 159 191 168 167 193 177 Melaleuca 25 26 27 156 150 158 145 140 135 180 131 163 182 166 *Tempo em horas Tamanho de partícula em nanometros 53 190 180 162 165 161 165 169 176 184 198 177 158 160 164 159 160 164 322 191 196 316 201 28 169 171 164 159 163 164 171 257 173 175 173 Miglyol 36 40 179 165 154 163 169 171 198 201 236 284 196 164 344 159 213 172 164 169 331 208 406 220 41 167 154 163 165 165 166 247 170 172 197 176 Para verificar se os valores de diâmetros encontrados diferenciam-se entre si, foi realizada análise de variância, com α > 0,05. Este teste estatístico foi dividido em três etapas: (i) Análise Estatística para a formulação Branca, (ii) Análise Estatística para a formulação contendo o óleo de Melaleuca e (iii) Análise Estatística para a formulação contendo o triglicerídeo Miglyol. Na etapa (i) a análise estatística através de Anova (fator único) detectou a existência de uma variação de tamanho de partículas (p<0,05). Este resultado não é significativo para este estudo, já que as formulações Brancas não possuem fármaco em seu interior. Visto que uma célula não apresentou alteração e a outra apresentou alteração aleatória, sem tendência de aumento ou redução do tamanho, estes dados não interferiram nas conclusões do estudo. Na etapa seguinte (ii) as formulações contendo o óleo de melaleuca, o teste mostrou que não existe diferença significativa entre os tamanhos de partículas nas quatros células (p>0,05). Da mesma forma que para (iii) contendo o óleo Miglyol, no qual, foi contatado que não ocorreu variação (p>0,05). Visto que o parâmetro de área superficial, neste caso, não é um padrão significativo de variação para o modelo, foi necessário encontrar o que realmente influência durante o processo de liberação. Então, estudando as curvas de liberação encontradas por Barrios (2010), notou-se que como o trabalho foi feito com diferentes óleos: triglicerídeos de ácido cáprico e caprílico e óleo de melaleuca. Assim, devido à autora encontrar três diferentes perfis de liberação (Figura 7) – três curvas com inclinação diferenciada – refletiu-se que o que realmente é relevante para liberação é a solubilidade do fármaco no óleo, o que deve refletir a concentração de fármaco dentro da nanocápsula. 54 Figura 7 - Gráfico de Liberação do Adapaleno1 3.2 SOLUBILIDADE Segundo Barrios (2010) somente pela visualização do gráfico dos perfis de liberação das três formulações é nítida a diferença de concentração liberado por tempo. Além disso, a autora descreveu algumas considerações interessantes: • O adapaleno se mostrou mais solúvel em óleo de Melaleuca do que em óleo Miglyol (aproximadamente 4 vezes mais solúvel); • A formulação Nanocápsula-Adapaleno-Miglyol apresentou uma concentração maior do fármaco na parede do polímero, enquanto a formulação NanocápsulaAdapaleno- Melaleuca a maioria do fármaco estava dissolvido no núcleo oleoso (7% na parede polimérica e 93% dissolvida no núcleo oleoso); • A incorporação do fármaco na forma nanoencapsulada modificou os parâmetros de liberação com relação ao fluxo e concentração total de adapaleno; • A suspensão Nanocápsula-Adapaleno-Melaleuca apresentou concentração e fluxo de liberação menor, comprovando uma liberação controlada do ativo. 1 Os dados base para a construção destas curvas serão apresentados no Anexo I 55 Através destas considerações, pode chegar à seguinte afirmação: “Quanto mais solúvel o fármaco no óleo, mais controlado será o processo de liberação”. Logo, o que realmente modifica as curvas de liberação é a solubilidade do fármaco no óleo. Solubilidade expressa o quão solúvel é ativo em um determinado solvente a uma dada temperatura e ela é um dos fatores que favorecem a velocidade de dissolução. Um dos fatores que podem alterar a solubilidade é o tamanho de partícula (quanto menor for o tamanho das partículas, mais elas se dissolvem com facilidade e, assim, ajudando na velocidade de dissolução) [BARCELLOS, N. M. S. Farmacocinética. Disponível em http://www.farmacia.ufmg.br/cespmed /text7.htm, 2010]. Barcellos (2010) comenta que o tamanho reduzido das partículas pode interferir no movimento aleatório das partículas e esta interferência pode acarretar na hidrofobia e diminuição da velocidade de dissolução. Mas, o que