FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO: Apostila complementar FTC DIGITAL | CIDADE DIGITAL – 2010 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO IMES Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda. William Oliveira Presidente MATERIAL DIDÁTICO Produção Acadêmica George Viana Sales | Autor Produção Técnica Paula Rios | Revisão de Texto Equipe Ana Carolina Paschoal, Andréa Argôlo, Andrei Bittencourt, Augusto Sansão, Aurélio Corujeira, Fernando Fonseca, João Jacomel, João Paulo Neto, José Cupertino, Júlia Centurião, Lorena Porto Seróes, Luís Alberto Bacelar, Paulo Vinicius Figueiredo e Roberto Ribeiro Imagens Corbis/Image100/Imagemsource © 2010 by IMES Todos os direitos reservados. 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Ter sempre capacidade de estar buscando sentir, pensar e agir em nosso cotidiano, sentindo a vida e encarando os desafios que ela nos proporciona de cabeça erguida e poder desfrutar dos mo‐ mentos belos, ricos e significativos. O caminho que no mínimo nos leva a um equilíbrio nas relações interpessoais é a percep‐ ção de nossos deveres e obrigações, dos limites, regras, normas e costumes que norteiam as rela‐ ções sociais. Todos sabem que nós seres humanos somos produto ou fruto do meio em que vivemos, mas poucas pessoas estão atentas para o fato de que, queiramos ou não, somos também produtores des‐ se meio, que é regido por leis e necessidades básicas. Será que nesse contexto importa saber qual o futuro da humanidade, se a diversidade de sistemas só nos ensina que a vida é nascer, crescer, ad‐ quirir, acumular e morrer? Será que importa saber qual o futuro desta civilização, se através das tantas técnicas para ter da vida a compreensão, só nos ensinam à busca por sucesso e satisfação? Será que importa saber qual o futuro de toda essa geração? Se tudo que ela faz já está antes projetado, pelos vários sistemas através de seus padrões, moldando‐nos, ou quando não raro ne‐ gando nossas ações. Será que importa saber qual o nosso futuro? Se com o sistema de educação somos especiali‐ zados, graduados e à sociedade somos adequados. E muitos o usam para a sua destruição e do seu semelhante. Será que importa saber qual o nosso futuro? Se com o sistema de política através de suas leis materialistas e de interesse pessoal nos domina, explora e chacina. E ainda nos dizem que estão ad‐ ministrando nossas vidas. Será que importa saber qual o nosso futuro? Se com o sistema de religião através de tantos dogmas, rituais e crenças estão nos ligando, ou cada vez mais nos deixando confusos em relação ao divino, não raro usando da temeridade, dos mistérios e da superstição. Importa saber, pois que este futuro já existe, basta olharmos ao nosso redor e vermos o pro‐ duto das nossas ações moldadas por esses sistemas através de seus padrões e com isto alheios à razão, e/ou o que é razoável, para o equilíbrio entre todos, nos tornamos exploradores e explora‐ dos dentro de padrões. 4 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO Mas os padrões tendem a nos libertar ou nos escravizar? Auxiliar‐nos ou nos explorar? Unir ou separar? Será que não estamos diante de causas que contribuem para toda essa degeneração já instalada em nosso planeta? Independente do que quer que seja, crença, raça, sexo, modo de vestir, de pensar, posição social e econômica, de cultura e até mesmo de idade, em verdade, todo ser humano merece aten‐ ção e respeito. “Ser capaz de respeito é hoje em dia tão raro como ser digno de respeito.” (Joseph Joubert). Infelizmente, nem sempre tem sido assim, pois em nossa sociedade e em nosso planeta preva‐ lecem vícios tais como: orgulho, o egoísmo, a cólera, luxúria, avareza. Observando ao nosso redor logo veremos como ainda é forte a presença do egoísmo e conco‐ mitante a isso, a falta de respeito ao semelhante, como bem disse o pensador Leon Tolstoi “Os ho‐ mens não têm muito respeito pelos outros porque têm pouco até por si próprios.” Existem vários e vários exemplos ao nosso redor, de vícios capitais já instalados em nós se‐ res humanos, todos nós queremos ser respeitados, ʺrespeito é bom e eu gostoʺ. Melhor dizendo, todos gostam. Se assim é, de todo conveniente que se pergunte: o que será preciso fazer para introduzir o respeito entre nós, de modo generalizado? Nesse momento vale lembrar Abraham J. Heschel quan‐ do diz: “Autorespeito é fruto da disciplina. O senso de dignidade cresce com a capacidade de dizer para si: não.” Já se faz necessário e indispensável que cada um de nós perceba em seu semelhante um irmão e faça a ele o que gostaria que lhe fizesse, respeitando‐o sempre, quaisquer que sejam as circunstân‐ cias, os fatos e a situação. Afinal, é direito de todos ter sua conduta de vida, porém é dever de todos no mínimo primar pelo razoável, pelo equilíbrio, pela justiça, por ações pautadas em uma moral, ética e estética elevada. Se