Comissão Nacional de Energia Nuclear Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear Caracterização do Ruído Magnético Barkhausen em Materiais Estruturais Utilizando Transformada Wavelet Eng. Alexandre Rodrigues Farias Dissertação de Mestrado em Ciência e Tecnologia das Radiações Minerais e Materiais Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais; Orientador: Prof. Dr. Julio Ricardo Barreto Cruz Colaborador: MSc. Silvério Ferreira da Silva Júnior Belo Horizonte, 2005 1 Comissão Nacional de Energia Nuclear CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR Caracterização do Ruído Magnético Barkhausen em Materiais Estruturais Utilizando Transformada Wavelet Eng. Alexandre Rodrigues Farias Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais; Orientador: Prof. Dr. Julio Ricardo Barreto Cruz Colaborador: M.Sc. Silvério Ferreira da Silva Júnior Belo Horizonte, 2005 2 3 DEDICATÓRIA A Deus, por estar sempre ao meu lado me propiciando momentos de intensa felicidade e realização, como o de agora. A Rachel, minha esposa amada e meus queridos pais, João e Dina, que sempre me oferecem amor e confiança. O apoio e incentivo que me proporcionaram têm sido fundamental para a realização dos meus ideais. Aos meus queridos irmãos, a família da minha esposa, pelo amor, amizade e companheirismo. A vocês, sempre que me apoiaram e participaram de minhas conquistas e vitórias, dedico este trabalho. 4 AGRADECIMENTOS Embora uma dissertação seja, pela sua natureza acadêmica, um trabalho individual, há diversas contribuições oferecidas durante sua elaboração que não podem deixar de ser lembradas. Por essa razão, desejo expressar os meus sinceros agradecimentos: A Deus por minha vida; Aos meus pais por tudo que fizeram por mim. Pela educação e valores humanos ensinados; Especialmente a minha esposa, pelo apoio e amor incondicional, pelas horas que não passamos juntos e pelas coisas que deixamos de fazer para me dedicar a este trabalho; Aos meus sogros, Maria Helena e Emmanoel, pelas demonstrações de apoio, companheirismo e amizade; A Silvério pela presteza, competência, segurança e amizade com que conduziu o desenvolvimento deste trabalho. Obrigado por tornar este sonho possível e por ter confiado em minhas possibilidades, ainda que não me conhecesse anteriormente; Especialmente a Julio Ricardo Barreto Cruz, pela orientação e amizade. Pela pessoa inteligente, gentil e dedicada desde o início deste trabalho; Aos amigos da Pós-Graduação, em especial: Rhaine Matos Gonçalves, Annibal T. B. Netto, Heloisa M.S. Oliveira, Aldo Márcio F. Lage, Polyana Fabrícia, Kássio Lacerda, Kézia P. de Oliveira, Geórgia Santos Joana, Adriano Bianchini, Adriana Mônica; Ao Prof. José Marques Correa Neves, pelo conhecimento do qual eu pude me beneficiar durante as discussões em suas aulas; Ao Prof. Fernando Lameiras, pela inteligência e ensinamentos. Pessoa pela qual tenho enorme admiração; Ao Coordenador do curso de Pós-Graduação, Prof. Waldemar Augusto de Almeida Macedo, pelas sugestões no decorrer deste trabalho; Aos demais professores do curso de Pós-Graduação: Profa. Adriana, Prof. Kazuo, Prof. Francisco Javier Rios, Profa. Vanuza, Profa. Edésia, Profa. Kassia, Prof. Tanius, Prof. José Domingos Ardisson. Aos colegas da EC2, Geraldo A. Scoralick Martins, Roberto F. Di Lorenzo, Jefferson J. Villela, Emerson Giovani Rabello, Paulo de Tarso V. Gomes, Wagner Reis da Costa Campos, Marco Antônio Dutra Quinan, 5 Márcia V. Sandinha, Eduardo Antônio de Carvalho, Vlamir Caio E. De Almeida, Nirlando A. Rocha, Marcílio S. Moreira, João Bosco de Paula, José Marcos Messias, Múcio José Drumond de Britto, Antônio Pereira Santiago. Colaboradores João Mário A. Pinto, Donizete A. Alencar, Denis H. B. Scaldaferri, Valter Quilici Pereira, Selma (esposa do Silvério) e Juliana Mambrini. Aos funcionários da biblioteca, em especial Lenira, pelo apoio colaboração e amizade demonstrada. Ao CDTN/CNEN pela oportunidade. "Todo bom pensador compreende que há outros mundos a conquistar, que estamos entrando numa nova era de evolução, de experiência, de análise; e acredita que todo homem é capaz de fazer tudo aquilo que acredita poder fazer." Napoleão Hill 6 RESUMO Neste trabalho propõe-se uma nova metodologia para a análise do ruído magnético Barkhausen, as transformadas Wavelet., uma ferramenta de processamento de sinais que possibilita exibir o comportamento das freqüências e a quantidade de informações presentes em um determinado sinal. As transformadas Wavelet são utilizadas para a análise de sinais não estacionários, proporcionando uma representação tempo-frequência do sinal simultaneamente. Foram estudados três tipos de materiais ferromagnéticos, os aços ASTM A 515, USI SAC 50 e AISI 1045. A primeira fase dos estudos abordou a análise do ruído magnético Barkhausen para a avaliação de tensões mecânicas presentes nestes materiais. Os experimentos foram realizados utilizando-se as transformadas Wavelet contínua, Wavelet discreta e Wavelet Packet – Entropia Wavelet e o método RMS convencional, sendo comparados os resultados obtidos pelos dois métodos. Verificou-se que a utilização da transformada Wavelet Packet – Entropia Wavelet apresentou melhores resultados do que os obtidos pelo método RMS. Na segunda fase, os experimentos foram realizados de forma a verificar a possibilidade de emprego do método para a diferenciação das amostras estudadas. Os estudos foram realizados para valores de tensões mecânicas entre -30 MPa e 30 MPa e os resultados obtidos pelo método tradicional RMS e pelo método de Entropia Wavelet foram submetidos a uma análise estatística que possibilitou diferenciar, por intervalos de confiança de 95%, as amostras dos diferentes materiais. As principais conclusões deste trabalho é que a análise do ruído magnético Barkhausen utilizando a técnica de processamento de sinais pelo uso de Entropia Wavelet possibilita a diferenciação de amostras dos diferentes materiais ferromagnéticos estudados e apresenta sensibilidade para a detecção de variações de tensões numa faixa de tensões superior ao método tradicional RMS. Os resultados obtidos com o uso das transformadas Wavelet contínuas e das outras transformadas Wavelet discretas não apresentaram informações relevantes para estas aplicações. Palavras chaves: Efeito Barkhausen, efeito magnetoelástico, classificação de materiais, decomposição multiescalar, regressão, transformadas Wavelets. 7 ABSTRACT In this study, a new methodology for Barkhausen noise analysis of ferromagnetic materials is proposed. This methodology is based on the use of the Wavelet transforms, a signal processing tool capable of providing the frequency content and he amount of information of a particular signal. The Wavelet transforms are used for non-stationary signals analysis and are capable of providing the time and frequency information simultaneously, hence giving a timefrequency representation of the signal. Three different ferromagnetic materials were investigated, the ASTM A 515, USI SAC 50 and AISI 1045 steels. The first part of the study was directed to the analysis of the magnetic Barkhausen noise for evaluation of the mechanical stresses present in these materials. The experiments were performed using the Continuous Wavelet Transforms, the Discrete Wavelet Transforms, the Wavelet Packet Transform – Wavelet Entropy and the conventional RMS Method. The results obtained from these methods were compared. The results obtained from the use of the Wavelet Packet Transform – Entropy Wavelet were more representative than those obtained from the use of the RMS method. In the second part of this study, the experiments were performed in order to verify the use of these methods to separate the materials studied. The experiments were performed in the stress range from – 30 MPa to 30 MPa and the results obtained from the RMS Method and the Wavelet Packet Transforms Method – Entropy Wavelet were submitted to a statistical analysis that allowed differentiating, with 95% on confidence interval, the samples of the materials studied. The mains conclusions obtained from this study are: the stress range where the Wavelet Packet Transforms - Entropy Wavelet Method presented sensitivity for stress changes in the materials studied was larger than the presented by the RMS Method and the use of this Wavelet Transforms was adequate to differentiate the materials used in this work. The results obtained from the Continuous Wavelet Transforms and the other Discrete Wavelet Transforms did not present relevant information for these applications. 8 LISTA DE FIGURAS FIG. 1 - Movimento das fronteiras de domínio para favorecer o alinhamento e crescimento dos domínios em função do campo magnético aplicado. (a) Ausência de campo magnético. (b) Presença de um fraco campo magnético. (c) Presença de um forte campo magnético ocasionando o alinhamento dos domínios................................................................................25 FIG. 2 - Estrutura de uma fronteira de domínio de180º...........................................................25 FIG. 3 - Curva de magnetização característica de um material ferromagnético...................... 26 FIG. 4 - Curva de histerese e o comportamento dos domínios magnéticos em cada estágio do ciclo................. ......................................................................................................................... 27 FIG. 5 - Curva de Histerese para material ferromagnético destacando as descontinuidades que produzem o ruído Barkhausen (JILLES, D.1998).................................................................... 28 FIG. 6 - Sinal magnético Barkhausen obtido de uma amostra de aço ASTM A 515. ............. 29 FIG. 7 - Ilustração do efeito da tensão sobre a estrutura de domínios. (a) condição inicial: Domínios orientados aleatoriamente, sem nenhuma tensão aplicada. (b) mesma amostra de (a), exceto pela moderada tensão aplicada. (c) mesma amostra de (b), exceto pelo aumento da tensão aplicada (PASLEY, R. L., 1969)................................................................................... 30 FIG. 8 - Amplitude do sinal Barkhausen devido ao carregamento aplicado (PASLEY, R. L., 1969)......................................................................................................................................... 31 FIG. 9 - Análise de um sinal pela técnica de janelamento utilizando STFT............................ 32 FIG. 10 - Análise de um sinal pela técnica de janelamento utilizando Transformada Wavelet.............. ....................................................................................................................... 33 FIG. 11 - Cobertura do espectro de freqüência pela TW ........................................................ 33 FIG. 12 - Representação de uma senoide infinita (a) e uma Wavelet finita (b) de curta duração......... ............................................................................................................................ 34 FIG. 13 - Representação de uma função Wavelet em baixa (a) e alta escala(b). .................... 35 FIG. 14 - Coeficientes Wavelets produzidos em diferentes escalas e por diferentes regiões do sinal. Em (a), um menor coeficiente devido a uma menor aproximação. Em (b), maior coeficiente devido a uma melhor aproximação do sinal e a Wavelet dilatada. ........................ 35 9 FIG. 15 - Representação dos coeficientes Wavelet do RMB utilizando TWC para uma amostra de aço ASTM A 515 utilizando uma Wavelet Daubechies (db4). .............................. 36 FIG. 16 -Processo de filtragem e decimação de um sinal s. ................................................... 40 FIG. 17 - Exemplo de um sinal gerado por uma amostra de aço ASTM A 515 sem carregamento decomposto em níveis de detalhe de cD1(1) a cD5(5). ...................................... 41 FIG. 18 - Árvore de decomposição Wavelet ........................................................................... 42 FIG. 19 - Equipamento Stresstest 2004 .................................................................................. 44 FIG. 20 - Sonda de excitação e leitura do ruído magnético Barkhausen ................................ 45 FIG. 21 - Desenho esquemático de uma sonda característica para a excitação do material e detecção do sinal magnético Barkhausen resultante................................................................. 45 FIG. 22 - Desenho esquemático da montagem das vigas de isoflexão para a calibração do sistema de ensaios pelo efeito Barkhausen............................................................................... 48 FIG. 23 - Foto da montagem da viga de isoflexão para a calibração dos ensaios. ................. 49 FIG. 24 - Interface do software utilizado para controle da placa de aquisição e armazenamento dos dados referente ao ruído magnético Barkhausen emitido pelas amostras....................................................................................................................................53 FIG. 25 - Diagrama básico de um ensaio de materiais baseado na análise de sinal Barkhausen utilizando sistema de aquisição de dados ................................................................................. 55 FIG. 26 - Metalografia da amostra ASTM A 515, apresentando uma estrutura composta por ferrita e perlita. Aumento 200x................................................................................................. 56 FIG. 27 - Metalografia da amostra AISI 1045, indicando uma estrutura de perlita e ferrita. Aumento 200x. ......................................................................................................................... 57 FIG. 28 – Metalografia da amostra USI SAC 50, indicando uma estrutura formada por ferrita e perlita.............. ....................................................................................................................... 57 FIG. 29 - Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 para um intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz..............................................................................................................................................64 FIG. 30 - Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. ............................. 64 10 FIG. 31 - Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. .................... 64 FIG. 32 - Curva resposta associando a Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz............ ................................................................................................................................. 65 FIG. 33 - Curva resposta associando o valor da Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes, para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz.................................................................................................................................... 65 FIG. 34 - Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa campo magnético de excitação de 10 Hz.................................................................................................................................... 65 FIG. 35 - Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras SAC 50, AISI 1045 e ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de de excitação de 10 Hz. ....................................................................................... 66 FIG. 36 - Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para as amostras SAC 50, AISI 1045 e ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz.................................................................................. 66 FIG. 37 - Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 para um intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. .................. 69 FIG. 38 - Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. ........................... 69 FIG. 39 - Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. .................. 69 FIG. 40 - Curva resposta associando a Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz................ ............................................................................................................................. 70 FIG. 41 - Curva resposta associando o valor da Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes, para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz.................................................................................................................................. 70 11 FIG. 42 - Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz.................................................................................................................. 70 FIG. 43 - Valores de Entropia Wavelet do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra SAC 50 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz..................72 FIG. 44 - Valores de Entropia Wavelet do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra AISI 1045 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz..............72 FIG. 45 -Valores de Entropia Wavelet do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra ASTM A 515 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz........ 72 FIG. 46 - Valores RMS do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra SAC 50 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz............................... 73 FIG. 47 - Valores RMS do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra AISI 1045 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz............................... 73 FIG. 48 - Valores RMS do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra ASTM A 515 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz............................... 73 FIG. 49 - Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras AISI 1045 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa.. ..................................................................................... 