A VULNERABILIDADE PSÍQUICA EM PACIENTES COM HIV/AIDS PARA O DESENCADEAMENTO DE QUADROS DEPRESSIVOS. Tatiane Prates Santos de Oliveira* Lucivani Soares Zanella** JUSTIFICATIVA Este trabalho abordará dimensões da possível relação entre HIV e a depressão e de que maneira este transtorno psíquico pode interferir no tratamento e evolução da AIDS. Essa pesquisa tem como finalidade abordar dentre outros assuntos, a importância dos profissionais na área da saúde estar preparados para amparar esse doente, na sua dimensão do sofrimento psíquico, destacando principalmente o papel do psicólogo nas equipes multidisciplinares. Segundo o Ministério da Saúde - Brasil (s/d), o HIV é uma sigla em inglês que traduzida para o português significa "vírus da imunodeficiência humana”, um germe que invade as células responsáveis pela defesa do organismo e as mata, assim o organismo fica vulnerável a vários tipos de doenças podendo ser das mais comuns como um resfriado ou até mesmo as mais graves como inflamação no fígado ou pâncreas, sem as defesas do organismo o sistema imunológico da pessoa pode não ser capaz de combatê-la tornando algo mais grave. A AIDS, também uma sigla inglesa que significa “Síndrome Da Imunodeficiência Adquirida”, um estagio mais avançado da doença causada pelo HIV, quando o organismo da pessoa está mais fraco e debilitado com poucas células de defesas. Desde o aparecimento do vírus HIV muitos foram os estudos para saber quais as causas da doença, meios de transmissão, prevenções, e outras peculiaridades. Também, pesquisas a procura da cura ou de uma vacina que possa imunizar as pessoas e diminuir com a contaminação que se tem desde o surgimento da doença. Segundo uma publicação do Portal Brasil (2011), a Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas) juntamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS) dentre outros órgãos internacionais realizaram uma pesquisa que constatou aproximadamente 2.500 jovens infectados todos os dias no mundo com o vírus do HIV. O vírus pode ser transmitido através de relações sexuais tanto vaginal anal ou *Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade União de Campo Mourão – UNICAMPO. **Mestre em Psicologia, professora do curso de Psicologia da Faculdade União de Campo Mourão – UNICAMPO. oral sem o uso de preservativo, pelo compartilhamento de agulhas seringas ou objetos cortantes que já estejam contaminadas, transfusão de sangue ou seus procedentes contaminados. O vírus HIV está presente na corrente sanguínea, no leite materno, na secreção vaginal e no esperma. Não é possível a transmissão do vírus pelo uso do mesmo copo, talheres, pratos ou utensílios domésticos, pelo espirro, tosse ou pelo ar, nem mesmo pelo uso de sanitários, cadeiras ou outros moveis, picadas de insetos ou outros animais, beijo, abraço, aperto de mão, uso de piscina ou banheira, alimentos preparados por uma pessoa com HIV, nem pelo contato com fezes, urina, saliva, suor, lágrimas, secreção nasal, vômitos, desde que não contenha sangue. Atualmente mesmo com tanta tecnologia e avanço na medicina não há cura para as pessoas infectadas pelo vírus do HIV, mas existem medicamentos que podem ajudar no controle da doença e retardar o enfraquecimento do sistema imunológico de defesa do organismo e controlar as infecções oportunistas. Os antirretrovirais (ARV), o "coquetel”, que são associações de 21 medicamentos subdivididos em 5 tipos que são ministrados de acordo com o estagio da doença. São específicos agentes contra o HIV, criados na década de 1980 para impedir o aumento do vírus no organismo, e desde 1996 são distribuídos gratuitamente no Brasil na rede do Sistema Único de Saúde (UBS) ou em ambulatórios especializados para pessoas que necessitem do tratamento. Entretanto, estes medicamentos podem causar desconfortos indesejáveis como; fraqueza, dor de cabeça, diarréia, dor de estômago, vômito, alergias, anemia, inflamação no fígado ou pâncreas, pedra no rim, dor nos nervos, músculos e articulações, entre outras reações que no caso de pessoas com HIV/AIDS podem ainda desenvolver doenças crônicas associadas ao uso dos antirretrovirais. As desordens psíquicas em pessoas portadoras