não pudermos respeitar as pessoas pelo que são, no mínimo devemos buscar respeitar pelo que deveriam ser. O quanto seria ou será bom se conseguirmos de fato nos colocar no lugar do outro, tentar ex‐ perimentar o que o outro está passando procurando pensar como ele, buscar melhores condições de entendimento, portanto, particularmente no que tange o modo como desejaríamos ser tratados. O que podemos perceber é que esse aprendizado é lento e há de ser alcançado de maneira gra‐ dual, se conseguirmos andar reto (pois quem anda reto corre) com a determinação de acertar e com recursos da ordem, da disciplina e com certeza alcançar o progresso desejado considerando a si e ao seu semelhante. Considerando no sentido real da palavra, de dar atenção de observar atentamente, no mí‐ nimo como base de um viver equilibrado, afinal: “Aprendemos a voar como os pássaros, a na‐ dar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos juntos como irmãos.” (M. Luther King). Dentro dessa perspectiva, vale citar o grande filósofo Voltaire quando escreveu: “O maior prazer que alguém pode sentir é o de causar prazer aos seus amigos.” Se quiser ter um amigo, primeiro seja um. 5 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO 1.1.2 CONTEÚDO 4 - A FILOSOFIA E SUA APLICABILIDADE SOCIAL: ARTE, CULTURA E FILOSOFIA ARTE Comumente a ARTE é entendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou mais espectadores. (Do latim Ars, tem o significado de técnica e/ou habilidade). A definição do conceito de arte tem variado de acordo com o contexto histórico/cultural mu‐ dando conforme as necessidades de cada civilização, podendo separar ou não da arte rupestre, co‐ mo é entendida hoje, do artesanato, da ciência, da religião e da técnica no sentido tecnológico. Originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhe‐ cimento é usado para realizar determinadas habilidades. Este era o sentido que os gregos usa‐ vam na época clássica (século V a.C.), para eles, havia a arte ou a técnica de se fazer esculturas, pinturas, sapatos ou navios. Neste sentido, é a acepção ainda hoje usada no termo artes marciais. No sentido moderno, também podemos incluir o termo arte como a atividade artística ou o pro‐ duto da atividade artística. Tradicionalmente, o termo arte foi utilizado para se referir a qualquer perícia ou maestria, um conceito que terminou durante o período romântico, quando a arte pas‐ sou a ser vista como ʺuma faculdade especial da mente humana para ser classificada no meio da religião e da ciênciaʺ. A arte existe desde os primórdios históricos do ser humano na Terra. Ao longo do tempo, a função da arte tem sido vista como um meio de espelhar nosso mundo (naturalismo), para decorar o dia a dia e para explicar e descrever a história e as diversas facetas que formam a face do indivíduo (como pode ser visto na literatura), e que somente podem ser percebidas através da experiência estética, que possibilitará ao indivíduo explorar o mundo e a si mesmo através dos seus próprios pontos de vista, que se resumem na experiência direta acerca das coisas. As‐ sim a maior função da arte está afeita a auto‐observação humana, a partir da sua percepção das coisas, daquilo que lhe traz prazer ou reflexão acerca daquilo que lhe traz desgosto. Estética é o ramo da Filosofia que explora a arte como fundamento e valoriza o sentimento coletivo ou indi‐ vidual, promovido por uma obra de arte. Uma obra artística só se torna conhecida quando algo a valoriza, destaca diante de um dos sentidos do ser humano. Os avanços tecnológicos contribu‐ em de uma forma colossal para criar acessibilidade entre a pessoa que deseja desfrutar da arte e a própria arte. Estilo é a forma como a obra artística se mostra. Seu aspecto, suas linhas e técni‐ cas de pintura. Diversos meios de comunicação atualmente contribuem para a disseminação das artes no mundo, como a internet, a televisão etc. Entretanto, exploradores, comerciantes, vendedores e artis‐ tas de público (palhaços, malabaristas, ator etc.) também costumam apresentar ao público as obras, nos mais diversos lugares, de acordo com suas funções. A arqueologia possibilita uma discussão acerca das ideias, maneirismos e estilos de vida de outras culturas; a fotografia é uma forma de arte e está acessível por todos os meios de comunicação visual. A arte está por todos os recantos das so‐ ciedades, pois não se limita à aparência de apenas uma escultura ou pintura, mas também em músi‐ ca, cinema e dança, que com as novas tecnologias, estão de forma extremamente dinâmica se recons‐ truindo a cada segundo. O artista produz objetos de arte segundo suas percepções e principalmente seus sentimentos, seus desejos, seu conhecimento, suas ideias, sua criatividade e sua imaginação, logo toda forma de arte é uma interpretação do viver e dos elementos que compõem este ato. A inspiração, também chamada de insights, é o estado