75 FIG. 50 - Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras SAC 50 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa............................................................................................ 75 FIG. 51 - Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras ASTM A 515 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa........................................................................ 75 FIG. 52 - Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra AISI 1045 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa........................................................................ 76 FIG. 53 - Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra SAC 50 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa........................................................................ 76 FIG. 54 - Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra ASTM A 515 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa................................................................... 76 FIG. 55 – Gráfico de dispersão dos dados do ruído magnético Barkhausen RMS x tensão aplicada para uma amostra do aço ASTM A 515 submetida a carregamentos de ±30 MPa........................................................................................................................................... 78 FIG. 56 – Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen em RMS x tensão aplicada para uma amostra do aço AISI 1045 submetida a carregamentos de ±30 MPa...................... . 78 12 FIG. 57 – Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen em RMS x tensão aplicada para uma amostra do aço SAC 50 submetida a carregamentos de ±30 MPa. .......................... 78 FIG. 58 – Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço ASTM A 515 submetida a carregamentos de ±30 MPa........................................................................................................................................... 79 FIG. 59 – Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço SAC 50 submetida a carregamentos de ±30 MPa. ............ 79 FIG. 60 – Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço AISI 1045 submetida a carregamentos de ±30 MPa........................................................................................................................................... 79 FIG. 61 – Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço AISI 1045 submetida a carregamentos de ±30 MPa........................................................................................................................................... 85 13 LISTA DE TABELAS TAB. 1 – Composição química dos aços fornecida pelo fabricante........................................56 TAB. 2– Resumo dos resultados dos métodos RMS e Entropia Wavelet...............................71 TAB. 3 – Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de RMS da amostra ASTM A 515.......................................................................81 TAB. 4 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de RMS da amostra AISI 1045............................................................................81 TAB. 5 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de RMS da amostra SAC 50................................................................................81 TAB. 6 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de Entropia Wavelet da amostra ASTM A 515....................................................82 TAB. 7 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de Entropia Wavelet da amostra AISI 1045........................................................82 TAB. 8 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de Entropia Wavelet da amostra SAC 50.............................................................82 TAB. 9 - Relação entre escala e freqüência para as transformadas Wavelet Contínuas...........85 14 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS STFT = Short Time Fourier Transform RMS = Root Mean Square RMB = Ruído Magnético Barkhausen WT = Wavelet Transform TWC = Transformada Wavelet Contínua TF = Transformada de Fourier Ψ = Wavelet Φ = Função escalar cA(n) = Coeficiente de Aproximação de nível n cD(n) = Coeficiente de Detalhe de nível n hd(n) = Filtro passa baixa gd(n) = Filtro passa alta εX = Quantidade efetiva de bits de um sinal β1 = Coeficiente angular ou inclinação da reta β0 = Interseção da reta com os eixo dos y εi = Variável erro α = Nível de significância H = Campo magnético ou força magnetizadora B = Indução Magnética 15 M = Magnetização HC = Força coerciva BR = Indução magnética residual BSAT = Indução magnética de saturação 16 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................18 1.1. Apresentação do Tema.................................................................................................. 18 1.2. Justificativa e Motivação.............................................................................................. 19 1.3. Objetivos....................................................................................................................... 20 1.4. Organização do Trabalho............................................................................................. 21 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................. 22 2.1. Introdução..................................................................................................................... 22 2.1.1-Materiais Ferromagnéticos...................................................................................... 23 2.1.2-Diamagnetismo ....................................................................................................... 23 2.1.3-Paramagnetismo ...................................................................................................... 24 2.1.4-Ferrimagnetismo ..................................................................................................... 24 2.1.5-Domínios Magnéticos ............................................................................................. 24 2.1.6-Curva de Histerese .................................................................................................. 26 2.1.7-Efeito Barkhausen ................................................................................................... 27 2.2. Transformadas Wavelet................................................................................................ 32 2.2.1-Introdução ............................................................................................................... 32 2.2.2-Wavelets .................................................................................................................. 33 2.2.3-Transformada Wavelet Contínua............................................................................. 35 2.2.4-Transformada Wavelet Discreta .............................................................................. 38 2.2.5-Transformada Wavelet Packet – TWP .................................................................... 42 3. METODOLOGIA.. ................................................................................................................44 3.1. Equipamento para medida do ruído magnético Barkhausen.........................................44 3.2. Vigas de Isoflexão.........................................................................................................47 3.3. Dispositivo de Carregamento........................................................................................48 3.4. Sistema de ensaio para medida das deformações das amostras................................... 49 3.5. Sistema de aquisição de dados...................................................................................... 52 17 3.6. Materiais....................................................................................................................... 55 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................................ 59 4.1. Avaliações da sensibilidade às variações de tensões mecânicas pele análise do ruído magnético Barkhausen pelo método do valor RMS e de Entropia Wavelet........................ 60 4.2. Diferenciação de Materiais............................................................................................74 4.3. Aplicação da Transformada Wavelet Discreta ao Ruído Magnético Barkhausen........83 4.4. Aplicação da transformada Wavelet Contínua ao Ruído Magnético Barkhausen........ 84 5. CONCLUSÕES.................................................................................................................... 86 6. BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................88 ANEXO A - Rotina Técnica para medição da tensão de excitação, do campo magnético de excitação e do ruído magnético Barkhausen através da placa de aquisição de dados NI PCI 6070-E utilizando equipamento Stresstest 2004 e medidor de campo F.W.Bell Modelo 5080.......................................................................................................................................... 92 18 1 INTRODUÇÃO 1.1. Apresentação do Tema O desenvolvimento de métodos de ensaios não destrutivos confiáveis para a caracterização de materiais utilizados em componentes estruturais tem se tornado de grande interesse para os programas de avaliação de integridade estrutural e extensão de vida. Para o sucesso destes programas é necessário que se conheça o estado dos materiais durante sua utilização, de forma a possibilitar a obtenção de um conjunto de informações suficientes que permita a realização de avaliações confiáveis. Recentemente, um dos métodos que tem se destacado para caracterizar o comportamento dos materiais ferromagnéticos tem sido a análise do ruído magnético Barkhausen, emitido por materiais ferromagnéticos quando submetidos à influência de um campo magnético em condições específicas, os quais podem ser detectados por sensores eletrônicos. O ruído magnético Barkhausen se origina das interações que ocorrem entre os domínios magnéticos e as heterogeneidades estruturais existentes no interior do material durante o processo de magnetização. Este ruído é sensível a alterações microestruturais e ao estado de tensões presente no material sendo, por exemplo, utilizado para a determinação do nível de tensões aplicadas em materiais estruturais (SILVA JUNIOR, S. F., 1998). Uma das técnicas mais utilizadas para a análise do ruído magnético Barkhausen é a determinação do valor RMS do ruído, que consiste, matematicamente, no cálculo da raiz quadrada da média dos quadrados de seus valores instantâneos. O desenvolvimento das técnicas de medição, tem tornado possível investigar algumas propriedades dos materiais pela análise RMS do ruído magnético Barkhausen. Entretanto, a análise baseada no valor RMS do ruído magnético Barkhausen apresenta limitações. A dependência existente entre as características do material e o valor RMS do ruído é evidenciada apenas em alguns casos muito especiais o que significa que pode haver perda de informações pela análise baseada apenas no valor RMS do ruído (MAASS, 2000). Neste trabalho, propõe-se a utilização de uma técnica de processamento de sinais que vem sendo difundida por diversas áreas da ciência nos últimos 10 anos, as transformadas Wavelet, para a análise do ruído magnético Barkhausen. As transformadas Wavelet são uma ferramenta de processamento de sinais que possibilita exibir o comportamento das freqüências e a 19 quantidade de informações presentes em um sinal sob diferentes carregamentos. Sua aplicação na área de processamento de sinais pode ser encontrada em diversos trabalhos, e.g., (CHAPA, J.O. et al, 2000; EVANGELISTA, G. et al, 1998; GRAPHS, A., 1995; SARKAR, T. K. et al, 1998). Esta técnica foi aplicada ao estudo de três diferentes tipos de materiais ferromagnéticos, os aços ASTM A 515, USI SAC 50 e AISI 1045, submetidos a diferentes carregamentos de tração e compressão. Os resultados obtidos pela utilização da nova técnica foram analisados e comparados com os obtidos pelo método convencional, que utiliza como parâmetro de referência o valor RMS do ruído. Foi ainda utilizado um modelo de regressão para diferenciar, por intervalos de confiança de 95%, as amostras dos diferentes materiais estudados. 1.2. Justificativa e Motivação As propriedades mecânicas como a dureza, a ductilidade e a resistência à tração são propriedades estruturais dos materiais que estão diretamente relacionadas com a sua microestrutura, composição química e processos de fabricação. Estudos desenvolvidos demonstraram que mudanças que ocorrem nestas propriedades também promovem alterações nas características magnéticas dos materiais ferromagnéticos, como o ruído magnético Barkhausen emitido durante a magnetização (KANLOENSKI, e outros, 2000). O efeito Barkhausen se deve ao movimento das fronteiras dos domínios em um material ferromagnético durante o processo de magnetização, que está diretamente ligado a características dos materiais como o tipo de microestrutura, a dureza, a presença de tensões internas e externas, inclusões, defeitos etc. Estas descontinuidades atuam como barreiras de energia ao movimento das fronteiras e influenciam o padrão de emissão do ruído magnético Barkhausen. Desta forma, a análise do ruído Barkhausen pode ser utilizada como uma ferramenta extremamente eficaz na avaliação não destrutiva de componentes estruturais. Grande parte dos pesquisadores utiliza o valor RMS do ruído magnético Barkhausen para a investigação de materiais ferromagnéticos (MESZÁROS, 2004), tanto para determinação de tensões quanto para aspectos microestruturais. Análises de características de materiais baseadas em parâmetros como o valor RMS do ruído magnético Barkhausen, emitido pelo 20 material durante a magnetização, podem não representar completamente as características de interesse e a busca por relações entre os parâmetros do ruído magnético Barkhausen e propriedades de materiais ferromagnéticos são ainda objeto de pesquisa (MAASS, 2000). A utilização das transformadas Wavelet para a análise do ruído magnético Barkhausen, com o objetivo de estudar características de materiais ferromagnéticos é uma iniciativa recente, havendo trabalhos para diferenciar amostras de um mesmo material submetido a diferentes condições de processamento mecânico (MAASS, 2000) e para estudos da dependência direcional do ruído magnético Barkhausen e da emissão magneto-acústica em amostras de Metglass (RUZZANTE, J. E., 2004). A possibilidade de utilização de uma técnica que permita a obtenção de um maior número de informações a partir da análise do ruído magnético Barkhausen para o estudo de tensões em materiais estruturais apresenta uma importância substancial. O método convencional, que utiliza como parâmetro de referência o valor RMS do ruído, é limitado a uma determinada faixa de valores de tensões. Além destes ocorre uma saturação no valor RMS do ruído que impõe limitações ao uso deste método. Aliado aos objetivos principais do trabalho está o fato deste ser uma contribuição ao desenvolvimento de um método de ensaio não destrutivo de materiais estruturais, com a vantagem de não introduzir nenhuma modificação no material avaliado e poder ser realizado, em grande parte das situações, com o equipamento avaliado em operação. 1.3. Objetivos Os principais objetivos deste trabalho são: (1) Avaliar a utilização das transformadas Wavelet na a análise do ruído magnético Barkhausen para a avaliação das tensões presentes em materiais ferromagnéticos. (2) Comparar os resultados obtidos pela análise do ruído magnético Barkhausen através das transformadas Wavelet com os obtidos utilizando se o valor RMS do ruído. (3) Demonstrar que pelo uso de técnicas de análise de sinais associadas a um modelo estatístico adequado é possível diferenciar amostras de diferentes materiais e diferenciar diferentes estados de tensão em um mesmo material. 21 (4) Aplicar a transformada Wavelet Discreta e Contínua aos sinais magnéticos Barkhausen emitidos por amostras de diferentes materiais quando submetidos a diferentes carregamentos de tração e compressão objetivando caracterizar seu comportamento. (5) Desenvolver um software que possibilite a comunicação entre o equipamento de detecção do ruído magnético Barkhausen, Stresstest 2004, e um sistema de processamento de sinais. 1.4. Organização do Trabalho No Capítulo 2, é feita uma revisão bibliográfica e são apresentados os fundamentos teóricos relacionados ao ruído magnético Barkhausen e às transformadas Wavelet. A fundamentação teórica das propriedades e origem dos sinais Barkhausen para estudo do comportamento dos materiais é apresentada evidenciando suas propriedades e limitações de análise. São descritas as principais transformadas Wavelets testadas para a elaboração deste trabalho e as formas de análises gráficas e por decomposição por filtros passa-alta e passa-baixa. No Capítulo 3, é descrita a metodologia aplicada, abrangendo os ensaios realizados, a descrição detalhada dos equipamentos e dispositivos utilizados, a instrumentação das amostras e as características e propriedades dos materiais utilizados. No Capítulo 4, são apresentados e discutidos os resultados numéricos e gráficos incluindo os resultados obtidos pelo novo método proposto e os resultados pelo método RMS. No Capítulo 5, são apresentadas as conclusões do trabalho e algumas sugestões para continuidade e complementação dos estudos realizados. No Anexo A, é apresentada uma RT (Rotina Técnica) para orientação na obtenção de dados referentes ao ruído magnético Barkhausen utilizando o sistema de aquisição de dados. 