Madre Teresa.indd - Editora Ave

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Diác. Fernando José Bondan
Dedicatória
A todos aqueles que acreditam que a santidade não
consiste em realizar coisas extraordinárias, mas sim, em
viver, no cotidiano, a vontade de Deus com simplicidade,
fidelidade e amor.
3
Prefácio
A mensagem de amor universal de Jesus é muito
clara, porém muitas vezes nos faltam referências de como
vivenciar a totalidade dos ideais evangélicos.
Para alguns o cristianismo é utópico, para outros é uma
forma concreta de viver com sentido. O cristianismo somente
será utópico se faltarem sentinelas que, vivendo plenamente o
amor universal, sinalizam aos outros que sim, é possível construir aqui e agora, no nosso tempo, a civilização do amor.
Talvez não faltem ideais, faltem referências...
O título deste livro: “Madre Teresa de Calcutá – uma
santa para o século XXI”, é um luzeiro, a vida e obra de
Madre Teresa atende aos requisitos de santidade na complexidade do nosso tempo. Ela é prova concreta de que
quando nos desapegamos de nós, podemos ser a presença
vivificante de Cristo nos lugares que frequentamos. É possível que Cristo viva e atue em nós e por meio de nós.
O autor do livro, o diácono permanente Fernando
José Bondan, por meio de um trabalho minucioso, compilou algumas das principais ideias de Madre Teresa sobre
diversos temas.
A leitura desse livro despertará a consciência do nosso dever cristão. Uma simples leitura não será o suficiente,
será necessário sentir-se motivado a vivenciar toda essa
riqueza espiritual, para que o mundo seja casa de todos.
Pe. Luís Erlin, CMF
Diretor Editorial
7
Introdução
Quem nunca ouviu falar em Madre Teresa de Calcutá,
esta serva do Senhor? Descendente de pais católicos orientais, na Albânia, promoveu uma espiritualidade dos pobres
que se espalhou pelo mundo. Tendo o apoio dos Papas
desde Pio XII a João Paulo II – com o qual gozou de particular amizade –, ela antecedeu e, de certa forma, preparou o
anúncio pastoral do Papa Francisco.
Pode parecer ingenuidade minha, mas quem leu a
Evangelium Gaudium do Papa Francisco e as cartas privadas de Madre Teresa perceberá uma fonte comum. Sem
dúvida, vemos ali o mesmo Espírito dos Anawin de IHWH 1,
narrado nos profetas; daqueles que possuem um coração
de pobre, das bem-aventuranças evangélicas; daqueles pequeninos aos quais o Pai revela os seus segredos contradizendo toda soberba humana, ou dos irmãos menores no
Grande Juízo, nos quais Jesus está “escondido”, como Ele
dizia: “A mim o fizestes”.
Sem dúvida, para a grande maioria dos autores
espirituais modernos, a “espiritualidade dos pobres” é
uma clara tendência. Verificamos isso nos documentos do
Magistério sobre o assunto. Apesar de em alguns lugares
tentarem instrumentalizar ou ideologizar essa espiritualidade, esse não é o caso de Madre Teresa. E para aqueles que
viam oposição entre contemplação e obras, ela gostava de
frisar: “Somos contemplativas no mundo!”.
1 Pobres de Iahweh
9
Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
A busca de conciliação entre a vida contemplativa e a
vida ativa assume, na atualidade, a sua mais elaborada síntese. Não existe verdadeira vida contemplativa sem vida ativa,
e não existe verdadeira vida ativa sem vida contemplativa.
Elas não se excluem, mas se compenetram mutuamente.
São dois pulmões de uma única vida no Espírito.
Naturalmente, dependendo da vocação ou carisma
ao qual somos chamados, se destacará uma dimensão ou
outra; mas as duas são necessárias para que a vida no
Espírito não entre em estagnação infecunda, mas permaneça uma verdadeira dynamis no Espírito, geradora de vida
nova. Assim temos uma missionária no Carmelo – Santa
Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões – e uma
contemplativa no mundo – Madre Teresa de Calcutá. Não
podemos dar o que não temos. Todo rio tem a sua fonte!
A sabedoria teresiana, portanto, conciliou e harmonizou de tal forma as duas dimensões da vida espiritual que
se tornou uma referência permanente. Para todos os agentes de pastoral, de evangelização, de caridade e ação social,
Teresa de Calcutá tem algo para lhes ensinar. Necessitamos
da sua sabedoria prática na nova evangelização.
Da mesma forma, podemos destacar sua grande
contribuição no ecumenismo e no diálogo inter-religioso.