de imersão somente alcançado pelos artistas, no qual o mesmo vê 6 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO através da percepção acurada, profunda e inigualavelmente ampla. A razão e a emoção encontram‐ se combinadas de forma perfeita a fim de realizar suas obras. CULTURA Não há sociedade sem cultura, tampouco cultura sem sociedade. Assim afirma o antropólogo, Levi Strauss. Do mesmo modo que não há cultura sem identidade. Entende‐se cultura por um conjunto de crenças, costumes, atividades de um grupo social. Se‐ gundo o inglês Antonny Giddens (2005), a cultura de uma sociedade compreende tanto aspectos intangíveis – as crenças, as ideias e os valores que formam o conteúdo da cultura, como também aspectos tangíveis – os objetos, os símbolos ou a tecnologia que representam esse conteúdo. Pois pense um monumento de uma cidade. Pensou? Pois ali constam elementos intangíveis e tangíveis, ou seja, material e imaterial. Por quê? Para cada imagem projetada no monumento quer se expressar uma ideologia, um valor, uma crença. Desse modo podemos concluir que Cultura é a soma das ideias, práticas e dos objetos materi‐ ais compartilhados que as pessoas usam para se adaptar aos seus ambientes. Roque Laraia (2005), traz o conceito de determinismo biológico e geográfico. O primeiro é der‐ rubado pelo próprio desenvolvimento das sociedades. Embora haja diferenças anatômicas e fisioló‐ gicas, estas não são responsáveis pela forma de comportamento do ser humano. A conclusão antropológica é que “o comportamento dos indivíduos depende de um a‐ prendizado” chamado processo de endoculturação. O determinismo geográfico, segundo o qual “as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural”, também encontra barrei‐ ras práticas. Como exemplo, considera‐se as diferenças entre os lapões e os esquimós (os primeiros habi‐ tantes da calota polar ao norte da Europa e os segundos, ao norte da América). Embora em ambien‐ tes semelhantes, possuem características distintas entre si. Diferenças também são observadas entre índios na América do Norte e no Brasil. E é certo que não há cultura sem identidade. A identidade é observada a partir de diferentes prismas. Não há como vivenciar uma identidade cultural específica se esta não for incorporada à identidade pessoal de cada agente social. Vivemos um tempo de um sujeito com identidades fragmentadas e múltiplas que põe em questão uma série de certezas firmadas. Quando reflito sobre esse tema, gosto muito de fazer uma analogia com a digital dos dedos de uma pessoa que não é igual à de outra pessoa. Identidade é aquilo que nos dá sentido individual ou coletivo, é a fonte de significado e experiência de um povo. É o conjunto das características próprias e exclusivas de um indivíduo ou de uma coletividade. Identidade social refere‐se às características que são atribuídas a um indivíduo pelos outros. Como exemplo de identidades sociais, podemos citar o estudante, a mãe, o advogado, o católico, asiático, sem‐teto, disléxico e casado. Para se falar em identidade cultural é exigida a compreensão de um tempo de mudanças no qual o moderno vive no mesmo patamar do tradicional. 7 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO Não há uma anulação das tradições antigas para serem substituídas por outra, mas é possível que diferentes realidades convivam em diferentes tempos e no mesmo espaço e estas possam ser vivenciadas concomitantemente pelas pessoas. Tenha como exemplo o São João. O Forró do São João da Roça agora está nos shows espe‐ tacularizados da indústria cultural. Mas isso não impede que as pessoas vivenciem o forró tra‐ dicional. É comum as pessoas dizerem: gosto mais do forró tradicional e/ou pé de serra. Não é verdade? Então, vale apenas evidenciar mais um conceito para problematizar a questão da iden‐ tidade cultural. É o conceito de “supermercado cultural global”: como pensar em culturas nacionais quando uma boa parcela da população mundial, diariamente, escolhe aspectos da sua vida nas prateleiras de um supermercado cultural global? As opções de escolha disponíveis a todos são inúmeras: tratando‐se de comida, por exemplo, pode‐se comer ovos e bacon no café da manhã, lasanha no almoço e sushi no jantar; como entrete‐ nimento, pode‐se ouvir jazz, samba, reggae e salsa; no campo da religião, pudesse escolher entre se tornar cristão, budista ou ateu. Observe nas fotografias exibidas que o Brasil é constituído de várias identidades e que isso pesa sobre a vida das pessoas. A imagem de como as pessoas se apresentam, mostra como elas são na sociedade a qual per‐ tencem, pois o exterior exerce um importante papel na formação de nossa identidade, que está pre‐ sente em nosso imaginário e é transmitida por meio da cultura. A identidade é o que nos diferencia dos outros, o que nos caracteriza como pessoa ou como grupo social. Ela é definida pelo conjunto de papéis