1 GABRIELA MARIVONE BELTRAME CONCEITOS FUNDAMENTAIS NO CAMPO DA GENÉTICA: O QUE PENSAM OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO? Trabalho de iniciação científica apresentada à Unochapecó como parte dos requisitos para obtenção do grau de licenciado em Ciências Biológicas. Orientador: Msc. Marcos Vinícius Perini Chapecó – SC, dez. 2010 2 “É preciso que a educação esteja – em seus conteúdos, em seus programas e em seus métodos – adaptada ao fim que se persegu e: permitir ao construir-se homem como chegar pessoa, a ser sujeito, transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relação de reciprocidade,fazer a cultura e a história.” Paulo Freire 3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais pelo carinho, amor e dedicação. Aos mestres, em especial a Profª. Dr. Iône Inês Pinsson Vinícius Slongo Perini e ao Profº pelo apoio Msc. e Marcos efetiva participação neste trabalho. Ao Felipe Rossi Haverroth pelo amor, carinho e compreensão. 4 Conceitos Fundamentais no Campo da Genética: O que Pensam os Alunos do Ensino Médio? Beltrame, Gabriela 1, Perini, Marcos V. 2. RESUMO Esta pesquisa é resultado de uma investigação sobre a compreensão dos alunos do ensino médio, de uma escola estadual do município de Chapecó/SC, sobre conceitos centrais da área da genética e suas relações sociais e éticas. Teve como objetivo geral investigar as concepções que os alunos do ensino médio possuem sobre conceitos fundamentais da genética molecular. A coleta dos dados foi feita nos meses de setembro a novembro de 2010, através de entrevistas gravadas com os alunos. Os resultados obtidos neste estudo mostram que os alunos do último ano do ensino médio da escola pesquisada, demonstraram dificuldades na conceituação de termos básicos da área, como: DNA, RNA, gene, cromossomo, tradução gênica e transgênicos. Da mesma forma, estes alunos também não conseguiram estabelecer relações entre os conceitos científicos da genética e suas implicações éticas e sociais. A falta de domínio dos conceitos básicos de genética pode ser um dos elementos que contribuiu para os resultados obtidos nesta investigação. Palavras chaves: ensino de genética; alfabetização científica; 1 . Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Comunitária da Região de Chapecó/SC, Rua Pequim, 322 D, Bairro Passo dos Fortes, CEP 89805-545. E-mail: [email protected] 2 . Área de Ciências Exatas e Ambientais da Universidade Comunitária da Região de Chapecó/ SC, Avenida Senador Attílio Fontana, 591-E, Bairro Efapi, CEP 89809-000, Chapecó, SC, Brasil, [email protected]. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.........................................................................................6 CAPÍTULO I …........................................................................................9 1.1 Ensino de ciências e alfabetização científica............................................................9 1.2 Ensino de Biologia e genética.................................................................................13 CAPÍTULO II ........................................................................................17 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................17 2.1 Caracterização da escola ........................................................................................17 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ….................................................................32 REFERÊNCIAS......................................................................................34 APÊNDICES...........................................................................................37 A. Entrevista com os professores de biologia das escolas públicas de ensino básico........................................................................................................................................37 B. Entrevista aplicada aos alunos de segundo e terceiro ano do ensino médio.........................................................................................................................................38 ANEXO A..............................................................................................40 6 Introdução A ciência proporciona o desenvolvimento histórico cultural da humanidade estando profundamente relacionada aos avanços tecnológicos e aos interesses sociais e políticos. Assim, o interesse maior da população em relação aos conhecimentos científicos é que estes por fim proporcionem qualidade de vida. O estado atual da sociedade demonstra a crescente necessidade da alfabetização científica, extremamente importante nos currículos educacionais, principalmente pelas constantes mudanças na relação entre avanços tecnológicos, novas descobertas científicas e suas consequências para a sociedade. A escola com seu papel fundamental no ensino das ciências tem o compromisso de dar oportunidades ao cidadão para uma alfabetização científica crítica, propiciando o desenvolvimento humano. A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (BRASIL, 1996), aponta a necessidade de que o aluno do ensino médio construa compreensão prática e teórica, no ensino de cada disciplina, dos fundamentos científico-tecnológicos que abrangem os processos produtivos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano de 2009 sobre o percentual que atinge o ensino superior mostram que houve avanço na proporção de jovens na faixa de 18 a 24 anos, cursando o ensino superior: de 6,9% para 13,9%. Houve aumento da frequência ao ensino superior em todas as regiões do país, entre 1998 e 2008 (IBGE, 2009). Mesmo assim, o percentual é baixo quando comparado a países como França, Espanha e Reino Unido, nesses países essa proporção é superior a 50% (IBGE, 2009). Portanto muitas pessoas ainda não têm acesso à formação científica, a não ser na educação básica onde tem contato com as diversas áreas das ciências. A educação básica hoje, tem dificuldades na formação científica dos nossos cidadãos. Dar-lhes subsídios para a compreensão da imensidão de informações disponíveis hoje torna-se uma tarefa difícil, considerando a grande quantidade de conhecimento que é produzido. As pessoas ficam a mercê das informações da mídia, e sem uma formação científica básica, ficam impossibilitadas de formar uma opinião coerente e crítica a respeito dos debates importantes que cercam a sociedade, entre eles discussões sobre a engenharia genética, como transgênicos, o patenteamento de genes e terapia gênica. Particularmente a área da genética tem causado polêmicas na mídia com as novas tecnologias, com o debate sobre as implicações éticas, legais e sociais que surgem com o efeito das pesquisas na área. Temas como melhoramento genético e transgênia, são exemplos 7 e apresentam questões relevantes e muito discutidas na sociedade. A compreensão dos diversos conceitos na área da genética molecular torna-se necessário para a compreensão da realidade e o reconhecimento das responsabilidades e o papel do ser humano neste contexto. Portanto, é importante que o entendimento e formação dos conceitos fundamentais em genética. Aqueles que servem de base para a construção correta e a compreensão do conhecimento na área sejam corretamente construídos pelos alunos e de forma abrangente. Conhecermos como está à concepção dos alunos que estão saindo da escola básica, no campo da genética é importante para sabermos se estamos alcançando os objetivos de uma educação de boa qualidade. Especificamente no ensino de biologia, de acordo com o Krasilchik (2008), o aluno ao concluir o ensino médio deve: “[...] aprender conceitos básicos, analisar o processo de investigação científica e as implicações sociais da ciência e da tecnologia” (p. 20). No município de Chapecó, são poucas as pesquisas que buscam investigar qual é o aprendizado que nossos alunos do ensino médio estão tendo com relação a genética, ou com outras disciplinas que são trabalhadas no ensino básico. Esta pesquisa, tem o intuito de conhecer um pouco sobre o que entendem os alunos do ensino médio no último ano da formação básica, sobre alguns conceitos relacionados a genética. Por se tratar de conceitos centrais da genética estes, são fundamentais para a compreensão de assuntos mais complexos relacionados à biologia, e que junto com as novas biotecnologias possuem forte conotação social. Pesquisar como é a compreensão dos alunos sobre temas centrais na área da genética e pesquisar se existe a construção de um conhecimento elaborado e crítico é fundamental para a qualificação do aluno. Para isto é também necessário conhecer a realidade do ambiente escolar. Assim, neste trabalho buscou-se pesquisar a compreensão dos alunos sobre temas centrais da área da genética, e temos como problema norteador da pesquisa: Quais as concepções que os alunos do ensino médio possuem sobre conceitos fundamentais trabalhados pelo (a) professor (a) de biologia na área da genética com ênfase na molecular? Como objetivo geral desta pesquisa buscou-se investigar as concepções que os alunos do ensino médio possuem sobre conceitos fundamentais da genética molecular, visando contribuir para uma melhor compreensão de 8 como tem ocorrido a aprendizagem dos conhecimentos científicos da genética molecular no ensino médio. Os objetivos específicos são: a) Identificar quais são os conceitos de genética molecular que os alunos do terceiro ano lembram/sugerem/descrevem/ de terem estudado durante o ensino médio nas aulas de biologia; b) Analisar as concepções que os alunos possuem sobre os conceitos fundamentais da genética molecular; c) Verificar se nas concepções dos alunos sobre conceitos fundamentais da genética molecular são relacionados dilemas sociais e éticos. Este relatório contém dois capítulos, assim estruturados: Capítulo I constitui-se do referencial teórico, onde discute-se aspectos da alfabetização científica relacionada ao ensino de biologia com ênfase para o ensino de genética, ressaltando a importância da alfabetização científica para o ensino formal. Trata-se do ensino-aprendizagem em genética e biologia e suas relevâncias sociais; No Capítulo II está estruturada a metodologia de pesquisa, os resultados obtidos com a pesquisa, discussões e as considerações finais. 