se nota no trabalho de Barrios é que por mais que o tamanho das partículas seja em escala nanométrica as velocidades de liberação foram delimitadas pelas solubilidades nos diferentes óleos. Em outro estudo, de Oliveira, Scarpa, Correa et al. (2004), relatam que a diferença espectral entre absorção e volume da fase interna da microemulsões estudadas por ele reflete no aumento da solubilidade, mostrando uma dependência da solubilidade ao volume interno do sistema. Em consequência, esta dependência interfere diretamente na liberação in vitro do ativo. Isto significa que quanto maior o volume interno do sistema mais partículas estão dissolvidas no óleo, resultando em uma liberação mais controla e prolongada. Complementando, Formariz, Urban, Silva-Junior et al. (2005) comentam que o aumento da solubilidade está relacionado com a partição favorável do fármaco disperso no óleo, adquirindo característica de sistema reservatório e assim apresentando uma liberação controlada. No mesmo estudo, os autores comentam que o aumento da solubilidade em sistemas menores (micrometros) proporciona característica de sistema reservatório, adquire uma atividade terapêutica mais intensa com tempo prolongado. Estes resultados já haviam sido observados por Lemos- Sena, Wouessidjewe, Lesieur et al. (1998b) ao estudarem as nanoprecipitações de ciclodextrina contendo nanoesferas de progesterona. O grupo observou que a liberação do fármaco ocorria de forma rápida, caracterizada pela incorporação do fármaco nas extremidades do polímero 56 e que a liberação dependia da solubilidade do fármaco. Isto mostra que na década de noventa já existiam artigos relacionando a liberação com a solubilidade do ativo. Alguns anos mais tarde, Zhu (2002) observou que as propriedades de dissolução do polímero afetam consideravelmente na liberação dos fármacos e que esta liberação pode ser acelerada ou retardada; as velocidades de liberação dependem da permeabilidade e da solubilidade. Estudos recentes também comprovam a relação entre liberação e solubilidade. Bonamici (2009) descreve que a solubilidade é um fator determinante para a liberação do ativo e também para a absorção do mesmo. Outros autores descrevem qual fator influencia determinantemente na solubilidade. Grillo, Melo, Fraceto et al. (2008) descrevem que alguns efeitos que ocorrem sobre as moléculas complexadas tais com: acelerar e retardar a absorção e estabilidade do fármaco, são efeitos dependentes da solubilidade do complexo formado. No mesmo ano, Karalis, Macheras, Peer et al. (2008) descrevem um dos fatores que aumentam consideravelmente a solubilidade do fármaco: aumento da área superficial e por consequência diminuição do tamanho das partículas. Este trabalho mostra todos os parâmetros que influenciam na solubilidade como: pH, tamanho de partícula, estrutura do polímero (amorfa ou cristalina), modificações na forma química entre outras; a que realmente influência na solubilidade é o tamanho da partícula. Assim, os sistemas de liberação de fármaco relacionado às nanocápsulas estão diretamente relacionados à solubilidade do fármaco no óleo e esta solubilidade está ligada ao tamanho das partículas incorporadas. Dependendo do tipo de óleo incorporado no polímero a curva será diferente, podendo obter sistemas mais controlado do que outros. Finalizando, para identificar qual sistema possui uma curva de liberação mais lenta que a outro sistema, depende-se da solubilidade do fármaco no óleo, já que quanto mais fármaco estiver incorporado no óleo mais controlado e prolongado será a sua liberação. Para comprovar a incorporação do fármaco nas nanocápsulas é necessário analisar a taxa de associação do fármaco às nanopartículas. A taxa de associação pode ser determinada através de duas técnicas: ultracentrifugação (a concentração de fármaco 57 livre presente nas suspensões é determinada no sobrenadante, após o processo de centrifugação) e ultrafiltração-centrifugação (utiliza uma membrana para separar parte da fase aquosa da suspensão coloidal) [SCHAFFAZICK, GUTERRES, FREITAS et al., 2003]. Assim, em ambas as técnicas para determinar a taxa de associação basta subtrair a concentração total de fármaco da concentração livre que foi determinada pela fração que não ficou associada às nanoestruturas. Então com este outro dado importante, tendese a comprovar o encapsulamento dos ativos dentro das nanocápsulas. Tendo em vista, que existem dois parâmetros primordiais para os sistemas de liberação contendo nanocápsulas - solubilidade e taxa de associação - ambos são fatores importantes para incluir no novo modelo matemática construído, além do tamanho de partícula, que esta relacionado à solubilidade. 