22 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Introdução Os materiais ferromagnéticos apresentam propriedades magnéticas originadas principalmente dos momentos magnéticos dos elétrons, devido ao seu movimento orbital e de rotação em torno de seu próprio eixo. Algumas destas propriedades, como a força coerciva, permeabilidade e as características do ruído magnético Barkhausen emitido durante a magnetização, sofrem grande influência quanto às características de fabricação destes materiais, principalmente quanto a sua composição química, processamento mecânico e térmico (JILES, D. 1998). A sensibilidade apresentada por estas propriedades dos materiais e seu histórico de fabricação permite o seu uso como ferramenta na avaliação não destrutiva dos materiais ferromagnéticos. As propriedades magnéticas de um determinado material são devidas aos momentos magnéticos produzidos pelo núcleo e pelos elétrons de seus átomos. O momento magnético produzido pelo núcleo exerce uma contribuição muito pequena ao momento magnético total do átomo. Os momentos magnéticos produzidos pelos elétrons, em virtude de seu movimento, contribuem para a quase totalidade do momento magnético do átomo. Existem dois tipos de movimentos realizados pelos elétrons. O primeiro é o movimento orbital ao redor do núcleo, que dá origem a um momento angular mecânico e a um momento angular magnético associado ao mesmo, normal ao plano da órbita. O segundo é o movimento de rotação ao redor de seu próprio eixo, dando origem ao momento magnético intrínseco ou momento magnético do spin, paralelo ao eixo de rotação. O momento magnético associado a cada um destes movimentos é uma quantidade vetorial. O momento magnético total do átomo é a soma vetorial de todos os momentos, dando origem a diferentes classes de materiais em termos de propriedades magnéticas. Os materiais em que os momentos magnéticos de todos os elétrons são orientados de forma a se anularem uns aos outros, fazendo com que o átomo não apresente um momento magnético resultante, são classificados como materiais diamagnéticos. Os materiais em que os momentos magnéticos não se anulam totalmente, apresentando um momento magnético resultante, são classificados como materiais paramagnéticos, ferromagnéticos, antiferromagnéticos e 23 ferrimagnéticos (CULLITY, 1972). As características de cada uma destas classes serão abordadas a seguir. 2.1.1. Materiais Ferromagnéticos O ferromagnetismo é uma forma de magnetismo apresentada por materiais que possuem um momento magnético permanente, mesmo na ausência de um campo magnético externo. Estes materiais apresentam altos níveis de magnetização e o efeito da magnetização permanente, que será maior ou menor dependendo das características da sua microestrutura. Os momentos magnéticos permanentes apresentados pelos materiais ferromagnéticos são devidos quase em sua totalidade aos momentos magnéticos resultantes dos spins, sendo pequena a contribuição dos momentos magnéticos orbitais. Nestes materiais há uma interação entre os momentos magnéticos resultantes dos spins de átomos adjacentes, que faz com que os momentos se alinhem uns em relação aos outros, mesmo sem a influência de um campo magnético externo. Este alinhamento persiste sobre regiões relativamente grandes do cristal, denominadas domínios magnéticos. Esta forma de magnetismo é característica dos metais de transição ferro (estrutura CCC), cobalto, níquel e de algumas terras raras como o gadolínio, disprósio, érbio, hólmio e túlio. As suscetibilidades magnéticas podem atingir valores da ordem de 10 6, fazendo com que a magnitude da indução magnética B no interior de um material ferromagnético atinja valores extremamente altos comparados ao campo que as produziu. 2.1.2. Diamagnetismo O diamagnetismo é uma forma muito fraca de magnetismo não permanente que existe somente enquanto o material está submetido à ação de um campo magnético externo, sendo induzido por uma mudança no movimento orbital dos elétrons devido ao campo aplicado. O valor do momento magnético induzido é extremamente pequeno e de direção oposta ao campo aplicado. A permeabilidade relativa µr é levemente menor do que a unidade, e a suscetibilidade magnética é negativa, da ordem de 10 -5 a 10-6, fazendo com que a magnitude da indução magnética B no interior de um material diamagnético seja ligeiramente menor do que no vácuo. O diamagnetismo é encontrado em todos os materiais mas devido ao seu valor, só pode ser observado quando as outras formas de magnetismo estão ausentes. 24 2.1.3. Paramagnetismo O paramagnetismo é uma forma de magnetismo apresentada por alguns materiais devido a cada átomo do material apresentar um momento de dipolo permanente, em virtude do não cancelamento dos momentos magnéticos orbitais e do spin. Na ausência de um campo magnético externo as orientações destes momentos magnéticos atômicos são aleatórias e o material como um todo não apresenta uma magnetização resultante. Sob a ação de um campo magnético externo os dipolos tendem a se alinhar por rotação em direções próximas à do campo aplicado, resultando no efeito denominado paramagnetismo. Os dipolos atuam individualmente, não havendo interação entre dipolos adjacentes. A permeabilidade relativa µr é levemente maior do que a unidade e a suscetibilidade magnética é positiva, da ordem de 10 -5 a 10 -3, fazendo com que a magnitude da indução magnética B no interior de um material paramagnético seja ligeiramente maior do que no vácuo. Exemplos de materiais paramagnéticos são o alumínio, a platina e o manganês. 2.1.4. Ferrimagnetismo O ferrimagnetismo é a forma de magnetismo apresentada por alguns materiais, que exibem uma magnetização permanente. As características magnéticas macroscópicas dos materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos são similares, havendo distinção na origem do momento magnético resultante apresentado pelos materiais ferrimagnéticos. Estes materiais apresentam alinhamentos paralelos e antiparalelos dos momentos magnéticos atômicos, havendo, entretanto, uma magnetização resultante em uma direção. 2.1.5. Domínios Magnéticos A nível macroscópico, domínios magnéticos são pequenos volumes distribuídos ao longo dos materiais e são compostos por vários átomos que se encontram alinhados paralelamente. No estado desmagnetizado, sem a influência de tensões ou campos magnéticos externos, os domínios se encontram distribuídos de forma aleatória e a magnetização resultante do material é igual ou próxima a zero. Quando os domínios sofrem a influência de um campo magnético externo, FIG. 1, os átomos de um dado volume sofrem uma rotação conjunta em volta de seu próprio eixo e se alinham na direção mais próxima à direção do campo magnético externo aplicado ocasionando mudanças apenas na direção de magnetização do volume (BOZORTH, R.M., 1951). 25 (a) (b) (c) FIGURA 1 - Movimento das fronteiras de domínio para favorecer o alinhamento e crescimento dos domínios em função do campo magnético aplicado. (a) Ausência de campo magnético. (b) Presença de um fraco campo magnético. (c) Presença de um forte campo magnético ocasionando o alinhamento dos domínios. As fronteiras dos domínios podem ser classificadas como fronteiras de 180º, nas quais os spins giram de 180º de um domínio para o domínio adjacente e fronteiras de 90º, nas quais os spins giram de 90º de um domínio para o domínio adjacente. A mudança de orientação do spins na fronteira se dá de forma suave e este fato pode ser observado esquematicamente na FIG. 2, onde é apresentado a fronteira entre dois domínios com orientações defasadas de 180º. A largura da fronteira varia entre 102 a 103 Angstrons [CHIKAZUMI, 1966]. FIGURA 2 - Estrutura de uma fronteira de domínio de180º. 26 2.1.6. Curva de Histerese A curva de magnetização característica de um material ferromagnético, indicada na FIG. 3, é obtida plotando-se os valores da intensidade de magnetização M ou da indução magnética B em função da força magnetizadora H e pode ser utilizada para estudar o comportamento de um material ferromagnético sob a influência de um campo magnético externo aplicado. A curva de magnetização se divide em quatro regiões. Na primeira região ocorre a magnetização do material a qual é reversível com a retirada do campo magnético aplicado e é chamada de permeabilidade inicial onde o aumento crescente no valor do campo magnético aplicado ocasiona o deslocamento das fronteiras dos domínios a partir de suas posições iniciais. Região de saturação M Região de Rotação da Magnetização Região de magnetização irreversível Região de permeabilidade inicial 0 H FIGURA 3 - Curva de magnetização característica de um material ferromagnético Na segunda região, chamada de magnetização irreversível, devido ao aumento da intensidade do campo magnético aplicado, ocorre o deslocamento das fronteiras dos domínios de forma irreversível e ocasiona no material um magnetismo residual. A presença de grandes quantidades de inclusões e precipitados nos materiais pode ocasionar nesta região a rotação irreversível do vetor de magnetização dos domínios. Nesta região o sinal Barkhausen pode ser detectado por que muitas das pequenas descontinuidades que ocorrem na magnetização são induzidas pelo deslocamento irreversível das fronteiras dos domínios e pela rotação irreversível da magnetização local dos domínios. O aumento do campo magnético a partir desta região conduz os domínios à região chamada região de rotação da magnetização e ocasiona mais uma vez a irreversibilidade dos domínios, pois, considera-se que o movimento das fronteiras já se completou e o aumento da magnetização é responsável apenas pela rotação dos domínios. Após esta região a magnetização atinge a magnetização de saturação do material (JILLES, D.1998). 27 Observa-se nas curvas de histerese utilizadas para representar o comportamento dos materiais ferromagnéticos que a curva de magnetização inicial não é retraçada quando os valores de campo sofrem uma diminuição ao atingirem a chamada região de magnetização irreversível. Este comportamento, representado na curva de histerese, é indicado pela linha tracejada da FIG. 4 e deve-se principalmente à rotação irreversível da magnetização dos domínios e ao deslocamento irreversível das fronteiras dos domínios. Na curva de magnetização representada na FIG. 4 pela linha contínua, verifica-se que o aumento do campo magnético H ocasiona o aumento no valor da intensidade magnética M de zero até um máximo que ocorre na região de saturação do material. Ao se reduzir a intensidade do campo magnético aplicado, a curva percorre uma trajetória que passa pelo zero, sofre inversão e atinge novamente a região de saturação do material. FIGURA 4 - Curva de histerese e o comportamento dos domínios magnéticos em cada estágio do ciclo. 2.1.7. Efeito Barkhausen Os domínios magnéticos constituem a microestrutura dos materiais ferromagnéticos e no estado desmagnetizado encontram-se com a direção dos vetores de magnetização aleatoriamente distribuídos. As fronteiras entre os domínios de diferentes magnetizações são constituídas pelas paredes dos domínios que apresentam uma distribuição suave nas suas direções de magnetização, conforme visto na FIG. 2. Quando submetidos a um campo magnético externo, os vetores de magnetização dos domínios tendem a aumentar na direção do campo magnético aplicado causando a aniquilação das fronteiras entre os domínios. No 28 estado de saturação, os vetores de magnetização têm a mesma direção e as paredes dos domínios tornam se mais simples formando um único domínio, FIG. 1(c). O movimento das fronteiras dos domínios é diretamente influenciado por diversas barreiras estruturais presentes no material. Entre estas barreiras podem se citar inclusões, discordâncias, contorno de grãos e a presença de tensões internas ao material. À medida que os domínios magnéticos crescem sob a influência de um campo magnético externo, eles encontram estas barreiras que são vencidas com o aumento da intensidade do campo magnético aplicado. O movimento dos domínios por estas barreiras ocorre em saltos e causa mudanças discretas na magnetização do material dando origem ao ruído magnético Barkhausen. A interação entre domínios magnéticos e as barreiras estruturais presentes no material dá origem a dois tipos de sinais: acústico e magnético Barkhausen (SIPAHI, L. B., 1994; KAMEDA, J., 1987). O sinal acústico origina-se das ondas elásticas emitidas pelo material quando subitamente as fronteiras de domínios se libertam de uma barreira estrutural. O sinal magnético origina-se principalmente do movimento irreversível das fronteiras de 180º através das barreias de energia quando um material ferromagnético é submetido a um campo magnético externo variável que percorre toda a sua curva de histerese (SIPAHI, L. B., 1994; KAMEDA, J., 1987). A curva de histerese de uma amostra ferromagnética não é tão regular como aparenta, FIG. 5, uma vez que os movimentos dos domínios pelas barreiras estruturais causam rápidas mudanças no fluxo magnético e este efeito pode ser detectado quando induzido em uma bobina sensora. Na região aumentada da curva, cada linha vertical nos degraus representa o movimento discreto de um conjunto de fronteiras e cada linha horizontal representa o tempo de espera antes que o próximo movimento ocorra (JILES, D., 1998). FIGURA 5 - Curva de Histerese para material ferromagnético destacando as descontinuidades que produzem o ruído Barkhausen (JILLES, D.1998). 29 O espectro de freqüências apresentado pelo ruído magnético Barkhausen pode variar de alguns Hz até valores como 100 kHz (MAASS,2000) ou mesmo centenas de kHz (FLAMMINI, A. 2001). O ruído magnético Barkhausen, representado no domínio tempo x amplitude é apresentado na FIG. 6, onde podem ser observados a tensão de excitação aplicada a sonda, o campo magnético aplicado à amostra e o correspondente ruído magnético Barkhausen emitido. O valor máximo do ruído magnético Barkhausen ocorre quando a densidade de fluxo no material é zero, ou seja, no ponto de coercividade Hc. FIGURA 6 - Sinal magnético Barkhausen obtido de uma amostra de aço ASTM A 515. O que torna útil o uso do ruído magnético Barkhausen na caracterização, classificação e identificação de amostras de materiais ferromagnéticos é a sua sensibilidade quanto às variações nas propriedades mecânicas, variações microestruturais e estado de tensões presentes no material. Quando uma amostra de material ferromagnético é submetida a uma deformação elástica, as configurações dos domínios rearranjam-se energeticamente para uma configuração mais favorável. Na presença de um campo magnético externo e de tensões de tração, a amplitude do ruído magnético Barkhausen aumenta até atingir o limite elástico do material. Caso as tensões presentes sejam de compressão, o efeito é contrário, ou seja, a amplitude do ruído magnético Barkhausen diminui. Esta é a base para caracterização de tensões elásticas pelo 30 método de análise do ruído magnético Barkhausen, sendo a interação entre a estrutura dos domínios e a presença de tensões no material indicada na FIG. 7. Fronteiras de domínio (a) Tensão aplicada (b) (c) FIGURA 7 - Ilustração do efeito da tensão sobre a estrutura de domínios. (a) condição inicial: Domínios orientados aleatoriamente, sem nenhuma tensão aplicada. (b) mesma amostra de (a), exceto pela moderada tensão aplicada. (c) mesma amostra de (b), exceto pelo aumento da tensão aplicada (PASLEY, R. L., 1969). Na condição desmagnetizada e sem tensão aplicada da FIG. 7 (a), o arranjo dos domínios magnéticos é tal que o resultado total da magnetização é zero. Esta condição é representada por 4 domínios separados e com ângulos de 90º. Na FIG. 7 (b) uma tensão moderada é aplicada a estrutura de domínio. Esta tensão aplicada ocasiona a diminuição dos domínios perpendiculares e o crescimento dos domínios paralelos à tensão aplicada. O aumento da tensão aplicada resulta na configuração do domínio da FIG. 7 (c). (PASLEY, R. L., 1969) em seu trabalho, FIG. 8, observou um aumento contínuo na amplitude do sinal, para carregamento de tração, até cerca de metade do valor da tensão de escoamento do material. A partir deste valor, o acréscimo na amplitude do sinal com o aumento do carregamento foi insignificante, indicando que a sensibilidade do método para valores de tensão acima de metade do limite de escoamento do material seria insuficiente. 