Madre Teresa revelou-nos como conciliar a evangelização
no mundo contemporâneo com os esforços oriundos de
outras correntes como as ecumênicas ou do diálogo respeitoso com as outras religiões. Atuou principalmente na
Índia, um país cuja religião predominante é o Hinduísmo,
com mais de 80% da população seguindo esse credo. Ela
citou muitas vezes Mahatma Gandhi em seus discursos e
conversas, e adquiriu respeito das autoridades e dos líderes
religiosos do país.
10
Introdução
O irmão Roger de Taizé é outro expoente que participou da vida de Madre Teresa, visitando-a e percorrendo
regiões da Índia com ela.
No título deste livro, nomeamos Madre Teresa como
“santa”, não para se anteceder ao Magistério da Igreja, mas
porque para o povo simples é o que ela é. Não ocorreu o
mesmo com São João Paulo II? A multidão gritava e erguia
cartazes clamando “santo já” durante o seu velório?
Vemos aqui o tremendo sensus fidei do povo fiel. De
certa forma, não deixa de ser um resgate da canonização
popular dos primeiros séculos da Igreja, quando os leigos
peregrinavam em veneração e, visitando os túmulos dos
mártires, declarava-os santos, pedindo a sua intercessão.
Assim foi até o século X com o primeiro santo oficialmente
canonizado pela Igreja: Santo Ulrico de Augsburgo.
Com o aumento do número dos cristãos pelo mundo,
para evitar certos abusos, fez-se mister um maior controle
e análise da vida e dos escritos do candidato aos altares,
mas tal análise da Igreja sempre procede de um primeiro
movimento do povo de Deus. Justamente, um dos grandes
pilares do Concílio Vaticano II é saber ler os “sinais dos
tempos”, isto é, perceber a ação e a vontade de Deus na
história e nos acontecimentos presentes.
Esta seleção de cartas e discursos de Madre Teresa
pode ser isto: uma tentativa de leitura da vontade divina manifestada nela e que nos indique o caminho a se percorrer.
Talvez alguém perceba que nem todos os textos escolhidos possuam a citação da fonte. Acredito que isso se
deva ao fato de que os colaboradores de Madre Teresa foram
tomando notas de suas frases em várias ocasiões – conversas informais, discursos etc., apenas com a preocupação de
registrar o que ela disse, para não cair no esquecimento.
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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
De fato, Madre Teresa não foi propriamente uma
escritora, mas uma contemplativa prática. Os registros
que possuímos ou são de suas cartas privadas a amigos
ou diretores espirituais, de seu diário ou de seus discursos públicos. Possuímos também alguns testemunhos das
pessoas que conviveram com ela, mas que, por vezes, não
recordam mais data ou circunstâncias exatas. Isso explica
porque, às vezes, autores citam seus ensinamentos com
variações na forma.
Com esta pequena antologia, espero contribuir para
o enriquecimento da espiritualidade cristã no Brasil.
Boa leitura!
Diác. Fernando José Bondan
24 de novembro de 2014, dia do grande missionário e mártir Santo André Dung-Lang, presbítero, e seus
116 companheiros mártires2.
2 Entre seus companheiros de evangelização e martírio, constavam 59 lei-
gos, muitos pais e mães de famílias.
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Breve biografia
Teresa nasceu no seio de uma família católica na
distante Albânia, na cidade de Skopje (Escópia), atual
Macedônia. Era o dia 26 de agosto de 1910. Ela era a caçula entre três irmãos (Aga e Lazar). Seus pais se chamavam
Nikola e Drana Bojaxhiu.
No dia seguinte ao seu nascimento, ela foi batizada
sob o nome de Agnes Gonxha Bojaxhiu na igreja paroquial do Sagrado Coração de Jesus. Isso explica porque a
devoção ao Sagrado Coração de Jesus seria tão forte em
sua vida. Recebeu sua primeira comunhão com a idade de
5 anos e meio, sendo confirmada no mês de novembro de
1916. Desde a sua primeira comunhão, Agnes nutriu um
profundo amor pelas almas.
Com cerca de 8 anos, Agnes perdeu seu pai, o que
coloca sua mãe e sua família em escassa situação financeira.
Com isso, sua mãe passou a ter um papel ainda mais importante na formação do caráter e na vocação de sua filha.
No ano de 1922 se sentiu chamada pela primeira
vez à vocação religiosa, passando a participar ativamente,
em sua paróquia, do grupo Filhas de Maria.