3.3 DEFINIÇÃO DO MODELO Para compreender o que foi feito na descrição do modelo é necessário estudar os trabalhos [COSTA e LOBO, 2001; COSTA, 2001; BARZEGAR-JALALI, ADIBKIA, VALIZADEH et al, 2008] nos quais, a definição da equação foi baseada. Um dos primeiros modelos matemáticos estudados foi proposto primeiramente por Gibaldi e Feldman (1967) e mais tarde por Wagner (1969). Este modelo matemático tinha a capacidade de descrever absorção ou eliminação de alguns fármacos. Mais tarde, estabeleceu-se uma equação que descrevia o fenômeno de dissolução de uma partícula sólida em meio líquido relacionando o fenômeno de dissolução com ações de superfície. Este modelo ficou conhecido como Equação de Noyes-Whitney. Esta equação pode ser descrita como: “A variação da concentração pelo tempo é igual a uma constante multiplicada pela diferença entre solubilidade e concentração” ou matematicamente: 823 2 58 (11) onde, é a variação de concentração pelo tempo t, K é a constante de primeira ordem e 23 é a solubilidade em equilíbrio com a temperatura e 2 concentração de fármaco por tempo. Alguns anos depois, Brunner et al. incorporaram uma constante de relacionada à área superficial em dissolução, tornando a expressão acima da seguinte forma: 8< . ]23 2 (12) onde, 8< representa uma nova constante de proporcionalidade. Logo após esta definição, Hixson e Crowell adaptaram a equação de NoyesWhitney relacionando a constante K com a primeira Lei de Fick. Esta relação é descrita por: 8< ^_ (13) no qual, D representa o coeficiente médio de difusão; V o volume de líquido dissolvido e h a largura da camada em difusão. Assim, estabeleceram a seguinte equação: ` 8. ]23 2 onde, W é o valor de soluto em solução por tempo; em dissolução pelo tempo e K constante. 59 ` , é a taxa de passagem de soluto (14) A equação acima pode ser obtida partindo da equação inicial de Noyes-Whitney (equação 12) multiplicando ambos os termos pelo volume (V) e igualando o valor da constante K a 8< . ^. Logo: 8< ]23 2 Multiplicado ambos os termos por V, tem-se: ^. ^. Substituindo 8< por gh ^a8< ]23 2b c2 8< ]^23 ^2 c9 , obtém: ^. c2 ]^23 ^2 c9 ^_ Multiplicando a equação anterior por V, tem-se: ^. O^. c2 Q ^ O ]^23 ^2Q c9 ^_ ^. O^. c2 Q ]^23 ^2 c9 _ 60 (15) Substituindo ^. por ` , ci ]^23 ^2 ^_ c9 Substituindo gh por 8< , ^2 por i e 8< ] por 8, ci 8< ]^23 i c9 8^23 i 8^23 8i Então, ci > 8i 8^23 c9 Multiplicando ambos os lados da igualdade por 7 S , tem 7 S . Como como segue: i7 S 7 S ci > 7 S . 8i 7 S . 8^23 c9 j > 7 S Pi , pode-se escrever a igualdade anterior c i7 S 8^23 7 S c9 61 Integrando em relação à variável t, tem: i7 S 8^23 k 7 S i7 S 8^23 . . 7 S > 24 < A i9 ^23 > 24 . 7 1S onde 24 é uma constante. A equação 16 é a solução da equação 14, apresentada anteriormente, e pode-se dizer que está de forma geral. Para descrever um modelo que represente as curvas de liberação, precisa-se substituir, no lugar das constantes da equação 14, parâmetros que são relevantes para o processo de liberação de fármaco. Como já foi dito na seção 3.2, a solubilidade é um destes parâmetros importantes, pois ela é responsável por controlar o processo de liberação, ou seja, responsável por transformar o processo de liberação em controlado e prolongado. Outra variável significante é a taxa de associação, que é uma análise necessária para comprovar se ocorreu incorporação do fármaco ao veículo. Não se podem esquecer os dados de concentração, tempo e velocidade que são as informações adquiridas durante o experimento de liberação. Cabe lembrar que a condição de sink (condição necessária para que ocorra o processo de difusão) está sendo respeitada e pode ser vista na figura 8. 