que desempenhamos e é determinada pelas condições sociais decorrentes da produção da vida material. Quando nos referimos à identidade cultural, nos referimos ao sentimento de pertencimen‐ to a uma cultura nacional, ou seja, aquela cultura em que nascemos e que absorvemos ao longo de nossas vidas. A globalização, portanto, cria um modo de vida em que os processos de formação da identi‐ dade estão relacionados ao consumo de mercadorias. Esse processo destrói as culturas locais e sua identidade cultural ou do resultado desse contato surge uma nova cultura que contém elementos tanto da cultura local quanto da cultura dominante. FILOSOFIA A origem e a evolução do pensamento filosófico ocidental iniciaram‐se precisamente na Gré‐ cia Antiga, com as narrativas mitológicas que especificamente nos apresentam concepções de um mundo, uma civilização ou uma época que destacam em seus relatos, aventuras de figuras imagi‐ nadas por pesquisadores e estudiosos dos mitos gregos também conhecidos como mitógrafos. A partir do contato cultural com outros povos pelo processo da navegação e do comércio, os gregos perceberam a grande necessidade de uma justificativa mais aceitável que pudesse dar conta de suas relações intrapessoais, interpessoais, universais e institucionais, pois o mito já não satisfazia as necessidades existentes na época. Se observarmos ao longo da tradição histórico‐filosófica, iremos de fato ter conhecimento des‐ sa considerada fase primeira da filosofia grega conhecida como período pré‐socrático, intitulado dessa forma por ter sido anterior ao filósofo Sócrates um dos maiores marco da filosofia. 8 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO A Filosofia é um ramo do conhecimento que se caracteriza pelo conteúdo ou pelos temas que aborda e pela forma como trata tais temas e pela função que exerce na cultura. É um estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que sentimos, pensamos e agimos: mente, matéria, razão, demonstração, verdade etc. São os próprios conceitos através dos quais compreendemos o mundo que se torna tópico de investigação. A filosofia busca estabelecer um conjunto de ideias e sistemas, possibilitando uma melhor compreensão do mundo através de deduções lógicas e racionais; de análise minuciosa dos fatos; da argumentação; do diálogo; em todas as ocasiões do viver em relação, buscando a todo tempo despir o que possa estar encoberto pelo poder. O filósofo quase sempre pesquisa, deduz, analisa, reflete os fatos, primeiro consigo, posteri‐ ormente há um possível diálogo com alguém ou com um grupo de pessoas, sempre com recurso do diálogo, da argumentação, da reflexão, do pensar com auxílio da inteligência, da percepção, da me‐ ditação, entre outras atividades psíquicas que lhe deem possibilidades de deduções lógicas. A filosofia como saber prático vem influenciando nossas vidas desde a Grécia Antiga. Nossa forma de pensar e questionar tudo ao nosso redor, esse legado devemos agradecer aos filósofos gre‐ gos que nunca se conformaram com estruturas existentes como se fossem as únicas possíveis. Eis que a reflexão é necessária em todas as coisas, pois o ser humano refletindo aprende a distinguir o verdadeiro caminho que deve seguir. É nesse sentido que começamos a perceber o porquê da necessidade da filosofia em nossas vidas, pois concebemos que os nossos interesses reais não são só materiais. Percebam hoje, as grandes contradições e a incompatibilidade entre as crenças, ampliando ca‐ da vez mais a crise coletiva já estabelecida entre nós seres humanos. Diante deste fato e do advento da globalização aliado às novas tecnologias, algumas pessoas ainda buscam fazer de conta que não existem problemas a serem resolvidos e levam suas vidas co‐ mo se estivesse tudo muito bom e muito bem. Desta forma, nos falta poder de argumentação e de ideias próprias. Às vezes nos fazendo es‐ quecer que ser humano é buscar saber ser não mais estranho ao conhecimento muito menos ao au‐ toconhecimento, (princípio da inteligência interpessoal) à verdade e participar do íntimo de sua beleza, riqueza e significação; de sua sabedoria, atitude e força; enfim de sua eterna alegria. O conhecimento filosófico é um rever, reconstruir, resignificar, um pensar crítico que leva o ser humano a agir dentro de princípios que fundamentam um equilíbrio dinâmico e levam a razão humana a descobrir os significados mais profundos da realidade em que vive. É necessário para o profissional contemporâneo se tornar capaz de adaptar‐se facilmente, absorver conhecimentos, ter iniciativa e criatividade em qualquer que seja a sua atuação no mer‐ cado de trabalho. A filosofia leva o ser humano a fazer não só uma leitura de mundo externo, mas ler por dentro dos fatos acontecidos e não raro algumas coisas que poderão vir a acontecer. E é difícil agirmos sem errar, enquanto não se sabe muito. Portanto, me parece que o maior problema da humanidade está no caos individual, porque um dos maiores desafios do ser humano está nele usar sua qualidade de pensar para agir sem caos, criar. Eis que a atenção e reflexão são necessárias, afinal os erros de um ser humano devem ser mo‐ tivo para a reflexão de todos. 