Com 18 anos, motivada pelo desejo de ser missionária, ingressou no Instituto da Bem-Aventurada Virgem
Maria, na Irlanda, mais conhecido como as Irmãs de Loreto.
Recebeu o nome religioso de Irmã Maria Teresa em honra
de Santa Teresa de Lisieux. Apenas três meses depois, no
13
Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
mês de dezembro, foi enviada à Índia, chegando a Calcutá
pela primeira vez a 6 de janeiro de 1929. Após uma semana foi enviada a Darjeeling nas encostas do Himalaia para
começar seu noviciado.
No mês de maio de 1931, realizou seus primeiros
votos, sendo destinada à comunidade de Loreto na localidade de Entally em Calcutá, onde lecionou Geografia e
História na Escola para Moças Santa Maria (St. Mary). Sua
profissão perpétua foi em 24 de maio de 1937. Desde
então passou a ser chamada de Madre Teresa. Em 1944
tornou-se diretora da Escola.
Madre Teresa revelou traços fortes no seu convívio
durante os anos que passou no Instituto: profunda alegria
e amor às Irmãs e aos seus alunos, mas que em nada diminuíram seu altruísmo e sua capacidade para a organização
e o trabalho duro.
O dia 10 de setembro de 1946 marcará profunda transformação de sua vida: Viajando de Calcutá a
Darjeeling para seu retiro anual, recebe de Jesus o que
chamou de “o chamado dentro do chamado”, sendo penetrada por uma inexplicável sede de amor e de almas,
acompanhada do desejo profundo de saciar a sede de
Jesus. Durante os meses seguintes, recebendo diversas
graças místicas, Jesus lhe suplicou: “Vem e sê minha luz”.
Ele lhe revela sua dor pelo esquecimento em que se encontram seus pobres, seu desgosto por não o conhecerem
e seu desejo de que O amem.
Durante suas locuções, Jesus lhe pede a fundação
de uma Congregação religiosa – Missionárias da Caridade
– que se dedique aos mais pobres dentre os pobres. Foram
quase dois anos de provas e discernimento até que recebesse autorização para começar.
14
Breve biografia
Era 17 de agosto de 1948 quando, pela primeira
vez, vestiu seu sári branco orlado de azul e saiu do convento rumo ao mundo dos pobres. Certamente se preparando
para exercer bem o seu chamado, faz um breve curso com
as Irmãs Médicas Missionárias em Patna. Retornou, então,
a Calcutá, onde residiu provisoriamente com as Irmãzinhas
dos Pobres.
Quatro dias antes do Natal daquele ano, dirigiu-se
aos bairros pobres visitando as famílias, lavando feridas de
algumas crianças, cuidando de um idoso estendido na rua e
de uma mulher que estava morrendo de fome e tuberculose.
Começava cada dia buscando na Eucaristia a força para a sua
missão, saindo com o terço na mão e procurando servir a
Jesus nos mais miseráveis e abandonados. Não tardou muito
para que algumas de suas antigas alunas se juntassem a ela.
Finalmente, a 7 de outubro de 1950, Roma reconheceu a Congregação das Missionárias da Caridade, sendo estabelecida oficialmente na Arquidiocese de Calcutá; e
em 1953 foi fundada a Casa Matriz da Congregação. Mas
antes mesmo da Casa Matriz, já em 1952, foi aberta a
Casa para indigentes moribundos. Madre Teresa, sensível
às tradições e religiões locais, procurou um nome que fosse
aceitável aos indianos. Escolheu Nirmal Hriday, que significa “Casa do coração puro”.
De forma singular, Madre Teresa fundou ramos
fora da vida religiosa, e que incluem pessoas de variadas
crenças e países: os Colaboradores de Madre Teresa e
os Colaboradores enfermos e sofredores. Esses grupos
buscam partilhar do seu espírito de oração, sacrifício e
apostolado baseado em humildes obras de amor: “Sorriam
para Jesus quando estiverem sofrendo, pois, para ser
verdadeiros Missionários da Caridade, devem ser vítimas
15
Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
alegres. Como sou feliz de ter a todos vocês”3. Este mesmo
espírito de sacrifício será posteriormente partilhado pelos
Missionários da Caridade Leigos.
No início da década de 1960, Madre Teresa começou a enviar suas Irmãs para outros lugares da Índia
e, em 1965, fundou sua primeira casa fora da Índia, na
Venezuela. Seguiram-se, posteriormente, fundações em
Roma, na Tanzânia e em muitos outros lugares. Até o início
da década de 1980, Madre Teresa fundou casas em quase
todos os países socialistas.