62 (16) Figura 8 - Condição de sink Assim, baseado na resolução da equação anterior, pode-se definir o modelo matemático de liberação da seguinte forma: ci > 8i 8^23 c9 No lugar das constantes W, 23 e V subistituir-se-a pelos parâmetros importantes para a descrição da curvas: concentração (C), velocidade (k), solubilidade (S) e taxa de associação (l& . Desta forma, tem-se: c2 > 2P]l& 9 2P]l& c9 onde é a variação da concentração pelo tempo t, C é a concentração máxima de fármaco, k é a velocidade, S é a solubilidade do fármaco no óleo, l& é o parâmetro de taxa de associação . 63 Multiplicando pela função exponencial em ambos os membros da igualdade anterior, tem-se 7 S(C c2 > 2P]l& 9. 7 S(C 2P]l& . 7 S(C c9 c 2. 7S(C P]l& . 7 S(C c9 Integrando, em relação a t 2. 7S(C P]l& k 7 S(C c9 m 2. 7S(C P]l& . 1 . 7 S(C > 24 m P]l& 2. 7S(C 7 S(C > 24 m 2 1 > 24 . 7 1S(C m 29 1 > 24 . 7 1S(C (17) Se considerar que no tempo 9 0 a concentração de ativo liberado é nula, isto é, 20 0, tem-se: 0 1 > 24 m 24 1 Portanto, o modelo matemático de liberação de fármaco encontrado foi: 29 1 7 1S(C 64 (18) No qual, 29 indica uma função de concentração dependente do tempo, P velocidade de liberação, ] a solubilidade do fármaco no óleo, l& o valor de taxa de associação e 9 tempo de duração da liberação. Cabe lembrar que as variáveis ] 7 l& são constantes e a variável P depende do tempo. O modelo acima proposto, assim como qualquer outro modelo, possui suas vantagens e limitações. Algumas vantagens: • Modelo descreve o processo de liberação por difusão; • O primeiro modelo que possui uma variável de solubilidade do fármaco no óleo. Fator importante como foi visto anteriormente; • Representa uma função exponencial de simples aplicação em diversos softwares, tanto matemáticos quanto farmacêuticos. Como será apresentado na próxima seção. Devido à grande complexibilidade do processo de liberação de fármaco de uma matriz polimérica, este modelo é aplicado somente para nanocápsulas. Já que a grande descoberta foi que a o núcleo oleoso é de grande importância para auxiliar na liberação. Isto ocorre devido ao fármaco que está dissolvido no óleo ter que passar por duas barreiras: o óleo e a parede polimérica; dificultando a passagem do ativo até o seu exterior. Outra consideração importante, este modelo pode ser utilizado para qualquer estrutura de nanocápsula com diferentes polímeros e fármaco. O único cuidado que se deve tomar é que alguns polímeros sofrem o processo de perda de massa durante a liberação, ocasionando na diminuição do tamanho de partícula. Tal modelo apresentado não pode ser aplicado neste caso, já que é somente indicado para o processo de liberação por difusão. Depois destas considerações e definido o modelo matemático a partir dos dados obtidos, deve-se passar para a última parte da metodologia, a validação do modelo. 65 3.4 VALIDAÇÃO DO MODELO A validação do modelo ocorreu através do uso do software MicroMath Scientist 2.01, pois é um software robusto utilizado para a simulação de curvas de liberação de fármaco. O modelo encontrado foi aplicado aos dados Barrios (2010), Contri (2010) presentes respectivamente nos Anexos II, III e IV. Tais resultados foram verificados através de gráficos e dados estatísticos para comprovar a sua eficácia, dados estatísticos estes fornecidos pelo software. O modelo definido na seção 3.3 será representado pela sigla (skta), no qual, s indicará solubilidade, k a velocidade de liberação, t tempo e a o parâmetro de taxa de associação. Estas variáveis foram compiladas no programa, em que, o modelo descrito teve que ser compilado. Seguindo uma ordem temporal, aplicou-se inicialmente o modelo dados de Barrios (2010), Contri (2010) e pelo Grupo de estudos da UNIFRA. Nos dados de Barrios (2010), os gráficos e a estatística foram baseados nos dados de liberação (concentração por tempo), das nanocápsulas de adapaleno para dois tipos diferentes de núcleo oleoso (óleo de Melaleuca e triglicerídeo de cadeia média Miglyol), além dos estudos de solubilidade e taxa de associação desenvolvida pelo autor (0,36 mg/mL para Miglyol e 1,59 mg/mL para o óleo de Melaleuca). Os gráficos podem ser visualizados na Figura 9. 