9 CAPÍTULO I 1.1 Ensino de ciências e alfabetização científica A ciência moderna é bastante recente. Iniciou-se com a descrição do método científico há cerca de três séculos. O método mudou a forma pela qual o homem passou a entender a natureza e causou a explosão do conhecimento que continuamente muda a maneira de ser o homem (MEIS, 2002, p.17). A ciência é uma atividade desenvolvida pelo homem, na qual ele procura entender a natureza que o cerca. “É mais uma atitude, um modo de pensar, do que um acúmulo de informações, um corpo de conhecimentos” ( MEIS, 2002, p. 17). A construção e evolução da moral do aluno é um dos principais objetivos do ensino na escola básica. Por ser uma atividade desenvolvida pelo homem a ciência proporciona discussões éticas, por envolver temáticas polêmicas (RAZERA; NARDI, 2006), potencializando o desenvolvimento não só dos conceitos da disciplina mas também a moral ética do aluno, como prevê os s Parâmetros Curriculares Nacionais: "o desenvolvimento de atitudes e valores [é] tão essencial quanto o aprendizado de conceitos e procedimentos" (BRASIL, 1998, p.62). No Brasil, apenas na década de 70 houve a democratização do acesso a educação pública (DELIZOICOV et al ., 2002). As preocupações da educação eram de propiciar ao educando fundamentos das diversas áreas do saber, para que ele pudesse ser capaz de lidar com qualquer situação que exigisse sua capacidade intelectual ao longo de sua vida, considerando que o desenvolvimento tecnológico do período era muito lento (MEIS, 2002). Hoje com o vário repertório de informações e novas tecnologias, principalmente na área da ciências e com suas demandas, a população se torna dependente de uma alfabetização científica de qualidade proporcionada pela educação básica, para interpretar estas novas informações. Nas últimas décadas do século XX, foram propostas mudanças nos objetivos da educação científica, essas propostas foram direcionadas pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) no Brasil e refletiram toda uma discussão sobre o entendimento do conteúdo escolar, e hoje exige-se que o ensino reúna harmonicamente a dimensão conceptual da aprendizagem disciplinar com a dimensão formativa e cultural, complexificando com as dimensões procedimentais e atitudinais, para a discussão de valores do conteúdo que está sendo ensinado ao aluno (CARVALHO, 2004). 10 O aluno deve conhecer os conceitos de ciência para construir seu conhecimento de forma ética e critica _ saber que a ciência é do homem e pelo homem. Hoje a “alfabetização biológica” é um conceito muito discutido pelos educadores, pois se tornou um conhecimento necessário para todos os indivíduos da sociedade contemporânea (Biological Science Curriculum Study, 1993 apud KRASILCHIK, 2008). Assim, existe um desafio para os educadores: elaborar práticas docentes que contemplem a construção da alfabetização científica de qualidade para o público escolar (considerando todos os segmentos sociais). Descobriu-se que as práticas de ensino devem estar sempre atualizadas, pois se considerarmos os estudantes de uma época passada e a atual, percebemos que não são os mesmos valores, as mesmas crenças, expectativas, portanto o momento histórico influência muito as práticas de ensino (DELIZOICOV et al., 2002), se considerarmos que os alunos constroem seu próprio conhecimento e que o professor é um mediador do conhecimento. No entanto sabemos que as políticas educacionais são limitadas, sabe-se que o professor não consegue ministrar todo o conteúdo proposto pela ementa pelo pouco tempo que dispõe e pelas precárias condições de trabalho, pois além de serem acrescentadas novas exigências ao trabalho dos profissionais da educação, cobra-se deles que sejam família para os alunos, respondam pelas necessidades afetivas dos estudantes, resolvam problemas sérios como a droga, indisciplina e violência na sala de aula, além de preparar os alunos para enfrentar as condições de competitividade do contexto social atual (KRASILCHIK, 2008). Estas demandas excessivas estão causando dificuldades no desempenho do professor em sala de aula. A formação científica nas escolas de ensino básico pode ser qualificada, para melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos, apresentando o que é ciências e suas implicações sociais. Porém, devemos considerar que o papel de melhorar o ensinoaprendizagem não é só do professor, envolve uma complexidade moral e política de toda sociedade. É importante deixar claro que assim como Sasseron e Carvalho (2008), nos referimos aqui á alfabetização científica baseados na idéia: […] de alfabetização concebida por Paulo Freire. Para o pedagogo, “a alfabetização é mais que o simples domínio psicológico e mecânico de técnicas de escrever e de ler. É o domínio destas técnicas em termos conscientes. (...) Implica numa autoformação de que possa resultar uma postura interferente do homem sobre seu contexto.” (p.111, 1980). Assim pensando, a alfabetização deve ser possibilitar ao analfabeto a capacidade de 11 organizar seu pensamento de maneira lógica, além de auxiliar na construção de uma consciência mais crítica em relação ao mundo que o cerca (p. 334). A educação cientifica tem como objetivo proporcionar aos estudantes uma compreensão significativa da natureza e da ciência (PETRUCCI; DIBAR URE, 2001 apud SCHEID et al., 2007), e também da tecnologia que está fortemente presente em nossas vidas. Assim, privar a população de uma região do conhecimento científico seria submeter essas pessoas a uma condição de vida de subjugação cultural e econômica pelos poucos que detêm o poder (GUIMARÃES e ECHEVERRÍA, 2006). Três eixos estruturais apóiam a idealização da alfabetização científica. Conforme Sasseron e Carvalho (2008): O primeiro dos eixos estruturantes refere-se à compreensão básica de termos, conhecimentos e conceitos científicos fundamentais e a importância deles reside na necessidade exigida em nossa sociedade de se compreender conceitos-chave como forma de poder entender até mesmo pequenas informações e situações do dia-a-dia. O segundo eixo preocupa-se com a compreensão da natureza da ciência e dos fatores éticos e políticos que circundam sua prática, pois, em nosso cotidiano, sempre nos defrontamos com informações e conjunto de novas circunstâncias que nos exigem reflexões e análises considerando-se o contexto antes de proceder. Deste modo, tendo em mente a forma como as investigações científicas são realizadas, podemos encontrar subsídios para o exame de problemas do dia-adia que envolvam conceitos científicos ou conhecimentos advindos deles. O terceiro eixo estruturante da AC compreende o entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e meio-ambiente e perpassa pelo reconhecimento de que quase todo fato da vida de alguém tem sido influenciado, de alguma maneira, pelas ciências e tecnologias. Neste sentido, mostra-se fundamental de ser trabalhado quando temos em mente o desejo de um futuro saudável e sustentável para a sociedade e o planeta (p. 335). Santos e Mortimer (2009) concordam que para a formação da cidadania do aluno, é extremamente necessária a inclusão de questões ambientais, políticas, econômicas, éticas, sociais e culturais relativas à ciência e à tecnologia. Estes autores chamam nossa atenção para os aspectos sociocientíficos que os diferentes currículos abordam e que estas questões sejam introduzidas, (e.g. RATCLIFFE & GRACE, 2003; ZEIDLER et al., 2005 apud SANTOS e MORTIMER, 2009) na forma de perguntas que componham argumentos e gerem debates. Segundo Ratcliffe (1998 apud SANTOS e MORTIMER, 2009) os objetivos da introdução de aspectos sociocientíficos são: (1) relevância – encorajar os alunos a relacionar suas experiências escolares em ciências com problemas de seu cotidiano e desenvolver responsabilidade social; (2) motivação – despertar um maior interesse dos alunos pelo estudo de ciências; (3) comunicação e argumentação – ajudar os alunos a se expressar, ouvir e argumentar; (4) análise – ajudar os alunos a desenvolver 12 raciocínio com maior exigência cognitiva; (5) compreensão – auxiliar na aprendizagem de conceitos científicos e de aspectos relativos à natureza da ciência (p. 192). Esse conjunto de objetivos proporcionaria ao aluno uma visão ampla e consistente dos diferentes assuntos da ciência e tecnologia. Também Chassot (2003), aborda a importância de conceber aspectos sociais e pessoais dos estudantes nas propostas para o ensino de ciências. Todas estas questões, propõem um ensino contextualizado com os acontecimentos na sociedade principalmente levando em consideração a realidade do aluno. Um tema relevante neste contexto é a formação de professores, pois nesta abordagem o professor necessariamente procuraria trabalhar a ciência da escola. Ou seja, os professores na perspectiva de ensino abordada por Chassot (2003), estão num processo de reelaboração de saberes de outros contextos sociais visando o atendimento das finalidades sociais da escolarização. Pratica diferenciada daquela ciência trabalhadas nas universidades. 