31 FIGURA 8 - Amplitude do sinal Barkhausen devido ao carregamento aplicado (PASLEY, R. L., 1969). As alterações do ruído magnético Barkhausen podem ser analisadas de várias maneiras, como através da área da envoltória do ruído, de seu valor RMS, do espectro de Fourier e da densidade de amplitudes. Um dos métodos mais utilizados é a análise da distribuição de amplitude do sinal para a determinação do seu valor médio ou RMS (MESZARÓS, I. et al., 2004). O valor RMS representa a raiz quadrada do valor quadrático médio em volts dos sinais Barkhausen ao longo do tempo e é definido por: V RMS = ∑V 2 i i n onde: VRMS é o valor RMS dos sinais Barkhausen em Volts; Vi é valor da voltagem medido em um determinando instante n é o número de medidas realizadas 32 2.2. Transformadas Wavelet 2.2.1. Introdução Uma das técnicas mais conhecidas em processamento de sinais é a Transformada de Fourier (TF), em que um sinal é expresso pelo somatório de uma série infinita de senos e co-senos, conhecida como expansão de Fourier. Uma das vantagens desta técnica é que ela apresenta uma ótima resolução de freqüências, não informando, entretanto, em que tempo estas freqüências ocorrem. Para um sinal estacionário em que as características das freqüências presentes não variam ao longo do tempo, a TF apresenta-se como uma ótima ferramenta de análise. Entretanto, se o sinal é não estacionário e apresenta características importantes que não se repetem ao longo do tempo, estas informações são perdidas. Portanto a TF não é uma ferramenta adequada para a análise deste tipo de sinais (MATHWORKS, 2005). Para corrigir a deficiência desta técnica, Dennis Gabor (1946) adaptou a TF para analisar somente uma pequena porção do sinal no tempo, uma técnica de “janelamento” do sinal conhecida como Short Time Fourier Transform (STFT), em que o sinal é mapeado em função de dimensões de tempo e freqüência, conforme ilustrado na FIG. 9. FIGURA 9 - Análise de um sinal pela técnica de janelamento utilizando STFT. A STFT apresenta-se como uma ferramenta para cobrir a deficiência da TF. Entretanto, é considerada uma ferramenta de limitada precisão de tempo-freqüência (MATHWORKS, 2005), por apresentar um janelamento de tamanho fixo. Uma vez definido um tamanho da janela de análise, esta janela será de mesmo tamanho para todas as freqüências. Muitos sinais requerem uma aproximação mais flexível, necessitando variar o tamanho da janela para se determinar com maior precisão determinadas freqüências ou tempo do sinal. A Transformada Wavelet (WT) é considerada a mais recente ferramenta para cobrir a deficiência apresentada pela STFT, por apresentar uma técnica de janelamento variável ao longo do sinal, permitindo o uso de intervalos de tempo longos nas componentes de baixa 33 freqüência e tempos curtos nas regiões de alta freqüência do sinal, conforme ilustrado na FIG. 10. FIGURA 10- Análise de um sinal pela técnica de janelamento utilizando Transformada Wavelet. Esse efeito pode ser explicado de outra maneira. Na análise em freqüências mais altas a transformada emprega Wavelets mais finas, FIG. 11, comprimidas e de curta duração, portanto permitindo a visualização do sinal analisado em escala mais detalhada, com melhor resolução temporal. Em freqüências mais baixas, Wavelets mais largas e dilatadas enquadram o sinal numa escala maior, menos detalhada, permitindo visualizar características globais. Nesta faixa, a análise se apresenta mais fina do que a temporal, tornando mais fácil a localização em freqüências. FIGURA 11- Cobertura do espectro de freqüência pela TW 2.2.2. Wavelets Uma Wavelet é uma forma de onda pequena de curta duração que possui valor médio igual a zero, FIG. 12 (b). Comparando uma Wavelet com uma função senoidal, FIG. 12 (a), que é a base da TF, verifica-se que a senóide não possui uma duração limitada, estendendo-se de forma suave e determinada de menos infinito a mais infinito, diferente das Wavelets que são irregulares e assimétricas. 34 FIGURA 12- Representação de uma senoide infinita (a) e uma Wavelet finita (b) de curta duração. Um exemplo de uma Wavelet deslocada e dilatada é mostrado na FIG. 13 (a) e (b). Percebe-se que a função Wavelet se dilata ou se comprime, fator de escalonamento a , ao mesmo tempo que se desloca ou translada ao longo do sinal, fator de translação b . Desta forma, a forma geral de uma família Wavelets é dada por ψ a ,b (t ) = 1 a ⎛t −b⎞ ⎟ ⎝ a ⎠ ψ⎜ (1) onde ψ (t ) é chamada Wavelet mãe. Para que possa dar origem a uma família de Wavelets exige-se que: a Wavelet seja absolutamente integrável (MATHWORKS, 2005), +∞ ∫ ψ (t )dt < ∞ (2) −∞ que possua energia finita, ∫ ψ (t ) 2 dt < ∞ (3) e que satisfaça a uma condição de admissibilidade +∞ C= ∫ ψ (w) −∞ 2 dw <∞ w (4) 35 O que implica, na prática, que a Wavelet oscila, integra-se a zero e não possui componente (DC=0), ou ψ w=0 = 0 . Logo +∞ ∫ψ (t )dt = 0 −∞ FIGURA 13- Representação de uma função Wavelet em baixa (a) e alta escala(b). 2.2.3. Transformada Wavelet Contínua As Transformadas Wavelets Contínuas (TWC) são o somatório de todos os tempos de um sinal multiplicado por uma Wavelet escalar e deslocada. Isto significa que, escolhida uma Wavelet, esta realiza comparações de todas as componentes do sinal fornecendo um valor de coeficiente c que representa a correlação das várias partes do sinal com a Wavelet. Quanto maior o valor do coeficiente c , FIG. 14, maior a proximidade da energia do sinal e da energia da função Wavelet. (a) (b) FIGURA 14- Coeficientes Wavelets produzidos em diferentes escalas e por diferentes regiões do sinal. Em (a), um menor coeficiente devido a uma menor aproximação. Em (b), maior coeficiente devido a uma melhor aproximação do sinal e a Wavelet dilatada. 36 A representação gráfica dos coeficientes de um sinal por TWC, FIG. 15, se dá no domínio tempo-escala e não tempo-freqüência, sendo que a coloração dos pontos escala e tempo representam a magnitude dos coeficientes c . Deve-se observar que nesta representação as altas escalas correspondem a Wavelets mais dilatadas e representam os sinais de mais baixas freqüências. Assim: Baixas escalas a Função Wavelet Æ Altas freqüências Æ Comprimida Função Wavelet Altas escalas a Æ Baixas freqüências Æ dilatada FIGURA 15- Representação dos coeficientes Wavelet do RMB utilizando TWC para uma amostra de aço ASTM A 515 utilizando uma Wavelet Daubechies (db4). A relação entre escala e freqüência pode ser descrita pela pseudo-freqüência, que é dada por: Fa = onde Fc a.∆ (5) 37 • a é a escala; • ∆ é o período amostrado; • Fc é a freqüência central de uma Wavelet mãe escolhida, que neste trabalho é a db4 e corresponde a 0,7143 Hz; • Fa é a pseudo-freqüência correspondente à escala a , em Hz. Pode-se verificar pela equação acima, que para um mesmo período amostrado ∆ , a freqüência central Fc se torna Fc , ou seja, a é freqüência inversamente proporcional a escala a . a 38 2.2.4. Transformada Wavelet Discreta A Transformada Wavelet Discreta (TWD) é uma alternativa à TWC, que utiliza parâmetros de escalonamento e translação discretos, sendo definida como: ∞ DWT(m , p ) = d m , p = ∫ f (t ).Ψ m, p (6) dt −∞ onde Ψm, p forma uma base de funções Wavelets a partir da função Wavelet mãe de acordo com os parâmetros de escala e translação discretos ( m e p , respectivamente). Desta forma, Ψa ,b (t ) é dado por: Ψm , p = 1 a0 m ⎛ t ⎞ Ψ ⎜⎜ m − p.b0 ⎟⎟ = ⎝ a0 ⎠ 1 a0 m ⎛ t − p.a 0 m .b0 Ψ ⎜⎜ m a0 ⎝ ⎞ ⎟ ⎟ ⎠ (7) onde a 0 e b0 são constantes e m e p pertencem ao conjunto dos inteiros. Os parâmetros de dilatação e translação são m e p , respectivamente. E as constantes a 0 e b0 dão a variação da dilatação e o passo da translação, respectivamente. Uma escolha feita para as constantes a 0 e b0 são a 0 = 2 e b0 = 1 . Desta forma, temos a Wavelet diádica, amostrada a uma taxa de 2 m . Também se escolhe que as componentes Ψm, p do conjunto de funções Wavelets sejam funções ortogonais e reais. A função Ψm, p será ortogonal se, e somente se: ⎧1, p = k ; Ψm , p , Ψm,k = δ ( p − k ) = ⎨ ⎩0, p ≠ k . (8) Então tem-se que: Ψm, p = ⎛ t − 2 m. p ⎞ ⎟⎟; m, p ∈ inteiros. Ψ ⎜⎜ m 2m ⎝ 2 ⎠ 1 (9) ( ) Desta forma, tem-se uma escala de dilatação como uma potência de dois am = 2m , e passos de translação de um passo da escala de dilatação (bp = 2m. p = am . p ) . 39 A reconstrução do sinal é dada pela equação: f (t ) = 2 ∑ A+ B m ∑c m, p Ψm , p (t ) ( 10 ) p Uma maneira eficiente de aplicar esta transformada é através de filtros, onde se tem a decomposição da Wavelet implementando a análise multiresolução, que permite analisar sinais em múltiplas bandas de freqüências. Esta decomposição é responsável por retirar de um sinal as componentes de alta e baixa freqüência por meio de filtros passa-alta e passa-baixa, decompondo o sinal e implementando a análise multiresolução, que permite analisar o sinal em múltiplas bandas de freqüências (PENNA, C., 2002). A função Wavelet Ψ (t ) está relacionada a um filtro passa-alta, o qual produz os coeficientes de detalhes da decomposição Wavelet. Nesta análise há uma função relacionada ao filtro passa-baixa, chamada de escalonamento φ (t ) , associada aos coeficientes de aproximação da decomposição Wavelet (PENNA, C., 2002). Na decomposição multidimensional de um sinal utilizando filtros passa-baixa e passa-alta tem-se uma aproximação do sinal original por meio dos coeficientes originados do filtro passa-baixa e uma aproximação dos detalhes do sinal por meio dos coeficientes originados do filtro passa-alta. Para diversos sinais, inclusive o ruído magnético Barkhausen, as componentes de baixa freqüência são aquelas que possuem maior quantidade de informação do sinal fornecendo a identidade do sinal, enquanto nas componentes de alta freqüência está a maior quantidade de detalhes do sinal (MATHWORKS, 2005). Na análise por TWD fala-se de aproximação e de detalhes. Aproximação são as altas escalas que compreendem as componentes de baixa freqüência. Os detalhes são as baixas escalas e se referem a componentes de alta-freqüência presentes no sinal. Os filtros digitais utilizados na TWD têm a finalidade de filtrar e decimar o sinal. Decimar um sinal significa eliminar dados ou pontos intercalados (PENNA, C., 2002). Em TWD utiliza-se decimar um sinal por um fator de 2, ou seja, a cada dois pontos um é eliminado obtendo-se metade do sinal original e conseqüentemente aumentando o período amostrado. Na FIG. 16, tem-se o exemplo de um sinal original com 1000 amostras que após passar pelos filtros passabaixa e passa-alta sofrem decimação de 2 dando origem aos coeficientes Wavelets. As 40 sucessivas decomposições dos coeficientes de aproximação compõem uma estrutura de banco de filtros e é chamada de decomposição por sub-banda, obtendo-se uma árvore de decomposição Wavelet. FIGURA 16-Processo de filtragem e decimação de um sinal s. O cálculo da DWT de um sinal envolve os processos de se determinar os coeficientes Wavelet, os quais representam o sinal no domínio transformado, e as versões aproximadas e detalhadas do sinal original, em diferentes níveis de resolução no domínio do tempo, a partir dos coeficientes Wavelet calculados. Para a seqüência de um sinal s, define-se matematicamente coeficiente como: cA1 = ∑ s (k ).hd (− k + 2n) e cD1 = ∑ s (k ).g d (− k + 2n) ( 11 ) onde hd (n) e g d (n) correspondem, respectivamente, aos filtros passa-baixa e passa-alta de meia banda, de decomposição s(n). A determinação dos coeficientes Wavelet associados à aproximação e ao detalhe de nível 2 do sinal é baseada nos seus coeficientes Wavelet da aproximação de nível 1, cA (n) . Tais coeficientes, representados, respectivamente, por cA2 (n) e cD2 (n) , são, agora, determinados através da subamostragem de dois da convolução entre os coeficientes Wavelet da aproximação de nível 1 e as respectivas respostas a impulso dos mesmos filtros passa-baixa e passa-alta de meia banda, considerados anteriormente. São expressos matematicamente por: cA2 (n) = ∑ cA1 (k ).hd (− k + 2n) e cD2 (n) = ∑ cA1 (k ).g d (− k + 2n) ( 12) Analogamente, os coeficientes Wavelet correspondentes à aproximação e ao detalhe de nível 3, designados, respectivamente por cA3 (n) cA3(n) e cD3 (n) , serão determinados a partir dos coeficientes Wavelet da aproximação de nível 2. O processo continua, sempre utilizando os 41 coeficientes Wavelet da aproximação do nível anterior para se determinar os coeficientes da aproximação e do detalhe do próximo nível. A FIG. 17 ilustra a decomposição de detalhe de nível 5, cD5 (5) , de um ruído magnético Barkhausen gerado por uma amostra de aço ASTM A 515 sem tensões de carregamento. FIGURA 17- Exemplo de um sinal gerado por uma amostra de aço ASTM A 515 sem carregamento decomposto em níveis de detalhe de cD1(1) a cD5(5). Calculados os coeficientes que representam o sinal no domínio Wavelet, pode-se determinar, em seguida, a sua TWD. Tal transformada é processada, “reconstruindo-se” os respectivos coeficientes Wavelet determinados, nos diferentes níveis de resolução. Isto gerará as versões aproximadas a j (n) e detalhadas d j (n) do sinal original, compondo o seu correspondente espectro Wavelet (PENNA, C., 2002). A reconstrução dos coeficientes Wavelet será realizada caminhando-se em sentido contrário no diagrama da decomposição Wavelet do sinal. Neste processo, os filtros de decomposição passa-alta de meia banda g d (n) e passa-baixa de meia banda são substituídos por outros de reconstrução, denotados, respectivamente, por g r (n) e hr (n) . Adicionalmente, as operações de subamostragem de dois são substituídas por outras de sobre-amostragem de dois (PENNA, C., 2002). 42 2.2.5. Transformada Wavelet Packet – TWP A TWP é uma generalização do conceito da TWD e oferece diversas possibilidades de análise de um sinal, inclusive a divisão dos detalhes e das aproximações, possibilitando inclusive a escolha de qual a melhor entre as bases seguindo algum critério de escolha, devendo a melhor base, ou representação ótima, possuir informação substancial sobre o sinal (MATHWORKS, 2005). Veja FIG. 18. FIGURA 18- Árvore de decomposição Wavelet A TWP permite ao sinal s ser representado pela seqüência s = A1 + AAD3 + DAD3 + DD 2 . A melhor representação de um sinal deve levar em conta a Entropia ou custo de representação deste sinal. Entropia é um conceito comum em processamento de sinais, e representa a quantidade de informação em bits/símbolo (ALMEIDA, L.S., 2001) necessária para representar um sinal. A melhor representação de um sinal deve levar em conta a entropia ou custo de representação deste sinal. Quanto maior a entropia de um sinal, maior será a quantidade de bits que se deve utilizar para representá-lo (PARRAGA, A., 2002) Existem diversos tipos de funções que definem a entropia de um sinal. Entretanto, as mais usadas são as que medem o custo do sinal (PARRAGA, A., 2002). Alguns exemplos de Entropia são: ⇒ Entropia Shannon; ⇒ Concentração em l p ; ⇒ Logaritmo da Energia; ⇒ Threshold; ⇒ Sure. 43 Neste trabalho, foram testadas todas as funções custo listadas acima combinadas com as funções Wavelets a seguir, a fim de se avaliar sua sensibilidade com as variações do ruído Barkhausen emitidas por amostras de aço sob diversos carregamentos: ⇒ Daubechies (‘db1’ ou ‘haar’, ‘db2’,...’db45’); ⇒ Coiflets (‘coif1’,...,’coif5’); ⇒ Symlets (‘sym2’,...,’sym8’); ⇒ Discrete Meyer (dmey); ⇒ Biorthogonal ('bior1.1','bior1.3','bior1.5' 'bior2.2', 'bior2.4', 'bior2.6', 'bior2.8' 'bior3.1', 'bior3.3','bior3.5', 'bior3.7' 'bior3.9', 'bior4.4', 'bior5.5', 'bior6.8'); ⇒ Reverse Biorthogonal ('rbio1.1', 'rbio1.3', 'rbio1.5' 'rbio2.2', 'rbio2.4', 'rbio2.6', 'rbio2.8' 'rbio3.1', 'rbio3.3', 'rbio3.5', 'rbio3.7' 'rbio3.9', 'rbio4.4', 'rbio5.5', 'rbio6.8'). Apenas a Entropia Shannon aplicada pela Toolbox MatLAB apresentou uma sensível e significativa variação para todas as amostras de materiais em função dos carregamentos de tração e compressão realizados. Em virtude disso, testou-se a função custo selecionada com cada função Wavelet e não houve nenhuma árvore que caracterizasse o material ou a tensão de carregamento ao qual fosse submetido. A Entropia Wavelet Shannon é definida como uma Entropia normalizada que utiliza em seu cálculo o logaritmo dos valores quadrados de cada sinal, ou seja: E = −∑ si log(si ) 2 2 onde E é um número real que representa a Entropia do sinal s1 analisado (MATHWORKS, 2005). 44 3 METODOLOGIA 3.1. Equipamento para medida do ruído magnético Barkhausen O equipamento básico utilizado para a medida dos sinais Barkhausen nos experimentos foi o Stresstest 2004, FIG. 19, da METALELEKTRO, que permite a utilização de quatro sondas simultaneamente trabalhando com freqüências de excitação de 10 e 100 Hz e incorpora um microcomputador para controle das variáveis de teste e aquisição de dados. Possibilita a medida de tensões a diferentes profundidades no material, pela utilização de diferentes filtros de freqüências de medida. Com a utilização de filtros de valores iguais a 0,5 Hz; 2 kHz; 8kHz, 32 kHz e 120 kHz são obtidas medidas nas profundidades de aproximadamente 0,8 mm; 0,4 mm; 0,2 mm; 0,1 mm e 0,05 mm respectivamente (JUNIOR, S. F. S., 1998). FIGURA 19- Equipamento Stresstest 2004 Para a realização das medidas do sinal magnético Barkhausen utilizou-se apenas uma sonda, modelo 144221, fabricada pela METALELEKTRO, FIG. 20. A sonda, posicionada na superfície dos materiais examinados, é responsável pela aplicação do campo magnético de excitação aos materiais e pela detecção do ruído magnético Barkhausen gerado nos mesmos. 45 Os parâmetros de teste são controlados pelo equipamento Stresstest e os dados adquiridos parcialmente processados no mesmo, que fornece o valor RMS do ruído detectado. Um desenho esquemático em corte da sonda, que incorpora uma unidade de magnetização e uma bobina sensora, pode ser observado na FIG. 21. FIGURA 20- Sonda de excitação e leitura do ruído magnético Barkhausen FIGURA 21- Desenho esquemático de uma sonda característica para a excitação do material e detecção do sinal magnético Barkhausen resultante. 46 A unidade de magnetização consiste de um núcleo ferromagnético em forma de U (1), ao redor do qual é montada uma bobina envolvente. A excitação da unidade é feita através de uma fonte de alimentação bipolar, que energiza a bobina de excitação (2), possibilitando assim a introdução de um campo magnético variável e com uma direção definida no material. Uma segunda bobina envolvente (3), também montada ao redor do núcleo, permite que o fluxo magnético gerado seja medido. A unidade de magnetização é alimentada por uma fonte bipolar, responsável pela magnetização do material de forma que ele percorra um loop completo de histerese. No equipamento Stresstest 20.04, a bobina de excitação da unidade de magnetização da sonda é alimentada através de uma unidade de excitação com resolução de 8 bits e disponibilizados níveis de excitação graduados de 0 a 255, linearmente divididos. A corrente máxima fornecida pela unidade de excitação é de 2,55 A. Cada nível de excitação corresponde a aplicação de uma corrente de 10 mA na bobina de magnetização (METALELEKTRO, 1998). O nível de excitação aplicado à bobina deve ser forte o bastante para gerar campos magnéticos com intensidade suficiente para que o material atinja a região de saturação na curva de magnetização. Este valor sofre grandes variações em função das características do material sob teste devido às variações apresentadas por suas propriedades magnéticas, impostas pela sua estrutura metalúrgica e sua composição química. A bobina sensora (4) é responsável pela detecção do sinal magnético Barkhausen emitido pelo material e consiste de um enrolamento construído com fios de cobre. Quando o material é excitado pela unidade de magnetização a bobina sensora posicionada na superfície do material detecta as variações que ocorrem no fluxo magnético, a partir das voltagens (V) induzidas devido à movimentação descontínua das fronteiras dos domínios. Estes sinais detectados pela bobina sensora são filtrados e amplificados utilizando ganhos de até 100 dB. A utilização de altas freqüências de análise favorece a avaliação dos sinais provenientes de regiões próximas à superfície e a utilização de baixas freqüências de análise favorece a avaliação de sinais provenientes de regiões mais profundas. As variações de voltagens e a tensão alternada de excitação aplicadas às amostra são monitoradas por um osciloscópio digital de alta resolução da Agilent modelo 54622A de 100 MHz que possibilita ver detalhes de longos períodos de tempo do sinal Barkhausen a uma taxa de amostragem elevada. Este osciloscópio utiliza dois canais para leitura de sinais os 47 quais são utilizados para monitorar ao longo do tempo a tensão de excitação, o ruído magnético Barkhausen e o campo magnético resultante da tensão de excitação aplicada às amostras. O campo magnético resultante da tensão de excitação surge nas extremidades do núcleo da unidade de magnetização da sonda magnetizadora, indicada esquematicamente em (1) na FIG.21, que se encontra apoiada sobre a superfície da amostra do material durante os carregamentos de tensão. A medida do fluxo magnético neste experimento dá-se utilizando uma pequena e sensível sonda transversal posicionada entre os pólos do núcleo da unidade de magnetização que é conectada a um instrumento portátil de medição de campo fabricado pela Bell Laboratories, Modelo 5080, capaz de medir campos magnéticos alternados que variam de 0,01 kAm-1 a 2387 kAm-1 (F.W.Bell). A medida dos campos magnéticos é importante neste experimento pois é utilizado como referência pelo sistema de aquisição de dados para inicializar a leitura do ruído magnético Barkhausen emitido pela amostra quando submetida a diferentes carregamentos. 