66 Figura 9 - Gráfico do modelo Pires aplicado aos dados de Barrios (2010) Através dos gráficos acima, pode-se constatar que o modelo Pires descreve as curvas de liberação de fármaco, neste caso, para diferentes tipos de óleos. A análise estatística apresentada pelo software descreveu os valores de k B (velocidade de liberação) e tempo de meia vida 9 para o óleo de melaleuca como: • • P 0,1047 1r_; B 9 6.620 _. Já para o triglicerídeo de cadeia média (Miglyol) os valores calculados foram: • • P 0,5016 1r_ ; B 9 1,38 _. Estes dados comprovam o que o autor já havia descrito em sua dissertação; que o fármaco obteve uma liberação mais rápida no óleo de Miglyol que no de Melaleuca, além de, ter uma meia vida inferior. 67 Além de comprovar que o modelo se adequou aos dados, precisa-se comprovar estatisticamente através de dois parâmetros: MSC (critério de seleção do modelo fornecido pelo software) e coeficiente de determinação. No caso para as formulações com óleo de Melaleuca os parâmetros foram: • • !]2 3,50; y - 0,9948. Já para as formulações contendo triglicerídeo de cadeia médica (Miglyol) apresentaram: • • !]2 2,62; y - 0,9861. Através destes dados, pode-se comprovar que o modelo representou perfeitamente as curvas de liberação, no caso, para suspensões contendo diferentes núcleos óleos. Já que ambos os valores de coeficiente de determinação foram maiores 0,9, o que é exigido. O mesmo procedimento foi repetido para os dados de Contri (2010) - Figura 10 no qual analisou nanocápsulas com triglicerídeos de cadeia média como núcleo oleoso, mas com diferentes de fármacos: capsaicina e dihidrocapsaicina. 68 Figura 10 - Gráfico do modelo Pires aplicado aos dados de Contri (2010) Neste caso, a análise estatística apresentou os seguintes dados: Para capsaicina: • • • • P 0.1332 1r_ ; B 9 31.33 h ; !]2 6,73; y - 0,9995. Para solução dihidrocapsaicina: • • • • P 0.0189 1r_ ; B 9 186.65 h; !]2 5,51; y - 0,9984. Através dos dados estatísticos de velocidade de liberação, tempo de meia vida e interpretando os gráficos (figura 10), pode-se notar que a nanencapsulação deste fármaco ajudou a controlar o tempo de liberação. Este efeito é devido à parede polimérica e ao núcleo oleoso que se tornam barreiras difusionais para o fármaco. Tal 69 estudo é importe, pois estes fármacos são adquiridos na forma de mistura e possuem atividade anestésica local. Almejava-se, assim, uma liberação prolongada a fim de se aumentar o tempo de ação do medicamento (CONTRI, KAISER, POLETTO et al., 2010) Em outro estudo realizado pelo grupo de pesquisadora da UNIFRA, analisou-se nanocápsulas contendo o fármaco desonida pelo método de deposição interfacial do polímero pré-formado. Neste caso o polímero utilizado foi a Poli-ε-(caprolactona). No estudo realizado, compararam-se as curvas de liberação do fármaco livre e nanoencapsulado. Os dados foram aplicados no modelo desenvolvido e podem ser visualizados no gráfico representado pela figura 11. Figura 11 - Gráfico do modelo Pires aplicado aos dados da Desonida Os dados estatísticos apresentados foram: Para a Desonida nanoencapsulada: • P 0.4211 1r_ ; • 9 <r - 8.6259 _; • !]2 2,67; • y - 0,9934. 70 Através deste resultado, pode-se notar que a nanoencapsulação da Desonida diminui a sua velocidade de liberação e aumento o seu tempo de meia-vida. Assim, o modelo proposto neste trabalho representa perfeitamente as curvas de liberação, ou seja, é uma equação matemática que descreve os perfis de liberação de nanocápsulas com diferentes núcleos oleosos e fármacos. Além de representarem estas curvas, são modelos para uma escala nanométrica, isto é, equações que possuem parâmetros relevantes na escala nanométrica, diferentemente dos outros modelos apresentados. Cabe lembrar que este modelo somente é válido para perfis de liberação que ocorrem predominante por difusão, já que se ocorrer erosão ocorrerá modificação na sua estrutura externa, ocorrendo modificação no tamanho da nanoestrutura. Portanto, através da validação pelo artifício computacional, utilizando o software MicroMath Scientist 2.01, o modelo Pires é o primeiro modelo adequado para descrever a liberação de fármacos a partir de nanocápulas de maneira convincente sem perda de dados e de informações. A estatística apresentada pelo software confirmou que os dados das curvas estão de perfeito acordo com os dados experimentais. 