13 1.2 Ensino de Biologia e Genética A biologia é uma ciência muito recente e tem sido considerada por muitos como a ciência do século XXI. Alcançou grandes avanços tecnológicos e científicos durante os últimos anos e vem afetando cada vez mais a vida das pessoas. As ciências biológicas estuda a vida, é importante que todo o cidadão possa ter uma visão contemporânea de como somos e como funcionamos. Hoje uma quantidade significativa de pesquisas são realizadas na área, sendo seus resultados muito divulgadas pela mídia por serem assuntos de interesse da humanidade. A biologia possui grande importância na formação dos estudantes pois abrange muitas áreas do conhecimento que os alunos têm contato em seu dia a dia e as suas diferentes subáreas são discutidas frequentemente, como por exemplo: as biotecnologias _ na área da genética, os desastres naturais e problemas ambientais. Segundo Pedrancini et al. (2007), pesquisas sobre a formação de conceitos básicos, no ensino de Biologia tem demonstrado que estudantes na etapa final o ensino médio da educação básica possuem dificuldades na construção do pensamento, referente a estes conceitos do campo biológico, mantendo idéias alternativas. Como o ensino básico esta formando estes cidadãos? Os alunos estão saindo da escola dominando os conceitos fundamentais para a vida a fora? Fourez (2003), discute em seu trabalho a crise no ensino de ciências, evidenciando a importância de uma formação abrangente em ciências. Ele traz algumas questões, considerando a formação dos cidadãos, que nos fazem pensar e ser críticos ao modo como é concebido o ensino como um todo, considerando a sua prática e suas políticas que proporcionam a base para a ação pedagógica dos profissionais envolvidos no dia a dia da educação básica, ele diz: Se consideramos agora o conjunto de cidadãos, podemos nos perguntar onde eles se situam em relação às ciências e às tecnologias. Eles se sentem capazes de compreender a maneira como o cientista-técnico condiciona sua existência? Conseguem manter uma distância crítica suficiente em relação a ele, tal que eles possam negociar com as tecnologias e com as representações do mundo veiculadas pelas ciências ?. Ou, ao contrário, a maioria dos cidadãos é unicamente capaz de utilizar as receitas que lhe são dadas pelos especialistas? Eles não abandonam, do mesmo modo, toda perspectiva de ser algo diferente de executores de uma política e de uma visão tecnocrática? O que se faz hoje para formar cidadãos que participem inteligentemente em debates políticos sobre temas fortemente impregnados de questões científicas, como a eutanásia, a política energética, a atitude frente aos drogados, etc.? (FOUREZ, 2003, p. 112). 14 Na pesquisa de Pedrancini et al. (2007), o aprendizado dos alunos em genética está em crise. Então pensemos, se o entendimento das idéias e processos básicos da genética pela população em geral e pelos estudantes está sendo muito rudimentar como afirma Griffiths, (1993 apud DALLA JUSTINA; FERLA, 2006), imagine se hoje a maioria dos cidadãos possuem uma compreensão para responder de forma critica as questões relacionadas acima por Fourez. Atualmente, sabe-se que o pouco envolvimento no processo ensino aprendizagem entre docentes e discentes relacionado as dificuldades de abstração dos conceitos apresentados pela área de Ciências Biológicas, dentre elas os conceitos de genética, que exige do aluno conhecimentos prévios em diversas áreas, remete aos estudantes aquisição do conhecimento de forma superficial (“decoreba”), sem uma construção e entendimento para o desenvolvimento congênito do indivíduo (RODRIGUES e MELLO, 2005 apud MELOL e CARMO, 2009). Os conhecimentos considerados fundamentais em genética, entre eles: gene, DNA e fluxo da informação genética, são conhecimentos que se bem entendidos pelo aluno, proporcionam fundamentação teórico prática de qualidade, importante para prosseguir na convivência com a sociedade e compreensão dos demais conhecimentos relacionados a vida e evolução. É na educação básica que a maioria da população pode ter contato com o conhecimento em genética. Além de ensinarem os conceitos fundamentais, os professores devem contribuir para o conhecimento crítico em sala de aula, assim como prevê o artigo 35º das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu terceiro parágrafo: “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico” (BRASIL, 1996). E este conhecimento crítico só pode ser desenvolvido com a compreensão/entendimento dos conceitos pelo aluno. Para a compreensão e construção do conhecimento pelo estudante é importante que o professor esteja sempre atualizado na sua área, pois segundo Loreto e Sepel (1990): “Somente de posse de um conhecimento atualizado podemos ser críticos em relação as informações que recebemos todos os dias”. O ensino de genética vem sendo muito investigado pelos pesquisadores na área de ensino de biologia (RODRÍGUEZ, 1995; LEWIS & WOOD-ROBINSON, 2000; BANET & AYUSO, 2003 apud GOLDBACH1 e EL-HANI, 2008), os motivos deste crescente interesse 15 é devido aos múltiplos fatores de relevância social da genética, como também econômica, tecnológica, suas implicações éticas e sua significativa importância na construção conceitual das ciências biológicas como afirma GOLDBACH1 e EL-HANI (2008). Com o mesmo enfoque Pedrancini et al. (2007) informa que a biologia vem tendo um espaço de destaque, principalmente na área da biologia molecular e genética, as recentes descobertas científicas vem se expandindo no meio acadêmico e chegando ao público em geral por meio da mídia, temas polêmicos como transgênicos, terapia gênica, células tronco, etc. Vem sendo discutidos pela sociedade e também no ambiente escolar. Portanto a genética está cada vez mais presente na vida das pessoas. O consumo de transgênicos e notícias relacionadas a terapia gênica, genoma humano estão aparecendo com frequência na mídia, gerando debates importantes que o cidadão deve participar (CASAGRANDE, 2006). O entendimento de conceitos centrais na genética proporciona aos cidadãos argumentos para a compreensão das biotecnologias. As pessoas que não adquiriram os conhecimentos básicos que devem ser aprendidos na escola terão dificuldades em entender as aplicações e implicações da genética aplicada (CASAGRANDE, 2006). O ensino de genética requer uma atenção especial, muitos conceitos equivocados podem estar sendo transmitidos nas escolas do ensino básico, como nos mostra a pesquisa sobre o ensino de genética humana, de Camargo e Infante-Malachias (2007), por exemplo: conceitos como dominância e recessividade, muitas vezes não são bem compreendidos pelos estudantes, que se perguntados geram respostas distantes de uma explicação científica. Outro exemplo citado pelos autores é a questão da resolução de problemas em genética. Trivelato (1987, apud CAMARGO e INFANTE-MALACHIAS, 2007) observou que o diagrama de Punnett para a determinação dos descendentes de um cruzamento é bem trabalhado pelos alunos, porém existe a falta de conexão do diagrama com os demais conceitos fundamentais, que o tornam significativo. Assim, segundo alguns estudos, os focos de dificuldades dos estudantes, se concentram na compreensão dos eventos de herança, eles tem dificuldade de relacionar a natureza da informação genética e o mecanismo de transferência de informação entre as gerações (GOLDBACH e EL-HANI, 2008). Outros motivos da dificuldade é a fragmentação do conteúdo de genética (REXNIK [atual Goldbach], 1995; CANTIELLO & TRIVELATO, 2001; MARBACH, 2001; SILVEIRA & AMABIS, 2003; CHATTOPADHYAY, 2005 apud GOLDBACH e EL-HANI, 2008), “que 16 não favorece a associação entre conteúdos centrais, como DNA, cromossomos, meiose e leis de Mendel etc” (Idem, 2008. p. 156). 