determinação do índice de sensibilidade do litoral (isl) - DSR

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XII Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar - XII COLACMAR
Florianópolis, 15 a 19 de abril de 2007
DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE SENSIBILIDADE DO LITORAL (ISL) AO
DERRAMAMENTO DE ÓLEO, PARA REGIÃO SUDESTE E SUL DO ESTADO DE
SANTA CATARINA
Oliveira, T.C.R.¹; Petermann, R.M.²; Klein, A.H.F.³
Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai 458, CP 360, 88302-202, Itajaí, SC, Brasil, 1 [email protected]; 2
[email protected]; 3 [email protected].
RESUMO
O Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL) varia de 1 a 10, e tem por base características
geomorfológicas tais como o grau de exposição à energia das ondas e marés, a declividade do litoral
e o tipo de substrato, fundamentais para a determinação do grau de impacto e permanência do óleo
derramado. O presente trabalho teve por objetivo determinar o ISL para a Região Sudeste e Sul do
Estado de Santa Catarina a fim de integrar ao projeto Cartas SAO. Para obtenção das características
foram utilizados dados oriundos do projeto Cartas SAO e campanha de campo, queforam
organizados e espacializados em um SIG para serem classificados de acordo com a metodologia
proposta pelo MMA. Para manipulação dos dados foi utilizado o software ArcMap versão 8.3. Quinze
cartas foram geradas em escala operacional (1: 50.000). Na área de estudo foram identificados 87
segmentos totalizando 819,82 Km de extensão na área de estudo. O ISL 10 (marismas e margens de
rios vegetadas) foi o mais representativo em extensão, cerca de 560 km, representado pelos rios e
complexos lagunares da área. O ISL com maior número de segmentos (41) foi o 3 (praias dissipativas
expostas). Os índices 5 (praias mistas), 7 (planície de maré arenosa exposta) e 9 (planície de maré
abrigada) não foram determinados na área em questão.
Palavras chave: Geomorfologia Costeira, Plano de Contingência, Cartas SAO.
INTRODUÇÃO
Os impactos causados à zona costeira, como conseqüência do derramamento de óleo,
comprometem não só a integridade da paisagem natural, como também as atividades econômicas, os
investimentos realizados pela sociedade, e o sustento das comunidades locais. A persistência do óleo
nas praias arenosas e em sistemas internos abrigados das ondas, como estuários e canais, contribui
para o agravamento do cenário da poluição (CARMONA et al. 2003, apud CASTRO et al. 2005).
O ISL (Índice de Sensibilidade do Litoral) indica a sensibilidade de trechos da costa, que varia
de 1 a 10. É determinado a partir das características geomorfológicas da costa fundamentais para a
determinação do grau de impacto e permanência do óleo derramado, assim como, para os tipos de
procedimento de limpeza passíveis de serem empregados (SQA/ MMA 2002).
O presente estudo foi realizado nas regiões costeiras Sudeste e Sul do Estado de Santa
Catarina. A Região Sudeste compreende os municípios de Palhoça, Paulo Lopes, Garopaba,
Imbituba, Tubarão e Laguna e encontra-se limitada pelos meridianos 48°36’ e 48°55´ de longitude
Oeste e pelos paralelos 27°52’ e 28°35´ de latitude Sul. Enquanto a Região Sul do Estado inclui os
municípios de Jaguaruna, Içara, Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota e Passos de
Torres, limitada pelos meridianos 49°00´ e 49°43´ W, e paralelos 28°37´ e 29°18´ S.
A planície que se extende de Palhoça até o Cabo de Santa Marta se mostra um litoral
recortado, com muitas saliências e reentrâncias enquanto a outra planície que vai desde o Cabo de
Santa Marta até o sul apresenta um litoral com praias extensas e acumulações de dunas e sistemas
lagunares (CARUSO Jr, 1995).
A área de estudo é caracterizada por micromarés (SCHETTINI et al., 1996), dominada por
ondulações provenientes de Leste (CANDELLA, 1997).
MATERIAIS E MÉTODOS
Para determinação do ISL foi utilizada a metodologia proposta pela SQA/MMA (2002)
presente nas Especificações e Normas Técnicas para Elaboração de Cartas SAO.
Para região compreendida entre a praia da Pinheira e o Cabo de Santa Marta, utilizaram-se
dados oriundos do projeto Cartas SAO (CNPq – CT-PETRO, processo n° 403756/04-9) para região
do Estado de Santa Catarina. Para complementação dos dados foi realizada uma campanha de
campo em outubro de 2006 correspondendo à área do Camacho até a vila de Passos de Torres.
AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia
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Os pontos de observação e as rotas de acessos para os segmentos foram registrados por
meio de um GPS. Para obtenção da declividade da praia e da face da praia foi utilizado um
clinômetro. A medida da largura da praia foi obtida por meio de uma trena.
Na determinação da granulometria na zona de espraiamento foi empregada uma escala
sedimentar desenvolvida pelo Centro de Estudos Costeiros – CECO, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Constituída de pequenas amostras de sedimentos com diversas frações de
grãos.