Também começaram a se desenvolver ramos internos da congregação: Irmãos Missionários da Caridade
(1963), o ramo contemplativo das Irmãs (1976), o dos
Irmãos contemplativos (1979) e os Padres Missionários da
Caridade (1984).
Em 1981, atendendo ao pedido de vários sacerdotes,
Madre Teresa fundou o Movimento Sacerdotal Corpus Christi,
pequeno caminho de santidade destinado àqueles sacerdotes
que querem viver o seu espírito e o seu carisma, assim como
o profeta Eliseu recebeu parte do espírito de Elias.
Os prêmios que Madre Teresa recebeu durante sua
vida são numerosos, sendo o maior de todos o Prêmio
Nobel da Paz em 1979.
Outro aspecto importante foi revelado somente após
a sua morte: sua vida interior foi marcada por um profundo,
doloroso e constante sentimento de separação de Deus,
de abandono, ao qual ela chamava de “escuridão”. Ele se
manifestou logo no início de seu trabalho com os pobres e
a acompanhou por toda a sua existência.
Sua meditação transforma-se em gemidos: “Não
pense que minha vida espiritual está semeada de rosas.
3 Madre Teresa aos Colaboradores enfermos e sofredores, 9 de maio de 1955.
16
Breve biografia
Essa é a flor que quase nunca encontro em meu caminho;
pelo contrário, tenho com mais frequência a ‘escuridão’
por companheira. E quando a noite se torna mais densa
e penso que acabarei no inferno, então simplesmente me
abandono em Jesus” 4.
Ela mesma explica o significado misterioso e santo
dessa vivência: “Pela primeira vez nestes onze anos, tenho
chegado a amar a escuridão; mas agora entendo que é
uma parte, uma muito, muito pequena parte da escuridão
e da dor de Jesus na terra. O senhor me ensinou a aceitá-la
como um ‘lado espiritual de sua Obra’” 5.
Para Madre Teresa, sua vivência da “escuridão” era
parte do seu chamado, o chamado de Jesus que tem sede
das almas, que nela ecoava brotando do Seu suspiro na
Cruz: “Tenho sede”. Madre Teresa soube na carne e no
espírito como esse suspiro de Jesus está ligado a sua Cruz,
e como é inseparável dela. Sua vida é o testemunho!
Sendo a Madre Geral (superiora) de toda a
Congregação desde a sua fundação, empossa sua primeira
sucessora a 13 de março de 1997. Na sua agonia final e
antes de sua morte, faltou luz em toda a cidade de Calcutá,
e nem mesmo dois geradores independentes foram capazes de acender as luzes da casa. Faleceu santamente em
Calcutá a 5 de setembro de 1997, na “escuridão”.
4 Carta ao Padre Franjo Jambrekovic, 8 de fevereiro de 1937.
5 Carta ao Padre Joseph Neuner, data provável: 11 de abril de 1961.
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Resumo cronológico de
Madre Teresa de Calcutá
26/8/1910 –
27/8/1910 –
1915/16 –
11/1916 –
1918/19 –
1922 –
28/9/1928 –
6/1/1929 –
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Descendente de católicos albaneses,
nasce na cidade de Skopje (Escópia),
atual Macedônia. Seus pais chamavam-se
Nikola e Drana Bojaxhiu, estavam casados havia dez anos e ela era a caçula entre
três irmãos (Aga e Lazar).
É batizada sob o nome de Agnes Gonxha
Bojaxhiu na igreja paroquial do Sagrado
Coração de Jesus.
Recebe sua primeira comunhão.
Recebe sua Confirmação.
Falece seu pai.
Recebe seu primeiro chamado à vida religiosa e participa ativamente das Filhas de
Maria.
Ingressa no Instituto da Bem-Aventurada
Virgem Maria, também conhecido como
Irmãs de Loreto, na Irlanda.
Chega a Calcutá, na Índia. Após uma
semana, é enviada a Darjeeling nas encostas do Himalaia para começar o seu
noviciado.
Resumo cronológico de Madre Teresa de Calcutá
24/05/1931 – Professa seus primeiros votos e adota o
nome religioso de Irmã Maria Teresa, em
honra de Santa Teresinha; em seguida é
destinada à comunidade de Loreto em
Entally, Calcutá, lecionando geografia e
história na Escola de Moças St. Mary.
24/05/1937 – Professa seus votos perpétuos tornando-se, em suas palavras: “esposa de Jesus
por toda a eternidade”. Passa a se chamar
“Madre Teresa”.
1944 –
Torna-se diretora da Escola St. Mary.