9 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO Segundo Aristóteles, conhecer era algo que necessitava ser muito bem examinado, sua propo‐ sição, os modos pelos quais são feitos, buscar analisar o funcionamento da linguagem, do pensa‐ mento, evitar o máximo possível de equívocos. A esse modo de buscar minimizar os erros, ou se quisermos chamar de regra, ele deu o nome de Órganon. Aristóteles faz uma investigação do que venha a ser lógica em sua obra Analíticos, nes‐ ta procura aprofundar o pensamento em uma análise de suas partes, esses e outros escritos, posteri‐ ormente ficaram sendo denominados como Órganon, ou seja, instrumento que se possa pensar cor‐ retamente, pensar com lógica. A palavra Lógica vem do grego Logos e significa (palavra, discurso, razão), também se diz que é o estudo dos métodos e princípios da argumentação. Para Aristóteles, podemos dividir em duas partes: lógica formal e lógica material. A lógica formal procura dar ao pensamento uma direção correta em suas análises, se tivermos de fato aplicado suas regras de forma certa, o raciocínio automaticamente é considerado aceito. Já na lógica material se busca observar os caminhos do pensamento, suas operações diante do que se busca conhecer, sua adequação ao real, o método de adaptação de cada ciência. Aristóteles deu grande importância às palavras, pois sempre acreditou que se de fato usamos as palavras para nos expressarmos, necessitamos olhar primeiro para elas. Demonstrou com esse pensamento que para se encontrar a verdade em qualquer que seja a ci‐ ência se faz necessário o uso da lógica, é através dela que se consegue estruturar o pensamento e se buscar a maneira correta de pensar. Sendo a lógica nesse sentido um caminho seguro para que se possa garantir que uma conclu‐ são tal venha a ser verdadeira. Desta forma é que se pode analisar um raciocínio qualquer usando como base suas proposições, suas afirmações sobre determinado fenômeno. Vale nesse momento lembrar que proposição é um conteúdo qualquer de uma frase, que pode ser suscetível de ser verdadeira ou falsa, afirmada ou negada. Já se torna claro para nós que o princípio lógico deve ter como maior evidência sua irrefutabi‐ lidade, ou seja, uma afirmação qualquer não pode nem deve contradizer ela mesma. Aristóteles estabeleceu uma regra que chamou de silogismo que vem do grego e significa “ra‐ ciocínio, cálculo, argumento”. Vamos a um exemplo de silogismo: todo ser humano é mortal; Lindenbergue é homem; logo, Lindenbergue é mortal. Observe: de duas proposições que a verdade é conhecida conseguimos detectar uma terceira que tem o seu valor de verdade igual as que a antecedem. Mas será que basta as duas proposições iniciais (denominadas premissas) serem verdadeiras para a conclusão ser de fato verdadeira? Observe: “alguns animais são ferozes”, “o cão pastor alemão é um animal”, será que podemos concluir que todos os cães dessa raça são ferozes? Perceba que as duas premissas são verdadeiras. Esse movimento de passagem de premissa para conclusão deve ser muito bem analisado e inferido, (Inferência vem do latim inferre que signifi‐ ca levar para). Cabe a quem vai analisar esse silogismo verificar se esta inferência está bem organizada com os diversos enunciados e a partir daí poder verificar se é de fato válido chegar a algum tipo de conclusão. 10 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO A lógica ou o pensamento lógico se destina a buscar verificar se a estrutura da inferência pode ser considerada inválida ou válida. Ai cabe uma reflexão: “sinceridade não consiste em dizer tudo o que pensa, mas em refletir em tudo que se pensa, bem como pensar em tudo que se diz, pois acredito que refletir no presente favorece a manifestação do novo, enfim, do futuro que, embora distinto, nunca esteve distante”. Como vimos até aqui, para Aristóteles o homem deve sempre buscar extrair os conceitos da experiência, porém mediante as evidências. Tudo que se encontra em nossas mentes de fato já passou de alguma forma pelos nossos sen‐ tidos. Jamais poderíamos estabelecer um conceito sobre algo, se não tivermos pesquisado analisado colocado a provações lógicas. Retornar ao método socrático no seu verdadeiro sentido ascendente, partindo da realidade dos indivíduos substanciais, concretos, múltiplos, móveis e contingentes do mundo físico, para construir sobre eles as ciências na ordem lógica e também para chegar eficazmente à única realidade transcendente na ordem ontológica que é Deus. A partir daí internalizarmos e transformarmos em essência real do SER por saber e compreender que tudo aquilo que foi