3.2. Vigas de Isoflexão Vigas de isoflexão são corpos de prova projetados de forma a permitir a obtenção de campos uniformes de tensões em toda a sua superfície. Para este experimento fabricou-se uma viga a partir de cada uma das amostras dos aços estudados neste trabalho, a fim de analisar seu comportamento. As vigas de isoflexão foram projetadas de forma a apresentar a condição de isoflexão em toda a sua extensão, possibilitar a fixação dos extensômetros para a medição das deformações durante os testes de carregamento e possibilitar o posicionamento da sonda responsável pela magnetização do material e pela detecção do ruído magnético Barkhausen. Os locais de instalação do extensômetro e medição dos sinais Barkhausen emitidos pelo material estão indicados na FIG. 22. 48 FIGURA 22- Desenho esquemático da montagem das vigas de isoflexão para a calibração do sistema de ensaios pelo efeito Barkhausen. Para a realização das medidas dos sinais Barkhausen, instalou-se um extensômetro em cada viga de forma a se avaliar o carregamento de tensão de tração e compressão em sua superfície. Inicialmente, realizou-se a medição dos sinais Barkhausen emitidos pelo material sem carregamento para em seguida realizar o conjunto de medições para dois grupos de amostra. Para o primeiro grupo, referente à curva de calibração de cada material, as vigas foram carregadas com tensões que variaram de ±240 MPa e incrementos de 30 MPa. Para o segundo grupo, referente região linear da curva de calibração, as vigas foram carregadas com tensões que variaram de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa. 3.3. Dispositivo de Carregamento O dispositivo de carregamento é uma montagem implementada no laboratório de Ensaios Não Destrutivos (LABEND) do CDTN que constitui uma estrutura que possibilita submeter cada uma das vigas de isoflexão utilizadas neste trabalho a carregamentos conhecidos, de forma a produzir estados definidos de tensões nas suas superfícies com cargas relativamente pequenas, por meio de um sistema de parafuso, conforme ilustrado na FIG. 23. O sistema de parafuso, de acordo com a montagem realizada, aplica na extremidade da viga carregamentos que geram tensões que variam entre ±240 MPa na superfície das vigas. A sonda de leitura do ruído magnético Barkhausen é fixada neste dispositivo, conforme ilustrado na FIG. 23, por meio de um sistema de fixação em alumínio, que não permite o movimento da sonda durante 49 a flexão da viga nos carregamentos de tração ou compressão, minimizando ao máximo a influência de carga extra sobre as amostras e possíveis erros provocados pela alteração da geometria de ensaio (mudança na posição relativa sonda/amostra). O valor de tensão em MPa desejada é obtido pela leitura da resistência ôhmica dos extensômetros que variam de acordo com a flexão da viga, podendo ser calculada pelas equações 14,15 e 16. FIGURA 23- Foto da montagem da viga de isoflexão para a calibração dos ensaios. 3.4. Sistema de ensaio para medida das deformações das amostras Para a medição dos carregamentos aplicados aos materiais examinados utilizaram-se extensômetros do tipo KFG-5-120-D17-16, cujas características principais são: Fabricante: Kyowa Electronic Instruments Co., Ltd. Comprimento: 5 mm; Medida de Resistência (24ºC): 120,4 ± 0,4Ω ; Constante do extensômetro (k): 2,18 ± 1,0% 50 Estes extensômetros foram fixados sobre as superfícies das vigas após a limpeza inicial das peças para retirada de óleo, graxa e contaminantes orgânicos. Para remoção de resíduos químicos utilizou-se acetona. A preparação da superfície para a retirada de camadas de oxidação bem como para a adequação da rugosidade superficial do material para a colagem do extensômetro foi feita por lixamento mecânico, utilizando-se lixas de carboneto de silício com granulações de 80 a 320. O adesivo utilizado para fixação das rosetas na superfície dos corpos de prova foi o adesivo Loctite 496. Utilizou-se o recobrimento M Coat A para a proteção da superfície dos extensômetros, seguindo recomendações técnicas do fabricante. Para a ligação dos extensômetros à instrumentação de testes foram utilizados terminais próprios para a ligação do tipo Suffix D, próprios para ligação a três fios e cabos flexíveis de quatro elementos com blindagem individual. Como material de solda, utilizou-se uma liga SnPb com ponto de fusão de 183ºC, adequada para a fixação da fiação ao extensômetro. As medidas das variações na resistência dos extensômetros fixados sobre a superfície das três vigas foram realizadas por um multímetro digital de precisão que utilizou um dispositivo de chaveamento projetado e montado pelo Laboratório de Análise de Tensões e Vibrações (LATV) do CDTN de acordo com a necessidade desta pesquisa. Este dispositivo consiste em um equipamento eletrônico de chaveamento que utilizando cabos flexíveis de blindagem individual conectado a cada extensômetro fixado na superfície dos materiais possibilita a multiplexação da leitura das deformações de até 8 extensômetros. Este dispositivo de chaveamento é conectado a um multímetro digital da Agilent modelo 34401A de alta performance que fornece indicações de 6 ½ dígitos de resolução que tem como finalidade principal medir a alteração da resistência ôhmica dos extensômetros fixados nas superfícies das amostras. A partir das variações na resistência dos extensômetros, as deformações correspondentes na superfície das vigas foram determinadas por: ∆R ∆l =k R l (14) ou seja: ∆R = k .ε , R (15) 51 ε= onde ε é 1 ∆R k R (16) Sendo, • ε = deformação unitária; • ∆l = deformação sofrida pelo material; • l = comprimento inicial do material • R = e resistência inicial do extensômetro; • ∆R = variação na resistência do extensômetro • E = módulo de elasticidade do material, 210 GPa; • σ = Tensão em MPa pretendida. • k = Constante do extensômetro (Gage factor) As tensões correspondentes às deformações aplicadas foram então determinadas por: σ = E.ε (17) As tensões desejadas na superfície das vigas (de tração e de compressão) foram obtidas aplicando-se carregamentos na extremidade das mesmas através do parafuso de carga existente no dispositivo de carregamento. Foram obtidos valores de tensões entre – 240 Mpa e 240 Mpa, em incrementos de 30 MPa, para as aquisições iniciais. 52 3.5. Sistema de aquisição de dados O ruído magnético Barkhausen, emitido pelas três vigas quando submetidas a diversos carregamentos e excitadas por um campo magnético variável, foi medido pelo equipamento Stresstest 2004 que é conectado por meio de três cabos RG 058 a uma placa de aquisição de dados NI PCI 6070-E, fabricada pela National Instruments. Esta placa possui dezesseis canais analógicos de entrada, capacidade de leitura de 1.25 milhões de amostras por segundo, resolução de 12 bits, dois canais analógicos de 12 bits de saída, dois contadores de 24 bits, 8 linhas digitais de entrada e saída e certificação de calibração para aplicação em mais de 70 tipos de sinais. Ela foi instalada em um microcomputador Pentium III 650 MHz. Durante os experimentos foram adquiridos os ruídos magnéticos Barkhausen emitidos pelas amostras, a tensão de excitação da sonda utilizada para excitar o material e detectar o ruído magnético gerado e o campo magnético gerado no material. As aquisições foram feitas por meio dos três canais analógicos de entrada da placa, utilizando-se um software de controle e leitura de dados desenvolvidos especificamente durante este trabalho. O software, cuja janela de apresentação pode ser observada na FIG. 24, foi desenvolvido em linguagem específica de ambiente LabVIEW para trabalhar em plataforma Windows que permite a leitura e controle dos dados dos canais da placa de aquisição, utilizando como referência, para início da leitura dos dados, o campo magnético de excitação. O software também permite, após aquisição dos dados do ruído magnético Barkhausen, armazenar em arquivo padrão ASCII o conjunto de informações coletadas referentes a sua leitura, para processamento posterior por meio do software MatLab V. 6.5 Release 14 (Toolbox Wavelet). 53 FIGURA 24– Interface do software utilizado para controle da placa de aquisição e armazenamento dos dados referente ao ruído magnético Barkhausen emitido pelas amostras O desenvolvimento do software de controle do sistema de aquisição de dados constituiu-se em definir por escolha do usuário, através de uma interface amigável, as seguintes variáveis: - Número dos canais de leitura (0 a 15); - Número do canal de referência (0 a 15); - Número de aquisições - Quantidade de varreduras por canal; - Tempo máximo de duração da leitura da placa; Definidas as informações da forma de leitura por meio da seleção das variáveis citadas, o software repassa estas informações para a placa de aquisição de dados que, de acordo com as definições pré-selecionadas, realiza a leitura do ruído magnético Barkhausen. Durante cada carregamento aplicado às amostras, a placa de aquisição realiza a leitura de 80.000 informações dos canais de leitura, armazenando cerca de 8192 linhas de dados 54 referentes aos sinais Barkhausen, a tensão de excitação da sonda e ao campo magnético. As informações coletadas simultaneamente por meio da placa de aquisição de dados representa um período amostrado de 0,10 segundos. Estes dados são armazenados em arquivos padrão ASCII pelo software de controle da placa que, posteriormente, são transferidos para o software MatLAB v.6 Release 14 para serem carregados e manipulados utilizando a ToolBox Wavelet. Nesta ToolBox, os dados coletados são processados por meio da transformada Wavelet Discreta, transformada Wavelet Contínua e pela Transformada Wavelet Packet (pelo método Entropia Shannon) para cada carregamento aplicado. A rotina para aquisição de dados utilizando a placa de NI PCI 6070-E, o equipamento Stresstest 2004 e o medidor de campo F.W.Bell Modelo 5080 é descrito através de RT (Rotina Técnica) do laboratório de Ensaios não destrutivos, conforme consta no Anexo A. Apesar de suportar aquisições além deste limite, a placa de aquisição de dados foi configurada para registrar 8192 (213) linhas de dados do sinal Barkhausen tanto na freqüência de 10 e 100 Hz devido a limitação da ToolBox Wavelet do MatLAB utilizada para processamento posterior dos dados, a qual permite processar um máximo 10 000 linhas. A FIG. 25 ilustra o diagrama básico de um sistema de medição do ruído magnético Barkhausen, incluindo a bobina sensora, o microcomputador, o sistema de aquisição de dados, o multímetro digital, o osciloscópio e o medidor de campo magnético responsáveis pela monitoração simultânea do ruído magnético Barkhausen emitido pelas amostras e pela leitura da deformação dos extensômetros fixados nas suas superfícies. 55 Microcomputador LabVIEW MATLAB Osciloscópio Digital Placa de aquisição de dados Medidor de campo magnético Stresstest 2004 Multímetro Digital Conversor A/D Amostra do material im Bobina de excitação uBHN Bobina de leitura FIGURA 25- Diagrama básico de um ensaio de materiais baseado na análise de sinal Barkhausen utilizando sistema de aquisição de dados 3.6. Materiais Os materiais utilizados para estudo são os aços ASTM A 515, AISI 1045 e SAC 50. A seleção destes aços para este trabalho de pesquisa levou em consideração sua aplicação no mais diversos setores industriais. O aço ASTM A 515 é um aço empregado na fabricação de caldeiras e vasos de pressão para trabalho em médias e altas temperaturas, contendo um baixo teor de carbono (ASME II – SA 515, 2000). O aço USI SAC 50 é um aço estrutural resistente a corrosão que também possui um baixo teor de carbono (USIMINAS, 2000). Já o aço AISI 1045 possui um teor de carbono mais elevado, sendo aplicado na fabricação de hastes, eixos e componentes mecânicos em geral (CHIAVERINI, 2002). A composição química destes materiais, foi obtida através de análise química realizada em um espectrômetro de emissão ótica ARL Modelo 3560 OES. As propriedades mecânicas, obtidas a partir de ensaios de tração (ASTM E 8M, 2001) realizados em uma máquina de ensaios universal INSTRON, de 100.000 N de capacidade, estão indicadas na TAB. 1. A metalografia das amostras ASTM A 56 515, AISI 1045 e SAC 50 com ampliação de 200 vezes pode ser visualizada nas FIG. 26, 27 e 28. Todas as estruturas são constituídas por ferrita e perlita, em proporção compatível com o teor de carbono de cada material. TABELA 1 – Composição química dos materiais estudados. Materiais Composição Química % ASTM A 515 USI SAC 50 Propriedades σ r =380~515MPa σ r =~522MPa Mecânicas σ e =205 Mpa σ e =~ 400Mpa C Si Mn P S Ni Cr Cu Al Fe 0,16806 0,25665 0,70360 0,02456 0,00609 0,02347 0,04026 0,00264 0,01968 98,7350 0,10354 0,36788 1,1195 0,02262 0,01023 0,20328 0,44180 0,28236 0,39360 97,3570 AISI 1045 σ r =560 Mpa σ e =~300 MPa 0,46000 0,28000 0,67000 0,01100 0,00200 0,01000 0,03000 0,03700 98,5000 FIGURA 26- Metalografia da amostra ASTM A 515, apresentando uma estrutura composta por ferrita e perlita. Aumento 200x. 57 FIGURA 27- Metalografia da amostra AISI 1045, indicando uma estrutura de perlita e ferrita. Aumento 200x. FIGURA 28– Metalografia da amostra USI SAC 50, indicando uma estrutura formada por ferrita e perlita. 58 Foram fabricadas três vigas de isoflexão a partir de amostras dos aços ASTM A 515, AISI 1045 e SAC 50. Para garantir uma uniformidade nos resultados, as vigas foram fabricadas de modo que o seu eixo longitudinal fosse paralelo à direção de laminação das chapas originais. As vigas utilizadas na calibração do sistema de ensaio foram usinadas em fresadora. Após a usinagem as suas superfícies foram preparadas para a instalação dos extensômetros, por processo de lixamento até lixa N° 320, e submetidas a um tratamento térmico para alívio de tensões à temperatura de 600º C durante 1 hora (CHIAVERINI, 2002) em um forno a vácuo para evitar a oxidação da superfície. Logo após estas vigas foram instrumentadas com extensômetros elétricos resistivos, paralelos ao seu eixo, para serem posteriormente submetidas a uma série de carregamentos conhecidos de forma a produzirem estados de tensão de tração e compressão definidos em suas superfícies (ver FIG.23). 59 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a medida do valor das tensões aplicadas em materiais ferromagnéticos pela análise do ruído magnético Barkhausen, é necessário verificar as alterações ocasionadas aos domínios magnéticos no interior de um material quando submetido a um determinando estado de tensões. Os diferentes estados de tensões aplicados produziram variações no ruído magnético Barkhausen emitidos quando submetido a um campo magnético variável. A forma de associar o valor do ruído magnético Barkhausen emitido por uma amostra ferromagnética e o seu nível de tensões é submeter esta amostra a uma série de carregamentos conhecidos e em condições padronizadas. Em seguida, utilizando um método de medida confiável, plota-se os resultados de forma a expressar o estado de tensão presente em cada material e o valor do ruído Barkhausen correspondente. O método mais utilizado e de maior confiabilidade para determinação das tensões presentes nos materiais devido a carregamentos aplicados é a extensometria. Para cada carregamento mede-se a deformação produzida no material através de extensômetros elétricos resistivos fixados na sua superfície. Através dos valores das deformações, determinam-se as tensões resultantes. Ao mesmo tempo, mede-se o valor do sinal magnético Barkhausen emitido pelo material e associa-se cada nível de tensão presente a um valor determinado do ruído Barkhausen emitido. Para materiais que apresentam propriedades magnéticas independentes da direção em que são medidas, o valor do ruído magnético Barkhausen emitido em qualquer direção é o mesmo, considerando-se uma amostra isenta de tensões aplicadas. Entretanto, em função da anisotropia magnetocristalina exibida pela maioria dos materiais, devida, principalmente, ao seu processo de fabricação, as propriedades magnéticas dos materiais ferromagnéticos variam, dependendo da direção em que são medidas. Assim, dependendo da direção em que for medido, o ruído magnético Barkhausen apresenta valores diferentes, independente de haver ou não tensão aplicada. Portanto, para que se possa utilizar o efeito Barkhausen para caracterizar amostras de materiais ferromagnéticos é necessário, inicialmente, que se padronize as direções para a realização das medições. Neste trabalho, as vigas de isoflexão foram confeccionadas com o eixo longitudinal paralelo à direção de laminação dos materiais estudados, de modo a padronizar o modo de leitura. 