do HIV/Aids vem despertando atenção, devido ao impacto que a doença pode trazer na vida do individuo, tanto pessoal, quanto social e sexual (Reis et al. 2011). A depressão é muito comum em pessoas que tem uma doença crônica, o que acaba interferindo na evolução da doença e na recuperação, é considerada um risco para aumentar as taxas da doença e a mortalidade. Outro aspecto que pode contribuir para os transtornos mentais é a discriminação e preconceito vivido pelo infectado, uma punição social a quem não Saberes Unicampo, Campo Mourão, v. 01, n.01, jan. – jun. 2014. Disponível em http://faculdadeunicampo.edu.br/ojs/index.php/Saberesunicampo Saberes Unicampo 94 seguiu o recomendável e que ultrapassou as normas do prazer, sexo e drogas, porém criada no começo dos estudos epidemiológicos a expressão "grupos de riscos”, que mesmo superada marcou a construção social e histórica (Saldanha, 2003, p.18). Atualmente à uma busca para o estabelecimento de leis que visa amparar e dar suporte a essas pessoas, mas que já destaca a lei que ampara grupos mais vulneráveis ao preconceito e discriminação como negros, homossexuais, mulheres, crianças, idosas e portadores de doenças crônicas infecciosas e de deficiência. Criado em 1989 a Declaração de Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da Aids, pelos profissionais da saúde e membros da sociedade civil, apoiados pelo departamento de DST e que foi aprovado no encontro de ONG em Porto Alegre (RS). Uma das especificações de direitos assegurados destaca-se: Todo portador do vírus da aids tem direito à participação em todos os aspectos da vida social. Toda ação que visar a recusar aos portadores do HIV/aids um emprego, um alojamento, uma assistência ou a priválos disso, ou que tenda a restringi-los à participação em atividades coletivas, escolares e militares, deve ser considerada discriminatória e ser punida por lei (Ministério da Saúde, s/d). Com relação ao tratamento na rede de Sistema Único de Saúde- Brasil (SUS) existem os serviços ambulatoriais que prestam auxílio as pessoas com HIV/aids, com tratamento e prevenção. Estes ambulatórios podem ser localizados em hospitais, unidades básicas de saúde, policlínicas, ambulatórios gerais ou de especialidades. Dentre os profissionais que compõem esse quadro figura o psicólogo conforme observamos: O objetivo destes serviços é prestar um atendimento integral e de qualidade aos usuários, por meio de uma equipe de profissionais de saúde composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, assistentes sociais, educadores, entre outros (Ministério da Saúde- Departamento de HIV/AIDS Hepatites Virais, s/d). Um dos objetivos dos serviços ambulatoriais é um diagnóstico precoce, uma forma de reduzir a mortalidade e as taxas da doença. Saberes Unicampo, Campo Mourão, v. 01, n.01, jan. – jun. 2014. Disponível em http://faculdadeunicampo.edu.br/ojs/index.php/Saberesunicampo Saberes Unicampo 95 O Ministério da Saúde- Brasil (2010) criou um manual para cuidadores domiciliares de pessoas com o vírus HIV/ aids, procurando habilitá-los com técnicas e posturas que ajudem a minimizar o sofrimento da pessoa soro positivo, ensina como ministrar os medicamentos e buscar uma boa qualidade de vida com hábitos saudáveis e que tragam prazer e estimulem a pessoa a dar continuidade ao tratamento. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde até junho de 2012 foram registrados 656.701 casos de aids, atualmente os casos da doença estão mais elevados nos homens do que nas mulheres, sendo que essa diferença vem diminuindo com o decorrer dos anos. Em 1989, para cada 6 casos de aids registrados no sexo masculino 1 era feminino, sendo que segundo últimos dados realizados em 2011, para cada 1,7 homens infectados 1era mulher. O que vem mostrando que os dados entre homens e mulheres já estão bem próximos, sendo que a faixa etária de maior contaminação em ambos os sexos está entre 25 à 49 anos de idade. Mas, uma faixa etária que vem preocupando e chamando atenção dos órgãos responsáveis, são jovens de 13 à 19 anos de idade contaminados com o vírus e dentre eles a maior incidência estão nas mulheres (Ministério da Saúde, 2013). De acordo