visto e revisto tem de fato o poder de contribuir com a felicidade de todos. Aristóteles sempre buscou saber o porquê das coisas, concluiu que esse eterno movimento é de fato a realização, o ato como concretização da potência. Sempre buscou um princípio imóvel, denominou Deus como ATO puro, como motor que rege o universo. Em sua visão, a existência do cosmo independe de Deus, sempre existiu, porém esse eterno movimento é sua grande obra. O homem é um animal político, afirma Aristóteles em “A política”. Quero lembrar que animal político nesse contexto significa dizer que é o cidadão participante da polis (cidade estado) que vive em grupo, junto com outras pessoas. Esse grande filósofo dedicou parte da sua vida buscando uma forma, uma maneira ou um jei‐ to de direcionar o homem para a felicidade, um modo do ser humano ser feliz em grupo. Em sua visão, a vida solitária seria algo inconcebível, ninguém, nenhum homem conseguiria resistir por muito tempo a esse tipo de situação, só para os animais ferozes, segundo ele. Para Aristóteles, a pólis era o local em que se tinha a maior probabilidade de se viver bem, era a melhor forma de se organizar a vida em grupo, contanto que as pessoas que tivessem regendo‐a, dan‐ do a direção desta tivessem a capacidade de saber o que é o bem comum, a justiça e a igualdade. 1.2 1.2.1 TEMA 2 - A REFLEXÃO FILOSÓFICA E O PROCESSO DE CONHECIMENTO HUMANO CONTEÚDO 8 - VALORES E VIRTUDES NA FORMAÇÃO HUMANA E PROFISSIONAL: DEMOCRACIA E CIDADANIA. DEMOCRACIA A palavra democracia tem o sentido de tornar o cidadão detentor do poder de escolher seus re‐ presentantes através do voto, ou seja, cada indivíduo pode decidir diretamente sobre um determinado tema e/ou assunto por meio de votação. Politicamente é uma forma de reconhecimento dos membros de uma comunidade como participante dos assuntos de cunho público e interesse social. 11 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO A palavra democracia é de origem grega (demo‐povo e cracia‐governo, kratos‐autoridade) de‐ senvolvida com os gregos da cidade de Atenas, mas que tinha uma conotação bem específica na qual mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não podiam de forma alguma participar da decisão da Pólis‐cidade/estado. Os gregos entendiam política como sendo de certa forma algo em um patamar elevado, algo como superior e não questionável. Segundo o filósofo Aristóteles, era a arte de governar a cidade dando maior atenção possível às suas demandas. Em nosso país, por exemplo, o que se chama democracia representativa é a existência da obri‐ gatoriedade do voto, diferentemente de alguns países que seguem a proposta do voto facultativo, na qual não há a obrigatoriedade do voto, que em nosso país se restringe somente aos jovens com faixa etária de 16 e 17 anos e idosos com mais de 65 anos. Dentre as formas de democracia existentes temos a direta, na qual o povo através de ple‐ biscito (consulta popular) pode decidir sobre assuntos referentes à sua cidade, seu estado e até mesmo seu país. E a forma indireta, na qual existe também a participação do povo, porém delegando poder de escolha para os seus representantes, os deputados, vereadores, senadores. Esses representantes pas‐ sam a tomar decisões em nome daqueles que o elegeram. Sociedades democráticas teoricamente estão embasadas em valores como a tolerância, a pru‐ dência e o compromisso, em princípios básicos que possam primar por um consenso. Nesse contexto cabe uma reflexão: será que observando exemplos passados (Grécia Antiga) e presentes, não percebemos que de certa forma vivemos em um regime chamado democrático que encobrem ditaduras e autoritarismos? Será que o fato de ter sido eleito popularmente credencia quem quer que seja a cometer tantas barbáries e arbitrariedades? Será que temos nossa liberdade assegurada para exercer nosso direito de cidadão? Será que em nosso sistema democrático todas aquelas pessoas que cometerem delitos sofrerão a mesma punição? Será que estamos dando valor a nós mesmos, antes de darmos a esses que se dizem nossos re‐ presentantes? Será que estamos sabendo cobrar uma postura ética daquele e/ou daqueles que nós mesmos elegemos? Será que temos tido uma postura de analisar criteriosamente e acompanhar cuidadosamente antes, durante e depois aqueles que colocamos no poder? CIDADANIA O termo Cidadania está diretamente relacionado ao respeito e, associado à vida em sociedade, na qual o cidadão deve respeitar tudo e todos e ser respeitado. Sua origem está ligada ao desenvolvi‐ mento das polis gregas, entre os séculos VIII e VII a.C. Dessa forma, para estudarmos cidadania preci‐ samos contextualizar as mudanças nas estruturas socioeconômicas nas quais incidiram, igualmente, na evolução do conceito e da prática da cidadania, conforme as necessidades de cada época. Agir, interagir, relacionar, compreender, vivenciar, colaborar, entender