17 CAPÍTULO II 2. Procedimentos Metodológicos Trata-se de uma pesquisa qualitativa, caracterizada por ter o ambiente natural como sua fonte de dados e disponibilizar ao pesquisador o contato direto com a situação que está sendo investigada disponibilizando a interpretação e descrição dos fenômenos que são observados em situações reais (Lüdke e André, 1986). Este estudo foi realizado através da análise de entrevistas semi-estruturadas (apêndice B) realizadas com 09 alunos, selecionados aleatoriamente, cursantes do terceiro ano do ensino médio de uma escola estadual do município de Chapecó e que concordaram em participar da pesquisa, assinando o termo de consentimento livre esclarecido (anexo A). Os alunos foram entrevistados na biblioteca da escola, em um horário sem funcionamento. A entrevista foi individual com os nove sujeitos da amostra e cada entrevista durou cerca de 25 minutos. As entrevistas foram registradas em áudio e posteriormente transcritas. Apenas a entrevista com a aluna 6, não foi possível utilizar o gravador por problemas técnicos, portando registrada manualmente. As concepções dos conceitos foram analisadas utilizando-se a análise de conteúdo, que proporciona a técnica para ler e interpretar o conteúdo de diferentes tipos de documentos, para que as portas do conhecimento se abram a aspectos e fenômenos da vida social de outro modo inacessível (MORAES, 1999). Para a elaboração da entrevista optou-se por uma conversa exploratória com a professora de biologia (apêndice A) que trabalha com a turma para identificarmos quais os conceitos considerados como fundamentais a serem trabalhados com os alunos no ensino médio, além da consulta ao livro didático que é utilizado pela escola como referência em biologia: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia. 2 ed. v. 1 e v.3. São Paulo: Moderna, 2004, para o levantamento dos conceitos. 2.1Caracterização da Escola A escola onde a pesquisa foi desenvolvida foi criada em 1958 por decreto estadual n° 679 de 10/06/58, sendo uma das escolas mais antigas do município, também se encontra em um dos bairros mais antigos de Chapecó. A escola atende todo o ensino fundamental nos turnos da manhã e tarde e o ensino médio nos turnos da manhã e a noite. Segundo conversa 18 informal com a coordenação, a escola possui cerca de 1.100 alunos matriculados no ensino fundamental e médio no ano de 2010, estando entre as três escolas com maior número de alunos matriculados segundo conversa informal com a GERED do município (2010). Em relação ao ensino médio a escola atende cerca de 370 alunos, destes aproximadamente 90, estão no último ano do ensino médio. Os alunos que freqüentam a escola, segundo informações da instituição, são a maioria de classe média á baixa, filhos de operários. Os estudantes têm acesso à tecnologia como TV e internet. Porém, ainda existem alunos que não possuam acesso a internet em sua casa. O nível de escolaridade dos pais alcança o ensino médio, sendo a maioria dos estudantes adeptos a religião católica. 19 3. Resultados e Discussão A seguir serão apresentados os resultados obtidos de nove entrevistas realizadas com alunos do último ano do ensino médio, oito meninas e um menino. Os diálogos foram construídos no mês de setembro, cinco entrevistas e no mês de novembro, quatro entrevistas. Em anexo (apêndice 2) estão as questões que serviram de base para a entrevista. Os sujeitos da pesquisa serão identificados a seguir, numerados de 1 à 9, cada questão será apresentadas com as respectivas respostas dadas pelos alunos. O processo efetivo de análise consistiu na seguinte série de procedimentos: divisão da entrevista transcrita em unidades de análise, considerando os conceitos, nas quais as conexões entre as falas de uma ou mais pessoas foram colocadas em segundo plano; “limpeza”, quando foram eliminados pequenos trechos que, ao nosso ver, poderiam “distrair” o leitor das intenções que tivemos ao produzir cada recorte; e releituras das entrevistas para buscar conexões mais amplas entre o referencial teórico e o conjunto geral de dados constituídos. Iniciada a entrevista, questionados quais os assuntos de genética que os alunos lembravam de ter estudado, as respostas dadas pelos alunos estão representadas na tabela 1. Tabela 1. Respostas dos principais conceitos de genética que os alunos lembram-se de ter estudado nas aulas de biologia. Alunos Respostas Alunos 1, Não lembram 2, 5, e 8 Aluno 3 Fator RH, DNA, células, cromossomas, os tipos de sangue... a gente estudou muito sobre o Aluno 4 Aluno 6 Aluno 7 Aluno 9 assunto, mas eu não me lembro muito bem... a gente estudou a genética das plantas e dos animais também, as células somáticas... que eu me lembro é isso. Genética química... não tem nada a ver?... genética do ser humano né... que a gente tem os homogene, heterozigoto... tem alguma coisa haver?... eu lembro isso assim, que daí a gente vê a genética do ser humano, do DNA, RH, genótipo, fenotipo... eu lembro assim. Me lembro mais deste ano... Lembro daquela tabelinha do determinante, tem o determinante e o recessivo. Lembro que os pais têm... a gente viu sobre a orelha solta, que consegue dobrar a língua, cor dos olhos, alguma coisas com os dedos, o cabelo... Ai a gente viu que o determinante são as pessoas que conseguem dobrar a língua, que tem os olhos castanhos. PESQUISADOR: E no primeiro ano do ensino médio você viu sobre o que? ALUNO 6: Sexualidade e vídeos. Era outra professora. DNA, tipos sanguíneos, sobre tecido, a pele... um monte de coisa […]. O DNA, a estrutura das células, acho que era só isso... Mais alguma coisa só que não lembro. A genética é uma coisa de família que a gente herda tipo desda vó e vai passando pro filho. As características da família é tudo referente a genética. PESQUISADOR: Conceitos que você estudou, você não lembra? ALUNO 9: Não. A partir das respostas apresentadas na tabela 1, podemos verificar que 45,5% (4), 20 não conseguiram lembrar nenhum assunto da área da genética que tenham visto no ensino médio. Tal resultado é surpreendente e preocupante, pois conceitos básicos que deveriam ter sido lembrados pelos alunos que estão saindo da escola básica, não aparecem nas falas dos mesmos. Considerando que apesar deles terem alguma inibição na hora da entrevista, ficou evidente as limitações e lacunas no aprendizado da genética desses alunos. Como discutido por Silva e Cruz, (2004 apud AMARAL; XAVIER; MACIEL, 2009) o papel do ensino formal é fornecer aos alunos condições de compreender a realidade na qual estão inseridos, considerando os fenômenos naturais e os aspectos sociais, a fim de que estes cidadãos possam tomar decisões construídas criticamente e o mais consciente possível a respeito dos assuntos que permeiam a sociedade. Embora reconhecida a importância de se ensinar biologia e suas tecnologias, e estas muitas relacionadas a genética, dentro do contexto social, observamos com estes resultados e com os apresentados mais adiante, que a relação feita pelos alunos entre os conhecimentos científicos e os aspectos sociais ainda é muito básica, daquela que seria a esperada, como Fourez (2003) problematiza. Os demais alunos, 55,5% (5) lembraram com certa dificuldade de termos como: DNA, RH, genótipo e fenótipo. Porém, apesar de terem apontado alguns termos e tentado explicar outros, podemos verificar em suas respostas que eles não os definiram de forma clara, demonstrando grande dificuldade ao tentar conceituar os mesmos. Identificamos também que termos importantes não foram citados/lembrados pelos entrevistados, como por exemplo, o gene. Rodrigues e Mello (2005, apud MELOL e CARMO, 2009) apontam que a dificuldade de aprendizagem apresentada pelos estudantes pode estar relacionada, além de outros fatores, à difícil abstração dos conceitos apresentados pela área de Ciências Biológicas, dentre elas, principalmente conceitos de genética. Neste sentido sabe-se que a área de genética, por abordar fenômenos do nível celular e molecular, caracteriza-se por ser uma área bastante abstrata. Isto pode explicar parte da dificuldade de conceituação destes alunos. A ausência de uma aprendizagem significativa poderia também estar relacionada a esta fragilidade no aprendizado da genética por parte dos alunos. Para haver aprendizagem significativa, segundo Pelizzari et al. (2002) duas condições são necessárias: a primeira dela seria o aluno ter disposição para aprender, pois se o interesse do aluno for apenas de memorizar literalmente, a aprendizagem será mecânica; a 21 segunda condição está relacionada ao conteúdo escolar a ser aprendido, este tem que possuir um potencial significativo, sendo lógico e psicologicamente significativo, ou seja, que esteja de acordo com as experiências que cada indivíduo tem. Na questão a seguir foram apresentados alguns termos da genética e perguntado aos alunos se lembravam de ter estudado estes termos (gráfico 1). LEMBRAM Númer o de alunos 10 0 9 8 7 6 NÃO LEMBRAM 1 4 5 4 9 8 8 3 2 1 0 5 1 Cromossoma, DNA, Gene, Genótipo e Fenótipo Códigos genéticos e Mutações gênicas RNA, Genoma humano e Transgênicos Nucleotídeos, Transcrição gênica, Tradução gênica e Melhoramento genético Gráfico 1: Relação das respostas sobre quais termos os alunos do ensino médio lembram de ter estudado. Fonte: Entrevista. Observa-se contradição com as respostas apresentadas na questão anterior, pois neste segundo momento da entrevista, quando os conceitos estavam listados e os alunos tinham de onde parir, eles tiveram facilidade, diferente da questão anterior que pedimos para que falassem quais conceitos lembravam, sem nenhum material para consulta. Quando o pesquisador citava os conceitos, os alunos tiveram facilidade de lembrar de muitos conceitos que eles estudaram. Observando o gráfico 1, percebemos que