60 4.1. Avaliações da sensibilidade às variações de tensões mecânicas pele análise do ruído magnético Barkhausen pelo método do valor RMS e de Entropia Wavelet As vigas de isoflexão utilizadas neste experimento foram, inicialmente, instrumentadas com extensômetros em sua superfície para em seguida obter o valor das tensões atuantes quando submetidas a carregamentos diferentes. Assim, para cada carregamento aplicado foram determinados os valores das tensões atuantes na superfície das vigas através das leituras das deformações dos extensômetros e, utilizando o sistema de aquisição de dados juntamente com o equipamento Stresstest 2004 e seus periféricos, adquiriu-se o ruído magnético Barkhausen correspondente. O ruído magnético Barkhausen registrado foi obtido utilizando-se o filtro de 8 kHz e freqüências de excitação de 10 Hz e 100 Hz. Após as aquisições os dados foram utilizados para a elaboração das curvas representando as variações ocorridas pelo método RMS e Entropia Wavelet do ruído magnético Barkhausen em função do carregamento aplicado aos materiais testados, conforme pode ser observado nas FIG. 29 a 34 para as freqüências de 10 Hz e nas FIG. 37 a 42 para as freqüências de 100 Hz. Logo após, o ruído Barkhausen de freqüência de 10 Hz foi processado utilizando-se os métodos de Entropia Wavelet, Wavelet Discreta e Wavelet Contínua. Na FIG. 29, referente à amostra de aço AISI 1045, utilizando o método RMS e campo magnético de excitação de 10 Hz, podem ser observados os valores de amplitude do ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas. Para tensões variando entre ±240 MPa, as variações de amplitude do ruído magnético ocorreram no intervalo aproximado de 300 a 1200 mV. Observa-se na curva de resposta, um trecho aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -20 a 210 MPa. Para esta amostra de aço, a saturação na amplitude do ruído magnético Barkhausen gerado ocorre para aproximadamente todas as tensões de compressão e a partir de 230 MPa para as tensões de tração. Esta amostra apresentou valores de amplitude do ruído magnético menor do que os demais materiais estudados, o que pode ser relacionado com a sua composição química. O teor de carbono desta amostra é bem mais elevado (ver TAB. 1) que o dos demais materiais estudados, sendo, portanto, a quantidade de perlita existente em sua estrutura maior do que nas demais amostras. Uma maior quantidade de perlita implica em uma maior quantidade de barreiras de energia presentes no material, o que dificulta o movimento das fronteiras e reduz a amplitude do ruído magnético emitido durante a magnetização. 61 Na FIG. 30, referente à amostra de aço SAC 50, utilizando o método RMS e campo magnético de excitação de 10 Hz, podem ser observados os valores de amplitude na curva que apresenta o ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas. Para tensões variando entre ±240 MPa as variações de amplitude do ruído magnético ocorreram no intervalo aproximado de 400 a 2000 mV. Observa-se na curva de resposta, um trecho aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -80 MPa a 150 MPa. Para esta amostra de aço, uma brusca saturação da amplitude do ruído magnético Barkhausen ocorre a partir de –90 MPa para os carregamentos de compressão e a partir de 230 MPa nos carregamentos de tração. Esta amostra apresentou valores de amplitude bem superiores aos apresentados pelo aço AISI 1045, o que pode ser relacionado com a sua composição química, que apresenta um teor de carbono inferior (ver TAB. 1), fazendo com que a quantidade de barreiras de energia presentes na amostra possibilite o movimento das fronteiras e aumente a amplitude do ruído magnético emitido. Na FIG. 31, referente à amostra ASTM A 515, utilizando o método RMS e campo magnético de excitação de 10 Hz, podem ser observados os valores de amplitude do ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas. Para tensões variando entre ±240 MPa as variações de amplitude do ruído magnético ocorreram em um intervalo aproximado de 350 a 1950 mV. Observa-se na curva de resposta, um trecho aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -60 a 80 MPa. Para esta amostra de aço, uma brusca saturação da amplitude do ruído magnético Barkhausen ocorre a partir de –90 MPa para os carregamentos de compressão e outra a partir de 140 MPa nos carregamentos de tração. Pode-se observar, também, pelo mesmo método, valores de amplitude superiores aos apresentados pela amostra de aço AISI 1045. Comparando-se com a amostra de aço SAC 50, os valores das amplitudes para cada carregamento se encontram próximos. Na FIG. 32, utilizando-se o método Entropia Wavelet e campo magnético de excitação de 10 Hz, observam-se os valores de Entropia referente ao ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas, para o aço AISI 1045, no intervalo de tensões de ±240 MPa. As variações de Entropia Wavelet ocorrem num intervalo aproximado de 30 a 230. A curva apresenta um trecho aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -40 a 220 MPa. Para esta amostra de aço, no intervalo de tensões de ±240 MPa, não se observa saturação do valor 62 de Entropia associada ao ruído magnético Barkhausen na região de tensões de tração. Para a região de tensões de compressão, também não se observa saturação na Entropia associada ao ruído magnético Barkhausen, apenas uma diminuição de resposta. Na FIG. 33, utilizando-se o método Entropia Wavelet e campo magnético de excitação de 10 Hz, observam-se os valores da Entropia Wavelet associados ao ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas, para o aço SAC 50, no intervalo de tensões entre ±240 MPa. As variações de Entropia Wavelet ocorrem num intervalo aproximado de 30 a 440. A curva apresenta um trecho aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -60 a +120 MPa. Para esta amostra de aço e pelo método de Entropia Wavelet aplicado no intervalo de tensões considerado de ±240 MPa, não se observa a saturação da resposta do ruído magnético Barkhausen em função da variação das tensões para nenhum intervalo de tensão. Observa-se apenas a diminuição de resposta do ruído às variações das tensões de tração acima de 120 MPa e abaixo de -120 MPa. Para esta mesma amostra, analisada utilizando-se o valor RMS do ruído magnético Barkhausen, a saturação ocorreu para valores de tensão abaixo de -80 MPa e acima de 150 MPa. Além destes limites, o valor RMS do ruído apresentou uma redução na região de tração e uma pequena elevação na região de compressão. O que inviabiliza o seu uso para valores de tensão além destes limites. Na FIG. 34, utilizando o método Entropia Wavelet e campo magnético de excitação de 10 Hz, observam-se os valores da Entropia Wavelet associados ao ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas, para o aço ASTM A 515, para o intervalo de tensões de ±240 MPa. As variações de Entropia Wavelet ocorrem num intervalo aproximado de 30 a 500. O método apresenta um trecho na curva de resposta, aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -60 a +120 MPa. Para esta amostra de aço, no intervalo de tensões considerado de ±240 MPa, observa-se uma suave saturação na resposta do ruído magnético Barkhausen em função da variação das tensões aplicadas para tensões de tração superiores a 150 MPa e carregamentos de compressão inferiores a –60 MPa. Na região, de tração a saturação utilizando-se o método Entropia Wavelet ocorreu, portanto, para valores maiores de tensões aplicadas do que para o método RMS. Para as tensões de compressão os valores são equivalentes. 63 Nas FIG. 35 e 36, utilizando-se campo magnético de excitação de 10 Hz, podem ser vistas as respostas do ruído magnético Barkhausen, respectivamente, pelo método RMS e Entropia Wavelet para as três amostras juntas. A partir das FIG. 35 e 36, torna-se possível comparar a resposta do ruído magnético Barkhausen pelos dois métodos na freqüência de 10 Hz e observar que as respostas dos ruídos magnéticos Barkhausen pelo método Entropia Wavelet apresenta sensibilidade de resposta às variações de carregamento aplicado para as três amostras em toda a extensão dos carregamentos aplicados, inclusive nos carregamentos de tração e compressão. Pelo método RMS observa-se uma acentuada saturação das respostas do ruído magnético Barkhausen para carregamentos de tração e compressão para as três amostras e valores de resposta do ruído magnético Barkhausen decrescente para variação positiva de carregamentos. Estes efeitos podem estar ligados ao fato do método RMS utilizar a medida do valor energético associado ao sinal (JUNIOR, S.F.S., 1998), o que o impossibilita detectar pequenas variações do sinal em comparação com o método Entropia Wavelet, que leva em consideração a quantidade efetiva de informações necessárias para a representação do sinal (ALMEIDA, L.S., 2001). 64 Amplitude do Sinal Magnético Barkhausen (mV) -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 1300 1200 1300 AISI1045 1200 1100 1100 1000 1000 900 900 800 800 700 700 600 600 500 500 400 400 300 300 200 200 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 29- Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 para um intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. Amplitude do Sinal Magnético Barkhausen (mV) -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 2100 1950 2100 1950 SAC50 1800 1800 1650 1650 1500 1500 1350 1350 1200 1200 1050 1050 900 900 750 750 600 600 450 450 300 300 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 30- Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. Amplitude do Sinal Magnético Barkhausen (mV) -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 2100 1950 2100 1950 ASTMA515 1800 1800 1650 1650 1500 1500 1350 1350 1200 1200 1050 1050 900 900 750 750 600 600 450 450 300 300 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 31- Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. 65 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 240 Entropia 220 240 AISI1045 220 200 200 180 180 160 160 140 140 120 120 100 100 80 80 60 60 40 40 20 20 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 32- Curva resposta associando a Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 480 Entropia 440 480 SAC50 440 400 400 360 360 320 320 280 280 240 240 200 200 160 160 120 120 80 80 40 40 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 33- Curva resposta associando o valor da Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes, para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 600 560 Entropia 520 600 560 ASTMA515 520 480 480 440 440 400 400 360 360 320 320 280 280 240 240 200 200 160 160 120 120 80 80 40 40 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 34- Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa campo magnético de excitação de 10 Hz. 66 Amplitude do Sinal Magnético Barkhausen (mV) -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 21 2100 19 1950 1800 1650 SAC50 AISI1045 ASTMA515 18 16 1500 15 1350 13 1200 12 1050 10 900 90 750 75 600 60 450 45 300 30 150 15 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 35- Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras SAC 50, AISI 1045 e ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de de excitação de 10 Hz. Entropia -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 540 510 480 450 420 390 360 330 300 270 240 210 180 150 120 90 60 30 0 0 40 80 120 160 200 240 280 540 510 480 450 420 390 360 330 300 270 240 210 180 150 120 90 60 30 0 SAC50 AISI1045 ASTMA515 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 36- Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para as amostras SAC 50, AISI 1045 e ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 10 Hz. As FIG. 37 a 42 se referem aos dados do ruído magnético Barkhausen obtidos pelo método RMS e por Entropia Wavelet com campo magnético de 100 Hz. Na FIG. 37, referente à amostra de aço AISI 1045 utilizando o método RMS e freqüência de excitação de 100 Hz, observam-se os valores de amplitude do ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas. Para tensões variando entre ±240 MPa as variações de amplitude do ruído magnético ocorreram num intervalo aproximado de 400 a 1550mV. Observa-se na curva de resposta, um trecho aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -40 a 220 MPa. Para esta amostra de aço, a saturação na amplitude do ruído magnético Barkhausen gerado ocorre para aproximadamente todas as tensões de compressão. Esta amostra apresentou valores de amplitude do ruído magnético mais baixos do que os demais 67 materiais estudados, o que pode ser relacionado com a sua composição química. O teor de carbono desta amostra é bem mais elevado (ver TAB. 1) do que os dos demais materiais estudados, sendo, portanto, a quantidade de perlita existente em sua estrutura maior do que nas demais amostras. Uma maior quantidade de perlita implica em uma maior quantidade de barreiras de energia presentes no material, o que dificulta o movimento das fronteiras e reduz a amplitude do ruído magnético emitido durante a magnetização. Na FIG. 38, referente a amostra de aço SAC 50, utilizando o método RMS e campo magnético de excitação de 100 Hz, podem ser observados os valores de amplitude na curva que apresenta o ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas. Para tensões variando entre ±240 MPa as variações de amplitude do ruído magnético ocorreram no intervalo aproximado de 400 a 3200 mV. Observa-se na curva de resposta, um trecho aproximadamente linear, no intervalo de tensões de -80 MPa a 120 MPa. Para esta amostra de aço, uma brusca saturação da amplitude do ruído magnético Barkhausen ocorre a partir de –210 MPa para os carregamentos de compressão e a partir de 200 MPa nos carregamentos de tração. Esta amostra apresentou valores de amplitude bem superiores aos apresentados pelo aço AISI 1045, o que pode ser relacionado com a sua composição química, que apresenta um teor de carbono inferior (ver TAB. 1), fazendo com que a quantidade de barreiras de energia presentes na amostra possibilite o movimento das fronteiras e aumente a amplitude do ruído magnético emitido. Na FIG. 39, referente à amostra ASTM A 515, utilizando o método RMS e campo magnético de excitação de 100 Hz, podem ser observados os valores de amplitude do ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas. Para tensões variando entre ±240 MPa as variações de amplitude do ruído magnético ocorreram em um intervalo aproximado de 500 a 3900 mV. Para esta amostra de aço, uma brusca saturação da amplitude do ruído magnético Barkhausen ocorre a partir de –60 MPa para os carregamentos de compressão e outra a partir de 100 MPa nos carregamentos de tração. Pode-se observar, também, valores de amplitude superiores aos apresentados pela amostra de aço AISI 1045. Na FIG. 40, utilizando-se o método Entropia Wavelet e campo magnético de excitação de 100 Hz, observam-se os valores de Entropia referente ao ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas para o aço AISI 1045 no intervalo de tensões de ±240 MPa. As 68 variações de Entropia Wavelet ocorrem num intervalo aproximado de 20 a 360. Para esta amostra de aço, no intervalo de tensões de –240 a +240 MPa, não se observa saturação do valor de Entropia Wavelet associada ao ruído magnético Barkhausen na região de tensões de tração. Para a região de tensões de compressão, a saturação ocorre, porém de forma mais suave do que para o método RMS do ruído. Na FIG. 41, utilizando-se o método Entropia Wavelet e campo magnético de excitação de 100 Hz, observam-se os valores da Entropia Wavelet associados ao ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas para o aço SAC 50 no intervalo de tensões entre ±240 MPa. As variações de Entropia Wavelet ocorrem num intervalo aproximado de 30 a 550. Para esta amostra de aço e pelo método de Entropia Wavelet aplicado no intervalo de tensões considerado de ±240 MPa, observa-se a saturação da resposta do ruído magnético Barkhausen em função da variação das tensões para tensões de tração acima de 140 MPa. Observa-se que esta amostra apresenta uma saturação para valores de tensão superiores a 140 MPa, enquanto na região de compressão, há uma redução da resposta do ruído às variações de tensões aplicadas, não ocorrendo entretanto uma saturação acentuada. Comparando este resultado com o resultado RMS para o mesmo material, verifica-se que o método por Entropia Wavelet apresenta maior saturação na região de tração do que o método RMS. Na FIG. 42, utilizando o método Entropia Wavelet e campo magnético de excitação de 100 Hz, observam-se os valores da Entropia Wavelet associados ao ruído magnético Barkhausen em função das tensões aplicadas, para o aço ASTM A 515, para o intervalo de tensões de ±240 MPa. As variações de Entropia Wavelet ocorrem num intervalo aproximado de 50 a 600. Para esta amostra de aço, no intervalo de tensões considerado de ±240 MPa, observa-se uma acentuada saturação na resposta do ruído magnético Barkhausen em função da variação das tensões aplicadas para tensões de tração superiores a 120 MPa e carregamentos de compressão inferiores a –120 MPa. Na região de tração a saturação utilizando-se o método Entropia Wavelet ocorreu para valores menores de tensões do que para o método RMS. Para as tensões de compressão os valores são equivalentes. 