Como base cartográfica utilizou-se as cartas topográficas disponibilizadas pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) em arquivos digitais em escala 1:50.000, projeção UTM e Datum
SAD 69.
Como ferramenta computacional para manipular e analisar os dados adquiridos foi utilizado o
software ArcMap versão 8.3.
A partir das informações armazenadas no SIG, foram feitos os mapeamentos dos ISL da área
de estudo e geradas cartas em escala operacional (1:50.000). A linha de costa, limite entre a terra e a
água, recebeu um código de cores de acordo com as normas adaptadas por Araújo et al (2000 apud
SQA/MMA 2002), baseado no NOAA, para hábitats e feições costeiras brasileiras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação da metodologia descrita e a espacialização dos dados no SIG permitiram a
classificação dos ISL. Foram confeccionadas 15 cartas em escala operacional com os ISL
respectivos para cada ambiente.
Na área de estudo foram identificados 87 segmentos, totalizando 819,82 quilômetros de
extensão.
O primeiro segmento foi denominado por Praia da Pinheira, no município de Palhoça,
correspondente a região sudeste do Estado. Enquanto o ultimo, localizado no extremo sul do Estado
de Santa Catarina, foi nomeado por Molhe de Mampituba, pertencente ao município de Passos de
Torres.
O ISL 3, (praias dissipativas de areia média a fina expostas) representou 23,20%,
aproximadamente 190 quilômetros de linha de costa, constituído por 41 segmentos. Enquanto o ISL
10 foi o que teve maior incidência, representando 68,06% da extensão total, ou 557,93 quilômetros
(Tab.1).
TABELA 1. Extensão total dos segmentos e a respectiva porcentagem representada na área total.
Número
Extensão
% Área
ISL
de
total dos
de
Segmentos Segmentos (m)
Estudo
ISL 1
3
1.238,03
0,15%
ISL 2
2
1.009,79
0,12%
ISL 3
41
190.160,44
23,20%
ISL 4
3
15.263,05
1,86%
ISL 5
0
0,00
0%
ISL 6
26
49.061,96
5,98%
ISL 7
0
0,00
0%
ISL 8
3
5.156,36
0,63%
ISL 9
0
0,00
0%
ISL 10
9
557.930,88
68,06%
total
87
819820,52
100%
O ISL 6 (substrato rochoso com muitas reentrâncias) representou 5,98% da área em questão,
totalizando uma extensão de 49,06 quilômetros.
Para região Sudeste e Sul do Estado de Santa Catarina, não foram classificados segmentos
com ISL 5, 7 e 9, caracterizados, respectivamente, por praias mistas de areia e cascalho, planície de
maré arenosa exposta e planície de maré arenosa/ lamosa abrigada.
Pode-se dizer que a região Sudeste é mais sensível do que a região Sul, devido a grande
extensão de ISL 10, considerado o mais sensível dos índices.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia utilizada mostrou-se eficiente para visualização e determinação das
características que originam e distinguem cada índice de sensibilidade do litoral.
Devido às características geomorfológicas, as praias dissipativas (ISL 3) tiveram maior
representatividade em números de segmentos (41), em especial na porção sul.
A geomorfologia da área de estudo não agrega características compatíveis aos ISL 5, 7 e 9,
não sendo descritos no presente trabalho.
A Região Sudeste do Estado de Santa Catarina é mais sensível ao derramamento de óleo
que a Região Sul.
De acordo com o mapeamento a maior extensão dos segmentos é representada por margens
vegetadas dos rios e dos complexos lagunares da região que correspondem ao ISL 10, com 558
quilômetros.
As margens vegetadas da área de estudo são compostas por marisma, não havendo
ocorrência de manguezais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANDELLA, R. N.. 1997.Estudo de Casos de Ondas no Atlântico Sul através de Modelagem
Numérica. Tese Mestrado, UFRJ. Rio de Janeiro, 90p.
CARUSO Jr, F. 1995. Geologia e recursos minerais da região costeira do Sudeste de Santa Catarina:
com ênfase no Cenozóico. Tese Mestrado, UFRGS. Rio Grande do Sul, 167p.
CASTRO, A. F.; SOUZA, C. F.; AMARO, V. E.; VITAL, H.. 2005. Automação de cartas de
sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo utilizando técnicas de geoprocessamento em áreas
costeiras da porção setentrional do estado do Rio Grande do Norte. Anais XII SBSR, Goiânia, INPE,
p. 2109-2111.
SECRETARIA DE QUALIDADE AMBIENTAL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, BRASIL
(SQA/MMA). 2002. Especificações e Normas Técnicas para Elaboração de Cartas de Sensibilidade
Ambiental para Derramamentos de Óleo/ Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Qualidade
Ambiental nos Assentamentos Humanos. Programa de Gerenciamento Ambiental Territorial. Projeto
de Gestão Integrada dos Ambientes Costeiros e Marinhos. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
107p.
SHETTINI, C.A.F., CARVALHO, J.L.B., JABOR, P. 1996. Comparative Hydrology And
Suspendedmatter Distributioncof Four Estuaries In Santa Catarina State –Southern Brazil. In: Anais,
Workshop On Comparativestudies Of Temperate Coast Estuaries. Bahia Blanca.
AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia
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