10/09/1946 – Recebe a inspiração divina para fundar a Congregação das Missionárias da
Caridade, que se dedicaria ao serviço dos
mais pobres dentre os pobres, procurando saciar a “sede de Jesus pelas almas”.
Durante graças místicas, Jesus lhe diz:
“Vem, sê minha luz”.
17/8/1948 – Veste pela primeira vez o sári branco orlado
de azul e sai do convento ao qual pertencia.
21/12/1948 – Após breve curso com irmãs médicas,
dirige-se pela primeira vez aos bairros pobres, engajando paulatinamente em sua
missão suas antigas alunas.
07/10/1950 – Roma reconhece a Congregação das
Missionárias da Caridade.
22/8/1952 – Abre a casa para indigentes moribundos
com o nome Nirmal Hriday, que significa
“Casa do Coração Puro”.
1953 –
É fundada a Casa Matriz das Missionárias
da Caridade em Calcutá. Os primeiros
membros fazem seus votos iniciais.
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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
1962 –
25/3/1963 –
1º/2/1965 –
12/7/1972 –
1974 –
13/06/1976 –
17/08/1976 –
17/10/1979 –
27/16/1980 –
Recebe o prêmio indiano Padma6, dedicado a cidadãos indianos por seus destacados serviços nos mais variados campos sociais. No mesmo ano, também se
destaca pelo Prêmio Ramon Magsaysay
(Manila, Filipinas), um tipo de Prêmio
Nobel asiático, que concede a Madre
Teresa o título de “a mulher mais benemérita do mundo”.
É fundado o ramo masculino dos Irmãos
Missionários da Caridade.
A congregação recebe aprovação pontifícia de Paulo VI. É aberta sua primeira
casa fora da Índia, na Venezuela.
Final da década de 1960 em diante – São
criados os Colaboradores de Madre Teresa
e os Colaboradores enfermos e sofredores. Segue-se a criação dos Missionários
Leigos da Caridade.
Falece a mãe de Madre Teresa, na Albânia.
Falece a irmã de Madre Teresa, Aga, na
Albânia.
É fundado o ramo contemplativo das
Irmãs.
Encontra-se com 15 mil jovens em Taizé
na França, juntamente com o Irmão
Roger.
Recebe o Prêmio Nobel da Paz e funda o
ramo contemplativo dos Irmãos.
Abre um Centro em sua terra natal, Skopje
(antiga Iugoslávia).
6 Destacamos neste resumo apenas três dos numerosos prêmios que ela recebeu ao
longo da vida.
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Resumo cronológico de Madre Teresa de Calcutá
1981 –
Inicia o Movimento Sacerdotal Corpus
Christi.
1984 –
É fundado o ramo sacerdotal dos Padres
Missionários da Caridade.
1987 –
Os Missionários da Caridade estabelecem
hospitais para pessoas com Aids.
1988 e 1989 – Interna-se duas vezes por problemas
cardíacos.
13/3/1997 – Abençoa sua primeira sucessora como
Superiora Geral dos Missionários da
Caridade.
5/9/1997 –
Falece Madre Teresa. É transportada na
mesma carruagem em que foram transportados os restos de Mahatma Gandhi,
recebendo honra de Estado.
19/10/2003 – É beatificada Madre Teresa de Calcutá
pelo Papa João Paulo II.
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Canção à vida
A vida é uma oportunidade: aproveite-a
A vida é beleza: admire-a
A vida é felicidade: sinta-a
A vida é um sonho: torne-o realidade
A vida é um desafio: aceite-o
A vida é um compromisso: cumpra-o
A vida é uma diversão: participe dela
A vida é abundância: saboreie-a
A vida é riqueza: preserve-a
A vida é amor: desfrute-o
A vida é um mistério: desvende-o
A vida é promessa: realize-a
A vida é tristeza: supere-a
A vida é uma canção: cante-a
A vida é luta: aceite-a
A vida é drama: enfrente-o
A vida é aventura: aventure-se
A vida é vida: preserve-a
A vida é sorte: busque-a
A vida é muito preciosa: não a destrua
(Esta canção se encontra na placa de uma instituição
para enfermos de Aids, que Madre Teresa e suas Irmãs
inauguraram em Nova York no ano de 1985).