oito dos alunos não lembram de ter estudado assuntos como nucleotídeos, transcrição gênica, tradução gênica e melhoramento genético. Os alunos que dizem lembrar, não souberam explicar o seu sentido. É preocupante esse dado, pois eles não associam, por exemplo, os nucleotídeos com o DNA, RNA e o gene, 22 termo importante, sendo a base para a compreensão destes conceitos. Assuntos importantes da genética no ensino médio, como transcrição e tradução, que proporciona o entendimento da função dos genes no organismo, segundo a maioria dos alunos entrevistados, não lembram de ter estudado, e aqueles que dizem ter estudado não conseguem conceituá-los ou não tem compreensão dos conceitos, como podemos perceber na fala do aluno 2, quando questionado sobre o que ele entendia sobre transcrição e tradução gênica: PESQUISADOR: o que você entende por transcrição gênica? ALUNO 2: Fugiu... PESQUISADOR: o que você entende por tradução gênica? ALUNO 2: Seria identificar a pessoa através do sangue, um exemplo é através do sangue né... mas claro que tem vários... Provavelmente como as horas aulas são escassas, cerca de duas a três aulas de 45 minutos por semana, os professores muitas vezes não trabalham estes conceitos ou trabalham muito superficialmente a ponto destes alunos não conseguirem ter um aprendizado significativo, e isso tem se agravado, pois os alunos também não procuram estudar fora do horário escolar. Na aprendizagem significativa, o aprendiz não é um receptor passivo, ele deve utilizar os “[…]significados que já internalizou, de maneira substantiva e não arbitrária, para poder captar os significados dos materiais educativos” (MOREIRA, 2005, p. 5). Assim, programas curriculares sobrecarregados, aliados ao tempo mínimo das cargas horárias, implicam no ensino de conteúdos que nem sempre são interligados, causando prejuízos no debate dos significados dos conteúdos com a vida diária (PAIVA e MARTINS, 2005). Particularmente, o estudo da genética tratado no espaço escolar do ensino médio é um dos grandes prejudicados, também a falta de integração ou fragmentação entre os temas pode ser constatada na maioria dos livros didáticos (PAIVA e MARTINS, 2005). Após perguntar quais os termos que eles lembravam de ter estudado, seguiu-se a entrevista pedindo para que eles falassem sobre cada termo que disseram lembrar, perguntando, qual a compreensão que possuíam sobre os mesmos. As respostas estão sistematizadas no gráfico 1. Cinco alunos falaram que se lembravam de ter estudado o RNA, porém, quando foi questionado o que entendiam sobre o RNA, os mesmo não souberam dizer nada sobre este conceito. A baixo é apresentado as falas dos alunos 4 e 7, as quais demonstram o desconhecimento destes alunos com relação ao termo RNA: ALUNA 4: ah... essa é mais difícil... porque assim a gente ouviu falar mais sobre DNA, agora o RNA eu sei que... aí Jesus! (risos) eu não me lembro. PESQUISADOR: você lembra qual a diferença entre o DNA e o RNA? 23 ALUNA 4: ai meu Deus... RNA olha esse ano nós estamos estudando sobre isso e eu não lembro. PESQUISADOR: e a função do DNA? ALUNA 4: a função?... é feio não lembra, mas eu não lembro (risos). PESQUISADOR: RNA você disse que não estudou muito, mas você lembra o que ele é sua função? ALUNO 7: não lembro. PESQUISADOR: diferença do DNA e RNA? ALUNO 7: O RNA a professora falou o nome ela fez a gente escrever no caderno. PESQUISADOR: qual a função dele no organismo? ALUNO 7: ela (professora) deve ter explicado alguma coisa, mas eu não lembro nada... Biologia eu sou um desastre. Podemos observar nas falas dos alunos, que eles sabem que estudaram, mas não conseguem conceituar o termo, nem mesmo relaciona-lo com seu contexto biológico. Por outro lado os alunos demonstram um sentimento frustração e vergonha por não conseguirem explicar o que é o RNA. Fica visível que o processo de aprendizagem deste e outros conteúdos da genética não ocorreram de forma satisfatória para estes alunos. LIMA et al. s.n.) também identificou estes resultados, e discute que este dado parece indicar que os anos vão passando, os estudantes adquirem novas informações, e os conhecimentos vão tornandose mais complicados, então parece que os alunos desenvolvem concepções alternativas sobre os temas pesquisados e esquecem os conceitos que foram adquiridos de forma superficial. Grande parte do saber científico que é trabalhado na escola é rapidamente esquecido pelos estudantes, no entanto, as idéias alternativas ou do senso comum prevalecem estáveis e resistentes e isso também é observado nos estudantes universitários (MORTIMER, 1996 apud PEDRANCINI et al. 2007). A não compreensão do RNA, o qual é um conceito central para o entendimento de outros processos biológicos, como a síntese de proteínas, certamente deixará lacunas na compreensão de outros termos e conceitos fundamentais da genética. Em relação ao cromossomo, 100% dos alunos falaram que se lembravam de ter estudado este termo (gráfico 1), mas quando questionados sobre o que eles entendiam sobre o cromossoma, as falas novamente não demonstraram um entendimento cientificamente adequado para o ensino médio. Eles não lembravam ou não sabiam explicar o que era o cromossomo, onde ele se encontrava e qual sua função. Tomamos como exemplo algumas falas: ALUNO 1: os parzinhos... Alguma coisa assim...Eu sei que a síndrome de Dawn é um problema que da na junção de cromossomos […] no parzinho 21, 22, alguma coisa assim [...]. Na hora assim não me vem na cabeça, mas se eu pegar o caderno e ler eu lembro... Eu não saberia te responder, se caísse em um vestibular eu também não saberia. 24 PESQUISADOR: Onde podemos encontrar os cromossomos? ALUNO 1: Boa pergunta... ah bah daí vc pediu demais. ALUNA 2: meu Deus me fugiu esta do cromossoma. O cromossoma foi estudado ano passado, esse ano caiu mais a questão de DNA, gene... cromossoma me fugiu um pouco. ALUNA 4: ai meu Deus.. o cromossoma é do DNA, da célula... ai eu sei que eu não lembro muito.. mas eu lembro que é ligado pelo núcleo daí tem dentro da célula tem os cromossomas que divide os... o.... cada cromossomo é característico do ser humano, ou das células.. não lembro direito. PESQUISADOR: Onde a gente pode encontrar o cromossoma na célula? ALUNA 4: na divisão celular, que vem os cromossomas do pai e os cromossomas da mãe daí junta pra formar o nosso cromossoma [...]. ALUNO 6: tenho na cabeça a imagem do desenho. ALUNO 7: é tipo um X meio ondulado [...] não sei explicar, não gosto de biologia […]. ALUNO 9: ai estudei isso e sabia até os numerosinhos mas agora eu não lembro. A gente estudo, nós vimos tudo isso, a gente fez um monte de prova e tal. Como pode ser visto nas respostas os alunos sentem-se confusos e mesmo impressionados pelo fato de não conseguirem explicar um conteúdo que foi visto há pouco tempo e mesmo trabalhado em provas. Isto aponta novamente para fragilidades no processo de ensino e aprendizagem destes conteúdos. Chama a atenção também a fala de alguns deles que enfatizam não gostar da disciplina de biologia. Isto é grave, pois o “não gostar”, possivelmente se deve mais aos procedimentos metodológicos do que ao conteúdo propriamente dito. Moreira (2005) problematiza que ao contrário da aprendizagem significativa, temos em contrapartida, a aprendizagem mecânica, na qual novas informações são memorizadas de maneira arbitrária, literal, não significativa. Esse tipo de aprendizagem, que muitas vezes ocorre nas escolas, proporciona um pensamento, onde o conhecimento adquirido nas disciplinas apenas serve para "passar" nas avaliações, e os alunos têm pouca retenção, não constroem uma compreensão efetiva dos conceitos, o que dificulta o entendimento de situações novas. Outra questão que compunha a entrevista foi relacionada ao DNA. Foi pedido para que os alunos conceituassem o termo. Todos os alunos entrevistados souberam dizer alguma informação. Houve muita relação com herança genética, como podemos visualizar nas falas dos alunos 2, 3 e 8, sendo que, a aluna 4 relacionou o DNA com a estrutura da dupla hélice,e também fez referência aos nucleotídeos, apesar de ter confundido as letras. Abaixo estão algumas respostas dadas. ALUNO 2: o DNA “saber se o filho é do pai... se é do mesmo pai [...] seria a descoberta se é filho da 25 mãe ou do pai... com o mesmo sangue... é pelo sangue né.... se é filho ou não”. ALUNA 3: é como se fosse nossa informação genética?![...] que tem as nossas informações. ALUNO 8: […] é as características de cada ser humano que vai passando […] ALUNA 4: a estrutura do DNA é [...] aqueles trançados... Eu lembro assim do desenho. […] tem.. uma hélice, a dupla hélice que elas se trançam... e daí tem o G.. Tem... tem.. A, D, C... Umas letras que daí uma liga com a outra [..] Todos os alunos falaram algo sobre o DNA, porém as falas novamente não compunham um conhecimento mais elaborado, claro e significativo sobre o que trata este termo. O DNA certamente está entre os mais importantes termos da área da genética. É a partir dele que o professor poderá trabalhar conceitos importantes como o conceito de gene, herança genética, genótipo, fenótipo, evolução, entre outros. A não compreensão do DNA compromete grandemente o aprendizado da genética. Fica