e tentar responder a‐ dequadamente aos desejos, anseios, motivações, temperamentos e oscilação de humores daqueles 12 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO que nos rodeiam, com certeza faz parte dos principais fundamentos da inteligência interpessoal e do real cidadão. Desta forma, valorizando e aplicando estes fatores, conseguiremos desenvolver habilidades e ter competência para perceber as intenções, as necessidades, descobrir os desejos e anseios das ou‐ tras pessoas e dessa forma podermos agir, e se necessário, reagir de forma bela, rica e significativa, tentando compreender os sentimentos do outro, construindo assim um dos pilares da liderança e da capacidade de conviver e interagir com sucesso na vida profissional e pessoal. Um ser humano que desenvolve os princípios da inteligência interpessoal se torna comprometi‐ do consigo e com o universo em que vive, se torna de fato um cidadão, constituindo‐se em um ser digno de ser chamado humano, virtuoso, amável, compreensível, consciente e participante de pólis. O significado clássico do termo cidadania associava‐se à participação política. O próprio adje‐ tivo ‘político’, por sua vez, já nos remete a ideia de pólis (Cidade‐Estado Antiga). Polis é uma orga‐ nização político‐administrativa, com a qual uma elite exercia o poder sobre os menos favorecidos (os ditos não cidadãos) aqueles que não participavam das decisões (na Grécia Antiga). A urbanização muito contribuiu para a evolução dessas Polis. Foi nesse tipo de organização urbana que se assentaram as bases do conceito tradicional de cidadania, que ainda hoje tem uma considerável influência em nossa sociedade. Foi assim também na sociedade grega e romana, as transformações nos campos da técnica, da e‐ conomia e da arte bélica, alteraram potencialmente as relações entre o poder e a sociedade. Na realida‐ de grega, por exemplo, era o regime aristocrático que imperava. Com esse modo de fazer política, a cidadania confundia‐se com o conceito de naturalidade, ou seja, o lugar no qual cada indivíduo nascia. Como vimos anteriormente ao lermos sobre democracia, considerava‐se também cidadão aquele nascido em terras gregas, o qual poderia usufruir de todos os direitos políticos. Ao passo que, os estrangeiros eram proibidos de se ocuparem da política, dedicando‐se somente às ativi‐ dades mercantis. Com o passar do tempo, operou‐se uma redistribuição do poder político. Aceitou‐se o ingres‐ so de estrangeiros na categoria de cidadão, abolindo‐se a escravidão por dívidas. Nesse contexto, a aristocracia cedeu espaço a favor das Assembleias e dos Conselhos, com participação popular. Alguma mudança ocorreu, ainda que os fatores de ordem social e política continuassem associando o termo cidadania ao exercício da participação política. A cidadania tem sido o horizonte pelo o qual os movimentos sociais reivindicam as suas ne‐ cessidades essenciais, sobretudo aquelas que atendam aos interesses das camadas populares. Outros aspectos importantes são: a comunicação e a educação. Ambos se constituem em ele‐ mento essencial para as relações sociais e culturais. Nesse contexto, o conceito de cidadania e o pa‐ pel do cidadão na busca de oportunidades e de acesso à informação são essenciais. As transformações têm sido feitas por meio de redes, pelo menos, nas últimas duas décadas, têm sido o paradigma de organização ʺalternativaʺ. O conceito de rede, fazendo referência à rede de pesca, cuja malha é resistente e composta, pode‐se perceber que as organizações sociais se interligam por fios aparentemente frágeis, como um sistema descentralizado e com grande resistência e amplitu‐ de. Por exemplo, o Fórum Social Mundial reúne inúmeras organizações mundiais em contraposição ao Fórum Econômico Mundial. Os interesses do Fórum social são construir agendas políticas para as camadas empobrecidas e discriminadas e defender as questões étnicas, religiosas e ambientais, en‐ quanto o Fórum econômico define estratégias para exercer maior domínio econômico. 13 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO As redes são sempre lembradas como estruturas orgânicas. Baseiam‐se em figuras da nature‐ za. Como, por exemplo, a teia de aranha e a minhoca exemplificam esse tipo de estruturação. É im‐ pressionante a resistência da teia de aranha, apesar de ser toda construída a partir de um fio tão vulnerável. A minhoca, por outro lado, é capaz de reconstituir‐se mesmo depois de retalhada. O mesmo acontece com as redes dos movimentos sociais. Cada um deles é composto por i‐ númeras organizações que têm suas lideranças, metas, objetivos e formas de ação específica. Quanto maior for o entrelaçamento entre as várias organizações que compõem essa rede, mai‐ ores serão as chances de coesão em torno de objetivos definidos pelo conjunto. E mesmo que a rede sofra derrotas ou perca algumas organizações que a compõem, não será facilmente destruída. No entanto, com a desvalorização da política e o esvaziamento aparente de poder do governo, vislumbra‐se o cenário propício ao surgimento de formas substitutivas da política tradicional, que se traduzem pelo surgimento de novos movimentos sociais, organizações não‐governamentais, or‐ ganizações comunitárias. São desses movimentos que se originam novas formas de organização da sociedade, que a‐ qui chamaremos de micropolíticas. Isso quer dizer que a política formal feita com os partidos polí‐ ticos, nem sempre tem respondido às novas exigências, nem aos novos problemas postos pelo processo de globalização. 