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Seleção de textos
Alegria cristã
• Antes de proferir seus votos, vocês devem ser examinadas com diligência, a fim de compreenderem
bem o que é uma vida de total esquecimento de si
e de abnegação pelas almas, e se estão dispostas
a levar esta vida com alegria. (Regras Manuscritas
16, Dia de Corpus Christi, 1947)
• As Irmãs continuam animadas. Há grande estímulo na virtude. Seu único objetivo parece ser
encontrar as formas e os meios para saciar a ardente sede de Jesus (pelas almas). Quando olho
para elas, percebo que o plano de nosso Senhor
está se realizando, mas existe um elemento que
ainda falta: eu teria que sofrer muito. Apesar de
tudo o que ocorreu nestes últimos anos, sempre
houve uma perfeita paz e alegria em meu coração. Nosso Senhor sabe que estou a seu serviço.
Ele pode fazer comigo o que desejar. (Carta ao
Arcebispo Périer, 30 de julho de 1951)
• Meus filhos muito amados, amemos a Jesus
com todo o nosso coração e toda a nossa alma.
Levemos muitas almas a Ele. Continuem sorrindo. Sorriam para Jesus quando estiverem
sofrendo, pois para ser verdadeiros Missionários
da Caridade, devem ser vítimas alegres. Como
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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
sou feliz de ter a todos vocês. (Madre Teresa aos
Colaboradores Enfermos e Sofredores, 9 de março de 1955)
• Quando ajudo minhas Irmãs a estarem bem perto
de Jesus, quando as ensino a amá-lo com amor
profundo, devoto, pessoal, desejo poder fazer
o mesmo. Vejo diante de meus próprios olhos
as Irmãs amarem a Deus; elas chegam pertinho
dele, cada dia se assemelham mais a Ele; e eu,
Padre, estou só, vazia, excluída, absolutamente
desprezada. E, no entanto, com toda a sinceridade do meu coração, sou feliz vendo-o amado,
vendo as Irmãs assemelharem-se mais a Ele. Sou
feliz de amá-lo por meio delas. Quanto maior for
a dor e mais escura a escuridão, mais doce será
meu sorriso para Deus. (Carta ao Padre Joseph
Neuner, 16 de outubro de 1961)
• Nossa Senhora é a causa de nossa alegria, porque ela nos deu Jesus. Poderemos ser a causa
de sua alegria, porque levamos Jesus aos outros.
Mantenham-se perto de Jesus com um rosto sorridente. (Carta a Eileen Egan, 20 de março de 1962)
• Que a alegria de Jesus seja sua única força. Esteja
feliz e em paz. Aceite tudo o que Ele lhe dá, e
entregue-lhe com um grande sorriso tudo o que
retira de você. Você lhe pertence. Diga-lhe: “Eu
sou seu e, se me corta em pedaços, cada pedacinho será unicamente seu”. Permita a Jesus ser
a vítima e o sacerdote em você. (Carta ao Padre
Don Kribs, 7 de fevereiro de 1974)
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Alegria cristã
• O que seria de nossa vida se as Irmãs não fossem
alegres? Seria uma escravidão pura e simples.
Nosso trabalho não atrairia ninguém. A tristeza,
a depressão, a frouxidão abrem as portas para a
preguiça, mãe de todos os males. Se vocês forem
alegres, não se preocupem com a tibieza. A alegria reluz nos olhos e no olhar, nos colóquios e no
semblante. Não conseguiram ocultá-la, porque a
alegria sobeja. Quando as pessoas virem a felicidade em nossos olhos, se conscientizarão de sua
natureza de filhos de Deus.
• A alegria deve ser um dos eixos dominantes de
nossa vida. Uma religiosa é como o sol em uma
comunidade. A alegria é o sinal de uma personalidade generosa. Por vezes também é um manto
que vela uma vida de sacrifício e de liberalidade.
Alguém que possui esse dom muitas vezes alcança
altos cumes. Façamos que aqueles que sofrem encontrem em nós anjos de consolação.
• A alegria é sinal de uma pessoa generosa e mortificada que, esquecendo todas as coisas, inclusive
de si mesma, busca agradar a seu Deus em tudo o
que realiza pelas almas. Com frequência, a alegria
é um manto que vela uma vida de sacrifício, de
contínua união com Deus, de fervor e liberalidade.
Quem possui esse dom da alegria, frequentemente
alcança um alto grau de perfeição, porque Deus
ama ao que dá com alegria (2Cor 9,7), e traz para
junto de seu Coração a religiosa que Ele ama.
(Explicação das Constituições Originais, s.d.)
27
Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
• A alegria de amar a Jesus brota da alegria de partilhar os seus sofrimentos. Por isso, não se permita
estar preocupado nem aflito; creia na alegria da
Ressurreição. Em nossas vidas, assim como na de
Jesus, a Ressurreição tem de chegar; a alegria da
Páscoa deve amanhecer.