71 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim, a partir dos estudos apresentados acima, chegam-se as seguintes conclusões: • O tamanho de partícula se mostrou constante, sem nenhuma alteração durante o processo de liberação. E com mecanismo de liberação por difusão, no caso de nanocápsulas preparadas com poli(ε-caproçactona); • Devido a inúmeros trabalhos já desenvolvidos e utilizando os modelos da forma exponencial, a estrutura do modelo teve que permanecer a mesma, já que as curvas de liberação são da forma exponencial. Além disso, foi necessária a inclusão de parâmetros significativos no processo de difusão; • Percebeu-se que o fator primordial para a descrição da curva é a solubilidade do fármaco no óleo; e que quanto maior a solubilidade do fármaco no óleo mais controlado será o processo de liberação; • Através das análises estatísticas o modelo proposto mostra ser adequado para descrição das curvas de liberação em escala nanométrica, em especial, para descrever o processo de liberação por difusão. • Sua única limitação é na aplicação em outras nanoestruturas que não sejam nanocápsulas, já que ele foi desenvolvido baseado em estudos de liberação de nanocápsula e que não ocorre alteração no volume da partícula durante a liberação. • Além disto, o modelo é uma inovação, já que é o primeiro a modelos de liberação de fármacos a partir nanocápsulas, podendo ser aplicado a diferentes suspensões com diferentes polímeros e fármaco, desde que obedeçam as suas limitações. 72 ANEXO I A função que representa e é encontrada em alguns princípios presentes em muitas situações do cotidiano e empregada em diversas áreas das ciências médicas e biológicas e no comportamento dos fenômenos naturais, físicos e econômicos é a função exponencial. A função exponencial que interessa ser estudada é aquela que tem como base o número e 7 2,71828 , letra que representa a inicial de exponencial ou a inicial do matemático suíço Leonard Euler, que foi o primeiro a estudar tais propriedades. O número e é irracional e, por isso, não se pode escrever exatamente o seu valor exato. Use-se esta base para cálculo devido a sua vantagem de facilitar e simplificar cálculos. Como 2 { 7 { 3 é natural que o gráfico da função exponencial fique entre os gráficos de 2 e 3 , como mostra a figura 12. Figura 12 - Gráfico demonstrativo da exponencial 73 Uma observação interessante é que entre as funções exponenciais o gráfico de 7 tem a propriedade do coeficiente angular m da reta que tangencia a curva é exatamente 1 quando ele cruza o eixo y, figura 13. Figura 13 - Gráfico da função exponencial com o coeficiente angular m Como se pode perceber na figura acima, a função exponencial possui características próprias, crescimento e decréscimo muito rápido, que depende de suas variáveis, além de relacionar os parâmetros em sua curva. Logo, a função exponencial é utilizada na representação de situações, no qual, a taxa de variação é muito grande. Por isso, ela é uma expressão muito utilizada em diversas áreas da ciência como: Geografia (crescimento e decréscimo populacional), Farmácia (taxa de crescimento ou morte de uma cultura de células), Economia (rendimentos financeiros caracterizados por juros compostos), Física (decaimento radioativo de substâncias químicas), Psicologia e Pedagogia (curva de aprendizagem), entre outros [AGUIAR, XAVIER e RODRIGUES, 1988]. 74 Através do gráfico também se observa alguns dados importantes sobre a função exponencial: • • • • A função 7 | 0 } ~ ; Se { 0, tem-se 0,1; Se 0, então 7 1; Se | 0, então 1, >∞. Cabe informar que a função | 0 não significa que as curvas possuem concavidade positiva. Um exemplo é a função seno. Baseado nessas observações será analisado algumas propriedades da função exponencial em relação aos seus movimentos gráficos (rotação e translação) em ambos os eixos x e y. A finalidade de estudo é compreender as curvas e encontrar quais parâmetros que influenciam no seu crescimento ou decréscimo, inclinação da curva e valor de aproximação da assíntota R;9I;97. PROPRIEDADES GRÁFICAS Como foi dito anteriormente, a função exponencial é caracterizada por um decréscimo ou crescimento muito rápido. Mas, quais parâmetros influenciam neste processo de crescimento? E qual parâmetro é responsável pelo crescimento ser muito rápido? Para responder a estas questões, tem-se que analisar as propriedades gráficas da função exponencial. A Figura 14 corresponde ao gráfico de uma exponencial simples 7 , sem nenhuma modificação. 