14 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO 2 BLOCO TEMÁTICO 2 - A ÉTICA E O DESENVOLVIMENTO HUMANO NA CONTEMPORANEIDADE 2.1 2.1.1 TEMA 3 - REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS E CIENTÍFICAS: IMPLICAÇÕES TÉCNICAS E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS CONTEÚDO 9 - MAPAS GEOPOLÍTICOS E SOCIOECONÔMICOS Quando tratamos de geopolítica e socioeconômica, cabe‐nos primeiro percebermos o que ve‐ nha a ser política sob o âmbito e/ou aspecto espacial, guerras entre estados, tensões entre nações definição de fronteiras, áreas de influências estabelecidas pelas nações, relações diplomáticas, cultu‐ rais entre as nações. Temos lido e visto a preocupação de alguns pesquisadores que já se mostram convencidos de que a humanidade tem a capacidade de compreender as diversas transformações que já estão ocor‐ rendo na geosfera, (na esfera da terra). Novas ameaças permeiam a humanidade no que se refere à sustentabilidade e ao desenvolvimento humano. Outros pesquisadores observam que se deve levar em conta o modelo mental humano e aten‐ tam para o fato de a mobilidade humana, a forma com que algumas pessoas sentem, pensam e a‐ gem. As questões armamentais, a relação com o poder, com o dinheiro e a grande máxima se dá quando se referem às transformações que ocorrem em altíssima velocidade daqueles ditos respon‐ sáveis pela ordem e paz social, dessa forma nos fica clara a grande instabilidade socioeconômica em nossa geosfera. O mundo após a Segunda Grande Guerra Mundial passa a ser visto como uma nova ordem. A guerra fria, a bipolarização. Segundo Raymond Aron (1986, p. 36) A conjuntura diplomática europeia resulta diretamente da guerra mundial. Nem a rivali‐ dade entre as duas superpotências, nem o duopólio termonuclear que levariam a constitui‐ ção de dois blocos militares, nem a divisão da Europa, com a linha de demarcação passan‐ do pelo do território do antigo Reich alemão e pela sua antiga capital (...). A destruição do império hitlerista deixava a União Soviética e os Estados Unidos face a face, de terem sido companheiros na luta contra o inimigo comum. O mundo bipolar tinha como característica de um lado o mundo capitalista e do outro o mun‐ do socialista, a guerra fria tornando cada vez mais difícil a paz, coisa que durou até a queda do mu‐ ro de Berlim em 1989. Começamos a galgar degraus para um mundo globalizado, para um mundo multipolar com seus problemas também se ampliando dentro dessa nova fase. As nações crescendo e se apoderando, empresas locais passando a ser mundiais, tensões e conflitos, narcotráfico, arma‐ zenamento de armas nucleares. Blocos econômicos passam a ser criados, a partir de 2004, mais dez países passam a fazer parte da União Europeia. A ONU – (Organização das Nações Unidas) começa a medir através do IDH – (Índice de Desenvolvimento Humano) os níveis de bem‐estar de suas populações com pesquisas 15 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO que buscam colher dados como: expectativa de vida, distribuição de renda, condições de saúde, educação, saneamento... Nessa perspectiva, se começa a perceber que o Brasil não se encontra numa posição muito fa‐ vorável, ainda que esteja na frente de muitos outros, só ocupa o 73º lugar, com um IDH considerado médio, atrás de países como Colômbia e a Tailândia. O que se chama de nova ordem mundial deixa de ter padrões e passa a permear por todos os lugares nos quais não se pode mais dividir ricos e pobres, não existe uma desejada estabilidade, aumenta o racismo e os conflitos espalhados pelo mundo causando uma extrema insegurança em nossa geosfera. 16 FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: O breve século XX: 1914‐1991. São Paulo, Companhia das Letras, 1996. COTRIM, G. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003. BARRETO, Maribel Oliveira. O papel da consciência face aos desafios atuais da educação. Salva‐ dor: Sathyarte. 2005. PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações. São Paulo: Atlas, 2004. ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Temas de filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1998. MAGNOLI, Demétrio. Globalização – Estado Nacional e Espaço Mundial. 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