28
Anúncio do Evangelho
• O Reino deve ser pregado a todos. Se os hindus e
muçulmanos ricos podem ter total dedicação e serviço
de tantas religiosas e sacerdotes, com certeza os mais
pobres dentre os pobres e os que se encontram na
camada mais baixa podem ter o amor e a dedicação
de nosso pequeno grupo. Chamam-me “a Irmã dos
bairros miseráveis”, e estou satisfeita de ser precisamente isso por seu amor e por sua glória. (Diário de
Madre Teresa, 24 de janeiro de 1949)
• Quando lhe chegar esta carta, talvez o senhor se encontre a sós com Jesus [em retiro]. É muito próprio
do senhor ter pedido para passar três meses sozinho
com Jesus. Mas se, durante este período, a fome de
Jesus no coração de sua gente for maior que a sua
por Jesus, não deveria permanecer a sós com Jesus
durante todo o período. Deve permitir que Jesus o
faça “pão” para que comam aqueles que entrarão em
contato com o senhor. Deixe que as pessoas o comam. Pela palavra e pela presença, o senhor anuncia
a Jesus. (Carta ao Padre Van der Peet, 20 de junho
de 1977)
• Queridos presidentes George Bush e Saddam
Hussein, a vós recorro com lágrimas nos olhos e com
o amor de Deus no coração, para pedir-lhes pelos
pobres e pelos que se tornarão pobres se a guerra
29
Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
que todos tememos eclodir. Imploro-lhes com todo
o meu coração que trabalhem, que trabalhem duro
pela paz de Deus e pela reconciliação. Ambos têm
argumentos para apresentar e um povo para cuidar,
mas primeiro, por favor, escutem a aquele que veio
ao mundo para nos ensinar a paz. Os senhores têm o
poder e a força para destruir a presença e a imagem
de Deus, a seus homens, a suas mulheres e a suas
crianças. Por favor, escutem a vontade de Deus. Deus
nos criou para que sejamos amados pelo seu amor
e não para destruir-nos pelo nosso ódio. Em curto
prazo pode haver vencedores e perdedores nessa
guerra que todos tememos; porém, isso nunca pode
nem jamais poderá justificar o sofrimento, a dor e a
perda de vidas que suas armas provocarão. A vós
recorro em nome de Deus, daquele Deus que todos
amamos e partilhamos, para suplicar pelos inocentes,
nossos pobres do mundo e àqueles que se tornarão
pobres devido à guerra. São eles os que mais sofrerão, porque não há como escapar. Imploro de joelhos
por eles. Eles sofrerão e nós seremos os culpáveis por
não ter feito tudo o que estava ao nosso alcance para
protegê-los e amá-los. Suplico-lhes pelos que ficarão
órfãos, pelas [mulheres] que ficarão viúvas e aqueles
que ficarão sós, porque seus pais, maridos, irmãos
e filhos foram assassinados. Imploro-lhes, por favor,
salvem-nos. Suplico-lhes pelos que ficarão deficientes
e desfigurados. São filhos de Deus. Suplico-lhes pelos
que ficarão sem casa, sem comida e sem amor. Por
favor, pensem neles como se fossem seus filhos. Por
fim, suplico-lhes pelos que perderão o que de mais
valioso Deus pode nos dar: a vida que lhes será tirada.
Suplico-lhes que salvem aos nossos irmãos e irmãs,
seus e nossos, porque nos foram dados por Deus para
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Anúncio do Evangelho
que os amemos e queiramos. Não nos compete destruir o que recebemos de Deus. Por favor, permitam
que suas mentes e sua vontade sejam a mente e a
vontade de Deus. Os senhores têm o poder de trazer a
guerra ao mundo ou de construir a paz. POR FAVOR,
ESCOLHAM O CAMINHO DA PAZ. Minhas Irmãs,
nossos pobres e eu estamos rezando muito por vocês.
O mundo inteiro reza para que abram seus corações
para Deus com amor. Talvez ganhem a guerra, mas,
qual será o preço para as pessoas arrasadas, mutiladas e desaparecidas? Apelo a vocês: a seu amor, a seu
amor por Deus e por seus semelhantes. Em nome de
Deus e em nome daqueles aos quais tornarão pobres,
não destruam a vida e a paz. Permitam que o amor
e a paz triunfem e que seus nomes sejam lembrados
pelo bem que fizeram, a alegria que repartiram e o
amor que partilharam. Por favor, rezem por mim e
por minhas Irmãs, já que tentamos amar e servir aos
pobres porque pertencem a Deus e são amados a
Seus olhos, assim como nós e nossos pobres estamos
rezando por vocês. Rezamos para que amem e alimentem o que Deus tão amorosamente tem confiado
aos seus cuidados. Que Deus lhes abençoe, agora
e sempre. Deus lhes abençoe. Madre Teresa M.C.