75 Figura 14 - Gráfico da função exponencial Agora, para analisar concavidade, inclinação e valores de assíntotas, transformar-se-á esta expressão para uma forma geral: onde , 7 2 > . 7 Esta transformação é necessária para compreender quais os parâmetros influenciam na construção da curva da exponencial. Assim, para entender o que cada variável (A, B e C) corresponde graficamente, basta substituir valores nas mesmas e analisar o que acontece com a curva. Primeiramente, substituirá valores na variável A - considerando apenas que | 0 - que pode ser vista na Figura 15. Perceba que a curva desloca-se verticalmente em torno do eixo y, caracterizando uma translação no eixo y. 76 Figura 15 - Gráfico de variação do parâmetro A Este comportamento gráfico é devido ao fato de ter considerado 1 na equação geral > . 7 . Quando se determina que esse “valor negativo” realiza uma reflexão do gráfico em torno do eixo x. E com isso, a translação continua do mesmo motivo anterior. Variando os valores de A, encontraram-se as seguintes curvas: 77 Figura 16 - Variação do parâmetro A Através da análise das curvas anterior (Figura 16), nota-se que o parâmetro A é responsável por determinar o valor em que a curva alcançará seu máximo, isto é, o valor no qual a curva mantém-se constante independente de x, por exemplo, a Figura 17 abaixo. Figura 17 - Consideração do Parâmetro A 78 Portanto o parâmetro A é responsável por determinar qual valor constante tende a curva, o valor máximo alcançado. Este resultado parcial pode ser comparado com algumas curvas exponenciais de liberação. No caso de curvas de liberação, a variável A seria denominada como o valor de concentração do ativo dentro das nanocápsulas ou nanoesferas, ou seja, representaria o “platô”, valor de máxima liberação. Depois de analisar a variável A, agora, serão feitas algumas considerações importantes sobre a incógnita B. Substituindo valores quaisquer no parâmetro B, foi encontrada uma translação sobre o eixo y, e uma quando substituído por um valor negativo, ocorre uma reflexão da curva em relação ao eixo x, como mostra a Figura 18 e 19. Figura 18 - Análise da incógnita B 79 Figura 19 - Gráfico de variação de B Antes de analisar a variável C, será estudada a curva unindo as duas considerações já feitas anteriormente, isto é, o que ocorre quando modificado os dois parâmetros (A e B) ao mesmo tempo, a fim de verificar que curva melhor se adapta as curvas de liberação. Supõe-se que o modelo a ser estudado será: 1 7 onde, 1 7 1 7 2 1. Baseado nesta expressão serão feitas algumas considerações com a finalidade de analisar o que acontece com a curva quando se modifica dois parâmetros ao mesmo tempo. Inicialmente, A permanecerá constante e ocorrerá uma variação de B em relação a x, logo após o valor de B será mantido constante e varia-se A. Mas antes de variar o valor de B, deve-se determinar qual será a forma da curva. Para isto, basta multiplicar a potência da exponencial por (-1) para modificar o sentido da curva, que passa de 80 positiva (primeiro quadrante) para negativa (segundo quadrante), como pode ser verificada na Figura 20. Figura 20 - Gráfico comparativo Ao estudar estas duas curvas, percebe-se que a curva que representa melhor as curvas de liberação é a função y 1 7 1 , localizada no primeiro quadrante com inclinação positiva. Logo a curva a ser analisada terá a seguinte forma: 1 7 1 o que indica que a variável C deverá ser um número negativo. Agora, quando multiplicada a exponencial por um valor qualquer (variam-se os valores de C, mas mantendo o sinal negativo), com A e B constantes, ocorre uma modificação na inclinação da curva, como mostra a Figura 15. Com isso, quer-se determinar R, onde 2 { 0. Sempre que este caso ocorre, independente da função a ser estudada, encontra-se uma compressão horizontal do gráfico da função por um fator de C. No caso particular da função exponencial, isso também equivale a alongar o 81 gráfico da função f verticalmente por um fator de C. Tal descrição pode ser observada na figura 20. Figura 21 - Análise do parâmetro C Assim, 1qando varia o parâmetro de B ocorre uma translação do gráfico em torno do eixo x. Perceba que nesta translação – da mesma forma que as anteriores – não ocorre nenhuma modificação na curva, somente ela é deslocada para direita ou esquerda, dependendo do valor de B. Logo, B é responsável pelo deslocamento horizontal do gráfico. Note que uma das funções i 2 2. 