com os dados, acima dos 13 anos de idade a maior incidência de contaminação nas pessoas está no ato sexual, com 86,8% dos casos em mulheres, homens com 43,5% por relações heterossexuais, 24,5% por relacionamentos homossexuais, 7,7% por relações bissexuais e o restante por transmissão sanguínea e vertical (Transmissão na gestação ou na hora do parto). Em julho de 2012 a Unaids ( Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids) publicou um relatório onde indica aproximadamente 34,2 milhões de pessoas no mundo convivendo com o vírus do HIV. OBJETIVO GERAL Identificar as possíveis causas que desencadeiam os quadros de depressão em pacientes com o vírus HIV/ Aids. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Buscar compreender como os profissionais da área de saúde podem contribuir Saberes Unicampo, Campo Mourão, v. 01, n.01, jan. – jun. 2014. Disponível em http://faculdadeunicampo.edu.br/ojs/index.php/Saberesunicampo Saberes Unicampo 96 na abordagem integral deste paciente. Identificar a relevância da atuação do psicólogo nas equipes multidisciplinares que atuam junto aos pacientes como o vírus HIV/Aids. METODOLOGIA A pesquisa será de natureza descritiva acerca de bibliografias que versam à respeito de depressão em pessoas portadoras de HIV/Aids. Serão selecionados os sintomas mais freqüentes como: vontade de ficar sozinho, melancolia, ansiedade, perca de sono, falta de interesse para as atividades cotidianas, cansaço, perca de apetite, julgamentos rígidos e depreciativos sobre si mesmo, falta de concentração geral e pensamentos mórbidos. Serão utilizadas como fonte de dados os boletins informativos do Ministério da Saúde, revistas científicas e periódicos dentre outras fontes que abordem o tema. BIBLIOGRAFIA BÁSICA ANTISERI, G. R. D. Historia da Filosofia, In: De Nietzsvhe à Escola de Frankfurt. 6a volume São Paulo: Paulus, 2008 BRASIL. Quais são os antirretrovirais, 2014. Disponível em http://www.aids.gov.br/pagina/quais-sao-os-antirretrovirais Acesso em: 27 de maio2014 às 17:09min. BRASIL. Saúde lança manual para cuidadores de portadores de HIV, 2010. Disponível em http://www.brasil.gov.br/saude/2010/09/saude-lanca-manual-para- cuidadores-de-portadores-de-hiv Acesso em: 27 de maio-2014 às 17:13min. BRASIL. Serviço de assistência especializada em hiv/aids, 2014. Disponível em. http://www.aids.gov.br/tipo endereco/servico-de-assistencia-especializada-em- hivaids Acesso em: 27 de maio.2014 às 18:54min. Saberes Unicampo, Campo Mourão, v. 01, n.01, jan. – jun. 2014. Disponível em http://faculdadeunicampo.edu.br/ojs/index.php/Saberesunicampo Saberes Unicampo 97 BRASIL. Tratamento antirretroviral reduz em 96% transmissão do hiv aponta pesquisa,2011. Disponível em http://www.brasil.gov.br/saude/2011/05/tratamentoantirretroviral-reduz-em-96- transmissao-do-hiv-aponta-pesquisa Acesso em: 09 maio. 2014 às 11:14min. BRASIL. Unaids diz que 2.500 jovens são infectados pelo HIV a cada dia no mundo, 2011. Disponível em http://www.brasil.gov.br/saude/2011/06/unaids-diz-que- 2.500jovens-sao-infectados-pelo-hiv-a-cada-dia-no-mundo Acesso em: 09 maio. 2014 às 10:44min. BRASIL. OIT edita norma para garantir direitos de trabalhadores com hiv e aids, 2010. Disponível em http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2010/06/oit- edita-normapara-garantir-direitos-de-trabalhadores-com-hiv-e-aids Acesso em: 09 maio. 2014 às 10:45min. BRASIL. O que é HIV, 2014. Disponível em http://www.aids.gov.br/pagina/o- que-ehiv Acesso em: 27 de maio.2014 às 18:37min. BRASIL. 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Vulnerabilidades e construções de enfrentamento da soropositividade ao HIV por mulheres infetadas em relacionamento instável; Ribeirão Preto São Paulo, 2003 CRONOGRAMA Tabela Elaboração do projeto de Ma Abr Mai Jun Jul r X Ago Set Out Nov Dez pesquisa Elaboração do projeto e X entrega Elaboração do 1° cap. Elaboração e conclusão X X do 1° cap. Correções Elaboração do 2° cap. Elaboração e conclusão do 2° cap. Correções X X X X Defesa X X Saberes Unicampo, Campo Mourão, v. 01, n.01, jan. – jun. 2014. Disponível em http://faculdadeunicampo.edu.br/ojs/index.php/Saberesunicampo Saberes Unicampo 99