(Carta ao presidente George Bush e ao presidente
Saddam Hussein, 2 de janeiro de 1991)
• Não temos direito de julgar os ricos. De nossa parte,
o que desejamos não é um choque de classes, mas
um encontro, para que os ricos salvem os pobres e os
pobres salvem os ricos.
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Amor a Deus
e ao próximo
• Neste ano, com frequência fui impaciente e às vezes
severa em minhas repreensões, e notei que cada
vez ajudei menos as Irmãs; sempre obtive mais delas quando fui amável... Como deveria proceder?
Entendo que esse comportamento não é caritativo e
ainda devo encontrar respostas para as dificuldades
que por vezes procedem das diferentes personalidades das Irmãs etc. E mesmo assim, Excelência,
como devemos agradecer a Deus por nossas Irmãs.
Apesar de todos os seus defeitos, são muito fervorosas e generosas. Deus deve estar bem satisfeito com
a enorme quantidade de sacrifícios que essas jovens
Irmãs fazem, cada dia. Que Deus as conserve assim.
(Carta a Jesus anexa a sua carta ao Padre Picachy,
3 de setembro de 1959)
• Todas as superioras estiveram comigo em Calcutá
para o retiro. Foi maravilhoso ter a todas juntas.
Eu não sei o que os outros sentem, mas amo as
minhas Irmãs como amo a Jesus: com a totalidade
do meu coração, da minha alma, da minha mente
e da minha força. (Carta a Eileen Egan, 4 de outubro de 1964)
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Amor a Deus e ao próximo
• Sei que Ele nunca vai romper a sua promessa se
me mantiver fiel à palavra que lhe dei. Desejo amá-lo como jamais foi amado: com um amor terno,
pessoal, íntimo. Reze por mim. (Carta ao Padre
Neuner, 28 de janeiro de 1968)
• Meu amor por Jesus é cada vez mais simples e
creio que mais pessoal. Assim como nossos pobres, procuro aceitar a minha pobreza: o fato
de ser pequena, fraca, incapaz de grande amor.
Entretanto, desejo amar a Jesus com o amor de
Maria, e a Seu Pai, com o amor de Jesus. Sei que
está rezando por mim. Desejo que Ele se sinta satisfeito comigo, que não se preocupe com meus
sentimentos, que se sinta bem, que não fique preocupado sequer com a escuridão que envolve-o em
mim, pois, apesar de tudo, Jesus é tudo para mim,
e eu não amo ninguém senão a Jesus 7. (Carta ao
Padre Van der Peet, 19 de junho de 1976)
• Como se não bastasse fazer-se homem, Ele morreu na cruz para mostrar um amor maior, e morreu por você e por mim, e por esse leproso e por
aquele homem morrendo de fome e aquela outra
nua jazendo na rua, não só em Calcutá, mas na
África, Nova York, Londres e Oslo; e insistiu que
nos amássemos uns aos outros como Ele ama a
cada um de nós. Nós lemos tudo isso com clareza
no Evangelho: “ama como eu o amei; como eu o
amo; como o Pai me amou, assim eu o amo”. E
quanto mais o Pai o amou, mais no-lo entregou,
e quanto mais nos amemos mutuamente, mais
7 Ou seja: ama a todos em Cristo. Comparar com a última citação logo abaixo.
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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI
devemos entregar-nos uns aos outros até que nos
doa. Não basta dizer: “Amo a Deus, mas não amo
o meu próximo”. São João diz que somos mentirosos se dizemos que amamos a Deus, mas não
amamos o próximo: “Como pode amar a Deus
a quem não vê, se não ama ao próximo ao qual
vê, ao qual toca e convive?” Por isso é tão premente dar-nos conta que o amor, para que seja
verdadeiro, deve doer. (Discurso de Madre Teresa
ao receber o Prêmio Nobel da Paz, Oslo, Noruega,
11 de dezembro de 1979)
• Esta [carta] leva a vocês o amor e a bênção da
Madre, mas especialmente a alegria da certeza de
que Jesus as ama; e tudo o que lhes peço é que
se amem reciprocamente como Jesus ama a cada
uma de vocês, pois, amando-se umas às outras,
amam simplesmente a Jesus. (1980)
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