evidente, que uma pequena parcela dos entrevistado relacionou o conceito DNA numa perspectiva abrangente, ligando-o ao fluxo de informação genética, mas a maioria dos alunos associou a palavra DNA aos processos de investigação dos testes de paternidade, assim como os resultados da pesquisa de Loreto; Sepel (1990). É extremamente preocupante verificar que estes alunos têm dificuldades em definir e explicar a função ou mesmo a estrutura do DNA. Essas dificuldades apontam para falhas graves no processo de ensino e aprendizagem, para Loreto; Sepel (1990), está claro que o ensino médio está falhando em proporcionar aos estudantes a apropriação do conceito de DNA de forma clara, e consequentemente também sobre suas biotecnologias e temas relacionados. Problemas de formação docente inicial e continuada, dificuldades metodológicas, dificuldades de domínio de conteúdo das ciências biológicas (LORETO; SPEL, 1990), organização do currículo e fragmentação do conteúdo (PAIVA e MARTINS, 2005; GOLDBACH e EL-HANI, 2008), podem estar relacionadas com esses resultados. Segundo pesquisa realizada por Grigoli et al. (2004) sobre prática docente e modelos de ensino, realizada com 245 professores do Ensino Fundamental das redes Municipal e Estadual de Campo Grande, ele constatou que os métodos tradicionais prevalecem nas práticas em sala de aula do ensino fundamental. Segundo os autores esta condição pode estar relacionada com o contexto escolar, no modo como ele se organizado: currículo organizado por disciplinas, classes numerosas, programas de disciplinas préestabelecidas, fragmentação do tempo em horas-aula, avaliações somativas, expectativas dos 26 pais, a não-vinculação do professor a uma única escola, etc. Considerando estas situações, podemos relaciona-las também ao ensino médio, pois estas condições não são apenas do ensino fundamental. Sabemos hoje, segundo perspectivas históricas, onde pesquisas tem demonstrado segundo Guimarães (2006), que o método tradicional está presente no ensino de ciências, método este que prioriza a transmissão e a memorização de informações, podendo causar as dificuldades no aprendizado que observamos dos alunos, influenciando/dificultando a formação das concepções, quando o conteúdo não apresenta características significantes para o aluno, do seu dia a dia. Também foi perguntado se na opinião deles o DNA possuía alguma importância biológica ou social e qual seria essa importância. Algumas respostas estão apresentadas abaixo. ALUNO 1: tem (importância). Pra identificar se tú é filho de alguém, identificar problemas [...] pra ver se vai ter alguma doença […]. ALUNA 3: sim. […] quando, por exemplo, a gente vai fazer um exame [...] pra saber [...] que nem o pai... Se é filho daquela pessoa, daí precisa do DNA né, daquela pessoa, pra ver se é igual, se é compatível [...] A maioria dos alunos entrevistados apontou alguma importância social relacionada ao DNA. Entretanto, todos tiveram dificuldade de esclarecer melhor as relações sociais oriundas das biotecnologias e produtos resultantes da área da genética. Tal posição provavelmente está associada as fragilidades e deficiências na aprendizagem dos conceitos fundamentais, como foi verificado neste estudo. Sem esse domínio conceitual o aluno não consegue compreender a ciência e muito menos as aplicações sociais do conhecimento cientifico. Observamos que estes alunos estão saindo do ensino básico sem uma concepção útil da ciência. O papel do ensino formal seria o de proporcionar a eles uma visão ampla da ciência, Silva; Cruz (2004, apud AMARAL et. al. 2009) fornecer a estes cidadãos condições para compreender aspectos sociais do conhecimento científico, envolvendo a realidade em que estão inseridas. Ao analisar as respostas, surgem várias dúvidas e questões sobre quais são os efetivos problemas que provocam esta realidade, novas questões surgem: nas aulas de biologia destes alunos, como o professor trabalha este conteúdo, ele busca despertar o interesse dos alunos e partir do que eles conhecem, partindo da realidade dos estudantes. Esses alunos buscam pesquisar além da sala de aula, demonstram interesse, querem ter uma 27 melhor compreensão destes conceitos? O professor destes alunos trabalha o conteúdo relacionando os conceitos com o cotidiano? E o alunos não demonstra interesse nas aulas e em estudar fora do horário escolar?. Seriam necessárias outras pesquisas para investigar estas situações. Investigar os materiais didáticos que o professor utiliza, se ele trabalha numa perspectiva da aprendizagem significativa, quais as condições de trabalho deste professor, o livro didático que é utilizado pela turma. As condições dos estudantes. Talvez com o levantamento de mais dados, com diferentes instrumentos e sujeitos de coleta, torne-se mais fácil de compreender o que acontece nas escolas. Em relação a localização do DNA no corpo humano, as respostas dos alunos são listadas abaixo e no gráfico 2. ALUNO 1: é no núcleo de uma célula, mas agora onde, não sei. ALUNO2: no sangue […] na pele, cabelo, que mais, na saliva. ALUNA 3: nas células. ALUNO 5: não sei. ALUNO 6: no sangue, nos cabelos, em tudo eu acho. Em todo o corpo. ALUNO 9: no sangue e nas células Sangue Célula, pele, cabelo e saliva Não está na célula Não sabem Células e sangue 0 1 2 3 4 Número de alunos Gráfico 2: Respostas dos alunos, sobre onde esta localizado o DNA no corpo humano. Fonte: entrevista. 28 Percebe-se pelas respostas dadas pelos alunos que os mesmos localizam o DNA nas células e outras partes do corpo, como sangue, pele, etc. como pode ser visto no gráfico 2. Entretanto, apenas um aluno fez referência ao núcleo celular. Desta forma os alunos mostram não saber onde se localiza o DNA. A não compreensão da localização das estruturas biológicas dificulta, ou quando não compromete seriamente o aprendizado das funções biológicas, como podemos reparar nas outras respostas. As concepções dos alunos sobre o gene também foram abordadas neste estudo. Abaixo estão algumas das respostas obtidas. ALUNO 1: […] o gene não é a característica? Eu não sei agora se é interna ou externa […] se eu não me engano a professora relacionou com […] a criação da pessoa, envolve o ambiente, alguma coisa assim. ALUNA 2: Gene... a gente ta estudando agora um poco, seria do... faz o cruzamento do... faz tipo o jogo da velha e faz o cruzamento pra a tipagem sanguínea... se é igual a do pai... se é igual a da mãe pra sabe se é A+ ou A-, isso é o gene. ALUNA 3: [...] o gene não é no núcleo do cromossomo?... das células, não é assim […] tem as nossas informações genéticas, nosso código. . ALUNA 4: eu lembro assim do gene que você faz os quadradinho, divide o DNA do pai, da mãe, junta e daí do gene você tira 50% que é... que é... o tipo sanguíneo né, 50% é tipo sanguíneo A e 50 B ou 75% AB e 25 A. Eu lembro disso assim, que a gente faz na aula. E daí, eu acho que é por essa função que a gente consegue descobrir a tipagem sanguínea […] É um conjunto, eu lembro que o homem tem 48 e a mulher 44... Alguma coisa assim... 28 alguma coisa assim. É possível observar nas falas muita confusão na definição do conceito. Apesar deste conceito ser polêmico e não apresentar uma definição simples, ele é central para o aprendizado da genética. Fica evidente a dificuldade de separar o genótipo do fenótipo, como pode ser visto na fala do aluno 1. Também transparece uma sobreposição entre o conceito de gene e de genoma, como apontado na fala do aluno 3. PEDRANCINI et al. (2007), fala que os estudantes acabam construindo explicações próprias para os conceitos de genética durante o ensino e aprendizagem na educação básica, ocorrendo a falta de conexões entre estes conceitos ou apresentam conexões incorretas que tornam as explicações incompletas ou, até mesmo, inconsistentes com os princípios científicos. Este resultado também pode ser observado nesta pesquisa. Podemos observar que a aluna 4 confundiu gene com cromossoma. Sendo assim, os alunos demonstram ter visto o termo mas apresentam fragilidades na conceituação dos mesmos. Este dado foi observado nas respostas dos alunos para praticamente todos os termos investigados nesta pesquisa. Como discute Pedrancini et al. (2007), existe uma diferença 29 importante entre a aprendizagem de um novo termo e a aprendizagem do conceito referente a este termo: Quando o sujeito se apropria de uma palavra, não significa que se apropriou do conceito que esta palavra expressa, ele pode utilizar o mesmo termo, por exemplo, material genético, porém, com significados diferentes. Por isso, um ensino centrado em definições, muitas vezes, pode resultar numa pseudo-aprendizagem, uma vez que o aluno se apropriou da palavra, mas não necessariamente do conceito. (PEDRANCINI et al., 2007, p. 303 – 304). Também relacionado ao conceito de gene, três alunos não souberam responder ou diziam não lembrar. Este resultado é preocupante, pois como apontado anteriormente, o conceito de gene é fundamental para o aprendizado da genética. Identificamos nas respostas muita falta de compreensão dos conceitos e pouca relação feita pelos estudantes com conceitos prévios que auxiliariam no entendimento dos conteúdos mais elaborados. Também percebe-se a dificuldade