69 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 1700 1700 1600 1600 Amplitude (mV) 1500 AISI 1045 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 900 900 800 800 700 700 600 600 500 500 400 400 300 300 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 37- Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 para um intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 3300 3300 Amplitude (mV) SAC 50 3000 3000 2700 2700 2400 2400 2100 2100 1800 1800 1500 1500 1200 1200 900 900 600 600 300 300 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 38- Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 4200 4200 3900 Amplitude (mV) 3600 3900 ASTM A 515 3600 3300 3300 3000 3000 2700 2700 2400 2400 2100 2100 1800 1800 1500 1500 1200 1200 900 900 600 600 300 300 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 39- Curva resposta associando o valor RMS do ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. 70 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 390 390 Entropia 360 360 AISI 1045 330 330 300 300 270 270 240 240 210 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 30 30 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 40- Curva resposta associando a Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes para a amostra de aço AISI 1045 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 650 650 600 600 SAC 50 Entropia 550 550 500 500 450 450 400 400 350 350 300 300 250 250 200 200 150 150 100 100 50 50 0 0 -50 -50 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 41- Curva resposta associando o valor da Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com o valor das tensões presentes, para a amostra de aço SAC 50 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 650 600 Entropia 550 650 600 ASTM A 515 550 500 500 450 450 400 400 350 350 300 300 250 250 200 200 150 150 100 100 50 50 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 42- Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra ASTM A 515 no intervalo de tensões de ±240 MPa, incrementos de 30 MPa e campo magnético de excitação de 100 Hz. 71 Comparando-se os resultados das amostras quando excitadas por campo magnético de 10 e 100 Hz, FIG. 43 a 48, verifica-se um alargamento na faixa de medição utilizando um campo magnético de excitação de 100 Hz para os dois métodos. A TAB. 2 a seguir informa um quadro resumo dos intervalos de resposta dos dois métodos de análise, RMS e Entropia Wavelet, nas freqüências de 10 e 100 Hz. TABELA 2 – Resumo dos resultados dos métodos RMS e Entropia Wavelet Freqüência de Excitação 10 Hz Materiais RMS Resp. (mV) AISI 300 a 1200 1045 SAC 50 400 a 2000 A-515 350 a 1950 Linear (MPa) 100 Hz Wavelet Resp Linear (mV) (MPa) RMS Resp. (mV) Linear (MPa) Wavelet Resp. Liner (mV) (MPa) -20 a 210 30 a 230 -40 a 220 400 a 1550 -40 a 220 20 a 360 -30 a 240 -80 a 150 30 a 440 -60 a 120 400 a 3200 -80 a 120 30 a 550 -80 a 60 -60 a 80 500 a 3900 -60 a 40 -80 a 40 30 a 500 -60 a 120 50 a 600 Comparando-se os resultados dos dois métodos, RMS e Entropia Wavelet, para ambas as freqüências de excitação, constata-se o seguinte: a) Para a amostra SAC, FIG. 43 e 46, a faixa de medição do método por Entropia Wavelet apresenta sensibilidade às variações de tensões num intervalo de tensões maior do que o método RMS para as duas freqüências de excitação. b) Para a amostra AISI 1045, FIG. 44 e 47, os dois métodos apresentaram resultados semelhantes, porém, verifica-se que o método por Entropia Wavelet apresenta uma suave saturação na região de compressão, enquanto no método RMS esta saturação é acentuada a partir de –60 MPa para as duas freqüências de excitação. c) Para a amostra ASTM A 515, FIG. 45 e 48, o método por Entropia Wavelet apresenta uma intervalo de resposta linear à variação de tensões aplicadas superior ao método RMS, apresentando, portanto uma maior sensibilidade às variações de tensões aplicadas. Pode-se observar pela análise das FIG. 43 a 48 a boa sensibilidade apresentada pelo método Entropia Wavelet utilizando-se campo magnético de excitação de 100 Hz, indicando sua boa aplicabilidade para determinação de tensões em estruturas de aço. O aumento da freqüência de excitação de 10 para 100 Hz nas amostras ocasiona a diminuição da penetração do campo magnético. Este fato sugere um aumento na sensibilidade do ruído 72 magnético Barkhausen quanto a pequenas variações de tensões aplicadas e ao mesmo tempo uma menor influência das características da amostra ao ruído magnético Barkhausen emitido. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 650 650 600 600 SAC 50 10 Hz 100 Hz 550 Entropia 500 550 500 450 450 400 400 350 350 300 300 250 250 200 200 150 150 100 100 50 50 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 43 - Valores de Entropia Wavelet do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra SAC 50 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 390 390 360 300 Entropia 360 AISI 1045 10 Hz 100 Hz 330 330 300 270 270 240 240 210 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 30 30 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 44- Valores de Entropia Wavelet do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra AISI 1045 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 700 700 650 600 550 Entropia 500 650 ASTM A 515 10 Hz 100 Hz 600 550 500 450 450 400 400 350 350 300 300 250 250 200 200 150 150 100 100 50 50 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 45-Valores de Entropia Wavelet do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra ASTM A 515 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz. 73 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 3900 3600 3300 Amplitude (mV) 3000 3900 3600 SAC 50 10 Hz 100 Hz 3300 3000 2700 2700 2400 2400 2100 2100 1800 1800 1500 1500 1200 1200 900 900 600 600 300 300 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 46- Valores RMS do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra SAC 50 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz. Amplitude (mV) -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 0 40 80 120 160 200 240 280 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 AISI 1045 10 Hz 100 Hz -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 47- Valores RMS do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra AISI 1045 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz. -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 4200 4200 3900 3600 Amplitude (mV) 3300 3900 ASTM A 515 10 Hz 100 Hz 3600 3300 3000 3000 2700 2700 2400 2400 2100 2100 1800 1800 1500 1500 1200 1200 900 900 600 600 300 300 0 0 -280 -240 -200 -160 -120 -80 -40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tensão (MPa) FIGURA 48- Valores RMS do ruído magnético Barkhausen gerados pela amostra ASTM A 515 quando submetida a campos magnéticos nas freqüências de 10 e 100 Hz. 74 4.2. Diferenciação de Materiais Para utilizar os métodos RMS e Entropia Wavelet para diferenciar os materiais estudados, foram inicialmente adquiridos dados das três amostras na freqüência de 10 Hz. Após o processamento foram obtidas curvas, denominadas curvas resposta, relacionando a variação do ruído magnético Barkhausen emitido com a tensão aplicada, pelo método RMS, conforme pode ser observado na FIG. 35, e as curvas resposta relacionando a Entropia Wavelet referente ao ruído magnético Barkhausen com a tensão aplicada, conforme pode ser observado na FIG. 36. Estas curvas de resposta pelos dois métodos foram traçadas para cada amostra, utilizando-se valores experimentais de tensão que variaram de ±240 MPa com incrementos de 30 MPa. Pelos resultados obtidos através dos dois métodos de análise do ruído magnético Barkhausen, FIG. 35 e 36, selecionou-se, na região de comportamento aproximadamente linear, uma faixa de tensões, de -30 MPa a 30 MPa, para verificar a possibilidade de se diferenciar os materiais testados pelos dois métodos abordados. Nesta região a sensibilidade apresentada pelos dois métodos é elevada, ou seja, pequenas variações de tensões produzem grandes variações no valor RMS do ruído ou da Entropia Wavelet associada ao ruído. Na faixa de tensões selecionada, de ±30 MPa, foram então realizadas novas aquisições, agora em intervalos de 3 MPa, de forma a gerar um conjunto de pontos que permita a realização de uma análise estatística dos resultados. Após adquiridos os dados foram processados pelos métodos RMS e Entropia Wavelet com a finalidade de comparar a sensibilidade de resposta dos dois métodos. Os resultados obtidos pelo método RMS podem ser vistos nas FIG. 49 a 51 e os resultados obtidos pelo método Entropia Wavelet podem ser vistos nas FIG. 52 a 54. 75 -35 -30 -25 -20 -15 -10 650 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 650 640 Ruído Magnético Barkhausen (mV) 640 630 AISI1045 630 620 620 610 610 600 600 590 590 580 580 570 570 560 560 550 550 540 540 530 530 520 520 510 510 500 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 500 35 Tensão (MPa) FIGURA 49- Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras AISI 1045 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa. -35 -30 -25 -20 -15 -10 1300 -5 0 5 10 15 20 25 30 1250 Ruído Magnético Barkhausen (mV) 1250 1200 35 1300 SAC50 1200 1150 1150 1100 1100 1050 1050 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750 700 700 650 650 600 600 550 550 500 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 500 35 Tensão (MPa) FIGURA 50- Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras SAC 50 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa. Ruído Magnético Barkhausen (mV) -35 -30 -25 -20 -15 -10 1620 1560 1500 1440 1380 1320 1260 1200 1140 1080 1020 960 900 840 780 720 660 600 540 -5 0 5 10 15 20 25 30 1620 1560 1500 1440 1380 1320 1260 1200 1140 1080 1020 960 900 840 780 720 660 600 540 ASTMA515 -35 -30 -25 -20 -15 -10 35 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 Tensão (MPa) FIGURA 51- Curva resposta obtida pelo método RMS para as amostras ASTM A 515 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa. 76 -35 -30 -25 -20 -15 -10 Entropia 78 AISI1045 75 72 69 66 63 60 57 54 51 48 45 42 39 36 33 30 -35 -30 -25 -20 -15 -10 r -5 0 -5 5 0 10 5 10 15 15 20 20 25 25 30 35 30 78 75 72 69 66 63 60 57 54 51 48 45 42 39 36 33 30 35 Tensão (MPa) FIGURA 52- Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra AISI 1045 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa. -35 -30 -25 -20 -15 -10 300 Entropia 280 -5 0 5 10 15 20 25 30 SAC50 35 300 280 260 260 240 240 220 220 200 200 180 180 160 160 140 140 120 120 100 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 100 35 Tensão (MPa) FIGURA 53- Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra SAC 50 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa. -35 -30 -25 -20 -15 -10 380 360 Entropia 340 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 380 360 ASTMA515 340 320 320 300 300 280 280 260 260 240 240 220 220 200 200 180 180 160 160 140 140 120 120 100 100 80 80 60 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 60 35 Tensão (MPa) FIGURA 54- Curva resposta obtida pelo método Entropia Wavelet para a amostra ASTM A 515 no intervalo de ±30 MPa e incrementos de 3 MPa. 77 Pode-se verificar pelas FIG. 49 e 54 que embora os pontos observados para as três amostras, utilizando os dois métodos de análise do ruído magnético Barkhausen, não sejam totalmente lineares, a análise dos dados sugere uma relação aproximadamente linear entre a variável tensão e ruído magnético Barkhausen. Para verificar esta relação entre estas duas variáveis para as três amostras, aplicou-se a técnica de ajuste linear ao conjunto de dados RMS e Entropia Wavelet, utilizando-se o software Excel (MICROSOFT, 2005). Os resultados podem ser vistos nas FIG. 55 a 57 para o método RMS e nas FIG. 58 a 60 para o método Entropia Wavelet. Amplitude do Ruído Magnéti Barkhausen (mV) 78 1800 1600 1400 1200 1000 800 Reta de Regressão Ajustada y = 15,149x + 1089,7 600 400 R2 = 0,9972 200 0 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 Tensão (MPa) Amplitude do Ruído Magnético Barkhausen (mV) FIGURA 55– Gráfico de dispersão dos dados do ruído magnético Barkhausen RMS x tensão aplicada para uma amostra do aço ASTM A 515 submetida a carregamentos de ±30 MPa. 700 600 500 400 Ret a de Regressão Ajust ada 300 y =1,7868x +571,33 200 R2 =0,9835 100 0 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 Tensão (MPa) Amplitude do Ruído Magnétic Barkhausen (mV) FIGURA 56– Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen em RMS x tensão aplicada para uma amostra do aço AISI 1045 submetida a carregamentos de ±30 MPa. 1400 1200 1000 800 Reta de regressão ajustada y = 9,357x + 967,57 600 400 R2 = 0,9977 200 0 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 Tensão (MPa) FIGURA 57– Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen em RMS x tensão aplicada para uma amostra do aço SAC 50 submetida a carregamentos de ±30 MPa. 79 400 350 Entropia 300 250 200 Reta de Regressão Ajustada y = 4,6725x + 216,09 150 100 R2 = 0,9919 50 0 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 Tensão (MPa) FIGURA 58– Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço ASTM A 515 submetida a carregamentos de ±30 MPa. 300 250 Entropia 200 150 Ret a de Regressão Ajust ada 100 y =2,5053x +198,44 R2 = 0,9966 50 0 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 Tensão (MPa) FIGURA 59– Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço SAC 50 submetida a carregamentos de ±30 MPa. 90 80 70 Entropia 60 50 40 30 Reta de Regressão Ajustada y = 0,573x + 52,224 20 R2 = 0,92 10 0 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 Tensão (MPa) FIGURA 60– Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço AISI 1045 submetida a carregamentos de ±30 MPa. 80 Os coeficientes de determinação R2 observados nas FIG. 55 a 60 avaliam o grau de associação entre o valor da Entropia Wavelet e RMS associada ao ruído magnético Barkhausen com as variações de tensão aplicada, para cada amostra, respectivamente. Estes coeficientes assumem valores entre zero e um (0 ≤ R2 ≤ 1), ou seja, quanto mais próximo de um, mais forte a relação de linearidade do ruído magnético Barkhausen ou a Entropia Wavelet com as variações de tensões sofridas pelas amostras, e quanto mais próxima de zero, mais fraca ou inexistente esta correlação. Observa-se, pelo ajuste dos dados obtidos pelos métodos RMS e Entropia Wavelet, apresentados nas FIG. 55 a 60, que para todas as amostras as variáveis tensão e ruído magnético Barkhausen e tensão e Entropia Wavelet apresentaram uma forte correlação linear, seguindo uma distribuição normal, uma vez que os valores de R2 para as três amostras tanto pelo métodos RMS quanto pelo método Entropia Wavelet apresentaram valores acima de 0,90. A equação da reta ajustada que representa o conjunto de dados pelo método RMS e Entropia Wavelet é dada por Yi= β1Xi + β0+ εi, representada nas FIG. 55 a 60, onde β0 é o coeficiente linear, β1 é o coeficiente angular de inclinação e εi é o erro, uma variável aleatória não observável que se admite ser independente e distribuída com média zero (PINTO, J.M.A., VICTER, P.A., 2005). Realizado o ajustamento linear dos dados, verificou-se então a viabilidade do uso do método do intervalo de confiança para diferenciar as três amostras de aços, a priori desconhecidas. Intervalo de confiança consiste em um método por meio do qual se pode determinar os limites de um intervalo que há uma determinada probabilidade de conter o valor verdadeiro valor de um parâmetro entre seus limites. Os valores mais usados são 90%, 95% e 99% (PINTO, J.M.A., VICTER, P.A., 2005). Com a finalidade de diferenciar estatisticamente as amostras utilizadas neste trabalho pelo conjunto de valores RMS e Wavelet da reta de calibração, aplicou-se o modelo de regressão linear ao conjunto de dados estimando os parâmetros desconhecidos utilizando uma probabilidade de 95% de conter seu valor verdadeiro. Para o cálculo do intervalo de confiança de cada amostra baseado nos valores RMS e Entropia Wavelet da reta de calibração, utilizou-se o software Excel da Microsoft cujos resultados pelo método RMS são apresentados nas TAB. 3, 4 e 5 para os aços ASTM A 515, 81 AISI 1045 e SAC 50, respectivamente. Nas TAB. 6, 7 e 8 são apresentados, respectivamente, os resultados dos cálculos do intervalo de confiança pelo método Entropia Wavelet para as amostras ASTM A 515, AISI 1045 e SAC 50. Adotando um coeficiente de confiança de 95%, observa-se nos resultados pelo método RMS da TAB. 3, referente ao aço ASTM A 515, um intervalo de confiança para β1 de 14,8 ≤ β1 ≤ 15,5. Na TAB. 4, observa-se para o mesmo método para a amostra do aço AISI 1045 um intervalo de confiança de 1,8 ≤ β1 ≤ 1,9. Na TAB 5, os resultados pelo método RMS para o aço SAC 50 apresenta um intervalo de confiança de 9,1 ≤ β1 ≤ 9,6. TABELA 3 – Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de RMS da amostra ASTM A 515. Interseção Tensão (MPa) Coeficientes 1089,8 15,2 Erro padrão 3,4 0,2 95% inferiores 1082,7 14,8 95% superiores 1096,8 15,5 TABELA 4 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de RMS da amostra AISI 1045. Interseção Tensão (MPa) Coeficientes 571,3 1,8 Erro padrão 1,0 0,05 95% inferiores 569,3 1,7 95% superiores 573,3 1,9 TABELA 5 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de RMS da amostra SAC 50. Interseção Tensão (MPa) Coeficientes 967,6 9,4 Erro padrão 1,9 0,1 95% inferiores 95% superiores 963,7 971,4 9,1 9,6 Na TAB 6, pelo método Entropia Wavelet de uma amostra de aço ASTM A 515 adotando um coeficiente de confiança de 95%, verifica-se o intervalo para β1 de 4,5 ≤ β1 ≤ 4,9. Na TAB. 7, pelo método Wavelet e para uma amostra de aço AISI 1045, observa-se um intervalo de confiança para β1 de 0,5 ≤ β1 ≤ 0,7. Na TAB 8, para o aço SAC 50, verifica-se um intervalo de confiança para β1 de 2,4 ≤ β1 ≤ 2,6. 