SIMULADO DISSERTATVIO PROVA D-4 GRUPO EXM RESOLUÇÃO DA PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DE GRAMÁTICA QUESTÃO 1. (UNIFESP) Leia a tirinha para responder às questões. (A tarde, Salvador, 01.07.2007. Adaptado.) a) Na tirinha, há três ocorrências da palavra se. Indique o sentido de cada uma delas nas frases em que ocorrem. b) Reescreva a última frase da tirinha, alterando o registro para a norma padrão da língua portuguesa, em primeira pessoa do plural. a) Na primeira ocorrência (“Pode se esconder, Esmolinha”), o se é anafórico que tem como referência o sujeito da frase. No contexto significa, portanto, você, Esmolinha. Como pronome reflexivo, está indicando que a ação de esconder se projeta sobre “Esmolinha”, que se torna, simultaneamente, agente e paciente do verbo. Na segunda (“Você quer saber como sei contar, se nunca fui à escola?”), o se é uma conjunção subordinativa que estabelece relação de condição: ir à escola é posto como pré-requisito para saber contar. Tratando-se de uma condição real, a relação estabelecida pelo se sugere causalidade; como essa condição é negada, também há um traço de concessão. Mas a escolha do se em vez de qualquer outro conector torna dominante o sentido de condição. Na terceira ocorrência (“quando se vive nas ruas”), o se está funcionando como índice de indeterminação do sujeito e produz um sentido de generalização, pois se amplia o alcance do sujeito, como se qualquer pessoa do discurso pudesse estar abrangida por essa construção. b) Mas, quando vivemos nas ruas, nós acabamos aprendendo a só contar com nós mesmos... QUESTÃO 2. (FUVEST) Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as fazem o tempo todo. Raramente se dão ao trabalho de prestar contas quando erram. Quando o fazem não é decerto com a ênfase e o destaque conferidos às poucas previsões que acertam. Marcelo Leite, Folha de S.Paulo. a) Reescreva o trecho “Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as fazem o tempo todo”, iniciando-o com “Embora os jornalistas...” b) No trecho “Quando o fazem não é decerto com a ênfase (...)”, a que idéia se refere o termo grifado? a) “Embora os jornalistas não devessem fazer previsões, fazem-nas (= eles as fazem ou eles fazem-nas) o tempo todo”. b) O pronome oblíquo grifado “o” é um anafórico que tem como referência a idéia: dar-se “ao trabalho de prestar contas” dos erros que eles cometem. QUESTÃO 3. (UNICAMP) Leia o trecho a seguir e responda: — Vovô, eu quero ver um cometa! Ele me levava até a janela. E me fazia voltar os olhos para o alto, onde o sol reinava sobre a Saracena. — Não há nenhum visível no momento. Mas você há de ver um deles, o mais conhecido, que, muito tempo atrás, passou no céu da Itália. Muito tempo atrás... atrás de onde? Atrás de minha memória daquele tempo. E vovô Leone continuava: — Um dia, você há de estar mocinha, e eu já estarei morando junto das estrelas. E você há de ver a volta do grande cometa, lá pelo ano de 2010... Eu me agarrava à cauda daquele tempo que meu avô astrônomo me mostrava com os olhos do futuro e saía de sua casa. Na rua, com a cabeça nas nuvens, meus olhos brilhavam como estrelas errantes. Só baixavam à terra quando chegava à casa de vovô Vincenzo, o camponês. (Ilke Brunhilde Laurito, A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 1999, p. 16.) No trecho “Muito tempo atrás... atrás de onde? Atrás de minha memória daquele tempo.” a) Identifique os sentidos de „atrás‟ em cada uma das três ocorrências. b) Compare “Atrás de minha memória daquele tempo” com “Atrás do jardim da minha casa”. Explique os sentidos de „atrás‟ em cada uma das frases. a) Na primeira ocorrência, “atrás” tem um valor temporal, com o sentido de antes, para indicar um momento anterior ao momento da fala; na segunda, tem um valor espacial, com o sentido de no lado oposto, na parte posterior; na terceira, a expressão “atrás de” é equivalente a em busca de, à procura de. b) Na primeira frase, a narradora se diz “Atrás de minha memória daquele tempo”, com o objetivo de mostrar que estava tentando compreender uma época (aquela em que o cometa “passou no céu da Itália”) que ela não tinha vivido. Na segunda frase — que não está no texto —, supõe-se que o advérbio “atrás” seja um marcador espacial, empregado para designar aquilo que está do lado oposto, na retaguarda do lugar em que se posiciona o observador. QUESTÃO 4. (UNESP) Em troca dos artigos que enriquecem sua vida, os indivíduos vendem não só seu trabalho, mas também seu tempo livre. As pessoas residem em concentrações habitacionais e possuem automóveis particulares com os quais já não podem escapar para um mundo diferente. Têm gigantescas geladeiras repletas de alimentos congelados. Têm dúzias de jornais e revistas que esposam os mesmos ideais. Dispõem de inúmeras opções e inúmeros inventos que são todos da mesma espécie, que as mantêm ocupadas e distraem sua atenção do verdadeiro problema, que é a consciência de que poderiam trabalhar menos e determinar suas próprias necessidades e satisfações. (Herbert Marcuse, filósofo alemão, 1955.) Caracterize a noção de liberdade presente no texto de Marcuse, considerando a relação estabelecida pelo autor entre liberdade, progresso técnico e sociedade de consumo. Marcuse apresenta uma visão crítica sobre a prática da liberdade como atualmente: o excepcional progresso técnico (a partir do pós-guerra) resultou em uma oferta exagerada de bens de consumo e na criação de um modo de vida administrado: a multiplicidade de bens oculta a falta de conteúdo; o trabalho torna-se alienante (mero meio para obter recursos para a compra de bens); o tempo livre transforma-se em tempo de “lazer”, parte da esfera do consumo.