7 1 tem sua função iniciando no ponto (0,0), o que mostra a dependência dos parâmetros A e B. Para que a curva inicie do ponto 0,0, A e B devem ser iguais. Pode-se verificar esta afirmação pela Figura 21 e matematicamente, no qual são plotadas diferentes funções e somente uma com A=B. Dada > 7 , onde , 7 2 , tem-se para 0: 0 > 7 .4 0 > . 1 0> 82 Logo a curva que representa a função > 7 passa pelo ponto 0,0 se, e somente se . Portanto, depois de analisar os parâmetros de A, B e C verificado que: • O parâmetro A está relacionado com o deslocamento da curva, isto é, responsável pela translação vertical do gráfico. Devido a estas propriedades ele está relacionado ao valor, no qual, o gráfico permanece constante até o infinito, no caso de liberação, até ele atingir o valor de máxima liberação; • O parâmetro de B está relacionado com a translação horizontal sobre o eixo do x da curva. • O parâmetro de C está relacionado à inclinação da curva, ou seja, relacionado com a inclinação da reta tangente e consequentemente com a velocidade de crescimento da curva. Esta velocidade de crescimento pode ser denominada como velocidade de liberação de um ativo. • Os parâmetros de A e B são dependentes, ou seja, A=-B, independente de C para que a curva passe pela origem. Relacionando esta descoberta com as curvas de liberação, ela obrigatoriamente parte da origem, isto é, no tempo 0 o valor de concentração liberado é 0 – 9, 2 0,0. Visto que 9 0. Assim, o modelo a ser construído terá a seguinte estrutura: 7 1 m 1 7 1 . Depois da finalização da construção do modelo, agora é importante reconhecer quem são A e C entre os parâmetros analisados anteriormente. 83 Visto que, através dos estudos sobre liberação de fármaco e as análise feitas através dos estudos de Barrios (2010), verificou-se que os fatores que influenciam na liberação das nanocápsulas são: concentração, tempo, solubilidade e taxa de associação. Assim, o modelo construído acima pode ser reescrito: 29 21 7 1(SC , para 9 0. 84 ANEXO II Tabela de dados de concentração versus tempo obtidos a partir da liberação de adapaleno de nanocápsulas contendo óleo de Melaleuca ou Miglyol como núcleo oleoso (BARRIOS, 2010). Média (livre) Tempo (h) % 1 1,05799 2 3,49541 3 5,94137 4 7,7471 5 8,94626 6 9,67926 7 10,1468 8 10,4965 9 10,7828 10 11,0347 22 11,2764 34 11,518 46 11,7597 Média (Melaleuca) Tempo (h) % 1 0,66505 2 1,95513 3 3,11579 4 4,09089 5 4,92419 6 5,69426 7 6,41918 8 7,07585 9 7,6403 10 8,10622 22 8,44885 34 8,75743 46 9,05572 85 Média (Miglyol) Tempo (h) % 1 0,85698 2 2,71597 3 4,80352 4 6,84515 5 8,52952 6 9,80423 7 10,792 8 11,5454 9 12,2415 10 12,8502 22 13,3141 34 13,6743 46 13,9565 ANEXO III Tabela de dados de concentração versus tempo obtidos a partir da liberação de capsaicina e dihidrocapsaicina de nanocápsulas (CONTRI, 2010). Nanocápsulas de CAPSAICINA Tempo (h) % 0 0 2 1,65 2,5 1,86 3 3 4 4,37 6 6,89 8 8,69 13 15,47 25 25,72 36 33,81 48 44,62 60 51,6 72 56,25 84 62,22 96 66,65 Nanocápsulas de DIHIDRO Tempo (h) % 0 0 2 1,02 2,5 0,82 3 0,99 4 1,49 6 2,99 8 4,03 13 5,76 25 10,98 36 13,94 48 20,22 60 25,71 72 29,76 84 32,79 96 35,07 86 ANEXO IV Tabela de dados de concentração versus tempos obtidos a partir da liberação de desonida de nanocápsulas e na forma livre do Grupo de estudos do Centro Universitário Franciscano. DESONIDA na forma livre Tempo (h) % 0 0 1 20,651 2 27,063 3 31,576 4 36,884 5 39,993 6 41,283 7 41,894 8 43,353 9 45,223 10 51,272 24 52,828 48 54,767 72 58,458 Nanocápsulas de DESONIDA Tempo (h) % 0 0 1 21,582 2 28,053 3 38,976 4 48,108 5 51,453 6 54,582 7 54,669 8 58,6222 9 62,140 10 56,687 24 74,582 48 81,610 72 82,937 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, A. F. A.; XAVIER, A. F. S.; RODRIGUES, J. E. M. Cálculo para Ciências Médicas e Biológicas. São Paulo: Editora Harbra Ltda, 1988. 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