que os alunos apresentam ao tentar explicar fenômenos biológicos nos quais o conceito em questão participa. Por exemplo, o aluno 4 não consegue descrever com clareza os cruzamentos mendelianos que envolve o conceito de gene ou mesmo os processos de divisão celular relacionados à herança genética. Pesquisas demonstram que, termos de forte conotação científica como cromossomos, genes, alelos, dominância, recessividade, quando empregados pelos estudantes, refletem a dificuldade de compreensão de outros processos como os de divisão celular, localização, estrutura e função do material genético e sua relação com a transmissão de características hereditárias (CABALLER; GIMÉNEZ, 1993; BANET; AYUSO, 1995 e 1998 apud PEDRANCINI, et al. 2007). As dificuldades com o conceito molecular do gene apresentadas pelos alunos, talvez sejam resultado da dificuldade de conceituação deste conhecimento, como Goldbach; El-Hani (2008) problematizam, o gene não tem uma estrutura bem definida, com fronteiras fáceis de serem determinadas, uma única função e uma mecânica facilmente compreensível, assim, tornando sua compreensão difícil para os alunos. Mesmo o gene tendo um conceito complexo, a fala dos estudantes apresenta-se extremamente rudimentar para alunos do ensino médio, demonstrando que eles tem dificuldade em mobilizar seus conhecimentos para explicar suas idéias. Podemos perceber também, que o conhecimento apresentado por eles não seria o desejado para alunos do ensino médio que estão concluindo a escola básica. Sobre os transgênicos, três respostas demonstram que os alunos têm dificuldade de lembrar o que são transgênicos. 30 ALUNA 2: […] tem haver com [...] definir um legume com um “veneno”... Pegar uma célula de cada planta […] e fazer uma análise […] pra ver se pode ser comestível, se não pode. ALUNO 5: tem haver com plástico alguma coisa assim? ALUNA 3: olha eu não me lembro muito porque eu vi isso ai faz... bastantinho tempo já... não lembro muito bem […] Agora não sei se aquela planta que é criada assim […] como é que é? Não é uma planta que cresce mais rápido que fica... mais bonita, assim mais grande, ou é aquela que tem veneno, agora não me lembro mais. Estas respostas são perturbadoras, pois transgênico é um assunto atual e que está presente na mídia e no dia a dia de todos os cidadãos, e que segundo os próprios alunos entrevistados, o assunto foi discutido em sala de aula. A utilização dos organismos transgênicos é muito discutida dentro e fora da escola, e também fora dela “as pessoas são convocadas a refletir e a opinar sobre os benefícios, riscos e implicações éticas, morais e sociais provenientes das biotecnologias geradas dessas pesquisas” (PEDRANCINI, et al. 2007, p. 300). Se os cidadãos não tiverem em mente o conceito transgênicos, como podem ter uma opinião crítica sobre o assunto? Referente aos transgênicos, também questionamos aos alunos se eles sabem o que são, e se comeriam transgênicos. As respostas foram controvérsias. Como exemplo, abaixo estão relacionadas as falas dos alunos 1, 2, 4 e 9. ALUNO 1: agente come todo dia... não tem como não comer. PESQUISADOR: me da um exemplo de um transgênico. ALUNO 1: biscoitos, o azeite pra fritar batatinhas, gordura, soja... isso faz mal a saúde. ALUNA 2: pois é... o que eu vou te dizer?! Se eu não sei o que é... eu sei que é bom. PESQUISADOR: é bom pra sociedade? É isso que você quer dizer? ALUNA 2: é. PESQUISADOR: por que é bom? ALUNA 2: pra diminuir doenças, intoxicação alimentar... alguma coisa assim? ALUNA 4: eu acho que não tem como dizer que não porque tudo agora é transgênico. Pra nós eu acho que faz mal porque é muito hormônio que vai dentro do transgênico porque pra ter as transformações eles colocam hormônios a mais dentro do corpo pra eles crescer mais rápido, se transformar mais rápido por que com mais hormônios eles vão evoluindo mais rapidamente... os hormônios vão se mexendo mais rápido. Eu acho assim que não faz bem pra nós mas não tem como dizer que não comemos porque sempre, quase tudo agora. ALUNO 9: sim, apesar de saber que faz mal […] pro organismo, eu sei que pode dar câncer, esses tipos de coisas. Verifica-se com estas respostas que os alunos possuem opinião sobre o uso dos transgênicos, porém, esta opinião é construída não em conhecimentos científicos, mas sim, prevalecem idéias alternativas ou do senso comum. Percebe-se nas respostas que nenhum dos 31 entrevistados tem esclarecido o que são estes produtos. Segundo Pedrancini et al. (2007), referenciando-se em algumas pesquisas sobre aprendizado de conceitos em biologia, diz que o ensino, da forma como é organizado e conduzido, está sendo pouco eficaz em promover o desenvolvimento conceitual. O autor exemplifica as implicações do ensino promovido dessa forma, como sendo a incompreensão ou compreensão equivocada dos atuais avanços biotecnológicos, tais como: a transgênia, mapeamento e sequenciamento de genomas. As habilidades e competências que o educando, conforme o PCN, desenvolveria durante o ensino médio seria “entender a relação entre o desenvolvimento das Ciências Naturais e o desenvolvimento tecnológico, e associar as diferentes tecnologias aos problemas que se propuseram e propõem solucionar” (BRASIL, 2000 p. 95). Porém conforme Leite (2000) constata em suas pesquisas, a população brasileira, encontra-se cientificamente despreparada para participar, crítico e democraticamente de debates sobre os avanços biotecnológicos. Sobre esta questão, o autor salienta que: [...] é mínima a condição do público brasileiro participar, de maneira informada e democrática, de um debate como o dos alimentos transgênicos, ou das implicações da pesquisa genômica […] (Leite, 2000, p.45). Portanto, a apropriação de conceitos científicos da genética no ensino básico esta comprometida. Segundo a fala de Leite (2000) e conforme os resultados apresentados nesta pesquisa, podemos perceber que as habilidades e competências que o educando durante o ensino médio desenvolveria, parecem não estar ocorrendo na sociedade brasileira, como é esperado nos PCNs. A compreensão dos alunos sobre conceitos que envolvem polêmicas atuais, como os transgênicos não se mostra significativa, como pode ser observados nas concepções e opiniões dos estudantes sobre o assunto. No entanto, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN – ensino médio), o aprendizado deveria levar a compreender as Ciências como construções humanas, relacionando o conhecimento científico com a transformação da sociedade (BRASIL, 2000). Resultados muito semelhantes aos discutidos até aqui foram obtidos também quando questionou-se sobre qual a compreensão que estes alunos possuem sobre os seguintes conteúdos: fenótipo, genótipo, genoma humano, mutação gênica, código genéticos. Porém estes dados não são apresentados neste estudo e serão analisados num próximo artigo. 32 Considerações Finais As análises dos resultados apresentados nesta pesquisa mostraram que os estudantes do ensino médio desta escola demonstraram dificuldade no entendimento dos conceitos fundamentais da genética, tais como: DNA, RNA, gene, cromossomo, tradução gênica e transgênicos. Também os alunos entrevistados apresentaram dificuldades em relacionar os conhecimentos científicos da genética com aspectos sociais ou éticos. A análise das respostas referente a entrevista mostrou resultados semelhantes aos detectados por outros autores (PAIVA E MARTINS, 2005; PEDRANCINI et al., 2007; LIMA et al. s.n.). Sendo a maioria das respostas dos estudantes referente aos conceitos, foram constituídas de respostas cientificamente incorretas e que apresentaram um grande número de idéias espontâneas. Os alunos do terceiro ano tiveram dificuldade em expressar, através da linguagem verbal, o seu entendimento sobre os conceitos de genética abordados. Um dos principais problemas detectados foi em relação as explicações dadas pelos alunos, muitos não sabiam responder, houve confusão nas definições dos conceitos, também pouco esclarecimento por parte dos mesmos com explicações incorretas, ou até inconsistentes. Esta falta de compreensão dos conceitos, e provavelmente a falta de interesse dos alunos em estudar fora do contexto formal, interfere na concepção dos mesmos de fatos polêmicos da genética como transgênicos e a importância do DNA para sociedade e suas relações éticas. Como resultado desta pesquisa pode-se constatar que os alunos do último ano do ensino médio apresentam deficiências na aprendizagem em relação aos conceitos genéticos. A compreensão de conceitos como DNA, gene, cromossomo, melhoramento genético, genoma humano etc, são extremamente fundamentais para o entendimento das descobertas científicas constantes na sociedade atual e que envolvem diversas polêmicas. Principalmente nas áreas que compreendem a genética e a biologia molecular. Sem um entendimento significativo das questões culturais, éticas e sociais que envolvem as tecnologias relacionadas a genética, fica difícil tomar posições críticas frente à estas questões. O uso de outros instrumentos de coleta podem qualificar os resultados e apresentar uma melhor compreensão sobre o que os alunos sabem. Seria interessante novas pesquisas para investigar as condições de trabalho do professor, os materiais didáticos alternativos que são utilizados, sua prática na sala de aula, o livro didático, saber se este professor se atualiza na área, entre outros fatores. Estas pesquisas podem contribuir para 33 entendermos melhor o por quê das dificuldades dos alunos no último ano do ensino médio na área da genética. É importante reconhecermos que o problema da superação da aprendizagem mecânica dos conceitos por uma aprendizagem significativa não está apenas relacionado aos aspectos mencionados acima. Vários elementos contribuem para as deficiências de aprendizagem observadas neste estudo. O mais relevante é nos atentarmos para o fato que enquanto nossos alunos não conseguirem compreender a ciência e sua terminologia, será muito difícil construirmos uma sociedade preparada para a tomada de decisão em relação as novas tecnologias e produtos científicos. A escola não é a única responsável por este desafio, mas certamente que grande parte do que os alunos aprendem sobre o que é a ciência e sua importância social, decorre do ensino formal. Por isso é importante que mais pesquisas sejam realizadas, investigando o motivo das deficiências apresentadas pelos estudantes na aprendizagem de conceitos fundamentais da genética, como verificados nesta pesquisa. 