82 TABELA 6 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de Entropia Wavelet da amostra ASTM A 515. Interseção Tensão (MPa) Coeficientes 216,0 4,7 Erro padrão 1,8 0,1 95% inferiores 95% superiores 212,4 219,8 4,5 4,9 TABELA 7 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de Entropia Wavelet da amostra AISI 1045. Interseção Tensão (MPa) Coeficientes 52,2 0,6 Erro padrão 0,7 0,03 95% inferiores 95% superiores 50,75 53,7 0,5 0,7 TABELA 8 - Valores da análise de regressão por intervalo de confiança para os dados do RMB pelo método de Entropia Wavelet da amostra SAC 50. Interseção Tensão (MPa) Coeficientes 198,4 2,5 Erro padrão 0,6 0,03 95% inferiores 95% superiores 197,1 199,7 2,4 2,6 Observa-se que os dois métodos utilizados para processar o ruído magnético Barkhausen emitido pelas amostras sobre diversos carregamentos aplicados, RMS e Entropia Wavelet, apresentaram em seus resultados pelo cálculo do intervalo de confiança, utilizando um coeficiente de segurança de 95%, intervalos de valores completamente distintos. Estes intervalos apresentaram-se com valores diferentes entre as três amostras que foram submetidas ao método RMS, entre as três amostras que foram submetidas ao método Entropia Wavelet e entre intervalos dos dois métodos entre si. Constata-se então, pelo cálculo do intervalo de confiança, que o ruído magnético emitido pelas três amostras sobre carregamentos são diferentes tanto pelo método RMS quanto pelo método Entropia Wavelet. Esta diferença de intervalos comprova estatisticamente que as três amostras, a priori desconhecidas, são amostras diferentes. Esta diferenciação de amostras de materiais ferromagnéticos pela análise do ruído magnético Barkhausen quando submetidas a carregamentos ocorre provavelmente devido as diferentes composições químicas das amostras ou pela presença de inclusões ou precipitados. 83 4.3. Aplicação da Transformada Wavelet Discreta ao Ruído Magnético Barkhausen A aplicação da transformada Wavelet Discreta ao ruído magnético Barkhausen emitido pelas três amostras quando submetidas a diferentes carregamentos de tensão deu-se em decomposição de nível cinco de aproximação e de detalhe onde foi testado e analisado extensivamente o comportamento do ruído magnético Barkhausen com as seguintes famílias Wavelets: ⇒ Daubechies (‘db1’ ou ‘haar’, ‘db2’,...’db45’); ⇒ Coiflets (‘coif1’,...,’coif5’); ⇒ Symlets (‘sym2’,...,’sym8’); ⇒ Discrete Meyer (dmey); ⇒ Biorthogonal ('bior1.1','bior1.3','bior1.5' 'bior2.2', 'bior2.4', 'bior2.6', 'bior2.8' 'bior3.1', 'bior3.3','bior3.5', 'bior3.7' 'bior3.9', 'bior4.4', 'bior5.5', 'bior6.8'); ⇒ Reverse Biorthogonal ('rbio1.1', 'rbio1.3', 'rbio1.5' 'rbio2.2', 'rbio2.4', 'rbio2.6', 'rbio2.8' 'rbio3.1', 'rbio3.3', 'rbio3.5', 'rbio3.7' 'rbio3.9', 'rbio4.4', 'rbio5.5', 'rbio6.8'). Observou-se, visualmente, a decomposição das freqüências do ruído magnético Barkhausen emitido pelos materiais quando submetidos a diversos carregamentos aplicados pelos níveis de detalhe e de aproximação e constatou-se apenas o aumento na amplitude do sinal quando submetido a carregamentos de tração e a sua diminuição quando submetido a carregamentos de compressão. Entretanto, não se verificou nenhuma alteração nas componentes de altas ou de baixas freqüências que pudesse fornecer informações a respeito do comportamento do ruído Barkhausen. A variação de amplitude do ruído magnético Barkhausen é uma variável que está presente na avaliação da quantidade de informação do sinal, sendo este comportamento detectado pelo método Entropia Wavelet. Devido ao volume de figuras geradas pelos resultados da aplicação da transformada Wavelet Discreta bem como estes resultados não trazerem entre si nenhuma contribuição significativa, optou-se por não apresenta-los neste trabalho. 84 4.4. Aplicação da transformada Wavelet Contínua ao Ruído Magnético Barkhausen A aplicação da transformada Wavelet Contínua ao ruído magnético Barkhausen emitido pelas três amostras quando submetidas a diferentes carregamentos de tensão, decorreu de extensivos testes e de longos tempos de processamento de computador para as seguintes famílias Wavelets: ⇒ Daubechies (‘db1’ ou ‘haar’, ‘db2’,...’db45’); ⇒ Coiflets (‘coif1’,...,’coif5’); ⇒ Symlets (‘sym2’,...,’sym8’); ⇒ Discrete Meyer (dmey); ⇒ Biorthogonal ('bior1.1','bior1.3','bior1.5' 'bior2.2', 'bior2.4', 'bior2.6', 'bior2.8' 'bior3.1', 'bior3.3','bior3.5', 'bior3.7' 'bior3.9', 'bior4.4', 'bior5.5', 'bior6.8'); ⇒ Reverse Biorthogonal ('rbio1.1', 'rbio1.3', 'rbio1.5' 'rbio2.2', 'rbio2.4', 'rbio2.6', 'rbio2.8' 'rbio3.1', 'rbio3.3', 'rbio3.5', 'rbio3.7' 'rbio3.9', 'rbio4.4', 'rbio5.5', 'rbio6.8'). Apos testar estas diversas famílias de Wavelets, aplicou-se a função Wavelet 4 da família Daubechies, ou db4, por apresentar uma sensibilidade às mudanças características do sinal bem como por possuir uma correlação na sua forma com o ruído magnético Barkhausen. A função db4 foi aplicada ao conjunto de ruídos Barkhausen emitidos pelas amostras sob diversos carregamentos gerando vários resultados semelhantes aos apresentados na FIG. 61, entretanto, nenhum dos resultados analisados apresentaram qualquer comportamento que pudesse caracterizar ou até mesmo identificar as amostras de materiais. Verificou-se pelas pseudo-freqüências apresentadas na TAB. 9 que pelo uso das transformadas Wavelet Contínuas é possível identificar no ruído magnético Barkhausen emitido para as três amostras, componentes de freqüências que variam de alguns Hz a aproximadamente 300kHz, o que está de acordo com a bibliografia revisada para elaboração deste trabalho (MAASS, 2000). 85 FIGURA 61– Gráfico de dispersão dos dados dos sinais Barkhausen por Entropia x tensão aplicada para uma amostra do aço AISI 1045 submetida a carregamentos de ±30 MPa. TABELA 9 – Relação entre escala e freqüência para as transformadas Wavelet Contínuas Escala (a) 1 103 205 307 409 511 613 715 817 919 1021 1123 1225 1327 1429 1531 1633 1735 1837 1939 Freqüência (Hz) 297.620 2.889,50 1.451,8 969,44 727,68 582,43 485,51 416,25 364,28 323,85 291,50 265,02 242,95 224,28 208,27 194,40 182,25 171,54 162,01 153,49 86 5 CONCLUSÕES No presente trabalho foi pesquisada e proposta uma nova metodologia para tratamento dos sinais Barkhausen pelo uso de transformadas Wavelet, como alternativa ao método convencional RMS. Do trabalho realizado, podem ser tiradas as seguintes conclusões: 1) O software desenvolvido durante este trabalho, exclusivamente para controle e leitura dos dados referentes ao ruído magnético Barkhausen, campo magnético aplicado e tensão de excitação da amostra, mostrou-se adequado funcionando corretamente e atendendo as expectativas de controle da placa de aquisição e armazenamento dos dados. 2) O novo método proposto, de Entropia Wavelet, apresentou sensibilidade de detecção das variações do ruído magnético Barkhausen, em função de tensões presentes no material, numa faixa de variação de tensões superior à apresentada pelo método RMS para a maioria das amostras estudadas, o que contribui para aumentar a faixa de utilização deste método para a medição de tensões nestes materiais. O nível de sensibilidade deste método, superior ao método RMS, indica sua boa aplicabilidade na determinação de tensões em estrutura de aço. 3) Existe uma forte relação linear entre a tensão aplicada e ruído magnético Barkhausen emitido pelas amostras, numa faixa de carregamento que neste trabalho gerou tensões entre ±30 MPa. 4) Apenas para o aço AISI 1045 ocorreu um aumento da faixa de resposta do ruído magnético Barkhausen quando aplicados campos magnéticos de excitação com freqüência de 100 Hz. 5) Conhecido o estado de tensões aplicadas ao material, o modelo estatístico baseado na análise de regressão juntamente com os métodos RMS ou de Entropia Wavelet, possibilita verificar através do ruído magnético Barkhausen com um intervalo de confiança de 95% que as amostras ASTM A 515, AISI 1045 e SAC 50 são amostras de diferentes aços. 6) A análise do ruído magnético Barkhausen pelo uso de transformadas Wavelets Discreta ou Contínua não possibilita identificar nenhuma característica ou 87 comportamento do ruído magnético Barkhausen para as amostras de aço ASTM A 515, AISI 1045 e SAC 50 quando submetidas a diferentes carregamentos de tensões no intervalo de ±240 MPa. 7) Os resultados obtidos utilizando-se as transformadas Wavelet contínuas possibilitaram a identificação de freqüências no ruído magnético Barkhausen detectado de até 300 kHz. São feitas, a seguir, algumas sugestões para trabalhos futuros, com o intuito de dar continuidade ao presente trabalho de pesquisa sobre análise e classificação do ruído magnético Barkhausen utilizando transformadas Wavelets. a) Devido à variação de amplitude do ruído Barkhausen em decorrência dos carregamentos aplicados e à sensibilidade apresentada pelo novo método proposto, sugere-se para trabalho futuro o uso da Entropia Wavelet no estudo das características de anisotropia de diferentes tipos de aço. b) Estudo da aplicação da Entropia Wavelet para verificar as alterações que ocorrem no padrão do ruído magnético Barkhausen gerado nas regiões de comportamento elástico e plástico de diferentes tipos de aço. 88 6 BIBLIOGRAFIA • ASME II – SA 515/SA515M, Specification for pressure vessel plates, carbon steel, for intermediate- and higher-temperature service. AMERICAN SOCIETY FOR MECHANICAL ENGINEERS, 2000. • ASTM E 8M, Standard Testing Methods for Tension Testing of Metallic Materials. 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Campo de Aplicação Esta RT se aplica a todo o pessoal do Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, envolvidos com a execução do serviço de aquisição de dados referente ao ruído magnético Barkhausen, a tensão de excitação e ao campo magnético de excitação utilizando a placa de aquisição de dados NIPCI-6070E. 3. Referências 3.1 Referências Normativas 3.1.1 P(S) CDTN-0033 3.1.2 IN(S) CDTN-0000 Rev. 04 FEV/2003 3.2 Referências Bibliográficas 93 3.2.1 Manual de Instruções F.W. Bell GAUSS / TESLA METER Modelo 5080 3.2.2 METALELEKTRO LTD. Stresstest Manual. Budapest 1998. 3.2.3 www.ni.com - acesso em 20/09/2005 4. Rotina 4.1 Generalidades O equipamento utilizado para a medida dos sinais Barkhausen é o Stresstest 2004 da METALELEKTRO, o qual permite a utilização de quatro sondas simultâneas trabalhando com freqüências de excitação de 10 e 100 Hz e diferentes filtros de freqüência de medida. Nesta rotina, é descrito o procedimento de leitura do valor RMS do ruído magnético Barkhausen através da placa de aquisição de dados NI PCI 6070-E conectada ao equipamento Stresstest 2004, o qual utiliza uma sonda de excitação e leitura do ruído magnético Barkhausen, modelo 144221, fabricada pela METALELEKTRO e o equipamento medidor de campo F.W. Bell modelo 5080 que utiliza uma sonda STD58-402 para medida do campo magnético de excitação. A sonda conectada a entrada PROBE 1 do equipamento Stresstest 2004 é posicionada na superfície do material a ser examinado e é responsável pela aplicação do campo magnético de excitação e pela detecção do ruído magnético Barkhausen gerado pelo material. A sonda conectada ao equipamento de medição de campo F.W.Bell Modelo 5080 é posicionada na superfície do material, entre a sonda de excitação e o material, na região de máxima amplitude de campo. Os parâmetros de leitura do ruído magnético Barkhausen são informados pelo software do equipamento Stresstest 2004 disponível no disco rígido do mesmo microcomputador onde se encontra instalada a placa de aquisição de dados. Sua execução pode ser realizada através do arquivo c:\stresstest\stress.exe, conforme indicado na FIG. 1. Após a execução do arquivo stress.exe, é disponibilizada uma interface para entrada dos parâmetros de leitura do ruído magnético Barkhausen, conforme indicado na FIG. 2. 94 Figura 1 – Tela de execução do programa stresstest 95 Figura 2 – Tela inicial do software controlador do equipamento Stresstest 2004 4.2 Conexão e configuração dos parâmetros de leitura do ruído magnético Barkhausen utilizando o equipamento Stresstest 2004 O equipamento Stresstest 2004 disponibiliza dois canais de saída, conforme indicado no painel frontal do aparelho, sendo um canal referente ao sinal de excitação, EXC, e um canal referente ao sinal Barkhausen, SIGN. Estes canais de saída devem ser conectados ao bloco de conectores SCB-68 através dos cabos RG-058 por meio de conectores tipo BNC. A saída EXC deve ser conectada ao canal 0 e a saída SIGN ao canal 1 do bloco de conectores SCB68. A configuração dos parâmetros de leitura para cada material requer que seja selecionado primeiramente a freqüência de excitação, 10 ou 100 Hz, a qual pode ser feita pela opção Switches/Frequency. Em seguida, deve ser selecionado a opção Optimum ampl. para que seja calculada a amplitude ótima do material em análise. A FIG. 3 ilustra a tela do programa que realiza o cálculo da amplitude ótima. 96 Figura 3 – Cálculo da amplitude ótima Após o cálculo da amplitude ótima, seleciona-se a opção Switches/Amplitude e através das teclas Page UP e Page Down informa-se o valor do campo calculado no procedimento anterior. Seleciona-se o filtro de 8kHz para análise do ruído magnético Barkhausen utilizando a opção Switches/Filters/8kHz. A seleção do canal utilizado para conexão da sonda de excitação, normalmente padronizada no canal 1, é feita através da opção Switches/Channels. Os modos de medida da leitura RMS do ruído magnético Barkhausen pode ser feita pela opção Switches/Mode/RMS. Para que o equipamento realize a leitura do ruído magnético Barkhausen continuamente, selecione a opção Mainmenu/Cont.Measure, conforme FIG. 4. Figura 4 – Tela indicando a leitura contínua do ruído magnético Barkhausen 4.3 Conexão e configuração do equipamento de medição de campo F.W. BELL Modelo 5080 97 O equipamento F.W. Bell Modelo 5080, FIG. 5, deve ser conectado a placa de aquisição de dados por meio do bloco de conectores SCB-68 utilizando o canal disponível número 3 através de terminais BNC e cabos tipo RG-058. Figura 5 – Medidor de campo magnético F.W. Bell Modelo 5080 A sonda STD58-0402 para medida do campo magnético deve ser conectada a saída própria disponibilizada no equipamento, conforme ilustrado na FIG. 5. A configuração do equipamento se dá pela rotação do seletor de funções até a opção indicada seguido a seguinte configuração: - Opção RANGE, pressione o botão SELECT e selecione a opção mT. - Opção OUTPUT, pressione o botão SELECT e selecione a opção 0 – 10 kHz. - Opção HOLD, pressione o botão SELECT selecionando a opção HOLD OFF. - Opção MODE, pressione o botão SELECT selecionando a opção AC. 98 - Opção UNITES, pressione o botão SELECT selecionado a opção Am. - Opção RELATIVE, pressione o botão SELECT selecionando a opção OFF. Coloque a sonda de medida de campo dentro do calibrador de fluxo zero que acompanha o equipamento e em seguida gire o seletor de funções ate a opção ZERO. Pressione o botão HOLD RESET e aguarde a indicação de 0.00 mT no display. 4.4 Preparação das Medições É necessário para iniciar o trabalho os seguintes itens: - Computador PC Pentinum III, 650 MHz, 120 MB de memória, disco de 20Gb com placa de aquisição de dados NIPCI-6070E instalada de acordo recomendações do fabricante. - Programa LabVIEW versão 5.1 ou superior, instalado; - Equipamento Stresstest 2004 para leitura do ruído magnético Barkhausen, incluindo uma sonda e instalação do software de controle do equipamento fornecido pelo fabricante; - Bloco de conectores (SCB-68) fornecido pelo fabricante da placa de aquisição; - Amostra de material ferromagnético para aquisição do ruído Barkhausen. - 3 Cabos RG 058 blindado instrumentados com terminais BNC para conexão do bloco de conectores ao equipamento Stresstest 2004 e equipamento medidor de campo magnético. Após realizada as conexões entre os canais do equipamento Stresstest 2004 e os canais da unidade SCB-68 e este conectado a placa NIPCI-6070E instalada no computador, deve-se fazer a configuração do programa que controla a leitura da placa de aquisição dos dados através da execução do programa LabVIEW versão 5.1 , conforme indicado na FIG. 6, disponível no computador. Em seguida clicar na opção open e selecionar o arquivo DAQBKN0311.vi disponível em C:\Arquivos de programas\NATIONAL INSTRUMENTS\LabVIEW, conforme indicado na FIG. 7. 99 Em seguida será apresentada a tela do programa para entrada dos parâmetros de aquisições dos dados por parte da placa NI PCI 6070-E, conforme ilustrado na FIG. 8. FIGURA 6 – Tela inicial do programa LabVIEW 100 FIGURA 7 – Tela de abertura do arquivo daqbkn0311.vi FIGURA 8 – Tela de entrada de parâmetros para leitura dos dados 101 Nesta tela deve-se informar no campo Canais para Leitura o número dos canais a serem lidos pela placa de aquisição, neste caso três canais: 0,1,2. No campo Canal de Referência, deve-se informar o número do canal que servirá de referência para os demais canais, ou seja, canal 0 (zero). No campo Número de Aquisições, deve-se informar o número de aquisições máxima que se deseja obter, neste caso, 8192. No campo Quantidade de Varreduras por Canal deve-se informar a quantidade de varreduras desejadas por canal, neste caso, 80000.00. No campo Limite de Tempo, informe o valor do tempo máximo, em segundos, que se deseja que o programa execute a leitura das aquisições. Caso este tempo seja ultrapassado, o programa interromperá sua execução automaticamente. Adota-se um tempo padrão de 5 segundos. Execute o programa para início da leitura dos dados pela placa de aquisição clicando no botão Run no canto superior esquerdo da tela. Imediatamente após a execução do programa, a placa de aquisição iniciará a leitura dos dados e solicitará, conforme FIG. 9, o nome do arquivo padrão ASCII onde deveram ser armazenadas as informações referente ao tempo de leitura dos dados e as informações referentes às leituras dos canais 0,1 e 2. Estas informações são armazenadas no arquivo em formas de coluna, conforme ilustrado na FIG. 10, onde a primeira coluna é referente as informações do tempo, a segunda coluna é referente a tensão de excitação, a terceira coluna é referente ao campo magnético de excitação e a quarta e última coluna é referente ao ruído magnético Barkhausen. 102 FIGURA 9 – Tela para entrada do nome do arquivo (padrão ASCII) para armazenamento dos dados do tempo de leitura e dos canais 0,1 e 2. FIGURA 10 – Arquivo padrão ASCII para armazenamento das informações obtidas pela placa de aquisição de dados