34 Referências AMARAL, Carmem Lúcia Costa; XAVIER, Eduardo da Silva; MACIEL, Maria DeLourdes. Abordagem das relações ciência/tecnologia/sociedade nos conteúdos de funções orgânicas em livros didáticos de química do ensino médio. Investigações em Ensino de Ciências, v. 14, n. 1, pp. 101-114, 2009. BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 2000. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. CAMARGO, S. S.; INFANTE – MALACHIAS, M. A genética humana no ensino médio: algumas propostas. Revista Genética na Escola. v. 2, n. 1, p. 14-16, 2007. Disponível em: <www.geneticanaescola.com.br>. Acesso em: 14 mai. 2010. CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. 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Abordagem de aspectos sociocientíficos em aulas de ciências: possibilidades e limitações. Investigações em Ensino de Ciências. v.14, n.2, pp. 191-218, 2009. 37 Ap êndice A: entrevista com os professores de biologia das escolas públicas de ensino básico. Data: 09/09/2010 Local: Chapecó – SC. 1. Em que séries você trabalha genética molecular? R: Os conceitos mais básicos da genética molecular são trabalhados no 1° ano do ensino médio e na 3º série são retomados e trabalhados de uma maneira mais aprofundada. 2. Quais conceitos da genética molecular você considera como fundamentais para serem trabalhados no ensino médio? R: Genótipo, fenótipo, gene, DNA, RNA, cromossomos e mutações. Também as diferenças genéticas entre as células somáticas e gaméticas. É interessante as síndromes, fator RH e genoma. 3. Quais destes conceitos você trabalha no ensino médio? R: Todos os conceitos acima citados são trabalhados. Mas não há tempo para aprofundar cada conteúdo, por exemplo, sobre o genoma e as síndromes, foram apenas comentado os assuntos ou feitos trabalho em grupo, porque o tempo é curto e os conceitos abstratos, alguns destes conceitos os alunos tem mais dificuldade em entenderem e o professor demora um pouco mais para explicar de forma que eles entendam. 4. Você trabalha implicações éticas e sociais dos conteúdos da genética molecular? Quais? R: Não com frequência, quando surgem questões elaboradas pelos educandos são discutidas. Os alunos perguntam muito sobre as mutações e doenças genéticas. 38 Ap êndice B: entrevista aplicada aos alunos de segundo e terceiro ano do ensino médio. Data:___/___/___ Escola: ..................................................................................................................... 1. a) Quais assuntos de genética que você lembra de ter estudado durante o ensino médio nas aulas de biologia da sua escola? b) Agora eu tenho listado alguns termos da genética e gostaria que você me informasse se lembra ou não de ter estudado (conceitos que a professora citou e outros importantes que estão no livro didático do Amabis e Martho, que é utilizado pelas turmas): Aluno: ________________________________________________ TERMOS CROMOSSOMOS SIM NÃO DNA RNA NUCLEOTÍDEOS GENE TRANSCRIÇÃO GÊNICA CÓDIGOS GENÉTICOS TRADUÇÃO GÊNICA GENÓTIPO FENÓTIPO GENOMA HUMANO MELHORAMENT O GENÉTICO TRANSGÊNICOS MUTAÇÃO GÊNICA 2. Esses conceitos citados anteriormente você também estudou através de outros meios além da escola? ( )Não ( ) Sim. Quais? ........................................................................................................................... 1. O que você entende que é o RNA? Qual é a função do RNA? Qual a diferença que encontramos entre DNA e RNA? 2. O que você entende dos nucleotídeos? O que são os nucleotídeos? Onde podemos encontra – los? 39 3. O que você entende sobre o DNA (ácido desoxirribonucleico)? O que é? Qual sua importância biológica? 4. Onde podemos encontrar o DNA em um ser vivo? 5. Todas as células de um organismo possuem o mesmo DNA? 6. O que você entende por gene? Onde o gene está localizado no organismo? 7. No teu dia a dia onde você ouviu falar sobre o DNA? O que foi falado sobre o DNA? Você lembra de alguma utilidade do DNA para a sociedade? Quais os riscos deste conhecimento/tecnologias? 8. O que é um cromossoma para você? Onde podemos encontrar o cromossomos?Todas as células humanas possuem cromossomas? 9. Qual a diferença que existe entre o gene, o DNA e o cromossoma? 10. O que você entende por genótipo? E por fenótipo? Pode dar um exemplo de cada? 11. O ambiente, na sua opinião, influencia no funcionamento dos genes? Se sim exemplifique? 12. O que você entende por genoma de uma espécie? 12A. Os cientistas desvendaram nos últimos anos o genoma humano. O que exatamente os cientistas fizeram na sua opinião? 12B. Que vantagens você vê em decifrar o genoma de uma espécie? 12C. Existe riscos na utilização desse conhecimento genético? Quais são eles? 12D. Conhecendo o genoma de uma espécie é possível prever quais as características físicas/fenótipo que um individuo irá apresentar no futuro? 13. Dados atuais da genética demonstram que humanos e chimpanzés possuem 99% de semelhança genética. Como você explicaria as diferenças existentes entre essas duas espécies? E quais as semelhanças que você percebe entre ambas? 14. O que você entende sobre mutações gênicas? Quais as causas dessas mutações? Quais as consequências que uma mutação pode causar no ser humano? 15. O que você entende por transgênicos? 16. O que são os códigos genéticos? Qual a função de um código genético? 17. O que você entende por tradução gênica? 18. O que você entende por transcrição gênica? 40 An exo A: termo de consentimento livre esclarecido: UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ – UNOCHAPECÓ ÁREADE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS TER MO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine no final deste documento, que está em duas vias. Uma dela é sua e outra é do pesquisador. Título do projeto: Conceitos fu ndamentais no campo da genética: o que pensam os alunos do ensino médio? Pesquisadora: Gabriela Marivone Beltrame Telefone para contato: (49) 9118-8431 Orientador: Marcos Vinicius Perini Telefone : (49) 3321-8220 O objetivo desta pesquisa é investigar as concepções que os alunos do ensino médio possuem sobre conceitos fundamentais da genética molecular. A sua participação na pesquisa consiste em responder uma entrevista/gravada que será realizada pelo próprio pesquisador, sem qualquer prejuízo ou constrangimento para o pesquisado. Os procedimentos aplicados por esta pesquisa não oferecem risco a sua integridade moral, física, mental ou efeitos colaterais. As informações obtidas através da coleta de dados serão utilizadas para alcançar o objetivo acima proposto, e para a composição do relatório de pesquisa, resguardando sempre sua identidade. Caso não queira mais fazer parte da pesquisa, favor entrar em contato pelos telefones acima citados. Qu em participará da pes quisa? Alunos do ensino médio da escola básica. Eu serei pago (a) para participar desta pesquisa? Não. E também esta pesquisa não trará nenhum custo a você. Posso me recusar a participar desta pesquisa? Sim. Sua participação na pesquisa é voluntária, podendo recusar-se a participar ou sair da pesquisa a qualquer momento. Este termo de consentimento livre e esclarecido é feito em duas vias, sendo que uma delas ficará em poder do pesquisador e outra com o sujeito participante da pesquisa. Você poderá retirar o seu consentimento a qualquer momento CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO Eu, _______________________________________________, RG ________________________________ CPF_________________________________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador sobre a pesquisa e, os procedimentos nela envolvidos, bem como os benefícios decorrentes da minha participação. Foi me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento. Local:_________________________________________ Data ____/______/_______. Nome e assinatura ______________________________________________________________ do sujeito: